O ENFRAQUECIMENTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS E A VULNERABILIDADE FAMILIAR MARTA HELENA LIBERALESSO SILVEIRA ([email protected]) / Serviço Social/Centro Universitário Franciscano, Santa Maria - Rio Grande do Sul NICE DE NEVES MIRANDA ([email protected]) / Serviço Social/Centro Universitário Franciscano, Santa Maria - Rio Grande do Sul Palavras-Chave: FAMÍLIAS VULNERÁVEIS; DESIGUALDADE; ESTADO Este resumo tem por finalidade descrever sobre o vivenciado na disciplina de Estágio Curricular, em uma comunidade da periferia de Santa Maria, marcada pela situação de vulnerabilidade social, que leva consequentemente à exclusão social, pelo fato de ser a vulnerabilidade social um fator multifacetado, ela está cada vez mais presente e crescente na sociedade atualmente. A intervenção da estagiária acontece por meio de visitas domiciliares, entrevistas e acompanhamento de algumas famílias da comunidade, além disso, perpassa por fundamentação teórica, sabe-se que as famílias, por diversos fatores, nos últimos tempos vêm passando por significativas mudanças sendo que, em muitos casos levando à vulnerabilidade socioeconômica. Para Carvalho (1998), a vulnerabilidade econômica, assim como a social, está associada às camadas mais pobres e ainda às famílias chefiadas por mulheres, pelo fato desta ser a pessoa adulta e assumir as tarefas domésticas tais como, alimentar, cuidar e educar os filhos, ela é responsável por manter a família, normalmente o salário recebido é insuficiente para manter o lar. Com relação ás famílias vulneráveis Mioto (2000), afirma que quanto mais expostas à situação de exclusão, mais expostas ao abandono ficam as crianças, necessitando assim que entidades envolvam-se para dar apoio a elas, como é o caso dos Centros de Convivência. Por estas famílias viverem expostas à exclusão e à margem da sociedade, vários fatores tais como violência e drogas acabam por adentrarem aos lares, tornando os sujeitos, no caso, os companheiros, agressivos e desinteressados com a vida familiar e, sobretudo, na educação dos filhos. Por estes e vários fatores, as famílias acabam por viver na pobreza e até mesmo na miséria, conforme Schwartzman (2004), pobreza e miséria sempre existiram. O autor faz uma distinção dizendo que, os pobres são pessoas que ganham o insuficiente para sobreviver, enquanto os miseráveis são os que não podem ou desistiram de trabalhar para se manter. Muitas vezes as pessoas desistem de trabalhar não por vontade própria, mas em decorrência do meio em que vivem, como por exemplo, pela difícil locomoção, pela falta de documentos que dificultará ou mesmo impedirá seu acesso, entre outros. Frente a toda problemática vivenciada por esta comunidade onde se desenrola o Estágio Curricular, faz-se mister que órgãos proponham e efetivem políticas públicas, não apenas para acalmar os pobres, ofertando cestas básicas, paliativos imediatos, ou como apregoa Demo, políticas pobres para pobres. É de fundamental importância, se pensar em emancipar e tornar as pessoas sujeitos de suas vidas, protagonistas de sua cidadania, proporcionar oportunidades para que possam superar a situação em que vivem, transformando-se em cidadãos capazes de manter-se na vida com seu próprio sustento. A sociedade capitalista e desigual, proposta pelo neoliberalismo, possibilita que muitos possuem pouco e poucos possuem muito, ocorrendo uma frenética desigualdade de classes, uma espécie de Apartheid social, conforme menciona Buarque (1999). O fenômeno da industrialização injusta e cruel proposta pelo atual modelo econômico, favorece àqueles que já têm, continuem tendo, mas os que estão fora do modelo dificilmente conseguirão superá-lo, conforme o autor acima citado apartheid significa separação, apartação e foi o que aconteceu. Na realidade o apartheid não diminuiu a desigualdade, apenas favoreceu ainda mais os brancos e ricos, pois estes continuavam a freqüentar boas escolas e a educação passou a ser obrigatória, o que aumenta a desigualdade, pois com boas escolas se adquiri um bom conhecimento, facilitando assim a inserção no mercado de trabalho. Na comunidade Cerrito, onde está sendo desenvolvido o estágio, percebe-se que as famílias não têm acesso a uma boa qualidade de educação, saúde, de formação e consequentemente, boa qualidade de vida, assim, são afastadas dos recursos mínimos necessários dos quais o Estado é obrigado a ofertar. Percebe-se que a exclusão social é um fator que distancia esta parte da população das políticas sociais as quais têm direito, o Estado que é o maior responsável pela garantia dos direitos sociais está cada vez mais alegando incapacidade de atender às demandas sociais, sendo assim, as transfere para o setor privado, via filantropia, rompendo com longas lutas populares por melhoria das políticas públicas, sobretudo, as sociais. Tem-se assim, políticas pobres e residuais para os pobres, fechando o circulo da pobreza, da injustiça e da exclusão social, de famílias desorganizadas, chefiadas por mulheres pobres. REFERÊNCIAS: Cristovam Buarque; O que é apartação: o apartheid social no Brasil; São Paulo; Brasiliense; 1999. CARVALHO, Luiza.; Famílias Chefiadas por mulheres: relevância para uma política social dirigida; Serviço Social & Sociedade; nº 57; 74-98; 1998. Pedro Demo; Pobreza da pobreza; Petropólis; Vozes; 2003. MIOTO, Regina Célia Tamaso.; Cuidados sociais dirigidos à família e segmentos sociais vulneráveis; Capacitação em serviço social: Otrabalho do assistente social e as políticas sociais; módulo 4; 217-223; 2000. Simon Schawartzman; Pobreza, exclusão social e modernidade: uma introdução ao mundo contemporâneo; São Paulo; Augurium; 2004.