conta que vocês estão vivendo na cidade colonial de Vila Bela, em meados do século XVIII. Elaborem um convite e um cardápio para um banquete. É importante que cada grupo, antes de elaborar o convite, defina: a) a ocasião do banquete; b) quem será o anfitrião; c) quem serão os convidados para o banquete? Nesse momento, cabe a seguinte pergunta: analisando a lógica da sociedade daquela época, seria necessário produzir convites diferenciados dependendo de quem fosse o convidado? Como eles seriam? 3- Na aula seguinte, devem ser apresentadas as questões: Quais são as diferenças entre preparar uma refeição para convidados naquele período, século XVIII, e atualmente? Na classe, todos têm os mesmos hábitos alimentares? Como as comemorações familiares são organizadas? Quais são as comidas servidas nessas ocasiões? Existem pratos especiais para cada situação? Quais são os pratos mais representativos da região em que a Escola está situada? Atualmente, quais seriam os motivos para uma comemoração desse porte? Atenção, o cardápio deve estar completo, incluindo comidas e bebidas, além de diversões oferecidas aos visitantes. Os alunos devem elaborar um programa das festividades em torno de uma das ocasiões possíveis no século XXI. 4- Caso exista a possibilidade de utilizar a cozinha da Escola, vale a pena colocar em prática um dos cardápios elaborados pelos alunos. A representação das características da região será percebida claramente pelos alunos por meio da alimentação transformada em comemoração, ou seja, na forma de um banquete. Compartilhe com todos os resultados da atividade. Mostre que as ações cotidianas, como alimentar-se e comemorar, também têm a sua história. Saiba mais na RHBN Na seção especial intitulada “Quem conta um conto” [RHBN nº 29, de fevereiro de 2008], você poderá saber um pouco mais sobre os hábitos alimentares da sociedade colonial da América portuguesa. Também é possível conhecer a origem de certas frutas que acabaram se tornando símbolos pátrios, como a banana. (www.revistadehistoria.com.br/conto) Este encarte pode ser impresso no site ( w w w. r ev i s t a d e h i s t o r i a . c o m . b r ) c o o r d e n a d o r d o p ro j e to Caro(a) professor(a), A Revista de História da Biblioteca Nacional criou, no Portal do Professor do MEC, um Fórum de História do Brasil para debater a aplicação deste encarte. Comente sua experiência pedagógica, tire dúvidas, sugira novas ideias e discuta conosco os caminhos para uma educação de qualidade que começa na sala de aula. Esperamos sua valiosa contribuição no Portal do Professor. Acesse: www.rhbn.com.br/portaldomec Você também pode acessar o site da RHBN (www. revistadehistoria.com.br) ou o Twitter (www.twitter.com/RHBN). e e d i to r a ç ã o Luciano Figueiredo (Universidade Federal Fluminense) p ro d u ç ã o e x e c u t i va Cristiane Nascimento Enc arte Do Professor ano 5 | nº 60 | Setembro 2010 Este material foi elaborado com a finalidade de oferecer sugestões de trabalho na sala de aula. As atividades apresentadas têm como características o aspecto lúdico e o estímulo à criatividade e à curiosidade, à formação dos valores da vida social e à construção de identidades que busquem a igualdade no acesso aos bens culturais e sociais. História e Representações A abordagem proposta pelo historiador Roger Chartier – de que um dos objetos da história cultural é o de “identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é construída, pensada, dada a ler” – abre possibilidades interessantes e inovadoras para refletirmos acerca do ensino de História. A primeira delas é apresentar aos alunos uma história que não focaliza apenas recortes macros, mas que também, e fundamentalmente, privilegia exames localizados, nos quais os agentes históricos possam ser compreendidos “a partir de suas vozes”. Estudar os sujeitos históricos e nomeá-los, entender suas motivações, bem como aquilo que pensaram sobre si mesmos e sua sociedade, permite ao aluno colocar-se no lugar da experiência do “outro”. A leitura e a compreensão de “histórias vividas” possibilitam aos nossos jovens alunos surpreenderem-se, emocionarem-se e, até mesmo, identificarem-se com tais experiências. E aqui se abre uma segunda contribuição da história cultural para o ensino de História: a oportunidade de refletir sobre as diversas formas como os agentes históricos construíram, em diferentes sociedades e tempos, as representações do seu mundo e as colocaram em prática, como, por exemplo, por meio da relação com os animais de estimação [RHBN nº 60] ou, ainda, nas comemorações da comunidade. Valendo-nos da discussão em torno da ideia de representação, é possível, no momento das aulas de História, compreender como as sociedades organizam-se, estruturam-se e transformam-se no decorrer do tempo. Importante também discutir as próprias representações já constituídas no imaginário dos alunos. Como exemplo, a população de origem africana ou indígena. Entretanto, é preciso considerar o caráter particular das representações na elaboração do conhecimento histórico, quando a intervenção do historiador, como narrador de um acontecimento do passado, produz, por sua vez, uma dupla representação desse mesmo acontecimento. concepção e realização Silvana Bandoli Vargas e Roberta Martinelli (Colégio Pedro II) p ro j e to g r á f i c o Isabela da Silveira c o n s u lto r i a p e dag ó g i c a Oldimar Cardoso (USP/ Universität Augsburg) c o p i d e s qu e Ana Lucia Normando EncarteSetembro_60final.indd 1 Revista de História da Biblioteca Nacional Atividade 1 Com base na leitura do texto “A nação em penas”, de Lilia Moritz Schwarcz, é proposta uma atividade para o 3º ano do Ensino Médio. Sugerimos que o contexto de estudos seja o da segunda metade do século XX, sendo seu foco a Política da Boa Vizinhança, implementada pelos EUA para a América Latina. A representação da nacionalidade brasileira é o nosso principal objetivo. 1- Professor(a), leia com os alunos o texto sugerido e, em seguida, solicite que definam os períodos históricos do trecho inicial: “Barulhentos e exuberantes, os papagaios encantaram os marinheiros de Cabral, serviram de presente entre políticos 3º ano E n s i n o M é d i o multi disci plinar 8/23/10 4:59:56 PM e viraram estrelas de cinema.” São três as temporalidades em que a autora desenvolve o texto utilizando os marcos clássicos da historiografia brasileira: Colônia, Império e República. A seguir, ainda no texto, identifique com os alunos os trechos nos quais os papagaios trazem a representação da nacionalidade em cada período. Até que ponto o elogio do exótico marca a nossa cultura? Quais são os exemplos que a autora oferece para a figura do papagaio nas referências culturais da Colônia? Quais eram as características dos mapas naquele período? Professor(a), na página 33, junto com os alunos, observe o mapa e o primeiro parágrafo: “... Os primeiros mapas que os europeus fizeram do Novo Mundo eram enfeitados com desenhos de papagaios, que resumiam em si a novidade da terra recém-descoberta, o colorido dos trópicos e a diferença em relação aos bichos e às plantas do Velho Mundo.” À medida que os alunos leem o texto, deve ser construído um quadro de referências no quadro negro para cada um desses períodos históricos. 2- Uma pequena pintura em miniatura do pintor francês Nicolas-Antoine Taunay, que esteve no Brasil entre 1816 e 1821, às vésperas, portanto, da Independência, é descrita pela autora. Esta miniatura ilustra a primeira página do texto que está sendo trabalhado (p. 32). Observe-o com atenção junto com a turma. Quais são as cores que se destacam? Qual a tensão dominante? É possível imaginar um gato e um pássaro dividindo a mesma casa? A pintura consegue representar esta tensão? Segunda a autora, a pintura em questão pode ser lida como representação das relações entre Europa (Velho Mundo) e América (Novo Mundo). Comente com os alunos sobre as simbologias que envolvem os animais de estimação. Até que ponto os nossos animais nos representam e informam as nossas características? Analisando a anedota da página 33 a respeito do papagaio de estimação de Pedro Gastão de Orleans e Bragança, bisneto de D. Pedro II, quais são as simbologias e representações envolvidas nesse episódio? 3- A leitura do quadro da página 34, Da mata para as telas, de Daniel Kaz, tem como proposta questionar os alunos sobre as características do personagem Zé Carioca apresentadas no texto. Malandro, boa praça, gente boa, preguiçoso, carioca. Ser carioca, nascido na cidade do Rio de Janeiro, resume o país? Pergunte aos alunos se eles conhecem as Histórias em Quadrinhos (HQ) com esse personagem. Os brasileiros possuem essas características? Quais são as características desse período histórico? A Política da Boa Vizinhança, implementada pelos Estados Unidos para a América Latina, posicionou o Brasil na órbita dos interesses americanos na década de 1940. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) colocava em dúvida a expansão do Império americano capitalista. Logo, fazia-se necessário marcar o espaço latino-americano como zona de influência americana. O cinema, por meio do desenho animado de Walt Disney, recuperava uma representação muito antiga, como demonstrado no texto. Complete com o grupo o quadro de referências para o século XX. 4- Solicite aos alunos que, em duplas, construam uma História em Quadrinhos (HQ). O personagem principal deve ser uma representação do brasileiro. Quais características devem ser valorizadas? É possível perceber características únicas para todos os brasileiros? Depois dos trabalhos realizados, deve ser feita uma comparação entre eles. As duplas trocam as HQs produzidas e avaliam o trabalho uns dos outros. Quais foram os temas mais recorrentes? Quais representações foram mais frequentes? As representações criadas pelos alunos aproximaram-se daquelas do texto lido? Em que sentido? Coloque os trabalhos de HQ no mural da sala e solicite aos alunos que elaborem um quadro EncarteSetembro_60final.indd 2 comparativo entre os trabalhos realizados considerando as representações sugeridas pelos colegas e as relações entre elas. 5- Quadro de referências temporais: Colônia Império República Mapas, natureza exótica, trocas diplomáticas, presentes. Prova de brasilidade, trocas de presentes, representação da beleza tropical exuberante. Tensão entre Europa e América. Carioca, malandro, boa praça, preguiçoso, esperto, latino-americano. 6- Elabore o quadro comparativo dos trabalhos dos alunos e, apoiando-se nele, converse com o grupo acerca das representações da nacionalidade brasileira no passado e no presente. Saiba mais na RHBN No artigo “Missão? Que missão?”, de Lilia Moritz Schwarcz [RHBN nº 28, de janeiro de 2008], você poderá saber um pouco mais sobre a vinda do pintor francês Nicolas-Antoine Taunay, integrante da Missão Francesa que chegou ao Brasil em 1816. (www.revistadehistoria.com.br/missao) 8º Atividade 2 Com base na leitura do texto “Comer, beber, governar”, de Masilia Aparecida da Silva Gomes, propõe-se uma atividade para o 8º ano do Ensino Fundamental. O contexto histórico E nano s Funda i n o menta é o da definição da fronteira na região oeste da América portuguesa no século XVIII, em l especial com o Tratado de Madri em 1750. Os principais objetivos são as representações das multi características regionais percebidas nos hábitos alimentares e as relações entre cultura e política. disci plinar 1- Professor(a), solicite que os alunos leiam individualmente o texto sugerido e, em seguida, respondam: qual é o assunto do texto? Ele trata apenas de comida? Explique o título do artigo. Na expansão dos limites do Império português para o oeste da América do Sul, os interesses de Espanha foram duramente atingidos. Qual era a preocupação diplomática das autoridades portuguesas na Colônia em relação aos banquetes? Qual era a finalidade política dessas refeições suntuosas? Para conhecimento dos alunos, informe que a fundação da Vila Bela de Santíssima Trindade, em 1752, fez parte da política de ocupação e defesa dos domínios da Coroa portuguesa na América. 2- No artigo, são apresentadas as ocasiões em que os banquetes eram realizados na cidade de Vila Bela. Os alunos, agora reunidos em grupos, devem voltar ao texto e listar essas ocasiões (“para homenagear a realeza portuguesa, estreitar os laços diplomáticos com os vizinhos espanhóis, comemorar os dias de santos e saudar os oficiais que faziam a demarcação de limites da região”, página 63). O que significava ser um convidado de um banquete na segunda metade do século XVIII na América portuguesa, particularmente em Vila Bela? Existiam diferenças hierárquicas entre os convidados? Este momento da atividade é oportuno para trabalhar o conceito de representação social. Releia com os alunos o parágrafo da página 65 (“Prestigiados, os viajantes (...) e os demais fiéis ficavam atrás”) e discuta como as hierarquias sociais eram representadas visualmente nas posições ocupadas pelos indivíduos tanto nas mesas dos banquetes como nos lugares das procissões. Interessante também é recuperar a passagem do texto (p. 65) que descreve as diferenças existentes entre a alimentação dos brancos e a dos escravos. Sabendo dessas informações, os alunos já possuem subsídios suficientes para realizar o próximo exercício: façam de 8/23/10 4:59:56 PM