UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO: “A VEZ DO MESTRE” CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PSICOMOTRICIDADE PSICOMOTRICIDADE Como Está Sendo Usada Atualmente Andréa de Cássia Cota da Rocha RIO DE JANEIRO, DEZEMBRO DE 2001 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO: “A VEZ DO MESTRE” CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PSICOMOTRICIDADE PSICOMOTRICIDADE Como Está Sendo Usada Atualmente Andréa de Cássia Cota da Rocha Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes Pós-Graduação como requisito da realização do Curso de Especialização “lato sensu” em Psicomotricidade sob orientação da Profª Maria Esther de Araújo Oliveira RIO DE JANEIRO, DEZEMBRO DE 2001 RESUMO O presente trabalho visa a comentar o que os especialistas têm compreendido e realizado em Psicomotricidade: qual o proveito por eles tirado dessa ciência e o que os professores de Educação Física têm criado para melhoria das condições motoras dos iniciantes. Foi buscar depoimento de professores especializados em exercícios psicomotores, psicólogos e pais sobre os benefícios de tal ciência, sobretudo em relação às crianças, sem esquecer os adolescentes e até os idosos em atividades esportivas e/ou intelectuais. Finalmente conclui que, apesar dos grandes esforços despendidos pelas personagens, a Psicomotricidade, a nosso ver, ainda não obteve o crédito necessário para resgatar a importância de funcionar como remédio de uma carência dos humanos na atualidade, por causa do desconhecimento de alguns e descaso de outros. SUMÁRIO 1 - Introdução.............................................................................................................. 1 2 - A Realidade Atual.................................................................................................. 2 3 - O Comandante Júlio............................................................................................... 4 4 - Uma Mestra consciente: A Profª Wilma................................................................ 5 5 - A Professora Bertha.............................................................................................. 6 6 - O Professor L. C. M. Fonseca............................................................................... 7 7 - A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional............................................... 9 8 - A Professora Cristina............................................................................................ 11 9 - Os Deficientes Visuais........................................................................................... 12 10- Conclusão............................................................................................................. 19 11 - Bibliografia........................................................................................................... 20 12 – Anexos................................................................................................................. 21 “0 homem global é formado por corpo, mente, espírito e emoção. Parece até coisa sabida, praticada, mas não é! Vive-se parcialmente. Alguns esquecem do corpo e vivem no templo da mente e por ela buscam aproximar-se do espírito. Mas o corpo esquecido cobra-lhes sustentação, o bem-estar, a disposição, o ar fresco pleno nos pulmões. Falta-lhes o sangue forte e vivo correndo nas veias. Então suas mentes agonizam e seus espíritos se apagam como luz noturna do farol da vida.” Nuno Cobra Dedico a todos que fizerem deste trabalho seu instrumento de estudo Agradecimentos Ao meu constante companheiro Maurício, companheiro não só literalmente no sentido da palavra, mas físico e emocionalmente, que mesmo com seu silêncio incentivou e apoiou o meu desenvolvimento e crescimento profissional e pessoal. Ao meu filho, que mesmo na inocência dos seus oito anos, soube compreender a necessidade de muitas vezes me acompanhar as aulas por não ter com quem deixá-lo, e relevar os momentos em que poupei-lhe de atenção para me dedicar a este trabalho. INTRODUÇÃO O termo psico no grego já possuía o significado de alma, espírito e chegou à nossa língua atual sem modificação semântica. A prova disso está nos dicionários modernos da língua portuguesa, que o registram com duas grafias, mas significados semelhantes: psico do grego psykle, é o elemento da composição, com o sentido de alma, espírito; e psique .(segundo Jung), princípio de vida mental e emocional, atribuindo-lhe uma visão materialista. Antes Freud já se havia valido do termo para desenvolver sua ciência a que deu o nome de Psicanálise e nomeou-a como a ciência do inconsciente. Mais tarde, (Dupre em 1920) utilizou-se do radical psico, adicionou-lhe a expressão motricidade e deu nome à ciência que estamos estudando aqui, acrescentando-lhe nossa contribuição com o elemento espiritual, porque entendemos que o homem é uma instituição composta de corpo, espírito, mente e emoção Neste trabalho foram reunidos depoimentos de professores combatentes que fizeram interessantes revelações especialmente da professora Wilma e suas pesquisas, assim como do professor Fonseca e a sua descrença na maneira como os clubes estão preparando atletas de competição. Nesta pesquisa também há preocupação com a ocorrência de profissionais desinteressados ou incompetentes, cujo descaso se reveste em prejuízos para os alunos, os pais, a comunidade e a sociedade como um todo. Em contrapartida, existem educadores, como o Professor Luís, da Academia Júlio Veloso, o qual emprega as atividades psicomotoras nas suas aulas para crianças, adolescentes e adultos, com entusiasmo e profissionalismo invulgares. Para confirmar que o cuidado com a formação física, psíquica e social da pessoa humana é dever da família, da escola, da sociedade e do Governo, é importante também citar a Lei de Diretrizes e Bases em v igor – Lei nº 9.394 de 20/12/1996. A REALIDADE ATUAL Atualmente, as pessoas alfabetizadas possuem o consenso de que a educação é complementada pela aprendizagem de uma língua estrangeira, ou de um instrumento musical, ou da prática de um esporte. Por isso, colocam seus descendentes para aprender, preferentemente, a língua inglesa, ou numa escola de música, sem uma avaliação prévia e, principalmente, em relação ao esporte, matriculam-nos numa academia ou na escolinha de um clube, sem noção de quem será o orientador dos futuros atletas. Esquecem-se de que para o adulto atingir um nível pelo menos razoável nessas atividades, é necessário que a preparação, em tese, comece na infância, seja orientada por bons profissionais e se prolongue por muito tempo de prática. Para que isso aconteça, os pais, os professores, os técnicos, os médicos, os psicólogos, os fonoaudiólogos serão chamados, convocados a dar uma assistência, pelo menos velada, às crianças envolvidas nesse mister. Seria lógico que, nesse sentido, os "baixinhos" saídos das camadas mais humildes da população não tivessem possibilidade de se transformar em bons músicos ou ótimos atletas. Tal fato não ocorre com precisão porque as crianças pobres, para vencer as vicissitudes do cotidiano, procuram o lazer fora de casa. O pião, a pipa, a amarelinha, a bola de gude, a pelada e outros divertimentos são responsáveis por condicionar o corpo, dando-lhe os movimentos psicomotores de que ele necessita. Os comentários incluídos neste trabalho, à luz dos conceitos e descobertas dos especialistas, têm o objetivo de testemunhar as informações aqui prestadas. Causa estranheza que, entre os autores pesquisados, quase não se vê alusão a atividades paranormais. As afirmações feitas por eles dizem respeito à generalidade; não dão a devida importância à ligação corpo-espírito; entregam-se a lucubrações e teorias acadêmicas às vezes até ingênuas; desprezando um princípio lógico de que, em relação aos terrícolas, há algo mais que o corpo físico sobre a terra. A propósito, a sabedoria popular explica essa sensação: As pessoas mesmo idosas ainda não estão terminadas, elas estão sempre mudando ... até a hora da morte. O COMANDANTE JÚLIO Júlio Cardoso Fernandes Filho, aeronauta por convicção e profissão, infelizmente aposentado, por isso atualmente acadêmico de Direito das Faculdades Unidas Benett manter-se em atividade intelectual e afastar a possibilidade de esclerose para e tenista habilidoso, confessa que foi uma criança sadia, à exceção das doenças compulsoras da infância. Com 76 anos considera-se saudável, inicialmente por motivos genéticos e depois por ter sido comandante de aeronave, em vista de cuja função, exercida durante vários anos, era obrigado a fazer uma dieta permanente e inspeção de saúde semestral. Declara que nunca encontrou dificuldades para praticar os esportes que experimentou, naturalmente em nível amadorístico. É bem possível que o que se passa com o comandante Júlio seja reflexo de sua origem filho e neto de antecedentes sadios e longevos e da profissão que abraçou. Entretanto, como esportista consciente e sábio que é, não se descuida: antes das partidas faz seu aquecimento, às vezes acompanhado de fisioterapeuta, alongamento e o correspondente alongamento ao término delas. Com um homem dessa envergadura, a psicomotricidade foi e pode até ser na atualidade um conhecimento imperceptível, mas deveras existente. À primeira vista, o Júlio parece ter-se submetido a uma cirurgia plástica geral, o que infelizmente não se concretiza com observação mais minuciosa. Entretanto, seus amigos comprovam que sua aparência biológica está muito aquém de sua idade cronológica. UMA MESTRA CONSCIENTE: A PROFª WILMA Wilma Patrício, 45 anos, residente em São Gonçalo, RJ, Licenciada em Educação Física pela Faculdade Maria Theresa em 1989, e com Mestrado em Performance de Treinamento Desportivo. Atualmente tem as seguintes ocupações: titular de Educação Física em dois colégios e no Clube Mauá, funcionária da Secretária Municipal de Esporte e Lazer da Prefeitura de São Gonçalo e da Federação de Futebol de Salão e Vôlei do Rio de Janeiro. Informou que psicomotricidade foi matéria ministrada em quatro períodos do seu curso de graduação e que, por isso emprega essa matéria com freqüência nos seus alunos e obtém muito sucesso. Descobriu que em uma turma de iniciantes somente 20% se apresentam com possibilidade de iniciar uma vida esportiva e que, apenas 5% aparecem prontos. Os outros 75% somente dão retorno através de treinamento psicomotor. Verifica que as dificuldades mais ocorrentes nos neófitos são: quicar a bola, movimentar a bola, lateralidade, alongamento e raciocínio lento. Atribui essas anomalias à vida sedentária principalmente dos garotos da média e alta sociedade, pela presença de atrações televisivas, de jogos eletrônicos e dos computadores, que os deixam inativos por longos períodos. Com as crianças mais humildes, obrigadas a buscar lazer e divertimento na rua através de atividades dinâmicas, esse comportamento as obriga a ter desde cedo noção mais real do seu corpo. A Profª Wilma é uma pessoa feliz porque se realiza através do seu trabalho. Diz que a vida lhe dá muitos prêmios, por intermédio do sorriso da criança e da satisfação dos pais. Confessa que só encaminha para o médico, psicólogo ou psiquiatra algumas crianças visivelmente anormais. Com as outras, ela tem obtido sucesso ao fazê-las realizar-se, respeitando as suas habilidades reduzidas. A PROFESSORA BERTHA Começou a estudar balé com 7 para 8 anos de idade e com 13 já entrou para o Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, do qual foi nomeada primeira bailarina com 15 anos. Foi tudo muito rápido. Depois fez todos os grandes balés, isto é, teve a chance de dançar todos os grandes repertórios importantes do clássico, como o Lago dos Cisnes, Gisele e outros tantos mais. Foi parceira de famosos bailarinos brasileiros e estrangeiros que passaram pelo Corpo de Baile. Fez viagem pela Europa e América do Sul, atuou em televisão e teatro. Hoje é proprietária de uma escola , onde há 39 anos leva suas meninas a dançar. Afirma que muitas atuais bailarinas passaram por suas mãos, algumas com brilhantes destinos. Inclusive, algumas delas trabalham como professora da sua escola. Confessa que conhece e se interessa por psicomotricidade há muito tempo, isto é, desde que começou a dar aulas. “ A escola de dança não possui nenhum tipo de teste físico para as alunas iniciantes. A avaliação inicial da candidata recai, naturalmente, sobre o tipo físico, a musculatura e a rapidez de pensamento, seguida da própria dança, porque a boa coreografia já representa uma preocupação com o corpo, com a postura” – declara a Profª Berta. Diz ainda que considera a dança uma “ciência,” pois existem várias correntes de estudiosos, como os russos, que desenvolveram grande parte da dança atual, beneficiando seus integrantes. Testemunha que a dança é um exercício físico completo pois propicia uma conscientização do corpo e de seu potencial. A linha didática desenvolvida na escola e suas bailarinas por lá formadas são uma mescla das escolas russa, francesa e inglesa, como um somatório dessas experiências e desenvolvimento de tais profissionais. Do ponto de vista avaliatório, a Profª Berta diz que a escola tenta de maneiras diferentes selecionar seu corpo de baile e que, caso encontre algum aluno que não se encaixe nos padrões, ela e sua equipe tentam ressaltar que existem outros esportes tão bons quanto a dança nos quais aquele aluno poderia se encaixar. O PROFESSOR L. C. M. FONSECA Trinta e um anos, formado em Educação Física pela UERJ, presta serviço na Academia Júlio Veloso, na Academia KDM, no Clube de Ginástica em Vila Isabel e na Academia Água em Movimento na Tijuca. Observa que as academias seguem alguns procedimentos diferenciados de trabalho. Mas a princípio existe um consenso, cujo objetivo é trabalharem os professores de Educação Física sob o mesmo aspecto metodológico, contudo existem algumas diferenças entre elas. Verifica que chegam pessoas às academias com muito fraco ou nenhum histórico esportivo durante a infância. Por isso, apresentam uma dificuldade muito grande no desempenho de alguns movimentos, mais nada é impossível. Dentro da prescrição de atividade física para sedentário, existem alguns consensos e pesquisas recentes que mostram que as atividades iniciais devem envolver grandes grupos musculares e, ao contrário do que se acreditavam, as atividades devem receber uma sobrecarga relativamente alta e com um número de repetições pequeno. Foi observado que para sedentários, idosos e sofredores de osteoporose é menos lesivo trabalhar com a sobrecarga elevada e número de repetições baixo. Nota também que a mudança no condicionamento psicomotor, dependendo da pessoa, ocorre de uma a seis semanas e vê com tristeza a imprensa recomendar crianças com seis, sete anos de idade iniciar curso de judô, como vê nas piscinas crianças da mesma idade treinando para entrar em equipe. Será que essas crianças não ficam sobrecarregadas fisicamente? Não seria mais lógico colocá-las em uma academia, para se desenvolverem fisicamente, sob uma boa orientação psicomotora? Diz que hoje é contra qualquer esporte que não respeite o limite físico das crianças, porque certamente elas exacerbam a própria concepção de saúde. Não pode conceber uma criança ou adolescente nadar dez mil metros por dia, fazer quatro, cinco horas de treinamento por dia, seja em que esporte for. Conclui informando que a Educação Física , principalmente em academias , hoje, visa mais à qualidade de vida e não a preparação para competição. A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL - LEI Nº 9394/96 O Governo, através da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), dá a sua contribuição para as atividades físicas, pois o Art.26, parágrafo 3º determina: "A Educação Física (EF), integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos." Assim, o Governo entende que os exercícios psicomotores estão inseridos no ensino fundamental, como componentes necessários ao bom desenvolvimento do corpo e do espírito. Por isso, tanto no Brasil, como em diversos países, os educadores conscientes e atualizados têm-se preocupado com a psicomotricidade e procurado alternativas para dinamizá-la. Vários trabalhos e livros já foram publicados, tendo como destaque as experiências realizadas nas atividades psicomotoras das crianças. A LDB confere caráter de norma legal à condução do ensino em todos os níveis, considerando-os como parte da educação básica, quando no seu Art.21 esclarece: "A educação escolar compõe-se de educação básica formada pela educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e ensino superior." Pelo que podemos perceber, em todas essas etapas deve estar presente a psicomotricidade, como elemento necessário ao bom desenvolvimento do corpo da criança e do adulto correspondente. A LDB esclarece que o ensino médio, como uma objetiva etapa da educação básica, concorre na construção do perfil da pessoa. Para muitos, esse ensino passa a ter característica de terminalidade, o que significa assegurar a todos os cidadãos a oportunidade de consolidar e aprofundar os conhecimentos físicos e intelectuais do ensino fundamental. Nunca é demais lembrar que o papel da escola atual é o de também produzir praticantes de atividades físicas. Os instruendos devem estar absolutamente conscientes do porquê dessas atividades, de forma que a escola deve manter disponíveis as mais diversificadas informações, inclusive para os responsáveis. Alertá-los para a associação antagônica que há entre níveis habituais de prática da atividade física e os índices de adiposidade e de desempenho motor. Isso indica que quanto mais ativo for o educando, menor será sua tendência ao acúmulo de gorduras. A PROFESSORA CRISTINA Cristina Cardoso Resende, 25 anos, licenciada pela Universidade Estácio de Sá em 2000, com pós-graduação em Fisiologia do Esforço, especialista em condicionamento físico e personal trainner pela Faculdade Maria Teresa. Trabalha na Sede Esportiva do Clube Naval, na Lagoa, com musculação, alongamento e spining. Percebe que , ao matricular-se os vários alunos são carentes de alguns movimentos sem se aperceberem. Por isso, procuram inicialmente fazer exercícios mais simples que começam com os grandes grupos musculares. Observa que 90% dos alunos conseguem uma substancial melhora. Como trabalha com a maioria de adultos, é mais fácil diversificar os exercícios e corrigi-los bastante. Espera com ansiedade que a diretoria inicie o projeto que objetiva avaliar o aluno por ocasião da matrícula. Confessa que os exercícios psicomotores são aplicados com muita técnica e apresentam resultados surpreendentes. OS DEFICIENTES VISUAIS Não foi pesquisado nenhum autor que fizesse ligação da psicomotricidade com os excluídos ou esquecidos dos pesquisadores. Entretanto, alguns exercícios podem adaptar-se a essa espécie de deficiência aqui citada, porque entende-se que o corpo, se exigido e movimentado, normalmente dá o correspondente retorno. Naturalmente, em se tratando desses deficientes, a educação visando a elevar a qualidade de vida, além de ser dever dos responsáveis, da escola, da sociedade e do Governo, é obra benemérita, que objetiva integrá-los na comunidade. As professoras Jurema Lucy Venturini e Ana Amélia da Silva, no início da década de 70 já se envolviam com essa imperfeição humana ao declarar: “ A técnica da locomoção envolve a restauração da mobilidade, implicando o uso sistemático de racionados movimentos e sentidos, para garantir a segurança, equilíbrio, elegância e eficiência nos movimentos. Além de outras técnicas necessárias, inclui a prática do uso da bengala longa, considerada um dos mais eficientes auxílios na locomoção da pessoa cega. o uso da locomoção exige um prévio treinamento psicomotor e abrange, entre outros, a locomoção em casas comerciais, correios, transportes coletivos, bancos, escadas rolantes, portas giratórias, uso do guia vidente, técnicas de proteção ao caminhar e outras.” Para confirmação da matéria citada, foram selecionados alguns exercícios psicomotores que poderão ser muitos úteis à locomoção e à vida dos aludidos deficientes. 1 – Com tiras de pano, desenvolvimento da coordenação fina de membros superiores: a) Com as mãos, dar vários nós na tira de pano, desfazê-los e assim sucessivamente. b) Com as mãos , tentar desfazer o nó dado pelo professor na tira de pano. c) Com cinco tiras de pano, dar nós consecutivos fazendo uma corrente. Desfazê-la e recomeçar o exercício. 2 – Com duas caixas de sapato, desenvolvimento das coordenações fina e grossas: a) em pé, tendo cada pé dentro de uma caixa de sapato, deslocar-se de costas, arrastando-as no chão. 3 – Estimular o aluno para a exercitação constante da coordenação psicomotora: a) Vendar os olhos com a tira de pano e tentar equilibrar-se na perna direita, elevando a perna esquerda para frente, tendo os braços paralelos na frente do corpo. Equilibrar-se ora na perna direita, ora na perna esquerda. 4 – Desenvolvimento de habilidades manuais envolvendo a direcionalidade: a) Segurando uma caixa de fósforo com uma mão, tentar abri-la e fechá-la com auxílio apenas dos dedos. Executar o exercício ora com a mão esquerda, ora com a mão direita. 5 – Desenvolvimento das noções de distância e da coordenação dos membros inferiores: a) Sentado numa folha de jornal, procurar girar o corpo ora para a direita, ora para a esquerda, apoiando-se apenas nos glúteos. 6 – Desenvolvimento das coordenações fina e grossas: a) Segurando na extremidade de um cordão de aproximadamente um metro, com um peso na extremidade, girá-lo sobre a cabeça em forma de circunferência ora para a direita, ora para a esquerda, alternando também os braços. 7 – Desenvolvimento da noção de espaço, da capacidade rítmica em movimentos diferenciados: a) cabeça. Na posição de quatro apoios, deslocar-se para a frente, equilibrando um livro na 8 – Desenvolvimento da coordenação apendicular a da noção de distância: a) Andar para a frente, passando uma perna de cada vez sobre um cordão esticado e seguro pelas mãos. 9 – Desenvolvimento da velocidade de deslocamento, criatividade e controle muscular: a) Passar a tira de pano sobre os olhos e dar um nó na mesma atrás da cabeça. Desfazer o nó , fazê-lo novamente e assim por diante. 10 – Desenvolvimento da percepção espacial e fortalecimento dos membros inferiores: a) Colocar um pneu num plano horizontal com a abertura para cima. Deitar-se sobre ele em decúbito ventral e com o auxílio das mãos, deslocar-se para a frente, conduzindo o pneu com o corpo. b) Em pé, com os pés na abertura do pneu e apoiados no chão, c) deslocar-se para a frente arrastando o pneu. 11 – Desenvolvimento da noção do próprio corpo, do sentido espaço-temporal e do equilíbrio. a) Equilibrando uma caixa de sapato sobre a cabeça, tentar ficar sentado e levantar-se novamente sem deixá-la cair. 12 – Desenvolvimento do sentido tátil e da coordenação óculo-manual: a) Prender dois arames na mão e nos pés na posição de decúbito dorsal, procurando manter os arames estendidos enquanto balanceia o corpo em forma de mata-borrão. CONCLUSÃO Desenvolvendo este trabalho, a partir da semântica de psicomotricidade, objetivando ir adiante, dois aspectos pareceram contrastantes ou omissos pelos estudiosos: a ligação corpoespírito e as atividades psicomotoras para os adultos. Neste aspecto, a pesquisa realizada com professores combatentes muito acrescentaram ao conteúdo deste trabalho. Através de uma entrevista com um idoso com vida esportiva desde a mocidade foi possível concluir que imperceptivelmente os exercícios psicomotores estão inseridos em sua vida desde os seus primeiros passos como esportista, o que lhe garantiu uma aparência física muito aquém de sua idade cronológica. Foi colocado ao alcance dos estudiosos as pesquisas realizadas pela professora Wilma Patrício que muito vão contribuir para facilitar o trabalho de profissionais neófitos que se dispuserem a lê-lo. Finalmente, acima de tudo está o professor: elemento insubstituível no processo da educação. Funciona como um maestro à frente da orquestra que conduzirá, explorando a harmonia e afinação de seus músicos. Deve, além do domínio global da matéria, ir mais adiante, isto é, funcionar como um guia, um condutor, um orientador, um guru enfim. Nos dias atuais, o professor deve ter noções fortes de filosofia, sociologia, didática e liderança, para bem empregar esses conhecimentos extracurriculares nos alunos, porque no presente caso de psicomotricidade, o mestre não deve cuidar somente do desenvolvimento corporal, mas das ações espirituais e aqui consideramos o espírito como ânimo ele é um dos responsáveis pela formação do cidadão. porque BIBLIOGRAFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. Referências Bibliográficas. NBR 6023, agosto/2000. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Manuais de Legislação Atlas, São Paulo/ SP: Ed. Atlas, 1988. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio -conhecimentos de educação física. Brasília: p.154-66, 1999. BRASIL. Poder Executivo. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília. 1996. EMENDA CONSTITUCIONAL, 14/96. São Paulo/ SP, Manuais de Legislação ATLAS, Ed. Atlas, 1996. RIBEIRO, Nuno Cobra. 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