PERFIL DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE MULHERES DE DIFERENTES
FAIXAS ETÁRIAS PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA REGULAR
Alexandra Maria de França
Graduada em Educação Física pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG
Maria Teresa da Silva Barbosa
Mestre em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília - UCB
Docente do Curso de Graduação em Educação Física do Unileste-MG
[email protected]
RESUMO
O objetivo deste estudo foi traçar a evolução do perfil da composição corporal
de mulheres praticantes de atividade física regular, de acordo com o aumento
da idade cronológica. Para tanto, foram avaliadas 75 mulheres, de 23 a 78
anos de idade (x: 52,4 ± 11,4), divididas em 6 grupos de faixas etárias distintas:
20-29 (n:3); 30-39 (n:4); 40-49 (n:23); 50-59 (n:23); 60-69 (n:18) e 70-79 (n:4).
Coletou-se dados do peso corporal (kg), estatura (m), índice de massa corporal
(kg/m2) e as dobras cutâneas tríceps, suprailíaca e coxa (mm). Para
determinação da gordura relativa, utilizou-se a fórmula de Siri (1961) a partir da
estimativa da densidade corporal determinada pela equação generalizada
proposta por Pollock, Shimidt e Jackson (1980), e para análise estatística,
utilizou-se o coeficiente de correlação de Pearson. Os resultados do estudo
fornecem evidências de que a composição corporal varia de acordo com a
idade cronológica, mas não apóiam que esSa variação ocorra de forma linear,
ou seja, o percentual de gordura se manteve instável, independente da faixa
etária, como acontecido com o peso corporal e o IMC. Apesar das limitações
metodológicas, os dados sugerem que a composição corporal não aumenta de
maneira linear com o processo de envelhecimento.
Palavras chave: composição corporal, idade cronológica
ABSTRACT
The objective of this study went determine to evolution of the profile of the
women's apprentices of physical activity corporal composition to regulate, in
agreement with the increase of the chronological age. For so much, they were
appraised 75 women, of 23 to 78 years of age (x: 52,4 (11,4), divided in 6
groups of different age groups: 20-29 (n:3); 30-39 (n:4); 40-49 (n:23); 50-59
(n:23); 60-69 (n:18) and 70-79 (n:4). It was collected data of the corporal weight
(kg), stature (m), index of corporal mass (kg/m2) and the folds cutaneous
triceps, suprailíaca and thigh (mm). For determination of the relative fat, the
formula of Siri was used (1961) starting from the estimate of the corporal
density determined by the widespread equation proposed by Pollock, Shimidt
and Jackson (1980), and for statistical analysis, the coefficient of correlation of
Pearson was used. The results of the study supply evidences that the corporal
composition varies in agreement with the chronological age, but they don't
support that this variation happens in a lineal way, that is to say, the percentile
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of fat stayed unstable, independent of the age group, as happened with the
corporal weight and IMC. In spite of the methodological limitations, the data
suggest that the corporal composition doesn't increase in a lineal way with the
aging process.
Key words: body composition, chronological age
INTRODUÇÃO
O homem se desenvolve durante a filogênese e a ontogênese como
uma criatura ativa, e suas manifestações externas mais notáveis incluem a
atividade física. Desses pressupostos resultam inúmeros esforços para
investigar o organismo humano com relação a seu diagnóstico funcional,
principalmente a associação com a prática regular de exercícios físicos.
Durante o período anterior ao início da civilização técnica, a aptidão e o
desempenho físico eram pré-requisitos essenciais para a sobrevida e a
existência bem-sucedida (PARÍZKOVÁ, 1982).
Até meados do século passado, ser gordo e pesado era uma distinção.
Com o trabalho duro e alimentação escassa, sem luxo, o peso corporal
reduzido era conferido aos indivíduos pertencentes às classes sociais menos
favorecidas. Segundo Guedes & Guedes (2003), o sobrepeso, mais ou menos
discreto ou evidente, era atributo de poder e riqueza: bem sucedido era
sinônimo de gordo.
No campo estético, de acordo com os autores acima mencionados,
padrões da época privilegiavam o excesso de gordura corporal; mulheres com
maiores quantidades de gordura eram tidas como referência de beleza. Eram
desconhecidas as agressões metabólicas e funcionais do excesso de peso
corporal e associava-se a gordura corporal a níveis mais elevados de saúde.
Assim, indivíduos gordos e “robustos” eram tidos como saudáveis enquanto
que magros eram considerados desnutridos, ou seja, forte significava gordo e
ser fraco, magro.
Perante tais afirmações, perdurou por sucessivas gerações a forte
correlação cultural entre peso corporal, poder e beleza. Contudo, nos dias
atuais, com as modificações nos símbolos de poder e estética estabelecidos
pela sociedade, o excesso de gordura e peso corporal passou a se distanciar
dos modelos de beleza e já não evidencia prestígio social ou econômico.
Aliados a isso, estudos científicos têm apontado que o excesso de gordura
corporal e a inatividade física, por si só, promovem sérias disfunções
orgânicas. Congregam-se a um conjunto de doenças associadas e aumentam
a probabilidade de limitações funcionais e morte prematura (ACMS, 1995).
Seja com finalidades estéticas ou com objetivos de manutenção e
promoção da saúde, o controle do peso corporal e todos os seus segmentos,
aliados à prática regular de atividade física passaram a constituir-se
importantes preocupações do homem moderno.
Baseando-se na relação bastante acentuada entre a capacidade
funcional e a composição corporal é que este estudo foi realizado, cujo
propósito foi traçar a evolução do perfil da composição corporal de mulheres
praticantes de atividade física regular de acordo com o aumento da idade
cronológica.
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Prevalência de sobrepeso e obesidade: reflexos na saúde
A obesidade e o conseqüente sobrepeso têm se caracterizado como a
disfunção orgânica que mais apresenta aumento em seus números, pois,
segundo Guedes & Guedes (2003), as evidências mostram que a adoção de
estilo de vida inadequado vem favorecendo esse tipo de acontecimento,
sobretudo no que se refere ao sedentarismo e aos hábitos alimentares.
O sobrepeso é definido por Costa (2001) como aqueles valores de
massa corporal que se encontram entre a massa tida como normal e a
obesidade, podendo ocorrer em função de excesso de gordura corporal ou de
valores elevados de massa magra. Já a obesidade, segundo o mesmo autor,
compreende apenas valores excessivos de gordura corporal que estão
fortemente associados ao aumento dos fatores de risco para a saúde, bem
como dos índices de morbidade e mortalidade.
O excesso de gordura e de peso corporal não deve ser encarado
simplesmente como um problema estético. Pelo contrário, a obesidade é um
grave problema de saúde que reduz a expectativa de vida e ameaça sua
qualidade, pois apresenta uma relação direta com o aumento do risco individual
de desenvolver doença arterial coronariana, hipertensão, diabetes tipo II,
doença pulmonar obstrutiva, ósteo-artrite e certos tipos de câncer, sendo que a
ocorrência de hipertensão, hiperlipidemia e diabetes tipo II é de duas a três
vezes maior em indivíduos obesos (HEYWARD e STOLARCZYK, 2000).
Cabe observar que o aumento de riscos de saúde associados à
obesidade é relacionado não apenas com a quantidade total de gordura
corporal, mas também com a maneira pela qual a gordura está distribuída,
especialmente na região abdominal (gordura intra-abdominal ou visceral). A
gordura visceral é um preditor de doença cardiovascular e outras desordens
metabólicas – como diabetes tipo II – mais forte do que a quantidade total de
gordura corporal, como afirmam Guedes & Guedes (2003).
Em contrapartida, muito pouca gordura corporal, também representa um
risco à saúde, porque o corpo necessita de uma certa quantidade de gordura
para manutenção das funções fisiológicas normais. Os lipídios essenciais –
como fosfolipídios – são necessários para a formação da membrana celular,
enquanto que os lipídios não-essenciais – como os triglicérides, encontrados
no tecido adiposo – fornecem isolamento térmico e armazenam energia
metabólica, ou seja, ácidos graxos livres (HEYWARD e STOLARCZYK, 2000).
Técnicas de avaliação da composição corporal
De acordo com Guedes & Guedes (1998), os recursos utilizados na
tentativa de estimar parâmetros de composição corporal são bastante
numerosos e complexos. Dentre os vários métodos existentes para avaliar a
composição corporal, alguns encontram-se além dos meios técnicos e
financeiros da maioria dos programas e das instituições (FOSS e KETEYIAN,
2000).
Estes procedimentos são denominados por Costa (2001) como sendo
métodos diretos, indiretos e duplamente indiretos.
A técnica usada para mensuração direta, segundo McArdle et al (1998) é
a análise química da carcaça animal e do esqueleto humano, ou seja, a
dissecação de cadáveres. Para procedimentos indiretos, são utilizadas
técnicas, tais como, imageamento por ressonância magnética (IRM),
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tomografia computadorizada, contagem de potássio-40, imageamento ultrasônico, diluição isotópica, tomografia axial assistida por computador (TAC),
termografia, diluição isotópica, análise da ativação de nêutrons, contagem do
potássio-40, absorciometria de fótons duplos e interactância infravermelha
(FOSS e KETEYIAN, 2000).
Mensurações duplamente indiretas se obtém através da condutividade
elétrica corporal total (TOBEC), interactância de infravermelho, análise da
impedância bioelétrica (AIB), pesagem hidrostática e os métodos baseados nas
pregas cutâneas e/ou antropométricos (FOSS E KETEYIAN, 2000; McARDLE
et al, 1998).
Guedes & Guedes (2003) afirmam que os recursos indiretos, embora
mais rigorosos e precisos, são dispendiosos e de limitada aplicação prática, e
por isso empregados com maior freqüência em investigações científicas e na
validação dos recursos duplamente indiretos. Esses, por sua vez, são menos
rigorosos, menos dispendiosos e de maior aplicação prática. Apesar da menor
rigorosidade, os resultados obtidos com a sua aplicação representam elevada
relação com os recursos indiretos e, se forem levados em consideração
determinados cuidados, produzem erros de estimativa em limites aceitáveis.
Contudo, perante as necessidades e dificuldades decorrentes das
técnicas indiretas para a avaliação clínica ou para o estudo de grandes grupos
populacionais, a alternativa mais comum, segundo Costa (2001), é o uso de
algumas técnicas baseadas na utilização de medidas antropométricas. Estas
técnicas incluem proporções de massa-estatura, circunferências e medidas de
dobras cutâneas (HEYWARD e STOLARCZYK, 2000).
Nos procedimentos duplamente indiretos são envolvidas equações de
regressão a fim de predizer variáveis associadas aos procedimentos indiretos
que, por sua vez, na seqüência, deverão estimar parâmetros da composição
corporal (GUEDES e GUEDES, 1998).
A Antropometria como método de campo para avaliação da composição
corporal
A antropometria tem sido usada por mais de um século para avaliar o
tamanho e as proporções do corpo, através da medição de circunferência e
comprimento dos segmentos corporais. De acordo com Heyward e Stolarczyk
(2000), por volta de 1915, a espessura do tecido adiposo subcutâneo foi
mensurada utilizando-se medições de dobras cutâneas. Mais tarde, nos anos
60 e 70, essas medidas foram utilizadas para desenvolver inúmeras equações
antropométricas para predizer a densidade corporal total e a gordura corporal.
Marins e Giannichi (1998) relatam que a antropometria representa um
importante recurso de assessoramento para uma análise completa de um
indivíduo, seja ele atleta ou não, pois oferece informações valiosas no que se
refere à predição e estimação ligadas ao crescimento, desenvolvimento e
envelhecimento, sendo por isso crucial na avaliação do estado físico e no
controle das diversas variáveis que estão envolvidas durante uma prescrição
de atividade física (FERNANDES FILHO, 1999).
Por ser uma técnica menos onerosa e de relativa simplicidade de
utilização, os métodos antropométricos são aplicáveis para grandes amostras e
podem proporcionar estimativas nacionais e dados para análise de mudanças
seculares (COSTA, 2001). Nesse sentido, a inocuidade, a relativa facilidade de
interpretação e as menores restrições culturais; por se tratar de medidas
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externas das dimensões corporais como massa, estatura, perímetros,
diâmetros ósseos e espessura de dobras cutâneas; a técnica antropométrica
foi eleita como a de maior aplicabilidade, encorajando um número cada vez
maior de profissionais a recorrerem a seus procedimentos (FERNANDES
FILHO, 1999).
Heyward e Stolarczyk (2000) enfatizam que o peso corporal e estatura
constituem medidas de tamanho do corpo humano e, razões do peso corporal
para altura podem ser utilizadas para representar a proporção corporal. Para
avaliar o tamanho e as proporções dos segmentos do corpo, além da
composição corporal total e regional, podem ser utilizadas circunferências,
espessura de dobras cutâneas, largura dos ossos e comprimento dos
segmentos.
Em face do que foi considerado e com base na estrita relação existente
entre a densidade corporal e os valores de espessura das dobras cutâneas, a
técnica antropométrica é credenciada como uma boa opção para estimativas
da quantidade de gordura corporal, tendo em vista que a densiometria é
empregada para validar outras técnicas e têm sido propostas equações
preditivas que viabilizam enormemente o das dobras cutâneas na análise da
composição corporal (GUEDES e GUEDES, 1998).
Composição Corporal
Guedes & Guedes (1998) consideram que, apesar de o peso corporal
receber influência imediata, tanto das características dos esforços físicos
realizados como da proporção e da quantidade dos nutrientes que compõem as
dietas, sua medida nem sempre consegue fornecer algo além de uma visão
bastante superficial sobre a assimilação desses fatores pelo organismo. Os
valores do peso corporal dependem fundamentalmente de um aglomerado de
componentes como o peso de gordura e o peso de massa magra (músculos,
ossos, água) que, dependendo do tipo de exercício físico e da dieta alimentar
desenvolvida, sofrem diferentes variações em suas constituições, os quais não
podem ser evidenciadas simplesmente mediante informações quanto ao peso
corporal.
Em termos de saúde, de acordo com Barbanti (1990), não é a
quantidade total de peso que importa, mas a proporção de gordura para a de
músculos e ossos. No entanto, Costa (2001) observando a relação entre a
quantidade de gordura corporal e estado de saúde, verificou a necessidade da
utilização de métodos capazes de avaliar, de forma válida, a quantidade de
gordura corporal em relação à massa corporal total.
Esse método de fracionamento é denominado composição corporal, que
é a proporção entre os diferentes componentes corporais e a massa corporal
total, sendo normalmente expressa pelas porcentagens de gordura e de massa
magra (COSTA, 2001; KISS et al, 1999).
Pela avaliação da composição corporal, pode-se, segundo Costa (2001),
além de determinar os componentes do corpo humano de forma quantitativa,
utilizar os dados obtidos para detectar o grau de desenvolvimento e
crescimento de crianças e jovens e o estado dos componentes corporais de
adultos e idosos.
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Fatores Individuais
Heyward e Stolarczyk (2000) comentam que a variabilidade em medidas
de dobras cutâneas entre indivíduos pode ser atribuída não apenas à diferença
na quantidade de gordura subcutânea no local, mas à diferença na espessura
da pele, compressibilidade do tecido adiposo, manuseio e nível de hidratação.
A variabilidade interindividual na espessura da pele (0,5 a 2 mm) é pequena e
não contribui substancialmente para o erro total da medida de espessura da
dobra cutânea. Entretanto, a variação na sua compressibilidade pode ser um
importante fator limitante deste método.
Um acúmulo de água extra celular (edema) no tecido subcutâneo,
causado por fatores como vasodilatação periférica ou certas doenças, pode
aumentar a espessura da dobra cutânea. Isso sugere que pregas cutâneas não
devem ser medidas imediatamente após o exercício, especialmente em
ambientes quentes. Finalmente, para alguns indivíduos pode haver uma
diferença no tamanho das dobras tomados dos lados direito e esquerdo do
corpo, devido à dominância lateral do indivíduo. Seguindo os procedimentos
padronizados, os erros de medida devidos a fatores do sujeito podem ser
controlados (HEYWARD e STOLARCZYK, 2000).
Composição Corporal, Envelhecimento e Função Fisiológica
De acordo com Barbanti (1990), o envelhecimento é universal,
progressivo e intrínseco. Perdas estruturais e funcionais estão envolvidas
nesse processo que relutantemente progride com o passar do tempo. As
medidas fisiológicas de desempenho em geral melhoram rapidamente durante
a infância e alcançam um máximo entre o final da adolescência e os 30 anos. A
seguir, há evidências que existe um declínio linear na maioria das reservas
funcionais dos sistemas do corpo, com a idade (McARDLE et al, 1998).
As quantidades dos diferentes componentes corporais sofrem alterações
durante toda a vida dos indivíduos, o que torna a composição corporal uma
característica extremamente dinâmica, que sofre influência de aspectos
fisiológicos, como crescimento e desenvolvimento, e aspectos ambientais,
como estado nutricional e nível de atividade física (COSTA, 2001).
Segundo McArdle et al (1998), os valores médios evidenciam que, com o
aumento da idade, após os 35 anos de idade, homens e mulheres tendem a
aumentar progressivamente de peso até a quinta ou sexta década de vida.
Após os 60 anos de idade, observa-se uma redução no peso corporal
total, apesar do aumento na gordura corporal. Segundo os mesmos autores,
isso é explicado, em parte, pelo fato de que, no grupo etário superior, muitas
das pessoas com um excesso maciço de peso já morreram, de forma que não
existem muitos indivíduos pesados a serem medidos. Além disso, o peso
corporal magro tende a diminuir com a idade.
Essa variação média não significa, necessariamente, que a tendência
deveria ser interpretada como “normal”, pois os estudos mostram que a
participação em atividades vigorosas após os 35 anos pode retardar o aumento
“médio” na adiposidade corporal. Valores mais altos para a gordura poderiam
ser devidos, em parte, ao fato de que o envelhecimento causa
desmineralização e maior porosidade do esqueleto, reduzindo assim a
densidade corporal pela diminuição da densidade óssea. A adaptação a um
estilo de vida mais refratário e a redução concomitante no nível de atividade
física diária também poderia causar aumento relativo na gordura corporal. Isso
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poderia ocorrer até mesmo quando o consumo calórico diário se mantivesse
inalterado (McARDLE et al, 1998).
Para adultos jovens, cerca de metade da gordura corporal total é
representada por gordura subcutânea e o restante, por gordura interna ou
orgânica. Com o avançar da idade, uma quantidade proporcionalmente maior
de gordura é depositada internamente, em comparação com a gordura
subcutânea. Assim sendo, o mesmo escore das pregas cutâneas reflete um
percentual total maior de gordura corporal à medida que se envelhece
(McARDLE et al, 1998).
Observa-se também que a adiposidade ganha na meia-idade tende a
acumular-se no tronco (tipo andróide), refletindo-se numa maior quantidade de
gordura nas regiões mais profundas das pessoas mais idosas (FOSS e
KETEYIAN, 2000). Esse padrão de gordura inclui células hipertrofiadas, que
estão associadas a efeitos deletérios para a saúde (PESCATELLO e DI
PIETRO, 1993 citado por OKUMA, 2002). É importante ressaltar que, mesmo
na ausência de aumento de peso corporal, há um aumento na quantidade de
gordura corporal que acompanha o envelhecimento. Esse aumento implica
uma significativa diminuição no número de fibras musculares de contração
rápida (IWANAGA et al, 1990 citada por OKUMA, 2002). Mesmo idosos magros
têm mais gordura corporal que jovens magros, a qual se localiza ao redor das
vísceras, do fígado, do coração, do pâncreas etc.
Mudanças nas proporções e densidades dos componentes da massa
livre de gordura (MLG), devidas ao envelhecimento, limitam a estimativa da
gordura corporal em indivíduos mais velhos, o que torna a mensuração desses
componentes muito mais variável (FOSS e KETEYIAN, 2000; HEYWARD e
STOLARCZYK, 2000).
Com o envelhecimento, o conteúdo mineral relativo da MLG diminui
aproximadamente 1% ao ano entre os cinqüenta e setenta anos de idade. Com
essas mudanças, a densidade da MLG na velhice, particularmente em
mulheres idosas, é menor que o valor assumido de 1,10 g/cm3 (HEYWARD e
STOLARCZYK, 2000).
Além disso, sabe-se que a altura diminui em até cinco a sete cm entre os
30 e os 70 anos de idade para alguns grupos, com reduções ainda maiores nas
comunidades industriais e entre as classes socioeconômicas menos
privilegiadas. Segundo Foss e Keteyian (2000), existe evidência adicional de
que a massa esquelética e o conteúdo mineral do esqueleto diminuem e de
que a massa adiposa do corpo aumenta nas pessoas mais idosas, confirmando
o que antes foi considerado.
Por fim, a composição corporal é relatada, por alguns autores, como um
componente da aptidão física relacionada à saúde, em razão das relações
existentes entre a quantidade e a distribuição da gordura corporal com
alterações no nível de aptidão física e no estado de saúde das pessoas
(BÖHME, 1994; FARIA JÚNIOR, 1992; LOPES e PIRES NETO, 1996).
Por essas razões, é recomendado que as pessoas tenham sua gordura
corporal medida por profissionais altamente qualificados, para obtenção de um
quadro verdadeiro de sua porcentagem de gordura e do peso ideal, para
prescrição de atividade física mais indicada (NIEMAN, 1999).
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MÉTODOS
A amostra foi constituída por setenta e cinco mulheres com idades entre
vinte e três e setenta e oito anos (x: 52,4 ± 11,4 anos). As mulheres
participavam de um programa de atividade física regular oferecido pelo Centro
Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste-MG, no Núcleo AtivaIdade
em Movimento de Coronel Fabriciano (MG) – Campus I, com freqüência de
duas vezes por semana, sessenta minutos por sessão, com tempo médio de
prática de 15,6 ± 6,8 meses, em três horários distintos consecutivos. Portanto,
tomou-se o cuidado de escolher, por conveniência, os seis grupos
componentes da amostra de acordo com os horários alternados das aulas.
A amostra foi assim dividida, de acordo com a idade cronológica:
• Grupo de 20-29 anos: três mulheres
• Grupo de 30-39 anos: quatro mulheres
• Grupo de 40-49 anos: vinte e três mulheres
• Grupo de 50-59 anos: vinte e três mulheres
• Grupo de 60-69 anos: dezoito mulheres
• Grupo de 70-79 anos: quatro mulheres
A coleta de dados foi realizada nas dependências do Núcleo
AtivaIdade em Movimento de Coronel Fabriciano (MG) – Campus I. As
variáveis antropométricas mensuráveis foram: peso corporal, obtido através de
uma balança de plataforma mecânica, da marca Filizola (SP – Brasil), com
precisão de 100 gramas; e estatura, que foi mensurada com um estadiômetro
instalado junto à balança, com precisão de 0,1 centímetro, de acordo com os
procedimentos descritos por Heyward e Stolarczyk (2000). A partir destes
dados foram calculados o índice de massa corporal (dividindo-se o valor do
peso corporal, expresso em quilogramas, pela estatura, representada em
metros, ao quadrado).
A adiposidade foi avaliada indiretamente pela técnica de espessura do
tecido celular subcutâneo. Para tanto, foram aferidas as dobras cutâneas
tríceps, suprailíaca e coxa, sendo conferidas três medidas em cada ponto, em
seqüência rotacional, do lado direito do corpo e, após, foi registrado o valor
mediano das pregas. Tais medidas foram realizadas por um único avaliador,
com um adipômetro da marca Cescorf (St. Louis, USA), de acordo com as
técnicas descritas por Guedes & Guedes (2003). O percentual de gordura foi
calculado pela fórmula de Siri (1961), a partir da estimativa da densidade
corporal determinada pela equação generalizada proposta por Pollock, Shimidt
e Jackson (1980) citados por Howley e Franks (2000).
A análise estatística utilizada foi o coeficiente de correlação de Pearson
descrito por Callegari-Jacques (2003) para verificar as diferenças entre os seis
grupos etários.
A participação da amostra foi voluntária e elas assinaram um termo de
consentimento para a realização da pesquisa, sendo que seus nomes foram
mantidos em sigilo por motivos éticos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos dados não evidenciou diferenças significativas (coeficiente
de correlação de Pearson, r= 0,03) nas variáveis antropométricas, entre os seis
grupos analisados, com o avanço da idade cronológica.
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Na Tabela 1 são apresentados os valores de média e desvio padrão das
variáveis idade, peso e altura dos grupos. Os valores médios de acordo com a
década de vida foram em torno de 25,3 anos, no grupo de 20-29 anos, de 36,7
anos, no grupo de 30-39 anos, 43,7 anos, no grupo de 40-49 anos, 54,8 anos,
no grupo de 50-59 anos, 63,1 anos, no grupo de 60-69 anos e 74,2 no grupo de
70-79 anos.
TABELA 1 – Evolução transversal da média e desvio padrão dos valores da idade, peso
corporal e estatura, de mulheres praticantes de atividade física de acordo com a idade
cronológica.
Variável
Idade (anos)
Peso (kg)
Estatura (m)
x
s
x
s
x
s
Grupo de Grupo de Grupo de Grupo de Grupo de Grupo de
20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60-69 anos 70-79 anos
25,33
36,75
43,78
54,83
63,12
74,25
2,1
1,9
2,9
3,1
6,2
3,5
69,67
70,18
64,24
69,21
64,57
64,78
16,0
13,0
12,2
11,9
12,8
12,1
1,58
1,55
1,56
1,52
1,54
1,49
0,0
0,0
0,1
0,0
0,1
0,0
Analisando os valores de peso corporal e estatura observa-se que não
há diferenças significativas em nenhum dos grupos de mulheres, de acordo
com o aumento da idade cronológica. Vale ressaltar que, em decorrência da
manutenção dos valores de peso e altura corporal, a média do índice de massa
corporal (IMC), não apresentou nenhuma alteração significativa, mas
evidenciou excesso de peso em todas as décadas de vida.
Em um estudo similar, com 117 mulheres, Matsudo et al (2002)
relataram que embora fosse esperado um aumento do peso corporal, a partir
dos 45 a 50 anos de idade e um declínio a partir da oitava década de vida, os
dados evidenciaram valores idênticos do peso corporal (66 Kg) nos grupos de
60-69 e 70-79 anos com valores levemente superiores (5 Kg) nas mulheres de
50-59 anos. Esses dados corroboram com os achados do presente estudo já
que a média de peso corporal dos grupos de 60-69 e 70-79 se igualou nos 64
Kg e do grupo de 50-59 anos apresentou peso corporal superior a 5 kg.
Segundo os autores supracitados esses valores podem ser explicados pelo
nível de atividade física deste grupo específico, que pode ter contribuído para
manter a quantidade de gordura corporal e preservar ou minimizar a perda da
massa muscular.
Observa-se na Tabela 2, que a média dos valores do índice de massa
corporal (IMC) da amostra do presente estudo variou de 26,3 a 29,8 nos seis
grupos etários. Esses valores foram considerados, de acordo com Sharkey
(1998), acima do normal e podem ser classificados segundo Costa (2001)
como sobrepeso.
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TABELA 2 – Evolução transversal da média dos valores de índice de massa corporal (IMC) e
percentual de gordura corporal, de mulheres praticantes de atividade física de acordo com a
idade cronológica.
Variável
IMC (Kg/m2)
x
s
x
s
% Gordura
Grupo de Grupo de Grupo de Grupo de Grupo de Grupo de
20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos 60-69 anos 70-79 anos
27,82
29,52
26,37
29,89
27,43
29,12
6,6
6,8
26,37
4,7
5,6
5,9
28,90
33,93
30,38
32,67
29,02
30,80
6,2
4,7
4,1
4,9
4,5
9,8
Bray (1987) citado por Guedes & Guedes (2003) acredita que os limites
desejáveis de IMC devem se elevar ligeiramente com o aumento da idade nas
mulheres, mas não ultrapassando 21-27 Kg/m2 para as que possuem 35 anos
acima.
Embora Spirduso (1995) tenha afirmado que as mulheres somente
atingem o pico do índice de massa corporal entre 60 e 70 anos de idade, no
presente estudo o maior valor de IMC encontrado foi de 29,9 Kg/m2 no grupo
de 50-59 anos, corroborando também com os achados de Matsudo et al
(2002), que evidenciaram este mesmo dado.
Analisando 6.000 indivíduos, Losonczy et al (1995) citado por Matsudo
et al (2000) evidenciaram um maior risco de mortalidade nas pessoas com o
maior índice de massa corporal aos 50 anos, sendo situação inversa observada
nos indivíduos mais idosos: maior risco de mortalidade naqueles com menor
IMC.
McArdle et al (1998) ressaltam que a importância de se obter este índice
reside em uma associação curvilínea com a relação da mortalidade em todas
as causas, ou seja, a medida que o IMC aumenta, o mesmo ocorre com o risco
de uma ampla variedade de doenças, tais como complicações cardiovasculares
(incluindo hipertensão), diabetes e doença renal.
O percentual de gordura corporal foi mensurado pela medida média de
três dobras cutâneas (Tabela 2 e Figura 1) que, apesar de ser uma medida
duplamente indireta, é uma forma internacionalmente aceita, em especial em
países como o Brasil, em que medidas diretas e indiretas para grandes
amostras tornam-se praticamente inviáveis.
FIGURA 1 – Evolução transversal do percentual de gordura corporal, de mulheres praticantes
de atividade física, de acordo com a idade cronológica.
35
33,93
34
33
32,67
% Gordura
32
30,80
31
30,38
30
29
29,02
28,90
28
27
26
20-29
30-39
40-49
50-59
60-69
70-79
idade
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Os resultados do estudo fornecem evidências de que a composição
corporal varia de acordo com a idade, mas não apóiam que esta variação
ocorra de forma linear. Os dados contidos na Figura 1 sugerem que o
percentual de gordura corporal se manteve instável, independente da faixa
etária, como acontecido com o peso corporal e o IMC.
Observa-se que há um aumento de 14,8 % do percentual de gordura
corporal na transição do grupo de 20-29 anos para o de 30-39 anos, que por
sua vez, diminui 10,4 % em relação ao grupo de 40-49 anos. Nesta última
década de vida o percentual de gordura aumenta 5,6 % em relação a faixa
etária de 50-59 anos, que, mais uma vez, declina 11,4% em relação ao grupo
de 60-69 anos e, por último ocorre um ligeiro aumento, de 5,9% para a década
de vida correspondente a 70-79 anos de idade.
No entanto, na análise estatística, não foram evidenciadas diferenças
significativas.
Tais evidências encontradas neste estudo não condizem com a
literatura, já que diversos autores, como Matsudo et al (2000) e McArdle et al
(1998) afirmam que, dentre as alterações antropométricas, o aumento da
gordura, nas primeiras décadas do envelhecimento e a perda da gordura nas
décadas mais tardias da vida parecem ser o padrão mais provável de
comportamento da adiposidade corporal com o decorrer do aumento da idade
cronológica. Esse comportamento pode estar sugerindo uma substituição da
gordura subcutânea pela gordura visceral e uma maior sobrevivência dos mais
magros, nas pessoas mais velhas.
Cabe ressaltar, que a análise dos resultados deve ser realizada com
cautela, uma vez que o desenho da pesquisa apresenta algumas limitações,
tais como: o instrumento utilizado para o estudo é de característica transversal;
não foi avaliado a qualidade dietética ou registro alimentar e o número de
amostra por grupo etário variaram de forma significativa, o que pode contribuir
para superestimação dos resultados.
CONCLUSÃO
Diante das limitações deste estudo, os resultados encontrados sugerem
que o perfil da composição corporal de mulheres, envolvidas regularmente em
um programa de atividade física, parece se manter instável, de acordo com a
década de vida. Não foram observadas diferenças significativas entre os
grupos comparados, tanto no peso corporal, como no IMC e percentual de
gordura.
Embora não tenham sido encontradas alterações lineares na
composição corporal das mulheres deste estudo com o aumento da idade
cronológica, não se pode eliminar a hipótese que essas variáveis estão
intimamente relacionadas.
Portanto, estimula-se a partir de então novos estudos, que sejam mais
criteriosos, para confirmar os achados na literatura.
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PERFIL DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE MULHERES