Boletim Técnico ano 2 | número 8 | agosto de 2014 Métodos de Composição Corporal Nos últimos anos, a prevalência de sobrepeso e obesidade tem aumentado de forma alarmante em todo o mundo. Esse aumento já é considerado um problema de saúde pública e uma grande preocupação entre os profissionais da área, uma vez que e as complicações trazidas pelo excesso de peso podem variar desde risco aumentado de morte prematura a graves doenças não letais, mas debilitantes, que afetam diretamente a qualidade de vida destes indivíduos, além de gerar elevados gastos com saúde. 1,2 A obesidade é considerada um fator de risco independente para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares e alguns tipos de cânceres. Está ainda fortemente associada a outros fatores de risco cardiovasculares (hipertensão, diabetes e dislipidemias), elevando a magnitude da morbidade e mortalidade por essas doenças. 1,3 O seu diagnóstico é, portanto, de fundamental importância para o direcionamento das ações de saúde e redução da morbimortalidade. Sabe- se que, a determinação do Índice de Massa Corporal (IMC) é um dos indicadores antropométricos mais utilizados na avaliação do estado nutricional de populações, com a finalidade de explorar a associação entre obesidade e essas várias doenças. Entretanto existem limitações com relação ao seu uso, já que ele não é capaz de fornecer informações precisas sobre a composição corporal e a distribuição da gordura corporal. 4 Como exemplo dessa limitação, Rezende et. al. cita o estudo em que mais de 30% dos indivíduos que apresentaram excesso de gordura corporal foram classificados como eutróficos pelo IMC, demonstrando sua baixa sensibilidade na identificação do excesso de gordura corporal. 4 Outro exemplo citado importante é o uso do IMC em populações com um padrão de atividade física mais intensa, em que pessoas com maior quantidade de massa muscular podem apresentar elevado IMC, sem que a gordura corporal seja excessiva. (4) Assim, para melhor precisão diagnóstica existe uma série de métodos para a avaliação de composição corporal, que varia segundo suas bases físicas, custo, acurácia, facilidade de utilização e de transporte do equipamento. 4,5 Dentre esses métodos e equipamentos, citaremos o DEXA (densitometria computadorizada por absorciometria radiológica de dupla energia) e a Impedância Bioelétrica ou Bioimpedância (BIA). DEXA (densitometria computadorizada absorciometria radiológica de dupla energia) por Segundo Rezende et al. e Monteiro et. al, esse é considerado um dos métodos mais sofisticados, precisos e confiáveis, seja qual for a idade, sexo, ou raça do avaliado. 4,5 Trata-se de um procedimento de imageamento de alta tecnologia que permite a quantificação da gordura e do músculo, assim como do conteúdo mineral ósseo e das estruturas ósseas mais profundas do corpo. Os raios X são emitidos por uma fonte localizada abaixo do indivíduo, o qual permanece em posição supina sobre a mesa. Após passar pelo indivíduo, os raios X atenuados são medidos por um detector. O DEXA faz análises transversas do corpo, em intervalos de 1cm da cabeça aos pés. Esta é uma técnica não invasiva considerada segura. 5,6 São determinados pela densitometria para composição corporal elementos como: massa gorda, magra, óssea (em Kg), massa corporal total, massa livre de gordura, percentual de gordura e de massa muscular, VAT (tecido adiposo visceral), taxa de metabolismo basal. Desses resultados destaca-se o VAT. Com o método densitométrico, é possível estimar com precisão a quantidade e volume do tecido adiposo visceral, dentro da região androide, sendo este o tipo específico de gordura relacionado a vários tipos de doenças metabólicas, tais como câncer, hipertensão arterial, síndrome metabólica, obesidade, diabetes tipo 2. Essa análise e acompanhamento se tornam de grande importância pelo fato de que o VAT tem sido considerado recentemente, o fator de risco mais importante na evolução das doenças cardiovasculares, como mostra estudos citados por Onat et al. 7.8 A validade e a precisão desse método são influenciadas por vários fatores como: tipo de instrumento, colocação do eletrodo, nível de hidratação e alimentação, prática de exercícios anteriores ao teste, ciclo menstrual, temperatura ambiente e equação de predição.5 Para não comprometer o resultado da análise da composição corporal por BIA, cuidados prévios devem ser levados em consideração.5 Impedância Bioelétrica (BIA) A análise da composição corporal por meio da BIA é baseada na condução de uma corrente elétrica indolor, de baixa intensidade, aplicada ao organismo por meio de cabos conectados a eletrodos ou superfícies condutoras, que são colocados em contato com a pele. A impedância, dada pelos valores de reatância e resistência, é baixa no tecido magro, onde se encontram, principalmente, os líquidos intracelulares e eletrólitos, e alta no tecido adiposo. 4 A facilidade técnica, a alta reprodutibilidade, o custo relativamente baixo e por ser considerado um método não invasivo tornam a BIA um método vantajoso e muito utilizado atualmente para composição corporal.4 Os aparelhos disponíveis para este tipo de avaliação fornecem os valores de massa de gordura, percentual de gordura, massa magra, água corporal, taxa de metabolismo basal, por meio de equações preditivas ajustadas para sexo, idade, peso, altura e nível de atividade física.4 Os métodos para análise de composição corporal estão disponíveis para melhorar a precisão do diagnóstico de obesidade. Os resultados gerados podem ser usados como parâmetros importantes na evolução do tratamento e acompanhamento dos pacientes obesos. · Referências: 1. Fernandes Rômulo A., Rosa Clara S. 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Graduada pela Universidade Federal de Viçosa e Pós Graduada em Nutrição Clínica Hermes Pardini Rua Aimorés, 66 · Funcionários · Belo Horizonte/MG · Cep:30140-920 · Tel.: (31) 3228-6200 Acesse www.hermespardini.com.br para baixar este e os demais Boletins Técnicos.