Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI
ISSN 1809-1636
TRILHAS INTERPRETATIVAS: A INSERÇÃO DA PRÁTICA EM EDUCAÇÃO
AMBIENTAL NO CÂMPUS DA URI DE FREDERICO WESTPHALEN, RS
Nature Trails:The Pratic of Inclusion in Environmental Education in URI-FW, RS
Gabriela Andrighe-COLOMBO1
Claudia Felin Cerutti KUHNEN2
Daniela SPONCHIADO3
Rodrigo Ceratto BORTOLUZZI3
Kelly Cristine da Silva Rodrigues-CORRÊA3
Marcelo Carvalho da ROCHA3
RESUMO
A Educação Ambiental (EA) foi criada, formalmente, na década de 70, com o intuito de responder
problemas relacionados a crises ambientais. Promulgada a Lei n° 9.795/99 - Lei da Política
Nacional Ambiental – traz no art. 10, § 1º que "A educação ambiental não deve ser implantada
como disciplina específica no currículo de ensino", ocorrendo, assim a necessidade de estabelecer
outras atividades para alcançar seus objetivos. Desenvolver a construção de valores, conhecimento,
atitudes e competências voltadas à conservação ambiental para alunos do Ensino Fundamental e
Médio do município de Frederico Westphalen-RS, através de trilhas ecológicas interpretativas como
prática de Educação Ambiental, contendo atividades teóricas, científicas e lúdicas, foi o objetivo
norteador desse projeto de extensão.
Palavras-Chave: Conservação da Biodiversidade. Educação Ambiental. Ludicidade.
ABSTRACT
The Environmental Education was created, exactly in 70s, in order to answer some problems related
to the environmental crisis. According to the Law number 9.795/99 – Environmental Nacional
Political Law – article 10, § 1st “The Environmental Education must not be an especific subject in
teaching curriculum”. Therefore, it is necessary to establish others alternative activities to reach this
goal. Developing the construction of values, knowledge, attitudes and competences focused on
Ambiental Conservation was the main goal of this work. In order to do that, nature trails were
performed with students from primary and high school in Frederico Westphalen City-RS by means
of theoretical, scientific and pratical activities.
Keywords: Biodiversity Conservation. Environmental education. Playfulness
1
Acadêmica de Ciências Biológicas – Bacharelado. Bolsista de Extensão do Projeto: Trilhas Interpretativas: uma
prática para a Educação Ambiental (2013-2014). Departamento de Ciências Biológicas. URI-Câmpus de Frederico
Westphalen. [email protected].
2
Orientadora do Projeto: Trilhas Interpretativas: uma prática para a Educação Ambiental. Departamento de Ciências
Biológicas. URI-Câmpus de Frederico Westphalen.
3
Docentes e discentes colaboradores do Projeto: Trilhas Interpretativas: uma prática para a Educação Ambiental.
Departamento de Ciências Biológicas. URI-Câmpus de Frederico Westphalen.
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1. INTRODUÇÃO
A Educação Ambiental (EA) surgiu na década de 70, em resposta às crises ambientais,
refletindo a preocupação em manter a biodiversidade e qualidade de vida do nosso Planeta;
buscando, assim, formar cidadãos conscientes das relações estabelecidas entre a sociedade e o
ambiente (Padua, Tabanez & Souza 2004; Carvalho 2004).
A EA transmite e cria experiências capazes de modificar atitudes e comportamentos, atuando
como um processo de educação e não uma disciplina isolada. Como a prática pedagógica deve estar
envolvida, em todos os níveis de ensino, e nos mais diferentes contextos educacionais, (Frantz &
Mayer 2014) não basta seguir documentos que interpretam a EA, é necessário sensibilizar o aluno,
para que o mesmo pense no problema ambiental e nas consequências, que vão além dele, como a
cultura, a economia e o social da população (Carvalho 2004).
O dinamismo da Educação Ambiental conduz atuais pensamentos, reconhecendo avanços e
recursos deste movimento, ora em círculo fechado, ora aberto, possibilitando enveredar por
caminhos desconhecidos, descobrindo assim, novas formas de pensar e agir, onde a diversidade
possibilita e garante a riqueza da descoberta da própria EA (Sato & Santos 2003).
Diversas atividades são consideradas como “educação ambiental”, e são, frequentemente,
simples: realização de limpeza de uma área abandonada e margens de rios, campanha de
recolhimento de materiais recicláveis, plantio de mudas, entre outras. Por outro lado, existem
atividades que se preocupam com a problematização, sensibilização, reflexão, compreensão e ação
sobre determinada questão socioambiental. A importância dessas atividades está na dimensão
educadora da ação (Tonso 2012).
A Educação Ambiental como pedagogia da complexidade4, exige o diálogo entre saberes,
cores e sabores; exige o revelar-se, o desvelar e o desvendar; exige o exercício da
outridade/alteridade/identidade. Aprende-se ainda, trabalhar com a realidade, sem preconceitos e
teorias prontas; exercitando um olhar pesquisador, indagador, curioso, aberto ao novo, sem
perguntas prontas, e, dialógico, sendo que este último é o que melhor expresse a pedagogia da
complexidade (Sorrentino 2012).
Para alcançar os objetivos propostos, precisa-se trabalhar de forma contextualizada (Brügger
1999). Trilhas interpretativas são atividades didáticas muito utilizadas em educação biológica e
ambiental, pois permitem o contato com a natureza e estimulam os sentidos. Consistem em roteiros
de caminhadas em áreas ao ar livre, com pontos estratégicos para observação de aspectos
importantes do ecossistema e são, frequentemente, utilizadas em planos de manejo de parques e
unidades de conservação (Carvalho 2004). Buscar compreensão e contato direto com ambientes
naturais pode ser uma das mais fortes tendências atuais, pois o intuito de sensibilizar e educar sobre
as questões ambientais são modificações vindas de atitudes e posturas benéficas ao equilíbrio
ambiental (Milano 2011).
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Práticas Educacionais e a construção da Consciência Ambiental
A Educação Ambiental surgiu a partir da necessidade de mudanças da postura humana para
4
Sorrentino (2012) cita Edgar Morin, em Os sete saberes necessários à educação do futuro, aponta alguns
caminhos, entre os quais está a simplicidade sem simplificar, que contrasta com a nossa tendência de
reduzir tudo a certo ou errado, maior ou menor, bom ou ruim, sempre bipolarizando, sem atentar para toda a
diversidade que existe em cada situação e realidade.
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com o ambiente, alardeada, principalmente, pelos movimentos ecológicos (Adams 2012),
constituindo o caminho fundamental capaz de conduzir qualquer pessoa ao imprescindível grau de
sensibilidade e de responsabilidades nas tomadas de consciência, aliada ao firme propósito, por
meio da efetiva participação, contribuição ou ação, no sentido de explorar ou utilizar racionalmente
o meio. (Amaral 2008).
O artigo 2º da Lei nº 9.795/99 – Lei da Política Nacional Ambiental - expressa a conceituação
no que diz que a educação ambiental deve ocorrer com a construção de “valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências” destinadas à proteção para as presentes e
futuras gerações, tem-se que o verbo construir encontra-se diretamente correlacionado com a
formação da consciência do cidadão, isolada e coletiva (Brasil 1999).
A EA se destina a despertar e formar consciência ecológica para o exercício da cidadania.
Não é panacéia para resolver todos os males, sem dúvida, porém, é um instrumento valioso na
geração de atitudes, hábitos e comportamentos que corroboram para garantir a qualidade do
ambiente como patrimônio coletivo (Amaral 2008).
2.2 Lei n° 9.795/99 – Política Nacional de Educação Ambiental
Em 1999, se instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental, através da Lei n° 9.795/99,
definindo a Educação Ambiental como processos onde a sociedade “constrói valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente” (Brasil 1999). No que consta o artigo segundo “A educação ambiental é um componente
essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos
os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal” (Brasil 1999),
sendo que este enfoque interdisciplinar é reforçado nas Diretrizes Curriculares Nacionais de
Educação Ambiental,
Art. 8º - A Educação Ambiental, respeitando a autonomia da dinâmica
escolar e acadêmica, deve ser desenvolvida como uma prática educativa
integrada e interdisciplinar, contínua e permanente em todas as fases, etapas,
níveis e modalidades, não devendo, como regra, ser implantada como
disciplina ou componente curricular específico (Brasil 2012).
No que tange a importância da EA em legitimar-se como prática interdisciplinar, a legislação
se mostra coerente. Contudo, segundo Medina (2001), a realidade por parte de muitos professores,
indica o desconhecimento da Lei n° 9.795/99, que estabelece o trabalho em todos os níveis e
modalidades de ensino, estando presente tanto no trabalho dos professores como no material
didático, de modo a formar sujeitos com conhecimento, valores e habilidades com vistas ao manejo
sustentável do ambiente, o que torna ainda mais importante verificar como vem sendo trabalhada a
temática ambiental nas escolas (Oliveira 2009).
Educar para a sustentabilidade ambiental, através do estímulo da mudança de hábitos
culturais, sociais e econômicos os quais, histórica e culturalmente têm promovido o consumismo e
priorizado o desenvolvimento econômico, é um dos objetivos da EA, o que não representa tarefa
fácil. Com base nas observações supracitadas, as dificuldades de implementação da EA no sistema
de ensino formal, se ampliam, pois a mesma é percebida como ensino da Ecologia, sendo tratada na
disciplina de Ciências, justamente por falta de conhecimento de referenciais teóricos, ampliando
assim a dificuldade em gerenciar a EA, reduzindo, então, os processos de sensibilização ou
percepção ecológica (Medina 2001).
O processo primordial da EA é propiciar às pessoas uma compreensão crítica do ambiente,
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que elucide valores e desenvolva atitudes pertinentes a uma postura consciente e participativa
acerca das questões relacionadas à conservação e a utilização dos recursos naturais, gerando a
melhoria da qualidade de vida (Medina 2001).
2.3 Educação Ambiental: a não-formalidade da educação
A EA não formal está cada vez mais acentuada, devido às dificuldades encontradas pela
educação formal (escola) de proporcionar à sociedade todas as informações e reflexões necessárias
para a compreensão das práticas da EA o que pode ser explicado pelo fato de a escola acumular
uma grande quantidade de funções sociais, criando barreiras para uma maior flexibilidade
curricular. Trabalhos recentemente publicados na literatura internacional têm demonstrado uma
crescente preocupação com o desenvolvimento dessa atividade, preferencialmente na abordagem de
crianças em idade pertinente às séries iniciais, a partir da percepção da necessidade do
estabelecimento precoce de uma conexão com a natureza (imprescindível para a instituição do
senso de responsabilidade ambiental) o qual deve ser explorado o quanto antes, a fim de compor o
caráter em formação do indivíduo (Kimble 2014; Thomas et al. 2014).
É importante que projetos de EA e Universidades estabeleçam parceria com a escola, já que
estes possuem maior capacidade de promover um trabalho contínuo e integrador da sociedade, não
para uma instituição suprir a deficiência de outra, mas sim, criar uma relação que amplie, pela
interação, as possibilidades educativas numa perspectiva geradora de união entre as duas partes
(Guimarães & Vasconcelos 2006).
A educação não formal deve aliar informação, ensino aprendizagem e entretenimento em prol
da promoção da ampliação da cultura e construção de valores. Para isso ela deve também trabalhar
para desmistificar a ciência e motivar o pensamento problematizador crítico e investigador na
compreensão-ação dos problemas socioambientais (Guimarães & Vasconcelos 2006).
2.4 Trilhas Interpretativas como prática da Conservação da Biodiversidade
Trilhas Interpretativas são atividades didáticas; roteiros de caminhadas em áreas abertas com
pontos estratégicos e relevantes observações sobre o ecossistema; utilizadas em EA que permitem o
contato com a natureza e estimulam a ludicidade e os sentidos a partir da sensibilização com o
natural (Carvalho 2004). A busca pela compreensão e contato mais direto com ambientes naturais,
pode ser considerada como uma das mais fortes tendências atuais, com o intuito de educar e
sensibilizar sobre as questões ambientais, procurando modificar atitudes e posturas benéficas ao
equilíbrio ambiental (Milano 2001).
Transformar a teoria da sala de aula em prática, usando recursos ecológicos, como as trilhas,
são métodos importantes, pois não somente transmitem o conhecimento, mas também propiciam
atividades que analisam e caracterizam o ambiente observado; também são meios eficazes na
interação homem e natureza, podendo contribuir na formação da consciência ambiental (Mello
2006; Zanin 2006; Siqueira 2004).
As trilhas, atualmente, são meios utilizados na interpretação ambiental e em programas
educativos ao público, que permitem o desenvolvimento de atividades de educação ambiental tanto
em âmbito formal e informal, pois as trilhas não existem somente para a comunicação dos fatos,
conceitos e datas, mas também para compartilhar experiências que levem aos participantes
entender, sensibilizar e cooperar com a conservação de recursos naturais (Vasconcellos 1997;
Menghini 2005).
Atividades de educação e lazer em ambientes com relevante potencial paisagístico e grande
biodiversidade, tornam-se importantes ferramentas para a conservação e preservação ambiental
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(Jesus & Ribeiro 2006).
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Desenvolver a construção de valores sociais, conhecimentos, atitudes e competências
voltadas à conservação ambiental para alunos do Ensino Fundamental e Médio através de trilhas
ecológicas interativas como prática de Educação Ambiental.
3.2 Objetivos Específicos
• Inserir conhecimento científico relacionado à fauna e flora, ocorrentes no Norte do estado do Rio
Grande do Sul, através de oficinas teóricas nas escolas de Ensino Fundamental e Médio no
Município de Frederico Westphalen-RS;
• Vivenciar a teoria através da prática de trilhas ecológicas interativas, num remanescente de Mata
Atlântica, localizado no município de Frederico Westphalen-RS;
• Trabalhar o conhecimento científico na prática, construindo responsabilidades a fim de promover
um cidadão ativo em seu papel social e ecológico.
4. MATERIAL E MÉTODOS
Trilhas interpretativas auxiliam na elaboração de estratégias de inserção da Educação
Ambiental no ambiente não formal, contribuindo para a formação de cidadãos mais críticos e
comprometidos com a temática ambiental.
Na URI, Câmpus do município de Frederico Westphalen-RS, localiza-se um fragmento de
mata (FIGURA 1) que está inserido nos domínios do Bioma Mata Atlântica, em um dos 34
hotspots5 de biodiversidade mundial (Lagos & Muller 2007), é caracterizado pela elevada riqueza e
endemismo de espécies (Moraes, Sawaia & Barella 2007; Kwet, Lingnau & Di-Bernardo 2010),
também, de acordo com Galindo-Leal e Câmara (2005) é um dos tipos florestais mais ameaçados,
colocando em risco inúmeras espécies ali existentes.
5
O termo hotspots na área da Ecologia significa regiões com grande diversidade biológica endêmica, a qual se encontra
em alto grau de destruição. O conceito foi criado em 1988 pelo ecólogo inglês Norman Myers para designar biomas
mundiais, onde as ações de conservação seriam mais urgentes, áreas ricas em biodiversidade e ameaçadas.
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FIGURA 1 – LOCALIZAÇÃO
INTERPRETATIVA
DO
FRAGMENTO
DE
INSERÇÃO
DA
TRILHA
FONTE: Adaptado de Bonfantti e colaboradores, 2009
Partindo do pressuposto de conservação da biodiversidade, a trilha interpretativa foi
construída na área supracitada, levando em consideração os aspectos ecológicos pertinentes,
baseados no método de Índice de Atratividades em Pontos Interpretativos, (IAPI) desenvolvido por
Magro e Freixêdas (1998). Os pontos potenciais para a interpretação foram demarcados, para que,
no decorrer da trilha os alunos pudessem verificar as características relevantes.
Baseando-se nas características da fauna e da flora, estruturou-se uma palestra caracterizando
os grupos taxionômicos presentes no local, bem como, enfatizando a Educação Ambiental como
ponto chave, abordando assuntos sobre legislação ambiental e a importância da conservação da
biodiversidade.
Além da palestra, foram confeccionados banners explicativos (FIGURA 2), com o intuito de
relatar e chamar a atenção de algumas espécies, com características relevantes do local, além de
explicações de reconhecimento animal através da técnica de molde e contra-molde Esses banners
foram expostos nas estações escolhidas através do Índice de Atratividades em Pontos Interpretativos
(Magro & Freixêdas 1998).
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FIGURA 2– BANNERS EXPLICATIVOS
Fotos: Autora do Trabalho.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As atividades realizadas pelo projeto objetivaram desenvolver a educação ambiental e levar
conhecimento teórico-prático científico do local da realização da trilha, para alunos das escolas de
Ensino Fundamental e Médio, durante o período de Agosto de 2013 a Junho de 2014. Neste
período, foram contempladas três escolas: 1) Escola Estadual Conselheiro Edgar Marques de
Mattos; 2) Escola Estadual Técnica José Cañellas e 3) Escola Estadual de Ensino Médio Cardeal
Roncalli.
Aproximadamente 180 alunos realizaram as atividades oferecidas no projeto, dentre elas:
oficinas de Educação Ambiental (FIGURA 3), Conhecimento de Fauna e Flora Local, Técnicas de
reconhecimento animal e trilha interpretativa (FIGURA 4).
Com o intuito de aprendizado teórico, primeiramente foi apresentada a palestra explicativa
aos alunos, objetivando conhecer as características básicas das comunidades taxonômicas da fauna
e da flora local. A vivência da trilha aconteceu após esse conhecimento teórico-científico. Ao
percorrer o roteiro, os alunos receberam explicações científicas do local em conjunto com a
visualização dos banners, sendo a forma lúdica representada na interpretação da trilha. Nessa etapa
da vivência, os alunos foram questionados a relatar as experiências, vividas, relacionadas à
conservação ambiental, ocorrendo assim a interface do conhecimento com a prática.
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FIGURA 3– OFICINAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Fotos: Autora do Trabalho.
FIGURA 4– DESENVOLVIMENTO DA TRILHA INTERPRETATIVA
Fotos: Autora do Trabalho.
Tristão (2005) analisa a EA em três dimensões: A) Ética, embasada na solidariedade; 2)
Política, no que concerne à participação e C) Estética, relacionada ao olhar e ao reencantamento do
mundo. Nesse trabalho pode-se utilizar-se a ética, interligando os valores, nas relações entre o ser
humano e o ambiente; e a estética, buscando um olhar sensível dos alunos para o reencantamento do
mundo, atribuindo-lhe assim, um sentido. Duarte Jr. (2010) resgata o conceito grego de estesia,
sendo a capacidade humana de sentir o mundo a partir dos sentidos, formando um alicerce a todos
os demais conhecimentos, onde nesse trabalho, a interface teoria-prática foi a aplicabilidade desse
conceito.
Quando se estabelece relação afetiva com o lugar em que se vive, ou a atividades que se
vivenciam, aplica-se o conceito de topofilia, que segundo Bachelard (1990) orienta as percepções,
atitudes e valores criados em relação a um determinado ambiente. Ainda, contemplar a paisagem,
questionar os porquês da conservação ou da degradação do ambiente, buscar causas e raízes dos
problemas ambientais, reunindo os alunos em fragmentos de mata conservados, são atividades que
promovem um encontro com o lugar, estabelecendo essa relação afetiva e gerando resultados
embasados em valores éticos, sociais e culturais.
O tema ambiental sem neutralidade é praticamente político, implicando em construir as
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qualidades e capacidades necessárias às ações transformadoras diante do ambiente em que se vive,
através da participação radical dos sujeitos envolvidos (Loureiro et al. 2007). Reigota (1995)
destaca o caráter político da educação ambiental fundamentado numa filosofia política, da ciência
educativa antitotalitária, pacifista e utópica, exigindo e chegando aos seus princípios de justiça
social, através da aliança da natureza com práticas pedagógicas, estabelecidas, nesse projeto.
As diferentes abordagens da educação ambiental podem ser caracterizadas em alguns grupos:
1) EA como promotora das mudanças de comportamento ambientalmente inadequados; 2) EA para
sensibilização ambiental; 3) EA centrada nas ações diminutivas dos efeitos predatórios dos sujeitos
versus natureza; 4) EA com objetivo de transmitir conhecimento técnico-científico dos processos
ambientais resultando em relações mais adequadas com o ambiente; e 5) EA como processo político
de apropriação crítica e reflexiva de conhecimentos, atitudes, valores e comportamentos,
objetivando a construção de uma sociedade sustentável do ponto de vista ambiental e emancipatória
(Loureiro et al. 2007). Neste projeto buscaram-se essas abordagens, através das interfaces:
conhecimento básico dos participantes e o conhecimento técnico-científico dos aplicadores do
projeto.
Compreender, assimilar e aplicar atividades com temas embasados em ética, sustentabilidade
e educação ambiental, são formas de promover a união entre desenvolvimento tecnológico e
equilíbrio ambiental, gerando uma ideia real sobre a importância da conservação da biodiversidade
(Silva, Carvalho, Silva & Sattler 2007), sempre levando em consideração a Política Nacional da
Educação Ambiental (Lei n.9.795/99), descrita em seu primeiro artigo “Entende-se por Educação
Ambiental os processos por meio dos quais o individuo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos e habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente (...)”, e sugerida por pesquisadores de pedagogia, como o processo de ensinar-e-aprender
coletivamente os saberes que constroem a relação ambiente e sustentabilidade.
6. CONCLUSÃO
Trilhas Interpretativas são recursos ecológicos importantes para trabalhar a interface teoriaprática, pois transmitem o conhecimento e propiciam atividades de análise e caracterização
ambiental, eficazes, que contribuem para a formação da consciência ambiental.
Embora o contexto atual seja de universalização da EA, nas escolas brasileiras (Brasil, 2007),
as pesquisas que relatam o seu estado da arte apontam a dimensão ambiental ainda de maneira
fragmentada, superficial, isolada e descontínua, portanto, fomentar atividades pontuais colaboram
com a homogenização das atividades propostas pela EA.
O projeto Trilhas contribuiu para tecer a prática ambiental consciente através da construção de
valores, atitudes e competências voltadas para a Educação Ambiental. Ainda, consolidou a ideia de
que atividades práticas em áreas abertas e que permitem o contato com a natureza, estimulam a
ludicidade e os sentidos, através da sensibilização com o natural. A compreensão e contato mais
direto com ambientes naturais podem ser considerados uma das mais fortes tendências atuais, com o
intuito de modificar atitudes e posturas benéficas ao equilíbrio ambiental.
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