Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 TRILHAS INTERPRETATIVAS COMO INSTRUMENTO DE INTERPRETAÇÃO, SENSIBILIZAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA APAE DE ERECHIM/RS Interpretative Tracks As A Tool For Interpreting, Awareness And Environmental Education In The Apae Erechim/RS Mariane Cyrino dos SANTOS1 Mônica Dutra FLORES 2 Elisabete Maria ZANIN3 RESUMO Trilhas interpretativas guiadas ou auto-guiadas são recomendadas e utilizadas em interpretação ambiental por oferecerem oportunidades de um contato direto com o ambiente natural, direcionado ao aprendizado e à sensibilização. Atualmente estão muito presentes em programas educativos para uso público, nas mais diversas categorias de unidades de conservação, permitindo o desenvolvimento de atividades de educação ambiental em âmbito formal e informal, deste modo vem possibilitando ótimas oportunidades de inclusão de alunos com necessidades educativas especiais (NEEs). O objetivo deste projeto de extensão foi elaborar Roteiros Educativos para Múltiplas Trilhas na Escola de Educação Especial Branca de Neve - APAE, proporcionando a inclusão educacional, cultural e social de alunos com NEEs. Foram criados roteiros interpretativos que estimularam a observação, a reflexão e a ação sobre as temáticas. Os planos de atividades lúdico-pedagógicas desenvolvidos abrangeram temas relacionados ao meio ambiente e sua conservação. Durante o período de desenvolvimento do trabalho, percebeu-se que os educandos NEEs criaram uma impressão positiva a respeito da natureza, sensibilizando-se sobre a importância do meio ambiente e mobilizando-se em práticas diárias que envolvem a conservação da biodiversidade local. O projeto atendeu aproximadamente 250 alunos com NEEs e, segundo as avaliações realizadas, as atividades desenvolvidas pelo projeto, por estarem aliando ensinoaprendizagem inclusiva e lúdica, parecem ser as responsáveis por pequenas, porém importantes conquistas, pois as crianças estão mais integradas nas escolas comuns que freqüentam no período contrário ao da escola especial e, nesta, mais atentas e sociáveis, contribuindo para o seu próprio desenvolvimento e dos outros de forma natural. Palavras-chave: Inclusão educacional, Educandos NEEs. Aprendizagem. Roteiros interpretativos. ABSTRACT Trails or self-guided tours are recommended and used in environmental interpretation for providing opportunities for direct contact with the natural environment, geared to learning and awareness. There are currently very present in educational programs for public use, in various categories of protected areas, allowing the development of environmental education in the formal and informal, 1 Bióloga Licencia Licenciada. URI – Campus de Erechim. [email protected] Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas URI – Campus de Erechim. [email protected] 3 Professora Doutora do curso de Ciências Biológicas URI – Campus de Erechim. [email protected] 2 Vivências. Vol.7, N.13: p.189-197, Outubro/2011 189 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 in this way has enabled great opportunities for inclusion of students with special educational needs (NEEs). The purpose of this extension project was to develop national Educational Multiple Tracks in Special Education School Snow White - APAE, including providing educational, cultural and social development of students with NEEs. Interpretive scripts were created that encouraged the observation, reflection and action on issues. The plans developed playful activities covering topics related to environment and conservation. During the development work, it was noticed that students Nees created a positive impression about the nature, making them aware about the importance of the environment and mobilizing in daily practices that involve the conservation of local biodiversity. The project helped approximately 250 students and Nees, according to the evaluations, the activities of the project, combining teaching and learning are inclusive and playful, they seem to be responsible for small but important victory, because children are more integrated into schools common in the period contrary to attend the special school, and this, more alert and sociable, contributing to their own development and other naturally. Key words: Educational inclusion, Educandos Nees. Learning. Interpretive scripts. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, vêm se intensificando as preocupações inerentes à temática ambiental e, concomitantemente, as iniciativas dos variados setores da sociedade para o desenvolvimento de atividades, projetos e congêneres no intuito de educar as comunidades, procurando sensibilizá-las para as questões ambientais, e mobilizá-las para a modificação de atitudes nocivas e a apropriação de posturas benéficas ao equilíbrio ambiental. A busca pela compreensão e contato mais direto com os ambientes naturais pode ser considerada como uma das mais fortes tendências da atualidade, uma vez que está cada vez mais evidente à sociedade o grave estágio de degradação de recursos e paisagens. As áreas destinadas à proteção dos diversos ecossistemas necessitam de uso e administração planejados, de modo que sua conservação seja garantida e contemple as finalidades ambientais, científicas, culturais, recreativas e econômicas (MILANO, 2001). Assim, as atividades de educação e lazer em ambientes com relevante potencial paisagístico e grande biodiversidade, podem se tornar importantes ferramentas para conservação e preservação desses espaços (JESUS & RIBEIRO, 2006). Segundo Mello (2006), um método importante na Educação Ambiental é transformar a teoria da sala de aula em prática, usando os recursos ecológicos, na qual se destacam as trilhas interpretativas. Estas são utilizadas com freqüência em projetos como meio de interpretação ambiental visando não somente a transmissão de conhecimentos, mas também propiciando atividades que analisam os significados dos eventos observados no ambiente bem como as características do mesmo (ZANIN, 2006). Além de propiciar o contato com a natureza, o descanso, a fruição são também meios eficazes na interação homem/natureza e podem contribuir na formação da consciência ambiental (SIQUEIRA, 2004). A educação ambiental possibilita a formação de valores e atitudes sensíveis à diversidade, à complexidade e à solidariedade diante dos outros seres humanos e da natureza (CARVALHO, 1998). Portanto, é necessário não só oferecer informações, como também propor experiências que reconstruam a conexão entre o ser humano e a natureza (TOMAZELLO & FERREIRA, 2001). As trilhas tem sido um dos meios mais utilizados para a Interpretação Ambiental, tanto em ambientes naturais, como em ambientes construídos (VASCONCELLOS, 1997), sendo que atualmente estão muito presentes, em programas educativos para uso público, permitindo o desenvolvimento de atividades de educação ambiental tanto em âmbito formal quanto informal. As Vivências. Vol.7, N.13: p.189-197, Outubro/2011 190 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 trilhas interpretativas não existem somente para a comunicação de fatos, datas e conceitos, mas também para compartilhar experiências que levem os visitantes, sejam alunos, professores ou turistas a apreciar, a entender, a sensibilizar, a cooperar na conservação de um recurso natural e também a educar (MENGHINI, 2005). A utilização de trilhas para atividades educativas e turísticas poderia se constituir num importante instrumento para inserção social e Educação Ambiental de populações que se encontram à margem da sociedade. O alcance dessa oportunidade será tanto maior quanto maior for a sua participação no processo, visto que muitas vezes são essas populações que dispõem dos recursos naturais que possibilitariam tal inserção, mas comumente não recebem orientação ou não sabem como utilizá-los de forma sustentável (GARAY & DIAS, 2001). Com diferentes enfoques, a interpretação ambiental continua sendo uma tradução da linguagem da natureza para a linguagem comum das pessoas, fazendo com que percebam um mundo que nunca tinham visto antes, ajudando as pessoas a enxergarem além de suas capacidades habituais. A forma como esta tradução é feita, a abordagem interpretativa é que diferencia a interpretação da simples comunicação de informações (VASCONCELLOS, 1997). As trilhas, como meio de interpretação ambiental, visam não somente a transmissão de conhecimento, mas também propiciar atividades que revelam os significados e as características do ambiente por meio de usos dos elementos originais, por experiência direta e por meios ilustrativos, sendo assim, encaixa-se como um instrumento básico de educação ambiental. Nesta perspectiva, surgiu o Projeto Trilhas Interpretativas para Educandos Portadores de Necessidades Educativas Especiais que foi realizado na Escola de Educação Especial Branca de Neve - APAE (Erechim/RS) no período de 2009 a 2011. A referida escola possui um remanescente florestal de 15 ha, onde, no ano de 2003 foi implantada uma Trilha Interpretativa denominada Trilha da Joaninha a qual possui 300 metros de extensão. O objetivo do projeto foi elaborar Roteiros Educativos para Múltiplas Trilhas na APAE de Erechim, a fim de proporcionar a inclusão educacional, cultural e social de alunos portadores de necessidades educativas especiais (NEEs). Promover um maior contato desses alunos com o ambiente natural integrando todas as turmas, respeitando os diferentes níveis de ensino existentes na escola de intervenção por meio de ações que articulem os espaços da escola como um todo, exercendo desta forma um papel de mediação junto aos alunos com diferentes deficiências e necessidades educativas especiais, professores e comunidade escolar. Para isto foram estabelecidos como objetivos específicos: elaborar roteiros interpretativos para serem utilizados na Trilha presente na escola; planejar e aplicar atividades lúdico-pedagógicas que desenvolvam as múltiplas inteligências dos indivíduos NEEs e permitam sua inclusão na sociedade. DESENVOLVIMENTO A interpretação ambiental deve ser entendida como sendo o "ato de decodificar" os conhecimentos disponíveis sobre um determinado objeto ou tema, no sentido de orientar, avisar e sensibilizar os visitantes. O trabalho de interpretação ambiental proposto vem sendo realizado na Escola de Educação Especial Branca de Neve, localizada no município de Erechim, RS. Para o desenvolvimento do trabalho foram criados roteiros interpretativos coerentes e eficientes, baseados nos diferentes aspectos existentes ao longo das trilhas e nas principais informações e conceitos que se desejou transmitir. Para tanto, foram definidos os temas a serem interpretados que estimulem a observação, a reflexão e a ação. Por meio dos roteiros interpretativos foram elaborados e aplicados planos de atividades lúdico-pedagógicas, relacionados com os três grandes temas de interesse dos alunos e da escola, Vivências. Vol.7, N.13: p.189-197, Outubro/2011 191 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 sendo eles: Água e Vida (- As fontes de água potável; - Preservação da água; - Uso econômico da água); Meio Ambiente (- Relações Ecológicas; - Cadeias e teias alimentares; - Conservação de fauna e flora;) e Plantas Medicinais (- Plantio de mudas; - Colheita das plantas medicinais; - Estudo sobre a importância das plantas medicinais). Estas atividades pedagógicas auxiliam na aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades sensoriais e motoras por meio de uma forma lúdico-pedagógica e em contato com a natureza, além de promover a sensibilização por meio de uma integração entre ambiente e alunos. O projeto “Trilhas Interpretativas para Educandos Portadores de Necessidades Educativas Especiais Múltiplas Trilhas e Avaliação da Eficiência” leva à escola e aos alunos portadores de necessidade especiais (NEEs) os princípios, os valores e as atitudes que estão na base da educação ambiental, articulando as relações entre homem e natureza ou natureza e cultura, contribuindo desta forma, para a mudança da mentalidade e do comportamento concreto das pessoas nos diferentes espaços sócio-ambiental. Busca também a constituição de uma base suficientemente sólida relacionando pesquisa, extensão e ensino para o eficiente desenvolvimento da dimensão educativa inclusiva, pretendendo articular a experiência adquirida em pesquisas e estudos com um planejamento sócio-político que seja verdadeiramente condizente com as necessidades locais dos indivíduos NEEs. Desde 2003, quando implantada essa trilha interpretativa nas ações de educação ambiental na Escola de Educação Especial Branca de Neve (APAE) de Erechim/RS, já foram contemplados 250 educandos NEEs, professores, pais e comunidade do entorno escolar. O projeto utiliza a Trilha da Joaninha e outras trilhas temporárias para realizar atividades de Interpretação e Educação Ambiental, pois estas emergem como instrumento significativo na tomada de consciência ambiental, promovendo reflexões sobre as relações entre o ser humano e o meio ambiente. Os recursos presentes na trilha bem como o anfiteatro natural instalado na parte que antecede o caminho da trilha, também são utilizados para a execução de atividades lúdicopedagógicas, objetivando o desenvolvimento das múltiplas inteligências (musical, lógicomatemático, espacial, interpessoal, intrapessoal, lingüística e cinestésica) propostas por Gardner (1995). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram elaborados planos de atividades lúdico-pedagógicas, educativas e recreativas, abrangendo temas relacionados ao meio ambiente e sua conservação, tendo como base o Projeto Pedagógico da Escola Branca de Neve em um trabalho conjunto com professores e acadêmicos voluntários. As atividades receberam os seguintes temas: I – “Salvem Plantas que salvam vidas” (Projeto plantas medicinais) - Trilha das plantas medicinais (Figura 01); II – “Epífitas: as hospedeiras das árvores” - Trilha da Joaninha (Figura 02); III – “Retrospectiva das atividades realizadas em 2009” - Trilha do conhecimento; IV – “Natal tempo de reflexão” - Trilha dos Reis Magos; V – Formigas e Importância Ecológica - Trilha das Formigas; VI – Dia Mundial da Água - Trilha da água; VII - Projeto Meio Ambiente 2010 - Trilha do Meio Ambiente (Figura 03); VII – “Trilha dos sentidos: autoconhecimento” com a Trilha da Joaninha: Um mundo de Sensações (Figura 04 e 05); IX –“A importância de uma boa alimentação” com a Trilha - Alimentação Saudável; X – “As Flores e Frutos” com a Trilha - Conhecendo e preservando as plantinhas; XI - “Importância das plantas medicinais” com a Trilha - As plantinhas na nossa Vida (Figura 06); XII – “Conservação dos animais” com a Trilha – Animais e suas funções no ambiente; XIII – “Preservação e conservação ambiental” com a Trilha – Nosso meio ambiente e a nossa vida. Vivências. Vol.7, N.13: p.189-197, Outubro/2011 192 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 Figura 01: Palestra sobre plantas medicinais. Trilha das Plantas Medicinais. Figura 02: Trilha da Joaninha: “Epífitas: as hospedeiras das árvores”. Figura 03: Trilha do Meio Ambiente: desenvolvimento de roteiro. Área da Escola Branca de Neve de Erechim onde são realizadas as trilhas. Vivências. Vol.7, N.13: p.189-197, Outubro/2011 193 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 Figura 04: Pórtico de entrada da Trilha da Joaninha “Um Mundo de Sensações”. Figura 05: Alunos recebendo normas de conduta para uma boa trilha interpretativa. Trilha da Joaninha “Um Mundo de Sensações”. Escola Branca de Neve de Erechim, RS. Figura 06: Palestra sobre as Flores. Escola Branca de Neve de Erechim, RS. Vivências. Vol.7, N.13: p.189-197, Outubro/2011 194 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 Com os trabalhos desenvolvidos por meio das trilhas ecológicas interpretativas percebeu-se uma maior interação dos alunos com a natureza, por meio da percepção de detalhes não vistos e abordados em ações normais de visitas à floresta, motivando o participante a usar sua criatividade e provocar atitudes capazes de, na prática, desenvolver uma consciência mais voltada à conservação do ambiente. Nas atividades realizadas ao ar livre os alunos NEEs interagem com o meio ambiente de forma positiva, pois neste local são eliminadas as barreiras físicas ou de comunicação. Além disto, trata-se de um processo de socialização que leva ao reencontro com a natureza e à identificação do sentido de pertinência em relação ao próprio grupo de trabalho de forma cooperativa, integradora e inclusiva. As atividades foram realizadas em pequenos grupos distribuídos conforme a idade mental do público alvo. Todos os alunos participaram do projeto e as atividades organizadas seguiram as orientações psicopedagógicas sugeridas pelo grupo de especialistas da escola. Os professores têm notado uma mudança significativa de atitude nos alunos que freqüentam a trilha interpretativa, despertando a conscientização em relação à preservação dos recursos naturais, coleta seletiva do lixo e conservação de áreas naturais. Foi possível observar que os educandos NEEs assimilaram conceitos trabalhados desde o início do projeto, tendo havido, desta forma, uma melhora significativa nas atitudes relacionadas ao meio ambiente. O respeito aos seres vivos e elementos naturais, a correta caracterização das relações ecológicas básicas foram aspectos percebidos como bem elaborados pelos NEEs. Os alunos sensibilizaram-se em relação ao meio ambiente e sua importância, conseguindo expor de diferentes maneiras o conceito, algumas relações e os componentes do mesmo. As atividades de educação ambiental realizadas por meio das trilhas interpretativas proporcionaram uma maior aproximação dos alunos NEEs com o meio natural e com os próprios colegas, contribuindo assim com os aspectos afetivos e emocionais dos mesmos. Para garantir a acessibilidade de todos os alunos da escola nas atividades da trilha, procurouse respeitar as diferentes necessidades educativas, eliminando todos os tipos de barreiras físicas e de comunicação. Por se tratar de uma trilha interpretativa para um público portador de NEEs, procurou-se ter cuidado especial com o tipo de informação disponível no folder interpretativo, buscando aliar informação com criatividade e ludicidade, garantindo desta forma aprendizado e desenvolvimento de habilidades. CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação ambiental deve ser um processo permanente no qual, os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornem aptos a agir e resolver problemas ambientais, presentes e futuros. Deve-se primar pela formação de pessoas conscientes de seu papel e de sua relação com o meio ambiente, de modo a primarem pela sustentabilidade, através do uso racional dos recursos naturais, para que tanto esta quanto às futuras gerações possam, também, deles usufruir. A interpretação ambiental é uma oportunidade de desenvolvimento humano que estimula a capacidade investigadora, levando o homem a repensar seu modo de ver e sentir o planeta como um todo, a partir da leitura e da percepção da realidade ambiental. Dessa forma, a natureza se firma como ferramenta facilitadora do aprendizado; concebe-se a educação biológica como estratégia para a proteção dos recursos naturais. Ademais, as trilhas interpretativas compactuam com os objetivos de conservação do mundo Vivências. Vol.7, N.13: p.189-197, Outubro/2011 195 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 natural, já que a natureza preservada é o seu principal atrativo. Compreender a sabedoria da natureza é a essência da interpretação ambiental; ensinar este saber e relacioná-lo à necessidade de se construir uma consciência ambiental coletiva concerne à Educação ambiental, na construção de um paradigma que oriente as ações das sociedades sobre o meio ambiente. Assim, poderemos entregar às próximas gerações um planeta tão rico e biodiverso quanto aquele que herdamos. Basta que cada um assuma a co-responsabilidade pelo mundo ao seu redor. REFLEXÕES SOBRE O PROJETO O foco maior do projeto foi a elaboração de roteiros de Interpretação e Sensibilização Ambiental para que as dificuldades de relacionamento entre o ser humano e o ambiente possam razoavelmente ser superadas, pois o tratamento integrado das diversas áreas do conhecimento humano, aliado a um compromisso com as relações interpessoais, faz com que haja um aprofundamento na capacidade dos educandos de intervir na realidade e transformá-la. Nesses roteiros realizados em ambientes que possibilitam o contato com a riqueza sócio-ambiental há condições para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e a atuar na realidade de modo comprometido com a vida, com o bem estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso, é necessário que, mais do que informações e conceitos, a Interpretação e a Sensibilização Ambiental se proponham a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e procedimentos. REFERÊNCIAS CARVALHO,I.C.M. 1998. Em direção ao mundo da vida: interdisciplinaridade e educação ambiental. IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, Brasília, Brasil: 102 p. GARAY, I.; DIAS B.F.S. (orgs.) Conservação da Biodiversidade em Ecossistemas Tropicais: avanços conceituais e revisão de nova metodologias de avaliação e monitoramento. Petrópolis: Vozes, 2001. GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática 1. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. JESUS, J.S.; RIBEIRO, E.M.S. Diagnóstico e proposta de implementação de trilha no Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti, Cabo de Santo Agostinho, PE. In: Anais do Iº Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas. Rio de Janeiro: Infotrilhas, 2006. MELLO, N. A; Práticas de Educação Ambiental em Trilhas Ecológicas. Publicação de divulgação do Curso de Ciências Biológicas. UNISC, 2006. Santa Cruz do Sul. MENGHINI, F.B. As trilhas interpretativas como recurso pedagógico: caminhos traçados para a educação ambiental. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Mestrado Acadêmico em Educação da Universidade do Vale do Itajaí. Itajaí-SC 2005, 103p. MILANO, M. S. Conceitos e princípios gerais de ecologia e conservação. In: FUNDAÇÃO O BOTICÁRIO DE PROTEÇÃO À NATUREZA (Ed.). Curso de administração e manejo em Unidades de Conservação. Curitiba: FBPN, 2001. p. 1-55. SIQUEIRA, L. F. Trilhas interpretativas: Uma vertente responsável do (eco) turismo. Caderno Virtual de turismo, nº 14, 2004. Disponível em: http://www.ivtrj.net/caderno/anteriores/14/siqueira/siqueira.pdf. Acesso em 12/06/2010. TOMAZELLO, M. G. C.; FERREIRA, T. R. C. Educação Ambiental: que critérios adotar para avaliar a adequação pedagógica de seus projetos. Ciência & Educação. Piracicaba, v.7, n.2, 2001. Vivências. Vol.7, N.13: p.189-197, Outubro/2011 196 Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI ISSN 1809-1636 VASCONCELLOS, J. M. O. Trilhas interpretativas: aliando educação e recreação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 1., 1997, Curitiba. Anais... Curitiba: IAP, UNILIVRE, REDE PRÓ-UC, 1997, v.1, p.465-477. ZANIN, E. M. Projeto trilhas interpretativas - a extensão, o ensino e a pesquisa integrados à conservação ambiental e à educação. Vivências. 1(1):26-35,2006. Vivências. Vol.7, N.13: p.189-197, Outubro/2011 197