VI CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABRALIN MARÇO DE 2009 Uma Análise Micromodular da Interface Sintaxe-Semântica à Luz da Morfologia Distribuída Thiago Oliveira Motta Laboratório de Acesso Sintático www.acesin.letras.ufrj.br [email protected] Aniela Improta França [email protected] Departamento de Lingüística UFRJ Uma Análise Micromodular da Interface SintaxeSemântica à Luz da Morfologia Distribuída 1. Hipóteses sobre a Relação Sintaxe-Semântica 2. Predicados Causativos 3. Estrutura Argumental na Morfologia Distribuída Universal Alignment Hypothesis UAH “ Existem princípios da GU que predizem a relação atribuída a cada argumento a partir do sentido da sentença” Marion Perlmutter & Paul M. Postal (1984) Quais são estes princípios? Uniformity of Theta-Assignment Hypothesis UTAH As mesmas relações temáticas entre sintagmas são representados por relações sintáticas idênticas na Estrutura Profunda” “ Marc C. Baker 1985, 1988 Aspectual Interface Hypothesis AIH “O mapeamento entre a estrutura temática e a posição dos argumentos sintáticos é mediada por propriedades aspectuais. Uma estrutura aspectual universal é associada com argumentos internos (diretos), externos e oblíquos na estrutura sintática e limita os tipos de participantes do evento que podem ocupar tais posições. Somente a parte aspectual da estrutura temática é visível à Sintaxe”. Carol Tenny 1992 Tenny dá um foco maior aos eventos que as outras hipóteses que se focavam nos seus argumentos Comparando os Modelos Temático e Aspectual U(T)AH Posição Estrutural AIH Papéis Temáticos Relação Direta Sintaxe-Semântica Posição Estrutural A S P E C T O Papéis Temáticos Mediador de Interface Sintaxe-Semântica Perlmuter & Postal Mark Baker Carol Tenny Projeções Aspectuais: Event Measurer e Originator Event Measurer Originator A porta abriu Maria cantou Pedro caiu Pedro trabalhou João abriu a porta Maria cantou uma tarantella Borer 1994 Predicados Causativos 1. Hipóteses sobre a Relação Sintaxe-Semântica 2. Predicados Causativos 3. Estrutura Argumental na Morfologia Distribuída Alternância Causativa João ficou animado com o artigo experienciador Estado resultante causador O artigo deixou João animado O artigo animou João causador experienciador Sampaio, França (em desenvolvimento) Alternância Causativa causador experienciador instrumento O artigo animou João com suas idéias com suas idéias O artigo deixou João animado causador experienciador instrumento objeto de emoção (Pesetsky 1995) Sampaio, França (em desenvolvimento) Desvendando a Ambiguidade: Event Measurer e Originator TP T’ AspOR P O artigoi [φ] anim-ou SC ti com suas idéias O artigo animou João com suas idéias PP = instrumento AspOR’ AspEM P [+OR] AspEM’ João [+EM] VP Desvendando a Ambiguidade: Event Measurer e Originator TP T’ AspOR P O artigoi [φ] deix-ou SC ti AspOR’ AspEM P [+OR] AspEM’ SC com suas idéias João O artigo deixou João animado com suas idéias PP = instrumento [+EM] animado VP Desvendando a Ambiguidade: Event Measurer e Originator TP T’ AspOR P O artigoi [φ] deix-ou ti AspOR’ AspEM P [+OR] AspEM’ SC VP PP [+EM] SC com suas idéias O artigo deixou João animado com suas idéias João PP = alvo de emoção adjP animado A Estrutura Argumental na Morfologia Distribuída 1. Hipóteses sobre a Relação Sintaxe-Semântica 2. Predicados Causativos 3. A Estrutura Argumental na Morfologia Distribuída A Estrutura Argumental na Morfologia Distribuída RESTITUTIVE RE- AND THE FIRST PHASE SYNTAX/SEMANTICS OF THE VP ALEC MARANTZ (2005) Propõe seis estruturas argumentais básicas baseando-se na morfologia dos verbos: c) Verbos em que a Raíz nomeia o estado final do Objeto Ex.: open the door / freeze the ice cream a) Verbos de atividade mono-eventivos em que o v se concatena à raiz; geralmente inergativos Ex.: John jumped / Peter danced b) Verbos de criação / resultativos com ODs sofrendo mudança de estado, geralmente achievements Ex.: bake a cake / Peter danced [a waltz] d) Estruturas de Small Clauses com um evento interno complexo Ex.: send the [book to John] / paint [the wall red] e) Low Applicative DOCs com transferência de posse Ex.: Hand John an apple f) High Applicative DOCs benefactiva Ex.: bake John a cake com leitura A Estrutura Argumental na Morfologia Distribuída Raíz nomeando o estado final do objeto Small Clauses vP vP v’ SC v’ V Ag /cause raíz someone put Filipa Lucie Thiago PP the book coloc - ar deix - ar V V DP guard - ar Induz uma atividade à raíz o caderno a roupa o trabalho on the shelf na mochila em gaveta em (forma de) caderno cause v/asp someone -ed DP the door Filipa -ar/-da Isabella Lucie -ar/-da a roupa Thiago -ar/-do state raíz open irritem gavet- o trabalho em cadern- Desvendando a Ambiguidade: Morfologia Distribuída vP v’ part.pP V raíz DP deix- part.p’ state Joãoj V -a-r anim-a-d-o raíz tj o artigo Juliana deixou Lucie colocou -da a roupa na gaveta Lucie -ar/-da Isabella a roupa irrit- em gavet- Desvendando a Ambiguidade: Morfologia Distribuída vP Causador Tema vP Objeto de Emoção v’ Instrumento PP part.pP V com suas idéias part.pP raíz DP deix- V part.p’ -a-r estativo Joãoj o artigo PP anim-a-d-o tj raíz com suas idéias Conclusões e Hipóteses A idéia da Estrutura Aspectual vem ganhando força a partir do fim da década de 80 e a utilização da delimitação temporal como mediador da Interface Sintaxe-Semântica é uma explicação mais intuitiva visto que o aspecto se trata de uma propriedade semântica com influência na sintaxe. Porém, neste primeiro estudo sobre predicados causativos no Português a Morfologia Distribuída parece conseguir mapear os papeis temáticos e diferenciar a semântica de um argumento que poderia receber os papeis Objeto de Emoção ou Instrumento, resolvendo estruturalmente uma ambiguidade que parecia ser do domínio da Semântica ou da Estrutura Aspectual. Isto reforça a idéia da UTAH e nos deixa uma questão: - Se conseguimos mapear “morfologicamente” os papéis temáticos, não seria mais intuitivo inserir os “ papéis aspectuais ” diretamente na morfologia verbal e eliminar os nódulos aspectuais? Conclusões e Hipóteses Vale ressaltar que a idéia da Estrutura Aspectual não está totalmente ligada à existência de nódulos aspectuais, mas eles são apenas uma forma de implementar a intuição de que o aspecto influência na sintaxe. Lembramos também da relação não biunívoca entre “papeis aspectuais” e temáticos, especialmente temas e medidores para justificar a presença dos “papeis aspectuais”. Além disso estamos olhando somente o Português neste trabalho e outras línguas como o Suomi (Finlandês) e Mandarim (Chinês) apresentam características que corroboram a existência dos nódulos aspectuais (diferenciação de caso morfológico ACC e PART e Morfema “ ba ” respectivamente). Conclusões e Hipóteses Por outro lado, não foram realizados estudos nestas línguas dentro do modelo da Morfologia Distribuída, o que nos impossibilita de saber se este modelo conseguiria mapear os papeis temáticos nestas e em outras línguas. Em resumo, este estudo foi um primeiro passo no sentido de entender melhor a Estrutura Aspectual e tentar responder uma questão: - Será a Estrutura Aspectual Universal como proposta por Tenny (1992) ou Paramétrica como proposta por Van Valling (1987)? Por ora acredito que a Estrutura Aspectual seja Universal se utilizando dos conceitos de início e fim do evento, e que gramaticalização destes conceitos seja feita de forma paramétrica. Bibliografia BORER, Hagit.. Structuring University Press , 2005 Sense, volume. I. In Name Only. Oxford BORER, Hagit.. Structuring Sense, volume II. The Normal Course of Events. Oxford University Press , 2005 MARANTZ, Alec. Restitutive re- and the first phase syntax/semantics of the VP – Massachussetts Institute of Technology, Linguistics Department (ms). 2005. PESETSKY, David. Zero Syntax: Experiencers and Cascade. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1995. SAMPAIO, Thiago O. M. & FRANÇA, Aniela Improta. De Sentir a Causar: Uma análise micromodular de predicados causativos; (em desenvolvimento) TENNY, Carol. The aspectual interface hypothesis. In: SAG, I & Szabolcsi, A. Lexical matters. Stanford, Calif: Center for the Study of Language and Information, 1992. TENNY, Carol & PUSTEJOVSKY, J. eds., Event as Grammatical Objects, 187-238. Stanford, 2000. VAN VALIN, Robert. The Unaccusative Hypothesis vs Lexical Semantics: Syntactic vs Semantic Approaches to Verb Classification, In.: Proceedings of NELS, 17, Amherst, UMASS, 1987 OBRIGADO PELA ATENÇÃO Thiago Oliveira Motta Sampaio [email protected] Aniela Improta França [email protected] Departamento de Lingüística UFRJ Atribuição de Caso Morfológico em Suomi Hän kirjoitt-i Ele(a) escrever-pass kirjee-t carta-pl.ACC “Ele(a) escreveu as cartas” Hän kirjoitt-i Ele(a) escrever-pass kirje-i-tä carta-pl.PART “Ele(a) escreveu (algumas) cartas” “Ele(a) estava escrevendo cartas” Kiparsky (1998) Morfema “ba” em Mandarim Ta sha-le João Ele matar-asp(perf) João Ta ba João sha-le Ta sha-le João zashi João mei si Ele matar-asp João mas João neg morrer *Ta ba João sha-le zachi João mei si *Ta zai ba João sha Ele asp(prog) ba João matar Cheng (1988) Sujeitos Não-Agentivos: Irlandês e Japonês Tá eagla orm é medo em-mim eu estou com medo Is maith liom cop bom para-mim eu gosto disso é isso Tom-ga doa-o aketa Tom-nom porta-acc aberta *kagi-ga doa-o aketa A chave abriu a porta Guilfoyle (1997) e Waitai (1996) Voz Média no Português Alex quebrou o vaso - Este vaso quebra fácil O vaso quebrou Anna abriu a porta - Essa porta abre fácil A porta abriu Marília escapou do tráfego - *O tráfego escapa fácil(mente) *O tráfego escapou Juliana atendeu o telefone - ? O telefone atende fácil(mente) *O telefone atendeu Excessão para expressões com “fácil” em que o fácil representa o nível de dificuldade do agente/experienciador no evento. * Neste caso o tema / delimitador pode ser facilmente recuperado: Romário joga facil (joga futebol – tem facilidade para jogar futebol) O Botafogo ganha fácil (ganha o jogo – será um jogo fácil para o Botafogo) João perde fácil (perde a disputa – o adversário terá facilidade em derrotar João) Event Measurer Originator A porta abriu Maria cantou Pedro caiu Pedro trabalhou João abriu a porta Maria cantou uma tarantella