Estudos dos Transistores Tivemos a oportunidade de acompanhar com detalhes, a construção e aplicações do elemento PN, o que tornará simples a compreensão desta parte. Consideremos duas junções PN polarizadas como segue: Como podemos notar, a junção 1 está diretamente polarizada, enquanto que a junção 2, acha-se reversamente polarizada. A junção 1 estando diretamente polarizada, terá uma corrente (Id) de portadores majoritários (positivos por convenção) enquanto que a junção 2, estando reversamente polarizada, terá apenas a corrente devido aos portadores minoritários (também positivos e localizados no lado N da junção), e representada por (Is). Caso combinar ambas as junções de acordo com a representação a seguir, teremos como resultado dois tipos de transistores, um NPN e outro PNP. As representações anteriores nos dão uma idéia do que realmente ocorre, porém há uma observação a fazer quanto a região intermediária, que deverá ser a mais estreita possível, de modo a evitar a recombinação dos pares elétron-lacuna. Passamos então a representação a seguir, que nos dá os elementos NPN e PNP já polarizados com os respectivos sentidos de tensão. 1 Considerações Gerais E B C IE IB IC VBE VCB VEB VBC VCE VEC = = = = = = = = = = = = Emissor Base Coletor Corrente de Emissor Corrente de Base Corrente de Coletor Tensão Base-Emissor Tensão Coletor-Base Tensão Emissor-Base Tensão Base-Coletor Tensão Coletor-Emissor Tensão Emissor-Coletor Analisaremos ambos os transistores apresentados e seu funcionamento. Tal qual no estudo dos díodos, existirá em cada junção do transistor uma barreira de potencial. Podemos observar também que nosso elemento apresenta 3 terminais: o Emissor, a Base e o Coletor. A junção Base-emissor será, em ambos os tipos, polarizada diretamente e a junção Base-coletor será reversamente polarizada, o que facilmente notamos nas duas ilustrações anteriormente apresentadas. Ao polarizarmos diretamente a junção PN, teremos como já visto anteriormente uma conseqüente redução da barreira de potencial e uma resistência de pequeno valor devido à polarização direta desta junção. Ao polarizarmos reversamente a junção PN, teremos um aumento na barreira de potencial e uma resistência de elevado valor devido a tal polarização. Na ilustração a seguir, notamos claramente o acima exposto. 2 Faremos nosso estudo considerando elétrons como portadores majoritários, portanto os portadores positivos já adotados em convenção terão sentido contrário ao dos elétrons. Os elétrons que são os portadores majoritários do material tipo N, correspondente ao Emissor, são injetados na região da Base, devido à polarização direta da junção BaseEmissor. Como a junção Coletor-Emissor possui polarização inversa, os elétrons injetados na região da Base provenientes do Emissor são atraídos para o Coletor, devido à elevada tensão presente nos terminais do Coletor. Esse mecanismo de condução ficará melhor compreendido se nos ativermos à figura seguinte. P1 - Placa Polarizada Positivamente P2 - Placa Polarizada Negativamente e - Elétron E - Campo elétrico formado no interior das placas. Pela ilustração da figura 5, notamos que um campo elétrico (E) é formado no interior de duas placas polarizadas, separadas por uma distancia d, e que esse campo dirigese do maior para o menor potencial. Uma carga negativa (1 elétron) colocada no interior desse campo, dirigir-se-á ao ponto de maior potencial. Se voltarmos agora ao transistor NPN, facilmente compreenderemos o fluxo de corrente pelo mesmo. Quanto à região da Base, comentamos que essa deveria ser a mais estreita possível, de modo a diminuir a possível recombinação dos pares elétrons-lacuna. As lacunas que se recombinarem com os elétrons, serão fornecidas por IB. 3 Resumo: A junção Base-Emissor sendo diretamente polarizada, possue uma pequena barreira de potencial, consequentemente pequena resistência, acelerando os elétrons em relação a região da Base, que por sua vez é suficientemente estreita de modo a evitar as recombinações dos pares elétrons-lacunas. As lacunas que possivelmente se recombinarem, serão fornecidas por IB. O coletor sendo positivo em relação à Base, atrairá os elétrons nela injetados, estabelecendo-se assim três fluxos de corrente: IE, IB e IC, de onde podemos tirar as seguintes relações: IE = IC + IB e VCE = VCB + VBE Interpretação das expressões acima: - Aplicando a Lei de Kirchhoff ao nó F, teremos que a corrente que entra num nó é igual a corrente que sai. Logo, se entra IE e sai IB + IC, podemos concluir que IE = IC + IB. Como as baterias que determinam a polarização nas junções estão em série, podemos somá-las, de modo que entre o Coletor e Emissor, teremos uma tensão correspondente a soma das duas tensões VBE + VCB, obtendo a relação: VCE = VCB + VBE. A mesma análise pode ser feita para os transistores PNP. Polarização de um Transistor NPN com Emissor aberto Caso, tenhamos por algum motivo a representação abaixo, examinemos seu efeito. Pelo que podemos notar, temos uma junção PN reversamente polarizada, de modo que circulará pela mesma uma corrente devido aos portadores minoritários, como já visto anteriormente, e denominada por ICO ou ICBO. Comumente é designada apenas por corrente de fuga. O valor máximo da corrente ICO, para a temperatura ambiente é especificada pelo fabricante do transistor. Para que tenhamos uma idéia do valor da mesma, embora seja este função da temperatura e do tipo de transistor, daremos um exemplo abaixo: Para transistores de baixa potência, por exemplo de silício, ela assume valores em torno de 0,0l µ A, enquanto que para elementos de germânio, assume valores da ordem de l0 µ A à temperatura ambiente (250C). Podemos através de uma relação aproximada, uma vez que ICO aumenta com a temperatura, afirmar o seguinte: 4 - A corrente ICO, dobra de valor para cada 100C de aumento da temperatura. Consideremos o seguinte exemplo: Um transistor apresentava uma corrente ICO de l0 µA na temperatura de 400C, qual será o valor de ICO se o mesmo atingir 500C ? Solução: Se para cada 100C de aumento na temperatura ICO dobra de valor, passando de T1 = 400C para T2 = 500C, tivemos uma variação ∆T = T2 – T1 de 100C, logo a corrente resultante será 2 x l0 µA = 20 µA . Concluímos, então, que a variação da temperatura é um fator importante e deve ser controlada através do uso de dissipadores, assunto que trataremos mais adiante. Até agora, representamos o transistor como um bloco, porém, daqui em diante, passaremos a utilizar apenas símbolo, como vemos nas representações seguintes: Símbolos Apesar de colocarmos os sentidos de corrente nos elementos NPN e PNP sem termos uma polarização que determine a existência dos mesmos, isto deve-se apenas para melhor interpretarmos os símbolos apresentados. Como regra prática, para identificarmos qual elemento é NPN e qual é PNP, lancemos mão do seguinte artifício: - Transistor NPN (Emissor Base Coletor) Como adotamos por convenção que a corrente que circula é a de portadores positivos (do elemento P para o elemento N), 1ogo ela sairá pelo Emissor, vinda da Base (elemento P). - Transistor PNP (Emissor Base Coletor) 5 Como adotamos por convenção que a corrente que circula é a de portadores positivos (do elemento P para o elemento N), logo ela entrará pelo Emissor, indo para a Base (elemento N). Podemos notar pelos símbolos apresentados, que no Emissor existe uma flecha que indica o sentido em que circula a corrente. Configuração em que se apresentam os Transistores Como podemos verificar pelas montagens apresentadas pelas figuras 8 e 9, temos três circuitos básicos, que na ordem são: Configuração Emissor Comum, Base Comum e Coletor Comum. Representamos as três configurações para os transistores NPN e PNP. O tipo de configuração está relacionado com o terminal de entrada e saída, e o termo Comum deve-se ao fato de que, em cada configuração, possuímos um elemento Comum à Entrada e à saída . Cada configuração, como podemos notar na figura 10, apresenta características diferentes com relação às outras, resultando com isso diversas oportunidades de escolha relativas a uma dada situação. Configuração E.C. B.C. C.C. Características Gi elevado <1 elevado Gv elevado elevado ≤1 Rin média baixa muito elevada Fig. 10 E.C - Emissor Comum B.C - Base Comum Gv - Ganho de Tensão Rin - Resistência de Entrada 6 Rout alta alta muito baixa C.C - Coletor Comum Gi - Ganho de Corrente Rout - Resistência de Saída A tabela da figura 10 será utilizada quando tratarmos da parte relativa a casamento de impedância dos diversos estágios amplificadores, por enquanto exemplifica a diferenciação dos três tipos de montagens. Correntes de Fuga do Transistor Como podemos notar pela figura 11, teremos 3 situações distintas para o transistor, Coletor Aberto, Base Aberta e Emissor Aberto. Verificamos também, que nos três casos temos uma junção PN inversamente polarizada, logo teremos portadores minoritários circulando pela junção, assunto já abordado na parte referente a junções PN. Analisemos rapidamente cada uma das três situações: a) Fig. 11a IEBO - Corrente entre emissor e base com coletor em aberto: Não é normal termos tal situação, uma vez que a junção Base-Emissor de um transistor é sempre polariza da diretamente. b) Fig. 11b ICEO - Este componente ao contrário do anterior é de elevado significado, e para tanto expresso em termos de β e ICBO, I CEO = (1 + β )I CBO . Embora não tenhamos definido o parâmetro β , rapidamente podemos dizer que o mesmo determina a amplificação de um circuito, e que será detalhado completamente nas partes seguintes. c) Fig. 11c ICBO - Este componente varia com a temperatura, apresentando valores maiores para transistores de germânio e valores menores para transistores de silício. 7 Considera-se de um modo geral, que este componente dobra de valor para cada 100C de aumento na temperatura assunto já abordado anteriormente. Tensão de Ruptura de um Transistor Fig. 12a Fig. 12b Fig. 12c BVCBO - Tensão de ruptura entre Coletor e Base quando o Emissor está aberto. BVCEO - Tensão de ruptura entre Coletor e Emissor quando a Base está aberta. BVCES - Tensão de ruptura entre Coletor e Emissor quando a Base está ligada ao Emissor. Num transistor, quando aplicarmos uma tensão inversa na junção Coletor-Base, a condição de ruptura corresponde à ruptura de um díodo sob polarização inversa, assunto já detalhado na parte referente à polarização inversa de uma junção PN. De um modo geral, a tensão de ruptura depende do circuito, por segurança, nunca devemos ultrapassá-la. Gostaria de frisar que o fabricante do elemento em estudo fornece todas as informações possíveis sobre o mesmo, incluindo uma série de outras ainda não citadas, como teremos oportunidade de verificar mais adiante. Até o presente momento, para polarizarmos um transistor utilizamos duas baterias, o que é anti-econômico do ponto de vista prático, de modo que de agora em diante, passaremos a polarizá-lo com uma única fonte. Polarização utilizando apenas uma Fonte Configuração Emissor-Comum 8 Como podemos notar nas figuras 13a e 13b, com uma única fonte conseguimos polarizar nosso transistor. Por simples análise do circuito, chegaremos às seguintes relações: Transistor NPN IE = IB + IC, para tanto basta analisarmos o que ocorre no nó F, aplicando a Lei de Kirchhoff: - A soma das correntes que chegam a um nó é igual a soma das que saem. Aplicando a Lei de Kirchhoff ao nó G, teremos I4 = I1 + I2 + I3 Se aplicarmos o mesmo raciocínio ao nó F, teremos (fig.13a):- Chega ao nó F a corrente IE, saindo do mesmo IB + IC, logo IE = IB + IC. VCE = VBE + VCB, esta é outra expressão de fácil compreensão pois as tensões VBE e VCB, acham-se no mesmo sentido, e como tal podemos somá-las resultando portanto que VBE + VCB = VCE. Antes de prosseguirmos com comentários acerca do circuito da figura 13a, gostaríamos de recordar determinados detalhes que facilitarão o completo entendimento do mesmo. Pela convenção de elemento passivo (Receptor) temos que: - Corrente e tensão num receptor terão sentidos contrários. - A seta da tensão indica o ponto de maior potencial. - Pela Lei de ohm, VAB = RAB x I. Outro detalhe refere-se ainda a Lei de Kirchhoff, que diz o seguinte: 9 A somatória das tensões em uma malha fechada será igual a zero, o que provaremos com a maior facilidade, conforme o exemplo da figura 16. Pela Lei de Ohm VR1 = Rl x I VR2 = R2 x I Como podemos notar, VR1 e VR2 estão no mesmo sentido, e quando somadas resultarão: VRI + VR2 = VAB. Se adotarmos um sentido de percurso para a malha da figura 16, notaremos o seguinte: - VCC e VAB estão em oposição de sentidos, logo quando somadas anular-se-ão. Com essas considerações, podemos voltar ao circuito da figura 13a. Passemos então a determinar as equações das malhas I e II. Equação da Malha I As tensões VAC, VCE e VRE acham-se no mesmo sentido, e quando somadas resultarão no valor de VCC. VCC = VRC + VCE + VRE VCC = RC x IC + VCE + RE x IE Equação da Malha II Utilizando o mesmo raciocínio teremos: VRB = VCB + VRC RA x IB = VCB + RC x IC, onde VCB sai da relação VCB = VCE - VBE 10 Equação da Malha Externa VCC = VRB + VBE + VRE VCC = RB.IB + VBE + RE.IE Tais expressões também podem ser obtidas para o elemento PNP e para todos as outras configurações de modo análogo ao já citado, cujo objetivo foi demonstrar que com uma única fonte podemos obter diferentes tensões em diferentes pontos, o que fica evidenciado pelas equações de malha apresentadas. Configuração Base Comum Configuração Coletor Comum Obs.:- A configuração Coletor-Comum também é denominada de seguidor de Emissor. Tipos de Polarização Daremos a seguir circuitos básicos utilizados na polarização de transistores. a) Polarização com Corrente de Emissor Constante 11 Como já comentamos anteriormente, a variação na temperatura implica na variação de IC, e consequentemente IE. Para que a mesma mantenha-se constante, introduzimos no circuito o resistor RE, que embora reduzindo o ganho estabiliza em parte a corrente IE. b) Polarização com corrente de emissor constante e divisor de tensão na base. c) Polarização com corrente de emissor constante e realimentação negativa na base. Quando num circuito fazemos uma realimentação negativa, o ganho é reduzido, porém ganha-se em estabilidade. 12 Definição dos Parâmetros alfa e beta O parâmetro α é a relação entre a Corrente de Coletor e a Corrente de Emissor, determinando a eficiência do mesmo. α= IC IE (eficiência) O parâmetro β é a relação entre a Corrente de Coletor e a Corrente de Base, sendo o ganho em C.C. β= IC IB (ganho de C.C.). Obs.: O parâmetro β é definido apenas para a montagem Emissor-Comum. Podemos então expressar o parâmetro β em função de α , como segue: - Do transistor tiramos a relação: IE = IC + IB IC → IC = β ⋅ IB - O parâmetro β é definido como: β = IB IC IC → IE = - O parâmetro α é definido como: α = IE α (1) (2) (3) Substituindo (2) e (3) em (1), temos: IC = βIB + IB . α (4) Substituindo (2) em (4) temos βIB = βIB + IB , α βIB = IB(1 + β ) , α β α= . β +1 E, por processo análogo, determinamos a expressão de β em função de α , logo teremos: β= α . 1−α 13 Processos para Polarização de um Transistor Daremos a seguir, um processo analítico para determinação de um ou mais elementos relativos à polarização de um transistor. Nota: Este processo é apenas uma ferramenta auxiliar, pois finda a parte teórica, introduziremos aos poucos recursos práticos utilizando as curvas do transistor, parâmetros de estabilidade e outros que facilitarão a correta polarização do transistor. Esta parte agora introduzida visa dar ao leitor alguma prática na solução de equações de malha, de grande ajuda no processo final de polarização e projetos. Para o circuito da figura 22, determinar os seguintes valores : a) RC b) RB Dados VCC = 12 Volts IB = 20 µ A β = 100 VCE = 4 Volts RE = 800 Ω VBE = 0,6 Volts Obs.:No momento, não nos preocuparemos com o fato de determinados valores de componentes utilizados, serem ou não serem comerciáveis, pois, estamos apenas de um modo simples tentando recordar o processo de análise de malhas, Lei de Ohm, Leis de Kirchhoff que já temos certeza de que o leitor conheça. Portanto, não estranhem se o valor de RC, RB, RE, etc., calculados não se encontrarem dentro de padrões comerciáveis, pois nosso objetivo será aos poucos encaminhar o leitor a decisões, e não simplesmente habituálo a cópias. 14 Resolução do Exercício Você verá como é simples a resolução do mesmo, para tanto leia com atenção cada parte em desenvolvimento. Equação da Malha I - A somatória de tensões em uma malha fechada é igual a zero. Aplicando esta definição à malha I, teremos: VCC - VRC - VCE - VRE = 0. (1) Ainda podemos escrever a equação (1) como: VCC = VRC + VCE + VRE (2) Sabendo que: VRC = RC.IC e VRE = RE.IE, então VCC = RC.IC + VCE + RE.IE (3) De uma simples análise da equação (3), verificamos os elementos não conhecidos e partimos em busca dos mesmos, portanto, teremos de determinar IC, RC e IE, pois os demais são conhecidos. Quando definimos o parâmetro β dissemos o seguinte: β= IC . IB É o ganho em C.C, e com este parâmetro que é conhecido, pois o fabricante do transistor o fornece para cada diferente elemento fabricado, temos: IC = β ⋅ IB , e calculamos o valor de IC. IC = 100.20.10-6 = 2 000. 10-6 = 2. 10-3 = 2 mA. Do transistor, tiramos a relação seguinte já conhecida: IE = 2 mA + 20 µ A, reduzindo à mesma grandeza para que possamos efetuar a soma temos : 15 IE = 2.10-3 + 20.10-6 = 2.10-3 + 2.10-5 IE = 2. 10-3 (1,01) = 2,02.10-3 = 2,02 mA ≅ 2 mA. Como podemos verificar, IE é aproximadamente igual a IC e isto verificar-se-á sempre que o valor de β for maior ou igual a 100. Como regra geral, podemos adotar sempre em nossos cálculos: Para β ≥ 100, temos que IE ≅ IC. Após calcularmos IC e IE, voltamos novamente a equação (3) e calculamos o valor de RC. Equação (3) : VCC = RC x IC + VCE + RE x IE Facilmente verificamos ter uma equação com uma única incógnita, que é RC. Determinemos então o valor do mesmo. Isolando RC da equação teremos: VCC - VCE - RE x IE = RC x IC (VCC - VCE - RE.IE) /IC = RC = (12-4-800.2.10-3) / 2.10-3 = (12-4-1,6) / 2.10-3 RC = 6,4 . 103 / 2 = 3,2 K Ω . Equação da Malha II Por processo já descrito, temos: VRB = VCB + VRC RB.IB = VCB + RC.IC (4) (5) Da mesma maneira que no caso anterior, partimos em busca dos elementos desconhecidos, que no nosso caso são RB e VCB. Lembrando da equação do transistor já conhecida temos: VCE = VBE + VCB, de onde facilmente isolamos VCB VCB = VCE - VBE = 4 - 0,6 = 3,4 Volts. Novamente, voltamos a ter uma equação a uma incógnita e determinamos o valor da mesma. Equação (5) : RB.IB = VCB + RC.IC RB = (VCB + RC x IC) IB = (3,4 + 3,2.103.2.10-3) / 20.10-6 RB = (3,4 + 6,4) / 2.10-5 = 4,9.105 = 490 K Ω . Desta forma, conseguimos determinar os valores de RC e RB, com relativa facilidade. Gostaríamos de frisar, que em poucas linhas poderíamos determinar IC, IE, RC e RE, e que o fato de parecer tão extenso deve-se unicamente a abordagem nos mínimos 16 detalhes do processo de resolução do problema. Estude bem o mesmo, pois no exercício que virá a seguir usaremos todas as considerações já enunciadas, e em poucas linhas, e com facilidade, determinaremos os elementos que faltam. Dados VCC = 25 Volts VCE = 5 Volts RC = 4 K Ω IB = 20 µ A β = 200 VBE = 0,6 Volts Calcular RE e RB Equação da Malha I VCC = VRC + VCE + VRE VCC = RC x IC + VCE + RE x IE Da equação acima, falta determinarmos os valores de IC, IE e RE. Da teoria temos: IC = β .IB = 200.20.10-6 = 4000. 10-6 = 4 mA. Para β ≥ 100, IE ≅ IC, logo IE ≅ 4 mA. Cálculo de RE: VCC = RC x IC + VCE + RE x IE VCC = RC x IC - VCE = RE x IE → (VCC - RC x IC - VCE) / IE = RE RE = (25 - 4.103.4.10-3 - 5) / 4.10-3 = (25-16-5) / 4.10-3 = 4 / 4.10-3 =1.103 = 1 K Ω . 17 Equação da Malha II VRB = VCB + VRC RB x IB = VCB + RC x IC Da equação acima, falta determinarmos os valores de VCB e RB. Do transistor temos: VCE = VBE + VCB, VCE - VBE = VCB = 5 - 0,6 = 4,4 V. RB x IB = VCB + RC x IC RB = (VCB + RC x IC) / IB = (4,4 + 4.103.4.10-3) / 20.10-6 RB = (4,4 + 16) / 2.10-5 = 10,2.105 = 1,02 M Ω ≅ 1 M Ω . Existe outro modo mais simples de calcularmos RB, que é através da equação da Malha externa. Equação da Malha Externa Se olharmos entre os pontos A e B da figura 23, temos: As 3 tensões VRB, VBE e VRE estão no mesmo sentido, e quando somadas resultarão na tensão VCC, que é a tensão aplicada entre os pontos A e B, logo teremos: VCC = VRB + VBE + VRE VCC = RB x IB + VBE + RE x IE a única incógnita é o RB, basta calculá-lo. VCC - VBE - RE x IE = RB x IB (VCC - VBE - RE x IE) / IB = RB = (25-0,6-103.4.10-3) / 20.10-6 RB = 10,2.105 = 1,02 M Ω ≅ 1 M Ω . Exercício Calcular: RC, RE e RB Dados: VCC = 20 Volts VCE = 3 Volts Trans. de silício 18 β = 100 IB = 40 µA RC = 4.RE Equação da Malha I VCC = RC.IC + VCE + RE,IE IC = β .IB = 100.40.10-6 = 4000.10-6 = 4.103. 10-6 = 4.10-3A= 4.0 mA Para β > 100, IE ≅ 4mA VCC = RC.IC + VCE + RE.IE VCC = 4 RE.IC + VCE + RE.IC RC = 4RE VCC = RE.IC (4 + 1) + VCE = 5.IC.RE + VCE IE = IC VCC - VCE = 5.IC.RE → (VCC - VCE) / 5.IC = RE = (20 - 3) / 5.4.10-3 RE = 17 / 2.10-2 = 17.102 / 2 = 8,5.102 = 850 Ω . Como RC = 4.RE, temos: RC = 4.850 = 3400 Ω =3,4K Ω . Equação da Malha Externa VCC = VRB + VBE + VRE = RB.IB + VBE + RE.IE VCC - VBE - RE.IE = RB.IB → (VCC - VBE - RE.IE) / IB = RB RB = (20-0,6-850.4.10-3 ) / 40.10-6 = (20-0,6-3,4) / 4.10-5 = (16/4).105 = 400K Ω . Método Prático para Polarização de Transistores com Divisor de Tensão na Base Considerações a) Aqui vamos desprezar a influência da corrente de fuga ICBO devido ao seu pequeno valor, e também pelo fato do tipo de polarização empregado compensar termicamente o circuito. b) Considerando β ≥ 100, poderemos desprezar a influencia do pequeno valor de IB, de modo que a equação: 19 IE = IC + IB ficará reduzida a IE ≅ IC c) Escolha da Alimentação do Circuito Esta solução é das mais simples, pois dependerá unicamente do local a ser empregado, onde podemos contar com fontes padronizadas. d) Determinação de IC Normalmente o valor de IC é obtido em função da carga, ou escolhida de acordo com instruções fornecidas pelo fabricante do transistor em suas publicações sobre seu produto. e) Cálculo de VRE Vamos considerar VRE como sendo 10% da tensão de alimentação, consideração que garantir-nos-á uma estabilidade à variações de temperatura e ganho de corrente β VRE = 10%VCC = 0,1.VCC = RE.IE = RE.IC 0,1.VCC = RE.IE → RE = (0,1.VCC) / IE. f) Determinação de VBE VBE dependerá do tipo de transistor, pois para os de Germânio seu valor será ≅ 0,3V, e para os de Silício, seu valor será ≅ 0,6V. g) Cálculo de I Embora esta aproximação que aqui faremos pareça grosseira, ela resultará em valores práticos e de fácil cálculo para Rbl e Rb2 . I = 10% IC = 0,1.IC h) Cálculo de Rb2 Pela equação de malhas III temos: Rb2 . I = VBE + RE . IE Rb2 = (VBE + RE . IE) / I i) Cálculo de Rbl Pela equação da malha externa temos: VCC = Rbl . I + Rb2 . I Rbl = (VCC - Rb2 . I) / I Rbl = VCC / I - Rb2 j) Cálculo de VC Aqui novamente faremos uma imposição, garantindo que VC seja ≥ 50% de VCC, de modo que VC será ≥ 0,5.VCC (Pode-se trabalhar com a condição VC = 0,5.VCC). 20 k) Cálculo de RC RC = VC / IC Como VC = 0,5.VCC temos: RC = 0,5.VCC / IC 1) Exemplo De acordo com as considerações feitas, vamos supor seguinte situação: - ICBO desprezível - β = 100 (o que equivale a dizer IE = IC) - VCC = 12V - IC = 10 mA a) Cálculo de RE VRE = 10% VCC = 0,1.VCC = 0,1.12 = 1,2V RE.IE = VRE RE = VRE / IE = VRE / IC =1,2 / 10.10-3 = 1,2 . 102 = 120 Ω . b) Determinação de VBE Transistor de Silício VBE = 0,6V c) Cálculo de I I = 10% . IC = 0,1.IC = 0,1.10.10-3 = 10-3 A = 1mA. d) Cálculo de Rb2 Rb2 = (VBE + VRE) / I = (0,6 + 1,2) / 10-3 = 1,8.103 = 1,8 K Ω . e) Cálculo de Rbl Rbl = VCC / I - Rb2 = 12 / 10-3 - 1,8.103 = 103 (1,2 - 1,8) = 10,2K Ω . f) Cálculo de VC VC = 50% VCC = 0,5 x 12 = 6V. g) Cálculo de RC 21 RC = 0,5 x VCC / IC = 6 / (10 x 10-3) = 0,6.103 = 600 Ω . 2) Exemplo Dados VCC = 9 Volts β = 100 IC = 3mA Transistor de Silício a) Cálculo de RE VRE = 10% VCC = 0,1 x VCC = 0,9 Volts VRE = RE x IE onde IE ≅ IC, pois β ≥ 100 RE = VRE 9 ⋅ 10 −1 = = 3 ⋅ 10 2 = 300Ω IE 3 ⋅ 10 −3 b) Determinação de VBE VBE = 0,6Volts c) Cálculo de I I = 10% IC = 0,1 x 3mA = 0,3mA d) Cálculo de Rb2 Rb2 = VBE + VRE 0,6 + 0,9 1,5 ⋅ 10 3 = = = 5KΩ I 0,3 0,3 ⋅ 10 −3 e) Cálculo de Rbl 22 Rb1 = VCC 9 − Rb2 = − 4 ⋅ 10 −3 = 30 ⋅ 10 3 − 4 ⋅ 10 3 = 26KΩ I 0,3 ⋅ 10 −3 f) Cálculo de VC VC = 50% VCC = 0,5 x 9 = 4,5 Volts g) Cálculo de RC RC = 0,5 ⋅ VCC 0 ,5 ⋅ 9 4 ,5 = = ⋅ 10 3 = 1,5KΩ −3 IC 3 3 ⋅ 10 3) Exemplo Vamos supor agora RC conhecido e igual a 600 VCC disponível igual a 6 Volts Transistor de Silicio β ≥ 100 a) Cálculo de VC VC = 50% VCC = 0,5 x 6 = 3 Volts. b) Cálculo de IC VRC = 50% VCC = 3 Volts. VRC = RC x IC, IC = VRC/RC = 3/600 = 5 x 10-3 = 5mA. c) Cálculo de RE VRE = 10% VCC = 0,1 x 6 = 0,6 Volts. VRE = RE x IE onde IE ≅ IC para β ≥ 100 RE = VRE / IE = 0,6 / 5.10-3 = 120 Ω . d) Determinação de V VBE = 0,6 V. e) Cálculo de I I = 10% IC = 0,1 x 5mA = 0,5mA. f) Cálculo de Rb2 Rb2 = (VBE + VRE) / I = (0,6 + 0,6) / 0,5.10-3 = 2,4K Ω . 23 g) Cálculo de Rbl Rbl = VCC / I - Rb2 = 6 / 0,5.10-3 - 2,4.103 = 9,6K Ω . Fig. 27 Dados PDRC = 25mW PDRE = 5mW Tr.Si e IC = 5mA β ≥ 100 VCE = 6Volts Calcular RC, RE, Rbl e Rb2 a) Cálculo de RC PDRC = RC x IC2 RC = PDRC / IC2 = 25.10-3 / 25.10-6 = 1 K Ω . b) Cálculo de RE IE ≅ IC, pois β ≥ 100 PDRE = RE x IE2; 2 -3 RE = PDRE / IC = 5.10 / 25.10-6 = 0,2.103 = 200 Ω . c) Cálculo de VCC VCC = RC x IC + VCE + RE x IE = 103 .5 . 10-3 + 6 + 0,2.103. 5. 10-3 = 12 Volts. d) Cálculo de I I = 10% IC = 0,1 x IC = 0,5mA. e) Determinação de VBE 24 Tr.Silício, VBE = 0,6Volts. f) Cálculo de Rb2 Rb2 = (VBE + VRE ) / I = (0,6 + 1) / 0,5.10-3 = 3,2K Ω . g) Cálculo de Rbl Rbl = VCC / I - Rb2 = 12 / 0,5.10-3 - 3,2.103 = 20,8K Ω . Fig. 28 Dados PDRC = 32mW PDRE = 8mW PCmãx = VCE.IC = 20mW ( Potência máxima dissipada no transistor) IC = 4mA β ≥ 100 Calcular RC, RE, VCE e VCC a) Cálculo de RC PDRC = RC.IC2 → RC = PDRC / IC2 = 32.10-3 / 16.10-6 = 2.103 = 2K Ω . b) Cálculo de RE PDRE = RE.IE2 = RE.IC2 (para β ≥ 100) RE = PDRE / IC2 = 8.10-3 / 16.10-6 = 0,5.103 = 500 Ω . c) Cálculo de VCE PCmáx = VCE x IC → VCE = Pcmáx / IC = 20.10-3 / 4.10-3 = 5 Volts. 25 d) Cálculo de VCC VCC = RC x IC + VCE + RE x IE = 2.103 . 4.10-3 + 5 + 0,5.103 .4.10-3 = 15V. Obs.:Até o presente momento, para a polarização do transistor, não fizemos menção alguma quanto ao cálculo da potência dissipada nos resistores que compõem a polarização do mesmo, porém, este fator é de relevada importância, pois na polarização de um transistor, devemos levar em conta a potência que cada resistor irá dissipar, caso contrário incorreremos no risco da danificação de um ou mais dos componentes da polarização. 6) Exemplo Dados, VCC = 12 Volts VCE = 7 Volts IB = 100 µ A β = 100 Tr.Si a) Cálculo de IC IC = β x IB = 100.100.10-6 = 10-2 A = 10 mA. b) Cálculo de RE Da malha (I) temos VRE = VCC - VCE = 5 Volts. RE x IE = RE x IC ( β =100) = 5 Volts. RE = 5 / IC = 5 x 102 = 500 Ω . c) Cálculo de Rb Da equação de malhas (II), temos 26 VRb = VCE - VBE = 7 - 0,6 = 6,4 Volts. RB.IB = 6,4 Volts → Rb = 6,4 / 10-4 = 64K Ω . d) Cálculo da Potência Dissipada em RE PDRE = RE x IE2 = RE x IC2 = 0,5.103 .100.10-6 = 50mW. e) Cálculo da Potência Dissipada em Rb PDRb = Rb.IB2 = 64.103.10-8 = 64.10-5 = 0,64mW. Modelo de Ebers-Moll para Transistores Faremos a seguir, de uma forma bem resumida, o estudo de um modelo geral do transistor, que poderá ser utilizado para baixas freqüências ou polarização DC. Na figura 30, temos representada a convenção de Ebers-Moll para tensões e corrente para um transistor NPN. IEF = Corrente de Emissor Direta IER = Corrente de Emissor Reversa ICF = Corrente de Coletor Direta ICR = Corrente de Coletor Reversa IE = IEF + IER IC = ICF + ICR q.VBE IEF = IES e KT −1 , (1) onde a expressão (1) vem da física dos semicondutores, e os componentes da mesma têm o seguinte significado: 27