Francisco Dion Cleberson
Alexandre
Acadêmico do curso de
Direito - UNIJUÍ
Ciência Política e Teoria do
Estado
(II Semestre 2008)
Pra quem tu fostes
construída?
No Brasil, quem sabe no
mundo todo, apenas
escândalos sensibilizam.
Joãos da Silva, Pedros de
Oliveira, Josés, Toninhos e
outros tantos deveriam ser tão
lembrados quanto Nardoni,
PC Farias, João Élio. Será
mesmo que são?
De quais dos nomes
citados lembramos?
E porque apenas
lembramos desses?
Quem sabe por que, em comum, os nomes
lembrados tem a mesma classe social a que
pertencem, ou talvez porque essa é a
realidade que não precisamos nos esforçar
para ver, aquela que
nos é entregue, por Cids
Moreiras, Zecas, Glórias,
Laziers.
O Senso Penitenciário Brasileiro do ano passado possibilita
que, com dados concretos, tracemos um perfil de quem são
nossos presidiários. Analisando a tabela podemos concluir
que:
Mais de 60% tem entre 18 e 24 anos;
Pouco mais de 70% transitam entre o analfabetismo e as séries
primárias do ensino fundamental como grau de instrução;
95% tem como a cor da pele de morena à negra;
Aproximadamente 50% das penas são de 4 a 8 anos;
A cada ano ouvimos
das autoridades que
a criminalidade
aumenta, nos
grandes centros e a
nossa volta.
Algumas questões:
Quantos de nós já cometeu algum crime?
Quantos de nós paga a faculdade, o carro, o
combustível, os livros com dinheiro oriundo de
atividades ilícitas?
Logo cadeia não é pra nós, certo?
Do nosso lado
nenhum
criminoso!
Tomara!
Por outro lado,
quantos desses itens nós temos?
Já aqueles presidiários que
vimos antes....lá dos números
do senso penitenciário:
Quantos deles será que têm
esses itens que enumeramos
antes? Celular, casa, carro...
É verdade..o celular pode ser
mesmo que a maioria deles
tenham. Mas e os demais?
Mas e se esse fosse o quintal da sua casa?
Chegar em casa teria o mesmo gostinho que
tem hoje?
E se ao contrário da faculdade, estivéssemos
em alguma dessas calçadas, escadas, ruelas?
E se ao invés desse?
Teus professores fossem:
O que será que
você estaria
aprendendo?
Pense bem!
E afinal de contas, você tem certeza que não deveria estar fazendo
companhia a este cidadão, aqui dentro?
Porque se este:
Não é o quintal de sua casa
Se essa:
Não é a vila onde moras
Se esses:
Não são teus professores
Tu não deverias ser um
criminoso, certo? E tens
certeza que não o é?
Dirigir sem habilitação: PENA detenção de 6 meses a um
ano;
Participar de “pega”: PENA de detenção 6 meses a 2 anos;
Dirigir acima da velocidade em locais incompatíveis: PENA
detenção de 6 meses a 1 ano;
Violar direitos autorais (copiar livros, comprar CD. DVD, etc:
PENA detenção de 3 meses a 1 ano;
Difamar (FOFOCAR): PENA de detenção de 3 meses a um ano;
Ter CONJUNÇÃO CARNAL com mulher mediante fraude: PENA
de reclusão de 1 a 3 anos;
Praticar ato obsceno em público (essa poucos fazem): PENA detenção
de seis meses a 2 anos;
DESCAMINHO: Meu Deus, essa pena também é pra poucos né?
reclusão de 1 a 4 anos;
Tem muitos EMPRESÁRIOS ou filho destes lendo?
Nem vamos falar em crime de sonegação fiscal,
né? Vai constranger alguns.
POIS É! Tu vê, isso que não moramos em favelas, não temos aqueles
professores, nossos filhos, irmãos, pais, nem nós passamos fome. Que
tal se essa fosse nossa realidade e víssemos nossos filhos assim:
De fato, ver o mundo como ele realmente é não é tão agradável.
Percebemos que, na verdade, criminosos, a maioria de nós
somos. E se amanhã acordássemos com uma sentença
condenatória contra nós pelo crimes que cometemos até
então?
JÁ PENSOU?
Ver a VIDA assim...por alguns anos, imaginando tua família, teus filhos,
ah, a tua mulher....deve ser duro né...
Te cuida criminoso.
E pensar que, pelos nossos crimes, nós poderíamos ter estado lá?
No MASSACRE do CARANDIRU
PS: É bom que saibamos que deixei imagens ainda mais fortes de fora.
Portanto, antes de falarmos dos criminosos, temos que lembrar
que na verdade, como diz o velho jargão:
A justiça é uma víbora
que pica apenas os pésdescalços.
E pra nossa sorte
usamos botas, e de
grife;
porque há lei para incriminar muitos de nós, só
não há vontade política para tanto.
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Direito penal - pra quem tu fostes construída