2 O Método
Científico
2.1 – Noção e Importância do
Método
Em seu sentido mais geral, o método é a
ordem que se deve impor aos diferentes
processos necessários para atingir um fim dado
ou um resultado desejado
Nas ciências, entende-se por método o conjunto
de processos que o espírito humano deve
empregar na investigação e demonstração da
verdade.
Deve-se disciplinar o espírito, excluir das
investigações o capricho e o acaso,
adaptar o esforço às exigências do objeto a
ser estudado, selecionar os meios e
processos mais adequados. Tudo isso é
dado pelo método. Assim, o bom método
torna-se fator de segurança e economia.
2.2 – Método Científico
O método científico segue o caminho da dúvida sistemática,
metódica, que não se confunde com a dúvida universal
dos céticos, que é impossível. O cientista, sempre que lhe
falta a evidência, como arrimo, precisa questionar e
interrogar a realidade.
É oportuno distinguir, aqui, método e processo.
Método:
Por método entende-se o dispositivo ordenado, o
procedimento sistemático, em plano geral.
Processo:
O processo (a técnica), por sua vez, é a aplicação específica
do plano metodológico e a forma especial de o executar.
Comparando,
poder-se-á
dizer
que
a
relação
existente entre método e processo é a mesma, que existe
entre estratégica e tática. O processo está subordinado
ao método e lhe é auxiliar imprescindível.
2.3 – Processos do
Método
Científico
Proc. 1
1
Proc. 2
2
Proc. 3
3
Proc. 4
4
Método ( conjunto dos processos ou etapas ou passos )
O método se concretiza nas diversas etapas ou
passos que devem ser dados para solucionar um
problema. Esses passos são as técnicas ou
processos.
Os objetivos de investigação determinam o tipo de método a
ser empregado, a saber: o experimental ou o racional.
Pode-se dizer que a maioria das técnicas que compõem o
método científico e racional são comuns, embora devam
adaptar-se ao objeto de investigação.
Por isso, as técnicas ou processos que, a seguir, serão
desenvolvidos, dizem respeito ao método experimental e
indiretamente, com as adaptações que se impõem, ao
método racional.
- Observação
- Hipótese
- Experimentação
- Indução
- Dedução
- Análise e Síntese
- Teoria
- Doutrina
OBSERVAÇÃO:
A observação é de importância capital nas ciências.
É dela que depende o valor de todos os outros
processos. Sem a observação o estudo da
realidade e de suas leis reduzir-se-á sempre à
simples conjetura e adivinhação. Para o bom
êxito da observação exigem-se certas condições.
A – Condições Físicas
Bons instrumentos são necessários, porque os sentidos não bastam
sempre para satisfazer o rigor da ciência. É preciso armar os
cientistas de instrumentos:
1) que lhes aumentem o alcance, por exemplo, o microscópio, o
telescópio, etc.;
2) que lhes aumente a precisão, e os ajudem a medir com rigor
os diversos fenômenos observados: a duração, o peso, a
temperatura, etc.;
3) que supram, até certo ponto, os próprios sentidos, apontando
e registrando os fenômenos com sua intensidade variável.
Tais são os aparelhos registradores, as chapas fotográficas.
B – Condições Intelectuais
Curiosidade: “Requer-se muita filosofia, diz J.J. Rousseau, para
observar o que se vê todos os dias”.
Sagacidade: saber discernir os fatos significativos.
C – Condições Morais
Paciência, para resistir à precipitação natural que nos leva sempre a
concluir antes do tempo.
Coragem, que sabe enfrentar o perigo para colher do fato certos
fenômenos raros ou decisivos.
Imparcialidade, isto é, a libertação de toda a preocupação com o
resultado, o respeito escrupuloso e o amor apaixonado pela verdade.
D – Regras da Observação
Deve ser atenta.
Deve ser precisa. Para isso é preciso conseguir dar valores
numéricos a tudo quanto no fenômeno observado é suscetível de
medida quantitativa. Daí a importância que assume as medidas no
método científico.
Deve ser sucessiva e metódica.
HIPÓTESE:
Em termos gerais a hipótese consiste em supor
conhecida a verdade ou explicação que se busca.
As hipóteses têm como função:
1) prática: orientar o pesquisador, dirigindo-o na direção da causa
provável ou da lei que se procura;
2) teórica: coordenar e completar os resultados já obtidos,
agrupando-os num conjunto completo de fatos, a fim de facilitar a sua
inteligibilidade e estudo.
EXPERIMENTAÇÃO:
A experimentação consiste no conjunto de
processos utilizados para verificar as hipóteses.
Difere da observação porque obedece a uma
idéia diretriz e não, simplesmente, porque implica
na intenção do sábio em vista de modificar os
fenômenos
Regras que Bacon sugeriu para a experimentação:
1)
Alargar a experiência: é aumentar, pouco a pouco e tanto quanto
possível, a intensidade da suposta causa, para ver se a intensidade
do fenômeno (= efeito) cresce na mesma proporção.
2)
Variar a experiência: é aplicar a mesma causa a objetos diferentes.
3)
Inverter a experiência: consiste em aplicar a causa contrária da
suposta causa, a fim de ver se o efeito contrário se produz. Esta
contraprova experimental faz suceder as exigências negativas às
positivas. Assim, depois de conhecer a água pela análise, inverte-se
a experiência, fazendo a síntese a partir do hidrogênio e do oxigênio.
4)
Recorrer aos casos da experiência. Por vezes, é preciso recorrer
aos casos da experiência de ensaio
INDUÇÃO:
Parte de uma verdade particular e chega-se a uma
verdade universal
O argumento indutivo baseia-se na generalização
de propriedades comuns a certo número de casos, até
agora observados, a todas as ocorrências de fatos
similares que se verificam no futuro. O grau de
confirmação dos enunciados induzidos depende das
evidências ocorrentes.
Espécies de indução:
1)
Indução formal (de Aristóteles). Eqüivale ao inverso da
dedução e é submetida
unicamente às leis do
pensamento, e tem como ponto de partida todos os casos
de uma espécie ou de um gênero e não apenas alguns.
Por exemplo:
Os corpos A,B,C, D, atraem o ferro;
Ora, os corpos A,B,C, D são todos ímãs;
Logo, os ímãs atraem o ferro.
Neste tipo de indução, não há propriamente uma
inferência, mas uma simples substituição de uma coleção
de termos particulares por um termo equivalente.
2)
Indução científica (de Bacon). É o raciocínio pelo qual
conclui-se de alguns casos observados pela espécie que
os compreende e a lei geral que os rege. Verifica-se, por
exemplo,
certo número de vezes que o óxido de carbono paralisa os glóbulos
sangüíneos
Desta observação infere-se que sempre, dadas as mesmas
condições, o óxido de carbono paralisará os glóbulos
sangüíneos.
DEDUÇÃO:
Parte – se de uma verdade universal e chega-se a
casos particulares
A dedução é a argumentação que torna explícitas
as verdades particulares contidas em verdades universais.
O ponto de partida é o antecedente que afirma uma
verdade universal, e o ponto de chegada é o conseqüente,
que afirma uma verdade menos geral ou particular,
contida implicitamente no primeiro.
ANÁLISE e SÍNTESE:
René Descartes, procurando traçar normas gerais e indispensáveis a
qualquer trabalho científico, formulou quatro regras:
1)
Nunca aceitar como verdadeira qualquer coisa, sem a conhecer
como tal. Evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção. (É a
evidência como critério da verdade).
2)
Dividir cada uma das dificuldades a abordar, no maior número
possível de parcelas que forem necessárias, para melhor resolvê-las.
(É a análise)
3)
Conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos objetos
mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir pouco a pouco,
gradualmente, até ao conhecimento dos mais complexos. (É a
síntese).
4)
Fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais
que dê certeza de nada omitir. ( É a condição comum e a garantia da
análise e síntese).
A análise é a decomposição de um todo em suas
partes.
A síntese é a reconstituição do todo decomposto pela
análise.
TEORIA:
O emprego usual do termo teoria opõe-se ao da prática.
Neste sentido a teoria refere-se ao conhecimento
(=
saber, conhecer) em oposição à prática como ação
(=
agir, fazer).
Aqui, entretanto, o termo teoria é empregado para significar
um resultado a que tendem as ciências. Estas não se
contentam apenas com a formulação das leis. Ao
contrário, determinadas as leis, procuram interpretá-las ou
explicá-las.
Assim, surgem as chamadas teorias cientificas, que reúnem
determinada número de leis particulares sob a forma de
uma lei superior e mais universal.
Função das teorias:
-
- coordenam e unificam o saber científico;
- - são instrumentos preciosos do sábio, sugerindo-lhe
analogias até então ignoradas e possibilitando-lhe, assim,
novas descobertas.
Valor das Teorias:
-
Até meados do século XIX, os cientistas, de
um modo geral, admitiam que as teorias não só
explicavam os fatos, mais ainda eram uma apreensão da
própria natureza ontológica (última) da realidade.
-
A partir dos meados do século XIX para cá,
restringiram o valor explicativo da teoria. Assim:
·
Mach: as teorias apenas orientam o sábio com economia de
pensamento.
·
Henri Poincaré: as teorias não são verdadeiras nem falsas, são
cômodas.
·
Pierre Duhem: as teorias servem apenas para classificar os fatos e
as leis
Atualmente, a tendência é assumir
intermediária entre os dois extremos
uma
posição
DOUTRINA:
A doutrina, porém, propõe diretrizes para a ação. É a priori
que o autor fixa o fim que espera atingir e, para elaborar a
doutrina ajustada a esse fim, vai buscar seus argumentos
nas mais variadas fontes. Numa doutrina há idéias
morais, posições filosóficas e políticas e atitudes
psicológicas.
Há também, subjacentes, interesses individuais, interesses
de classes ou nações.
( DOUTRINA DE VIDA)
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