Métodos e Técnicas Científicas
Adm. Valmir Severiano
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Métodos e Técnicas Científicas - Conceito
Em seu sentido mais geral, o método é a ordem que se
deve impor aos diferentes processos necessários para
atingir um certo fim ou um resultado desejado.
Nas Ciências, entende-se por método o conjunto de
processos empregados na investigação e na
demonstração da verdade.
Métodos e Técnicas Científicas - Conceito
Não se inventa um método; ele depende,
fundamentalmente, do objeto da pesquisa. Os
cientistas, cujas investigações foram coroadas de
êxito, tiveram o cuidado de anotar os passos
percorridos e os meios que os levaram aos
resultados.
A época do empirismo passou. Hoje, não é mais
possível improvisar. A atual fase baseia-se na técnica,
na precisão, na previsão e no planejamento.
Métodos e Técnicas Científicas - Conceito
Ninguém pode se dar ao luxo de fazer tentativas ao
acaso para ver se colhe algum êxito inesperado.
Deve-se disciplinar o espírito, excluir das investigações
o capricho e o acaso, adaptar o esforço às exigências
do objeto a ser estudado, selecionar os meios e
processos mais adequados.
Tudo isso é dado pelo método. Assim, o bom método
torna-se fator de segurança e economia na ciência.
Métodos e Técnicas Científicas - Conceito
Evidentemente, o método não substitui o talento ou a
inteligência do cientista. Ele tem também o seus
limites, não ensina a encontrar as grandes hipóteses,
as idéias novas e fecundas. Isto depende do gênio e
da reflexão do cientista.
O método científico, portanto, não possui as virtudes
milagrosas que a mentalidade tradicional lhe atribuía.
O método não é um modelo, fórmula ou receita que ,
uma vez aplicada, colhe, sem margem de erro, os
resultados previstos ou desejados.
Métodos e Técnicas Científicas - Conceito
Toda investigação nasce de algum problema observado
ou sentido, de tal modo que não pode prosseguir, a
menos que se faça uma seleção da matéria a ser
tratada. Essa seleção requer alguma hipótese ou
pressuposição que vai guiar e, ao mesmo tempo,
delimitar o assunto a ser investigado.
Daí o conjunto de processos ou etapas de que se serve
o método cientifico, tais como a observação e coleta
de todos os dado possíveis, a hipótese que procura
explicar provisoriamente todas as observações de
maneira simples e viável.
Métodos e Técnicas Científicas - Conceito
A experimentação dá ao método científico o nome de
método experimental, a indução da lei que fornece a
explicação ou o resultado de todo o trabalho de
investigação, a teoria que insere o assunto tratado
num contexto mais amplo.
Todo método depende do objetivo de investigação.
Ora, a filosofia não tem por objeto o estudo de coisas
fantasiadas, irreais ou inexistentes.
Métodos e Técnicas Científicas - Conceito
A filosofia questiona a própria realidade. Por isso, o ponto de
partida do método racional é a observação desta realidade ou
aceitação de certas proposições evidentes, princípios ou
axiomas, para em seguida prosseguir por dedução ou indução,
em virtude das exigências unicamente lógicas e racionais.
É mediante o método racional, que também se desdobra em
diversas técnicas , como a observação, a análise, a comparação
e a síntese, a indução e a dedução, a hipótese e a teoria,
procura-se interpretar a realidade quanto a sua origem,
natureza profundidade , destino e significado no contexto geral
Métodos e Técnicas Científicas - Conceito
Pelo método racional procura-se obter uma
compreensão e visão mais ampla sobre o homem,
sobre a vida, sobre o mundo, sobre o ser.
Essa cosmovisão, a qual leva à investigação racional,
evidentemente não pode ser testada ou comprovada
experimentalmente em laboratórios. E é exatamente
a possibilidade de comprovar ou não as hipóteses
que distingue o método experimental do racional.
As técnicas
O método concretiza-se como o conjunto das diversas
etapas ou passos que devem ser dados para a
realização da pesquisa. Esses passos são as técnicas.
Os objetos de investigação determinam o tipo de
método a ser empregado, a saber, o experimental ou
o racional. Um e outro empregam técnicas
específicas como também técnicas comuns a ambos.
As técnicas
Pode-se dizer que a maioria das técnicas que compõe o
método cientifico e racional é comum, embora devam
ser adaptadas ao objetivo de investigação.
Por isso, as técnicas ou processo que, a seguir, serão
explicitadas dizem respeito ao método experimental e
indiretamente, com as adaptações que se impõem,
ao método racional.
As técnicas
Podem ser chamados de técnicas aqueles
procedimentos científicos utilizados por uma ciência
determinada no quadro das pesquisas próprias desta
ciência.
As técnicas em uma ciência são os meios corretos de
executar as operações de interesse de tal ciência. O
treinamento científico reside, em grande parte, no
domínio dessas técnicas.
As técnicas
O conjunto dessas técnicas gerais constitui o método.
Portanto, métodos são técnicas suficientemente
gerais para se tornarem procedimentos comuns a
uma área das ciências ou a todas as ciências.
Existe, pois, um método fundamentalmente idêntico
para todas as ciências, que compreende um certo
número de procedimentos ou operações científicas
levadas a efeito em qualquer tipo de pesquisa.
As técnicas
Estes procedimentos, descritos nos tópicos seguintes,
podem ser resumidos da seguinte maneira:




Formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses;
Efetuar observações e medidas;
Registrar tão cuidadosamente quanto possível os dados
observados com o intuito de responder às perguntas formuladas
ou comprovar a hipótese levantada;
Elaborar explicações ou rever conclusões, idéias ou opiniões que
estejam em desacordo com as observações ou com a respostas
resultantes;
As técnicas
Estes procedimentos, descritos nos tópicos seguintes,
podem ser resumidos da seguinte maneira:


Generalizar, isto é, estender as conclusões obtidas a todos os
casos que envolvem condições similares; a generalização é
tarefa do processo chamado indução;
Prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas
condições, é de se esperar que surjam certas relações
As técnicas – Observação
Observar é aplicar atentamente os sentidos físicos a um
objeto, para dele adquirir um conhecimento claro e
preciso.
A observação é de importância capital nas ciências. É
dela que depende o valor de todos os outros
processos. Sem a observação, o estudo da realidade
e de suas leis seria reduzido às simples conjetura e
adivinhação.
As técnicas – Observação
De acordo com a finalidade e a forma como é
executada, a observação pode assumir diferentes
configurações, conforme classificação de Lakatos
(1998, p. 170):

Observação assistemática: também chamada
espontânea, informal, simples, livre ou ocasional,
caracteriza a observação sem o emprego de qualquer
técnica ou instrumento, sem planejamento, sem
controle e ser quesitos observacionais previamente
elaborados.
As técnicas – Observação


Observação sistemática: também chamada
observação estruturada, planejada ou controlada,
tem como característica básica o planejamento prévio
e a utilização e anotações, de controle do tempo e da
periodicidade, recorrendo também ao uso de
recursos técnicos, mecânicos e eletrônicos;
Observação não-participante: quando o observador
deliberadamente se mantém na posição de
observador e de expectador, evitando se envolver ou
deixar-se envolver com o objeto da observação;
As técnicas – Observação


Observação participante: quando o observador,
deliberadamente, ser envolve e deixa-se envolver
com o objeto da pesquisa, passando a fazer parte
dele;
Observação individual: em diversas situações de
pesquisa a observação pode ser realizada
individualmente, como nas pesquisas destinadas à
obtenção de títulos acadêmicos, tendo o observador
de submeter o objeto da pesquisa ao crivo dos seus
próprios conhecimentos, dada a inexistência de
controles externos;
As técnicas – Observação


observação em equipe: quando um objeto de
pesquisa é, simultâneo e ou concomitantemente,
observado por várias pessoas com o mesmo
propósito, ainda que em tempos e lugares distintos;
Observação laboratorial: de caráter artificial, mas
fundamental para isolar o objeto da pesquisa de
interferências externas e para descobrir os
mecanismos internos de funcionamento do objeto.
As técnicas – Observação
Em qualquer das modalidades, a observação deve ser:




atenta;
exata e completa;
precisa
Sucessiva e metódica
As técnicas – Observação
Para isso é preciso conseguir dar valores numéricos a
tudo quanto no objeto de pesquisa observado for
suscetível de medida quantitativa. Daí a importância
que assumem as medidas, quando combinadas com
métodos e técnicas científicas.
As técnicas – Experimentação
A experimentação consiste no conjunto de processos
utilizados para verificar as hipóteses. Difere da
observação porque obedece a uma idéia diretriz, e
não, simplesmente, porque implica a intervenção em
vista de modificar o objeto da pesquisa.
As técnicas – Experimentação
A idéia geral que governa as técnicas de
experimentação é a seguinte: consistindo a hipótese,
essencialmente, a respeito de estabelecer uma
relação de causa e efeito ou de antecedente e
conseqüente entre dois fenômenos, trata-se de
descobrir ser realmente B (suposto efeito ou
conseqüente) varia cada vez que se faz varia A
(suposta causa ou antecedente) e ser varia nas
mesmas proporções.
As técnicas – Experimentação
Francis Bacon, 1958, p. 377 e Jolivet, 1957, p. 88)
sugeriu algumas regras para a experimentação:



Alargar a experiência: é aumentar, pouco a pouco e tanto
quanto possível, a intensidade da suposta causa para ver se a
intensidade do fenômeno (=efeito) cresce na mesma proporção;
Variar a experiência: é aplicar a mesma causa a objetos
diferentes;
Recorrer aos casos da experiência.
As técnicas – Indução
Antes de considerar os demais processos,
principalmente a indução, processos esses
que são comuns, embora com suas
peculiaridades, ao método científico e
racional, convém fazer uma observação:
“A indução e a dedução são, antes de mais
nada, formas de raciocínio ou de
argumentação e, como tais, são formas de
reflexão, e não de simples pensamento.”
As técnicas – Indução
Na indução, a conclusão está pa as premissas, como o
todo está para as parte. De verdades particulares
concluímos verdades gerais. Veja o exemplo a seguir:
Terra, Marte, Vênus, Saturno, Netuno são todos
planetas;
Ora, Terra, Marte, Vênus, Saturno, Netuno etc. não
brilham com luz própria.
Logo, os planetas não brilham com luz própria.
As técnicas – Indução
O argumento indutivo baseia-se na
generalização de propriedade comuns a certo
números de casos, até agora observados, a
todas as ocorrências de fatos similares que se
verificam no futuro. O grau de confirmação
dos enunciados traduzidos depende das
evidências ocorrentes.
As técnicas – Indução formal
Aristóteles é o maior expoente da indução
formal. Ela equivale ao inverso da dedução e
é submetida unicamente às leis do
pensamento, tendo como ponto de partida
todos os casos de uma espécie ou de um
gênero, e não apenas alguns.
As técnicas – Indução formal
Exemplo:
Os corpos A, B, C, D atraem o ferro.
Ora, os corpos A, B, C D são todos ímãs.
Logo, os imãs atraem o ferro.
As técnicas – Indução formal
Nesse tipo de indução, não há propriamente um
inferência, mas uma simples substituição de
uma coleção de termos particulares por um
termo equivalente. Esse processo é indutivo
apenas na forma, visto realmente passa dele
para ele mesmo por ser a soma das partes
igual ao todo. Esse é o motivo por que a
indução formal é pouco usada.
As técnicas – Indução Científica
Ela é o raciocínio pelo qual se chega à
conclusão de alguns casos observados a
partir da espécie que os compreende e a lei
geral que os rege.
É o processo que generaliza a relação de
causalidade descoberta entre dois fatos ou
fenômenos e da relação causal que conclui a
lei.
As técnicas – Indução Científica
Verifica-se, por exemplo, certo número de
vezes, que o óxido de carbono paralisa os
glóbulos sanguíneos; dessa observação
infere-se que, sempre dada as mesmas
condições, o óxido de carbono paralisará os
glóbulos sanguíneos
As técnicas – Indução Científica
Essa indução é alma das ciências
experimentais. Sem ela a ciência não seria
outra coisa senão um repositório de
observação sem alcance.
As técnicas – Dedução
A dedução é a argumentação que torna
explícitas verdades particulares contidas em
verdades universais. O ponto de partida é o
antecedente, que afirma uma verdade
universal, e o ponto de chegada é o
conseqüente, que afirma uma verdade menos
geral ou particular contida implicitamente no
primeiro.
As técnicas – Dedução
Duas regras gerais são apontadas quanto á
validade das conclusões do processo
dedutivo:
a) Da verdade do antecedente segue-se a
verdade do conseqüente.
Todos os animais respiram.
Ora, o mosquito é animal.
Logo, o mosquito respira.
As técnicas – Dedução
b) Da falsidade do antecedente pode seguir-se
a falsidade ou a veracidade do conseqüente.
Todos os animais são quadrúpedes.
Ora, o cisne é animal
Logo, o cisne é quadrúpede (conseqüente falso)
As técnicas – Dedução
Ou então:
Toda árvore e racional.
Ora, Gilberto é árvore.
Logo, Gilberto é racional (conseqüente verdadeiro)
O raciocínio dedutivo pode ser expresso pelo silogismo, que poderá
ter a seguinte forma:
a)
Categórica
Todas as crianças têm pais.
Ora, Gilberto é criança.
Logo, Gilberto tem pais.
As técnicas – Dedução
b) Hipotética
Se Henrique estudar, passará nos exames.
Ora, Henrique estuda.
Logo, passará nos exames.
No raciocínio dedutivo a conclusão ou conseqüente está contida
nas premissas ou antecedente, como a parte no todo.
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