FACULDADE LOURENÇO FILHO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS GERLANE PEREIRA DE SOUZA EFEITO TESOURA: UM ESTUDO DE CASO NOS DEMONSTRATIVOS DAS LOJAS AMERICANAS. FORTALEZA – 2010 1 GERLANE PEREIRA DE SOUZA EFEITO TESOURA: UM ESTUDO DE CASO NOS DEMONSTRATIVOS DAS LOJAS AMERICANAS. Monografia apresentada à Faculdade Lourenço Filho, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Ms. Cristiano Reinaldo FORTALEZA - 2010 2 GERLANE PEREIRA DE SOUZA EFEITO TESOURA: UM ESTUDO DE CASO NOS DEMONSTRATIVOS DAS LOJAS AMERICANAS. Monografia apresentada à Faculdade Lourenço Filho como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis. Monografia aprovada em: ______ / ______ / ______ Nota obtida: ______________ ___________________________________________ Prof. Ms. Cristiano Reinaldo Orientador 1° Examinador: _________________________________, Título, Instituição 2°Examinador: __________________________________, Título, Instituição _____________________________________________ Prof. Ms. Wagner Dantas Coordenador do Curso 3 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, a Deus que me deu a vida, sabedoria, forças e discernimento para conseguir superar todos os problemas e obstáculos que apareceram nesta difícil caminhada em busca dos meus objetivos profissionais e pessoais. Agradeço a Maria Zeuta Araújo, pela sua ajuda financeira na minha formação acadêmica, por ter acreditado na minha capacidade, também pelo incentivo e força através de palavras encorajadoras, e por ter me apoiado até o fim deste curso. Ao Alencar, Otacílio Filho e sua esposa Erica, que sempre acreditaram em mim, na minha capacidade Intelectual e profissional e, em especial, ao Otacílio que foi o primeiro a me incentivar a fazer a faculdade de Ciências Contábeis; A minha mãe e a meu pai, Raimunda Martins e Francisco Pereira, que sempre estiveram pedido a Deus em oração que me desse forças e coragem para continuar esta longa caminhada, por vezes árdua, e o meu ideal parecia cada vez mais distante. Por mais difícil que seja a caminhada sempre existe uma maneira de vencer: a Fé em DEUS. Ao professor e orientador Cristiano Reinaldo, pela disponibilidade e pelas orientações que contribuíram de forma decisiva para conclusão deste curso. E a todos os professores que contribuíram de forma fundamental em meus conhecimentos, em especial ao Ary Holanda, José Barros, Luciano Guerra, Padilha, Aristela Holanda, Suelene pela sua disponibilidade e atenção, Helena Dourado que esteve sempre comigo nos momentos difíceis desta caminhada. A toda minha família, pela compreensão nos momentos de ausência. 4 "O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução." (Provérbios 1:7) 5 RESUMO Esta monografia teve como objetivo principal analisar se a gestão do capital de giro das empresas pode ser considerada uma ferramenta para a geração de valor nas empresas. Para tanto, foi imprescindível caracterizar a profissão contábil no Brasil, bem como apresentar as principais demonstrações contábeis e analisar os indicadores das demonstrações contábeis. Em sua fundamentação metodológica a pesquisa foi bibliográfica, documental e com estudo de caso realizado a partir da análise dos Balanços Patrimoniais das Lojas Americanas S/A, empreendendo uma análise descritiva e exploratória com dados primários e secundários e análise qualitativa e quantitativa, cujo principal instrumento de coleta de dados foi a observação direta e assistemática com a pesquisadora comportando-se como intérprete da situação pesquisada. Inicialmente ocorreu a apresentação da Contabilidade por meio da caracterização da profissão contábil no Brasil e das Demonstrações. Seguindo-se teve a análise dos indicadores das demonstrações contábeis que são os de estrutura de capitais, de liquidez, de rotação de retorno ou rentabilidade e os ciclos operacional e financeiro. A metodologia da pesquisa compôs a seção seguinte apresentando sua classificação, tipologia e fonte dos dados. A apresentação do estudo de caso com a caracterização da empresa, seu ciclo operacional, financeiro, principais índices e análises de rentabilidade e endividamento ocorreu para confrontar a teoria de sala de aula com a prática empresarial. A realização do estudo de caso possibilitou a constatação de que o ciclo operacional e financeiro evidenciou que o índice de atividade das Lojas Americanas e sua renovação de estoque estão adequados ao porte e perfil da empresa. Constatou-se que o Ciclo Operacional é favorável, e no Ciclo Financeiro ela não precisa de Capital de Giro para suas contas. Palavras-chave: Contabilidade. Demonstrações Contábeis. Efeito Tesoura. 6 SUMÁRIO LISTA DE QUADROS E GRÁFICOS............................................................................. 07 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 09 1. A CONTABILIDADE ................................................................................................. 12 1.1 A Profissão Contábil no Brasil ................................................................................. 12 1.1.1 A regulamentação da profissão contábil no Brasil ................................................ 16 1.1.2 Responsabilidade Social ...................................................................................... 18 1.2 Demonstrações Contábeis ...................................................................................... 20 1.2.1 Balanço Patrimonial.............................................................................................. 20 1.2.2 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE ................................................ 22 1.2.3 Demonstração de mutações do Patrimônio Líquido – DMPL ............................... 23 1.2.4 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA ............................. 24 1.2.5 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR ......................... 25 1.2.6 Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC ......................................................... 27 1.2.7 Demonstração do Valor Adicional – DVA ............................................................. 32 1.2.8 Balanço Social ...................................................................................................... 33 2. OS INDICADORES DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .................................. 36 2.1 Indicadores de Estrutura de Capitais....................................................................... 38 2.2 Indicadores de Liquidez........................................................................................... 40 2.3 Indicadores de Rotação........................................................................................... 42 2.4 Indicadores de Retorno ou Rentabilidade ............................................................... 43 2.5. Ciclos Operacional e Financeiro ............................................................................. 44 7 3. METODOLOGIA DA PESQUISA .............................................................................. 48 3.1 Tipologias da Pesquisa ........................................................................................... 48 3.2 Unidades de Pesquisa e Elementos de Análise ...................................................... 50 3.3 Coleta de Dados ...................................................................................................... 50 3.4 Limitações da Pesquisa........................................................................................... 50 4. ESTUDO DE CASO .................................................................................................. 51 4.1 Caracterizações da Empresa .................................................................................. 51 4.2 Ciclos Operacionais e Financeiros .......................................................................... 56 4.3 Aplicações dos Índices ............................................................................................ 57 4.4 Rentabilidade e Endividamento ............................................................................... 58 4.4.1 A Margem de Lucro sobre as Vendas .................................................................. 59 4.4.2 A Taxa de Retorno sobre Investimento – TRI (do ponto de vista da empresa) .... 59 4.4.3 A Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Liquido – TRPL (do ponto de vista do empresário). ................................................................................................................. 59 4.4.4 Endividamento ...................................................................................................... 60 4.5 Verificações do Efeito Tesoura ................................................................................ 61 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 66 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 70 8 LISTA DE QUADROS E GRÁFICOS QUADRO 1 - Distribuição das Lojas Americanas no Brasil ........................................... 44 QUADRO 2 - Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro ....................................................... 52 QUADRO 3 - Índices de Liquidez .................................................................................. 57 QUADRO 4 - Índices de Rentabilidade ......................................................................... 58 QUADRO 5 - Indices de Endividamento........................................................................ 60 QUADRO 6 - Relacionamento dos indicadores com as atividades e ciclos da empresa ........................................................................................................................ 64 GRÁFICO 1. Efeito Tesoura Positiva ............................................................................ 63 GRÁFICO 2. Efeito Tesoura Negativo ........................................................................... 65 9 INTRODUÇÃO Atualmente, as empresas estão cada vez mais ávidas para aumentarem sua competitividade e lucratividade em seus segmentos de atuação por reconhecerem ser este o principal caminho a ser seguido rumo ao sucesso empresarial, haja vista o mercado ser bastante dinâmico e amplo. Com isso, faz-se necessário que elas possuam áreas financeiras antenadas com as tendências vigentes, mantendo índices de liquidez positivos, pois isto se relaciona diretamente com a capacidade das organizações arcarem com seus compromissos financeiros e manterem-se atuantes. Assim, é imprescindível que estas empresas realizem uma correta administração financeira preservando seu fluxo de caixa e ativos circulantes, além de não contrair despesas que poderiam facilmente ser evitadas. Desse modo, a administração de capital de giro das empresas é um assunto de fundamental importância, precisando ser feita por profissionais devidamente habilitados para este fim por possibilitar um melhor fluxo de recursos e auxiliar no processo de tomada de decisão mais seguro, com menos riscos aos negócios empresariais. Para isso, deve-se fazer uma análise do ambiente interno da organização e externo, verificando possíveis problemas na produção ou gestão de seus produtos ou recursos, bem como os planos econômicos vigentes, taxa de juros, inflação, entre outros. Esta pesquisa se justifica no cenário pessoal, profissional, acadêmico e empresarial. No âmbito pessoal, é a oportunidade de a autora da pesquisa realizar um estudo em uma área na qual possui interesse em aprofundar seus conhecimentos teóricos e práticos, bem como por ser uma temática bastante ampla e que jamais se esgotarão suas possibilidades de abordagem do assunto. No cenário profissional, é a possibilidade de desenvolver um estudo com um tema facilmente aplicado no ambiente empresarial, demonstrando aos gestores e Contadores a importância de uma eficiente administração do capital de giro que envolve a liquidez das empresas e conceitos de administração de capital de giro, considerado muitas vezes fator preponderante na gestão das finanças da empresa. 10 Assim, é a oportunidade de realizar uma pesquisa capaz de associar o conhecimento adquirido ao longo do Curso de Graduação em Ciências Contábeis com as atividades profissionais a serem exercidas. No âmbito acadêmico é a oportunidade de realizar uma pesquisa capaz de contribuir com um referencial teórico de qualidade, aumentando o número de estudos produzidos nesta área, buscando fornecer uma visão mais prática da gestão do capital de giro. No contexto empresarial, o estudo se justifica por ser uma forma de apresentar a importância da correta administração do capital de giro de uma empresa como um meio de evitar problemas financeiros, aumentar sua liquidez, lucratividade e competitividade, pois a mesma consegue arcar com os compromissos assumidos no curto e médio prazo e ainda gerar lucros aos acionistas ou sócios. Ciente disso, a problemática que se busca responder ao final da pesquisa é: como a correta gestão do capital de giro pode atuar como ferramenta competitiva para a geração de valor nas empresas? Para responder a esta questão, esta pesquisa é bibliográfica, documental e com estudo de caso realizado a partir da análise dos Balanços Patrimoniais das Lojas Americanas S/A, empreendendo uma análise descritiva e exploratória com dados primários e secundários e análise qualitativa e quantitativa, cujo principal instrumento de coleta de dados foi a observação direta e assistemática com a pesquisadora comportando-se como intérprete da situação pesquisada. O objetivo geral tem como ponto de vista teórico, de como fazer de forma lícita a gerencia do capital de giro, que devera através dos melhores processos,permitir o melhor entendimento de como a empresa esta gerando ,aplicando os seus recursos correntes, objetivando dar suporte às decisões que oriente a prevenção da saúde financeira da empresa. Os objetivos específicos consistem em: Caracterizar a profissão contábil no Brasil Apresentar as principais demonstrações contábeis Analisar os indicadores das demonstrações contábeis. 11 Em sua estrutura a pesquisa possui seis seções. Seguindo-se a esta introdução a seção seguinte apresenta a Contabilidade por meio da caracterização da profissão contábil no Brasil e das Demonstrações Contábeis que são: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, Demonstração de mutações do Patrimônio Líquido – DMPL, Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA, Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR, Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC, Demonstração do Valor Adicional – DVA e Balanço Social. Segue-se apresentando os indicadores das demonstrações contábeis que são os de estrutura de capitais, de liquidez, de rotação de retorno ou rentabilidade e os ciclos operacional e financeiro. A metodologia da pesquisa compõe a quarta seção do trabalho apresentando sua classificação, tipologia e fonte dos dados. Na seção seguinte ocorre a apresentação do estudo de caso com a caracterização da empresa, seu ciclo operacional, financeiro, principais índices e análises de rentabilidade e endividamento. Encerra-se o trabalho com suas principais conclusões, expondo o alcance da proposta inicial, seus achados, limitações e sugestões para trabalhos futuros, a fim de que este possa ser aperfeiçoado em outras vertentes de análise. 12 1 A CONTABILIDADE Este capítulo apresenta a Contabilidade por meio da caracterização da profissão contábil no Brasil e das Demonstrações Contábeis que são: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, Demonstração de mutações do Patrimônio Líquido – DMPL, Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA, Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR, Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC, Demonstração do Valor Adicional – DVA e Balanço Social. 1.1 A Profissão Contábil no Brasil No ano de 1931 houve a concretização e reformulação do estudo comercial, feita, de acordo com o que foi pedido no 1° Congresso Brasileiro de Contabilidade, exigindo, também, “o registro obrigatório dos guardas livros e dos contadores na superintendência do ensino comercial”. (BACCI, 2002, p. 31). Ainda segundo o autor, logo após em 1932, o então governo provisório lavrou o decreto de n° 21.033, em que, colocava novas regras para o registro de contadores e como também os dos guarda livros, e que solucionava o problema dos então conhecidos como “práticos”, ou seja, daqueles que exerciam a profissão de maneira empírica. O decreto colocou condições e prazos para o registro dos chamados práticos e logo depois, de então a profissão contábil foi definitivamente anexada à preparação escolar. Em 1940 aconteceram dois importantes atos governamentais, dentre os quais auxiliaram e muito para a padronização contábil no Brasil, conforme (SÁ, 2001, p. 87-88). • O Decreto-Lei n. 2416, de 17 de julho, que estabeleceu as normas sobre a Contabilidade para os Estados e Municípios, definiu o modelo padrão de balanço orçamentário, e as normas financeiras aplicáveis à gestão dos recursos públicos, 13 • O Decreto-Lei n. 2627, de 01 de outubro, que tratou das empresas de capital aberto, cujas ações eram negociadas na Bolsa de Valores da então capital federal, a Cidade do Rio de Janeiro. Dentre outros aspectos, este diploma legal apresentou os critérios de avaliação do ativo, do uso do custo histórico, da amortização, da constituição de fundos para a desvalorização do imobilizado, de forma pioneira os critérios aplicáveis ao ativo diferido, e também da formação da reserva legal, como forma de preservação do capital das empresas. Já em 1951, a Lei de n° 1.401 dividiu os cursos de ciências contábeis e atuariais, gerando de modo independente o curso de ciências contábeis oferecendo aos concludentes que recebessem o título em Bacharel em Contabilidade nos moldes de currículo dos cursos contábeis, além da lei de 1945, houve o parecer 397/62 que desmembrava os cursos de Ciências Contábeis em um período de formação mínima e um ciclo já de formação de profissional e a resolução 03/92 do extinto conselho Federal de Educação que firmava os conteúdos básicos e o tempo que levaria os cursos de graduação. O profissional de Contabilidade é sinônimo de uma transparência na questão financeira da empresa: A profissão contábil, sempre foi e será o esteio de uma economia forte, pois somente ao profissional da Contabilidade são dadas as ferramentas que dão transparência aos números. E hoje principalmente no mercado globalizado e competitivo a figura do profissional contábil é imprescindível (ISAYAMA, 1993, p. 42). Exclama que o contabilista não pode se limitar apenas nas obrigações com o físico: Faço um alerta ao empresário contábil brasileiro para que se posicione no sentido de não restringir sua prestação de serviço apenas à parte fiscal e tributária, ignorando o aspecto mais importante da Contabilidade, que consiste na orientação informacional sobre todos os aspectos que podem realmente ajudar um empresário a atuar em seu segmento em condições de enfrentar a concorrência (MENDES, 2003, p. 51). Para a complementação da sua abordagem o autor afirma ainda que: (...) de nada adianta processar relatórios com base em dados defasados, desnecessários ou não correspondentes com a atividade direta do negócio. O importante é conseguir prever a situação para indicar o rumo correto. Perde-se uma boa oportunidade de ajudar o pequeno empresário a crescer e vir a ser um grande cliente nosso no futuro, o mundo mudou, transformando a informação em um fator tão importante quanto o capital e o trabalho (MENDES, 2003, p. 57). 14 De acordo com o comentário de Walter (2001, p.51), “a função primordial da Contabilidade é acumular e comunicar informações essenciais para um entendimento das atividades de uma empresa”. Nesse mesmo pensamento, Iudícibus (2000, p.72) acrescenta que “a meta básica dos demonstrativos financeiros e econômicos é o de propagar a informação útil para a tomada de decisões”. Conforme estes argumentos, Sá (2001, p.63) acredita ser provável a conclusão que “a profissão de contabilista, cada vez mais, assemelha-se ao de um médico que trata do seu paciente, prescrevendo regimes para que o seu organismo institucional fique sadio”. Por meio desses pensamentos, qualificar os serviços executados pelos contabilistas, como até mesmo aumentar os espaços de atuação na sociedade, os Conselhos Regionais de Contabilidade, fizeram uma divulgação para o programa de educação contínua onde houvesse disponibilidade para os contabilistas regulares de uma seqüência para uma melhor qualificação profissional. O profissional de contabilidade é um elo importante no empreendimento de um empresário, pois: (...) é o elo fundamental e importante no crescimento e na solidificação de um empreendimento. Pois é ele, que detém o conhecimento que o empreendedor necessita para constituição do seu negócio, e que somado as informações e conhecimento que ele possa ter do negócio e somando-se a assessoria e consultoria do profissional contábil o empreendimento correrá menos risco de dar errado (ROCHA, 2007, p. 5). De acordo com Maia e Silva (1998, apud MATARAZZO, 2003, p.79): A Contabilidade deixará de ser um mero instrumento que, em vez de demonstrar a realidade econômica e financeira das empresas, acaba ocultando e mascarando dados com o propósito de se defender das exigências fiscais (MAIA E SILVA, 1998, apud MATARAZZO, 2003, p. 79). Quanto ao assunto aludido, o presidente do Conselho de Serviços da Federação do comércio de São Paulo, Harroldo Piccina (1998) apud Mendes (2003) ao comentar quanto da sua experiência no Conselho, foi notado, principalmente, 15 sobre a dificuldade de gerencialmente da imensa gama de informações fiscais, que existe na economia brasileira, como também nas modificações na legislação das organizações, em várias delas totalmente inconstitucionais, entretanto não se deve ouvir que, a cada dia, o desempenho do contabilista alcança uma maior dimensão, pois em suas tarefas não é mais restringida ao anexar documentos fiscais e contábeis. Silva Neto (2002, apud MENDES, 2003, p.81) comenta que: Uma empresa sem Contabilidade é uma entidade sem memória, sem identidade e sem as mínimas condições de sobreviver ou de planejar seu crescimento. Impossibilitada de elaborar demonstrativos contábeis por falta de lastro na escrituração, por certo encontrará grandes dificuldades em obter fomento creditício em instituições financeiras ou de preencher uma simples informação cadastral (SILVA E NETO, 2002, apud MENDES, 2003, p. 81). Devido à necessidade da educação constante do profissional em Contabilidade, cita Abrantes (1998, apud MENDES, 2003, p.35) contribui ao dizer que: (...) o contabilista é um profissional altamente confiável, sendo solicitado para aconselhamentos em ampla gama de assuntos. No entanto, para ser bem sucedido e estar preparado para o desafio do futuro, além de conhecimentos técnicos essenciais, precisa desenvolver habilidades relativas à comunicação, relações humanas e administração, criando desse modo um equilíbrio adequado entre a informação teórica e a experiências prática (ABRANTES, 1998, apud MENDES, 2003, p. 81). Nessa linha de raciocínio de avaliação, o seu treinamento pode apoiar-se em duas variantes: a educação inicial e a continuada. Ainda assim, neste conceito manifestou-se o 15° congresso mundial de contadores, em Paris (1997): (...) a Contabilidade necessita, pois, de situar-se em outra posição, deixando o campo restrito, até então delimitado para seu objeto, e transcendendo nas óticas de exames e de interpretações... A Contabilidade precisa ser fundamentada em conceitos holísticos, isso porque também vasto, holístico, é hoje o número de interessados não só na informação, mas também e substancialmente na formação de juízos sobre o comportamento das empresas perante a sociedade. De pouco vale a informação se não se sabe o que fazer com ela, se não se entende o que ela pode significar (MENDES, 2003, p. 98). 16 Conforme comentário de Mendes (2003), o profissional de Contabilidade é na maioria das vezes, é observado como um funcionário indireto do físico e do governo, encarregado dos cálculos e o preenchimento de guias, boletos e formulários, às vezes tido como um mero despachante de processos para os órgãos públicos, no entanto coube aos contabilistas a grande responsabilidade pela maximização da necessidade da informação contábil e o trabalho num todo de procurar atender o máximo possível, os tão variados pedidos de informação. O que dizer a respeito ao projeto de decisões que terão que ser tomadas, não se deve omitir o fato de que a Contabilidade, não deve ser somente um retrato histórico da ocasião da entidade, de acordo com uma determinada data. Ela pode, além disso, interpretar um instrumento importante para projetar, casos patrimoniais e o resultou para o futuro, impactos de modificações que se almeja concretizar na política e nos processos das empresas, e os demais recursos primordiais para um gerenciamento com qualidade. 1.1.1 A regulamentação da profissão contábil no Brasil Teve como objetivo o patrimônio, a base de convergência, ao qual indicam estudos e pesquisas no campo contábil, especificamente nas suas características qualitativas, quanto quantitativas, notando-se diversificações, quando este patrimônio está vinculado as pessoas, empresas e as demais instituições, onde as suas definições quando decididas dentro de uma técnica, são apoiadas pelas informações oriundas da Contabilidade. (MARION, 1998). Ainda segundo a Contabilidade, dispõe de terminologia e expressões próprias com condições de estabelecer uma identidade e delimitação de preceitos que lhes soa particularidades, principalmente nos aspectos financeiros e físicos, por meio do modo quantitativo, registro, auditar e uma avaliação de eventos, informações, devido a dinâmica do patrimônio das instituições. (IUDICIBUS et al, 2003) A execução profissional das tarefas contábeis é de alçada exclusiva dos contabilistas habilitados legalmente perante o conselho regional de Contabilidade do local onde será executada a atividade. 17 De acordo com Sá (2001), o profissional que exerce a Contabilidade, contador ou mesmo técnico, deve executar as suas atividades nos mais variados setores, como assessor, analista, perito entre outros. Quanto à profissão contábil, como as outras profissões licitamente regulamentar, fica também sob a égide das leis federais e foram formalizadas pelo Decreto-Lei n. 9295/46 de acordo com o que já foi dito, em cujo dispositivo, entre outros aspectos, foram elaborados pelas duas categorias de profissionais que perdura até hoje: a de contador e a de técnico em Contabilidade, com prerrogativas e atribuições bem definidas para cada caso. A profissão de contador é de nível superior, com direito ao diploma de bacharel em ciências contábeis, automaticamente registrado no seu devido Conselho Regional. Já o técnico em Contabilidade é um profissional a nível médio, com direito ao certificado de técnico em Contabilidade, que também irá executar as tarefas concernentes, e estará legalmente registrado no Conselho Regional de Contabilidade (FORTES, 2001, p. 23). Porquanto, o concludente terá o seu diploma do curso superior em ciências contábeis ou então do curso médio técnico em Contabilidade, poderá ir ao CRC com abrangência no local onde o profissional quiser manter o seu domicílio de profissional, qual seja em que o contabilista executará, ou então, irá direcionar a totalidade ou boa parte das suas tarefas profissionais, quer seja como autônomo, empregado ou sócio de algum escritório, que conforme a legislação pode ser até mesmo no seu endereço domiciliar (FORTES, 2001). Como acontece em todas as profissões regulares e fazendo parte da regulamentação da profissão, elaboram também os Conselhos Regionais e o Conselho Federal de Contabilidade, cujas metas maiores eram unicamente o ato de registrar a habilitação dos profissionais e alavancar a observância do exercício da profissão dos contadores como também dos então técnicos em Contabilidade. (SÁ, 2001). Para completar a regulamentação supracitada, há vários dispositivos legais, especialmente as resoluções, advindas do Conselho Federal do contabilista e dos demais Conselhos Regionais, como também o código de conduta ética do profissional de contabilidade. 18 A legislação exige prerrogativas, obrigações, orientações e disciplina, o profissional de maneira direta, tanto no âmbito técnico quanto moral. Vários profissionais de outros setores e que se utilizam da informação contábil não conhecem os apoios legais que cuidam da matéria, especificamente quando recorrem a própria constituição federal, lei maior no ordenamento jurídico, que antevê no capítulo que cuida dos deveres e direitos de cada um, como também das delimitações para o exercício das profissões regulares, cujas atividades para poderem ser executadas, terão que ser obrigadas a acatar a legislação básica de cada ato (BACCI, 2002). Para estas profissões, simplesmente não é suficiente aprender ou ser hábil de fato para poder exercer a sua atividade laborativa. É imprescindível que se adquira o direito de executar tais atividades, por meio da formação acadêmica e do registro do diploma no conselho ou órgão responsável e que fiscalizador da profissão, ou seja, de outro modo, tem que atender as especificações profissionais, na qual a lei específica estabelecer. Neste conceito está colocada a profissão contábil, por tratarse de uma função legalmente regulamentada. 1.1.2 Responsabilidade Social Quanto à responsabilidade social é um argumento bem recente, aparecendo após as demandas e as exigências por maior transparência nos negócios, as empresas foram obrigadas a assumir uma posição mais responsável diante da sociedade (SÁ, 2001). Quanto à responsabilidade social é cada vez mais respeitada e importante é a parceria entre a iniciativa privada e o terceiro segmento para que possa ser almejado um nível maior de prosperidade econômica e uma sociedade com mais justiça e respeito (MENDES, 2003). A responsabilidade social deve ser entendida como: A forma ética e responsável que a empresa desenvolve todas as suas ações, suas políticas, suas práticas, suas atitudes, tanto com a comunidade quanto com o seu corpo funcional. Enfim, com o ambiente interno e externo à organização, e com todos os agentes interessados no processo (GIOSA, 2010, on-line). 19 No Brasil, a responsabilidade social alcançou um grande impulso nos anos 90, proveniente da adesão cada vez maior das organizações que leva em conta, o conteúdo como parte integrante das suas bases. Por conta disso, tornou-se de suma importância que as organizações tivessem uma melhor maneira de se administrar, mais direcionada as necessidades públicas e sociais, com responsabilidade e a verificação de uma posição positiva, uma vez que a face constitucional seja forte perante o mercado. Por isso, é importante que a organização tenha uma visualização que indique e soluciona os problemas mais comuns, procurando resolver certas situações e que satisfação aos dois lados, pois o que estão envolvidos possam ser beneficiados. Convém ressaltar que a responsabilidade social é uma postura que pode espelhar a ética da organização na procura da constante melhoria, logo após de uma gestão ética e social, em que a sociedade local possa ser envolvida. Ainda pode ser acrescentado que os profissionais de Contabilidade cada vez mais estão interessados na responsabilidade social concernente à sua profissão, assim, tem-se que: Um fato que me chamou a atenção definitivamente para o avanço da responsabilidade social entre os segmentos profissionais foi o último congresso anual dos contabilistas. Pelo menos três mil profissionais da área examinaram pela primeira vez o papel social do contador. Certamente, há alguns anos, um tema desse tipo não atrairia mais que uma dezena de contadores (TREVISAN, 2010, online). Resumindo, deve-se afirmar que as oportunidades para a profissão e para o profissional de Contabilidade serão formadas de diversas modificações como as modificações em seu posicionamento profissional, principalmente ao que é referido, quanto a sua cada vez maior importância nas tomadas de decisões, novas situações de caráter social que passaram a serem cobertas pela Contabilidade e a necessidade de haver uma harmonização do processamento e propagação das informações contábeis, a nível mundial. Em outra avaliação: A Contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. Com o passar do tempo o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos (...), 20 ressaltamos que a Contabilidade não deve ser feita visando basicamente a atender às exigências do governo, mas, o que é muito mais importante, a auxiliar as pessoas a tomarem decisões (MARION, 1998, p. 54). Por fim, o Contabilista utiliza-se de demonstrativos para fomentar as necessidades empresariais em processos de tomadas de decisões e controle. 1.2 Demonstrações Contábeis 1.2.1 Balanço Patrimonial Cientificamente ponderar, o balancete patrimonial é imprescindível para todos os empresários e sociedades com duas exceções previstas (Rurais e pequenos empresários) e a sua composição é uma resultante das partidas que se duplicam dessa maneira um ou mais créditos podem existir, ou então mais debito do mesmo valor. Grosso modo, dominar e pensar na idéia de uma balança de dois pratos, de onde consecutivamente achar a igualdade. Ainda expedirá opinião, de mensuração, de peso somente que no caso do Balanço Patrimonial não se aferir o peso, mas sim o patrimônio (SFREDO, 1997). Juntando as duas partes, obtém-se o balanço patrimonial, equilíbrio do patrimônio, igualdade patrimonial. Em sentido dilatado, o balanço ratifica a conjuntura patrimonial da empresa em determinada data. As Demonstrações Contábeis são o conjunto de informações que devem ser obrigatoriamente divulgadas, anualmente, segundo a lei 6404/76, pela administração de uma sociedade por atuação e conceber o seu pagamento de contas para sócios e acionistas. A prestação anual de contas é composta pelo Relatório da Administração, as Demonstrações Contábeis e as notas explicativas que as acompanham, o Parecer dos Auditores Independentes (caso existir) e o Parecer do Conselho fiscal, caso permaneça. A avaliação patrimonial, depois da reformulação abonada pela lei no 11.638/07 junto com a MP 449/08, a abertura colocar um novo julgamento globalizado para este demonstrativo incidir anualmente (após 2008) neste 21 demonstrativo deve demonstrar dimensão para o ativo como para o passivo a verba que satisfazer ao "ativo" da empresa e ao "não-circulante" Na Contabilidade e no Direito, a palavra "cálculo" decorrente da estabilização ou da eqüidade promulgada nos seguintes procedimentos contábeis: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido Aplicações = Origens. A terminação patrimonial tem ascendência no patrimônio da empresa, ou seja, conjunto de bens, direitos e serviços (SÁ, 2001). Em nomenclatura atual em costume no Brasil, o Balanço é um esclarecimento contábil que tem por finalidade oferecer a disposição contábil, financeira e econômica de um instituto (em geral, uma empresa) em determinar uma data, conceber uma atitude estática (disposição ou circunstância do patrimônio em motivar data) (MATARAZZO, 2003). No Direito Privado, era chamado antes pelo Código Comercial Brasileiro de "Balanço Geral". A partir da lei 6.404/76, o Balanço das companhias passou a ser designado de "Balanço Patrimonial", procurando diferenciar essa Demonstração Contábil do "Balanço Financeiro", próprio das entidades sem fins lucrativos. O Balanço apresenta os Ativos (bens e direitos) e Passivos (obrigações) e o Patrimônio Líquido, que é resultante da diferença entre o total de ativos e passivo. 1.2.2 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é uma demonstração contábil dinâmica que se destina a corroborar a concepção do resultado líquido em um estágio, por meio da confrontação das receitas, custos e despesas, aprimorar o princípio contábil do regime de competência (CAMPOS FILHO, 2006). 22 Conforme o Conselho Federal de Contabilidade, através da Resolução nº 750/93, regime de Competência é quando: – As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se relacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. – As receitas e as despesas são atribuídos aos períodos de acordo com a real incorrência dos mesmos, isto é, de acordo com a data do fato gerador e não quando são recebidos ou pagos. Conforme a legislação brasileira Lei nº 6.404, de 15 – 12 – 1976, Lei da Sociedade por Ações, as empresas deverão discriminar na Demonstração do Resultado do Exercício: - A receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos, - A receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto, - As despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais, - O lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais, - O resultado do exercício antes do Imposto de Renda e a provisão para tal imposto, - As participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, - O lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do Capital Social. 1.2.3 Demonstração de mutações do Patrimônio Líquido - DMPL A preparação da Demonstração de mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é facultativa e, conforme o artigo 186, parágrafo 2º, da Lei das S/A, a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) faculdade de ser ação. A DMPL abrangida nesta declaração é uma amostra mais concluída e abarcante, já que ratificam a circulação de todas as contas do patrimônio líquido durante o exercício social, com inclusão da formação e uso das ressalvas e não proceder do lucro. 23 Com semelhança às contas que compõem o Patrimônio Líquido – PL das empresas brasileiras é apropriado asseverar que as alterações podem advir por desigual motivo. Deste modo, os incisos que representam o patrimônio absoluto são: a) acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo líquido do exercício, b) redução por dividendos, c) acréscimo por reavaliação de ativos (quando o resultado for credor), d) acréscimo por doações e subvenções para investimentos recebidos, e) acréscimo por subscrição e integralização de capital, f) acréscimo pelo recebimento de valor que exceda o valor nominal das ações integralizadas ou o preço de emissão das ações sem valor nominal, g) acréscimo pelo valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição, h) acréscimo por prêmio recebido na emissão de debêntures, i) redução por ações próprias adquiridas ou acréscimo por sua venda, j) acréscimo ou redução por ajuste de exercícios anteriores (PORTAL DE CONTABILIDADE, 2010a, on line). Entretanto, os subsídios que não afetam o total do patrimônio são: a) aumento de capital com utilização de lucros e reservas, b) apropriações do lucro líquido do exercício reduzindo a conta Lucros Acumulados para formação de reservas, como Reserva Legal, Reserva de Lucros a Realizar, Reserva para Contingência e outras, c) reversões de reservas patrimoniais para a conta de Lucros ou Prejuízos acumulados, d) compensação de Prejuízos com Reservas (PORTAL DE CONTABILIDADE, 2010a, on line). Com analogia a metodologia a ser adotada, destaca-se que a preparação da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido é relativamente simples, pois basta imaginar, de contorno sumário e coordenado, a circulação dar-se durante o aprendizado nas diferentes contas do Patrimônio Líquido, isto é, Capital, Reserva de Capital, Reservas de Lucros, Reserva de Reavaliação, Ações em Tesouraria e Lucros ou Prejuízos Acumulados (SÁ, 2001). Utiliza-se uma base para cada uma dos cálculos do patrimônio da empresa, abrangendo uma conta total, que concebe a somatória dos resultados ou acordo de todas as contas particulares. Essa passagem precisa ser removida do verbete de pretexto desses cálculos. 24 As ligações e seus valores são decorrentes das colunas referentes, mas de forma ordenada, por exemplo, se oferece um avanço de capital com lucros e reservas, na linha natural a esse acordo, transcreve-se o aditamento na coluna de capital pelo valor do aumento e, na mesma linha, as reduções nas contas de reservas e lucros empregados na ampliação de capital pelos valores correspondentes (SILVA; LIMA, 2010). 1.2.4 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA ratifica as alterações darem-se no saldo da conta de lucros ou detrimentos acumulados, no Patrimônio Líquido. De combinação com o artigo 186, § 2º da Lei nº 6.404/76, adiante perpassar, a corporação poderá, à sua escolha, conter a demonstração de lucros ou prejuízos acumulados nas demonstrações das modificações do patrimônio líquido. A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia. (art. 186, § 2º da Lei nº 6.404/76). Com relação às demais sociedades, a DLPA é imprescindível para as sociedades limitadas e outros tipos de empresas, segundo a legislação da contribuição de Renda (art. 274 do RIR/99). No que se citar à sua conciliação, a DLPA deve originar o discernimento de: 1. o saldo do início do período e os ajustes de exercícios anteriores, 2. as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício, e 3. as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período (PORTAL DE CONTABILIDADE, 2010, on line). Com relação específica à realização de ajustes nos exercícios, devem ser analisados somente os decorrentes de implicação na mudança de crítica contábil, ou 25 da correção de erro imputável a apontado exercício prévio, e que não possam ser infligir a fatos seguintes. Na DLPA, as reversões de reservas correspondem às alterações incidir nas contas que registrar as reservas, mediante a reversão de valores para a conta Lucros Acumulados, em benefício daqueles valores não serem mais aproveitados. Já a análise do lucro ou prejuízo líquido do exercício deve ser compreendida como decorrência líquida do ano verificado na Demonstração do Resultado do Exercício, cujo valor é contemporizado para a conta de Lucros adicionados. De acordo com o § 2º do artigo 186 da Lei nº 6.404/76 a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e divulgada pela companhia, pois não inclui somente o movimento da conta de lucros ou prejuízos acumulados, mas também o de todas as demais contas do patrimônio líquido (PORTAL DE CONTABILIDADE, 2010c, on line). As alterações para reservas são as assimilações do lucro praticadas para a constituição das reservas patrimoniais, tais como: reserva legal, reserva estatutária, reserva de lucros a exercer, reserva para cota. 1.2.5 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR busca confirmar a procedência de recursos que aumentam a folga financeira de resumido aforamento (ou o capital circulante líquido) e o aproveitamento de recursos que esgotam essa folga (SFREDO, 1997) Para a preparação da Demonstração da Aplicação de Recursos deve-se primeiro analisar as alterações das contas não circulante e posteriormente às contas circulantes, mediante a transformação obtida no Capital Circulante Líquido (CCL). Essa composição tem como papel confirmar qual a origem e onde foram aplicados os recursos, tanto em investimentos extenso bem como a curto prazo. 26 Para a elaboração da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos é mister, os seguintes passos: 1º passo: aquisição do balanço final, em seguida de todos os amoldamento, na data de encerramento do exercício, assim como do balanço de encerramento do exercício antecedente; 2º passo: aprimorar as diferenças dos saldos das contas, ou seja, a contestação líquida dentre os mesmos; 3º passo: apreciação da conciliação das alterações acontecidas em cada uma das contas; e 4º passo: checagem em meio às contas que compõem o AC e o PC, através da apuração do Capital Circulante Líquido. Estes passos podem ser percebidos nos seguintes momentos. Fase para Elaboração Primeira Etapa: incidir na apreciação dos grupos de contas do Ativo e Passivo não circulante sugere a posição financeira da empresa, explicitar as origens e aproveitamento dos recursos obtidos na conferição do Balanço Patrimonial entre dois períodos. As origens de recursos são representadas pelos aumentos no Capital Circulante Líquido, e as mais comuns são: a) das próprias operações, quando as receitas (que geram ingressos de capital circulante líquido) do exercício são maiores que as despesas, ou seja, resultam do lucro líquido apurado exclusivamente das operações regulares da empresa. Assim, se houver lucro, teremos uma origem de recursos, se houver prejuízo, teremos uma aplicação de recursos. Salvo se a empresa apurar prejuízo no exercício decorrente de ajustes, esse resultado deverá ser representado como Origens; Dos acionistas, pela ampliação do capital integralizado pelos mesmos no exercício, já que tais expedientes aumentaram as disponibilidades da empresa e, por conseguinte, o seu capital circulante líquido; De terceiros, por empréstimos conseguidos pela empresa, amortizado em longo prazo, bem como dos recursos proveniente da venda a terceiros de bens do Ativo Permanente, ou de transformação de Realizável em Longo Prazo em Ativo Circulante; e Transferência parcial ou total do realizável em longo prazo para curto prazo (PORTAL DE CONTABILIDADE, 2010e, on line). De acordo com informações coletadas no site do Portal do Contabilista, as diminuições, extinções, podem representar uma recuperação de fundos, devem ser adicionadas ao lucro líquido acurado no exercício, para a finalidade de preparação da demonstração das procedências e aplicações de recursos. 27 As aplicações mais triviais que sugerem na variação do Capital Circulante Líquido são as subseqüentes: Diminuição do Passivo Circulante: a) distribuição de Lucros, b) pagamento total ou parcial de empréstimos em longo prazo, determinando redução do Exigível em Longo Prazo, e c) cessão de empenho a pagar de Longo Prazo para Curto Prazo; e Acrescentamento do Ativo não circulante: a) compra de imóveis à vista, b) aumento do Realizável em longo prazo por meio de Empréstimos a Terceiros, longo prazo (PORTAL DE CONTABILIDADE, 2010e, on line). Fato que não aparentam o Capital Circulante Líquido, pois as alterações acontecem exclusivamente dentro da coligação Circulante ou do grupo Não Circulante: obtenção de mercadorias à vista ou em pequeno prazo, e empréstimo em longo prazo para adquirir aparelhamento. Por fim, a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR, depois da reformulação abonada pela lei n o 11.638/07 junto com a MP 449/08, foi substituído pela Demonstração de Fluxos de Caixa – DFC. 1.2.6 Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC Em 1971, a norma inicialmente implantada em 1963 foi alterada para Reporting Changes in Financial Position requerendo que todas as organizações norte-americanas publicassem obrigatoriamente suas demonstrações de resultado em seus relatórios anuais, bem como solicitando uma auditoria externa constante. Dois anos depois, em 1973, foi proibido que as empresas públicas incluíssem em seus relatórios informações sobre o fluxo de caixa por ação. Segundo Iudicibus et al. (2003, p. 69), foi em virtude de: Quando a DFC foi tornada obrigatória nos Estados Unidos, muitos profissionais da área contábil temiam que ela pudesse vir a substituir a contabilidade em base-competência. Preocupado com essa hipótese, o FASB tratou de proibir a divulgação de qualquer índice relacionado a caixa por ação na DFC, por entender ser a Demonstração de Resultados mais indicada para a avaliação de performance da empresa, sendo por conseguinte, a informação lucro por ação mais útil para o usuário. 28 Em território nacional, a primeira citação sobre a Demonstração do Fluxo de Caixa ocorreu por meio da Lei no 6.404/76 que dispõe sobre as sociedades por ações, destacando sua não obrigatoriedade de uso. Mas, por meio do Projeto de Lei no 3.741/2000 que define e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e publicação de demonstrações contábeis, ou seja, ocorreu a regulamentação e obrigatoriedade de publicação da Demonstração do Fluxo de Caixa pelas empresas brasileiras de capital aberto. Sobre a DFC, é possível compreendê-la como uma ferramenta de programação financeira, abrangendo o conjunto de estimativas de entradas e saídas de caixa em determinado período (CAMPOS FILHO, 2006). Segundo Zdanowicz (2004, p. 19), o fluxo de caixa é “o instrumento que permite ao administrador financeiro planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros de sua empresa para um determinado período”. Complementando sua percepção sobre o assunto, Zdanowicz (2004, p. 20), afirma que o fluxo de caixa pode ser analisado como: O instrumento utilizado pelo administrador financeiro com o objetivo de apurar os somatórios de ingressos e de desembolsos financeiros da empresa, em determinado momento, prognosticando assim se haverá excedentes ou escassez de caixa, em função do nível desejado de caixa pela a empresa. Emitindo uma opinião contrária ao tema, Frezatti (1997, p. 33) menciona que “o fluxo de caixa é um instrumento ainda muito empírico e simples, mas que o torna, por muitas vezes, uma técnica de difícil manuseio”. Essa percepção do autor é uma decorrência natural da época em que ele escreveu seu livro, período em que a maioria das empresas ainda não estava ciente da relevância desta ferramenta ao processo de tomada de decisão. Silva e Ferreira (2007, p. 2) são defensores da importância da DFC no processo decisório das pequenas empresas brasileiras, pois “propicia ao gerente financeiro a elaboração de melhor planejamento financeiro, pois numa economia tipicamente inflacionária não é aconselhável excesso de caixa, mas o estritamente necessário para fazer face aos seus compromissos”. 29 Defendem, ainda, que as organizações devem utilizar este instrumento desde o começo de suas atividades e não apenas em momentos de crise financeira ou contábil, pois assim terão mais uma ferramenta de auxílio ao processo decisório. Para Silva e Lima (2010, on line), a importância da DFC reside no fato de ser: Em instrumento essencial para que a empresa possa ter agilidade e segurança em suas atividades financeira. Logo, o fluxo de caixa deverá refletir com precisão a situação econômica da empresa, em termos financeiros de futuro. O fluxo de caixa é o instrumento que permite ao administrador financeiro planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros de sua empresa para determinado período. Em uma abordagem um pouco diferenciada, Iudicibus et al. (2003, p. 351) afirmam especificamente sobre a DFC que “é uma demonstração financeira destinada a fornecer informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, ocorridos durante determinado período”. Mediante a concepção demonstrada pelos mencionados autores, a DFC precisa ser, necessariamente, um relato fiel da atual situação financeira da empresa. Assim, no meio organizacional, o caixa representa o ativo mais líquido que a empresa possui, devendo ser encontrado em espécie na referida organização, além dos bancos e do próprio mercado financeiro em curtíssimo espaço de tempo. Nesse caso, a DFC é compreendida como uma técnica de gestão financeira, a fim de auxiliar os gerentes da área financeira e os próprios empresários a administrar seu fluxo de entradas e saídas de caixa, além dos recursos disponíveis na empresa. Assim, qualquer movimentação diária envolvendo entradas e saídas de recursos financeiros precisam ser resumidas neste instrumento, pois demonstra a atual situação financeira da empresa de acordo com cada movimento. Dessa forma, a organização deve, a partir desses registros de entradas e saídas de caixa, dispor de informações constantemente atualizadas, bem como obter melhores resultados de excedentes de caixa, aplicações financeiras mais seguras e rentáveis otimizando as aplicações dos proprietários. Nesse contexto, Iudicibus et al. (2003, p. 47) aceitam que: 30 O fluxo de caixa pode ser considerado uma das principais técnicas de análise e averiguação de uma organização, oferecendo ao gestor uma melhor visão de seus negócios e recursos financeiros, além de integrar o caixa central, contas correntes de aplicações, bancárias, bem como as receitas, despesas e provisões. A deliberação referente à compra e venda, investimentos, aportes de capital pelos sócios captação ou pagamento de empréstimos e desinvestimentos, compõem um fluxo contínuo entre as fontes causadoras e aquelas que utilizam os recursos. Com isso, pode e deve ser usada por organizações de qualquer porte físico em decorrência de sua simplicidade e importância. Não existe uma abordagem considerada como universal para os objetivos da DFC, mas análises complementares que são realizadas por diversos autores que convergem ao ponto de considerar a necessidade de a empresa manter um fluxo positivo em seu caixa, preservando um maior número de entradas do que saídas. A DFC objetiva dar à empresa a competência em gerar fluxo de caixa positivo, bem como pagar dividendos, analisando as possíveis necessidades de financiamentos externos (ASSAF NETO & SILVA, 1999). Além disso, é uma ferramenta importante no processo de averiguação dos principais motivos das diferenças entre lucro líquido relacionado a recebimentos e pagamentos. Portanto, é necessário identificar a origem de caixa dentre as várias atividades desempenhadas na empresa, sejam elas operacionais, de investimentos e financiamento a partir de um determinado período contábil. O principal objetivo do fluxo de caixa, conforme Zdanowicz (2004, p. 219) é: A projeção das entradas e das saídas de recursos financeiros para determinado período, visando prognosticar a necessidade de captar empréstimos ou aplicar excedentes de caixa nas operações mais rentáveis para a empresa. Zoratto e Santos (2000) acreditam que o principal objetivo de um fluxo de caixa é identificar em qual nível deverá ficar o saldo de caixa atual a partir de uma apreciação de um sub-período relevante. 31 Zdanowicz (2004) avalia os principais objetivos da DFC sob diferentes óticas, uma delas foca na facilitação da análise, cálculo e seleção das principais linhas de crédito que são obtidas junto às instituições financeiras, além da programação de possíveis ingressos e desembolsos de caixa de modo bastante criterioso mediante a determinação do período em que precisa ocorrer a deficiência de recursos disponíveis e o montante, com tempo suficiente para que as medidas necessárias sejam providenciadas. Além disso, os referidos autores mencionam a necessidade de haver um planejamento prévio sobre possíveis desembolsos conforme as disponibilidades de caixa, a fim de evitar o acúmulo de compromissos maiores em períodos de pouca movimentação. Assim, é preciso considerar quantos e quais recursos disponíveis a empresa possui em cada um de seus períodos, bem como quais são as formas mais rentáveis de aplicá-los a fim de satisfazer as necessidades da empresa. Nesse contexto, outro ponto importante é o intercâmbio de vários departamentos da organização com o setor financeiro, pois, somente assim, conseguirá uma troca de informações apropriada. Desse modo, os autores citados acreditam ser necessário o desenvolvimento de uma metodologia que implante o uso eficiente e racional dos recursos disponíveis, além de analisar como obter financiamento das necessidades sazonais ou cíclicas de seus clientes. Nessa linha, Zdanowicz (2004, p. 27) ainda acredita que são objetivos do fluxo de caixa: Providenciar recursos para atender aos projetos de implantação, expansão, modernização ou relocalização industrial e ou comercial, Fixar o nível de caixa, em termos de capital de giro, Auxiliar na análise dos valores a receber e estoques, para que se possa julgar a convivência em aplicar nesses itens ou não, Estudar um programa saudável de empréstimos ou financiamentos. Mediante avaliação da citação anterior, verifica-se que a DFC precisa verificar o movimento de cada unidade monetária dentro da organização. 32 1.2.7 Demonstração do Valor Adicional – DVA A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é o informe contábil que ratifica de maneira sintética, os valores apropriados à formação da riqueza determinada pela empresa em verificado momento e sua concernente classificação. De modo óbvio, por se abordar de um demonstrativo contábil, seus elementos devem ser retirados da escrituração, com base nas Normas Contábeis vigentes e tomar conhecimento tendo como base o Princípio Contábil da Competência. O patrimônio gerado pela empresa, coeficiente no julgamento de valor acumulado, é computar, a partir da contestação dentre o valor de sua produção e o dos bens e serviços produzidos por terceiros utilizados no processo de produção da empresa. A utilização do DVA como instrumento gerencial pode ser conciso da seguinte forma: 1) como índice de avaliação do desempenho na geração da riqueza, ao medir a eficiência da empresa na utilização dos fatores de produção, comparando o valor das saídas com o valor das entradas, e 2) como índice de avaliação do desempenho social à medida que demonstra, na distribuição da riqueza gerada, a participação dos empregados, do Governo, dos Agentes Financiadores e dos Acionistas (PORTAL DE CONTABILIDADE, 2010c, on line). O valor acumulado demonstra, ainda, a eficaz ajuda da empresa, dentro de uma visão global de performance, para a origem de riqueza da economia na qual está fixada, sendo decorrência do esforço combinado de todos os seus fatores de produção. A Demonstração do Valor Adicionado, que, além disso, competência e associar o Balanço Social constituem desse modo, uma respeitável fonte de subsídios à medida que oferece esse conjunto de elementos que permitem a apreciação do comportamento econômico da empresa, corroborando a origem do patrimônio, quando das decorrências sociais causarem pela distribuição dessa riqueza. 33 1.2.8 Balanço Social No início dos anos 90, o Banco do Estado de São Paulo – BANESPA publicou seu relatório social contendo as ações realizadas nessa área, sendo denominado Balanço Social do Banespa, com isso, houve um incremento no número de organizações que aderiram à publicação desses relatórios, a fim de comprovar seu comportamento social, mais humanizado. Nessa linha de atuação, Herbert de Souza, o Betinho, difundiu a idéia da responsabilidade social pelas empresas a partir da campanha de arrecadação de alimentos para matar a fome das pessoas necessitadas. Em 1997, Betinho em conjunto com o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE e em parceria com a Petrobrás, lançou uma campanha de divulgação da importância de publicação do Balanço Social, destacando ser a etapa inicial para que uma organização torne-se realmente cidadã. Complementando essa análise, Tinoco (2001, p. 47) afirma que: Lançou campanha convocando os empresários e a sociedade a um maior engajamento e participação na promoção de melhorias nas condições de vida da população e na superação da pobreza. Além disso, lançou também a idéia da elaboração e divulgação do Balanço Social como instrumento de demonstração deste envolvimento, explicitando que este relatório representa resposta das organizações, na divulgação da adoção de sugestões sociais e comunitárias. A esse engajamento denominou de Empresa Pública e Cidadã. É nesse contexto que as empresas brasileiras sentiram a necessidade de aderirem à elaboração e publicação do Balanço Social, a partir do desenvolvimento de ações concretas no campo social que fossem capazes de tornarem-na realmente cidadã, reconhecida pelo público externo pelos benefícios trazidos à sociedade. Ao elaborar o modelo do Balanço Social, o IBASE o fez de forma muito simples, prevendo itens como: indicadores laborais (alimentação, saúde, educação, contribuições para a sociedade, creches, participações nos lucros e resultados), indicadores sociais (saúde e saneamento, habitação esporte e lazer, investimentos em meio ambiente relacionados com a operação da empresa e externos educação e cultura), indicadores do corpo funcional (número de colaboradores, de admissões, 34 de mulheres que atuam na empresa e em cargos de gestão, bem como de portadores de deficiência) (TINOCO, 2001). Em uma pesquisa realizada por Tinoco (2001, p. 108), o Balanço Social pode ser definido como: Um instrumento de gestão e de informação que visa a reportar da forma mais transparente possível, vale dizer, evidenciação plena – full disclosure – informações econômicas, financeiras e sociais do desempenho das entidades aos mais diferenciados usuários da informação, dentre estes usuários os trabalhadores. Para Araújo (2003, p. 84), o Balanço Social “é um instrumento de medida que permite verificar a situação da empresa no campo social, registrar as realizações efetuadas neste campo e principalmente avaliar as relações ocorridas entre o seu resultado e a sociedade”. Assim, percebe-se que o Balanço Social é a principal forma de publicar as ações que as empresas realizaram em prol do desenvolvimento sustentável de uma determinada região. Conforme Sfredo (1997, p. 20), Balanço Social pode ser compreendido como: Um conjunto de informações que tem como principal objetivo demonstrar o grau de envolvimento da empresa em relação à sociedade na qual está inserida. É um instrumento de aferição, de demonstração do que se passa com uma organização, não podendo refletir o que não foi feito. Ao defender a elaboração e publicação do Balanço Social, Betinho menciona que: É demonstrar quantitativamente e qualitativamente o papel desempenhado pelas empresas no plano social, tanto internamente quanto na sua atuação na comunidade. Os itens dessa verificação são vários: educação, saúde, atenção à mulher, atuação na preservação do meio ambiente, melhoria da qualidade de vida e de trabalho de seus empregados, apoio a projetos comunitários visando à erradicação da pobreza, geração de renda e de novos postos de trabalho. O campo é vasto, e várias empresas já estão trilhando esse caminho. Realizar o Balanço Social significa uma grande contribuição para a consolidação de uma sociedade verdadeiramente democrática, social e pública (IBASE, 2010, on line). 35 Ao analisar o tema, Kroetz (2000 p. 37) afirma que Balanço Social: Representa a demonstração dos gastos das influências (favoráveis e desfavoráveis) recebidas e transmitidas pelas entidades nas promoções humana, social e ideológica, sendo que os efeitos dessa interação se dirigem aos gestores, aos empregados e à comunidade, no espaço temporal passado/presente/futuro, tornando-se parte integrante da Contabilidade Social, configurando uma demonstração para a sociedade e não da sociedade. Por fim, observa-se que os diferentes autores enfatizam o Balanço Social como um instrumento capaz de demonstrar as ações das empresas no campo social e ambiental, permitindo uma avaliação sobre a atuação da empresa pela comunidade. 36 2 OS INDICADORES DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Nesta seção ocorre a apresentação dos indicadores das demonstrações contábeis que são os de estrutura de capitais, de liquidez, de rotação de retorno ou rentabilidade e os ciclos operacional e financeiro. Com a crescente concorrência no mercado as análises de balanço vêm sendo um dos grandes aliados das empresas, pois é a partir dos balancetes que são extraídos dados contendo informações sobre a organização envolvendo a sua posição no passado, presente e futuro. Nessa linha de raciocínio Assaf Neto (2002, p. 33) comenta que a análise de balanço “visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pelas empresas, à posição econômico-financeira atual, as causas que determinara a evolução apresentada e as tendências futuras”. Para o autor enquanto nas análises de balanços o maior objetivo visa buscar a extração de dados expressivos das Demonstrações Financeiras no intuito de garantir a confiabilidade na tomada de decisões, uma vez que as informações são consideradas fundamentais para o processo relacionado à análise de balanços referem-se os relatórios contábeis, os quais são elaborados pela empresa periodicamente. No entanto, é importante ressaltar que as análises tradicionais são organizadas a partir de grupos de indicadores que buscam fazer uma análise dos seguintes pontos: a) da liquidez; b) do endividamento; c) da rentabilidade da empresa; d) da alavancagem da organização; e) do retorno de investimento, f) da estrutura empresarial; g) da qualidade dos ativos e passivos, e h) dos índices de imobilização, entre outros indicadores (MARION, 2005, p. 56). Seguindo esse raciocínio, entende-se que a análise relacionada às demonstrações contábeis refere-se a um método analítico, o qual se utiliza de 37 indicadores no intuito de indicar a real situação do setor econômico da empresa, como também de determinadas atividades ou ainda mais para apontar a situação de um setor econômico, atividade ou mais especificamente de uma entidade. Dessa forma, o que se deseja com os indicadores contábeis é nada mais que avaliar, confrontar assim como projetar desempenhos, sejam eles no âmbito da economia, financeiros ou ainda relacionado ao patrimônio. O que se busca com os indicadores contábeis é medir, comparar e projetar desempenhos, sejam eles econômicos, financeiros ou patrimoniais. No entanto, faz-se necessário que os indicadores escolhidos para alcançar tais objetivos de fato caracterizem as situações empresariais. Para isso, segundo Marion (2005) pode dizer que os aspectos considerados essenciais que devem estar contidos nos indicadores são: Objetividade, de modo a admitir sua correta avaliação; Mensurabilidade, devendo ser quantificáveis satisfazendo a exigência de uma determinada escala; Compreensibilidade, ou seja, devem apresentar em seu contexto uma denotação inteligível; e Comparabilidade, tanto no âmbito intertemporal, quanto entre as organizações de modo a apresentar uma visão do mercado como um todo. Em complemento ao tema Assaf Neto (2002) comenta ainda que de um geral as empresas impõem suas decisões de maneira contínua e inevitável baseada dois tipos que são as decisões relacionadas ao financiamento e decisões ligadas ao investimento, sendo que estas decisões são responsáveis pela definição tanto no âmbito financeiro quanto na atratividade econômica. Partindo-se desse raciocínio percebe-se que a base dos indicadores das demonstrações contábeis é realizada baseada em estudos associados às relações de causas e efeitos. Seguindo essa linha de raciocínio: 38 Os indicadores relativos são normalmente relações de proporcionalidade obtidas a partir de dados extraídos das demonstrações contábeis por meio de comparações diretas entre grandezas, cálculos de proporções percentuais, utilização de quocientes, comparação com quocientes padrões e curvas de tendências. (LYRA; CORRAR, 2010, online). Diante do exposto, pode-se dizer que, são diversas possibilidades existentes de relacionamentos, ou seja, indicadores, os quais podem ser facilmente obtidos a partir das demonstrações contábeis. As análises de empresas, com base na tradição são fundamentadas na análise das demonstrações contábeis, servindo inicialmente para um estudo voltado para a atual situação econômico-financeira da empresa no intuito de auxiliar a tomada de decisão. Nesse sentido Reis (2003) comenta que a partir das demonstrações contábeis, a habitual “análise de balanço” fundamentada numa seqüência histórica de pelo menos três momentos, pode-se ter um conhecimento básico da evolução ou ainda da involução da real situação econômico-financeira em que a empresa se encontra, podendo nesse caso inclusive, fazer uma comparação entre os principais concorrentes no mercado, para que desse modo possa ser realizada uma avaliação melhor da sua performance. Assim, comumente essa análise das demonstrações contábeis é colocada em prática por meio dos seguintes indicadores: a) Indicadores de estrutura de capitais; b) Indicadores de liquidez; c) Indicadores de rotação; d) Indicadores de retorno ou rentabilidade. 2.1 Indicadores de Estrutura de Capitais Os indicadores de estrutura de capitais ou ainda como é comumente chamado de índices de estrutura patrimonial, tem como finalidade avaliar a segurança que a empresa se propõe a oferecer aos capitais de outros. Para isso, é analisada a política adotada para aquisição dos recursos, assim como alocação do mesmo nos distintos itens de ativos. Dessa forma, segundo Reis (2003) esse 39 indicador esta relacionado às decisões no âmbito financeiro de financiamentos, assim como também de investimentos de uma empresa. Assaf Neto (2002) disserta que este grupo de indicadores ratifica a situação financeira da empresa, em outras palavras, busca indicar os amplos caminhos existentes para as decisões financeiras no que se refere à obtenção como também na aplicação de recursos, além de possibilitar a identificação do grau de endividamento. Na concepção de alguns autores esses indicadores envolvem a participação de capitais de terceiros, assim como a composição do endividamento. Já no entendimento de outros, além desses incluem o endividamento geral e o passivo dispendioso sobre ativo. É interessante enfatizar um aspecto bastante importante que se refere ao sucesso da empresa, o qual esta diretamente relacionada ao sucesso administrativo da empresa em questão, sobretudo, do bom gerenciamento, no intuito de alcançar o equilíbrio desejado, na estrutura de capitais, como também entre os recursos de terceiros e ainda dos próprios recursos. Dessa forma, é possível identificar nesse grupo de indicadores um maior cuidado com relação às interpretações de "quanto maior melhor" e vice-versa. No intuito de elucidar essa idéia Marion (2005, p. 464) comenta que: Não há dúvida de que, principalmente em época inflacionária, é apetitoso trabalhar mais com Capital de Terceiros que com Capital Próprio. Essa tendência é acentuada quando a maior parte do Capital de Terceiros é composta de „exigíveis não onerosos‟, isto é, exigíveis que não geram encargos financeiros explicitamente para a empresa (não há juros nem correção monetária: fornecedores, impostos, encargos sociais a pagar etc.). Nessa mesma linha o autor comenta ainda que: Por outro lado, uma participação de Capital de Terceiros exagerada em relação ao Capital Próprio torna a empresa vulnerável a qualquer intempérie. Normalmente, as instituições financeiras não estarão dispostas a conceder financiamentos para as empresas que apresentarem esta situação desfavorável. Em média, as empresas que vão à falência apresentam endividamento elevado em relação ao patrimônio Líquido. (MARION, 2005, p. 464-465). 40 Diante do exposto, entende-se a necessidade de se analisar tais indicadores, assim como buscar qualificá-los ou mesmo caracterizá-los, que ao considerar como exemplo uma dívida como complemento dos Capitais Próprios, que é originada no intuito de ampliar, modernizar ou mesmo expandir o ativo, é considerado um endividamento sadio, mesmo que este tenha sido num valor elevado. Claro que essa ação é justificável se as aplicações produtivas gerarem recursos para saldar os compromissos. Já no caso das dívidas adquiridas no intuito de saldar outras dívidas, não geram recursos, e de modo geral a empresa acaba entrando num circulo vicioso, ou seja, numa seqüência sem fim de empréstimos. 2.2 Indicadores de Liquidez Ao analisar os indicadores de liquidez observa-se que estes são utilizados como medidas de avaliação da capacidade financeira da empresa, no intuito de averiguar se estes realmente podem assumir e atender os compromissos para com terceiros. Esse tipo de indicador fica mais evidente da sua função quando a empresa dispõe de bens, assim como de direitos em relação às obrigações as quais foram por ela assumidas durante o mesmo período. Matarazzo (2003, p. 146) procurar elucidar sobre indicadores de liquides ao afirmar que: O índice de liquidez é o termômetro que mede quão sólida é a base financeira da empresa, conseqüentemente a empresa com uma base sólida dispõe de condições muito favoráveis para honrar seus compromissos, porém não dá uma garantia de que o pagamento das dívidas ocorra no prazo acertado. O autor ainda comenta que os índices de liquidez revelam a base da situação financeira da instituição, ao afirmar que: Muitas pessoas confundem índices de liquidez com índices de capacidade de pagamento. Os índices de liquidez não são índices extraídos do fluxo de caixa que comparam as entradas com as saídas de dinheiro. São índices que, a partir do confronto dos ativos circulantes com as dividas, procuram 41 medir qual sólida é a base financeira da empresa (MATARAZZO, 2003, p. 163). Assaf Neto (2002) corrobora com seus estudos quando menciona quatro indicadores de liquidez, os quais buscam evidenciar a situação real das finanças da organização, levando-se em consideração seus diversos compromissos financeiros que são: índices de liquidez imediata, índice de liquidez seca, índice de liquidez corrente e índice de liquidez geral. - O índice de liquidez imediata revela a porcentagem das dívidas a curto prazo que tem possibilidade de serem liquidadas imediatamente com os recursos proveniente das disponibilidades. - Quanto ao índice de liquidez seca, mostra a porcentagem de dívidas de curto prazo em condições de serem saldadas utilizando todo o disponível, com exceção do estoque e das despesas antecipadas, ou seja, considera a disponibilidade em caixa e banco e valores a receber, dividida pelo passivo circulante. - O índice de liquidez corrente, compreende a divisão entre os valores alocados no ativo circulante pelos valores do passivo circulante, quanto maior este índice maior é a capacidade da empresa financiar suas necessidades de capital de giro. - No índice de liquidez geral, fica demonstrado a liquidez tanto a curto como a longo prazo, este índice revela de forma geral quanto a empresa possui de direitos e haveres para cada $ 1,00 real de dívida (ASSAF NETO, 2002 apud ALVES e ARANHA, 2010, online) É importante frisar ainda que no geral, os índices de liquidez buscam definir que quanto maior for à liquidez da empresa, cada vez melhor serão as finanças da instituição. No entanto, a empresa não deve avaliar que se for apresentada um elevado índice de liquidez não necessariamente estará em boa saúde financeira, até mesmo porque o cumprimento dos compromissos nas datas definidas dependerá de uma administração adequada levando em consideração os prazos tanto de recebimento, quanto de pagamento. 42 2.3 Indicadores de Rotação Ao realizar um estudo sobre os indicadores de rotação, nota-se que este é conhecido também como indicador de prazos médios ou ainda, denominado de índices de atividades. Assaf Neto (2002) ressalta sobre a importância para essa análise, haja vista que o balancete de uma organização muitas vezes é estático, sendo representada somente a situação da empresa em determinado período, não expondo realmente o dinamismo do patrimônio em si. Observa-se ainda que os indicadores de rotação buscam revelar o dinamismo dos estoques, assim como dos seus recebimentos e dos pagamentos de uma determinada instituição, por onde se consegue identificar e determinar os ciclos operacionais, assim como o financeiro. Em outras palavras, conhecer como são realizadas a política de compra e venda estabelecidas pela empresa, assim como a sua eficácia em relação aos recursos que estão sendo administrados. Nesse sentido, pode-se considerar como sendo indicadores de rotação o prazo médio de rotação dos estoques, o prazo médio de recebimento das vendas e o prazo médio de pagamento das compras. Marion (2005) explica que o prazo médio de rotação de estoques pode ser estimado sobre o estoque de mercadorias existente, a matéria prima e os produtos os quais ainda estão em elaboração, sendo sinalizado o período médio de venda e o período médio de compra. No caso do prazo médio de recebimento de vendas, Marion (2005) explica que este quociente explica a quantidade de vezes que o saldo médio de duplicatas a receber ou mesmo de clientes foi refeita em um determinado período. Logo, percebe-se que quanto maior for esse quociente, mais rápido será a renovação das duplicatas que estão a receber, o que representa que os clientes estão rapidamente sanando suas dívidas. Já o último caso, o qual se refere ao prazo médio de pagamentos de compras, ao se analisar este quociente percebe-se que este indica a quantidade de vezes que o saldo médio de duplicatas ou ainda de fornecedores a pagar foi renovado em um determinado período. 43 2.4 Indicadores de Retorno ou Rentabilidade O principal objetivo dos indicadores de retorno ou rentabilidade como também é chamado é realizar uma avaliação do desempenho final da organização. Nessa linha ao ser considerando que o lucro se apresenta como o principal estimulador dos investidores, além de se apresentar como uma das maneiras de avaliar com êxito um determinado empreendimento, nesse sentido então o indicador de rentabilidade passar a ser visto como um reflexo das políticas adotadas pela empresa assim como das principais decisões seguidas pelos seus administradores. Vale ressaltar ainda que, esse cenário passa a expressar de maneira objetiva o grau de eficiência econômico-financeiro atingido. (MARION, 2005). Na percepção de Matarazzo (2003), os índices de rentabilidade indicam qual a rentabilidade dos capitais investidos, em outras palavras, o valor da rentabilidade dos investimentos e assim, qual o nível de eficiência econômica da empresa. Gitman (2004, p. 52) assevera que a existência de diversas mediações de rentabilidade, acreditando que: Como grupo, essas medições permitem ao analista avaliar os lucros da empresa em relação a certo nível de vendas, a certo nível de ativos ou ao volume de capital investido pelos proprietários. Sem lucros uma empresa não poderia atrair capital externo. Os proprietários, credores e administradores preocupam-se muito com lucro, pois isso é visto como algo muito importante no mercado. Com base nas considerações apresentadas pelo autor, nota-se a importância de se conhecer as principais medições de rentabilidade, haja vista que estas proporcionam ao analista uma avaliação dos lucros da empresa, baseado nos diversos aspectos relacionados à suas atividades. Na seqüência é apresentado o quadro 1 com os indicadores da rentabilidade. 44 Indicador Composição Giro do ativo Vendas Líquidas/Ativos Total Retorno sobre as vendas (Lucro Líquido/Vendas Líquidas)*100 Retorno sobre o ativo (Lucro Líquido/Ativo Total) *100 Retorno sobre o patrimônio líquido (Lucro Líquido/Patrimônio Líquido) *100 Interpretação “Quanto à empresa vendeu para cada $ 1,00 de investimento total”. Permitem aos analistas fazerem avaliações sobre as vendas liquidas realizada levando em consideração a aplicação dos recursos, ativos totais. “Quanto à empresa obtém de lucro para cada $100 vendidos”. O analista poderá identificar quanto à empresa obteve de lucro liquido em relação certa quantidade de vendas liquidas realizadas. “Quanto à empresa obtém de lucro para cada $100 de investimento total”. Possibilita ao analista identificar quanto à empresa obteve de lucro liquido em relação certa quantidade de aplicação de recursos, ativo total. “Quanto à empresa obteve de lucro para cada $100 de Capital Próprio investido”. A partir desse indicador o analista poderá identificar a rentabilidade da empresa levando em consideração o lucro líquido em relação uma certa quantidade de capital próprio investido. Quadro 1. Indicadores de Rentabilidade Fonte: adaptado de Matarazzo (2003), Assaf Neto (2002), Gitman 2004. Diante do que foi abordado ao longo desse capítulo, observa-se que os indicadores compõem o que é denominado de indicadores das demonstrações contábeis, os quais têm como objetivo possibilitar uma real visão da situação econômico-financeira de uma determinada instituição. Conclui-se com uma análise das demonstrações contábeis, analisado o ciclo operacional e o ciclo financeiro. 2.5. Ciclos Operacional e Financeiro A análise sobre o ciclo operacional e financeiro precisa ser compreendida de forma separada. Sendo assim, o ciclo operacional é analisado como a junção dos ciclos financeiros e econômicos, começando no momento de aquisição dos bens necessários e encerrando-se ao ocorrer à venda ou recebimento dos proventos dela advindos. De outra forma, o ciclo financeiro começa quando ocorre o desembolso de determinado valor financeiro na aquisição de produtos que serão comercializados pela empresa, encerrando-se quando estes são vendidos (HOJI, 2003). 45 Uma melhor compreensão sobre estes ciclos começou a ocorrer a partir de meados da década de 1970, quando Michel Fleurit e outros pesquisadores brasileiros desenvolveram novos processos de gestão financeira destinados especificamente às empresas brasileiras. A partir de então, implantou-se o conceito de capital de giro líquido às antigas concepções de capital de giro e saldo tesouraria. No sentido financeiro clássico, o capital de giro líquido define-se, simplesmente, como a diferença entre os ativos e passivos circulantes (EQUAÇÃO 1). Conforme Hoji (2003), a diferença existente entre o Ativo Circulante Operacional (A) e o Passivo Circulante Operacional (PCO) determina a Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG). NLCG = ACO – PCO Onde: NLCG = Necessidade Líquida de Capital de Giro ACO = Ativo Circulante Operacional (caixa e bancos, aplicações financeiras) PCO = Passivo Circulante Operacional (empréstimos, financiamentos e duplicatas descontadas) Esta análise inicial serve apenas para adentrar no assunto principal desta seção que é analisar o efeito tesoura, desenvolvido a partir dos estudos de Michel Fleurit e sua equipe de pesquisadores brasileiros. Na análise de Silva e Araújo (2010, p. 5), o efeito tesoura: Representa o aumento da NIG em relação ao CCL e vice-versa. Isto acontece quando uma empresa expande significativamente o nível de operações e vendas, sem o devido suporte de recursos para financiar o decorrente aumento da necessidade do capital de giro. O fenômeno é decorrente da expansão do nível operacional e de vendas acima da capacidade disponível de recursos, sem o devido suporte de recursos para financiar sua NCG. Considera-se assim que o efeito tesoura é uma forma de identificar o efeito obtido quando a Necessidade de Capital de Giro sobrepõe o Capital de Giro Efetivo. 46 De acordo com análise de Matias (2007, p. 39), “o saldo da tesouraria é o que integra a captação e a aplicação de recursos financeiros para o giro”. Ou seja, é a diferença entre o Ativo Circulante Financeiro e o Passivo Circulante Financeiro, conforme mencionado anteriormente. Matias (2007, p. 39) complementa sua análise afirmando que “o aumento do passivo circulante, devido, por exemplo, a sucessivos empréstimos bancários ou descontos de duplicatas, pode acarretar aperto financeiro e, conseqüentemente, aumento do risco financeiro, isto é, da empresa tornar-se insolvente”. Assim, é uma forma de gerir a capacidade financeira de a organização arcar com suas despesas e custos, verificando se as receitas são maiores que as despesas contraídas. Matias (2007, p. 138) complementa sua análise dizendo que “a gestão de tesouraria integra os demais componentes do capital de giro na medida em que todas as movimentações financeiras passam pelo caixa, sejam de curto ou de longo prazo”. Este termo possui suas origens fundamentadas na importância do planejamento financeiro prévio bem elaborado o qual pode se tornar uma verdadeira ferramenta estratégica empresarial, determinando a necessidade ou não de composição de outros recursos financeiros utilizados pela organização. Além disso, determina os eventos organização de ordem financeira que refletem diretamente na Contabilidade das empresas, especificamente no que se refere à alocação de recursos financeiros no Ativo Circulante (AC) e as fontes formadoras do Passivo Circulante (PC). A partir da concepção adotada por Fleurit, Silva e Araújo (2010, p. 5) acreditam que a figura 1 representa o efeito tesoura a partir da evolução nas vendas sobre a necessidade de capital de giro. 47 Figura 1. Representação gráfica do efeito Tesoura Fonte: Araújo e Silva (2010, p. 5). A figura 1 demonstra que a situação financeira da empresa somente será superavitária se a folga nesses saldos for de origem das aplicações financeiras ou de ativos de liquidez certa, representando a adequada remuneração necessária. Assim, o efeito pode ser analisado a partir da diferença entre a necessidade de capital de giro (NCG) e o capital de giro (CG), equivalendo à diferença dos valore entre o PCF e o ACF. Assaf Neto (1999) realiza uma análise complementar sobre o assunto, acreditando que o efeito tesoura ocorre quando existe um overtrade, ou seja, um rápido crescimento da atividade empresarial realizada pela empresa, bem como quando existe uma relação entre as taxas medidas da NIG e a comercialização das mercadorias na empresa mantém-se elevada em referencia ao autofinanciamento das vendas, ao longo de sua fase de incremento das vendas, a partir da relação positiva entre elas. Também é importante considerar as taxas inflacionárias e os desvios de recursos de giro para imobilizações. Diante do exposto, observa-se que o efeito tesoura é uma das principais formas de promover a alavancagem operacional de uma empresa, haja vista que se ele estiver negativo, a empresa precisa adotar medidas efetivas a fim de contornar sua capacidade de geração de lucros para que não tenham que recorrer a fontes externas para captação de capital de giro. 48 3 METODOLOGIA DA PESQUISA O objetivo fundamental da pesquisa científica consiste na geração e aprofundamento do conhecimento sobre a realidade que nos cerca, que pode resultar na resolução de graves problemas enfrentados, na melhoria do processo produtivo e de criação de riquezas e, enfim, do bem-estar da humanidade. Para Andrade (2001, p.121), “pesquisa é o conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização de métodos científicos”. Segundo Köche (2003, p.77), “não existe um método científico no sentido de código estabelecido previamente. O que existe são critérios gerais orientadores que, no depoimento dos investigadores, facilitam o processo de investigação”. 3.1 Tipologias da Pesquisa Uma pesquisa científica é classificada quanto aos seus procedimentos técnicos, seus objetivos e à abordagem do problema. Quando aos procedimentos técnicos, a monografia foi bibliográfica, documental e com estudo de caso. A pesquisa bibliográfica foi feita através de consulta a livros, artigos, além da mídia impressa e eletrônica, é um estudo realizado por meio da releitura de outros autores com materiais previamente publicados sobre o tema em análise. Para Beuren et. al., (2004, p.87): No que diz respeito a estudos contábeis, percebe-se que a pesquisa bibliográfica está sempre presente, seja como parte integrante de outro tipo de pesquisa ou exclusivamente enquanto delineamento. [...] podem ajudar o estudante a conhecer o que foi produzido de importante sobre o objeto da pesquisa. 49 Segundo Beuren et. al., (2004, p. 88), a pesquisa bibliográfica é a etapa fundamental para a construção do referencial teórico de um estudo, valendo-se de material que já se tornou público referente ao assunto abordado. A pesquisa documental foi usada, pois dados que não receberam tratamento prévio foram utilizados no momento da análise e interpretação dos Balanços Patrimoniais das Lojas Americanas S/A no período de 2006 a 2009. Já o estudo de caso foi feito por tentar responder, conforme Oliveira (2001), a questões de como e por que, com o investigador não tendo controle sobre os dados coletados e não podendo manipulá-los, apenas analisá-los. Quanto aos objetivos este estudo foi descritivo e exploratório. De acordo com Beuren et. al., (2004, p. 83), “preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere neles. Assim, os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador”. Trata-se de uma pesquisa que tem por finalidade observar e registrar fenômenos sem, no entanto existir interferência da pesquisadora. Todavia, o estudo descritivo foi complementado com a pesquisa exploratória, pois “proporciona maior familiaridade com o problema ou fenômeno a ser investigado, com vistas a deixá-lo mais explícito ou a levantar hipóteses” (VIANNA, 2001, p. 108). No que se refere à abordagem do problema, a pesquisa foi qualitativa e quantitativa. Para Beuren et. al., (2004, p. 92), a pesquisa qualitativa: É primordial no aprofundamento de questões relacionadas ao desenvolvimento da Contabilidade, seja no âmbito teórico ou prático. O uso do método qualitativo é muito comum em Contabilidade, pois, a Contabilidade é uma ciência social, portanto nem sempre sendo exata, apesar de lidar com números. Este uso é ocasionado porque a pesquisa qualitativa importa-se com a busca do comportamento dos acontecimentos. Com relação à pesquisa quantitativa, Beuren et. al., (2004, p. 93) diz que “a utilização dessa tipologia de pesquisa torna-se relevante à medida que se utiliza de instrumentos estatísticos desde a coleta, até a análise e o tratamento dos dados" 50 3.2 Unidades de Pesquisa e Elementos de Análise No que se refere à unidade de pesquisa utilizada, realizou-se um estudo de caso nas Lojas Americanas S/A, a partir da análise de seus Balanços Patrimoniais de 2006 a 2009. A escolha desta empresa deve-se ao fato de a autora desta pesquisa já ter feito outros trabalhos analisando os Balanços Patrimoniais da referida empresa sendo esta a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos nesta área e complementar os estudos anteriormente realizados. 3.3 Coleta de Dados A coleta dos dados ocorreu a partir de material previamente publicado sobre Contabilidade, Demonstrações Contábeis e Indicadores das Demonstrações Contábeis, além dos Balanços Patrimoniais das Lojas Americanas S/A no período de 2006 a 2009 a partir da análise de seu ciclo operacional, financeiro, principais índices e análises de rentabilidade e endividamento. 3.4 Limitações da Pesquisa Esta pesquisa se limita ao estudo de uma unidade específica que é a empresas Lojas Americanas S/A, mais especificamente a partir da análise de seus Balanços Patrimoniais no período de 2006 a 2009, não objetivando obter conclusões únicas e acabadas, que sirvam como exemplo para outras organizações do setor, mas sim para o cenário pesquisado. A presente pesquisa não objetiva encerrar com o tema, haja vista que sua autora está ciente de ser um assunto por demais amplo, não podendo ser abordado em sua totalidade e sim ampliar os conhecimentos nesta área. 51 4 ESTUDO DE CASO Nesta seção ocorre à apresentação do estudo de caso com a caracterização da empresa, seu ciclo operacional, financeiro, principais índices e análises de rentabilidade e endividamento. Assim como a verificação da existência ou não do efeito tesoura em uma empresa do comércio varejista. 4.1 Caracterizações da Empresa As Lojas Americanas S. A é uma tradicional rede de comércio varejista atuante no setor de lojas de descontos e no comércio eletrônico – representada pela Americanas.com, adota a estratégia de varejo de auto-serviço como forma de proporcionar ao cliente a total liberdade na sua decisão de compra, através do contato direto com a mercadoria. A empresa em estudo é uma rede de lojas de departamento, caracterizada pela garantia de produtos marcas bastante significativas no mercado nacional com preços competitivos quando comparados à concorrência, possui cartão de marca própria e site especializado com produtos diferentes aos vendidos nas lojas tradicionais. Tradicionalmente, a comercialização de mercadorias é feita diretamente ao consumidor final através de uma rede de lojas de auto-serviço com abrangência nacional, apresentando 479 lojas em 22 Estados do país mais o Distrito Federal, sendo 66% delas na Região Sudeste e três centros de distribuição em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. São mais de 293 mil metros quadrados de área de vendas, 65% deles em Shopping Centers, que geram aproximadamente 13.500 empregos diretos. O quadro 2 apresenta a atual distribuição das Lojas Americanas no Brasil. 52 Estado Quant. de Lojas Espírito Santo 7 Minas Gerais 31 Rio de Janeiro 94 São Paulo 185 Paraná 25 Rio Grande do Sul 14 Santa Catarina 12 Alagoas 3 Bahia 13 Ceará 21 Maranhão 4 Paraíba 4 Pernambuco 10 Piauí 1 Rio Grande do Norte 6 Sergipe 2 Distrito Federal 18 Goiás 11 Mato Grosso 5 Mato Grosso do Sul 3 Amazonas 4 Pará 4 Rondônia 1 Tocantins 1 TOTAL 479 Região Sudeste 317 lojas Sul 51 lojas Nordeste 64 lojas Centro-Oeste 37 lojas Norte 10 lojas Quadro 1. Distribuição das Lojas Americanas no Brasil Fonte: Lojas Americanas (2010, on line). A história da companhia começou em 1929, com a inauguração da primeira loja em Niterói, Rio de Janeiro. Os fundadores James Marshall, John Lee, Glenn Matson e Batterson Boger escolheram esta cidade para implantar a primeira unidade de sua loja com preços baixos e que vendesse vários tipos de mercadorias. No estilo five and ten cents que consistiam em lojas varejistas que comercializavam diferentes tipos de produtos a preços populares e que haviam dado certo na Europa e nos Estados Unidos ainda no início do século. 53 Ao chegarem ao Rio de Janeiro, os americanos logo perceberam que grande parte da população era formada basicamente por servidores públicos e militares, pessoas que tinham certa estabilidade econômica, mas não alto poder aquisitivo. A maior parte das lojas oferecia produtos caros e especializados, o que obrigava às donas-de-casa a se deslocarem para vários estabelecimentos quando iam às compras. Era a oportunidade ideal para quem queria proporcionar uma maior variedades de mercadorias a preço acessíveis e, assim, “foi inaugurada a primeira Lojas Americanas com o slogan “Nada além de 2 mil réis”, uma grande novidade para a época” (LOJAS AMERICANAS, 2010, on line). Até a palavra “Loja” no nome da empresa indicava que ali estava uma forma inédita de varejo, pois os demais estabelecimentos eram denominados “Casa”. A loja instalada em Niterói tomou uma atitude pioneira em admitir em seu quadro de funcionários várias mulheres, o que também era uma forma de atrair as diversas donas-de-casa ao estabelecimento. Além disso, as Lojas Americanas introduziram no Brasil novos hábitos alimentares trazendo consigo alguns tipos de lanche, tais como: o cachorro-quente, o sundae, a banana split e o milk shake. Segundo o site das Lojas Americanas (2010, on line), a fórmula adotada pela empresa foi tão bem sucedida que ao final do primeiro ano já existiam três lojas no Rio de Janeiro e uma em São Paulo. Em 1940, optou-se pela abertura do capital da empresa e as Lojas Americanas tornou-se uma Sociedade Anônima. “No ano de 1982, entraram como controladores na composição acionária das Lojas Americanas os principais acionistas do Grupo Garantia”. As Lojas Americanas concretizou a formação de uma “joint venture” denominada Wal Mart Brasil S/A no início de 1994. Sendo que Lojas Americanas S/A participavam com 40% e a Wal Mart Store Inc.com 60% na composição do capital. A parceria durou até dezembro de 1997, quando o Conselho de Administração da empresa percebeu que havia necessidade de uma total concentração de recursos no próprio negócio da companhia e aprovou a venda para o Wal Mart Inc. dos 40% de participação na “joint venture”. Quase um ano depois, em agosto de 1998, outra importante resolução foi tomada: a saída do segmento supermercadista. “Foi aprovada pelo Conselho de Administração a venda total da participação acionária das Lojas Americanas na 54 empresa 5239 Comércio e Participações S.A”, subsidiária que detinha o controle acionário de suas 23 lojas de supermercado, para a empresa francesa Comptoirs Modernes – pertencente ao Grupo Carrefour (LOJAS AMERICANAS, 2010, on line). É necessário frisar que o setor supermercadista está passando por uma fase de estabilização no Brasil, atraindo fortes empresas multinacionais e exigindo significativos investimentos para manter uma posição confortável no mercado. Em 1999, as mudanças prosseguiram e, dessa vez, a companhia optou pela segregação do seu negócio imobiliário, minimizando seu capital social ao valor de R$ 493.387 mil, valor correspondente ao investimento possuído pela São Carlos Empreendimentos e Participações S.A. Ao final do mesmo ano, foi iniciada a venda de mercadorias via Internet, através da criação da Americanas.com. No ano de 2000, a Americanas.com teve seu capital aumentado, posto que as empresas Chase Capital Partners, The Flatiron Fund, AIG Capital Partners, Next International, Global Bridge Ventures e Mercosul Internet S/A, subscreveram juntas por US$ 40 milhões ações correspondentes a uma participação final de 33% do capital social da Americanas.com. (LOJAS AMERICANAS, 2010, on line). O ano de 2003 foi marcado pela aceleração do programa de expansão. Objetivando expandir a rede de lojas, foram inauguradas 13 lojas convencionais, fortalecendo a presença da companhia em mercados importantes das regiões Sudeste e Sul do país. Seguindo este rumo de inaugurações, no Rio de Janeiro ocorreu a implantação das três primeiras lojas "Americanas Express", “concebidas segundo o "conceito de vizinhança". São lojas compactas, com sortimento selecionado, mas com os mesmos padrões de qualidade e preço que diferenciam a atuação de Lojas Americanas” (LOJAS AMERICANAS, 2010, on line). Em 2004, a empresa continuou com seu ideal expansionista com a implantação de mais 35 lojas e mais um centro de distribuição – CD, desta vez, em Barueri, São Paulo, a fim de incrementar em até 50% a capacidade de estocagem e distribuição para SP e região Sul. O ano de 2005 foi de fundamental importância para a empresa em estudo, pois: O ano do crescimento orgânico. Foi aberto um número recorde de lojas, 35 no total e cinco delas no modelo Express. Inaugurado o Centro de 55 Distribuição em São Paulo, que aumentou a capacidade de armazenamento, transporte e abastecimento em 50%. Americanas.com cresce as vendas em 62% em relação a 2003. A margem EBITDA consolidada atinge 12,1%.(LOJAS AMERICANAS, 2010, on line). Nessa linha evolutiva, o ano de 2006 foi marcado: Um ano de importantes realizações para maximizar o valor de Lojas Americanas: foram inauguradas 37 novas lojas, foi adquirido o canal de TV e site de comércio eletrônico Shoptime e foi realizado uma joint venture com o Banco Itaú, criando a Financeira Americanas Itaú – FAI, ou Americanas Taií. A margem EBITDA manteve-se no patamar de 12% e o lucro líquido foi de R$ 176,1 milhões, o maior dos últimos anos. (LOJAS AMERICANAS, 2010, on line). O ano de 2007 foi marcado, principalmente, pela aquisição da empresa Blockbuster® e suas 127 lojas espalhadas em todo o país, promovendo a evolução da marca das Lojas Americanas, além de aumentar sua oferta de produtos e serviços, aproximando-se ainda mais de seus clientes. Neste ano, foram inauguradas 50 lojas, 28 tradicionais e 22 no modelo Express, ou seja, compras rápidas. Com relação ao ano de 2008, a empresa destaca que: Com o objetivo de criar valor para os acionistas, seguindo o lema interno “Queremos Sempre Mais”, em 2008 a Lojas Americanas inaugurou um total de 58 lojas, distribuídas em 18 Estados. Um recorde para a Companhia. Muitas cidades, como Santo Antônio de Jesus/BA, Teresina/PI, Barreiras/BA e Crato/CE, inauguraram suas primeiras unidades. Com a inauguração de 3 lojas na cidade de Manaus, 2008 ainda ficou marcado pela volta das Lojas Americanas a um dos maiores centros comerciais da Região Norte do país. Além disso, reformamos e ampliamos nossos 3 centros de distribuição, localizados em São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ e Recife/PE com o objetivo de aumentar a capacidade e melhorar nossa operação logística. (LOJAS AMERICANAS, 2010, on line). As Lojas Americanas S.A é reconhecida como uma empresa de grande porte no varejo cuja visão é “ser a melhor empresa de varejo do Brasil”, sendo considerada pelos clientes como a melhor opção de compras no país, pelos acionistas e investidores como o melhor retorno no segmento, uma excelente opção de desenvolvimento profissional no setor de varejo e um excelente canal de 56 distribuição para os seus fornecedores, conforme aponta a pesquisa de mercado realizado no final de 2004 (LOJAS AMERICANAS, 2004). Sua missão é “ajudar as pessoas a melhorar continuamente a sua qualidade de vida, provendo-lhes acesso a produtos de qualidade, com o melhor atendimento e serviços, poupando-lhes tempo e dinheiro”. As demonstrações financeiras das Lojas Americanas foram elaboradas e estão apresentadas em conformidade com as práticas contábeis adotadas no Brasil e com as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM. Para começa analise das Demonstrações Contábeis das Lojas Americanas começaremos com o Ciclo Operacional e Financeiro. 4.2 Ciclos Operacionais e Financeiros No ciclo operacional das Lojas Americanas a analise é feita em quantos dias ela demora a receber suas vendas, para pagar seus fornecedores e para renovar seu estoque. Ciclo Operacional e Financeiro Prazo Médio de Renovação dos Estoques (PMRE): Estoque/CMV Médio Diário Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV): Dupls. a Rec./Vendas Médias Diárias Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC): Fornecedores/Compras Médias Diárias Posicionamento Relativo 2006 2007 2008 2009 103 dias 89 dias 76 dias 79 dias 84 dias 55 dias 35 dias 34 dias 159 dias 136 dias 116 dias 105 dias 0,12 0,25 0,36 0,43 Quadro 2. Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro Fonte: Elaborado pela Autora O que se pode observar neste quadro é que as Lojas Americanas demorou em média em 2006 (84 dias) para receber suas vendas e a cada ano seguinte teve uma melhorar bem significativa. Para renovar seu estoque ela levou em media em 2006 (103 dias), isso quer dizer que para vender o seu estoque, mas no ano 57 seguinte teve que renovar seu estoque mais cedo isso significar que as vendas aumentaram e em todos os anos seguintes analisado teve uma melhora na sua renovação de estoque. Na analise do Ciclo Operacional percebe-se no Ciclo Financeiro o total de dias que as Lojas Americanas demoram a pagar os Fornecedores. Em 2006 ela tinha (159 dias) para pagar suas compras,isso mostra que ela recebia suas vendas em (84 dias) e ainda lhe sobrava 75 dias para pagar os fornecedores.E tem continuado assim nos anos seguintes em 2007 ela teve folga de (80 dias), 2008 (81 dias) e em 2009 (71 dias) para pagar os fornecedores. Com esta analise percebe-se que o índice de atividade das Lojas Americanas esta bom e a renovação de estoque também. O Ciclo Operacional é favorável, e no Ciclo Financeiro ela não precisa de Capital de Giro para suas contas. 4.3 Aplicações dos Índices O Índice de Liquidez Corrente é a capacidade de pagamento da empresa em curto prazo, de maneira geral o índice de LC acima de 1 seria positivo, mas seria muito arriscado para um analista falar isso sem verificar outros parâmetros. Índices de Liquidez 2006 2007 2008 2009 Corrente: AC / PC 1,25 1,05 1,22 1,58 Seca: AC- Estoque /PC 0,96 0,77 0,97 1,18 Imediata: Disp /PC 0,03 0,10 0,03 0,05 Geral: (AC+RLP) / (PC+ELP) 0,93 0,82 0,82 0,83 Quadro 3. Índices de Liquidez Fonte: Elaborado pela Autora No caso do Índice de Liquidez das Lojas Americanas em 2006 era de $ 1,25 isso significar que sua capacidade de pagamento a curto prazo já não era uma das melhores. Porque para cada $ 1,00 de obrigação a curto prazo ela tinha $1,25 para cobrir a divida, mas em 2007 teve uma queda de $ 1,05 e nos anos seguintes foi 58 melhorando em 2008 foi para $ 1,22 e em 2009 sua capacidade de pagamento teve uma melhorar bem razoável foi para $ 1,58. Conforme Marion (2008) O Índice de Liquidez Seca é se a empresa sofresse uma total paralisação de suas vendas, quais seriam as chances de uma empresa pagar suas dívidas com o Disponível e Duplicatas a Receber. Em 2006 o índice de LS das Lojas Americanas era de 0,96,observa-se que, se parasse suas vendas, conseguiria pagar 96% das suas dividas com o Disponível e com as Duplicadas a Receber,mas em 2007 teve uma queda,nos anos seguintes teve uma melhora,principalmente em 2009.Nem sempre o índice de liquidez seca baixo significar uma situação financeira ruim.Principalmente para uma empresa que o estoque é muito elevado como um supermercado por exemplo,que suas vendas são mais a vista e não há duplicadas a receber. Já todos os outros Índices tiveram uma queda de um ano para o outro, mas o motivo desta queda foi a função das Lojas Americanas com a Submarino, que com isso teve um aumento no imobilizado. 4.4 Rentabilidade e Endividamento Até agora, tratamos de indicadores que abrangem mais os aspectos financeiros da empresa. A parti de agora a nossa atenção estará voltado para a rentabilidade da empresa, o seu potencial de vendas, para a sua habilidade de gerar resultados (lucros). Índices de Rentabilidade Margem Líquida: LL/Vendas Líquidas Giro do Ativo: Vendas Líquidas/Ativo Total Taxa de Retorno do Investimento (TRI): Margem Líquida * Giro do Ativo Taxa de Retorno s/PL (TRPL): LL/PL Quadro 4. Índices de Rentabilidade Fonte: Elaborado pela Autora 2006 2007 2008 2009 3,60% 2,51% 1,28% 1,82% 0,88 1,15 1,15 0,74 3,18% 2,88% 1,48% 1,35% 45,34% 65,61% 30,42% 51,58% 59 4.4.1 A Margem de Lucro sobre as Vendas Conforme Marion (2008) A Margem de Lucro Líquido significa quantos centavos de cada real de venda restaram após as deduções de todas as despesas (inclusive o imposto de renda), evidente que quanto maior a margem melhor. A Margem de Lucros das Lojas Americanas em 2006 foi de 3,60%,isso significar que a cada $1,00 investido ela teve 3,60% de lucro em cima.Mas nos anos seguintes estas margem de lucros foi diminuído de forma bem significativa. Já o Giro do Ativo significa a eficiência com que a empresa utiliza seus ativos, com objetivos reais de vendas. Este quanto mais o ativo gerar vendas reais, mais eficiente a gerência esta sendo. Mas de acordo com a analise em 2006 a Lojas Americanas teve um Giro no Ativo de 0,88% isso significa que ela vendeu o correspondente a 88 vezes seu ativo, as empresas que visam mais no giro elas visam à quantidade. E nos anos seguintes ela teve um aumento no Giro do Ativo, como se pode observa as Lojas Americanas esta basicamente ganhando sua rentabilidade na Margem. 4.4.2 A Taxa de Retorno sobre Investimento – TRI (do ponto de vista da empresa) De acordo com as Demonstrações Contábeis das Lojas Americanas, pode-se analisa é que TRI dela em 2006 foi de 3,8% o que significar no Payback (tempo médio de retorno) dela haverá uma demora de 31 anos, 4 meses e 4 dias para que obtenha de volta o seu investimento. E nos anos seguintes teve uma diminuição significativa do TRI, aumentado assim sua demora para obter de volta seus investimentos. 4.4.3 A Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Liquido – TRPL (do ponto de vista do empresário) O que a TRPL significar é que para cada $ 1,00 investido pelo proprietário, há um ganho. Se pode analisa é a TRPL em 2006 foi 45,34%%, a TRPL mostra que 60 para os proprietários haverá um ganho de $ 0,45 em cada real investido e o Payback 1/TRPL (tempo médio de retorno) será 2 anos, 2 meses para que se obtenha de volta o seu investimento, o que é bom para o proprietário. E a cada ano seguinte esta TRPL ia aumentado, isso significa que para os proprietários o retorno dos seus investimentos era em poucos anos ao contrario do ponto de vista da empresa. Aqui nesta analise o que se verificar é que do ponto de vista do administrador a TRI só piorou porque haverá uma demora para se obter retorno do investimento, mas para os proprietários esta sendo bom. 4.4.4 Endividamento Marion (2008) disserta que é por meio desses indicadores que apreciaremos o nível de endividamento da empresa. Se a quantidade da divida dela esta (alta, baixa, razoável). Sabemos que o Ativo (Aplicação de Recursos) que é financiado por Capital de Terceiros que é igual a (PC+ELP) e por Capitais Próprios (PL). Portanto, Capitais de Terceiros e Capitais Próprios são Fontes (origens) de recursos. Índices de Endividamento Quantidade do Endividamento: ET/PT Qualidade do Endividamento: PC/ (PC+ELP) Grau de Endividamento: (PC+ELP) /PL Quadro 5. Índices de Endividamento Fonte: Elaborado pela Autora 2006 0,88 2007 0,93 2008 0,94 2009 0,93 0,69 0,73 0,63 0,50 12,67 21,07 20,76 21,24 Analisando a situação das Lojas Americanas o Índice de endividamento dela é alto, ela trabalhou em 2006 com 88% (por cento) do Ativo financiado com Capital de Terceiro e nos anos seguintes só veio aumentado, isso só mostra que ela trabalha mais com Capital de Terceiros. Já na qualidade das dívidas, significar em quanto tempo terá que ser pagas, e que em 2006 69% (por cento) dos capitais de terceiros vencerão em curto prazo, o que se pode analisa é que ela trabalha com dívidas em curto prazo. Essa situação é desfavorável, prejudicando sua Liquidez 61 Corrente (situação financeira), em 2007 houve um aumento insignificante, contudo, houve uma melhora nos anos seguintes. O grau de endividamento que é a garantia de pagamento dos Capitais de Terceiros. A garantia de pagamento das Lojas Americanas para cada $1,00 de capital de terceiro em 2006 era de $ 12,67 de capital próprio, e nos anos seguintes a garantia ao Capital de Terceiro oferecido pelo capital próprio só tem aumentado. Ainda que o endividamento seja alto (quantidade) e que as dívidas sejam em curto prazo, ela tem capital próprio para quita suas dívidas. 4.5 Verificações do Efeito Tesoura Sabe-se que a saúde de uma empresa depende de vários fatores. Para verificação do Efeito Tesoura numa empresa tem que começa pela a Administração do Capital de Giro como uma das ferramentas mais importantes no ciclo de vida empresarial. Ela está relacionada aos problemas de gestão dos ativos e passivos circulantes e às inter-relações entre esses grupos patrimoniais. O “efeito tesoura” é um termo tecnicamente utilizado para expressar o efeito ocorrido quando a NCG ultrapassa a linha do CGP. Para BRASIL (1992, p.60) “efeito tesoura é conseqüência do descontrole no crescimento da dependência de empréstimos de curto prazo”. A empresa poderá ter a sua estrutura de capital comprometida quando a NCG superar e crescer acima da sua capacidade de geração de CGP. Desta forma, haverá uma tendência muito forte para a tesouraria ficar cada vez mais negativa, aumentando assim cada vez mais o seu endividamento. O efeito tesoura representa o aumento da NIG em relação ao CCL e viceversa. Isto acontece quando uma empresa expande significativamente o nível de operações e vendas, sem o devido suporte de recursos para financiar o decorrente aumento da necessidade do capital de giro. O fenômeno é decorrente da expansão do nível operacional e de vendas acima da capacidade disponível de recursos, sem o devido suporte de recursos para financiar sua NCG. 62 Por meio da análise que foi feita no Ciclo Operacional e Financeiro das Lojas Americanas nota-se que o índice de atividade esta boa e que ela não precisou de Capital de Giro para pagar suas contas, não teve Necessidade de Investimento em Giro (NIG) e do Capital Circulante Líquido (CCL), que são importantes informações para a preservação da saúde financeira e para a projeção de suas perspectivas futuras. Sabe-se da contabilidade tradicional Marion (2008) que o CCL representa a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, que significa uma folga financeira de curto prazo ou, pela ótica da análise dinâmica, como a diferença entre os saldos das contas não-circulantes do passivo e do ativo. Sabe-se também que o capital de giro compõe-se da soma da necessidade de capital de giro e do saldo de tesouraria. Capital Circulante Liquido – CCL significa parcela de recursos não correntes destinadas ao ativo Circulante. CCL significa a folga financeira a curto prazo, ou seja, financiamentos de que a empresa dispõe para o seu giro e que não serão cobrados a curto prazo, portanto folga financeira de uma empresa significa recursos próprios mais as exigibilidades de longo prazo investido no Ativo Circulante. ANO 2006=> CCL = AC – PC = 3.293.078 – 2.639.017 = 654.061 ANO 2007=> CCL = AC – PC = 3.554.515 – 3.379.097 = 175.418 ANO 2008=> CCL = AC – PC = 4.730.620 – 3.865.202 = 865.418 ANO 2009=> CCL = AC – PC = 4.927.916 – 3.115.660 = 1.812.256 Portanto o saldo de tesouraria das Lojas Americanas é positivo. Mas conforme nos mostra os dados abaixo do CGP (capital de giro próprio) que é negativo. Como seria possível o CCL dela ser positivo e CGP negativo como esta nos dados. ANO 2006=> CGP = PL – (RLP+AP) = 300.136 - (260.433+724.715) = - 685.012 ANO 2007=> CGP = PL – (RLP+AP) = 219.059 - (224.878+1.202.535) = -1.208.354 ANO 2008=> CGP = PL – (RLP+AP) = 294.272 - (256.946+1.762.272) = -1.724.946 ANO 2009=> CGP = PL – (RLP+AP) = 294.729 – (272.063+1.820.068) = -1.797.411 63 EFEITO TESOURA POSITIVO Saldo da Tesouraria Positivo 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 0 -500.000 -1.000.000 -1.500.000 -2.000.000 ANO 2006=> ANO 2007=> ANO 2008=> ANO 2009=> CCL 654.061 175.418 865.418 1.812.256 CGP -685.012 -1.208.354 -1.724.946 -1.797.411 Gráfico 1. Efeito Tesoura Positivo Fonte: Elaborado pela Autora Na analise das Lojas Americanas já foi demonstrado que empresa dispõe de saldo de tesouraria para financiar a sua atividade operacional que é CCL (capital circulante liquido), já no CGP (capital de giro próprio) demonstra quanto à empresa realmente necessita de recursos. Como se mostra no gráfico que a linha do CCL ficou acima da linha da CGP é convencionado que a empresa tem tesouraria positivo (T+), mas seu Capital de Giro Próprio é negativo. Mas nas notas explicativas das Lojas Americanas e conforme a analise que foi feita na rentabilidade e nos índices de endividamento dela, ela tem capital próprio que são suas ações para quita suas dividas, ou seja, ela possui mais recursos para giro do que aquilo que necessita. Dependendo da situação financeira da empresa poderia ter ocorrido em condição contrária, invés dela ter tido saldo positivo fosse negativo. O CGP negativo ocorreria em uma condição onde as aplicações em ativos superariam as fontes de capital de giro, ou seja, o somatório do PL com ELP seria inferior ao somatório do AP com o RLP. Esta situação é crítica, pois e a empresa estaria imobilizando ou investindo em ativos de retorno mais demorado uma parcela negativa do CGP. Este recurso adicional é oriundo de financiamentos do passivo circulante, que 64 normalmente são de prazos mais curtos e de custos financeiros mais elevados, se forem buscados junto às instituições financeiras. Outro aspecto, nesta condição, é que a empresa não apresentaria liquidez corrente visto que o ativo circulante seria menor do que o passivo circulante. Conceito Aumenta com Diminui com Aumento de Vendas Diminuição de Vendas Aumento do PMRE Diminuição do PMRE Aumento do PMRV Diminuição do PMRV Aumento de Outros ACC Diminuição de Outros ACC Diminuição do PMPC Aumento do PMPC Diminuição de Outros PCC Aumento de Outros PCC Geração de Lucros Geração de Prejuízos Aporte de Capital Distribuição de Lucros (Natureza Estratégica e Aumento do REF Diminuição do REF Operacional) Aumento do ELP Diminuição do ELP Diminuição do RLP Aumento do RLP Diminuição do AP Aumento do AP Aumento do CDG Diminuição do CDG NCG (Natureza Operacional) CDG ST Variável que depende da NCG e do CDG Diminuição da NCG Aumento da NCG Quadro 6: Relacionamento dos indicadores com as atividades e ciclos da empresa, Fonte: Silva (1996). Sabe-se ainda que seja possível ocorrer a NCG negativa, nesta situação as aplicações operacionais são inferiores as fontes operacionais, desta forma as fontes (contas a pagar do passivo circulante) financiariam todas as aplicações (contas a receber e estoques) e ainda sobraria um excedente. Esta situação ocorre quando a empresa não necessita buscar recursos junto a bancos, pois toda a sua aplicação é suportada pelos pagamentos a serem efetuados no curto prazo. Neste caso o ciclo financeiro seria também negativo. Por outro lado, se a linha da NCG ficar acima da linha do CGP é dito que a empresa possui tesouraria negativa (T-), não possuindo recursos suficientes para financiar a sua necessidade. Por fim verifica-se em todo o período que nos demonstrativos das Lojas Americanas a necessidade efetiva de recursos que a empresa necessita, que em ambas as situações, tanto o CGP como a NCG mostraram-se positivos. O que demonstra a não incidência do Efeito Tesoura. 65 CONCLUSÃO Ao término desta pesquisa pode-se afirmar que sua proposta inicial foi atingida em seus objetivos e problemática. Para tanto, foi imprescindível caracterizar a profissão contábil no Brasil, constatando-se que a Contabilidade é uma ciência que inexata, e como tal, deve servir como suporte ao processo decisório das empresas. Assim, as informações fornecidas pela Contabilidade somente poderão ter valor e serem usadas corretamente se forem avalizadas. Em seguida ocorreu uma apresentação das demonstrações contábeis, observando-se que são Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, Demonstração de mutações do Patrimônio Líquido – DMPL, Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA, Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR, Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC, Demonstração do Valor Adicional – DVA e Balanço Social. Cada uma delas possui uma legislação própria e adequada ao papel desempenhado e tipo de informação fornecida. As demonstrações contábeis são as principais fontes de informação do usuário de Contabilidade para o processo de tomada de decisão, contendo dados e informações sobre a situação econômica, financeira, contábil, patrimonial e, até mesmo, sobre a contribuição da empresa em seu desenvolvimento econômico e social, bem como da região na qual está instalada. Com isso, pode-se observar sobre a fundamental e imprescindível importância da correta elaboração das Demonstrações Contábeis, seguindo as regras e normas contábeis, procurando oferecer ao usuário a segurança que ele necessita para suas decisões, não deixando com que outros profissionais façam o trabalho com a mesma qualidade e confiabilidade. Na sequência do estudo ocorreu a caracterização dos indicadores das demonstrações contábeis como sendo os vinculados à estrutura de capitais, de liquidez, de rotação, de retorno ou rentabilidade e os ciclos operacional e financeiro. Com relação aos indicadores de estrutura de capitais constatou-se que eles envolvem a participação de capitais de terceiros, assim como a composição do endividamento e o passivo dispendioso sobre ativo. 66 Na análise dos indicadores de liquidez constatou-se que são utilizados como medidas de avaliação da capacidade financeira da empresa, no intuito de averiguar se estes realmente podem assumir e atender os compromissos para com terceiros. Eles buscam definir que quanto maior for à liquidez da empresa, cada vez melhor serão as finanças da instituição. Já os indicadores de rotação buscam revelar o dinamismo dos estoques, assim como dos seus recebimentos e dos pagamentos de uma determinada instituição, por onde se consegue identificar e determinar os ciclos operacionais, assim como o financeiro O principal objetivo dos indicadores de retorno ou rentabilidade como também é chamado é realizar uma avaliação do desempenho final da organização. Ele é uma das maneiras de avaliar com êxito um determinado empreendimento, nesse sentido então o indicador de rentabilidade passar a ser visto como um reflexo das políticas adotadas pela empresa assim como das principais decisões seguidas pelos seus administradores. Vale ressaltar ainda que, esse cenário passa a expressar de maneira objetiva o grau de eficiência econômico-financeiro atingido. Sobre os ciclos operacional e financeiro constatou-se que o primeiro é analisado como a junção dos ciclos financeiros e econômicos, começando no momento de aquisição dos bens necessários e encerrando-se ao ocorrer à venda ou recebimento dos proventos dela advindos. De outra forma, o ciclo financeiro começa quando ocorre o desembolso de determinado valor financeiro na aquisição de produtos que serão comercializados pela empresa, encerrando-se quando estes são vendidos. Em complemento às conclusões teóricas apresentadas, a realização do estudo de caso nas Lojas Americanas a partir da análise de seus Balanços Patrimoniais de 2006 a 2009 foi uma oportunidade de a autora da pesquisa confrontar a teoria aprendida em sala de aula ao longo da graduação em Ciências Contábeis com um caso prático. No estudo de caso a análise do ciclo operacional e financeiro evidenciou que o índice de atividade das Lojas Americanas e sua renovação de estoque estão adequados ao porte e perfil da empresa. Constatou-se que o Ciclo Operacional é favorável, e no Ciclo Financeiro ela não precisa de Capital de Giro para suas contas. 67 Concernente aos índices de liquidez da empresa analisada constatou-se que tiveram uma queda de um ano para o outro, mas o motivo desta propensão foi a junção das Lojas Americanas com o Submarino que, com isso, teve um aumento no imobilizado. A análise sobre os índices de rentabilidade e endividamento das Lojas Americanas possibilitou a verificação de que sua margem de lucratividade foi caindo consideravelmente ano após ano no período analisado, bem sua taxa de retorno do investimento. De outra forma, o giro dos ativos teve retornos variantes e a taxa de retorno sem PL também apresentou comportamento semelhante. Além disso, constatou-se que a garantia ao Capital de Terceiro oferecido pelo capital próprio só tem aumentado ainda que o endividamento seja alto (quantidade) e que as dívidas seja em curto prazo, ela tem capital próprio para quitar suas dívidas. A análise feita no Ciclo Operacional e Financeiro das Lojas Americanas demonstrou que o índice de atividade está bom e que ela não precisou de Capital de Giro para pagar suas contas, não teve Necessidade de Investimento em Giro (NIG) e do Capital Circulante Líquido (CCL), que são importantes informações para a preservação da saúde financeira e para a projeção de suas perspectivas futuras. Com estas informações a pesquisa é finalizada, estando-se ciente da importância que a temática possui, haja vista que a análise do Efeito Tesoura em uma empresa é de fundamental importância à Administração do Capital de Giro, atuando como uma das ferramentas mais importantes ao ciclo de vida empresarial. Ela está relacionada aos problemas de gestão dos ativos e passivos circulantes e às inter-relações entre esses grupos patrimoniais. Ciente de que este trabalho alcançou a proposta inicial, mas ainda pode ser aperfeiçoado em outras vertentes de análise, deixa-se como sugestão para pesquisas futuras, um estudo similar a este, apenas complementando a análise para uma década inteira de atividades de uma empresa com pouco tempo de atuação no mercado, a fim de identificar semelhanças e diferenças entre os indicadores das demonstrações contábeis e sua importância ao processo de tomada de decisão. 68 REFERÊNCIAS ALVES, Zenilda. ARANHA, José A Moura. Análise financeira: um estudo comparativo da análise dos indicadores de liquidez com a análise dinâmica do capital de giro (modelo fleuriet). Disponível em: <http://www.fes.br/revistas/agora/ojs/include/getdoc.php?id=150&article=52&mode=p df>. Acesso em: 14 mar. 2010. ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2001. ARAÚJO, Francisco José. Auditando o balanço social. 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