Embora com pouco tempo, devido à preparação da 3ª edição do livro Estatística – ESAF, preocupado com os candidatos que farão a prova para Fiscal-RS em 19/08/06 resolvi, mesmo em cima da hora, fazer um resumo sobre o assunto Teste de Hipóteses (que servirá também para outros concursos), contando com a colaboração do meu filho, Márcio Bello, na digitação. TESTE DE HIPÓTESES Definição: É uma regra de decisão utilizada para aceitar ou rejeitar uma hipótese estatística com base em elementos amostrais. Hipóteses: Teremos sempre duas hipóteses, H0 (Agá-zero), que é a hipótese nula ou hipótese probanda e H1 ou HA (hipótese alternativa). Geralmente a hipótese alternativa (H1) representa a suposição que o pesquisador quer provar, sendo a hipótese nula (H0) formulada com o expresso propósito de ser rejeitada. Conseguindo rejeitar H0, a hipótese alternativa terá de ser aceita, conseguindo então o pesquisador provar o que queria. A hipótese nula é sempre a hipótese a ser examinada. Se a aceitarmos, implicitamente estaremos rejeitando H1 e se rejeitarmos H0, então não podemos rejeitar H1, devendo esta ser aceita. Tipos de erro: Dois tipos de erro podem ser cometidos num Teste de Hipóteses: Erro Tipo I (α) Æ A hipótese nula é verdadeira e o pesquisador a rejeita. Erro Tipo II (β) Æ A hipótese nula é falsa e o pesquisador a aceita. Qual dos dois tipos de erro é o mais grave e que deve ser evitado? Façamos uma analogia com a decisão de um Juiz de Direito: o que será mais grave? Condenar um inocente ou absolver um culpado? É claro que será mais grave a condenação de um inocente. Rejeitar a hipótese nula sendo ela verdadeira equivale a condenar um inocente, logo o Erro Tipo I é o mais grave e deverá ser minimizada a probabilidade deste tipo de erro ser cometido. Essa probabilidade chama-se Nível de Significância do Teste, dado por α. Já a probabilidade de β do Erro Tipo II não pode ser calculada, a menos que se especifique um valor alternativo para μ. O poder ou potência do teste é dado por (1 − β). Podemos resumir as possibilidades do Teste num quadro: Se a Hipótese Nula (H0) é: O PESQUISADOR VERDADEIRA ACEITA DECISÃO H0 CORRETA REJEITA H0 Teste de Hipóteses.doc COMETE O ERRO TIPO I (α) Pedro Bello FALSA COMETE O ERRO TIPO II (β) DECISÃO CORRETA Página 1 TIPOS DE TESTE DE HIPÓTESES PARA A MÉDIA: 1) Bicaudal ou Bilateral H0: μ = μ0 H1: μ ≠ μ0 Onde: μ é a média populacional e μ0 é o valor suposto para a média populacional. Gráfico do teste bilateral: Onde: R.A. é a região de aceitação (da hipótese nula) e R.C. é a região crítica ou região de rejeição. A fronteira entre essas regiões será dada por um valor tabelado (Tabela da Distribuição Normal ou da Tabela da Distribuição t-Student) como veremos mais adiante. 2) Teste Unicaudal ou Unilateral à direita H0: μ ≤ μ0 H1: μ > μ0 Gráfico do teste: Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 2 3) Teste Unicaudal ou Unilateral à esquerda H0: μ ≥ μ0 H1: μ < μ0 Gráfico do teste: OBS: Repare que na hipótese nula sempre temos uma igualdade (=, ≤ ou ≥) e na hipótese alternativa uma desigualdade (≠, > ou <). Distribuição Normal ou t-Student? Qual usar para arbitrar o valor tabelado que será a fronteira entre as regiões de aceitação e rejeição? Para esclarecer melhor, vamos fazer o seguinte quadro: TAMANHO DA SE A VARIÂNCIA AMOSTRA POPULACIONAL (σ2) É GRANDE (n > 30) É PEQUENO (n ≤ 30) USO A DISTRIBUIÇÃO É CONHECIDA NORMAL É DESCONHECIDA NORMAL É CONHECIDA NORMAL É DESCONHECIDA t-STUDENT Vemos então, que só iremos utilizar a Distribuição t-Student (chamada de distribuição das pequenas amostras) quando a amostra for pequena (para até 30 elementos observados) e a variância populacional for desconhecida. Se a amostra for grande (maior do que 30 elementos), pouco importará ser conhecida a variância populacional e usaremos a Tabela da Distribuição Normal para arbitrar o valor ZTAB (ZTABELADO). B Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 3 Assim, vemos que na maior parte dos casos usaremos a Distribuição Normal, pois basta que uma das condições seja atendida: amostra grande (n > 30) ou variância populacional conhecida. Já para usar a Distribuição t-Student, duas condições terão de acontecer simultaneamente: amostra pequena (n ≤ 30) e variância populacional desconhecida. Para procedermos ao teste, além de conhecer o valor tabelado (Z TAB se usarmos B Distribuição Normal ou t TAB se usarmos Distribuição t-Student), temos que encontrar o B valor calculado (Z CALC ou t CALC ), dado por: Z CALC = X−μ se o desvio padrão populacional (σ) for conhecido ou; σ n Z CALC = X−μ , pois se a amostra for grande (n > 30) e não soubermos o valor do desvio S n padrão populacional (σ), usaremos o desvio padrão amostral (S). Se a amostra for pequena (n ≤ 30) e o desvio padrão populacional for desconhecido, usaremos a Distribuição t-Student e teremos a estatística teste: t CALC = X−μ S n Supondo que usaremos a Distribuição Normal Padrão (Z): 1) Para o teste bilateral: Se – ZTAB < ZCALC < ZTAB, aceitaremos H0. B B ZTAB - ZTAB Caso ZCALC < –ZTAB, ou ZTAB < ZCALC, rejeitaremos H0. Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 4 2) Para o teste unilateral à direita: Se ZCALC < ZTAB, aceitaremos H0. ZTAB Se ZTAB < ZCALC, rejeitaremos H0. B 3) Para o teste unilateral à esquerda: Se –ZTAB < ZCALC, aceitaremos H0. B -ZTAB B Se ZCALC < −ZTAB, rejeitaremos H0. O mesmo raciocínio vale para os casos em que usarmos a Distribuição t-Student, com a diferença que compararemos tCALC com tTAB. B Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 5 Para facilitar, vamos fazer o seguinte roteiro (receitinha de bolo, passo a passo) para resolução de questões de Teste de Hipóteses e a seguir aplicá-lo em alguns exemplos: 1º Passo: Pelo enunciado do problema, estabelecer a Hipótese Nula (H0) e a Hipótese Alternativa (H1); 2º Passo: Também pelos dados do enunciado, definir a distribuição a ser utilizada (Normal ou t-Student); 3º Passo: Utilizando a Tabela Normal Padrão ou a Tabela t-Student, encontrar o valor de ZTAB ou tTAB; B 4º Passo: Fazer o desenho da curva, plotando no eixo das abscissas o valor tabelado, que será a fronteira entre a área de aceitação (RA) e a(s) área(s) de rejeição (RC-Região Crítica); 5º Passo: Calcular a estatística teste (ZCALC ou tCALC) utilizando uma das fórmulas dadas anteriormente. 6º Passo: Comparar o valor calculado com o valor tabelado e concluir pela aceitação ou rejeição da Hipótese Nula. Antes de partimos para os exemplos, vamos praticar um pouco o uso das tabelas com os principais níveis de significância (α) geralmente adotados: I) Na Tabela da Distribuição Normal Padrão: I.1) Para o Teste Bilateral: I.1.a) Se α = 1%, teremos α/2 = 0,5% = 0,005 (para cada lado) e a área de aceitação será de 99% (0,99), sendo 0,495 à esquerda e 0,495 à direita do ponto máximo da curva (a Distribuição Normal é simétrica). Verificando a Tabela Normal, temos 0,4949 para uma abscissa de 2,57 e 0,4951 para uma abscissa de 2,58. Logo, por interpolação, a abscissa correspondente à área de 0,495 será a média das duas abscissas, ou seja, 2,575. Mas para facilitar, vamos adotar, no teste bilateral, quando α = 1%, ZTAB = 2,58. Vejamos o gráfico da curva normal: α α 2 2 Nesse caso, H0 só será aceita se o valor de ZCALC estiver entre −2,58 e 2,58. Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 6 I.1.b) Se α = 5%, teremos α/2 = 2,5% = 0,025 (para cada lado) e a área de aceitação será de 95% (0,95), sendo 0,475 à esquerda e 0,475 à direita. Verificamos, na Tabela Normal, que uma área de 0,475 corresponde à abscissa 1,96. Logo, no teste bilateral, quando α = 5% então ZTAB=1,96. Vejamos o gráfico da curva normal: α α 2 2 Aceitaremos H0 se: −1,96 < ZCALC < 1,96 I.1.c) Mesmo raciocínio para α = 10%, α/2 = 5% = 0,05 (para cada lado). Área de aceitação igual a 0,90, sendo 0,45 à esquerda e 0,45 à direita. Na Tabela Normal uma área de 0,4495 corresponde à abscissa 1,64 e uma área de 0,4505 corresponde à abscissa de 1,65. Logo, com precisão, a abscissa seria 1,645. Mas para facilitar vamos adotar no teste bilateral, quando α = 10%, ZTAB = 1,64. Vejamos o gráfico da curva normal: α α 2 2 Aceitaremos H0 se: −1,64 < ZCALC < 1,64 Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 7 I.2) Para o teste unilateral (vamos considerar apenas o teste à direita, sabendo que vale o raciocínio para o teste à esquerda, bastando inverter os lados). I.2.a) Se α = 1% (0,01), a área de aceitação será de 99% (0,99) à esquerda. Mas até a metade da curva (a Distribuição Normal é simétrica) temos 50% (0,5) de área. Logo, queremos a abscissa correspondente a uma área de 0,49. Verificando, na Tabela Normal, o valor mais próximo é de 0,4901, correspondente à uma abscissa de 2,33. Assim, no teste unilateral à direita, quando α = 1%, teremos ZTAB = 2,33. e no teste unilateral à esquerda para o mesmo α, −ZTAB = −2,33. Vejamos o gráfico da curva normal: α I.2.b) Se α = 5% (0,05), teremos área de aceitação = 0,95 à esquerda. Procuraremos, na tabela normal a área de 0,45 (0,95 − 0,50), que corresponde à abscissa de 1,64. Portanto, no teste unilateral à direita, quando α = 5%, então ZTAB = 1,64 e no teste unilateral à esquerda para o mesmo α, −ZTAB = −1,64. Vejamos o gráfico da curva normal: α Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 8 I.2.c) Se α = 10% (0,10), área de aceitação = 0,90 à esquerda. Na Tabela Normal o valor mais próximo de 0,40 (0,90 – 0,50) é de 0,3997, que corresponde à abscissa de 1,28. Portanto, no teste unilateral à direita, para α = 10%, ZTAB = 1,28 e no teste unilateral à esquerda, −ZTAB = −1,28. Vendo o gráfico da curva normal: α II) Na Tabela da Distribuição t-Student: Nesta tabela, temos que levar em consideração dois parâmetros: α (alfa), que é o nível de significância e ϕ (fi) que é o número de “graus de liberdade” (g.l.) ou “degrees of freedom” (d.f.), dado por: n (número de elementos da amostra) menos 1 unidade ou seja: ϕ = n – 1. Temos que ter atenção também para o tipo de tabela, que pode ser: bilateral ou unilateral. Aqui, a tabela que usaremos é bilateral, como pode ser notado no desenho da curva na própria tabela (no final deste resumo). Assim, no teste bilateral o α da tabela será o próprio α utilizado no teste. Mas para o teste unilateral teremos que procurar, nesta tabela, o dobro do α. II.1) Teste bilateral, supondo uma amostra de 25 elementos (n = 25). Então, ϕ = 25 – 1 ⇒ ϕ = 24. Para um α = 5%, vemos na tabela que a célula interseção de α = 0,05 e ϕ = 24 nos fornece 2,0639. Portanto: tTAB = 2,0639 para α = 5% e n = 25. Vejamos o gráfico: Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 9 II.2) Agora, se o teste for unilateral, com o mesmo tamanho de amostra, e o mesmo α, não poderemos pegar diretamente a interseção de α=0,05 com ϕ = 24, pois o valor fornecido é para um teste bilateral. Teremos que pegar a interseção de ϕ = 24 com α = 0,10, pois nesta tabela (bilateral), α = 0,05 corresponde a 0,025 de cada lado. Teremos que pegar α = 0,10, que corresponderá a 0,05 de cada lado. Assim a célula interseção de α = 0,10 com ϕ = 24 fornecerá tTAB = 1,7109. Vejamos o gráfico: Aqui, neste resumo foi mostrado apenas o Teste de Hipóteses para a Média, que é o assunto explicitamente descrito no Edital para Fiscal-RS e os princípios básicos do que seja um Teste de Hipóteses. Mas há outros tipos de Testes de Hipóteses, como: Teste de Hipóteses para a Proporção, Teste de Hipóteses para a Variância, Teste de Hipóteses para a Diferença entre Médias e outros tipos de Teste de Hipóteses. Os mesmos princípios descritos no início deste resumo aplicam-se aos demais testes. O que muda é a forma de cálculo da estatística teste e as tabelas a serem utilizadas. Por exemplo, no Teste de Hipóteses para a Variância, a Tabela a ser utilizada é a da Distribuição de Qui-Quadrado; já no Teste de Hipóteses para a Proporção utilizamos apenas a Tabela da Distribuição Normal, já vista aqui. Em outra oportunidade poderei vir a falar especificamente dos outros Testes de Hipóteses, mas com a tarefa facilitada por este resumo. Quem o entender bem, não terá dificuldade em entender os demais Testes. Vamos aos exemplos: Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 10 EXEMPLO 1: Uma amostra de 36 elementos de uma variável X normalmente distribuída forneceu: X = 42,3 e S = 5,2. Testar, no nível de significância 0,05, a hipótese de que μ > 40. Resolução: Seguindo o roteiro, temos: 1º passo: H0: μ = 40; H1: μ > 40 (teste unilateral à direita); 2º passo: a amostra é grande (n > 30). Logo, usaremos a Tabela Normal; 3º passo: o teste é unilateral, com α = 0,05. Logo, para uma área de 0,45, teremos Z TAB = 1,64 ; 4º passo: desenhar a curva, plotando ZTAB; α 5º passo: calcular a estatística teste. Z CALC = 42,3 − 40 13,8 X−μ 2,3 = = = = 2,65. 5,2 5,2 S 5,2 6 36 n 6º passo: ZCALC > ZTAB. B Conclusão: ao nível de significância de 5%, REJEITO H0: μ = 40. Logo, μ > 40. EXEMPLO 2: Uma amostra de 20 elementos de uma variável X normalmente distribuída forneceu: X = 53,4 e S = 7,5. Testar, no nível de significância 0,05, a hipótese de que μ = 50. Resolução: Hipóteses: H0: μ = 50; H1: μ ≠ 50 (teste bilateral); A amostra é pequena (n ≤ 30) e σ (desvio padrão populacional) é desconhecido. Logo, a distribuição a ser utilizada é a t-Student, com n = 20 ⇒ ϕ = 19 e α = 0,05. Consultando a tabela, encontraremos t TAB = 2,0930 . Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 11 Desenhando a curva, temos: α t CALC = α 2 2 53,4 − 50 X−μ = ≅ 2,027. 7,5 S 20 n Como: −tTAB < tCALC < tTAB, ao nível de significância de 5% ACEITO H0: μ = 50. B B EXEMPLO 3: Uma indústria produz lâmpadas cuja duração segue uma distribuição N (800;1.600). Testar a hipótese de que μ = 800 contra a alternativa de μ ≠ 800 se uma amostra aleatória de 30 lâmpadas tem um tempo médio de vida de 788 horas. Adotar α = 0,05. Resolução: As hipóteses já estão no enunciado: H0: μ = 800; H1: μ ≠ 800 (teste bilateral); Usaremos a distribuição Normal, pois a variância populacional é conhecida, σ2 = 1.600 ⇒ σ = 40. α = 0,05 ⇒ α = 0,025 , pois o teste é bilateral. Para uma área de 0,475, Z TAB = 1,96 . 2 Desenhando a curva, temos: α Z CALC = α 2 X − μ 788 − 800 = ≅ −1,64. 40 σ n 30 Como: −ZTAB < ZCALC < ZTAB, ao nível de significância de 5% ACEITO H0: μ = 800. B Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 12 2 EXEMPLO 4: Uma amostra de tamanho n = 18 de população normal tem média X = 31,5 e desvio padrão S = 4,2. Ao nível de significância de 5%, estes dados sugerem que a média populacional seja superior a 30? Resolução: Hipóteses: H0: μ = 30; H1: μ > 30 (teste unilateral à direita); Amostra pequena (n = 18) e σ desconhecido. Logo, t-Student, com ϕ = 17 e α = 0,05. Mas como o teste é unilateral e a tabela é bilateral, usaremos α = 0,10. Para este α e ϕ = 17 a tabela fornece: t TAB = 1,7396 . Desenhando a curva, temos: α t CALC = 31,5 − 30 X−μ = ≅ 1,515. 4,2 S n 18 Resposta: Não, a média é igual a 30, pois como: tCALC < tTAB, ACEITO H0: μ = 30. B EXEMPLO 5: Em uma amostra de 10 elementos a média da amostra observada foi de 230. Sabe-se que a variância da população é igual a 160. Testar a hipótese de μ = 218 contra a alternativa μ > 218 ao nível de significância de 10%. Resolução: As hipóteses já estão no enunciado: H0: μ = 218; H1: μ > 218 (teste unilateral à direita); A amostra é pequena, mas a variância populacional é conhecida. Por isso, usaremos a Distribuição Normal. O teste é unilateral, com α = 0,10. Logo, para uma área de 0,40 (0,90 − 0,50) encontraremos, na Tabela Normal Z TAB = 1,28 . Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 13 Desenhando a curva, temos: α = 0,10 Z CALC = 230 − 218 X−μ 12 = = = 3. Vemos que ZCALC > ZTAB. σ 4 160 n 10 B Conclusão: ao nível de significância de 10%, REJEITO H0: μ = 218. Logo, μ > 218. EXEMPLO 6: O diâmetro médio de parafusos em uma amostra de 400 parafusos forneceu o valor de 25mm. Sendo 4mm o desvio padrão do processo de fabricação, pode-se afirmar, ao nível de significância de 5%, que o diâmetro médio de todos os parafusos seja inferior a 25,4mm? Resolução: Temos n = 400; X = 25; σ = 4; α = 5%. Hipóteses: H0: μ = 25,4; H1: μ < 25,4 (teste unilateral à esquerda); Distribuição: Normal, pois n = 400 (amostra grande). Teste unilateral à esquerda, com α = 0,05. Então, para uma área de 0,45 (0,95 − 0,50) encontraremos, na Tabela Normal −Z TAB = −1,64 . α = 0,05 Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 14 Z CALC = 25 − 25,4 X−μ −0,4 −8 = = = = −2. 4 4 σ 4 20 400 n Como ZCALC < ZTAB, ao nível de significância de 5%, REJEITO H0: μ = 25,4. Logo, o diâmetro médio é inferior a 25,4mm. EXEMPLO 7: Um ensaio de tensões de ruptura de 6 cabos produzidos por uma companhia mostrou a tensão média de ruptura de 7.750kg e o desvio padrão de 145kg, ao passo que o fabricante declara que aquela tensão média é de 8.000kg. Será verdadeira a declaração do fabricante, ao nível de significância α = 0,05? Resolução: Neste problema as hipóteses não estão explícitas no enunciado e aqui deveremos interpretá-lo. O que o pesquisador irá querer provar? Que o fabricante está falando a verdade ou que está mentindo? Falamos anteriormente que H1 representa a suposição que o pesquisador quer provar, sendo H0 formulada com o expresso propósito de ser rejeitada. Logo, as hipóteses serão: H0: μ = 8.000 (afirmação do fabricante); H1: μ < 8.000 (suposição do pesquisador); A amostra é pequena (n = 6) e σ desconhecido. Logo, t-Student, com ϕ = 5 g.l. e α = 0,05. Mas o teste é unilateral à esquerda e a tabela é bilateral. Portanto o nosso t tabelado será a célula interseção de ϕ = 5 com α = 0,10, ou seja: −t TAB = −2,015 . α = 0,05 t CALC = 7.750 − 8.000 −250 X−μ = = ≅ − 4,223. 145 S 59,196 6 n Como tCALC < tTAB, ao nível de significância de 5%, REJEITO H0: μ = 8.000. B Portanto o fabricante está mentindo, pois μ < 8.000. Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 15 EXEMPLO 8: Suponhamos que em indivíduos normais quanto à visão, a pressão intra-ocular seja uma variável aleatória normalmente distribuída com média 20 e variância 4 (em unidade de mm de mercúrio). Um cientista, querendo por à prova a sua hipótese de que o glaucoma causa um aumento tencional, mediu as pressões de 16 pacientes portadores de glaucoma, obtendo uma média igual a 24. O cientista deve ou não manter sua hipótese, ao nível de significância α = 0,005? Resolução: Novamente, vamos interpretar o enunciado. O que o cientista quer provar? Que o glaucoma causa aumento da pressão. Logo, a hipótese alternativa (que o cientista quer provar) é que a média é superior a 20. Portanto, as hipóteses são: H0: μ = 20; H1: μ > 20 (teste unilateral à direita); Temos: n = 16; X = 24; μ = 20; σ2 = 4; α = 0,005. A amostra é pequena, mas a variância populacional é conhecida (σ2 = 4) e σ = 2. Portanto, usaremos a Tabela Normal, onde a área de 0,495 (0,995 − 0,500) corresponde a uma abscissa de 2,58. Logo, ZTAB = 2,58 . α = 0,005 Z CALC = 24 − 20 X−μ 4 16 = = = = 8. 2 2 σ 2 4 16 n Como ZCALC > ZTAB, ao nível de significância de 0,5%, REJEITO H0: μ = 20. Assim, aceito que μ > 20, ou seja, o cientista está correto e deve manter sua hipótese de que o glaucoma aumenta a pressão intra-ocular. Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 16 EXEMPLO 9: Os graus dos alunos de Estatística têm sido baixos, com média de 5,2 e desvio de 1,2. Com um curso de revisão ministrado pelo colega Joselias, pretende-se aumentar o rendimento dos alunos. Entre 36 alunos que freqüentaram tal curso, a média foi de 6,4. Pode-se dizer, ao nível de significância de 8%, que o curso é eficiente? Resolução: Temos n = 36; X = 6,4; μ = 5,2; σ = 1,2; α = 0,08. Hipóteses: H0: μ = 5,2; H1: μ > 5,2 (teste unilateral à direita); Tabela: Normal, pois n = 36 (a amostra é grande). Para α = 0,08 teremos Z TAB = 1,41 , abscissa correspondente à área de 0,42 (0,92 − 0,50). α = 0,08 Z CALC = 6,4 − 5,2 X−μ 1,2 = = = 6. 1,2 1,2 σ 6 36 n Como ZCALC > ZTAB, ao nível de significância de 8%, REJEITO H0: μ = 5,2 e aceito que μ > 5,2, ou seja, o curso ministrado pelo professor Joselias é eficiente. EXEMPLO 10: Questão da prova para Analista do BACEN-2005 - Área 4, elaborada pela FCC. Uma amostra aleatória de 9 valores de salários extraída de uma população, considerada normal e de tamanho infinito, apresentou média igual a R$800,00 com um desvio padrão igual a R$120,00. Os registros históricos indicam que a média dos salários da população é igual a R$740,00. Deseja-se testar a hipótese, ao nível de significância α, se o valor da média verificada na amostra difere do valor de R$740,00. Seja H0 a hipótese nula do teste (μ = 740), H1 a hipótese alternativa (μ ≠ 740) e tα/2 > 0 o quantil da distribuição "t" de Student, no nível de significância α, para testes bicudais com 8 graus de liberdade. Sabendo-se que H0 foi rejeitada, tem-se que: Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 17 (a) tα/2 < 1,5. (b) tα/2 > 1,5. (c) para qualquer nível de significância H0 seria rejeitada, pois (800 − 740) ≠ 0. (d) o valor da variável do teste (t calculado) obtido através da amostra e necessário para comparação com −tα/2 e tα/2 é igual a 0,5. (e) a um nível de significância β, β > α, H0 não teria sido rejeitada. RESPOSTA: GABARITO LETRA A. t CALC = 800 − 740 X−μ 60 = = = 1,5. 120 S 40 9 n O gráfico do teste bicaudal: α α 2 −tα/2 0 2 tα/2 O enunciado traz dois dados importantes: 1) tα/2 > 0; 2) H0 foi rejeitada. Vimos que tCALC = 1,5. Então, para H0 ser rejeitada: tCALC tem que ser inferior a −tα/2 ou; tCALC tem que ser superior a tα/2. Mas tα/2 só pode ser positivo. Nesse caso, inferior a 1,5 (tCALC) para que H0 seja rejeitada. tCALC = 1,5 tα/2 Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 18 EXEMPLO 11: Questão da prova para o IBGE em 1999 elaborada pelo NCE-UFRJ. Considere uma amostra aleatória de tamanho 36 de uma distribuição normal com média μ e desvio padrão 1,8. Deseja-se testar H0: μ ≤ 10 versus H1: μ > 10. O teste uniformemente mais poderoso de tamanho 1% rejeitará H0 se a média amostral for, no mínimo, igual a: (a) 10,7 (b) 11,1 (c) 11,5 (d) 11,9 (e) 12,3 RESPOSTA: GABARITO LETRA A. No teste unilateral à direita, H0 será rejeitada se ZCALC > ZTAB. Para α = 1%, teremos, na Tabela Normal (n > 30), ZTAB = 2,33. Substituindo ZCALC, na estatística teste, por 2,33 temos: Z CALC = X − 10 X−μ X − 10 ⇒ 2,33 = ⇒ 2,33 = ⇒ 0,699 = X − 10 ⇒ X = 10,699 . 1,8 σ 0,3 36 n Esse é o valor que iguala ZCALC a ZTAB e para um valor de média amostral superior a este, H0 será rejeitada. Como o enunciado fala “no mínimo”, o menor valor será 10,7. EXEMPLO 12: Questão da prova para Analista Técnico da SUSEP – 2006, elaborada pela ESAF. Em uma distribuição de sinistro S, formulando-se a hipótese de que não há diferença entre a freqüência esperada e a observada (hipótese nula: H0). Donde, segundo um determinado nível de significância, podemos afirmar que ocorreu (a) um erro do tipo I, se for aceita a hipótese H0. (b) um erro do tipo II, se for rejeitada a hipótese H0. (c) um erro do tipo I, se for aceita a hipótese H0, sendo esta correta. (d) um erro do tipo II, se for rejeitada a hipótese H0, sendo esta correta. (e) um erro do tipo I, se for rejeitada a hipótese H0, sendo esta correta. RESPOSTA: GABARITO LETRA E. Questão teórica facílima, como eu costumo dizer, essa é “di-grátis”. Só quem não sabia o mínimo do assunto não a acertou. Basta ver o quadro à página 1 deste resumo para encontrar a resposta. Desejo bons estudos e excelentes provas de estatística a todos! PROFESSOR PEDRO BELLO Nas próximas páginas estão as TABELAS DAS DISTRIBUIÇÕES: NORMAL E t-STUDENT Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 19 TABELA DA DISTRIBUIÇÃO NORMAL PADRÃO Extraída do livro “Curso de Estatística”-Jairo Simon da Fonseca & Gilberto de Andrade Martins-Editora Atlas Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 20 TABELA DA DISTRIBUIÇÃO t de STUDENT Extraída do livro “Curso de Estatística”-Jairo Simon da Fonseca & Gilberto de Andrade Martins-Editora Atlas Teste de Hipóteses.doc Pedro Bello Página 21