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REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, VOL. 3, NO. 1, OUTUBRO 2013
Localização com Auxı́lio da Rede Celular
Lizandro Nunes, Francisco Madeiro, Emerson Lima e Waslon Lopes∗
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Sistemas-PPGES
Universidade de Pernambuco, Recife, PE, Brasil
∗ Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil
E-mails: {lsilva,madeiro,eal}@poli.br e [email protected].
Resumo—Este artigo aborda o problema da localização com o
auxı́lio da rede celular em ambientes de propagação urbanos,
suburbanos e rurais. Atenção especial é dada aos métodos
que utilizam modelos de propagação, como alternativa para
estimar a localização entre o móvel e a estação radiobase (ERB),
trilateração de potência e o método matemático iterativo de
Newton-Raphson.
Palavras-Chave—Localização, Modelo de Propagação, NewtonRaphson, Telefonia Celular, Trilateração.
I. I NTRODUÇ ÃO
S
ISTEMAS de localização podem ser aplicados para encontrar pessoas, cidades, estabelecimentos comerciais, entre
outros. Numa situação de emergência, como por exemplo, um
acidente automobilı́stico, o conhecimento do local permite a
economia de um tempo valioso às equipes de resgate para salvar vidas. A precisão nestes casos é fundamental. Ao se levar
em consideração serviços de emergência, que são utilizados
por milhares de pessoas diariamente ao redor do mundo, o
desenvolvimento de sistemas que auxiliem na localização de
vı́timas é muito importante. Por outro lado, serviços comerciais podem ser difundidos, tais como, serviços de mensagens
de texto informando promoções em centros comerciais e
monitoração de veı́culos de carga. Por essas questões, o tema
de localização tem sido muito importante, principalmente no
estado atual da tecnologia e grande disseminação de aplicativos de localização em redes sociais e smartphones [1].
Este artigo aborda a localização de terminais móveis em
sistemas de telefonia celular. O problema da localização de
celulares consiste basicamente na estimação das distâncias
de um terminal móvel em relação a três estações radiobase
utilizando resultados de medição da intensidade de potência
do sinal recebido em conjunto com modelos de predição
de perdas de propagação, como por exemplo o modelo de
Ericsson. De posse das distâncias estimadas e das posições
das três estações radiobase, o terminal pode estimar a sua
posição utilizando a técnica de trilateração de potência, que
corresponde à solução de um sistema de equações de segundo
grau a partir do método matemático de Newton-Raphson. A
localização do móvel também pode ser feita com os métodos
de localização de Identificação de Célula e Avanço de Tempo,
que também são abordados neste trabalho.
II. T ELEFONIA C ELULAR
Os primeiros sistemas de rádio tinham como objetivo principal transmitir sinais de voz a longas distância com uma
única antena. A transmissão analógica atendeu por décadas
esta tarefa, porém a capacidade se limitava a um canal de
voz, podendo chegar a doze ou mais em sistemas de múltiplo
acesso. O serviço se limitava até o alcance do campo irradiado pelas antenas e tentativas de reutilizar a frequência do
sinal resultavam em grandes interferências [2]. A partir deste
ponto foi desenvolvido um sistema, em que o conjunto de
frequências aplicadas na transmissão era reutilizado de forma
a expandir a transmissão dos sinais de readiofrequência, ou
seja, nas bordas limites das células o sinal não atenuava a
zero, era reaproveitado. O sistema foi denominado Telefonia
Móvel Celular, cujas caracterı́sticas de reuso de frequência e
handover ultrapassaram as barreiras da telefonia convencional,
e resultou no sucesso de uso atual [3]. No Brasil, por exemplo,
já existem mais celulares que habitantes [4].
A. Conceitos
O sistema de telefonia móvel celular é baseado na divisão
de áreas geográficas em áreas menores, denominadas células.
Cada célula pode ser representada por uma ERB, que provê
a cobertura da área geográfica a sua volta. Para melhorar a
eficiência na utilização do espectro, o reuso de frequência pode
ser utilizado. Esta técnica se aplica para transmitir de sinais
com a mesma frequência em uma ou mais ERBs existentes na
rede [3].
A representação geométrica de uma célula pode ser usualmente apontada por um hexágono, o que elimina a área de
sombra quando as células estão sobrepostas umas às outras. A
Figura 1 mostra o formato das células e o reuso de frequências
fator 7 [2]. O reuso é o procedimento de utilizar frequências
Figura 1.
Plano de frequência com fator de reuso 7, adaptado de [2].
iguais ao longo da distribuição das células na rede celular.
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Por sua vez, o fator 7 indica que o conjunto será formado
por sete células com frequências distintas A, B, C, D, E e F.
Esta formação é conhecida na telefonia celular como cluster,
em que as frequências são distribuı́das ao longo do cluster
e repetidas nos demais. Com isto, economizam-se recursos
de banda, porém existe a possibilidade de interferências. Portanto, é desejável que o planejamento celular das frequências
equilibre os parâmetros de forma a diminuir os riscos do seu
uso, que são interferência co–canal, quando células com a
mesma frequência interferem entre si e interferêcia de canal
adjacente, quando uma célula interfere nos canais próximos
aos das células principais [3], [5].
As células estão subdivididas em três grupos. De acordo
com suas caracterı́sticas construtivas, elas podem ser macrocélula, microcélula e picocélula [2].
•
•
•
Macrocélula: Opera com alta potência de saı́da e tem
como finalidade prover cobertura e tráfego em ambientes
internos (indoors) e externos (outdoors). A macrocélula
opera em conjunto com outras, possui raio maior que
400 m e pode ser identificada nas cidades pela torre de
sustentação que comporta seus sistemas irradiantes.
Microcélula: Opera com potência de saı́da mais baixa
e também provê cobertura para ambientes internos e
externos. Desenvolvida para cobrir áreas com 80 m de
raio, elas são usadas para suprir tráfego em regiões de
alto fluxo de usuários. Também é dimensionada para
prover capacidade de tráfego e/ou cobertura em locais
especı́ficos, como: corredores e andares mais elevados
de edifı́cios. A ERB fica instalada dentro do prédio e as
antenas podem ser montadas no teto ou na parede. Outras
aplicações das microcélulas são rodovias, ruas, esquinas
e cruzamentos movimentados, túneis e partes limitadas
de edifı́cios vizinhos [2];
Picocélula: Desenvolvida especificamente para ambientes
internos, aproximadamente 10 m de raio, onde a capacidade de tráfego é baixa, a propagação de radiofrequência
é limitada, e locais estratégicos como lojas de venda de
aparelhos. Este tipo de ERB tem raio de ação de até
60 m e disponibiliza serviço em locais muito fechados,
como linhas de produção e subsolos de grandes edifı́cios,
saguões de hotéis, estações de metrô, entre outros [2].
7
A. Ambientes de Propagação
Os ambientes de propagação podem ser classificados como
[7]:
• Urbano: Quando se encontram em grandes cidades, regiões metropolitanas com predomı́nio de altas
edificações;
• Suburbano: Área predominantemente residencial e com
edifı́cios de quatro andares em média;
• Rural: Caracterizados por regiões com baixas densidades
demográficas, onde a população fica dispersa em grandes
áreas, como sı́tios, chácaras e fazendas.
B. Modelo de Ericsson
O Modelo de Ericsson é baseado no modelo de Hata. Ele usa
parâmetros que podem ser ajustados de acordo com o ambiente
de propagação, o que o adapta a áreas urbanas, suburbanas e
rurais [8], [9]. A faixa de frequência vai de 100 a 2000 MHz
e o cálculo das perdas é descrito a seguir:
P L = a0 + a1 log10 (d) + a2 log10 (hb ) +
2
a3 log10 (hb ) log10 (d) − 3, 2[log10 (11, 8hm )] + g(f ),
em que P L é perda por espaço livre, a0 , a1 , a2 e a3 são
os parâmetros de ajustes de ambiente de propagação, d é
distância, f é frequência, hb é a altura da antena da ERB,
hm é altura da antena do celular e
2
g(f ) = 44, 5 log10 (f ) − 4, 8[log10 (f )] ,
Os modelos de propagação são ferramentas matemáticas
utilizadas para estimar o valor médio do nı́vel de sinal de
uma onda eletromagnética em sistemas de comunicações sem
fio [6]. Os modelos são utilizados para fazer predições de cobertura celular em função de parâmetros, como, por exemplo,
frequência, potência de transmissão/recepção e distância entre
ERB e EM (dERB−EM ). O último item é a base para aplicação
dos modelos deste trabalho à localização de celulares. Esta
seção mostra os detalhes do modelo de Ericsson, com atenção
especial para o cálculo da distância ERB–EM em ambientes
urbanos suburbanos e rurais.
(2)
correção do valor do ganho da antena da ERB em função
da frequência. A Tabela I mostra os valores sugeridos para
os coeficientes a0 , a1 , a2 e a3 em diferentes ambientes de
propagação.
Tabela I
L ISTA DE VALORES DE PAR ÂMETROS PARA O MODELO DE E RICSSON [8].
Ambiente
Urbano
Suburbano
Rural
a0
36,2
43,2
45,9
a1
30,2
68,9
100,6
a2
12,0
12,0
12,0
a3
0,1
0,1
0,1
Utilizando f = 1900 MHz e adequando as equações aos
parâmetros exigidos pelo Modelo de Ericsson, o cálculo da
distância entre o celular e a ERB é desenvolvido conforme
segue.
P L = Pt − Pr ,
III. M ODELOS DE P ROPAGAÇ ÃO
(1)
(3)
em que, Pt é a Potência transmitida e Pr é a Potência
Recebida, calcula-se g(f ) e L conforme segue.
2
g(f ) = 44, 5 log10 (1900) − 4, 8[log10 (1900)] = 95, 8 dB,
(4)
P L = a0 + a1 log10 (d) + a2 log10 (hb ) +
2
a3 log10 (hb ) log10 (d) − 3, 2[log10 (17, 6)] + 95, 8,
(5)
P L = a0 + [a1 + a3 log10 (hb )] log10 (d) + a2 log10 (hb ) + 90, 8,
(6)
8
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Substituindo os valores na Equação 3, tem-se a distância
d = 10
P t−P r−a0 −90,8−a2 log10 (hb )
a1 +a3 log10 (hb )
.
(7)
IV. T ÉCNICAS DE L OCALIZAÇ ÃO
Esta seção apresenta três técnicas de localização para telefonia celular: Identificação de Célula (CI – Cell Identification),
Avanço de Tempo (TA – Timing Advance) e Trilateração de
Potência.
A. Identificação de Célula
Toda célula possui um código identificador que a torna única
em todo o mundo. Ele é chamado de Identificação de Célula
(CI – Cell Identification) [10]. Fazendo uma analogia com
uma rede de computadores, este pode ser comparado ao IP
que cada elemento possui para ser encontrado na rede [11].
Da mesma forma, cada célula é reconhecida numa rede de
telefonia celular por meio dessa identificação, onde é realizada
troca de sinalização com central de comutação para operações
como handover, completamento de chamadas, entre outras
[5], [3]. Assim como no protocolo IPv4, onde o endereço é
separado em quatro grupos, o CI obedece ao mesmo critério.
A seguir é mostrada a sua composição na prática: O CI é parte
integrante do CGI (Cell Global Identity) = LAI (Location Area
Identity) + CI. Mas o LAI é composto pelo:
MCC (Mobile Country Code): Código do paı́s;
MNC (Mobile Network Code): Código da rede na
operadora; e
LAC (Location Area Code): Código local da operadora.
Logo, o CGI = MCC + MNC + LAC + CI¸ o que lembra a
arquitetura do IPv4. Para o caso do Brasil, pode-se fornecer,
como exemplo, o CGI 724-11-40181-33542. Em que, 724 é
o código adotado para o Brasil, 11 para a operadora VIVO
S/A, 40181 determina uma rede gerenciada em Pernambuco
e 33542 representa uma célula de um bairro da cidade do
Recife. O final de cada CI também significa o setor de cada
estação, ou seja, 1 é o primeiro setor, 2 o segundo e assim
sucessivamente [5].
Essa descrição detalhada de onde se encontra uma célula,
ou seja, a composição do LAI por todos esses termos constitui
parte fundamental do algoritmo de localização CI, pois, para
cada operação realizada por uma célula, a central telefônica
identifica quem foi a executora e registra as informações num
banco de dados. O cruzamento desse banco com os endereços
fı́sicos onde cada célula se encontra fornece a localização do
usuário.
B. Avanço de Tempo
O Avanço de Tempo (TA – Timing Adavance) é baseado
no método de diferença de tempo de chegada (TDoA –
Time Difference of Arrival), conhecido também como tempo
estimado de chegada (ETA – Estimated Time of Arrival),
baseia-se no tempo de chegada do sinal e é calculado desde a
saı́da do transmissor até o receptor [5]. Como a transmissão é
feita em radiofrequência, a diferença do tempo gasto entre os
dois pontos é medida. A partir dessas duas grandezas fı́sicas,
velocidade e tempo, é calculada a distância percorrida entre o
transmissor e o receptor [10].
No caso deste artigo, o interesse é localizar uma EM numa
rede de telefonia celular. Por isso o transmissor e o receptor
serão a ERB e a EM, respectivamente. A técnica requer que
estes dois componentes estejam sincronizados para que não
haja erro na medição.
A técnica TA se baseia no TDoA e se aplica à telefonia
celular. O funcionamento é baseado no tempo que o sinal
gasta para ser transmitido da ERB até o celular, porém a ERB
faz a leitura de quantas EMs estão utilizando seus serviços
naquele instante. A cada tempo medido é delimitado um raio,
que cresce em passos de 550 m, ou seja, para EMs que se
encontram a menos de 550 m da ERB é dado o valor “0”,
para as que se encontram entre 550 m e 1100 m é dado o
valor “1”e assim sucessivamente. A medição e a localização
exata de cada EM causaria um processamento muito alto na
ERB, de modo a prejudicar seu funcionamento, por isso que
este algoritmo não é tão preciso, entretanto pode dar valores
mais precisos se forem levados em consideração ambientes
suburbanos e com poucos obstáculos [12].
As empresas de aparelhos celulares desenvolveram um aplicativo chamado Field Test, que exibe, dentre várias medições,
o valor do TA no momento da ligação. A Figura 2 ilustra uma
tela do aparelho Nokia 6120G com a medição em destaque.
No exemplo, a EM está a aproximadamente 1100 m da ERB,
pois o valor do TA é “1”.
Figura 2.
Tela do aparelho Nokia 6120G [13].
C. Trilateração de Potência
De acordo com normas internacionais estabelecidas
pela Comissão Federal de Comunicações dos Estados
Unidos (FCC – Federal Communications Commission) e da
Coordenação do Grupo de Acesso para Informações de
Serviços de Emergência (CGALIES – Coordination Group on
Access to Location Information for Emergency Services) na
Europa, em alguns paı́ses, como por exemplo França e Alemanha, todas as ligações de emergência originadas por celulares
devem fornecer sua localização fı́sica. As operadoras iniciaram
as pesquisas e algumas técnicas foram desenvolvidas [14]. Esta
seção apresenta o método da Trilateração de Potência.
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A técnica de trilateração provê um cálculo intuitivo da
distância entre a EM e a ERB, a partir da intensidade de
potência (RSSI – Received Signal Strength Indication), recebida no aparelho. Combinando a contribuição de sinal recebido
por três ERBs, é possı́vel estimar a localização de celulares, ou
seja, cada ERB passa a ter a função de vértice num triângulo,
em cujo interior estará a possı́vel localização do móvel. Este
é conhecido como método da Trilateração de Potência [15].
A Figura 3 ilustra o método. Nela há um triângulo imaginário, cujos vértices são a Referência 1 (x1 , y1 ), Referência
2 (x2 , y2 ) e Referência 3 (x3 , y3 ). A medição do sinal transmitido por cada uma, aplicada ao cálculo da distância, provê
as distâncias d1 , d2 e d3 . A interseção das três circunferências
correspondentes a estas distâncias resulta no ponto (x, y), que
é a estimativa da localização desejada.
9
Série de Taylor ao redor de um ponto x0 , conforme segue:
2
f (x) = f (x0 ) + (x − x0 )f ′ (x0 ) +
(x − x0 ) ′′
f (x0 ) + ..., (8)
2!
em que x0 é o valor inicial das iterações para encontrar o
ponto x, ou seja, a solução da equação. Tomando os dois
primeiros termos da série, tem-se
f (x) ≈ f (x0 ) + (x − x0 )f ′ (x0 ).
A partir dos primeiros termos, calcula-se a reta tangente a
f (x) e que passa por x0 , ou seja, com f (x) aproximado a
uma reta, o ponto que essa reta cruza o eixo x, está próximo
ao ponto que a função cruza o eixo x, que será:
0 = f (x0 ) + (x − x0 )f ′ (x0 ) ⇒ x = x0 −
Figura 3. Representação gráfica da trilateração de potência, adaptada de [15].
O método da Trilateração de Potência pode ser utilizado
em qualquer ambiente de propagação, seja urbano, suburbano
ou rural, mas este último apresenta uma peculiaridade. Em
algumas cidades do interior, pode existir uma, ou até mesmo
duas, ERBs para prover cobertura ao municı́pio e áreas
vizinhas. Neste caso a trilateração não pode ser utilizada,
uma vez que é necessário ter no mı́nimo três medições de
RSSI propagadas por ERBs diferentes. Como solução para
este problema, as técnicas CI e TA são as indicadas porque
fornecem uma localização aproximada apenas com uma ERB,
embora a localização seja dada com menor precisão e os
bancos de dados das operadoras devem ser bastante confiáveis
para que dados como CGI não estejam errados, principalmente
quando se usa CI [10]. Conforme o artigo [16], já se estudam
métodos de bilateração de potência para solucionar casos em
que há duas ERBs.
V. M ÉTODO M ATEM ÁTICO DE N EWTON -R APHSON
O Método de Newton-Raphson [17] é utilizado para solução
de equações e sistemas de equações não-lineares, cujas funções
interceptem o eixo das abcissas ou das ordenadas, especificamente para o problema da localização, que possui poucas
variáveis. Encontrar os limites que contornam as interseções
com os eixos até convergirem para a solução da equação é o
objetivo do método. Para isso, basta fazer a expansão de uma
(9)
f (x0 )
.
f ′ (x0 )
(10)
O ponto x, calculado pela Equação 10, é usado no lugar de
x0 e se obtém a solução da equação da primeira iteração do
método. Em seguida, o processo se repete, ou seja, obter outra
equação que passe por x, traçar a reta que intercepta o eixo
x, neste caso x1 , o qual estará mais próximo da solução do
problema. O processo se repete, a partir de x0 , com sucessivas
iterações, até se aproximar do zero da função, ou seja, até a
série convergir.
A Figura 4 apresenta o método. Ela mostra as iterações
feitas a partir de x0 até chegar a solução da equação, ou seja,
chegar ao ponto x. Saindo de x0 , traça-se a r1 (x), tangente
a f (x), para obter x1 , no cruzamento com o eixo x,. De x1 ,
obtém-se x2 , a partir da r2 (x). De x2 , obtém-se x3 , a partir
da r3 (x). Após a terceira iteração, a partir de x3 , se converge
para o ponto x, neste caso a solução da equação.
Figura 4.
Convergência do método Newton-Raphson, adaptado de [17].
Apesar de não haver convergência em alguns casos e
precisar do cálculo da derivada de uma função, o que muitas
vezes não é tão simples, o método Newton-Raphson é eficiente
na busca das raı́zes das equações de sistemas não-lineares,
quando comparado com outros métodos, como, por exemplo,
o Método da Bisseção, que trabalha com valores médios até
achar as raı́zes do sistema, o que pode gerar erros elevados
[17].
10
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A. Metodologia para o Cálculo da Localização do Celular
utilizando o Método Newton-Raphson
O cálculo da localização do celular é realizado em etapas:
1) Utilizar as fórmulas do modelo de propagação Ericsson
para obter as distâncias entre o celular e a ERB;
2) A partir das distâncias, obtem-se, por trilateração, o
sistema de equações não-lineares, embora não considere
a existência de obstáculos entre a ERB e o móvel, o que
pode gerar erros na estimação da posição [18];
3) Resolver o sistema utilizando o método matemático de
Newton-Raphson.
A partir dos itens listados, a posição geográfica do móvel é
obtida. Para análise da eficácia das ferramentas apresentadas,
Erro Médio de Localização (EML) do ponto a ser procurado,
ou seja, qual a distância entre o ponto real da medição do
nı́vel de sinal e o calculado. A FCC adotou um conjunto de
regras para a precisão do erro do cálculo, em que deve ser 50
m em 67% das medições e 150 m para 95% das medições.
VI. C ONCLUS ÕES
Este artigo abordou o uso do modelo de propagação de
Ericsson no contexto de localização de um telefone celular.
Para o alcance desse objetivo, foi feita uma extensa revisão
da literatura e foi escolhido o modelo de propagação Ericsson
para ser aplicado aos ambientes urbano, suburbano e rural. A
posição geográfica do aparelho celular é obtida pelos nı́veis
de potência emitidos por três ERBs, uma vez que utiliza-se
o método da trilateração de potência no cálculo da distância
entre a ERB e o celular. Em seguida, aplicam-se as distâncias
a sistemas de equações não-lineares, que podem ser resolvidos
via método iterativo de derivadas Newton-Raphson. A eficácia
da metodologia para o cálculo da localização pode ser medida
pelo erro médio de localização entre a ERB e o ponto de
medição.
Um tema relevante para desenvolver pesquisas futuras
é associar sistemas de localização a cidades inteligentes. O
artigo “SMaRTCaR: An integrated smartphone-based platform
to support traffic management applications” envolve pesquisas
em gerenciamento de tráfego a partir de informações de
localização de smartphones. O objetivo é fazer com que os
dados passados pelo telefone tornem os trajetos no interior
das cidades cada vez mais curtos e seguros [19].
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a VIVO S/A, a CAPES e ao CNPq.
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