14 Segunda-feira, 24 de novembro de 2014 JCEmpresas Jornal do Comércio - Porto Alegre & Negócios JOÃO MATTOS/JC RESPONSABILIDADE SOCIAL Os alunos Marina, Renata, Edina e Petter junto ao professor Salvalaio ajudam a transformar ambientes 📕 📕 BIBLIOTECAS PARA TODOS 📕 Alunos de Design da UniRitter, em parceria com a Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais, projetam espaços de leitura em comunidades carentes Júlia Lewgoy Um grupo de alunos e professores da UniRitter aposta na ideia de que o design pode aproximar pessoas da leitura. Desde 2013, por meio do programa Design Social Aplicado, a equipe cria espaços de convivência para uma parcela da população que não costuma ser atendida por projetos conceituais. Em vez de pensar em soluções caras e distantes da realidade da maioria, foca em desenvolver bibliotecas sustentáveis, em locais como presídios, escolas e centros de saúde. O programa utiliza apenas materiais ex- cedentes para revitalizar locais, em parceria com a Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais, mantida pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). A entidade oferece para comunidades carentes materiais desperdiçados por diversos segmentos da indústria, que são aproveitados pelos estudantes da UniRitter nos projetos realizados. Os alunos têm acesso a galpões com sobras como mobiliários e materiais de construção. Quando não encontram os aparatos desejados, têm duas opções: adaptar as ideias à realidade ou buscar doações de apetrechos por conta própria. “Se não temos dinheiro, usamos a criatividade. Os projetos só não podem empacar”, explica a participante Edina Severgnini, de 20 anos. Todos os projetos têm o objetivo de humanizar ambientes e tornar a experiência da leitura mais agradável. “Só o livro não faz com que as pessoas leiam”, explica o pro- fessor de Design Claudio Salvalaio, um dos coordenadores da iniciativa. A ideia é que os espaços provoquem a curiosidade de crianças e adultos e promovam a socialização. Para ter um ambiente reformado, as instituições precisam se cadastrar no Banco de Livros, um dos bancos da Fundação. A entidade seleciona os projetos que serão beneficiados e os encaminha para a equipe da UniRitter. A partir de então, começa um processo de imersão no espaço a ser revitalizado, para identificar os hábitos e as necessidades das pessoas de cada lugar. Os estudantes se envolvem em todas as etapas, que incluem a concepção das ideias, a captação de materiais e a reforma dos ambientes. A iniciativa existe há quatro anos na universidade, mas foi oficializada como o projeto de extensão Design Social Aplicado no ano passado. Desde então, reuniu cerca de 150 pessoas, entre estudantes, professo- res e equipes dos locais beneficiados. Hoje, o grupo de designers conta com oito alunos bolsistas e dois voluntários, além dos professores. O programa já beneficiou oito instituições, já reformadas ou em desenvolvimento. O último ambiente inaugurado, em outubro, foi uma sala de convivência e leitura no Instituto de Educação Infantil Obra Social Imaculado Coração de Maria (Osicom), no bairro Passo das Pedras, na zona Norte de Porto Alegre. A instituição existe há 53 anos, mas até hoje não tinha um espaço que contribuísse para criar o hábito da leitura. Os livros ficavam em caixas fechadas, espalhadas pelas salas de aula. Agora, estão todos reunidos em estantes localizadas em um único ambiente, com temática de floresta, aberto às crianças que quiserem chegar. Assim, mais do que enfeitar a sala, o projeto de Design contribuiu para desenvolver uma cultura que não existia. Reformas despertaram rodas de literatura em penitenciárias Entre os espaços mais desafiadores já projetados por alunos no programa Design Social Aplicado, estão as penitenciárias de Montenegro e Arroio dos Ratos. Em parceria com a Superinten- dência de Serviços Penitenciários, os alunos criaram espaços de leitura para apenados e para crianças que visitam seus familiares. Durante a reforma, contaram com a ajuda de presidiá- rios. “Vários nos contaram que o assunto mudou com as rodas de leitura na penitenciária”, conta a estudante Renata Barros, de 22 anos. Em Montenegro, o grupo re- construiu um ambiente de recepção às visitas e desenvolveu um projeto de humanização da sala de revista íntima, com fotografias estilizadas de bichos de pelúcias. Além trazer novos ares ao cotidiano dos apenados e contribuir com a reconstrução de suas vidas, os ambientes revitalizados também pretendem reduzir o impacto do que já é suficientemente sofrido para os familiares. ANUNCIE NO JC. LIGUE 3213.1333.