Alessandra Gobatti Thomaz Aplicação da Motivação na Formação de Equipes de Alto Desempenho : Um Estudo de Caso Taubaté – SP 2003 2 Alessandra Gobatti Thomaz Aplicação da Motivação na Formação de Equipes de Alto Desempenho : Um Estudo de Caso Monografia apresentada para obtenção do Certificado de Especialização pelo Curso de Pós Graduação MBA em Gerência Empresarial e Negócios do Contabilidade Departamento e de Administração – Economia, ECA da Universidade de Taubaté. Área de Concentração: Gerência Empresarial e Negócios Orientador: Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira Taubaté – SP 2003 3 Alessandra Gobatti Thomaz Aplicação da Motivação na Formação de Equipes de Alto Desempenho: Um Estudo de Caso UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ, TAUBATÉ, SP Data: 27/09/03 Resultado: _____________________________________ COMISSÃO JULGADORA Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira Assinatura _____________________________________ Profa. Dra. Marilsa de Sá Rodrigues Tadeucci Assinatura _____________________________________ Prof. MBA Paulo César Corrêa Lindgren Assinatura _____________________________________ SUPLENTE Prof. Dr. José Luís Gomes da Silva Assinatura______________________________________ 4 Dedico este trabalho aos meus pais pelo incentivo apresentado durante a elaboração deste estudo. 5 AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Professor Doutor Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira, pelos ensinamentos e incentivo com que orientou este trabalho. À Dimen Vale Medicina Diagnóstica S/C Ltda, pela colaboração financeira e fornecimento de dados para este estudo. Aos meus amigos, colegas de curso e professores que me ajudaram direta ou indiretamente na conclusão deste estudo e do MBA. 6 Thomaz, Alessandra Gobatti. Aplicação da Motivação na Formação de Equipes de Alto Desempenho: Um estudo de caso. 2003 56 f. Monografia (Especialização em Gerência Empresarial e Negócios) –Departamento de Economia, Contabilidade, Administração – ECA, Universidade de Taubaté, Taubaté. RESUMO O conceito de Motivação é central à compreensão do comportamento humano sendo crítico ao sucesso administrativo. Fazendo uma fusão entre teorias sobre motivação e as novas tecnologias, pode-se desenvolver sistemas e equipes de trabalho de alto desempenho. A partir de um Estudo de Caso, realizado em uma clínica de Medicina Nuclear, localizada em São José dos Campos, Estado de São Paulo, Brasil, buscou-se retratar o estado de satisfação da equipe em relação a diversos itens, que passam a ser mencionados: satisfação centrada nas condições de trabalho da empresa, no próprio trabalho, nos relacionamentos positivos entre os colegas de trabalho, na chefia/gerência, entre outros aspectos, bem como a visualização e identificação do nível de motivação em relação às ações realizadas no cotidiano da empresa. Neste contexto, apontou-se falhas comuns nas organizações sobre uma série de fatores-chave que dizem respeito à motivação, buscando apresentar, de forma mais clara e mensurável, o quanto a satisfação, o grau de confiança que seus colaboradores depositam na empresa, inclusive suas participações com opiniões e sugestões sobre planejamento e desenvolvimento que interferem no alto desempenho da equipe e nos padrões de excelência desejados. Palavras-chave: motivação; equipe; desempenho; comportamento humano. 7 Thomaz, Alessandra Gobatti. Motivation's Applicationin the Formation of Teams of High acting: A Case. 2002. 56 f. Monograph (Specialization, Managerial Management and Businesses) -department of Economy, Accounting, Administration - ECA, University of Taubaté, Taubaté. ABSTRACT The concept motivation is central to the understanding of the human behavior and it is critical to the administrative success. Making a coalition among theories on motivation and the new technologies, we can develop systems and teams of high acting work. Starting from a Case accomplished at a clinic of Nuclear medicine, located in São José dos Campos, State of São Paulo, Brazil. We looked for to portray the satisfaction of the team in relation to several items, among which we can mention: to your work, the company; to himself even; to the workmates, to the work conditions; to your boss/manager, etc, as well as to visualize and to identify the motivation level in relation to the actions accomplished in the day by day. In this context, we will point out common flaws in the organizations on a factor-key series about the motivation, looking for to present in a clearer and measurable way as the satisfaction, the trust degree that your collaborators deposit in the company and even your participations with opinions and suggestions on planning and development interfere in the high acting of the team, and in the excellence results wanted. key-words: motivation; equips; acting; human behavior. 8 SUMÁRIO Resumo............................................................................................................. 06 Abstract.............................................................................................................. 07 Lista de Figuras................................................................................................. 10 Lista de Quadros............................................................................................... 11 Lista de Siglas................................................................................................... 12 1. Introdução..................................................................................................... 13 1.1 Objetivo..................................................................................................... 13 1.2 Delimitação do estudo.............................................................................. 13 1.3 Relevância do estudo............................................................................... 14 1.4 Metodologia do estudo............................................................................. 14 1.5 Estrutura do trabalho................................................................................ 14 2. Revisão bibliográfica................................................................................... 16 2.1 Comportamento organizacional................................................................ 16 2.2 Perspectiva histórica da motivação.......................................................... 17 2.3 Revisão das teorias motivacionais........................................................... 19 2.3.1 Teoria dos instintos........................................................................... 19 2.3.2 Teoria das decisões.......................................................................... 20 2.3.3 Teoria da afetividade......................................................................... 21 2.3.4 Teoria da equidade........................................................................... 22 2.3.5 Teoria do reforço.............................................................................. 23 2.3.6 Teoria de ERG.................................................................................. 24 2.3.7 Teoria do equilíbrio............................................................................ 25 2.3.8 Teoria da contingência...................................................................... 26 2.3.8.1 Ambiente.......................................................................................... 27 2.3.8.2 Tecnologia....................................................................................... 2.3.9 Teoria das necessidades................................................................... 27 28 2.3.10 Teoria X e Teoria Y............................................................................ 30 2.4 Indivíduo.................................................................................................... 31 2.4.1 Hereditariedade................................................................................. 2.4.2 Ambiente............................................................................................ 32 2.4.3 Situação............................................................................................. 32 32 2.5 Equipe........................................................................................................ 33 9 2.6 Organização ............................................................................................. 34 2.7 Motivação como técnica de melhoria do desempenho............................. 35 3 Formação de equipes..................................................................................... 39 4 Estudo de caso............................................................................................... 46 4.1 Conflitos de idéias e interesses................................................................. 48 4.2 Solução proposta para reverter o quadro atual da empresa..................... 50 5 Conclusão....................................................................................................... 53 Referências Bibliográficas................................................................................. 55 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Hierarquia das necessidades de Maslow......................................... 29 Figura 2 – Organograma da administração corporativa.................................... 47 Figura 3 – Organograma das unidades Dimen ................................................. 48 11 LISTA DE QUADROS Tabela 1 – Características da Equipe Dimen.................................................... 50 12 LISTA DE SIGLAS CO................................................................................. Comportamento Organizacional DIMEN................................................................................. Diagnóstico Médico Nuclear AMD..................................................................................... Associação Médica Nuclear 13 1. INTRODUÇÃO Neste momento de mudanças e de globalização, que pressiona as empresas face à competitividade emergente, o administrador, qualquer que seja a sua especialidade, necessita buscar, nos arcabouços teóricos e nas experiências práticas, formas de agir, com o intuito de orientar e minimizar as dificuldades dos seus colaboradores para a eficácia na realização das tarefas. O alcance das metas de uma empresa está diretamente relacionado ao seu componente humano. A organização necessita de pessoas que realizem tarefas e, para a otimização dessa missão, deve buscar suporte nos princípios e estudos sobre motivação humana, quer intrínseca ou extrínseca e nos pressupostos das necessidades que mobilizam o comportamento humano. As organizações modernas, em época de globalização, não podem repetir padrões ultrapassados de estruturas empresariais. Cabe a elas revolucionar a empresa visando às mudanças, em que a motivação e criatividade de cada colaborador sejam desenvolvidas e respeitadas, aproveitando-se os valores pessoais, sem temer os refluxos da competição desenfreada, que destrói a confiança e a reciprocidade. 1.1 OBJETIVO Este estudo tem como propósito revisar algumas dentre as teorias motivacionais e discutir como é possível sua aplicação, de forma a maximizar e otimizar a formação de equipes de alto desempenho no contexto organizacional. Ao estudar o comportamento e as necessidades dos indivíduos dentro de uma organização, há de se especificar as estruturas da equipe, a diferenciação nas mobilizações, entre outros aspectos. O objetivo é investigar entre modelos motivacionais aqueles que, ao serem implementados, favorecem o relacionamento e a satisfação entre os elementos da equipe e sua correlação com o alto desempenho. 1.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO Quando se estudam os aspectos motivacionais, exaltam-se abordagens sobre os motivos e as necessidades que mobilizam um indivíduo para alcançar seus objetivos pessoais e os objetivos das organizações. 14 No entanto, neste estudo, não será dada ênfase a questões relativas à falha de gestão de pessoas, no que se refere a: incentivo à qualificação, delegação de poder, remuneração, entre outros. 1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO Este estudo se faz relevante, uma vez que busca estimular o desenvolvimento de uma postura crítica diante da apresentação dos modelos motivacionais, quando aplicado efetivamente sobre uma equipe de trabalho. Além de permitir a análise da estruturação da equipe, também acompanha o grau de satisfação e comprometimento dos indivíduos com a organização, proporcionando, através de estratégias e ações, o crescimento e desenvolvimento profissional das pessoas e a máxima produtividade e qualidade, visando à consecução e à superação dos resultados determinados pela organização. 1.4 METODOLOGIA DO ESTUDO Como subsídios para esta discussão utilizaram-se revisões de materiais bibliográficos e um estudo de caso. O cenário deste estudo de caso será uma clínica de Medicina Nuclear. Este cenário é um ambiente permeado de estresse contínuo por se tratar de um ambiente médico, especialmente uma área de diagnóstico por imagem, onde, diariamente, trabalha-se para detectar vários tipos de doenças, principalmente o câncer. Neste contexto, o fator erro pode ter desagradáveis conseqüências. Tendo em vista este ambiente tenso e habitado por clientes fragilizados, é que se faz necessária uma equipe altamente qualificada e motivada, que saiba superar o estresse diário e esteja, a todo momento, em busca de um desempenho eficaz. 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO Com vistas à obtenção de uma visão ampla sobre esta abordagem, o desenvolvimento deste estudo deve contemplar cinco capítulos: O primeiro capítulo é a introdução, na qual será descrito o objetivo, a delimitação e relevância do estudo e a estrutura do trabalho. 15 O segundo capítulo conterá uma revisão bibliográfica, apresentando os conceitos sobre comportamento organizacional, motivação, indivíduo, equipe, organização e motivação como técnica de melhoria do desempenho. O terceiro capítulo descreverá a formação de equipes, citando os conflitos e frustrações das atividades em equipe. No quarto capítulo será apresentado um estudo de caso e supostas soluções de problemas para a questão da motivação. O quinto capítulo será dedicado à conclusão. 16 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Em um ambiente de negócios, cabe um questionamento relevante para o presente estudo: como as empresas estão se assegurando através do comportamento de seus colaboradores, conseguindo fortalecer e desenvolver seus negócios? Para que a implementação de estratégias motivacionais pelas organizações sejam eficazes, deve-se levantar questões relativas ao comportamento no ambiente empresarial ou organizacional. Partindo desse princípio, serão expostas algumas pesquisas que se fazem necessárias para este trabalho. 2.1 Comportamento Organizacional É de suma importância ressaltar algumas definições sobre comportamento organizacional (CO), pois, através dele, pode-se entender melhor o comportamento humano. Sem o entendimento desse comportamento, fica-se impossibilitado de entender as necessidade que motivam as pessoas a desenvolverem bem suas tarefas. Por esta razão, recorre-se a Wagner e Hollenbeck (2002), que discutem sobre o CO, definindo-o como “um campo de estudo voltado a prever, explicar, compreender e modificar o comportamento humano no contexto das empresas”. Ainda definindo o CO, têm-se, no final dos anos 40, pesquisadores na área de psicologia, sociologia, ciência política, economia e outras ciências sociais, que fazem as seguintes afirmações: • Comportamento Organizacional enfoca comportamentos observáveis e lida também com ações internas, como pensar, decidir, perceber, as quais interagem com ações externas; • CO estuda não só os indivíduos, como também membros de sociedades maiores; • CO analisa o comportamento dessas sociedades maiores, grupos e organizações, pois nem os grupos, nem as organizações se comportam da mesma maneira que os indivíduos. Segundo Eduardo Soto (2002), o comportamento organizacional está ligado às atitudes e aos atos das pessoas dentro de uma organização. As organizações entendem que incessantemente se torna importante o estudo e a compreensão das atitudes e necessidades dos indivíduos dentro de uma organização, principalmente neste século, em que os administradores estão enfrentando os desafios da competitividade global. 17 É notável a importância da qualidade nas empresas e é por isso que é necessário conjugar o interesse pela qualidade com produtividade e pela satisfação e necessidade dos clientes, internos e externos, e é justamente esse o desafio das organizações: conseguir descobrir e satisfazer as necessidades dos clientes, principalmente, clientes internos. Robbins (2002) afirma que o comportamento organizacional é: Um campo de estudo que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das organizações, com o propósito de utilizar esse conhecimento para promover a melhoria da eficácia organizacional. Ainda segundo o autor, por ser um campo de estudos, torna–se importante analisar três determinantes: indivíduos, grupos e estrutura e aplicando-se os resultados desse estudo nas organizações, para que elas tenham resultados positivos e pessoas mais eficazes, ou seja, “o comportamento organizacional se preocupa com o estudo que as pessoas fazem nas organizações e de como esse comportamento afeta o desempenho dessas empresas”. Pode-se notar que o CO atua sobre as necessidades, a personalidade, a capacidade de trabalho em equipe, as ambições, os sonhos, de cada um dos membros de uma organização. Pode-se afirmar, também, que tudo o que os integrantes da organização almejam, podem alcançar, se a política atual da organização permitir, pois, se as necessidades individuais não vierem de encontro com as necessidades da organização, o resultado desta interação pode se retratar em equipes de baixo redimento e baixa motivação. Entende-se, então, que, para se obter equipes eficazes e motivadas, é preciso, um cuidado especial na interação entre estas equipes e a organização, respeitando as necessidades individuais. 2.2 Perspectiva Histórica da Motivação Foi no início do século XX que a psicologia voltou-se para o estudo da motivação, tendo como primeiro estudioso o pesquisador Willian Mc Dougal (1871/1938). Na época, acreditava-se que o motivo advinha de uma representação instintiva, algo compulsivo, irracional, e a partir desta crença, justificavam-se todas as mobilizações do ser humano em suas ações. Em 1903, Mc Dougal apresenta uma lista dos “motivos” que, segundo sua teoria, determinam os comportamentos dos indivíduos e compõem sua lista, descrevendo-os: agressão, repulsa, curiosidade, fuga, auto-afirmação, reprodução, 18 fome, criação dos filhos, sociabilidade, construtivismo e aquisição. No entanto, para a comunidade psicológica, consideraram que aquela breve descrição dos motivos apresentava-se muito superficial, sem base para efetiva responsabilidade pelo comportamento humano. Na atualidade, Robbins (2002) descreve a motivação como o resultado final da interação do indivíduo com a situação; pode ainda ser definida como o caminho percorrido por uma pessoa, levando em conta seus esforços para alcançar determinada meta. Observam-se, hoje, organizações preocupadas com questões que envolvem a motivação de suas equipes, levando-as a ajustar suas metas com as necessidades pessoais de cada indivíduo dentro da organização. Herzberg (1997) definiu motivação como sendo uma função do crescimento, a partir da realização de um trabalho interessante e desafiador, através de recompensas. Outro autor atual, Soto (2002), define a motivação como uma pressão interna que surge de uma necessidade, de origem interna, que, ao excitar as estruturas nervosas, cria-se um impulso, para que o organismo consiga atingir alguma meta (objetivo, incentivo), ou seja, a motivação é um processo cíclico que surge de uma necessidade, de um motivo, seguidos de um impulso ou conduta para obtenção de uma meta. Analisando estas definições, acredita-se que não se pode falar em motivação sem entender os três elementos básicos que a compõem: intensidade, direção e persistência. A intensidade nada mais é do que o esforço feito por uma pessoa para conseguir ou realizar algo, e não pode ser dissociada da direção, pois de nada adiantaria tanto esforço se a organização não der uma direção que a beneficie; portanto, é preciso um esforço que vá de encontro à missão e política da organização. Vê-se, ainda, que motivação está muito ligada à persistência, pois quanto mais motivado estiver o indivíduo, mais persistente estará a atingir os objetivos pessoais e da organização. Por isso, Soto (2002) acreditava que equipes motivadas são altamente eficazes. Sob a luz das teorias motivacionais, pode-se perceber que muitas organizações, principalmente nos dias atuais, estão empregando ferramentas que a compõem, buscando cada vez mais o melhor emprego destas, de modo que esta interação resulte em satisfação ao individuo e em resultados de alto desempenho na organização. 19 2.3 Revisão das Teorias Motivacionais Desde longa data, discute-se sobre a origem e o entendimento da definição sobre motivação. Aqui serão descritas, sucintamente, algumas de interesse para o contexto do objetivo deste trabalho. 2.3.1 Teoria dos Instintos A teoria que ressalta os instintos como base da motivação, teve seu início na segunda metade do século XIX e suas pesquisas são baseadas no estudo da conduta dos animais. Essa teoria admite que o instinto é fundamental para qualquer atividade humana e apresenta uma visão completamente oposta de que o comportamento humano é puramente racional. As motivações são o conjunto de fatores que afetam o comportamento de uma pessoa. Segundo Mc Dougall, o instinto representa uma disposição psicofísica, que obriga a pessoa a prestar atenção a determinados objetos, experimentando uma excitação emocional ou impulso para realizar essa ação. Mc Dougall sintetizou doze instintos associados à emoção, que permitem explicar algumas atuações de compra por parte dos consumidores: • Instinto de fuga: provoca, entre outros, a emoção de medo. Pode justificar a compra dos cintos de segurança para os carros e seguros; • Instinto de combate: origina a emoção da ira. Pode dar lugar à aquisição de artigos desportivos diversos ou, simplesmente, a participar em competições; • Instinto de repulsa: origina a emoção do desporto, podendo justificar a aceitação e compra de produtos diversos, que permitam combater os maus cheiros e a falta de limpeza; • Instinto paternal: conduz à ternura. Permite justificar a compra de produtos destinados àquelas pessoas pelas quais se sente um especial amor ou carinho; • Instinto de curiosidade: origina a emoção de admiração (assombro) e justifica a utilização de muitas mensagens, que atraem a atenção do público, permitindo um maior conhecimento do objeto e, em consequência, uma maior probabilidade de compra; • Instinto de auto-afirmação: conduz à expressão emocional do orgulho, podendo justificar a aquisição de muitos produtos ou a utilização de determinados serviços associados ao orgulho da classe social e do nível cultural; 20 • Instinto de auto-humilhação: origina a emoção de submissão ante pessoas de maior capacidade; pode justificar a aquisição de produtos que outras pessoas utilizam, tomados como referência; • Instinto de reprodução: dá origem à emoção de desejo sexual. Justifica a aquisição de produtos a que, por algum motivo, se atribuem propriedades do tipo erótico; • Instinto gregário: conduz à emoção de solidão. Pode justificar a contratação ou aquisição de produtos diversos, como vídeos e animais; • Instinto de aquisição: leva à emoção de propriedade, permitindo a compra de muitos produtos pelo prazer de "ter" e de "comprar"; • Instinto de construção: conduz a emoções complexas, como criação e auto-relação, justificando a aquisição de produtos de "bricolage" e objetos decorativos; • Instinto de alimentação: provoca a emoção de fome; justifica a compra de produtos alimentares e bebidas. As motivações estão estreitamente vinculadas às necessidades, às carências ou desejos que as pessoas podem apresentar em cada momento. Isto faz com que para cada necessidade exista ao menos uma motivação, ainda que para a maior parte das pessoas exista sempre uma pluralidade de motivações diversas, por exemplo, na necessidade de dispor de um automóvel poderão surgir motivações muito diferentes umas das outras. Uma das motivações pode residir na utilidade do carro para facilitar a deslocação para o emprego. Pode ser a independência face aos transportes públicos. Para outros, a motivação principal pode estar na liberdade que o carro proporciona na realização de viagens, a comodidade e o transporte dos familiares. Estas breves considerações sobre as motivações mostram que estas podem não só ser diferentes entre as pessoas como podem ter importâncias distintas, sendo suscetíveis de mudanças com o tempo ou em situações diferentes. Em consequência disto, é imprescindível ter-se um conhecimento adequado das motivações existentes entre as pessoas, em cada momento, se se deseja que a publicidade se debruce sobre elas para, assim, poder afetar o comportamento das mesmas. 2.3.2 Teoria das Decisões A Teoria Comportamental entende que a organização é como um sistema de decisões, ou seja, todas as pessoas, dentro de uma organização, em todas as áreas 21 de atividades, em todos os níveis hierárquicos e em todas as situações, estão continuamente tomando decisões relacionadas ou não ao seu trabalho. Decisão é o processo de análise e escolha, entre várias alternativas disponíveis, do curso de ação que a pessoa deverá seguir. O processo decisorial é complexo e depende tanto das características pessoais do tomador de decisões quanto da situação em que está envolvido e da maneira como percebe essa situação. Soto (2002) salienta que o processo decisorial começa com o indivíduo, permitindo-lhe solucionar problemas ou defrontar-se com situações. Como a subjetividade nas situações é muito acentuada, Soto (2002) enumera algumas decorrências da Teoria das Decisões: • Racionalidade limitada: o indivíduo, que vai decidir, raramente possui todas as informações necessárias para tomar a melhor decisão; • Imperfeição nas decisões: não existem decisões perfeitas, apenas umas são melhores que outras; • Relatividade das decisões: toda decisão é uma acomodação, pois a alternativa escolhida jamais permite uma realização perfeita ou completa dos objetivos visados. O nível de realização é satisfatório e não ótimo; • Hierarquia das decisões: o comportamento é planejado, sempre que guiado por objetivos e é racional quando escolhe as alternativas mais adequadas que levam à consecução dos objetivos (Meio x Fim); • Racionalidade administrativa: o comportamento dos indivíduos nas organizações é planejado, isto é, orientado para se alcançar objetivos; • Influência organizacional: a organização retira de seus participantes a faculdade de decidir independentemente sobre certos assuntos e a substitui por um processo decisório próprio e previamente estabelecido. 2.3.3 Teoria da Afetividade Como o próprio nome diz, essa teoria se baseia na afetividade; o comportamento de um indivíduo é proporcional a sua afetividade, que pode estar em alta ou em baixa. O aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento, como também determinar sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará. Segundo Lima (1998), na teoria de Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerado frente a dois componentes: um cognitivo e outro afetivo. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, 22 interesses , desejos, tendências, valores e emoções em geral. Piaget aponta que há aspectos do afeto que se desenvolvem. O afeto apresenta várias dimensões, incluindo os sentimentos subjetivos (amor, raiva, depressão) e aspectos expressivos (sorrisos, gritos, lágrimas). Na sua visão, o afeto se desenvolve no mesmo sentido que a cognição ou inteligência e é responsável pela ativação da atividade intelectual. Piaget descreveu, cuidadosamente, o desenvolvimento afetivo e cognitivo, desde o nascimento até a vida adulta, centrando-se na infância. Com suas capacidades afetivas e cognitivas expandidas através da contínua construção, as crianças tornam-se capazes de investir afeto e ter sentimentos validados nelas mesmas. Neste aspecto, a auto-estima mantém uma estreita relação com a motivação ou interesse da criança para aprender. O afeto é o princípio norteador da auto-estima. Após desenvolvido o vínculo afetivo, a aprendizagem, a motivação e a disciplina como 'meio' para conseguir o auto-controle da criança e seu bem-estar são conquistas significativas. Atendendo as necessidades afetivas de seus filhos, desde cedo, eles se tornarão mais satisfeitos consigo mesmos e com os outros, e terão mais facilidades e disposição para aprender. A criança que se sente amada, aceita , valorizada e respeitada, adquire autonomia, confiança e aprende a amar, desenvolvendo um sentimento de autovalorização e importância. A auto- estima é um fator que se aprende. Se uma criança tem uma opinião positiva sobre si mesma e sobre os outros, terá maiores condições de aprender. O sentimento de 'não sou ninguém' levará a criança a não se esforçar muito, a não ter desejo de aprender, a ficar indiferente diante do êxito ou do fracasso. E esse sentimento pode criar problemas de aprendizagem e de comportamento em sua vida adulta. 2.3.4 Teoria da Equidade (Equiparação/Equilíbrio) É uma teoria baseada no princípio da comparação social. Foi proposta por Adams e defende que a força do desejo de trabalhar de uma pessoa depende das comparações com os esforços de outras pessoas. Esta teoria possui uma base social e perceptiva, defendendo que a motivação tem uma origem social, e não biológica. (Muchinsky, 1994). Esta teoria afirma que a pessoa estabelece uma relação entre as suas entradas e saídas, sendo consideradas como entradas a inteligência, experiência, habilidades, nível de esforço, saúde, entre outros, e como saídas, o salário, as 23 condições de trabalho, os benefícios advindos do tempo de trabalho. A partir dessas duas situações, o indivíduo as compara com as dos outros. Se o número de entradas for o mesmo e as saídas forem diferentes, observa-se uma situação motivadora de injustiça, pois o objetivo será o de reduzir a injustiça (Muchinsky, 1994). Teoricamente, os sentimentos de ser bem pagos, motivando o indivíduo a produzir mais e com mais qualidade, não duram muito tempo, e se os empresários se utilizassem deste fator motivador, teriam de aumentar os salários, mensalmente, o que os levaria à falência em pouco tempo. Foi comprovado, posteriormente, que estas hipóteses eram falhas, ou seja, pouco precisas, visto que fazer com que o outro trabalhe em um ritmo mais lento ou mais rápido não reduz a injustiça, pois o sentir e pensar de outra pessoa poderá ser diferente. Por esta razão é que foram descobertos métodos de redução da injustiça, que poderão se aproximar mais do seu objetivo. Estes métodos estão agrupados em comportamentais e cognitivos. Os comportamentais defendem a mudança das entradas e saídas, fazendo com que o outro mude as entradas e saídas, e transferir-se para outro que seja mais justo. Os cognitivos defendem a modificação das próprias entradas e saídas e também as dos outros, visando à mudança do outro com quem se está comparando (Muchinsky, 1994). Enfim, a comparação social é válida, podendo esta teoria ser parabenizada por considerar este fenômeno como base da motivação. Infelizmente, o mundo do trabalho não é tão simples, havendo necessidade de considerar muitos outros fatores para a verdadeira motivação no trabalho. 2.3.5 Teoria do Reforço (condicionamento operante / condutismo) Constitui um dos enfoques mais antigos sobre a motivação, sendo novidade apenas o seu direcionamento para os trabalhadores. Originou-se no trabalho de Skinner (1977) sobre o condicionamento dos animais. Suas variáveis centrais são estímulo, resposta e recompensa. O estímulo é qualquer variável ou condição que suscita uma resposta, que vem a ser uma medida de rendimento no trabalho. A recompensa é algo de valor atribuído ao trabalhador, em função da resposta manifestada pelo seu comportamento, sendo um meio de reforçar a ocorrência da resposta desejada. Nesta teoria, a maior atenção está voltada para a conexão resposta-reforço (Muchinsky, 1994). Os defensores da teoria do reforço acreditam que, manipulando os programas de reforço, pode-se moldar a magnitude da motivação da resposta do sujeito. Esta teoria foi utilizada inclusive na redução do absenteísmo, através de um reforço monetário a quem era pontual ao trabalho. A teoria do reforço foi aplicada na redução 24 da rotação dos colaboradores, como um incremento da produtividade e para melhorar a formação da supervisão (Muchinsky, 1994). A investigação mostra que os princípios desta teoria realmente funcionam, apesar de apresentarem algumas limitações dentro de organizações industriais. A teoria do reforço possui atrás de si uma história de conseqüentes mudanças desejadas na conduta do trabalho e se diferencia das outras teorias da motivação por não se centrar no indivíduo, mas sim, nos fatores ambientais que modelam e modificam o comportamento (Muchinsky, 1994). 2.3.6 Teoria ERG É uma teoria baseada nas necessidades. Segundo Muchinsky (1994), foi proposta por Clayton Alderfer e defende que existem três tipos de necessidades: a de existência, a de relação e a de crescimento no sentido de desenvolvimento. As necessidades de existência são materiais, combinam fatores fisiológicos e de segurança e se satisfazem mediante fatores ambientais como: alimento, água, salário, benefícios complementares, segurança no cargo e condições de trabalho. As necessidades de relação ou de relacionamento implicam a relação com os companheiros, superiores, subordinados, família e amigos. E por último, as necessidades de crescimento se referem ao desejo de alcançar o desenvolvimento profissional, sendo satisfeitas quando o indivíduo desenvolve sua habilidade e capacidade em uma área que seja importante para ele; envolvem o desejo de autoestima e de auto-realização (Muchinsky, 1994). Esta teoria surgiu em decorrência de seu propositor discordar da hierarquia de Maslow. Na realidade, ele considera que estas necessidades podem ser satisfeitas independente da ordem, sendo que as pessoas buscam a satisfação das necessidades mais concretas, caso não estejam satisfeitas com as mais abstratas (conceito de frustração regressiva) (Muchinsky, 1994). Muitos estudiosos apoiaram esta teoria, mas existiram aqueles que foram contrários a ela, embora ela recebesse muito mais apoio do que a teoria da hierarquia das necessidades de Maslow, apesar de muitos problemas serem comuns a ambas. Alguns anos mais tarde, outros estudiosos chegaram à conclusão de que as teorias das necessidades são pouco válidas para o trabalho cotidiano, por isso as investigações sobre elas foram reduzidas (Muchinsky, 1994). 25 2.3.7 Teoria do Equilíbrio Na teoria do equilíbrio, afirma-se que, devido a uma grande tensão, o ser humano pode desencadear um processo de ativação para consecução do equilíbrio fisiológico e social, que se refere à adaptação entre o meio social e seu organismo. É importante ressaltar alguns conceitos e postulados básicos dessa teoria: • Incentivos ou alicientes: são os "pagamentos" que a organização faz aos seus participantes (salários, benefícios, prêmios de produção, elogios, promoções, reconhecimento, entre outros); • Utilidade dos incentivos: cada incentivo possui determinado valor de utilidade, variando de um indivíduo para outro; • Contribuições: são os "pagamentos" que cada participante efetua à organização (trabalho, dedicação, esforço, assiduidade, pontualidade, lealdade, reconhecimento, entre outros); • Utilidade das contribuições: consiste no valor que o esforço de cada indivíduo para com a organização, a fim de que esta alcance seus objetivos; Dentre os postulados, seguem alguns bastante importantes: • Uma organização é um sistema de comportamentos sociais inter-relacionados de numerosas pessoas, que são seus participantes; • Cada participante e cada grupo de participantes recebe incentivos (recompensas) em troca dos quais faz contribuições à organização; • Todo o participante manterá sua participação na organização enquanto os incentivos, que lhe são oferecidos, forem iguais ou maiores que as contribuições que lhe são exigidas; • As contribuições, trazidas pelos vários grupos de participantes, constituem a fonte na qual a organização se supre e se alimenta dos incentivos que oferece aos participantes; • A organização continuará existindo somente enquanto as contribuições forem suficientes para proporcionar incentivos em grande qualidade para induzirem os participantes à prestação de contribuições. Faz-se relevante ressaltar os tipos existentes de participantes em uma organização. Os participantes da organização são todos aqueles que dela recebem incentivos e que trazem contribuições para sua existência. Existem cinco classes de participantes: empregados, investidores, fornecedores, distribuidores e consumidores. 26 Nem todos os participantes atuam dentro da organização, mas todos eles mantêm uma relação de reciprocidade para com ela. 2.3.8 Teoria da Contingência A palavra contingência significa algo incerto ou eventual, que pode suceder ou não. Dentro de um aspecto mais amplo, a Abordagem Contingencial, segundo Bowditch e Buono (1992), salienta que não se atinge a eficácia organizacional seguindo um único e exclusivo modelo organizacional, ou seja, não existe uma forma única que seja melhor para organizar no sentido de alcançar os objetivos altamente variados das organizações dentro de um ambiente também altamente variado. Os estudos atuais sobre as organizações complexas levaram a uma nova perspectiva teórica: a estrutura de uma organização e seu funcionamento são dependentes da interface com o ambiente externo. A mais notável contribuição dos autores da Abordagem Contingencial está na identificação das variáveis que produzem maior impacto sobre a organização, como ambiente e tecnologia, para, então, predizer as diferenças na estrutura e no funcionamento das organizações devidas às diferenças nestas variáveis. A Abordagem Contigencial marca uma nova etapa no estudo da Teoria Geral da Administração, assumindo uma abordagem eclética, comparando as demais teorias administrativas existentes à luz dessas variáveis, aplicando seus diversos princípios em cada situação distinta de cada organização. A Teoria da Contingência é um passo além da Teoria de Sistemas em Administração. A visão contingencial da organização e de sua administração sugere que uma organização é um sistema composto de subsistemas e delineado por limites identificáveis em relação ao seu supra-sistema ambiental. A Teoria da Contingência nasceu a partir de uma série de pesquisas feitas para verificar os modelos de estruturas organizacionais mais eficazes em determinados tipos de indústrias. Os pesquisadores, cada qual isoladamente, procuraram confirmar se as organizações eficazes de determinados tipos de indústrias seguiam os pressupostos da Teoria Clássica, como a divisão do trabalho, a amplitude de controle, a hierarquia de autoridade, entre outros. Os resultados surpreendentemente conduziram a uma nova concepção de organização: a estrutura de uma organização e o seu funcionamento são dependentes da interface com o ambiente externo. Em outros termos, não há uma única e melhor forma de organizar. São apresentados pelos autores da Escola Contingencial duas variáveis principais que determinam toda a organização da empresa e os relacionamentos entre suas partes: o ambiente e a tecnologia. 27 2.3.8.1 Ambiente Entende-se como ambiente tudo aquilo que envolve externamente uma organização (ou um sistema). É o contexto dentro do qual uma organização está inserida. Como a organização é um sistema aberto, ela mantém transações e intercâmbio com seu ambiente. Isto faz com que tudo o que ocorre externamente no ambiente passe a influenciar internamente o que ocorre na organização. Como o ambiente é vasto, complexo, envolvendo tudo o que há ao redor da organização, ele pode ser analisado em dois segmentos: • Ambiente Geral: é o macroambiente, ou seja, o ambiente genérico e comum a todas as organizações. O ambiente geral é constituído de um conjunto de condições semelhantes para todas as organizações. As principais dessas condições são: • • condições tecnológicas • condições econômicas • condições políticas • condições legais • condições demográficas • condições ecológicas • condições culturais Ambiente de Tarefa: é o ambiente mais próximo e imediato de cada organização. É o segmento do ambiente geral do qual uma determinada organização extrai as suas entradas e deposita suas saídas. O ambiente tarefa é constituído por: • fornecedores de entradas • clientes ou usuários • concorrentes • entidades reguladoras O grande problema que as organizações de hoje defrontam é a incerteza. Aliás, a incerteza é o grande desafio atual da Administração. Contudo, ela não está no ambiente nem na realidade ambiental percebida, e sim, na percepção e interpretação das organizações. Parece mais adequado falar-se em incerteza na organização, pois o mesmo ambiente pode ser percebido de maneiras diferentes por duas organizações. 2.3.8.2 Tecnologia Sob um ponto de vista administrativo, considera-se a tecnologia como algo que se desenvolve predominantemente nas organizações, em geral, e nas empresas, em particular, através de conhecimentos acumulados e desenvolvidos sobre o significado 28 e execução de tarefas (know-how) e de suas manifestações físicas decorrentes máquinas, equipamentos, instalações - constituindo um enorme complexo de técnicas usadas na transformação dos insumos recebidos pela empresa em resultados, isto é, em produtos e serviços. A tecnologia pode estar ou não incorporada a bens físicos. A tecnologia incorporada está contida em bens de capital, matérias-primas intermediárias e componentes. A tecnologia não incorporada encontra-se nas pessoas - como técnicos, peritos, especialistas, engenheiros, pesquisadores - sob formas de conhecimentos intelectuais ou operacionais, facilidade mental ou manual para executar as operações, ou em documentos que a registram e visam a assegurar sua conservação e transmissão - como mapas, plantas, desenhos, projetos, patentes, relatórios (software). Em suma, tecnologia é o conhecimento que pode ser utilizado para transformar elementos materiais em bens ou serviços, modificando sua natureza ou suas características. A tecnologia tem a propriedade de determinar a natureza da estrutura e do comportamento organizacional. Existe um forte impacto da tecnologia sobre a vida, natureza e funcionamento das organizações. A tecnologia, em nome do progresso, cria incentivos em todos os tipos de empresas, para levar os administradores a melhorarem cada vez mais a eficácia, mas sempre dentro do critério normativo de produzir eficiência. A Abordagem Contingencial é eminentemente eclética e integrativa, manifestando uma tendência a absorver os conceitos das diversas teorias administrativas - cada qual criticando as demais - no sentido de alargar os horizontes e mostrar que nada é absoluto. A tese central da abordagem contingencial afirma que não há um método ou técnica geralmente válidos, ótimos ou ideais para todas as situações: o que existe é uma variedade de alternativas de métodos ou técnicas proporcionados pelas diversas teorias administrativas, um dos quais poderá ser apropriado para uma situação determinada. A abordagem contingencial está sendo aplicada em quase todos os campos da teoria administrativa com resultados animadores. 2.3.9 Teoria das Necessidades A mais famosa das teorias, formulada por Abraham Maslow, psicólogo clínico, busca explicar a motivação pelas necessidade individuais. Para Maslow, os seres humanos têm diferentes preferências pessoais e cada um em sua escolha é satisfeito. Segundo Maslow, as pessoas apresentam cinco tipos distintos necessidades, dispostas hierarquicamente conforme a Figura 1, na próxima página. de 29 AutoRealização Estima Amor Segurança Fiosiológicas Figura 1. Hierarquia das necessidades de Maslow. Fonte: Robbins ( 2002 ). No nível mais inferior da hierarquia de Maslow, estão as necessidades Fisiológicas, como fome e sede, que, segundo ele, são essenciais e, se estiverem supridas, o indivíduo já estará parcialmente motivado. No segundo nível, vem a necessidade de segurança que tem a ver com a aquisição de objetos contra ameaças futuras, principalmente, as relacionadas à capacidade de satisfazer as necessidades fisiológicas; se ambas estiverem satisfeitas, a necessidade de amor se torna prepotente. No quarto nível, estão as necessidades de estima. O autor classifica dois tipos de estima; a estima social, que consiste em reconhecimento, respeito e atenção, e a auto-estima que são os próprios sentimentos pessoais de um indivíduo. Portanto, neste nível, as necessidades do indivíduo são satisfeitas parte por elementos externos e parte por elementos internos da própria pessoa. No topo da hierarquia, encontra-se a necessidade de auto-realização. Maslow acreditava que, se as outras necessidades estivessem atendidas, o indivíduo estaria basicamente satisfeito, uma exceção em nossa sociedade; no entanto, sobre indivíduos basicamente satisfeitos, sabe-se muito pouco de auto-realização. Definia auto-realização com suas palavras: “poderia ser formulada como o desejo de sermos cada vez mais o que somos, de virmos a ser tudo o que somos capazes de ser”. Esta era a única necessidade que não era totalmente satisfeita. Embora esta teoria não tenha muita sustentação empírica, foi aceita pelo fato de ser uma das pioneiras em motivação e precursora das teorias modernas. 30 2.3.10 Teoria X e Teoria Y Apresentada por Douglas McGregor (2002), que propõe duas visões distintas do ser humano: uma negativa, que se chamou de Teoria X e outra, positiva, denominada Teoria Y. McGregor (2002) formulou esta teoria após perceber como os executivos tratavam seus funcionários e de como eles tendiam a moldá-los de acordo com seu próprio comportamento. Para entender um pouco mais sobre esta teoria, serão descritas quatro premissas que o autor formulou com base no comportamento dos executivos: • Os funcionários, por natureza, não gostam de trabalhar e, sempre que possível, tentarão evitar o trabalho; • Como eles não gostam de trabalhar, precisam ser coagidos, controlados ou ameaçados com punições para que atinjam as metas; • Os funcionários evitam responsabilidades e buscam orientação formal sempre que possível; • A maioria dos trabalhadores coloca a segurança acima de todos os fatores associados ao trabalho e mostra pouca ambição. Em contrapartida, McGregor (2002) também definiu quatro premissas positivas, sobre a Teoria Y: • Os funcionários podem achar o trabalho algo tão natural quanto descansar ou se divertir; • As pessoas demonstrarão auto-orientação e autocontrole se estiverem comprometidas com os objetivos; • As pessoas, na média, podem aprender e aceitar, ou até buscar a responsabilidade; • A capacidade de tomar decisões inovadoras pode estar em qualquer pessoa, não sendo um privilégio exclusivo daquelas em posições hierárquicas mais altas. As implicações motivacionais da análise de McGregor (2002), são melhor expressas pela estrutura da teoria de Maslow, em que a teoria X assume que as necessidades de baixo nível dominam o indivíduo; e a teoria Y é justamente o oposto, necessidades de alto nível são as dominadoras. Acreditava que a teoria Y era mais válida no processo motivacional, buscando integrar seus funcionários em processos decisórios e participativos dentro da empresa. 31 Poder-se-iam citar outras teorias sobre a motivação, já que este tema incita e incitou vários estudiosos ao longo dos tempos, mas na realidade, pode-se resumir que, baseando-se em Wagner e Hollenbeck (2002), a motivação está em direta interação com o meio interior do indivíduo, contida intrinsecamente dentro do seu organismo ( motivação intrínseca). Entretanto, várias teorias afirmam que a motivação pode ser extremamente influenciada por fatores externos ao organismo de cada pessoa (motivação extrínseca), cabendo às organizações, representadas na figura dos gerentes, por exemplo, a função de promover incentivos para levá-las a potenciar suas ações profissionais e obter satisfação de suas necessidades em seu local de trabalho. Wagner e Hollenbeck (2002) concluem que a motivação, em termos de comportamento, tem sido conceituada como o esforço, a dedicação e a tenacidade que mobilizam cada pessoa para atingir um objetivo ou executar suas funções. 2.4 Indivíduo Ressaltado ao longo deste trabalho, viu-se que, dentro de uma organização, é preciso compreender as necessidades das pessoas, descobrir suas metas individuais e profissionais, para, então, ajustá-las à organização e vice-versa. Para a discussão sobre indivíduo, é preciso entender o que é personalidade. Por que algumas pessoas são calmas, enquanto outras são agressivas? Será que alguns tipos de personalidade se adaptam mais facilmente a determinados tipos de trabalho? Segundo Robbins (2002), a definição de personalidade foi criada por Gordon Allport há 60 anos. Ele afirma que personalidade é “a organização dinâmica interna daqueles sistemas psicológicos do indivíduo que determinam seu ajuste específico ao ambiente”. A personalidade é mais descrita conforme os traços mensuráveis característicos em um indivíduo. Na visão de Bergamini (1997), a personalidade se resume em quem você é, quem foi e quem será. Novamente se reportando a Soto (2002), este autor complementa: a personalidade inclui também aspectos intelectuais, afetivos, impulsivos, volitivos, fisiológicos e morfológicos. Subsidiados destes conceitos sobre o indivíduo, é que acreditamos que as organizações necessitam da consciência sobre as diferenças individuais, sobre como as pessoas agem diferentes umas das outras e têm emoções singulares, precisando ser sensíveis suficientemente para perceber e definir suas metas e objetivos e facilitando, cada vez mais, a formação de equipes com características equivalentes às suas necessidades. 32 Para Wagner e Hollenbeck (2002), os gerentes, que não conseguem ter essa visão, caem na falácia da imagem do espelho, isto é, pensam que as pessoas são exatamente como nós. De acordo com os autores, ainda, que, historicamente, acredita-se que a hereditariedade e o ambiente são elementos que podem moldar a personalidade. Os pesquisadores descobriram que o fator genético explica 50% das diferenças de personalidade e quase 40% das variações do interesse em relação ao trabalho. 2.4.1 Hereditariedade É definida por Wagner e Hollenbeck (2002) como fatores: altura, cor dos cabelos e olhos, sexo, estatura e outros, determinados desde a concepção do indivíduo. Três ramos de pesquisas procuram argumentar que a hereditariedade influencia diretamente na personalidade das pessoas. Robbins (2002) descreve que o primeiro ramo enfatiza fatores genéticos do comportamento e temperamento entre crianças pequenas; o segundo ramo estuda irmãos gêmeos, que são separados no nascimento; e o terceiro ramo pesquisa a satisfação para com o trabalho no dia a dia e em diferentes situações. O autor salientou, ainda, que traços como timidez, angústia e medo podem ser fatores genéticos, asiim como a cor dos cabelos e dos olhos. Foram pesquisados também mais de 100 pares gêmeos separados no nascimento e que foram criados em locais diferentes, evidênciando que traços de personalidade e até preferência de cores, tipo de carros, entre outros aspectos, eram comuns nos dois irmãos, o que se conclui que podem ser genético os fatores de personalidade. 2.4.2 Ambiente O ambiente em que se é criado e em que se vive também é um fator determinante na formação dos traços da personalidade do indivíduo. Entre os fatores que exercem influência na personalidade estão a cultura em que se cresce, normas de família, os amigos e grupos sociais, além das experiências vividas ao longo da vida. Bergamini e Code (1990) dizem que os argumentos que defendem a hereditariedade e o ambiente como determinantes na formação da personalidade são igualmente importantes. A hereditariedade determina os limites, enquanto que o potencial de um indivíduo será determinado pelo ambiente em que vive. 2.4.3 Situação Autores como Robbins (2002), Soto (2002), colocam a situação como determinante na formação da personalidade. As variáveis situações diárias trazem 33 diversos aspectos de personalidade, mesmo nos indivíduos considerados estáveis no convívio diário. É redundante afirmar que o estudo da personalidade é essencial na formação de equipes, nos dias atuais, posto que se vêem executivos interessados na flexibilidade do indivíduo, ou seja, naqueles que se adaptem às mudanças constantes e não só em uma tarefa específica. Ainda sob a luz do pensamento de Robbins (2002), pode-se concluir que características de personalidade estão intimamente ligadas ao desempenho no trabalho e essa relação é melhor definida na Teoria da Adequação da Personalidade ao Cargo de Holland (1992). Holland e Gottfredson (1992) apresentam seis tipos de personalidade e propõem que a satisfação, no trabalho, depende do grau de sucesso que cada indivíduo consegue ajustar sua personalidade ao seu trabalho. Em sua teoria, ele defende que pessoas sociáveis devem estar em trabalhos sociais; pessoas convencionais, em trabalhos convencionais, e assim por diante. Desta forma, esperase que as organizações que conseguirem fazer essa relação entre cargo e personalidade, obtenham um grande passo para conseguir indivíduos motivados. 2.5 Equipe De maneira crescente, as organizações estão trabalhando em equipes para desenvolver trabalhos, mas como conseguir equipes de alto desempenho? Primeiramente é necessário conceituar o que é uma equipe. Segundo Maginn (1996), a interação de uma pessoa com outra desencadeia um processo de formação de um grupo, que existe, quando há uma interdependência, uma unidade identificada e objetivos comuns, porém os grupos não têm necessidade nem oportunidade de realizarem um trabalho coletivo que requeira esforço conjunto. Assim, seu desempenho resume-se na somatória de esforços e contribuições individuais. É importante pontuar neste momento a diferença entre grupo e equipe. Esclarecendo, grupo e equipe não são a mesma coisa e as organizações estão cada vez mais trabalhando para transformar seus grupos em equipes, por acreditarem que estas dão mais resultados para a organização. Maginn (1996) acredita que uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva por meio de esforços coordenados e é justamente essa sinergia positiva que permite à organização melhorar seu desempenho. Portanto, desempenho elevado significa maior satisfação da equipe que gera novamente bons resultados e, assim, 34 sucessivamente, gerando um ciclo voltado para trabalhos produtivos e satisfação da organização e de seus colaboradores. Não basta apenas chamar um grupo de equipe para melhorar automaticamente seu desempenho, pois as equipes eficazes possuem características próprias e se os dirigentes das empresas pretendem melhorar seu o desempenho organizacional através de suas equipes, eles terão de entender e assegurar-se de que elas possuem tais características. As formas mais comuns de equipes, encontradas em uma organização, são as equipes de solução de problemas, as autogerenciadas, as multifuncionais e as virtuais. Resumidamente, Robbins (2002) definiu cada tipo de equipe: • Equipes de solução de problemas: grupos de 5 a 12 funcionários do mesmo departamento se reúnem algumas horas por semana e discutem formas de melhoria para a qualidade, eficiência e para o ambiente de trabalho; • Equipes autogerenciadas: grupos de 10 a 15 pessoas assumem as responsabilidades que eram de seus antigos chefes; • Equipes multifuncionais: colaboradores do mesmo nível hierárquico, mas de diferentes setores da organização, juntam-se para cumprir uma determinada tarefa; • Equipes virtuais: equipes que usam a tecnologia como forma de juntar fisicamente seus membros que estão dispersos, para atingir objetivos comuns. Conforme descrito por Robinns (2002), as organizações tentam trabalhar com um misto destas equipes, porque acreditam que, desta forma, terão pessoas bem treinadas e, conseqüentemente, atingirão melhores resultados. 2.6 Organização De modo geral, a organização primeiramente é formada por pessoas e a partir destas desencadeia o comportamento organizacional, as equipes e os resultados. Esses resultados, como já visto anteriormente, depende da eficiência das equipes; portanto, quanto mais resultados deseja a organização, mais investimento deverá fazer em seus recursos humanos. A estrutura de uma organização, de forma resumida, pode ser formada da seguinte maneira: • Estrutura Organizacional: trata-se do modo como as tarefas são distribuídas, agrupadas e coordenadas; 35 • Especialização do Trabalho: visa ao grau em que as funções dentro da organização são subdivididas em tarefas separadas; • Departamentalização: é base para o agrupamento das tarefas; • Cadeia de Comando: consiste em uma linha única de autoridade, que vai desde o topo até o mais baixo escalão, determinando a quem se reporta dentro da empresa; • Amplitude de Comando: refere-se ao número máximo de colaboradores que um administrador consegue dirigir com eficácia; • Centralização: demostra o grau em que o processo decisório está concentrado em uma única pessoa dentro da organização; • Descentralização: quando o processo decisório é ampliado para escalões inferiores da organização. As organizações podem ter formatos mais simples ou mais complexos de acordo com sua cultura, política e necessidade, cabendo a seus executivos a revisão de suas posturas frente ao trabalho desenvolvido na empresa. Necessitam, também, de conscientizar-se da importância da motivação de sua equipe, como estrutura superior na competitividade e na consecução dos objetivos e das tarefas. 2.7 Motivação como Técnica de Melhoria do Desempenho No decorrer deste estudo, ficou evidente que o autoconhecimento é um dos ingredientes da motivação e que a pessoa que se conhece melhor relaciona-se bem com os outros, porque é capaz de entendê-los de forma mais segura. Sendo assim, bons relacionamentos interpessoais constituem a base para muitas outras conquistas, pois somos seres sociais, vivemos em comunidade desde nossas origens. Pessoas precisam de pessoas à sua volta para manter acesa a chama da motivação. Frente à preocupação de se obter a motivação, enfatizam-se dois aspectos, que traçam o caminho até ela: a automotivação e a tentativa da própria organização em motivar seus funcionários. Acredita-se ser de extrema importância a automotivação, pois se o indivíduo não for capaz de encontrar sozinho algum motivo que o leve à busca de satisfação, não será a organização que conseguirá fazê-lo. Uma pessoa, com alto grau de consciência de si mesma, dos seus valores, das suas crenças, apresentando bom relacionamento interpessoal, passa a possuir dois alicerces do seu edifício fortemente estruturado, faltando apenas o terceiro, que é o trabalho. Esse alicerce é polêmico; instrumento de torturas para uns e de prazeres para outros, o trabalho tem passado por profundas mudanças, tem sido visto e revisto em 36 todas as sociedades do mundo, se tendo chegado à conclusão de que o ser humano precisa do trabalho para ser feliz. E o mais surpreendente é que pesquisas mostram que não é apenas o dinheiro proveniente do trabalho que traz felicidade, mas outras formas de recompensa que o trabalho permite, e é, neste momento, que entra o papel da organização, oferecendo aos seus colaboradores outras formas de felicidade. Aos indivíduos cabe também a tarefa de buscar formas de felicidade e motivação no trabalho e para se motivarem devem: • Dar sugestões de melhorias; • Procurar fazer suas tarefas com prazer; • Cumprir horários e normas estabelecidas; • Ajudar seus colegas de trabalho; • Ser amigável com os colegas; • Deixar claro que o salário não é condição sine-qua-non para o homem; • Fazer de seu local de trabalho um lugar agradável, organizado e limpo. Sente-se que a partir do momento em que o indivíduo se sente parte integrante da empresa, como colaborador para a obtenção de resultados, automaticamente, seu desempenho se eleva, e, consequentemente seus resultados. Bergamini e Coda (1990) entendem que uma das formas mais eficazes de motivação é estabelecer metas. No entanto, vale ressaltar que as metas devem ser coerentes com a capacidade individual, pois resultados impossíveis de se conseguir geram desmotivação. Destaca-se que o principal obstáculo para se alcançar as metas é estabelecer metas sobre as expectativas irreais, que geram frustação e, conseqüentemente, brotam-se sentimentos como: raiva e desgosto. Cabe às organizações estabelecer metas, mas sempre atentas às possibilidades e probabilidades de realização, as mais realistas possíveis. A certeza é de que as probabilidades sempre serão de 50% a seu favor e 50% contra. À medida que as etapas vão passando, elas irão aumentar ou diminuir, de acordo com seu desempenho. Obstáculos podem ocorrer e as probabilidades deverão ser readequadas. No final, as possibilidades não se esgotam e poderão até propiciar condição de desenvolvimento, as quais se encerram quando atingimos as metas. Vale destacar que não somente os indivíduos devem manter-se motivados, mas também as organizações devem-se preocupar com o bem-estar de seus colaboradores, propiciando o crescimento dos assuntos ligados a gestão de pessoas. Técnicas e métodos, que enfocam os talentos humanos, estão sendo incorporados ao ambiente organizacional, tornando-se alvo das atenções dos gerentes e especialistas. 37 Em especial, algumas organizações estão empregando técnicas com base nas teorias motivacionais, tais como: • Administração por objetivos: trata-se de um programa que engloba objetivos específicos e ação participativa, por um período de tempo, com feedback do progresso dos funcionários em relação às metas préestabelecidas; • Programa de envolvimento dos funcionários: processo participativo que utiliza todos os funcionários para estimular o comprometimento com o sucesso da organização. Esse programa pode subdividir-se em: • Gestão participativa: processo em que os subordinados participam de decisões com seus superiores imediatos; • Participação por representação: funcionários participam de decisões através de grupos de representantes; • Conselhos de trabalhadores: grupo de funcionários eleitos, que devem ser consultados quando a alta direção tomar alguma decisão que envolva diretamente a força de trabalho; • Representantes do conselho: funcionários reunem-se com a diretoria da empresa e expressam os interesses dos trabalhadores; • Círculo da qualidade: grupo de colaboradores que se reúnem, periodicamente, para discutir seus problemas de qualidade, investigar as causas e propor soluções; • Planos de participação acionária: trata-se dos planos de benefícios fornecidos pela empresa, através dos quais os funcionários têm a oportunidade de comprar ações da Companhia. Os programas de envolvimento dos colaboradores buscam oferecer-lhes uma motivação intrínseca, aumentando as oportunidades de participação, crescimento, responsabilidades e envolvimento com o trabalho, como: • Programas de remuneração variável: uma parte da remuneração do funcionário se baseia no atingimento de alguma meta, individual e/ou coletiva; • Planos de remuneração por habilidades: o salário se baseia no nível de habilidades do funcionário ou no número de tarefas que ele consegue desempenhar; • Benefícios flexíveis: em um cardápio de opções, o próprio funcionário escolhe o benefício que melhor atende às suas necessidades. 38 Os colaboradores sentem a oportunidade de tomar decisões, implementá-las, acompanhando-as até o resultado final. Tudo isso reflete na satisfação, crescimento e melhoria da auto-estima e do desempenho de cada indivíduo dentro da organização. Como se observa, tudo gira em torno das necessidades das pessoas e como a empresa pode atender essas necessidades sem se esquecer, também, de suas metas e objetivos; por outro lado, as organizações que conseguirem balancear essas necessidades terão equipes de sucesso. Atualmente, as equipes tornaram-se populares e, segundo Robbins (2002), elas são capazes de melhorar o desempenho do indivíduo quando a tarefa a ser realizada requer muita habilidade, julgamentos e experiência. Quando as organizações desejam competir mais eficazmente, escolhem as euipes como forma de competitividade e melhor utilização de talentos de seus colaboradores. O capítulo a seguir demonstrará como formar uma equipe de trabalho. 39 3 FORMAÇÃO DE EQUIPES Como citado anteriormente, um dos diferenciais competitivos de uma organização está associado à motivação de sua equipe. Há vinte anos, algumas empresas começaram a introduzir suas equipes em processos de produção, tornandose hoje uma prática quase comum. Moscovici (1998) define equipe como sendo um grupo de pessoas que somam seus esforços individuais para geração de um nível de desempenho elevado. Segundo Robbins (2002), “uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva por meio do esforço coordenado” . Os administradores, continuamente, estão buscando uma sinergia positiva, que irá permitir à organização melhorar seu desempenho; necessitando, porém de equipes de alta qualificação e desempenho, para conseguir bons resultados, o que nem sempre se consegue facilmente. Todavia, não basta apenas chamar um grupo de pessoas de equipe, pois equipes possuem características próprias, como já foi mensionado. As equipes de solução de problemas, embora trouxessem bons resultados, não conseguiam envolver todos os colaboradores nas decisões e processos de trabalho. Como uma tentativa de envolver os colaboradores nas decisões da organização, conseguindo, assim, mais comprometimento, criaram-se as equipes de trabalho autogerenciadas. Trata-se de um grupo de pessoas, geralmente entre 10 e 15 colaboradores, que assumem responsabilidades de seus antigos gerentes ou supervisores, incluindo o planejamento de um cronograma de trabalho, delegação de tarefas, tomada de decisões e solução para os problemas. Pesquisas mostraram que algumas empresas se desapontaram com esse tipo de equipe. Por exemplo, segundo estudos, elas não apresentam bom funcionamento durante o processo de downsizing, além disso, apresentam alto índice de rotatividade e absenteísmo; portanto, devido à inconsistência dos resultados das pesquisas, a eficácia deste tipo de equipe depende de cada situação. As equipes multifuncionais tiveram seu auge no final dos anos 80, sempre contando com pessoas de diversos setores e mesmo nível hierárquico para cumprir determinada tarefa. Para o sucesso do cumprimento das tarefas propostas, algumas vezes faz-se necessária a criação de uma força-tarefa ou de comitês, que serão definidos a seguir: • Força-Tarefa: equipe multifuncional temporária; • Comitês: grupos formados por diversas linhas departamentais; E, finalmente, as equipes virtuais, que, são equipes interligadas através de sistemas on-line, utilizando-se de redes internas ou externas, videoconferência ou 40 correio eletrônico, para atingirem um objetivo comum. Diferem-se dos tipos de equipes face a face por três fatores: • Pela ausência de gestos não verbais; • Pelo contexto social limitado; • Pela capacidade de superar as limitações de tempo e espaço. Como se pode perceber, a formação de uma equipe não é uma tarefa fácil, principalmente, porque as pessoas trazem para o grupo sua experiência, formação, valores e personalidade. Como não há duas pessoas idênticas, cada grupo não apenas é diferente de qualquer outro, mas também de si próprio em diferentes momentos de sua existência, já que aqueles atributos pessoais se alteram com o tempo e com as modificações na composição do grupo. Um ambiente, geralmente, é formado pela organização (ambiente interno) e pelo ambiente externo, e toda equipe situa-se dentro de um ambiente interno, porém o ambiente externo pode afetar seus processos e resultados. As pessoas, numa organização, fazem parte de algum grupo, formal ou informal. O desempenho de uma pessoa depende não apenas de sua competência ou motivação, mas também dos processos sociais que ocorrem dentro das equipes. Como o desempenho das organizações depende das pessoas, o papel das equipes é determinante na realização de objetivos. Através de pesquisas, Moscovici (1998) lista algumas características que os membros de equipes de alto desempenho devem possuir: • Compartilhar propósitos / metas comuns; • Construir relações de confiança e respeito; • Equilibrar tarefas e processos; • Planejar completamente antes de agir; • Envolver a equipe na solução de problemas e tomadas de decisões claras que fazem sentido; • Respeitar e entender cada diversidade dos membros da organização; • Estimular a sinergia e a interdependência; • Recompensar desempenho individual de apoio à equipe; • Comunicar eficientemente; • Praticar o diálogo eficaz em vez de debate; • Identificar e solucionar conflitos de grupo; • Variar níveis e intensidade de trabalho; • Promover um equilíbrio entre trabalho e casa; 41 • Criticar regularmente e constantemente o modo com que eles trabalham como equipe; • Praticar melhoria contínua. O ideal seria encontrar, nas organizações, uma equipe em equilíbrio total como descrito por Moscovici (1998): membros das equipes agem em harmonia, sorrisos e expressões de afeto positivo, há concordância em relação a objetivos e procedimentos, o entendimento entre as pessoas é absoluto, a comunicação flui livremente, respeito e confiança mútuos são elevados, consideração e carinho pelos outros são constantes. Na realidade empresarial, entretanto, não é esta a situação normalmente encontrada, uma vez que conflitos constituem parte integrante do dia a dia das instituições. A falta de condições para atender a tudo e a todos, pode gerar a necessidade da interferência dos gerentes na solução das lacunas existentes, orientando para evitar desavenças. Logicamente, o conflito reflete parte da dinâmica social, tendo, muitas vezes, características positivas e construtivas, refletindo, em parte, a própria energia que emana das relações humanas e que possibilita, muitas vezes, que o grupo encontre caminhos para mudar. Uma equipe, em constante estado de concordância, pode estar encapsulando uma grande crise interna, que, com sua implosão, irá prejudicar a interação entre as pessoas e, consequentemente, a própria organização. Moscovici (1998) propõe táticas para tentar orientar a equipe, visando à solução de conflitos. Segundo ela, em primeiro lugar, o gerente deve perceber e aceitar que está havendo desentendimentos entre seus colaboradores, predispondose a agir frente à realidade detectada, podendo optar por duas estruturas de táticas. As táticas de luta e fuga não apresentam eficácia, mas muitos gerentes ainda as utilizam. Ora atuam com o comportamento competitivo, entrando em conflito aberto com os responsáveis pelos questionamentos ou formas de rejeição a uma determinada situação. Atuam, também, por outro lado, utilizando-se da fuga que extrapola nas formas de repressão ou evasão. Embora a competição seja uma forma de agir plenamente aceita, em países capitalistas, quer sobre a forma da competitividade empresarial ou competitividade entre equipes de uma mesma organização, ela deve ser evitada nas relações interpessoais em pequenos grupos. Se por um lado, o do mundo dos negócios considera a competição como instrumento gerador do aperfeiçoamento dos processos, nas pequenas equipes, 42 quando há um enfrentamento direto, pode gerar traumas e marcas cujas cicatrizes dificilmente serão eliminadas, prejudicando a produtividade pessoal e da equipe. Com a tática da repressão, o gerente pode minimizar temporariamente o conflito, visando a envolver os componentes do grupo para atingir objetivos imediatos. Entretanto, de alguma forma, pode gerar alguns problemas psicológicos, face aos sentimentos não manifestos durante a ocorrência de alguma discórdia ou desavença entre os colaboradores. A tática de repressão é empregada pelo líder que utiliza uma forma de controle encoberta, levando os colaboradores a adotarem um comprometimento com os valores de lealdade, cooperação, trabalho e espírito de equipe. Desta forma, ele não viabiliza a expressão das dificuldades interpessoais, nem a expressão de discordâncias; entretanto, para manter um clima de “pseudoequilíbrio”, o gerente utiliza a punição e a recompensa, premiando a harmonia da equipe e reprime com restrições financeiras ou de valorização. É evidente que algumas divergências ou conflitos latentes, que enfocam diferenças políticas, religiosas ou filosóficas, nem sempre inviabilizam o desempenho eficaz na execução das tarefas grupais. Entretanto, o gerente, que usa sempre a repressão, atinge os sentimentos das pessoas envolvidas, que ficam sem possibilidades de serem canalizadas para situações em que o diálogo e as explicações poderiam minimizar as divergências, causando, assim, desmotivação. Além disso, a repressão e a ação de ignorar as diferenças individuais nas equipes não trazem consigo a capacidade de minimizá-los ou levá-los ao esquecimento. Permanecem como conflitos latentes que podem ser canalizados para situação onde não haja risco da repressão. Por outro lado, na medida em que esses conflitos ficam pressionados e omitidos, eles permanecem no âmago das relações, podendo crescer, aparecendo nos momentos por demais inconvenientes e passíveis de produzir prejuízos irreparáveis à convivência e à produção. Outra tática proposta por Moscovici (1998), é a da resolução criativa, que deve ser utilizada na perspectiva da resolução de problemas. Um solucionador criativo de conflitos precisa possuir algumas características básicas. Deve ser uma pessoa com intenligência acima da média, exposta a experiências diversificadas, interesses por idéias e suas combinações, habilidade de jogar com idéias, capacidade de fazer associações remotas, receptividade a metáforas e analogias, preferência pelo novo complexo, independência no julgamento. Importa ao gerente, voltado para essa modalidade de solução dos conflitos, criar condições ambientais e psicológicas que viabilizem aos indivíduos envolvidos no 43 conflito, estarem alerta, à vontade, sentindo-se livres de qualquer sentimento de opressão. Desta forma, eles estarão aptos a auxiliar na busca de soluções para o problema básico do conflito, e com isso aumentando seu desempenho. Outro fator, bastante comum nas organizações atuais e que atrapalha o bom desempenho das equipes, é o estresse. Conforme definido por Wagner e Hollenbeck (2002), “estresse é um estado emocional desagradável que ocorre quando as pessoas estão inseguras de sua capacidade para enfrentar um desafio percebido em relação a um valor importante”. A Organização Mundial de Saúde afirma que o estresse é uma “epidemia global”. Vive-se um tempo de enormes exigências de atualizações. Os indivíduos são constantemente chamados a lidar com novas informações. O ser humano cada vez mais se vê diante de inúmeras situações às quais precisa adaptar-se, como por exemplo, diante de demandas e pressões externas, vindas da família, do meio social, do trabalho ou do meio ambiente. Outros fatores aos quais precisa adaptar-se são, entre outros, as responsabilidades, obrigações, auto-crítica, dificuldades fisiológicas e psicológicas. O desenvolvimento do processo de estresse depende tanto da personalidade do indivíduo quanto do estado de saúde em que este se encontra. Por isso, atualmente, as empresas também se preocupam com a boa saúde de seu colaborador, através dos planos de saúde e programas internos, com exercícios posturais, relaxantes, entre outros. Segundo Wagner e Hollenbeck (2002), Hans Selye (famoso médico e pesquisador) transpôs o conceito de “estresse” da física para a medicina e biologia e o dividiu, didaticamente, em três fases interdependentes. Com este conceito ele deu uma nova interpretação aos distúrbios psicossomáticos. O processo de estresse acontece da seguinte forma: O indivíduo depara-se com um(a) estímulo (condição) estressor(a), como por exemplo: nova paixão; emprego novo tão desejado; promoção; beijo; falta de tempo para lazer; trânsito caótico; contas a pagar; salário congelado; intensa competição; ameaça de um predador; mudança súbita, brusca e ameaçadora na posição social e/ou nas relações do indivíduo; ameaça a segurança ou integridade física e emocional da própria pessoa ou de pessoa por ela amada; vida afetiva em desequilíbrio; conflito prolongado; guerra; acidente; assalto; sequestro; estupro; catátrofe natural; injeções de proteínas estranhas ao organismo; frio intenso; anestesia; cirurgia. 44 Diante de um ou mais estímulos citados, o indivíduo entra na primeira fase descrita por Selye, denominada fase de alarme. Nesta fase, o organismo entra em estado de alerta para se proteger do perigo percebido e dá prioridade aos órgãos de defesa, ataque ou fuga. As reações corporais desenvolvidas nesta fase são: dilatação das pupilas, estimulação do coração, alteração na respiração, frieza nos pés e mãos, tensão nos músculos, inibição da produção de saliva, entre outros. Caso o indivíduo consiga lidar com o estímulo agressor, eliminando-o ou aprendendo a administrá-lo, o organismo volta à sua situação básica de equilíbrio interno e continua a vida normal. Mas, se o contrário, o estímulo persistir sendo entendido como estressor e o indivíduo não tenha encontrado uma forma de se reequilibrar, vai ocorrer uma evolução para as outras duas fases do processo de estresse. Na segunda fase, denominada fase de resistência, intermediária ou estresse contínuo, persiste o desgaste necessário à manutenção do estado de alerta. O organismo continua sendo provido com fontes de energia rapidamente mobilizadas, aumentando a potencialidade para outras ações no caso de novos perigos imediatos serem acrescentados ao seu quadro de estresse contínuo. O organismo continua a busca para ajustar-se à situação em que se encontra. Com a persistência de estímulos estressores, o indivíduo entra na terceira fase, denominada de exaustão ou esgotamento, onde há uma queda na imunidade e o surgimento da maioria das doenças, como por exemplo: dores vagas, taquicardia, alergias, caspa e seborréia, diabetes, hipertensão, ansiedade, fobias, lapsos de memória, insônia, entre outros. Equipes e organizações que consigam lidar com o estresse diário, com certeza terão uma chance maior de serem eficazes. As organizações estão sempre em busca da perfeição para aumentar sua competitividade no mercado, mas, como sabemos, a perfeição é uma busca constante. Existe ainda outro aspecto fundamental para o sucesso de uma equipe, conseguir transformar um indivíduo em membros de equipes. Muitas pessoas preferem trabalhos solitários ou terem mérito individual por suas realizações. Para que uma organização consiga integrar esse tipo de indivíduo a uma equipe, em primeiro lugar deve ter uma cultura coletivista, isto é, mostrar para o colaborador que seu sucesso não é reconhecido com trabalhos isolados, e sim, com o sucesso de um trabalho coletivo. Com certeza esse tipo de cultura enfrenta muita resistência das pessoas, quando implantada, porém se a empresa souber gerenciar e recompensar trabalhos em equipe, com o tempo todos absorverão esse sistema de trabalho. 45 Robbins (2002) expõe algumas opções básicas para que gerentes transformem indivíduos em membros de equipes: • Seleção: dar preferência a candidatos que possuam características ou habilidades interpessoais no momento de uma contratação; • Treinamento: realizar treinamentos com especialistas e aplicação de exercícios que permitam ao colaborador descobrir a satisfação do trabalho em equipe; • Recompensas: reformular o sistema de recompensas, para estimular esforços cooperativos, ao invés dos competitivos. As promoções e aumentos de salário devem ser dados aos indivíduos por sua eficácia e participação colaborativa em equipe. Portanto, uma equipe deve estar estruturada de forma a consubstanciar situações que propiciem a interdependência de responsabilidades entre todos, onde cada um seja capaz de assumir, de acordo com as necessidades e competências, as funções de liderança, compartilhando-as de forma que todos e cada um sirvam de suporte para a prevalência da equipe. É esta responsabilidade compartilhada que oferece suporte para um ajustamento flexível entre todos, abrindo espaço para que consigam atingir os melhores índices de produtividade motivada. 46 4. ESTUDO DE CASO: GRUPO DIMEN – MEDICINA NUCLEAR A Dimen – Medicina Nuclear, é uma empresa especializada na atividade assistencial, ensino e pesquisa em Medicina Nuclear e Laboratorial, com serviços de ponta em Campinas, Presidente Prudente, Araçatuba, Ribeirão Preto, Cuiabá, Birigui, São José dos Campos e Bauru. Pioneira na transmissão de imagens e assídua na busca da evolução tecnológica, oferece aos seus clientes serviços de alto padrão técnico – científico, com um bom processo de atendimento. A Dimen – Diagnóstico Médico Nuclear foi idealizada por três jovens médicos, desde 1980. Na época, condições adversas, tais como: a desvalorização da moeda em relação aos países produtores de equipamentos médicos, falta de incentivo governamental, impossibilidade de acesso a financiamentos bancários, aliado à pressão constante dos planos de saúde, levaram a Dimen à procura de alternativas inovadoras. Neste sentido, está sempre pronta a mudar, procurando novos aprendizados, novas tecnologias, novos talentos e com um trabalho persistente, constante, firme e diário de todos os colaboradores para a construção de uma Dimen do futuro. Os desafios sempre impulsionaram esta empresa, como por exemplo, quando lhes foi dito, em 1984, ao iniciarem a negociação para a primeira câmara de cintilação (equipamento utilizado em Medicina Nuclear para realização de imagem) que não conseguiriam adquirí-la. Passados 22 anos, instalaram 18 serviços e compraram 25 câmaras de cintilação. Sua missão: “Trabalhar em atenção à saúde de todos” e política: “Exercer a medicina com transparência, qualidade e seriedade, interagindo de forma saudável com a comunidade e o meio ambiente, aperfeiçoando-se, constantemente, em busca da satisfação dos clientes, fornecedores e colaboradores, obedecendo aos princípios que regem as boas relações” e essa é a tarefa diária de todos. A Dimen cresceu bastante e hoje possui um organograma bastante peculiar. É composta de uma unidade base localizada em Campinas, denominada Administração Corporativa, que dá assistência a todas as unidades de negócio. A Corporativa apresenta as gerências financeira, qualidade e marketing, recursos humanos, setor unificado de compras para todas as unidades, atendimento ao cliente e Associação Médica Dimen (AMD), composta por nove médicos acionistas das unidades. Cada unidade é composta basicamente por um Gestor, que obrigatoriamente é um médico membro da AMD, um representante da direção e um coordenador administrativo, geralmente a mesma pessoa. Os organogramas estão esquematizados nas Figuras 2 e 3, nas páginas seguintes. 47 AMD DIRETORIA AMD ADMINISTRAÇÃO CORPORATIVA GRUPO DIRETIVO DA QUALIDADE ASSESSORIA RADIOPROTEÇÃO GERÊNCIA FINANCEIRA GERÊNCIA DA QUALIDADE E MARKETING Setor de Contas à Pagar/Receber Setor de Comunicação e Marketing Setor de Faturamento Setor de Credenciamento Setor de Suprimentos Setor da Qualidade Setor de Atendimento ao Cliente Setor de Informática Figura 2. Organograma da Administração Corporativa Fonte: Associação Médica Dimen, 2003 GERÊNCIA ORGANIZACIONAL E RECURSOS HUMANOS Setor de Recursos Humanos/ Pessoal Setor de Serviços Gerais 48 Gerência da unidade Representante da Direção Coordenador Administrativo Administração Medicina Laboratorial Medicina Nuclear Hematologia Microbiologia Hormônio Central de laudos Setor de Recepção Sala Quente Imunologia Bioquímica Sala Injeção Parasitologia Urinálise Triagem Coleta Limpeza/Esterilização/ Descarte Sala Médico Setor de Serviços Gerais Setor de Emissão e Expedição de Laudos Figura 3. Organograma das unidades Dimen Fonte: Associação Médica Dimen, 2003. O grupo está atravessando uma nova fase, a da Qualidade. Atualmente, encontra-se na etapa final do processo de implantação da ISO 9001, fato este que gerou muitos conflitos dentro da organização e talvez tenha sido neste ponto que começaram alguns problemas organizacionais que enfrenta no presente. 4.1 Conflitos de Idéias e Interesses Todas as unidades de negócio interagem entre si e esta interação nem sempre acontece de forma harmônica, pelas diferenças de idéias e ideais dos gestores, e, com isso, surgem os conflitos, como: diferentes visões das metas de trabalho, diferentes interesses na distribuição de recursos e desequilíbrio na distribuição de tarefas, que afetam todo o grupo. 49 Esses conflitos começam nos níveis hierárquicos mais elevados; portanto, são conflitos verticais e, com isso, refletem horizontalmente entre os colaboradores, gerando expectativas, insatisfações e sensações constantes de instabilidade no ambiente de trabalho. Alguns gestores posicionavam-se contra a implantação da ISO, afirmando que a empresa não se encontrava suficientemente amadurecida financeira e intelectualmente para uma mudança desse porte, principalmente, por se tratar de uma mudança cultural dos envolvidos; em contra partida, outros eram a favor por se tratar de uma boa estratégia de mercado e marketing, visando a uma melhor qualidade de atendimento ao cliente, que sempre foi o principal foco da Dimen. A decisão por implantar ou não o sistema da qualidade foi definido através de uma votação, na qual a maioria optou pela implantação. A empresa resolveu implantar e certificar a norma ISO 9001 ao mesmo tempo nas 13 unidades de negócio do grupo Dimen, e talvez tenha sido, nesse ponto, que os problemas motivacionais se iniciaram, pois, com isso, houve uma mudança organizacional gigantesca dentro da empresa, com a criação de cargos não existentes e extinção de outros, gerando muita expectativa entre os colaboradores, que, de certa forma, se sentiram “ameaçados”, principalmente, pela forma com que foram conduzidas essas mudanças estruturais, não havendo um planejamento estratégico para essas mudanças. A alta administração, por ser formada de membros bastante heterogêneos, no que diz respeito à personalidade e forma de comandar equipes, uns seguindo a linha do reforço positivo, outros do reforço negativo, as normas estipuladas pela empresa não se aplicaram a todos os colaboradores de forma homogênea e, provavelmente, este seria o motivo pelo qual, atualmente, a Dimen apresente uma equipe desunida e desmotivada. Conforme dados levantados no setor de recursos humanos da empresa, antes do processo de implantação da Qualidade, a Dimen possuía 80% de colaboradores motivados e satisfeitos com a empresa e uma média de rendimento operacional tido como muito bom. Atualmente, esses dados revelam uma insatisfação e desmotivação de 60% dos colaboradores e uma média de rendimento operacional classificado como insatisfatório. Esses índices podem ser explicados pela sobrecarga de trabalho que está acontecendo durante o processo de implantação da ISO 9001, gerando alto índice de estresse nos colaboradores e, consequentemente, a visível queda no rendimento da equipe. 50 Nesse momento, talvez, fosse interessante aplicar a Teoria do Equilíbrio, pois os colaboradores estão em grande tensão e precisam de um equilíbrio fisiológico e social, que pode ser atingido através de incentivos, não só salariais, mas, principalmente, por meio de elogios e prêmios de produção. Para um estudo mais ilustrativo, o Quadro 1 apresenta algumas características da equipe do grupo Dimen antes e depois do processo de implantação da Qualidade. Quadro 1. Características da Equipe Dimen Pré – ISO Pós - ISO - - - - Participação e interesse pelos assuntos da empresa; Lealdade; Respeito à hierarquia; Bom relacionamento interpessoal; Ética; Motivação constante; Amor à profissão; Cumprimento da jornada de trabalho dentro do horário préestabelecido; Distribuição de trabalho de forma ordenada; Baixa rotatividade. - Total desinteresse pelos assuntos da empresa; Procura por novas oportunidades de emprego; Críticas à hierarquia e à forma de administração; Ética; Desmotivação constante; Alto índice de estresse; Sobrecarga de trabalho; Alto índice de horas extras; Alta rotatividade; Alto índice de retrabalho. Fonte: Elaborado pela autora 4.2 Solução Proposta para Reverter o Quadro Atual da Empresa Baseando-se na experiência diária e interna da empresa, pode-se notar que a falta de planejamento de um projeto, de qualquer natureza, poderá refletir diretamente na equipe, e isso é perfeitamente esperado, pois, atualmente, são as pessoas que fazem as grandes empresas. A Dimen sempre valorizou muito sua equipe, porém falta uma administração mais participativa, na qual as idéias dos colaboradores possam ser colocadas em prática visando às possibilidades. Assim eles sentiriam-se mais envolvidos nos processos, ou até mesmo um plano de participação nos lucros, talvez pudesse haver aumento consideravel do rendimento com diminuição do retrabalho. A descentralização da tomada de decisões também faz parte dessa administração participativa e das empresas com grande visão de negócios. 51 No que se refere à implantação do projeto da qualidade, seria bom envolver todos no processo, fazendo com que os colaboradores consigam perceber as melhorias que a ISO trará para a empresa e para seu próprio crescimento profissional. A implantação do processo de forma gradual nas unidades, uma a uma, causaria menos impacto para o organização, seria uma mudança cultural lenta dentro das unidades, trazendo melhor aceitação e melhores resultados. As reuniões frequentes em cada unidade de negócio podem ser um bom começo para que cada colaborador entenda a complexidade do sistema da qualidade, pois tudo o que é conhecido e entendido torna-se mais fácil de ser trabalhado. Os planos de incentivo à qualificação e treinamentos em cursos específicos da área, ministrado pelos próprios médicos nucleares ou supervisor técnico, também é uma proposta dos próprios colaboradores, por se tratar de uma área muito específica. O fim do tratamento diferenciado para alguns colaboradores, pois a partir do momento em que a empresa estabelece normas, elas devem ser cumpridas desde a alta administração até os postos mais inferiores da organização, assim as pessoas sentem-se igualmente respeitadas. Nesse momento, além das sugestões acima citadas, a aplicação de teorias motivacionais podem ser eficazes para reverter esse quadro. Com base em temas e teorias apresentadas ao longo deste estudo, pode-se sugerir a aplicação de várias teorias, porém a que mais se enquadra neste momento, além da Teoria do Equilíbrio, já citada, é a Teoria X e Y, juntamente com a Teoria do Reforço, com vistas ao reforço positivo. Os colaboradores estão precisando sentir-se importantes novamente para a empresa; portanto, a criação de metas claras e objetivas com a participação das sugestões apresentadas pelos próprios colaboradores e após o cumprimento de alguma meta, elogiá-los e premiá-los, seria um reforço positivo importantíssimo para sua auto-estima. A Teoria X e Y poderia ajudar por estar muito ligada à estrutura da Teoria de Maslow. A empresa, a par dessa fase tumultuada, esqueceu-se de que toda pessoa tem suas necessidades e estas devem ser supridas, e para que o indivíduo tenha um bom desempenho, é necessário manter a auto-realização e estima dos colaboradores em alta. Neste momento, a aplicação das quatro premissas positivas da Teoria Y, com certeza, despertaria novamente o interesse dos colaboradores pelos negócios da empresa, inclusive pelo projeto ISO 9001. Certamente, esse processo de resgate de uma equipe eficaz não acontecerá de imediato, mas sim, em um ritmo lento, que começará após a certificação, quando a 52 rotina de trabalho e as pressões diárias, normais em um processo de implantação da Gestão da Qualidade, voltarão ao normal. Conseguindo resgatar a auto-estima da sua equipe, voltando a se preocupar com as necessidades de seus colaboradores e fazendo com que eles se envolvam e se comprometam novamente com os objetivos da organização, será, por certo, um grande passo para reverter o quadro atual da equipe Dimen, conseguindo, dessa forma, uma equipe altamente eficaz, que sempre possuiu. Existem muitas outras soluções possíveis para os problemas diagnosticados no estudo de caso, porém as soluções apresentadas são as que mais fazem parte da realidade da empresa neste momento. 53 5. CONCLUSÃO A importância de um estudo científico é a possibilidade de sua aplicabilidade e o objetivo específico deste é o de investigar modelos motivacionais que mais favorecem, quando aplicados, na obtenção de equipes de alto desempenho. Espera-se ter alcançado o propósito de demonstrar a importância da formação de uma equipe e como o comportamento organizacional, através de teorias motivacionais, é importante ferramenta dentro de uma organização. Um estudo de caso foi o método científico escolhido para desenvolver este trabalho e foi apresentado ilustrando como a falta de planejamento na execução de um projeto, que envolve todo o capital humano da empresa, pode tornar uma equipe motivada em uma equipe altamente desmotivada, em virtude desse projeto, houve um alto índice de estresse e sobrecarga de trabalho, fazendo com que a eficácia da equipe diminuísse. Foi apresentada a situação atual da empresa e possíveis soluções, através da aplicação de teorias motivacionais, para reverter um quadro de desmotivação em massa dentro da organização. Uma cultura mais flexível, que permita e aceite mudanças organizacionais, é fundamental para o sucesso da equipe e da organização. Num ambiente onde a opinião alheia seja importante e exista a capacidade de ouvir, é possível agradar e motivar a todos. As teorias motivacionais, apresentadas como proposta para reverter o quadro atual da equipe Dimen, foram a Teoria do Equilíbrio, pois como o próprio nome diz, os colaboradores precisam de equilíbrio, tanto fisiológico, como social, sentindo-se recompensados por tanto trabalho e estresse na fase de implantação da ISO 9001; a Teoria do Reforço, principalmente reforço positivo, pois se a alta direção souber elogiar sua equipe toda vez que desenvolverem um bom trabalho, eles, certamente, se sentirão mais envolvidos nos processos da empresa e, finalmente, a Teoria do X e Y, dando ênfase às premissas positivas do Y, citadas à página 30 deste trabalho, pois acredita-se que resgatariam a auto-estima e realização dos colaboradores, suprindo, desta forma, suas necessidades. Ressalta-se que a base dos conflitos apresentados no estudo de caso pode estar ligadas à complexidade do processo da implantação do sistema de qualidade. Neste caso, a solução poderia tender para outros caminhos, que fogem ao escopo deste estudo. É importante concluir que as empresas cada vez mais estão tentando acertar, seja à frente da competitividade e concorrência, seja na forma de gerenciar equipes. O 54 importante é estar sempre procurando inovação e mudanças, independente do negócio em que se atua. A aplicação da motivação na formação de equipes de alto desempenho é apenas uma abordagem que foi estudada para este trabalho e outros temas podem ser estudados, futuramente, como por exemplo, Falhas Comuns dos Gerentes na Gestão de Pessoas, Delegar Poder como Forma de Participação da Equipe, O Papel da Empresa no Incentivo à Qualificação de seus Colaboradores, entre outros, pois todo o tema que envolve gestão de pessoas é altamente amplo e polêmico, não se esgotando neste trabalho. 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA BERGAMINI, Cecília Whitaker. Motivação nas Organizações. 4.ed. 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