31 de Julho a 02 de Agosto de 2008 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL : UM PARALELO DE EVOLUÇÃO Jose Francisco Ramos Zanca (UFF) [email protected] Fernando Oliveira de Araujo (PUC-RJ) [email protected] Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas (UFF) [email protected] Helder Gomes Costa (UFF) [email protected] Resumo O presente artigo se propõe a analisar, com base no estado da arte da literatura, possíveis correlações teóricas entre os conceitos de comportamento organizacional e a evolução histórica do conceito de responsabilidade social corporativa, indicando suas contribuições para os futuros construtos destes conceitos. O trabalho apresentado é um subproduto de tese de Doutorado, do Programa Pós-Graduação em Gestão, Qualidade e Desenvolvimento Sustentável. Como conclusão, IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 observa-se que a evolução histórica do conceito de responsabilidade social corporativa encontra estreita correlação com o de comportamento organizacional (níveis de existência) (COWAN; TODOROVIC, 2000), (COWAN; TODOROVIC, 2000), (COWAN; TODOROVIC, 2001), (GRAVES, 1974), (GRAVES; MADDEN et al., 1971), (ROSADO, 1997). Através do trabalho apresentam-se possíveis futuros desdobramentos do conceito de responsabilidade social corporativa. Abstract This paper analyzes, based on the state of the art of the literature, the possible theoretical correlations between the concepts of organizational behavior and the historic evolution of corporate social responsibility concept, indicating itts contributions for the future construct of these concepts. This study represents a product of thesis of Doctoral Program in Management, Quality and Sustainable Development. As conclusion, it is observed that the historic evolution of the corporate social responsibility concept has an specific correlation at the organizational behavior (existence’s levels ) (COWAN; TODOROVIC, 2000), (COWAN; TODOROVIC, 2000), (COWAN; TODOROVIC, 2001), (GRAVES, 1974), (GRAVES; MADDEN et al., 1971), (ROSADO, 1997). Trough this paper are presented the possible futures scenarios of the CSR concept. Palavras-chaves: comportamento organizacional; responsabilidade social corporativa; evolução histórica da responsabilidade social corporativa; IV CNEG 2 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 1 INTRODUÇÃO Em sentido amplo, a responsabilidade social corporativa tem seu surgimento vinculado aos diferentes conceitos associados à responsabilidade existente entre a organização e as diferentes partes interessadas (stakeholders) aos seus negócios. Nesta relação dita responsável, devem estar contemplados os impactos econômicos, sociais e ambientais por ela causados. O artigo, primeiramente, apresenta um estudo teórico referente à evolução histórica e suas diferentes conceituações encontradas na literatura, desde as concernentes à responsabilidade social da organização, até aos diferentes princípios motivadores que levam as organizações adotar distintas formas de assumir a sua responsabilidade social, passando pelas idéias de Clare Graves referentes aos níveis de existência organizacional. Num segundo momento, se fará uma relação entre estes três conceitos tendo como objetivo projetar, no campo da teoria, os futuros desdobramentos do conceito da responsabilidade social corporativa. 2 OBJETIVO - METODOLOGIA 2.5. Objetivo Geral O objetivo deste artigo é o de analisar as possíveis correlações teóricas existentes entre a visão conceitual e histórica da responsabilidade social corporativa e sua relação com, as pesquisas relacionadas tanto aos princípios motivacionais da responsabilidade social corporativa, (AMAESHI; ADI, 2007), (MUNILLA; MILES, 2005), (WINDSOR, 2006), (LANTOS, 2001), (HEMINGWAY; MACLAGAN, 2004) (BRANCO; RODRIGUES, 2006), (JOYNER; PAYNE, 2002), (PAYNE; RAIBORN et al., 1997) (RAIBORN; PAYNE, 1990) como também com o modelo de sistemas motivacionais proposto por Graves (1974; 1971) e seus seguidores Beck & Cowan (BECK; COWAN, 1996), (COWAN; TODOROVIC, 2000; COWAN; TODOROVIC, 2000). IV CNEG 3 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 2.6. Objetivo especifico Realização de uma análise descritiva da relação existente entre a visão conceitual e histórica da responsabilidade social corporativa e sua relação com as pesquisas referentes tanto aos princípios motivacionais da responsabilidade social como aos sistemas motivacionais propostos por Graves Beck e Cowan. 2.7. Metodologia A pesquisa a ser desenvolvida pode ser classificada, da seguinte forma: Segundo a natureza: a pesquisa caracteriza-se como pesquisa básica posto que procura a aquisição de conhecimento da natureza sem finalidades praticas ou imediatas. (JUNG, 2003) Segundo os objetivos a serem alcançados: pode ser caracterizada como uma pesquisa exploratória, devido a que busca desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias existentes, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores (SELLTIZ, 1997). Segundo a abordagem: a pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa: “A pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados. Parte de questões e focos de interesse mais amplos, que vão se definindo à medida que o estudo se desenvolve, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo” (MARTINS, 1996) apud (RODRIGUES, 2006). Segundo os procedimentos: define-se como uma pesquisa bibliográfica. Esta pesquisa será elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos de revistas, de teses de mestrado e doutorado e, de material disponibilizado na Internet (RODRIGUES, 2006). IV CNEG 4 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 2.8. QUESTÕES-PROBLEMA Questão 1: Pode ser encontrada uma relação entre os diferentes conceitos e evolução histórica da responsabilidade social com os princípios motivacionais da responsabilidade social? Questão 2: Em sendo positiva a primeira questão, existe alguma relação das descobertas (findings) desta questão com o modelo de Graves (1974) e seus seguidores Beck e Cowan? (BECK; COWAN, 1996), (COWAN; TODOROVIC, 2000; COWAN; TODOROVIC, 2000). 2.9. REVISÃO DA LITERATURA 2.10. RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA DEFINIÇÕES E EVOLUÇÃO HISTORICA 2.10.1. RESPONSABILIDADE DEFINIÇÕES SOCIAL CORPORATIVA: Na literatura existem vários estudos e definições que associam o conceito da organização para com seus impactos econômicos, sociais e ambientais (VALOR, 2005). Valor (2005) indica que um mesmo autor pode utilizar diferentes definições associadas a este conceito num mesmo ou em diferentes artigos. Um dos construtos mais comumente associados a este conceito é conhecido como responsabilidade social corporativa. Esta denominação possui uma série de diferentes definições, com fronteiras pouco definidas e legitimidade discutíveis (LANTOS, 2001). A responsabilidade social corporativa também é discutida na literatura, como: cidadania corporativa; filantropia corporativa; responsabilidade corporativa; governança; ambientalismo e desenvolvimento sustentável. Todos estes conceitos são usados para caracterizar tanto a responsabilidade da organização para com as suas diferentes partes IV CNEG 5 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 interessadas, como também com os impactos sociais, ambientais e econômicos causados por sua operação (MURRAY; HAZLETT et al., 2007). Murray; Haztelett et alli (2007) indicam ainda que a responsabilidade social corporativa tem sido percebida de formas distintas, a saber: como conceito; como termo; como teoria e/ ou como uma atividade ou conjunto de atividades. Para Amaeshi & Bongo (2007) o termo de responsabilidade social corporativa representa um constructo multipropósito, para o qual existe um sem-número de interpretações. Tais interpretações estão associadas tanto ao desempenho econômico das organizações no longo prazo, como a responsabilidade social corporativa enquanto um passo em direção à constituição de uma sociedade mais justa e decente (CETINDAMAR, 2007). Cetindamar (2007) também indica que o conceito de responsabilidade social corporativa inclui os conceitos pertinentes ao desenvolvimento sustentável, além dos conceitos associados aos relacionamentos existentes da organização com seus stakeholders. Já Hediger & Lantos (2001) indicam que este conceito integra tanto as dimensões de negócios, quanto ética e a social. Para Snider & Hill et alli (2003) a responsabilidade social corporativa descreve a relação entre a organização e a sociedade. Ebner & Baumgartner (2006) realizaram um estudo através da análise de um grupo de 55 artigos, identificando e contextualizando o conceito de responsabilidade social corporativa utilizado nestes artigos. Os autores identificam que nestes artigos o conceito encontra-se associado a diferentes contextos como Triple Bottom Line; teoria das partes interessadas (stakeholders); desenvolvimento sustentável e outros conceitos miscelâneos. A comunidade econômica européia através de seu Green Paper define responsabilidade social corporativa como: Um conceito através do qual as organizações de forma voluntária integram as suas preocupações sociais e ambientais (operação e gestão) dos seus negócios, como também com todas as diferentes partes interessadas que interagem com a organização (CDCE, 2001). Para o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) a responsabilidade social corporativa pode ser entendida como: IV CNEG 6 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 O desejo contínuo das organizações de se comportar de forma ética e contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando também a qualidade de vida da forca de trabalho e das suas famílias como também das comunidades e da sociedade como um todo. (HOLME; WATTS, 2000) Para o WBCSD (HOLME; WATTS, 2000), o conceito associado à responsabilidade social corporativa dependerá tanto do país, do setor econômico, como do tipo de negócio onde a organização se insere. Como exemplo, o conceito associado à responsabilidade social corporativa usado no Brasil é diferente dos conceitos utilizados em outros países do mundo, estas diferentes visões de responsabilidade social corporativa foram desenvolvidas no primeiro encontro de dialogo da responsabilidade corporativa promovido nos Países Baixos , em 1998, pelo WBCSD (HOLME; WATTS, 2000) (ver Figura 01). Figura 01: Definições de Responsabilidade social corporativa no mundo, segundo World Business Council for Sustainable Development. Fonte: Adaptado de (HOLME;WATTS, 2000). IV CNEG 7 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 Garriga & Melé (2004) indicam que todas as mais relevantes teorias e desenvolvimentos associados a responsabilidade social corporativa podem ser classificados segundo um dos quatro aspectos subseqüentes, associados à realidade social: Aspectos econômicos: Neste grupo se assume que a organização é um instrumento de criação de riquezas, sendo esta a sua única responsabilidade. Qualquer atividade social realizada pela organização só é aceita se produz um retorno econômico para a organização. Aspectos políticos: Neste grupo o poder social da corporação é enfatizado, especificamente na sua relação com a sociedade e na sua responsabilidade no âmbito político (poder da organização). Isto leva a aceitação da organização dos seus deveres e direitos sociais. Aspectos de integração social: Neste grupo de considera a integração social da organização como o aspecto principal. O argumento baseia-se no conceito de contrato social, onde a organização depende da sociedade para a sua continuação, crescimento e existência. Aspectos éticos: Neste grupo se entende que na relação entre a organização e a sociedade encontram-se embutidos os conceitos de ética e de valores individuais e coletivos. A organização aceita a sua responsabilidade para com a sociedade como uma obrigação a ser cumprida. 2.10.2. RESPONSABILIDADE EVOLUÇÃO HISTÓRICA SOCIAL CORPORATIVA: Desde os primórdios, as organizações têm sido cobradas ao respeito da sua responsabilidade para com a sociedade. Segundo Fellenberg (FELLENBERG, 1980) indica que já na antiga Grécia, como também na antiga Roma o exercício da atividade produtiva (por exemplo, de curtumes e fundições) dependia de autorização e do cumprimento de obrigações por parte das organizações. A idéia era resguardar o interesse da população contra os efeitos IV CNEG 8 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 dos gases emanados - odor desagradável e tóxico. Fellenberg acrescenta que as fundições, por exemplo, já eram obrigadas a construir altas chaminés, para permitir a dispersão dos gases emanados. E que na Roma antiga as atividades de curtumes, matadouros, fabricação de azeite, fabricação de vidro e lavanderias também já eram regulamentadas por decreto, existindo por volta do ano de 1400, fechamento de fábricas por iniciativas de comunidades locais. Bello (2001) indica que com a publicação, em 1899, do livro “O Evangelho da Riqueza”, de Andrew Carnegie, fundador do conglomerado U.S. Steel Corp., surge a abordagem clássica da responsabilidade social das grandes empresas que estava baseada em dois princípios: Princípio da caridade: o princípio da caridade exigia que os setores mais pudentes ajudassem aos menos favorecidos. No início este princípio se relacionava com os indivíduos na e com as organizações. Entretanto, com a criação, na década de vinte, do fundo Community Chest, as necessidades comunitárias passam a ser maiores do que as riquezas dos indivíduos. Desta forma as organizações começaram a ajudar. Princípio da custodia: refere-se à doutrina bíblica que exige que as empresas e os indivíduos ricos se vejam como guardiões, ou zeladores, mantendo suas propriedades em custódia, para o benefício da sociedade como um todo. Para Broomhill (2007) e Windsor (2006) o desenvolvimento de ações de responsabilidade social à época, deve-se ao movimento anti-trust imposto às empresas americanas. Este movimento fez com que as empresas divulgassem e difundissem a sua preocupação social e filantrópica indicando assim que as regulamentações impostas pelo governo não eram necessárias. Outro grande acontecimento contribuitivo ao desenvolvimento deste conceito (BROOMHILL, 2007) acontece durante a grande depressão, onde o governo norte americano se vê obrigado a impor um novo movimento de regulamentação, dando origem a uma série de artigos científicos (The Functions of the Executive, de Chester Barnard, publicado em 1938; Social Control of Business, de J. M. Clark publicado, em 1939, e Measurement of the Social IV CNEG 9 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 Performance of Business, de Theodore Kreps, publicado em 1940) relacionados a responsabilidade social empresarial (CARROLL, 1999). Autores como Carroll (1999); Valor (2005); Amaeshi & Adi (2007); Broomhill (2007), (LEE, 2008), entre outros, indicam que a era moderna da responsabilidade social começa em 1950 com a publicação do livro de Howard Bowen (1953) intitulado “Social Responsibilities of the Businessman” (Responsabilidades Sociais do Homem de negócios). Bowen alerta para a preocupação que os homens de negócios teriam que ter para com a sua responsabilidade com a sociedade, associadas às responsabilidades que estes homens assumiriam para com a sociedade (CARROLL, 1999), (LEE, 2008). A partir da década dos 50, podem ser encontradas diferentes etapas na evolução histórica do conceito associado à responsabilidade social corporativa. Carroll (1999), descreve esta evolução através do passar das décadas, tanto nos trabalhos de Bowen, como nas publicações da década de 60, servindo como trabalhos seminais para definir o conceito da responsabilidade social corporativa, definindo-a como: as implementações de decisões e ações de negócios que pelo menos estão alem do objetivo econômico ou técnico primário da organização. Frederick (1998) apud (WADDOCK, 2004) acrescenta a esta definição, que este tipos de ações podem trazer um retorno econômico no longo prazo. Lee (2008) aponta também que neste período (finais da década dos 60) várias legislações aparecem regulando as organizações de negócios, os seus empregado e clientes, dando assim uma fundamentação importante no conceito de CSR. Estas primeiras propostas de definições referentes à responsabilidade social corporativa, onde a organização teria que passar a se questionar para além de seu desempenho econômico, leva ao desenvolvimento de correntes de pensamentos contraditórias, referentes à CSR (LEE, 2008), a saber: um modelo de pensamento seguindo a linha do desempenho econômico como principal finalidade da organização (FRIEDMAN, 1970) e uma outra linha onde a organização passa a ter um senso de responsabilidade maior do que somente econômico (FREEMAN, 1984). IV CNEG 10 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 Na década dos 70, segundo (LEE, 2008) começa a existir uma sinergia entre as correntes de pensamento existente ate então, passando a caracterizar a CSR através de definições orientadas a satisfação das necessidades da sociedade, mas sempre pensando na maximização dos lucros das organizações (FRIEDMAN, 1970) apud (CARROLL, 1999) , (STEINER, 1971) apud (CARROLL, 1999), (JOHNSON, 1971) apud (CARROLL, 1999) e Broomhill (2007) caracterizam a este período como o período neo-liberal da responsabilidade social corporativa. Segundo Carroll década dos 80 é caracterizada pelo fato de não existir novas definições associadas a este conceito, mas sim existe o desenvolvimento de pesquisas práticas referentes ao tema da CSR, como também referente ao desenvolvimento de uma ampla gama de temas alternativos (CARROLL, 1999), dentro desta linha de pesquisa Carroll apresenta seu modelo chamado de “Organizational Social Performance Model” (Modelo de desempenho social organizacional) (CARROLL, 1979) apud (JOYNER;PAYNE, 2002), surgindo a partir deste modelo, um sem número de definições da CSR, com os mais variados olhares e suposições (WADDOCK, 2004). Durante a década de 90, pode ser observado que muito poucas contribuições teóricas são realizadas no que se refere à definição de CSR. O sentimento de falta de modelos práticos (instrumentais) relacionados ao tema da responsabilidade social corporativa e do relacionamento com o desempenho econômico organizacional (LEE, 2008), faz com que sejam desenvolvidos modelos uma ampla gama de modelos instrumentais, dando assim origem ao desenvolvimento de outros temas e conceitos relacionados com a CSR, tais como: CSP – Corporate Social Performance (Desempenho Social Corporativo), teoria das partes interessadas (stakeholders’ theory) e ética nos negócios entre outras (WADDOCK, 2004). Para Frederick (1998) apud (WADDOCK, 2004) neste novo século o conceito de responsabilidade social corporativa encontra-se associado a uma nova visão da responsabilidade social corporativa a qual se mistura a conceitos relacionados com o cosmos, a ciência e a espiritualidade. Esta nova visão da CSR procura o sucesso organizacional através da construção de valores organizacionais, enfatizando o lado espiritual da organização. IV CNEG 11 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 Durante os últimos 60 anos o conceito da responsabilidade social corporativa tem mudado (ver quadro 01) passando de ser um conceito sem muito interesse para as organizações, para um conceito considerado quase estratégico. Esta mudança pode ser percebida com a seguinte situação histórica apresentada por Lee (2008): “Em 1917, quando Henry Ford defendeu na corte de Michigan a sua decisão de reinvestir na sua empresa as ganâncias acumuladas, ao mesmo tempo em que diminuía o preço de seu modelo T, ele descreveu o propósito da sua empresa da seguinte forma: fazer tudo o possível em favor de todas as pessoas preocupadas em: ganhar dinheiro e usá-lo; dar empregos e enviar nossos carros onde as pessoas possam dirigi-los e [...] incidentalmente fazer dinheiro. Os negócios são um serviço, não uma coisa fortuita. Em 1999, 80 anos depois, William Clay Ford Jr, tataraneto de Henry Ford, tomou as rendas da companhia, tratou novamente de convencer aos acionistas da companhia da importância de tratar os negócios como um serviço para a sociedade. Nós queremos encontrar novas formas de satisfazer aos nossos clientes, entregar maior dividendo para os nossos acionistas e fazer do mundo um melhor lugar para todos viverem”. Lee indica que este jovem Ford não foi intimidado na justiça pelos seus acionistas e sim apoiado por eles como também pelas outras partes interessadas da companhia na sua forma de visualizar os negócios. Pode-se perceber que a mudança já estava a caminho. Através das palavras de Henry Ford II, neto de Henry Ford e pai de William Ford: “Os termos dos contratos entre as indústrias e a sociedade estão mudando. Agora nós estamos sendo demandados para servir e adotar uma gama maior de valores humanos e aceitar obrigações de pessoas com quem não desenvolvemos nenhuma transação comercial” (CHEWNING, 1990) apud (LANTOS, 2001). Através do tempo, como se vê refletido nas palavras dos diferentes presidentes da Ford Motor Company, o conceito da responsabilidade social corporativa, através dos seus diferentes detentores e filosofias de atuação, tem evoluído, mudado e se reinventado. O Quadro 01 apresenta um resumo desta evolução até os tempos atuais, segundo a visão de alguns dos seus principais atores. IV CNEG 12 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 Quadro 01: Diferentes visões da evolução histórica do conceito de responsabilidade social corporativa Fonte: Os autores 3. RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL 3.5. VALORES ORGANIZACIONAIS ORGANIZACIONAL – COMPORTAMENTO Segundo Rokeach (1968), Oliveira & Tamayo (2004) a definição de valores individuais pode ser utilizada para definir os valores organizacionais. No âmbito deste artigo utilizar-se-á a definição de valores de Rokeach (1968) para definir os valores organizacionais: Os valores são modos de conduta; é a crença de que certo modo de conduta e melhor do que outro. Um valor é um padrão de comportamento, que serve para IV CNEG 13 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 vários propósitos na vida humana. Com base em sua estrutura valorativa os indivíduos agem, avaliam e fazem juízo de ações e atitudes (1968). Sendo assim, os valores organizacionais norteiam o comportamento dos indivíduos de uma organização (shared values ou valores compartilhados). Paarlberg (2007) refere-se aos valores organizacionais como os princípios que guiam o comportamento de uma organização, estes princípios também são conhecidos como cultura organizacional. Erez (2004) define cultura organizacional como um conjunto de crenças e valores que são compartilhados pelos membros da mesma organização. Tamayo (2000) refere-se à cultura organizacional como sendo um conjunto de valores compartilhados existentes nos grupos. Para Erez (2004), Tamayo (1996) e McDonald (1991) a importância dada aos valores organizacionais deve-se a que eles irão estabelecer as práticas de gestão na organização. Para Agle & Caldwell (1999) os valores organizacionais têm uma forte relação com as estratégias propostas pela organização. Oliveira & Tamayo ( 2004) indicam que os valores possuem funções organizacionais importantes: a primeira delas diz respeito à criação, sobretudo entre os funcionários, de modelos mentais que ajudem na fixação dos objetivos e da missão da organização, a segunda refere-se ao fato de que os valores organizacionais ajudam na construção e fixação da identidade organizacional. Tamayo et alli (2000) indicam que os valores organizacionais são determinantes no desempenho dos empregados, na satisfação no trabalho e na sua produtividade. Para McDonald (1991) os valores organizacionais influenciam a organização nos seguintes aspectos: decisões estratégicas; ética corporativa; conflitos interpessoais; qualidade nas relações de trabalho; evolução e plano de carreira dos funcionários; motivação dos empregados. 3.6. PRINCÍPIOS MOTIVADORES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA O que leva a uma organização a implementar a responsabilidade social corporativa? Para Ameshi & Adi (2007), Munilla & Miles (2005) a responsabilidade social corporativa surge devido a diferentes pressões e fatores sofridos pela organização De acordo com Ameshi IV CNEG 14 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 & Adi (2007), estas pressões associam-se a fatores como: o governo, os sistemas de negócios; os valores pessoais e organizacionais como também pressões de outros grupos sociais que interagem com a organização. Segundo Windsor (2006) a implementação da responsabilidade social corporativa deve-se a três possíveis motivos: um intrinsecamente econômico; um essencialmente ético e um motivo intermediário – que recebe influências das dimensões éticas e econômicas (ver Figura 02). Estes diferentes possíveis motivos-catalisadores das respostas sociais da organização são influenciados tanto pelas condutas privadas dos indivíduos como também pelas políticas públicas. Figura 02: Os três aspectos da responsabilidade social segundo a visão de Windsor Fonte: Adaptado de (WINDSOR, 2006) O motivo econômico carrega consigo uma ética utilitária, onde as ações éticas sempre procuram a maximização dos lucros da organização. A motivação econômica impõe limites estritos tanto às responsabilidades discricionárias, como também, às obrigatórias (WINDSOR, 2006). No motivo ético, a maximização da organização não é só econômica, e sim mais social, procurando o bem-estar econômico associado aos bem-estares dos outros grupos que se relacionam de alguma ou outra forma com ela. Os pensamentos éticos associados a este tipo de motivação argumentam que a visão intrinsecamente econômica e míope é insuficiente, IV CNEG 15 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 tendo que existir uma visão mais parcial por partes da alta gerência da organização para contrabalançar com ao motivo econômico, o motivo ético (WINDSOR, 2006). Outro modelo que aborda este assunto referente aos princípios motivadores da responsabilidade social, é o modelo de Munilla & Miles (2005). Os autores indicam que a responsabilidade social corporativa desenvolve-se na organização devido a um dos diferentes tipos de motivos: motivos estratégicos (criação de vantagem competitiva) Miles & Covin (2000); por mera complacência (tem que ser realizada uma vez que é exigida pelo marco legal que rege a organização) ou devido a pressões (forçado) de diferentes grupos sociais ou partes interessadas (MILES; MUNILLA et al., 2002). Nesta mesma linha de raciocínio autores como Lantos (2001), Hemingway & Maclagam (2004) e Branco & Rodrigues ( 2006) definem modelos com similares princípios motivadores da responsabilidade social corporativa, indicando que esta pode acontecer devido a motivos a estratégicos; motivos éticos e motivos filantrópicos. O aspecto filantrópico relaciona-se com a contribuição da organização ao bem comum, pelo simples fato de fazer, sem nenhum outro motivo associado. O aspecto estratégico proposto refere-se à prevenção ou correção dos possíveis danos que a organização pode causar. Neste aspecto incluem-se ações morais que talvez possam não ter nenhum beneficio para a organização. O aspecto ético refere-se à criação de situações, onde há ganhos de todos os stakeholders (organização e grupos para qual a organização tem uma responsabilidade sociedade). Para Joyner & Payne (2002), Payne & Raiborn (1997) (RAIBORN; PAYNE, 1990) as organizações adotam uma postura ética devido a uma variada gama de motivos, estes diferentes motivos sempre se encontraram dentro dos seguintes extremos: o da moralidade e o da legalidade. O primeiro deles é considerado ético por natureza, no qual a organização procura fazer o bem pelo simples fato de pensar que é a coisa certa de ser feita. O extremo da legalidade é considerado, segundo estes autores, completamente maquiavélico, devido ao fato que a organização cumpre a lei e faz o certo, no sentido de IV CNEG 16 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 convencer as diferentes partes interessadas que está agindo de forma adequada, sem nenhum outro motivo específico. Com esta segunda postura a organização procura evitar os problemas legais, além de passar uma imagem de correta para as diferentes partes interessadas. Nesta visão apresentada o comportamento ético da organização pode ser entendido como um contínuo, onde num extremo dele encontra-se um comportamento ético-legal, no qual as ações que a organização realiza são as mínimas necessárias para o cumprimento das leis e normas vigentes. No outro extremo do contínuo pode ser caracterizado um comportamento ético-moral, no qual as ações que a organização realiza são para alcançar o bem-estar de todos os indivíduos e grupos da sociedade. Entre um extremo e outro do contínuo podem ser identificados outros tipos de comportamentos associados a este continuo ético (ver Figura 03). Figura 03: Continuo ético Fonte: Os autores 3.7. COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Segundo Detoni (2001) a abordagem comportamental da administração teve sua origem na evolução da teoria de relações humanas. O tema central desta teoria é a motivação humana. Uns dos precursores desta teoria é Abraham Maslow (1946), sendo o pioneiro “a relacionar as necessidades humanas num quadro teórico abrangente. De acordo com essa teoria, o indivíduo possui necessidades viscerogênicas (como exemplos: fome, sede, oxigênio, IV CNEG 17 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 sexo) e psicogenéticas (como exemplos: amor, reconhecimento, poder), sendo as primeiras inatas e as segundas são aprendidas. Essa hierarquia de Maslow está composta por cinco necessidades fundamentais, a saber: fisiológicas, de segurança; sociais; de estima; de autoconfiança e de auto-realização (DETONI, 2001); (BARBOSA, 2002). Van Marrewijk (2004) e Werre Van Marrewijk (2003) apontam a existência de um contemporâneo de Maslow, Clare Graves que realiza por mais de 20 anos, pesquisas relacionadas a sistemas de valores e níveis de existência. A teoria de desenvolvida por Graves (1974) através destas pesquisas indica que tanto os indivíduos, quanto organizações e sociedade, existem em diferentes níveis, onde em cada nível tais atores exibem comportamentos próprios (GRAVES; MADDEN et al., 1971). Graves indica que existe uma evolução de nível quando os conhecimentos do nível atual dos indivíduos já não os satisfazem mais. A mudança para um nível hierárquico superior, de forma figurativa, acontece na forma de espiral, onde os conhecimentos do nível anterior são absorvidos pelo nível superior. Graves indica que os valores que são entendidos como aceitáveis para os indivíduos, organizações e sociedades de certo nível não são os mesmos que para indivíduos de outros níveis. Existe uma evolução dos grupos indicando que indivíduos, organizações é sociedades de níveis inferiores, não tem como entender os comportamentos dos indivíduos, organizações e sociedades dos níveis superiores. A teoria de Graves pode ser resumida nos seguintes pontos, a saber (ROSADO, 1997): A natureza humana não é estática nem finita, se alterando segundo as mudanças das condições de existência. Nos novos níveis de existência, os conhecimentos dos níveis anteriores são incorporados nestes novos níveis. Quando um novo sistema o nível é ativado, a psicologia dos indivíduos e as regras de comportamento se adaptam a este novo nível. IV CNEG 18 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 Tantos os indivíduos, como as organizações ou a sociedade, como um todo, só podem responder de forma positiva aos princípios, motivações, fórmulas de ensino, códigos legais e éticos que são apropriados ao nível de existência no qual se encontram. O surgimento destes níveis de existência pode ser caracterizado através de um espiral em crescimento contínuo, onde cada nova volta do espiral marca um nível de existência de complexidade maior. O trabalho de Graves teve a sua continuação com Beck e Cowam (1996) introduziram o conceito de espiral dinâmica, que fundamentada nos níveis de existência identificados por Graves, e no conceito de “memes”. A espiral dinâmica ajuda a entender e explicar os seguintes tipos de perguntas: Como as pessoas fazem juízo em relação a certos assuntos? Porque as pessoas tomam decisões de diferentes formas? Porque as pessoas respondem a diferentes estímulos motivacionais? Como e porque os valores surgem são disseminados? Os níveis de existência identificados tanto por Graves (1974) (GRAVES;MADDEN et al., 1971) e por Beck e Cowan, são apresentados no Quadro 02, abaixo: IV CNEG 19 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 Quadro 2: Características dos modelos de níveis de existência de Clare Graves; Beck e Cowan Fonte : Adaptado de Graves (1974) ,(GRAVES;MADDEN et al., 1971) , Beck & Cowan (BECK;COWAN, 1996), (COWAN; TODOROVIC, 2001; COWAN; TODOROVIC, 2000; COWAN, TODOROVIC, 2000). IV CNEG 20 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 Para Rosado (1997) as pesquisas realizadas por Graves mostraram que os indivíduos evoluíram através dos 6 primeiros níveis de existência, também conhecidos como níveis de desenvolvimento bio-físico-social, indicando que ainda os indivíduos não têm evoluído para os últimos dois níveis de existência humana. Graves na sua teoria caracteriza os níveis de existência como bio-físico-sociais devido ao fato de que o indivíduo evolui de um nível para outro, por causa de fatores biológicos (neurológicos), físicos (fisiológicos) e sociais (culturais) (BECK, COWAN, 1996). 4. RESULTADOS E CONCLUSÕES 4.5. RESULTADOS O trabalho procura, de forma teórica, identificar algum tipo de relação entre: a evolução histórica da responsabilidade social; suas diferentes definições; seus princípios motivadores e a teoria de Clare Graves referente aos níveis de existência. Pode-se concluir através da literatura apresentada três fatos de importância que se relacionam com os aspectos discutidos neste artigo: O primeiro surge da análise da evolução histórica e do conceito associado a responsabilidade social corporativa, donde este conceito evolui passa de uma preocupação substancialmente econômica durante a década dos 60 e 70, passando por uma preocupação social com um víeis netamente econômico (década dos 90), para uma preocupação com o bem-estar social; com a espiritualidade e com o cosmos (nos tempos atuais). O segundo surge através dos princípios motivadores da responsabilidade social: tais princípios sempre se encontram entre um dos extremos do contínuo ético (ético legal – ético moral) O terceiro surge do através dos estudos de Graves, Beck e Cowan, donde as diferentes etapas ou níveis de existência começam com uma preocupação essencialmente fisiológica – econômica evoluindo, através de diferentes níveis, até chegar aos níveis superiores nos quais a IV CNEG 21 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 preocupação tanto dos indivíduos e/ ou organização é uma preocupação holística. Neste último nível observa-se a existência de uma consciência relativa ao bem-estar da humanidade. A Figura 04, abaixo, procura sumarizar os três aspectos discutidos anteriormente: Figura 4: Relação histórica entre os aspectos de responsabilidade social corporativa; princípios motivacionais da responsabilidade social e modelos de Graves e espiral dinâmica (Beck e Cowan, 1996) Fonte: Os autores 4.6. CONCLUSÕES Pode-se concluir, de forma teórica, que os diferentes conceitos estudados, têm e possuem forte aderência entre si. Nos começos dos estudos modernos da responsabilidade social esta tinha uma visão completamente orientada pelo aspecto legal e pela maximização dos lucros, a qual equivaleria a um dos extremos do continuo ético conhecido como comportamento ético legal. Atualmente o conceito associado a responsabilidade social esta evoluindo, esta evolução pode levar a caracterizar este conceito com o outro extremo caracterizando-lo do continuo ético, conhecido como comportamento ético moral. A movimentação de um extremo do continuo para outro acontece devido as mudanças dos IV CNEG 22 IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras Niterói, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008 princípios motivacionais que regem o desenvolvimento da responsabilidade social corporativa. Os estudos de Graves; Beck e Cowan (1996) identificam esta mesma evolução do ser humano e das organizações através dos seus modelos. Alertando que os dois últimos níveis não tinham sido alcançados nem pelos homens, nem pelas organizações. Sendo assim, pode-se concluir através deste estudo teórico, que as futuras evoluções no conceito e aplicação da responsabilidade social corporativa, tendem a estar orientadas para o bem-estar comum e desenvolvimento holístico das sociedades, passando as tanto as organizações como os indivíduos a ter uma evolução neste sentido. Alguns estudos que apóiam, estas conclusões encontram-se nos trabalhos de Cetindamar (2007), López & Garcia et al (2007) que avaliam o grau de incorporação de outras variáveis alem das econômicas na gestão das organizações. Referências AGLE, B.R. e CALDWELL, C.B. Understanding Research on Values in Business: A Level of Analysis Framework. Business Society, v.38, n.3, p.326. 1999 AMAESHI, K.M. e ADI, B. Reconstructing the corporate social responsibility construct in Utlish. Business Ethics: A European Review, v.16, n.1, p.3-18. 2007 BARBOSA M. Motivação, qualidade de vida e participação no trabalho. (Dissertação de Mestrado). Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianopolis , Santa Catarina, 2002. 94 p. BECK, D.E.;COWAN, C.C. Spiral dynamics: Mastering values, leadership, and change: Exploring the new science of memetics: Blackwell Publishing. 1996 BELLO C., Vieria. 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