A importância da oralidade e do contato com os gêneros textuais
na educação pré-escolar
Angélica Fernanda [email protected]
Caroline Silvério-USC-Pedagogia [email protected]
Maynara Damiano [email protected]
Mayra Gabriela da [email protected]
Thaís [email protected]
Gislaine Rossler Rodrigues Gobbo- USC-UNESP MariliaPrefeitura Municipal de [email protected]
Modalidade comunicação oral
Categoria: pesquisa em andamento
Eixo 3- Linguagem e literaturas nos processos educativos
Palavras-chave: Oralidade; Leitura; Gêneros textuais; Educação pré-escolar
Introdução
O objetivo deste trabalho é discutir a importância da oralidade e do contato
com os gêneros textuais promovido por meio da leitura de livros, realizadas por
mediadores na educação pré-escolar.
Este estudo também defende uma alfabetização com sentido e significados.
Essa proposta de ensino é importante para que haja interesse pelos conteúdos
sociais e culturais, pois provoca um motivo para ler ou manusear um livro, mesmo
que as crianças ainda não se apropriaram da leitura e da escrita,
podem ser
acompanhadas, por um mediador, que fará a leitura pelo reconto, tanto nos níveis
sonoros ou gráficos.
Desse modo, nosso problema de pesquisa deflagra: poderá o contato com os
gêneros textuais desenvolver a oralidade e a leitura na educação pré-escolar?
Francioli (2010), afirma que houve uma tentativa de abandonar as cartilhas e
começar a trabalhar com textos, mas para alguns docentes a nova iniciativa não foi
tão simples. Essa proposta não atingiu de forma igualitária as escolas, algumas
persistiram nos materiais sem contexto e com atividades repetitivas.
Assim, iniciamos o desenvolvimento deste estudo
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O desenvolvimento da oralidade
A linguagem oral é fundamental para o desenvolvimento dos falantes
linguísticos. É um elemento social, e uma das primeiras descobertas da criança
pequena. É responsável pela socialização e organização do pensamento, pois ao
falar é necessário ordenar o pensamento antes de transmitir, e é por esse e outros
motivos que é essencial desenvolver a oralidade das crianças. (AUGUSTINI,2008).
Os gêneros textuais na escola
Schneuwly e Dollz (2004); Bakhtin (1992) defendem o gênero textual ou
discursivo como instrumento que possibilita a comunicação.
Os gêneros são concretizados pelos enunciados que dizem respeito à
expressão e à transmissão de pensamentos e sentimentos nas diferentes esferas da
atividade humana divulgados pela linguagem. Cada esfera humana elabora tipos
estáveis de enunciados, que se materializam nos gêneros do discurso. A escolha
por um tipo de gênero é orientada pela necessidade da temática, pelos participantes
do enunciado, pela vontade e pela intenção dos falantes. Os gêneros são ricos e
heterogêneos em conteúdo e temática, classificando-se em primários - diálogos do
cotidiano e breves réplicas, que são uma comunicação verbal mais espontânea- e os
secundários, os mais complexos, que exigem a dominância das formas primárias
mediadas pela leitura e pela escrita.
Metodologia
A presente pesquisa focaliza um estudo com referencial bibliográfico
utilizando a entrevista como instrumento para geração dos dados
Geração dos dados
De acordo com os dados gerados, 61 professores foram entrevistados, 42
trabalhavam a perspectiva teórica de linguagem como sistema ou estrutura
(SAUSSURE, 1984), apenas 11 relataram o uso da linguagem por meio da interação
verbal e dialogia (BAKHTIN, 1992), no qual se considera a produção social e cultural
da língua, 8 relatos não foram pontuados, devido a inconsistência teórica das falas.
Observamos que houve prevalência de docentes que adotavam palavras e
sílabas soltas, para o ensino da linguagem. Apesar da tentativa em inserir a leitura,
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esta se mantinha afastada do ensino da linguagem oral e da provocação em
despertar o interesse pela ação.
A leitura era realizada como uma técnica nomeada como “alfabeto-móvel”, ou
“letra-móvel”, ao repetirem os sons, acredita-se que a criança
assimila, ou se
familiariza, aos poucos com as palavras.
Outra característica encontrada nas falas dos docentes foi a interação entre a
metodologia saussureana e bakhtiniana, ao mesmo tempo em que há uma
alfabetização sem contexto, incentivam o gosto pela leitura.
O resultado das entrevistas denotam:
Gráfico. Professores entrevistados - questão como ensinam a ler e escrever
Discussão dos dados:
Nas entrevistas adotamos a letra P-professor, para manter a privacidade dos
participantes.
A professora, do primeiro ano relatou:
P1:“Recursos ilustrativos, se a aula é sobre ‘lh’, a criança desenha na lousa
objetos ou parte do corpo, um olho, por exemplo, pergunta o que está representado,
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as crianças dizem o que estão vendo e escrevem, no caderno ou com o recurso de
letra-móvel, ou então colagem, como um quebra-cabeça”.
A professora, do segundo ano, na mesma escola afirma que:
P2: “uso a letra-móvel e sílabas. Primeiro começo com as palavras das quais
as crianças falam, como ‘sa-pa-to’, depois com ‘r’, ‘br’, ‘s’ no meio da sílaba. Os
alunos ficam com palavras de papel recortadas por sílabas. Tem imagens para
auxiliar e a partir delas, as crianças olham e colam, por exemplo ‘cas-te-lo’, ‘tê-nis’.
Uso a metodologia do “Desce”, para formar palavras ‘que’, desce ou precisa de duas
letras: ‘q’, ‘u’ e acrescenta o ‘e’”.
A terceira professora comenta:
P3:“ Uso brincadeiras com palavras cantadas, pois a criança memoriza
facilmente a letra da música, então entro muito no lúdico para obter melhores
resultados. Gosto de trabalhar com contos, como cantinho da leitura, onde eles
escolhem um livro ou revista e passam alguns minutos olhando, depois peço para
que eles criem uma situação com aquelas imagens, faço também o uso do trabalho
de ligar as palavras as figuras que são do cotidiano deles, às vezes também utilizam
recortes com objetivo de conhecerem o alfabeto”.
Ao aprofundarmos a pesquisa percebe-se um número expressivo de
professores que adotam metodologias repetitivas, cuja ênfase centra-se na
silabação e memorização.
Notou-se que alguns docentes
após a graduação não buscaram
aperfeiçoamento, outros não sentiram necessidade de outro estudo ou processo
formativo limitando uma possível tomada de consciência e alterações na prática
metodológica.
O uso dos gêneros textuais dentro do ensino contextualizado, é um
instrumento mediador importante, proporciona atenção, escuta,como também amplia
o vocabulário das crianças
Outro aspecto relegado, é o desenvolvimento da oralidade, nas entrevistas, a
fala foi pouco citada ou valorizada, porém, sendo a oralidade um elemento social
indispensável, requer atenção tanto quanto a leitura e a escrita. Comunicar-se
significa organizar o pensamento. É claro que a fala cotidiana promove isso, mas é
necessário que os alunos se apropriem do conhecimento mais científico que a
escola promove, por essa razão é que se deve valorizar o diálogo.
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Considerações finais
Ao analisarmos os apontamentos feitos, percebemos que ainda é comum no
processo inicial de alfabetização atividades descontextualizadas realizadas com
letras e sílabas
soltas. Acredita-se que se aprende a ler pela soletração das
palavras, de forma linear cuja defesa parte-se de elementos mais simples para os
mais complexos, ou seja, das frases para o texto.
É preciso reconhecer que o ensinamento das escolas, apesar de formar
crianças
alfabetizadas,
por
ser
abstrato
acaba
se
tornando
um
ensino
desinteressante. O trabalho com os gêneros textuais possibilita um ensino mais
atraente, como também é um conteúdo que desenvolve a oralidade.
Cabe ao docente valorizar cada vez mais o aspecto escritor, leitor e oral de
seus alunos, além de proporcionar aulas atrativas, diversificadas e contextualizadas.
Referências:
AUGUSTINI, Márcia Cristine. Bakhtin, gênero e o texto: Uma professora muito
maluquinha. 13p. Patos de Minas. UNIPAM. 2008
BAKHTIN, M (V.N.Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. Tradução de
Michel Lauch e Iara Frateschi Vieira. 6ed. São Paulo: Editora Huritec, 1992.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF,1988
CHAER, Mirella Ribeiro; GUIMARÃES Edite da Glória Amorim. A importância da
oralidade: educação infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental. 14p.
Patos de Minas. Centro Universitário de Patos de Minas, 2012.
DOLLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard. Gêneros orais escritos na escola.
Campinas: Mercador de Letras,2004
FRANCIOLI, Fátima Aparecida de Souza. O trabalho dos professores e
alfabetização: uma análise dos ideários educacionais. São Paulo: Editora
UNESP, 2010.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral.São Paulo: Cultrix, 1984.
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