MARCAS DE ORALIDADE E GÊNERO TEXTUAL
Marcos Vinícius Modro
Maria Silvia Cintra Martins
Ensino e Aprendizagem de Línguas
Nossa proposta de pesquisa de Mestrado parte da constatação, presente nos PCNs de Língua
Portuguesa, de que a escola tem, como um de seus principais objetivos, oferecer aos alunos
proficiente competência lingüística, uma vez que, sendo uma instituição de ensino, teria, por
função pedagógica proporcionar aos alunos condições ao aprendizado de práticas sociais de
leitura e de escrita nos padrões formais, supondo-se que eles já teriam domínio das utilizações
comuns, no seu dia-a-dia. Entendemos, no entanto, que em nosso sistema educacional os
alunos em geral não possuem conhecimentos e vivência de práticas sociais de letramento, que
envolvem certos gêneros discursivos. Consideramos dois pressupostos teóricos. Por um lado,
a visão crítica da Escola de Genebra. Schneuwly (1994) toma o gênero como um instrumento,
e é deste que o indivíduo se utiliza para se apropriar da linguagem presente em sua realidade
social. Por outro, na linha do pensamento de Goffman (1996), entendemos que também é dos
gêneros que os estudantes se servem para se constituírem como sujeitos sociais. A pesquisa de
campo tem se desenvolvido no contexto de um Cursinho Pré-Vestibular da UFSCar onde
temos feito a coleta de material oral e escrito. Temos averiguado a presença de marcas de
oralidade na produção de textos temáticos argumentativos, como provável decorrência da
ausência de domínio das distinções que envolvem os modos próprios de significar na escrita e
na oralidade. Os alunos, na maior parte das vezes, mostram-se pouco aptos a elaborar textos
temáticos argumentativos suficientemente coesos, coerentes, com evidentes dificuldades de
organizar suas idéias de acordo com as exigências da norma padrão. Assim, nosso propósito
será, em princípio, realizar a análise dos dados a partir de um enfoque tridimensional na linha
da proposta do teórico inglês Norman Fairclough. Num segundo momento, pretendemos
propor a elaboração de atividades (chamadas seqüências didáticas), sob a perspectiva do
interacionismo sócio-discursivo (ISD), que enfoquem os problemas e possibilitem sua
minimização. Desse modo, este trabalho pretende a partir de uma pesquisa participativa,
oferecer subsídios a uma reflexão responsiva acerca das práticas escolares que envolvem os
gêneros discursivos como instrumentos apropriados pelos indivíduos, que possibilitam a
construção da identidade social, e de práticas voltadas para o domínio dos modos de produção
de sentido, próprios da escrita e da oralidade.
Palavras-chave: gêneros; oralidade; escrita; ensino; identidade.
Download

Marcos Vinícius Modro