RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIAIS DA PRIMEIRA FASE DO PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DA MALHA RODOVIÁRIA ESTADUAL 20 de março de 2007 A primeira fase do Programa de Gerenciamento da Malha Rodoviária Estadual (o projeto) visava o melhoramento da eficiência do sistema de transporte rodoviário do Estado de Goias, no âmbito de um arcabouço ambiental e fiscal sustentável. O projeto tinha cinco componentes incluindo a reabilitação da rede rodoviária estadual, pavimentação de trechos rodoviários, fortalecimento da capacidade de gerenciamento da malha rodoviária, e da capacidade de uso de recursos naturais e da proteção da biodiversidade, bem como apoio à implementação da reforma fiscal e administrativa do Estado. A primeira fase se concluiu satisfatoriamente em dezembro de 2006. Do ponto de vista ambiental, como resultados da primeira fase ocorreram melhorias importantes no gerenciamento ambiental tanto na AGETOP (Agência de Transporte e Obras), quanto na AGMA (Agência Goiana de Meio Ambiente). Foram criadas legalmente novas unidades de conservação visando à ampliação das áreas de proteção total estadual, mas estas áreas não foram efetivadas no âmbito do projeto. Outros resultados importantes foram (i) a consolidação na AGMA de um sistema que possibilitou a identificação e proposição de medidas para a proteção das áreas sensíveis do Estado de Goiás, com isso garantindo uma melhor proteção do bioma cerrado, (ii) a geração de bases cartográficas nos temas de transporte, fitofisionomias, geologia, geomorfologia e vulnerabilidade, e (iii) o desenvolvimento de um sistema de licenciamento em particular para obras rodoviárias. Através das novas bases cartográficas, na AGETOP, o projeto possibilitou implementar um sistema geo-referenciado de gerenciamento da malha rodoviária, que permite para cada segmento de rodovia no Estado visualizar o grau de vulnerabilidade dos biomas, a presença de unidades de conservação e de povos indígenas e tradicionais, etc. O projeto também contribuiu para a consolidação da inserção do aspecto ambiental na elaboração dos projetos finais de engenharia, tanto para obras do Programa quanto para outras obras da agência. Os componentes físicos do projeto se constituiram na realização de duas categorias de obras: a) Reabilitação de rodovias já pavimentadas consistindo em revitalização do pavimento existente e degradado, pelo excesso de carga dos veículos pesados, uma manutenção inadequada ao longo dos anos e o término da vida útil das rodovias. Os trabalhos efetuados sofreram variação dependendo da situação de cada rodovia. De modo geral foram executadas as seguintes medidas para reabilitação das rodovias: reciclagem de capa e aproveitamento de material; tapa-buraco localizados; 1 recapeamento com tratamento superficial simples e duplo (TSS, TSD); fresagem com reaproveitamento de todo material retirado; recuperação de dispositivos drenagens superficial e sub-superficial; recuperação de passivos ambientais, principalmente de erosões; e melhoramento de travessias urbanas. b) Implantação de novas rodovias, que ocorreram em cima de vias com diretriz definida, em leito já existente. Os trabalhos efetuados encontraram-se restritos ao leito estradal e a faixa de domínio. Somente as jazidas de materiais encontravam-se fora dessa área. Foram executados durante a implantação atividades de: limpeza do terreno com retirada e armazenamento do horizonte orgânico, visando posterior utilização; escavação, carga e transporte de material de corte e aterro visando melhoramento e elevação da pista; melhoramento de traçado visando aumentar a segurança na rodovia; recuperação ambiental das jazidas de material granular (cascalho); implantação de obras de artes (pontes e bueiros) e recuperação de áreas degradadas; implantação de sistemas de drenagem superficial e sub-superficial; implantação de sinalização horizontal e vertical e, principalmente sinalização ecológica (placas de advertências); e implantação de cercas. O arcabouço de salvaguarda para a primeira fase era constituído pelos seguintes documentos: Relatório Setorial de Meio Ambiente e o respectivo resumo executivo em inglês; Política de Reassentamento Involuntário; Manual de Consulta Populares; e Manual das Normas e Empreendimentos Rodoviários. Procedimentos Ambientais para Este arcabouço revelou-se satisfatório. As obras rodoviárias foram implantadas sem que houvesse necessidade de reassentamento involuntário e muito menos, foram executadas nas proximidades de aldeamento indígena, quilombolas ou outro tipo de comunidade frágil. Também não estavam em áreas de unidades de conservação e nem de sua zona de amortecimento. Foram observadas as salvaguardas de proteção aos patrimônios: os trechos em que ocorreram achados arqueológicos foram paralisados e realizados os resgates em conformidade com as normas do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). 2 a) As rodovias que foram reabilitadas no âmbito da primeira fase do Programa estão descritas na tabela 01 a seguir. Tabela 01 - Rodovias reabilitadas pelo Programa de Gerenciamento da Malha Rodoviária Estadual – Estado de Goiás/BIRD GRUPO RODOVIA I II GO-010 GOIÂNIA/LEOPOLDO DE BULHÕES GO-330 ANÁPOLIS/RODRIGUES NASCIMENTO GO-010 GO-080 GO-118 GO-217 GO-320 VIANÓPOLIS/LUZIÂNIA ENTR. BR-153/GOIANÉSIA SÃO JOÃO DA ALIANÇA/ALTO PARAÍSO ENTR. BR-153/PIRACANJUBA/GO-139 ENTR.GO-040(GOIATUBA)/JOVIÂNIA GO-320 JOVIÂNIA/VICENTINÓPOLIS GO-320 VICENTINÓPOLIS/ENTR.GO-215/EDÉIA GO-010 LEOPOLDO DE BULHÕES/VIANÓPOLIS GO-060 GO-070 GO-080 GO-139 GOIÂNIA/TRINDADE/STA. BÁRBARA INHUMAS/GO-154 GOIÂNIA/BR-153 CALDAS NOVAS/CORUMBAÍBA GO-215 BR-153/PONTALINA GO-320 BR-153/GOIATUBA/GO-040 GO-326 ANICUNS/SANCLERLÂNDIA GO-330 PIRES DO RIO/CATALÃO GO-330 GO-010/ANÁPOLIS GO-020 GOIÂNIA/BELA VISTA/CRISTIANÓPOLIS GO-184 ENTR. BR-364(JATAÍ)/SERRANÓPOLIS GO-070 GO-403 GOIÂNIA/INHUMAS BR-452/SANTA HELENA/BR-060 QUIRINÓPOLIS/BR-452 GOIÂNIA/SENADOR CANEDO GO-118 SÃO GABRIEL/SÃO JÃO D'ALIANÇA GO-139 GO-206/ 178 ENTR. GO-217/ENTR. GO-213 (CALDAS NOVAS) BR-364/CAÇU/ITAJÁ/DIV. GO-MS ALMERINDONÓPOLIS/BR-452 GOIANÉSIA/BARRO ALTO CONTORNO DE GOIANÉSIA GO-164 III TRECHO GO-080 TOTAL REABILITAÇÃO EXTENSÃO (KM) 49,94 11,82 98,20 52,76 67,60 52,60 25,61 24,00 51,96 32,39 58,76 28,58 94,56 53,63 24,90 31,00 53,32 115,24 29,42 93,72 14,44 45,00 92,44 16,29 3,00 40,00 53,10 11,70 1.325,98 As rodovias reabilitadas pelo Programa correspondem a 14% da malha rodoviária estadual pavimentada, com 9.175 km de extensão em 2006. Para a orientação dos projetos de reabilitação foram elaborados Planos de Controle Ambiental (PCAs) para todos os trechos pertencentes ao Programa, que localizavam os passivos ambientais e os outros eventuais impactos ambientais/sociais da obra e davam soluções específicas para os mesmos. 3 b) As novas implantações foram executadas em rodovias que apresentavam leito definido e os cortes e aterros já haviam sido executados. Houve apenas alguns pontos específicos que sofreram correções no traçado para melhorar a segurança da via. As implantações executadas no âmbito da primeira fase do Programa estão descritas na tabela 02 a seguir. Tabela 02 - Rodovias implantadas pelo Programa de Gerenciamento da Malha Rodoviária Estadual – Estado de Goiás/BIRD GRUPO RODOVIA I TRECHO EXTENSÃO (KM) GO-050 PARAÚNA/ENTR. GO-174 (MONTIVIDIU) 97,78 GO-156 ITABERAÍ/AMERICANO DO BRASIL 34,00 GO-436 CRISTALINA/DIV. GO-DF 72,21 GO-309 PIRES DO RIO/CALDAS NOVAS 40,24 GO-142 MONTIVIDIU DO NORTE/DIV. GO-TO 32,13 TOTAL PAVIMENTAÇÃO 276,46 Esse total de novas pavimentações em relação à malha pavimentada total (9.175 km em 2006) corresponde a 3%. A licença ambiental para as reabilitações foi a Licença Ambiental Simplificada (LAS), solicitada pela AGETOP à AGMA, utilizada para empreendimentos de baixo impacto ambiental ou impacto insignificante com apresentação de Plano de Controle Ambiental (PCA) para cada trecho de rodovia, com levantamento dos passivos ambientais. As recomendações desses PCAs foram incorporadas às planilhas de orçamentos dos trechos em que foram realizadas as obras. Já para as implantações foram realizados Estudos de Impactos Ambientais (EIA/RIMA) específicos para cada trecho de rodovia. Foram realizadas consultas populares às comunidades afetadas pelos empreendimentos de acordo com o Manual de Consultas Populares, audiências públicas para emissão da Licença Prévias (LP) e Licença de Instalação (LI). Essas licenças foram solicitadas pela AGETOP à AGMA. No caso de rodovias, a AGMA não exige Licença de Funcionamento (LF), com a exceção para implementação de rodovias em unidades de conservação. No caso da primeira fase do Programa, não houve nenhum caso de rodovias próximos a unidades de conservação. Para o licenciamento de acampamentos (LAS) e jazidas (LI e LF), as licenças ficaram sob a responsabilidade da empresa responsável pela implantação do empreendimento. A supervisão ambiental de todos os empreendimentos – reabilitação e implantação - estava a cargo da gerência de estudos ambientais da AGETOP (GEAEA) que, além disso, fiscalizava e acompanhava também a realização dos 4 estudos ambientais e solicitações demandadas pela AGMA. As visitas ao campo não obedeceram a um cronograma, sendo realizadas quando se tinha uma demanda ou eventualmente sempre que possível. Eram realizadas pelo menos de 3 em 3 meses. A GEAEA também realizava o intercâmbio de informações entre projeto e estudo ambiental, visando à compatibilização deles, de modo que, o projeto incorporasse os aspectos ambientais propostos pelos estudos (PCA e EIA/RIMA). Desde que as intervenções se limitaram ao leito da estrada e a faixa de domínio, não houve impactos ambientais negativos significativos. Somente ocorreram impactos negativos localizados, temporais e mitigaveis tanto na implantação quanto na reabilitação dos trechos. Eles estão descritos na tabela a seguir junto com os impactos ambientais e sociais positivos e as medidas de mitigação adotadas. Tabela 03 – Impactos ambientais e sociais causados pela reabilitação e implantação, suas causas, tipo e medidas mitigatórias utilizadas. GRUPO IMPACTO Melhoramento da drenagem Diminuição de emanações de gases Reabilitação Melhoria da qualidade de vida CAUSA Implantação da obra Diminuição do consumo de derivados de petróleo devido ao melhoramento da rodovia Diminuição no tempo e desconforto das viagens devida à melhoria na trafegabilidade TIPO + x Abertura de caminhos de serviços Acidentes Erosões localizadas Implantação da obra Melhores condições das estradas permitem um aumento de velocidade dos veículos Falta de sinalização intensiva Implantação da obra Não aplica Não aplica x Não aplica x x MITIGAÇÃO Deixar o caminho como está sem ser destruído Recuperação através de x diques de contenção e revegetação com gramíneas x Controlar e coibir velocidades excessivas Intensificar sinalização nos x trechos trabalhados x Levantamento e eliminação da causa e mitigação da erosão 5 GRUPO IMPACTO Acúmulo de lixo Desconforto aos usuários Implantação Abertura de caixas de empréstimos CAUSA TIPO + - Paradas obrigatórias demoradas e acumulo de transito por causa de trechos de trabalho muito longos Necessidade de material para a implantação da obra x Diminuir o tamanho dos trechos e colocar lixeiras x Reconformação e revegetação Desnudamento de solo, com eventual possibilidade de carreamento de terra Implantação da obra x Poluição por ruídos, vibrações e emissões Maquinas e equipamento usado na obras x Derrames de produtos betuminosos e petrolíferos Negligência na execução dos trabalhos x Melhoria da segurança Correções pontuais da pista do traçado Paralisação da obra no(s) trecho(s) em estão Salvamento de sítio localizado(s) o(s) arqueológico achado(s) e negociação de compensação junto ao IPHAN Diminuição do consumo de Diminuição de combustíveis emanações de gases devida à pavimentação da rodovia Diminuição no tempo e Melhoria da qualidade desconforto das de vida viagens devida à melhoria na trafegabilidade Redução na Diminuição da pressão necessidade de sobre recursos manutenção da naturais com a rodovia devida à diminuição de seu pavimentação da consumo rodovia Aumento dos Diminuição do intercâmbios e trocas tempo gasto nos MITIGAÇÃO Implantar medidas de contenção de processos erosivos e de diminuição da velocidade das águas Realizar revisão periódica nos veículos e equipamentos da obra Instalar tanques dentro do acampamento e usar dispositivos de segurança Recuperar material derramado Aplicar produtos betuminosos desnecessários em local onde está ocorrendo implantação de rodovia x Não aplica x Não aplica x x Não aplica Não aplica x Não aplica x Não aplica 6 GRUPO IMPACTO entre locais diferentes Mudança de perfil do agronegócio regional Incremento na distribuição de renda CAUSA percursos devida à melhoria na trafegabilidade Melhoria na capacidade de transporte de bens devida à melhoria na trafegabilidade Melhoria na oferta de empregos devida à melhoria na trafegabilidade Abertura de caminhos de serviços Implantação da obra Destruição de vegetação Desmatamentos sem licenciamento Derrames de produtos betuminosos e petrolíferos Negligência e descuido Acidentes Melhores condições das estradas permitem um aumento de velocidade dos veículos Falta de sinalização intensiva Erosões localizadas Abertura de caixas de empréstimos Poluição por ruídos, vibrações e emissões Implantação da obra Necessidade de material para a implantação da obra Maquinas e equipamento usado na obras TIPO + - MITIGAÇÃO x Não aplica x Não aplica No caso de estar sendo utilizado pela comunidade o x caminho é deixado como está sem ser destruído Recuperação através de x diques de contenção e revegetação com gramíneas Realizar todo o processo de licenciamento e somente poder x realizar a supressão quando autorizado Instalar tanques dentro do acampamento e com dispositivos de segurança Recuperar material derramado x Aplicar produtos betuminosos desnecessários em local onde está ocorrendo implantação de rodovia x Controlar e coibir velocidades excessivas Intensificar sinalização nos x trechos trabalhados Realizar levantamento e projeto específico para x recuperação da área, executar projeto de recuperação x Reconfirmação e revegetação Restringir os horários de funcionamento das fontes poluidoras Apesar de todo o arcabouço ambiental e de salvaguadas existente, os cuidados tomados e os esforços feitos na área ambiental por parte da 7 AGETOP/AGMA, durante a execução da primeira fase do Programa, houve algumas dificultades, tais como: Atrasos no processo de licenciamento causados por atrasos na disponibilização de recursos financeiros para pagar a taxa de licenciamento ambiental e fazer as publicações por parte da AGETOP e um número insuficiente de funcionários para efetuar o licenciamento ambiental de rodovias na AGMA; Trechos muito extensos em obra, com fechamento total de uma pista, causando atrasos e desconfortos aos usuários e aumentando a possibilidade de acúmulo de lixo; Paralização de obra por muito tempo, durante o qual não foram tomados os suficientes cuidados ambientais; Controle, não sempre suficiente, do respeito dos limites de velocidade nos trechos de obras; Alteração de projetos executivos sem consultar a GEAEA para verificar a necessidade de autorização ambiental para a alteração; e Demoras na AGETOP para contratar os especialistas para recuperar os patrimônios históricos e artísticos e, consequentemente, um período grande de paralisação da obra. Para evitar ou mitigar estes problemas e fortalecer a gestão ambiental do Programa na segunda fase, estamos apresentando uma série de medidas especificas e gerais, de modo que o gerenciamento ambiental seja ainda mais efetivo. Em termos gerais, durante a segunda fase, o Programa continuará a dar suporte ao fortalecimento institucional e treinamento para os funcionários da área ambiental da AGETOP e da AGMA, além de promover a aquisição de equipamentos. Também está previsto o melhoramento da fiscalização ambiental das obras através da elaboração de relatórios periódicos de andamento dos aspectos ambientais. Finalmente, se pretende revisar e atualizar os manuais de engenharia e ambientais para rodovias e outras obras correlatas. Esses manuais foram produzidos durante a preparação da 1ª Fase para uso pela AGETOP em suas obras. As medidas especificas para mitigar ou eliminar algumas das dificuldades encontradas durante a primeira fase são: Revisar os aspectos ambientais nos termos de referência para projetos de engenharia, supervisão e execução de obras; Responsabilizar a supervisão para avaliar, na base dos recursos disponíveis e da capacidade de trabalho da empresa, o tamanho do trecho a ser liberado para a obra, para garantir o acabamento final dos trechos liberados, com isto evitando os passivos ambientais e diminuindo os atrasos e desconfortos aos usuários ; Intensificar a sinalização nas obras; Simplificar os projetos de engenharia envolvendo a GEAEA nas discussões de qualquer alteração dos mesmos; e Priorizar os recursos para atendimento aos requisitos de licenciamento e achados arqueológicos de forma a aglizar a execução das obras. 8