FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA Título: O Ensino e Aprendizagem da Geometria por meio da Literatura Infantil em um Curso de Formação de Docentes Autor Denice Soares Escola de Atuação Colégio Estadual Wilson Joffre Município da escola Cascavel Núcleo Regional de Educação Cascavel Orientador Profª Drª Dulcyene Maria Ribeiro Instituição de Ensino Superior UNIOESTE - Cascavel Disciplina/Área (entrada no PDE) Matemática Produção Didático-pedagógica Unidade Didática Relação Interdisciplinar Educação Artística, Literatura Infantil , Língua portuguesa (indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho) Público Alvo Alunos do 4º ano do Curso de Formação de Docentes (indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...) Localização (identificar nome e endereço da escola de implementação) Apresentação: (descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples) Colégio Estadual Wilson Joffre Ensino Fundamental, Médio, Normal e Profissional Rua Rio Grande do Sul, 52 Com o objetivo de analisar as possíveis contribuições do uso da Literatura Infantil como recurso para o ensino da Matemática na Educação Infantil e Anos Inicias do Ensino Fundamental em um Curso de Formação de Docentes, propomos nesta Unidade Didática, o desenvolvimento de um trabalho que permita a estes futuros professores uma abordagem mais significativa e criativa da Geometria, utilizando como recurso a Literatura Infantil. Os futuros professores irão vivenciar as histórias, descobrir, analisar, refletir, reescrever a “Geometria” dessas histórias, de modo interativo no contexto de sala de aula. Para isso será feito um trabalho com dois livros. Depois serão explorados os conceitos geométricos contidos nos livros. Várias atividades serão propostas aos alunos, outras serão criadas por eles. Os futuros professores serão desafiados a produzirem livros infantis, integrando conteúdos geométricos, cujos personagens tenham formas geométricas, que sirvam como recurso metodológico para ensinar Matemática aos seus alunos da Educação Básica. Nesse momento, além de colocarem sua criatividade em prática, eles terão que considerar não só o conteúdo matemático, mas a forma como esse deverá ser apresentado e a sua linguagem, de modo a oportunizar a sua apropriação pela criança. Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Geometria, Literatura Infantil, Ensino e Aprendizagem Secretaria de Estado da Educação - Superintendência da Educação Departamento de Políticas e Programas Educacionais Programa de Desenvolvimento Educacional DENICE SOARES UNIDADE DIDÁTICA CASCAVEL 2011 DENICE SOARES O ENSINO E APRENDIZAGEM DA GEOMETRIA POR MEIO DA LITERATURA INFANTIL EM UM CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES. Material Didático Pedagógico - Unidade Didática apresentado à Secretaria de Estado da Educação – SEED, como requisito parcial de participação no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE na área de Matemática. Orientadora: Profª. Drª. Dulcyene Maria Ribeiro. – Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Cascavel – PR 2011 Sumário 1. Introdução ......................................................................................................................2 2. A proposta .....................................................................................................................5 2.1 Primeiro momento........................................................................................................5 2.1.1 Primeiro livro ............................................................................................................5 2.1.2 Segundo livro: ........................................................................................................ 11 2.2 Segundo momento..................................................................................................... 13 2.2.1 Valorização da escrita............................................................................................. 13 3. Referências Bibliográficas............................................................................................ 16 1 1. Introdução Com esta Produção Didático-Pedagógica constituída na forma de Unidade Didática, pretende-se verificar a contribuição da Literatura Infantil como recurso para o ensino da Matemática na Educação Infantil e anos inicias do Ensino Fundamental em um Curso de Formação de Docentes. O suporte teórico para esse trabalho encontramos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1998), Diretrizes Curriculares de Matemática para o Ensino Fundamental (Paraná, 2006) e nas propostas de Smole (1996, 20010), Fiorentini (1996, 2001), Machado (1994), Pavanello (1993, 2000, 2002), entre outros. Há tempos trabalho com Formação de Docentes e percebo a dificuldade que a maioria dos alunos tem em aprender a Matemática, consequentemente sentem-se inseguros para ensiná-la. Além disso, ao completar sua formação terão que dispor de diferentes métodos de ensino. A escolha pela Literatura Infantil como estratégia de ensino na formação dos educandos do magistério ocorreu pela necessidade de ensinar Matemática com significado para o Curso de Formação de Docentes. O tema Geometria foi adotado por ser um conteúdo pouco trabalhado pelo currículo do Curso de Formação de Docentes e, mesmo no currículo do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Também para mostrar aos alunos o quanto esta parte da Matemática está ligada ao nosso cotidiano, à natureza e a todas as coisas criadas pelo homem, para que os alunos do Curso de Formação de Docentes possam perceber e divulgar para seus alunos o quanto a Matemática pode ser sensível. Nos currículos dos Cursos de Formação de professores, quando o conteúdo de Geometria está presente, é lhe atribuído uma posição de pouco destaque. Consequentemente, os futuros professores não adquirem os conhecimentos geométricos necessários para a realização de suas práticas pedagógicas. Assim, em sala de aula, eles deixam de ensiná-la (reforçando o atual esquecimento) ou tentam ensiná-la sem o devido embasamento. Esse 2 quadro é apontado por Pirola, quando diz: ―[...] professor que não sabe geometria, provavelmente não a ensinará‖. (PIROLA, 2000, p. 6). O que se percebe é que o aluno, ao se formar, na maioria das vezes não aprendeu Geometria e não consegue perceber a relação deste conteúdo com a realidade vivida. Segundo Mello, ‖Ninguém promove a aprendizagem de conteúdo que não domina‖. (MELLO, 2000, p. 7). Assim, a formação de professores que trabalharão com séries iniciais do Ensino Fundamental não pode ser tratada como a de qualquer outro curso. É preciso levar em consideração sua importância no sistema educacional do país. Nesta perspectiva, Pavanello afirma que: [...] a formação de professores para atuarem especialmente no Ensino Fundamental é uma tarefa complexa porque o trabalho a ser desenvolvido em sala de aula exige uma sólida formação teórica e interdisciplinar, que não só os habilite a compreender o fenômeno educacional e seus fundamentos históricos, políticos e sociais, como também lhes assegure o domínio dos conteúdos a serem ensinados nesse nível da escolarização. (PAVANELLO, 2002, p. 82) Para Fiorentini [...] se queremos formar professores capazes de produzir e avançar os conhecimentos curriculares e de transformar a prática/cultura escolar, então é preciso que adquiram uma formação inicial que lhes proporcione uma sólida base teóricocientífica relativa ao seu campo de atuação e que a mesma seja desenvolvida apoiada na reflexão e na investigação sobre a prática. (FIORENTINI, 2008, p.49). No caso de Curso de Formação de Docentes, além de despreparados para ensinar o conteúdo os alunos, estão despreparados, também, para perceber alternativas viáveis para o trabalho com a Geometria na escola. Percebemos que o aluno, na maioria das vezes não aprendeu Geometria e não consegue perceber a relação deste conteúdo com a realidade vivida. Ao se trabalhar com Geometria, o aluno desenvolve um tipo especial de pensamento que lhe permite compreender, descrever e representar, de forma organizada, o mundo em que vive. É comum ouvir desses alunos que a Geometria é de difícil compreensão. Em face dessa situação, é necessário melhorar as condições de aprendizagem no ensino da Geometria no Curso de Formação de Docentes. O 3 que propomos? Propomos nesta unidade didática, o desenvolvimento de um trabalho que permita a estes futuros professores uma abordagem mais significativa e criativa da Geometria, utilizando como recurso a Literatura Infantil. Estudar a Geometria por meio da Literatura Infantil permite uma diversidade de situações, ricas do ponto de vista Matemático. Além disso, o uso das expressões (plástica, musical, motora, dramática) permite a interiorização de muitos conceitos matemáticos sem que as crianças se deem conta. Os professores podem ajudar os alunos a tornar consciente este saber matemático para que possam usá-lo adequadamente noutras situações. Dessa forma, o ensino e a aprendizagem da Geometria por meio da Literatura Infantil pretendem contribuir para que os alunos, futuros professores das Séries Iniciais de Ensino Fundamental, se sintam motivados para o estudo de uma das áreas da Matemática a Geometria — e, por outro lado, se posicionem criticamente perante o conhecimento matemático, construindo uma postura de constante pesquisa e investigação neste domínio. Os futuros professores irão vivenciar as histórias, descobrir, analisar, refletir, reescrever a ―Geometria‖ dessas histórias, de modo interativo no contexto de sala de aula. É o momento em que os alunos vão rever conteúdos de Geometria que aprenderam ao longo do período que estiveram na escola. E ainda, espera-se ao desenvolver esta unidade didática com a Literatura Infantil, que os alunos, futuros professores, possam exercitar habilidades de pensamento e de solução de problemas, tendo a oportunidade de elaborar atividades, refletir sobre as mesmas e produzirem histórias com conteúdos geométricos, para elaborar um livro que possa ser útil no trabalho deles com seus alunos. 4 2. A proposta A proposta está centrada no trabalho com dois livros de Literatura Infantil. As Três Partes, de Edson Luiz Kozminski, da editora Ática e Travessuras de Triângulo, de Suzana Laino Cândido, da editora Moderna. Em um primeiro momento o desenvolvimento do trabalho acontecerá com apresentação dos livros de Literatura Infantil citados, que exploram conceitos matemáticos. A leitura será feita pela professora, já que não há um livro para cada aluno. Depois da leitura serão explorados os conceitos geométricos contidos nos livros. Várias atividades serão propostas aos alunos, outras serão criadas por eles. No segundo momento, como uma forma de valorizar a escrita, os futuros professores serão desafiados a produzirem livros infantis, integrando conteúdos geométricos, cujos personagens tenham formas geométricas, que sirvam como recurso metodológico para ensinar Matemática aos seus alunos da Educação Básica. Nesse momento, além de colocarem sua criatividade em prática, eles terão que considerar não só o conteúdo matemático, mas a forma como esse deverá ser apresentado e a sua linguagem, de modo a oportunizar a sua apropriação pela criança. 2.1 Primeiro momento 2.1.1 Primeiro livro ―As Três Partes‖ de Edson Luiz Kozminski, da Editora Ática. O livro conta a história de uma casa que, cansada de ser apenas uma casa, resolveu transformar-se em outras coisas. Para isso ela se divide em três partes: dois triângulos e um trapézio, que podem se transformar em várias coisas, como um pássaro, um barco, um peixe. Esses saem pelo mundo para conhecê-lo, vivendo diferentes experiências e aventuras. 5 A leitura será realizada pela professora. Ao término da leitura, os alunos, individualmente, usando lápis, borracha e a régua farão a primeira atividade. Atividade 1: Desenhar a “casa”, dividir em três partes, identificando-as e compor todos os personagens da história. Os alunos com uma folha de sulfite em branco e usando as medidas escolhidas por cada um deles, desenharão uma casa, conforme a proposta no livro. . Depois dividirão a casa em três partes como é sugerido pelo autor da história. 6 Quando a casa estiver recortada, os alunos irão identificar as formas geométricas dessa decomposição: dois triângulos retângulos e um trapézio. Com as três peças da decomposição da casa identificadas, as cenas do livro serão novamente apresentadas de forma que, cada aluno possa construí-las em suas carteiras. Espera-se com a atividade 1 contribuir para o desenvolvimento de habilidades de: medir. desenhar. perceber formas espacial. raciocinar logicamente e de argumentar. Este é um momento propício para retomar o cálculo de área das figuras da história ―As Três Partes‖. Com a atividade, exposta na sequência, pretende-se retomar os conceitos de: área da região quadrada; área da região limitada por um trapézio; área da região limitada por um triângulo retângulo; unidade de medida de área, ou seja, o metro quadrado e seus submúltiplos, perímetro e simetria. Atividade 2: Trabalhar os conceitos de perímetro, área e simetria por meio das partes da decomposição da “casa”. Primeiramente definiremos área. Área é um número real, maior ou igual a zero, que representa a medida de uma superfície. Falaremos que na Antigüidade, a necessidade do cálculo de áreas estava ligada ao problema de divisão de terras. É bem conhecida a história de que as 7 cheias do rio Nilo desfaziam as demarcações entre as terras ao longo de suas margens; para refazê-las, eram necessários cálculos e medidas de área. Para estudar os conceitos de áreas, iniciaremos com a ideia intuitiva realizando uma atividade com recortes de papelão. Os alunos utilizarão uma unidade de medida construída por eles em papelão e procurarão medir as áreas das carteiras, das paredes, das portas e de outros objetos que estarão ao alcance deles. Após esta atividade, será formalizado o conceito de área também a construção e aplicação das fórmulas das áreas dos quadrados, dos paralelogramos, dos triângulos, dos losangos e dos trapézios. Definiremos perímetro. Perímetro é a medida do contorno. No caso dos polígonos, basta somar as medidas dos lados. Para o quadrado é possível multiplicar por quatro a medida de um lado. E para os retângulos, podem-se somar dois lados diferentes e calcular o dobro. Para o trabalho com perímetro os alunos medirão as figuras resultantes da decomposição da ―casa‖ e outros objetos que possuam. Na sequência trabalharemos simetria. A simetria é definida como: Relação de tamanho ou de disposição que entre si devem ter as coisas ou as partes de um todo em relação a um ponto, eixo ou plano. Trabalharemos a simetria de reflexão que ocorre por meio de uma reta que divide uma figura em duas partes iguais, que podem ser sobrepostas com exatidão, quando de uma dobra ao longo dessa reta que denominamos eixo de simetria. Esse procedimento de dobrar as figuras geométricas os alunos poderão usar, por meio das figuras que terão em mãos, resultantes da divisão da casa em três partes. Na divisão da casa temos dois triângulos retângulos que compõe o corpo da casa e um trapézio que perfaz o telhado. 8 Na atividade 2 pretende-se contribuir para o desenvolvimento de habilidades de: medir. Observar espaços. Visualizar as propriedades das figuras geométricas. Atividade 3: O que vocês podem dizer sobre o eixo de simetria das figuras da “casa”? Queremos que os alunos percebam que o trapézio tem um eixo de simetria, se ele for traçado no sentido vertical. Se for traçado no sentido horizontal, não obteremos nenhum eixo de simetria. Uma figura pode ter vários eixos de simetria, ou nenhum como os triângulos retângulos. Essa atividade favorece ao aluno: imaginar e observar. interpretar situações. tirar conclusões próprias. Atividade 4: Utilizando as mesmas três partes da “casa”, tente criar personagens diferentes. . Para resolver essa atividade serão formados pequenos grupos de dois ou três alunos. O professor ao passar pelos grupos questionará sobre as maneiras 9 que estiverem desenvolvendo para verificar como os alunos pensam. Nessa atividade espera-se que os alunos tenham: percepção visual criatividade Outra atividade que pode ser útil aos futuros professores, quando em docência, será a construção da tabuada do três, usando as personagens da história ―As Três Partes‖, já que são compostas de três figuras. Com ela é possível explicar o processo de raciocínio multiplicativo, muito importante para o ensino e aprendizagem da tabuada. Atividade 5: Utilizando um dos personagens da história, construa a tabuada do 3 O aluno poderá usar o barco, por exemplo, para montar a tabuada do 3, já que ele é formado com as três partes da casa. Um desenho do barco representa 1 x 3 = 3, dois desenhos do barco 2 x 3 = 6 três desenhos 3 x 3 = 9 e assim sucessivamente. Veja como pode ser feito: 10 Com essa atividade pretende-se que o aluno desenvolva a habilidade de: Raciocinar multiplicativamente. O objetivo do trabalho com a história desse livro foi introduzir e relembrar conceitos de geometria plana. Mas outros tipos de abordagens podem ser propostas, como problemas de aritmética, frações, proporcionalidades, porcentagem, entre outros. 2.1.2 Segundo livro: ―Travessuras de Triângulo‖ de Suzana Laino Cândido, da Editora Moderna Numa linguagem fácil e divertida a autora conta episódios da história de Triângulo e de seus amigos do que eles gostam e do que brincam. Eram todos 11 triângulos muito coloridos, alguns magros e compridos, outros pequenos, outros mais gordinhos. Brincavam fazendo muitas acrobacias. Quando ficavam juntinhos cobriam paredes, formavam painéis e maravilhosos mosaicos. Nas festas infantis os triângulos formavam lindos chapéus e balões e bem juntinhos eles formavam caixinhas. Triângulo caiu e quebrou-se todo. Assim surgiram os triângulos isósceles, retângulo e equilátero. As pontas do equilátero eram bem fraquinhas, quebrando-se, surgindo uma bela figura o hexágono. Quando os triângulos retângulos e isósceles também se quebram aparecem: trapézios, retângulos e losangos, que são os quadriláteros. Juntos os vários triângulos formam: estrelas, cata-ventos, rosa dos ventos, tapetes, móbile. Com três centímetros de cada lado, os triângulos eqüiláteros formam grandes triângulos também equiláteros. O livro apresenta atividades para compor figuras, montar quebra-cabeças e fazer desenhos. Com essas atividades os alunos podem trabalhar noções de espaço, áreas, perímetros e simetria, mas esses conteúdos já terão sido trabalhados por meio da história do outro livro. Então após a leitura, que será feita pela professora a proposta é: Atividade 6: Após a leitura do livro “Travessura de Triângulo”, criar atividades que possam ser trabalhadas com seus alunos das Séries iniciais. Com base nas cenas da história ―Travessuras de Triângulo‖ os alunos, futuros professores, em duplas e por escrito formularão atividades que possam ser trabalhadas com seus alunos. É importante que os alunos percebam as idéias matemáticas contidas nas histórias, por isso, após a formulação das atividades, apresentarão para seus colegas as questões que criaram, por meio de painéis. Ao final o professor deve retomar, para garantir que todos os conteúdos que programou tenham sido trabalhados, como, por exemplo, classificação de triângulos e quadriláteros. Essa atividade possibilita ao aluno: ampliar noções matemáticas desenvolvendo habilidades de pensamento. 12 interpretar situações. perceber conceitos geométricos. tomar decisões. 2.2 Segundo momento 2.2.1 Valorização da escrita Já foi destacada na introdução desta unidade a importância da interação da Literatura Infantil nas aulas de Matemática. Por isso, o contexto dos trechos seguintes será tratado com os futuros professores. Abordaremos inicialmente, com os nossos alunos, futuros professores, que autores destacam que a Literatura Infantil pode ser uma aliada importante ao professor pelo caráter lúdico, prazeroso, despertando assim a curiosidade da criança. E que se as histórias envolverem conteúdos matemáticos, isso pode ajudar no ensino e aprendizagem dessa disciplina. Nas aulas de Matemática não é comum a prática da escrita. No entanto, quando o aluno escreve pode facilitar sua reflexão sobre o que faz, e sobre suas produções, contribuindo para o desenvolvimento cognitivo e também a expressão do próprio pensamento. Ler e escrever não são apenas tarefas escolares. Essas habilidades estão além da escola, ajudando na liberdade de criação, de expressão, de pensamento e de transformação. Nesse sentido, [...] a produção de textos nas aulas de matemática cumpre um papel importante para a aprendizagem do aluno e favorece a avaliação dessa aprendizagem em processo. Organizar o trabalho em matemática de modo a garantir a aproximação dessa área do conhecimento e da língua materna, além de ser uma proposta interdisciplinar, favorece a valorização de diferentes habilidades que compõem a realidade complexa de qualquer classe (SMOLE, 2001, p. 29). A escrita nas aulas de Matemática é uma estratégia que aliada à produção de histórias tem grande potencial, pois faz com que o aluno pense a respeito do 13 conceito ou conteúdo que irá escrever aumentando dessa forma seus conhecimentos. Smole defende também que a produção de textos em Matemática fornece, ao professor, informações sobre o nível de compreensão dos alunos acerca de determinado texto, na medida em que ―o nível de compreensão de um conceito ou idéia está intimamente relacionado à capacidade de comunicá-lo, uma vez que quanto mais se compreende um conceito, melhor o aluno pode se expressar sobre ele‖ (SMOLE, 2001, p. 31). Isso tudo permite ao professor perceber as dificuldades e os conceitos que o aluno não compreendeu, ainda durante o processo de produção das histórias. Como uma forma de valorizar a escrita, será solicitado que os alunos, em duplas, formulem um livro de histórias infantis que tenham formas geométricas como personagens. Atividade 7: Criar um livro com uma história infantil integrando conteúdos geométricos. Considerando que a turma do último ano do Curso de Formação de Docentes, noturno, tem 18 alunos, formaremos nove duplas. Cada uma escolherá um conteúdo de Geometria Plana e as duplas farão uma pesquisa teórica na internet sobre o conteúdo escolhido. Na aula seguinte, apresentarão a proposta escolhida para todos os colegas da sala de aula, para que recebam sugestões acerca da relevância ou não do que pretendem trabalhar. Depois dessa discussão, pode-se dar início à produção das histórias. Os alunos devem usar de criatividade. Nas histórias produzidas por eles, os conteúdos de Geometria devem estar em destaque, e espera-se que os personagens da história sejam formas geométricas. Essa produção será direcionada para crianças das séries iniciais do Ensino Fundamental. O aluno, futuro professor deverá cuidar com a linguagem utilizada em suas produções, de modo que seja adequada para crianças. História pronta é hora de 14 pensar na criação de ilustrações para os livros. A última tarefa é a formatação dos livros, sua digitação, impressão e encadernação. Quando todos concluírem suas tarefas, cada dupla fará a exposição das histórias em sala de aula, explicando as maneiras de ensinar o conteúdo de sua história. Para finalizar promoveremos uma exposição no colégio e cada dupla apresentará o livro produzido por ela. Com essa produção o aluno desenvolverá habilidades de: pesquisar ler criar argumentar ouvir, pensar e escrever analisar e avaliar descobrir. compreender conceitos geométricos 15 3. Referências Bibliográficas BRASIL, Ministério da Educação, Secretária de Educação Média e Tecnológica: Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino da Matemática. Brasília: Ministério da Educação, 1998. 364p CÂNDIDO, Suzana Laino. Travessuras de Triângulo. 6 ed. São Paulo: Moderna, 2001. DUARTE, Aparecida Rodrigues Silva ; SILVA , Maria Célia Leme da . Abaixo Euclides e acima quem ? Uma análise do Ensino de Geometria nas Teses e Dissertações sobre o Movimento da Matemática Moderna no Brasil. Práxis Educativa . Ponta Grossa, PR, v.1,n.1, p.87-93, jan-jun 2006. FIORENTINI, Dario; MIORIM, Maria. Ângela. Uma reflexão sobre o uso de materiais concretos e jogos no Ensino de Matemática. Boletim SBEM – São Paulo. 1996, v.4, n.7, p.4-9. ______. (Orgs.) Por trás da porta, que matemática acontece? Campinas, SP: Editora Graf. FE/Unicamp-Cempem, 2001. ______A Pesquisa e as Práticas de Formação de Professores de Matemática em face das Políticas Públicas no Brasil. Bolema, Rio Claro (SP), Ano 21, nº 29, 2008, p. 43-70. KOZMINSKI, Edson Luiz. As Três Partes. 12 ed. São Paulo: Ática, 2010 (Coleção Lagarta Pintada). MELLO, Guiomar Namo. Formação Inicial de Professores para a Educação Básica: uma (re)visão radical. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pit=S0102>. Acesso em: 28 abr. 2011. PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação do Paraná. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Matemática. Curitiba, 2008. PAVANELLO, Regina Maria. O abandono do ensino da geometria no Brasil: causas e conseqüências. Zetetiké, Campinas, ano I, n.1, p.7-11. 1993. PAVANELLO, Regina Maria. ANDRADE, Roseli Nozaki Grave de. Formar Professores para Ensinar Geometria: Um desafio para as licenciaturas em Matemática. Educação Matemática em Revista – SBEM - Brasília, v.9, n. 11A, p.78-87, abr. 2002. Edição especial. PIROLA, Nelson Antonio. Solução de problemas geométricos: dificuldades e perspectivas. Tese (Doutorado). Grupo de Pesquisa em Psicologia da Educação Matemática (PSIEM). Campinas, SP: Faculdade de Educação. UNICAMP, 2000. 16 SMOLE, Kátia Cristina Stocco; Rocha, Glauce Helena Rodrigues; Cândido, Patrícia Terezinha; Stancanelli, Renata. Era uma vez na matemática: Uma Conexão com a Literatura Infantil. 3 ed. São Paulo: IME-USP,1996. SMOLE, Kátia Stocco.; DINIZ, Maria Ignez. (Orgs.) Ler, escrever e resolver problemas: habilidades básicas para aprender matemática. Porto Alegre: Artmed, 2001. 17