CONSUMO DE ALIMENTOS ENTRE ADOLESCENTES INTERNOS EM ESCOLA AGRÍCOLA DE CIDADE DO SUL DO BRASIL Raquel Rosalva Gatti (DENUT/SES/G e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências da Saúde Palavras-chave: valor calórico total, adolescentes, necessidade nutricional. Resumo: O objetivo deste estudo foi estimar o Valor Calórico Total de macro e micronutrientes de refeições oferecidas em uma unidade produtora de refeições em colégio de adolescentes com regime de internato. Verificou-se que as necessidades calóricas, bem como a adequação de macronutrientes estavam dentro das recomendações; já as vitaminas e os minerais estavam fora dos padrões ideais para uma alimentação saudável. Concluiu-se que há necessidade de rever o cardápio oferecido. Introdução A Organização Mundial de Saúde considera como adolescentes a faixa etária compreendida entre 10 a 19 anos. A adolescência se caracteriza por um rápido e intenso crescimento físico e profundas modificações orgânicas e comportamentais,mudanças que influenciam o aumento das necessidades nutricionais. O acompanhamento de rotina dos adolescentes deve incluir uma avaliação da velocidade de crescimento e da maturação sexual e obtenção das medidas antropométricas para avaliação do estado nutricional, bem como verificar a ingestão alimentar comparando está com as recomendações para esse ciclo de vida. Além do aumento das necessidades protéicas, calóricas e dos principais nutrientes durante o estirão puberal, deve considerar ainda os extras recomendados para o crescimento e para as diversas atividades, de acordo com os estilos de vida. É durante a adolescência que se inicia a prevenção das principais situações de risco nutricional - desnutrição crônica, anorexia, bulimia, anemia, osteopenia, obesidade, aterosclerose, gravidez e lactação. Lidar com adolescência é abrir novas oportunidades de orientação nutricional e educação em saúde. A divulgação dos conceitos sobre alimentação saudável é parte das recomendações básicas sobre intervenções clínicas para as comunidades (ANDERSON, DIBBEL,MITCHELL, 1988) Cada indivíduo tem exigências alimentares distintas, segundo a característica de seu organismo e da situação biológica em que se encontra, necessitando de macro e micronutrientes para manter um estado nutricional satisfatório. Além do suprimento qualitativo, as necessidades energéticas têm que obedecer a um padrão de adequação. A maioria dos países desenvolvidos possuem padrões para a ingestão dos principais nutrientes de acordo com o sexo e a idade. As recomendações fornecidas para a população americana, segundo a Recommended Dietary Allowances (RDA), têm sido padrão de referência mundial ( ALBANO, SOUZA, 2001) Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 Alimentação saudável neste ciclo da vida é fundamental para tal deve-se ingerir todos os grupos de alimentos na qualidade e quantidade necessária tanto de macronutrientes,como micronutrientes, fibras e água para suprir as necessidades nutricionais e para que o organismo possa realizar suas funções vitais (MAHAN.; ESCOTT-STUMP, S. KRAUSE,1998). Para a manutenção de um bom funcionamento do organismo, estão os micronutrientes – vitaminas e minerais, que estão presentes nos alimentos e são indispensáveis para o crescimento e desenvolvimento adequado e para manter um ótimo estado de saúde, bem como função de construção (formação de tecidos ósseos, moles, cabelo, unhas, pele, sangue, secreções glandulares) e regulação (contração e relaxamento da musculatura, pressão de fluidos, resposta nervosa, coágulo sanguíneo, oxidação nos tecidos e sangue e equilíbrio ácido-base) (CUKIER, C.; MAGNONI, 1998). O estado nutricional adequado é o reflexo do equilíbrio entre a ingestão balanceada de alimentos e o consumo de energia necessário para manter as funções diárias do organismo. Sempre que existir algum fator que interfira em qualquer uma das etapas desse equilíbrio, os riscos de o indivíduo desenvolver qualquer patologia são eminentes.PECKENPAUGH, POLEMAN,1997).Foi possível através do estudo Estimar o Valor Calórico Total de macro e micronutrientes de refeições oferecidas em uma unidade produtora de refeições em colégio de adolescentes com regime de internato. Verificando deficiência de alguns nutrientes, bem como verificar nutrientes que estavam adequados para a faixa etária e de acordo com a atividade física exercida pelos indivíduos participantes da pesquisa. Materiais e Métodos Tratou-se de estudo transversal e a coleta de dados foi realizada através da utilização de recordatório alimentar. A amostra foi baseada dentro de cálculos estatísticos, os participantes foram escolhidos de forma aleatória totalizando, 104 sujeitos. Os dados foram analisados através do Software DietWin(2005) e posteriormente utilizou-se as tabelas de referência da Ingestão Diária Recomendada (IDR),2001. Tabela 1 – Relação entre valores recomendados e consumidos Nutrientes Recomendados Consumidos Carbohidratos 50 - 70% 57,8 Lipídios 25 - 30% 25,4 Proteínas 10 - 15% 16,8 Cálcio 1300 mg/dia 603,53 Sódio 500 mg/dia 174,31 Potássio 2000 mg/dia 623,8 Macronutrientes Micronutrientes Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 Fósforo 1250 mg/dia 1422,5 Ferro 11 mg/dia 21,7 Retinol 900 mcg/dia 531,6 Tiamina 1,2 mcg/dia 1,57 Riboflavina 1,3 mcg/dia 1,25 Resultados e discussão De acordo com a tabela 1, as necessidades calóricas e de macronutrientes estavam dentro das recomendações apontando valores de, 57,8% para carbohidratos,16,8% de proteínas e 25,4% para lipídios. Os minerais e vitaminas de maior importância para avaliação do estado nutricional foram analisados e encontrou-se valores inferiores aos recomendados para cálcio (603,4mg/dia), sódio (174,3mg/dia) e potássio 623,8 mg/dia) e a relação cálcio e fósforo de 0,42, e quanto as vitaminas retinol (531,5 mcg/dia) e riboflavina (1,2 mcg/dia) e superiores para ferro e fósforo. Quanto as vitaminas, niacina e acido ascórbico com resultados acima e as demais vitaminas abaixo das recomendações. Os valores encontrados neste estudo são similares a outros estudos e avaliando a distribuição de macronutrientes, verificou-se que vão de encontro as recomendações da Organização Mundial da Saúde. (TEIXEIRA,2003;ALBUQUERQUE, MONTEIRO, 2002; AVANCINI, FREITAS,2001 Conclusão Os resultados obtidos no estudo permitiram concluir que os consumos de macronutrientes estavam dentro dos valores recomendados para tal faixa etária, sexo e atividade física. Em contrapartida, cálcio, sódio e potássio, encontraram-se abaixo dos limites; já ferro e fósforo, acima do recomendado. Em relação às vitaminas, os resultados encontrados para niacina e ácido ascórbico estavam acima, e as demais vitaminas analisadas abaixo dos valores. Deve-se levar em consideração, que para o estudo, foi analisado apenas um dia da semana, podendo haver discrepância entre os resultados, revelando resultados não conclusivos, pois no dia da coleta dos dados, as quantidades necessárias de nutrientes podem não estar dentro das recomendações devido à oferta dos alimentos não serem boas fontes de tais nutrientes, porém podendo ser atingidas e compensadas na próximas refeições, bem como a rejeição de algumas preparações oferecidas no cardápio da instituição, ou no dia da coleta o cardápio das refeições não encontrava-se dentro dos parâmetros ideais para uma alimentação saudável. Referências ALBANO, R.D.; SOUZA, S. B. Ingestão de energia e nutrientes por adolescentes de uma escola pública. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, v.77, n.6, 2001. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 ALBUQUERQUE, M. F. M.; MONTEIRO, A. M. Ingestão de alimentos e adequação de nutrientes no final da infância. Revista de Nutrição. Campinas, v.15, n.3, 2002. ANDERSON, L.; DIBBEL, M.; MITCHELL, H. Nutrição. 17°ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. AVANCINI, S. R. P.; FREITAS, S. F. T. Consumo de energia e macronutrientes por adolescentes de escolas públicas e privadas. Revista de Nutrição. Campinas, n.14, supl 27-33, 2001. CUKIER, C.; MAGNONI, D. Perguntas e respostas – Nutrição Clínica. 2°ed. São Paulo: Rocca, 2004. MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. KRAUSE: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 9ª ed. Ed. Roca: São Paulo, 1998. PECKENPAUGH, N. J.; POLEMAN, C. M. Nutrição: Essência e Dietoterapia. 7°ed. São Paulo: Rocca 1997. TEIXEIRA N. F. Nutrição Clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009