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X Salão de
Iniciação Científica
PUCRS
Determinação da resistência antimicrobiana de isolados
de Staphylococcus aureus
Castro, F.L.; Barth Jr, V.C.; Gallo, S.W.; Raro, O.H.F.; Ferreira, C.A.S.; Oliveira, S.D. (orientador).
Laboratório de Imunologia e Microbiologia, Faculdade de Biociências, PUCRS.
Introdução
Os Staphylococcus aureus são um problema emergente e trazem grandes
preocupações tanto aos hospitais como às comunidades. Embora 37,2% das pessoas carreiem
normalmente esses cocos Gram-positivos em sua mucosa nasal, as infecções causadas por S.
aureus podem resultar em pequenas complicações, como doenças de pele até em infecções
mais graves, como osteomielites, endocardites e pneumonia (Matouskova & Janout, 2008). A
mortalidade associada à S. aureus diminuiu com o uso da penicilina. Contudo, surgiram cepas
resistentes a esta droga, principalmente devido à síntese de β-lactamase, a qual quebra o anel
β-lactâmico da droga. O surgimento da meticilina conteve, por certo tempo, as infecções
causadas por S. aureus. Todavia, algumas cepas novamente adquiriram resistência pela
aquisição do gene mecA, sendo denominadas de Staphylococcus aureus resistentes à
meticilina (MRSA). Este gene codifica para uma PBP (proteína ligadora de penicilina)
mutada, impedindo a ligação da droga na parede celular bacteriana (Fuda et al., 2006). Uma
alternativa para o tratamento de MRSA tem sido a utilização de vancomicina. Entretanto, na
década passada, apareceram as cepas com resistência intermediária a essa droga (VISA), e,
mais recentemente, cepas resistentes a esta droga (VRSA) (Rice, 2006). No entanto, novas
drogas foram desenvolvidas como alternativas para o tratamento de infecções causadas por
VISA, como linezolida, daptomicina, tigecliclina, quinopristina/dalfopristina. Esse trabalho
teve como objetivo caracterizar fenotipicamente a resistência antimicrobiana de isolados de S.
aureus oriundos da região Central do Estado do Rio Grande do Sul.
Metodologia
Este estudo foi realizado com 34 isolados de S. aureus, previamente caracterizados
como fenotipicamente resistentes à oxacilina, obtidos do Laboratório de Análises Clínicas do
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Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo (Santa Maria/RS) e confirmados como manitolpositivos através do cultivo em agar Chapman. A morfologia foi confirmada pela realização
da coloração de Gram. Posteriormente, as amostras foram cultivadas em TSB a 37ºC por 24 h
e estocadas com a adição de 20% de glicerol. O perfil de resistência antimicrobiana das
amostras foi testado através da técnica de difusão do disco em agar utilizando 13 drogas
antimicrobianas, provenientes do laboratório Laborclin (com exceção de moxifloxacina, do
laboratório Sensifar), previstas pelo CLSI (2003) para Staphylococcus aureus. Trinta e quatro
amostras foram testadas para azitromicina (15µg), ciprofloxacina (5µg), clindamicina (2µg),
cloranfenicol (30µg), gentamicina (10µg), oxacilina (1µg), rifampicina (5µg), sulfazotrim
(25µg) e vancomicina (30µg). Dessas, 33 foram testadas para tetraciclina (30µg) e
moxifloxacina (5µg), 25 para cefalotina (30µg) e 29 para quinupristina (15µg). O inóculo foi
preparado através do método de suspensão direta das colônias, ajustando-se a turbidez para
equivalência à solução padrão 0,5 da escala de McFarland. Os testes foram realizados em agar
Mueller-Hinton e incubados à 35ºC, por 16-18 h (24 h para vancomicina). A leitura e a
interpretação dos halos de inibição foram realizadas de acordo com os parâmetros
preconizados pelo CLSI (2003).
Resultados e Discussão
Os resultados da determinação da resistência antimicrobiana dos isolados de S. aureus
estão apresentados na Figura 1.
40
35
30
25
Resistente
20
Intermediário
15
Sensível
10
Ai nda não
anali sadas
5
0
Oxa
Sut
Tet
Van
Mfx
Ri f
Azi
Cfl
Gen
Cip
Clo
Qd
Figura 1 Resistência antimicrobiana de isolados de S. aureus frente treze diferentes drogas.
Trinta e três isolados apresentaram o fenótipo de multirresistência, ou seja, além da
resistência aos β-lactâmicos foram resistentes a outras três classes de drogas. A resistência a
várias drogas não β-lactâmicas também foi relatada por Idrees et al. (2009). As drogas não βlactâmicas para as quais um maior número de isolados foi resistente foram gentamicina,
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azitromicina e ciprofloxacina. A metade dos isolados foi sensível ao sulfazotrim, podendo
constituir-se em uma alternativa para o tratamento de infecções causadas por MRSA, o que
também foi relatado por Saphiro et al. (2009), que encontraram sensibilidade a esta droga em
98,6 % dos isolados. Embora a quinupristina tenha sido recentemente desenvolvida, seis
isolados foram resistentes a esta droga. No entanto, todos os isolados testados foram sensíveis
à vancomicina, contudo cepas VRSA já foram detectadas na região sudeste do Brasil
(Oliveira et al., 2001).
Conclusão
Devido à resistência de MRSA a muitas drogas não β-lactâmicas, conclui-se que
existem poucas alternativas para o tratamento de infecções causadas por estas bactérias. Entre
as drogas antimicrobianas utilizadas neste estudo, a vancomicina ainda poderia ser a opção de
escolha para tratamento, pois todos os isolados foram sensíveis a esta droga.
Apoio Financeiro: BIC/FAPERGS
Referências
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CLSI document M2-A8 (ISBN 1-56238-485-6). CLSI, 940 West Valley Road, Suite 1400, Wayne, Pennsylvania
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