DAVID MEIRELES E SÁ A LIDERANÇA ESTRATÉGICA E O MUNDO CONTEMPORÂNEO Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Cel Heleno Moreira. Rio de Janeiro 2013 C2013 ESG Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG _________________________________ Assinatura do autor Biblioteca General Cordeiro de Farias À minha querida esposa, Christine Aos meus queridos filhos, Juliana e Filipe Uma homenagem pelo grande incentivo na realização deste trabalho. In memorium À minha mãe e ao meu pai, Antonésia e Edmundo, exemplos de vida, que sempre nos impulsionam à luta. AGRADECIMENTOS Acima de tudo, agradeço a Deus, por ter mostrado o caminho a seguir e proporcionado força e saúde a mim e minha família para a conclusão deste trabalho. Agradeço à minha querida esposa Christine, pelo estímulo constante, abdicando, muitas vezes, de horas de lazer no convívio familiar em prol da realização deste trabalho. Suas sugestões e ajuda em muito contribuíram para a qualidade dessa dissertação. Ao Coronel Heleno Moreira, meus sinceros agradecimentos, não apenas pela orientação segura proporcionada na elaboração deste trabalho, mas, também, pelo incentivo, confiança e conhecimentos transmitidos. Aos amigos da Turma Força Brasil – CAEPE 2013, dentro do espírito de camaradagem, auxiliaram-me nesta e em tantas outras tarefas. Liderança é relacionamento fundado na credibilidade e na confiança. Sem esses dois fatores, as pessoas não se arriscam. Sem que assumam riscos, não há mudança. Sem mudança, tanto as empresas como os movimentos perecem. Kouzes e Posner RESUMO As constantes transformações do mundo hodierno impõem a preocupação com o seu principal agente transformador: o homem. Analisando o componente humano, percebe-se a importância da liderança como impulsionadora do desenvolvimento. O contexto político, econômico e social da primeira década do atual século estendido até os nossos dias, é impactado pela globalização dos mercados, emergência de novas potências, por conflitos sociais, grandes e rápidos avanços tecnológicos, desafios de sustentabilidade do planeta e uma das maiores crises do capitalismo, configurando-se um momento de incertezas e de rápidas mudanças. Tal contexto indica a carência e a necessidade de novas lideranças para conduzir pessoas e organizações por esses ambientes turbulentos, complexos, incertos, voláteis e ambíguos. Diante deste contexto, a pesquisa busca avançar na fronteira de estudos da liderança, em suas abordagens e discussões mais recentes, com maior atenção para a liderança estratégica e suas relações com o mundo contemporâneo. O objetivo desse estudo é analisar o modo como a liderança, a nível estratégico, e o mundo contemporâneo interagem entre si, bem como apresentar sugestões para a formação de líderes. Os fundamentos teóricos abordam os conceitos e o ambiente de liderança, fornecendo o embasamento necessário para a perfeita compreensão do fascinante universo da liderança. São apresentadas as características marcantes do mundo contemporâneo, na atual “era do conhecimento”. Em seguida, é feita a interação entre liderança e modernidade. Como conclusão, além da apresentação de considerações gerais, ressaltase a importância do desenvolvimento de líderes, no mundo moderno. Palavras chave: Liderança. Liderança estratégica. Contemporaneidade. Era do conhecimento. ABSTRACT The constant change of today‟s world requires a concern with your primary transforming agent: the man. Analyzing the human component, it is easy to perceive the importance of leadership as a driver for development. The political, economic and social context from the first decade of the current century to the present day, is impacted greatly by the globalization of markets, the emergence of new powers, social conflicts, large and rapid technological advances, challenges the sustainability of the planet and one of the largest crises of capitalism, creating a time of uncertainty and rapid change. This context indicates the lack of and the need for new leadership to lead people and organizations through these turbulent, complex, uncertain, volatile and ambiguous environments. Given this context, the research seeks to advance the frontier of studies of leadership in their approaches and more recent discussions, paying greater attention to strategic leadership and its relationship with the contemporary world. The purpose of this study is to examine how leadership at the strategic level, and the contemporary world interact with each other, as well as provide suggestions for the training of future leaders. The fundamental theories address the concepts and the leadership environment, providing the necessary foundation for a thorough understanding of the fascinating world of leadership. We present the salient features of the contemporary world, the current "age of knowledge". As a result, the interaction between leadership and modernity is recognized. In conclusion, besides the presentation of general considerations, the study emphasizes the importance of developing leaders for the modern world. Keywords: Leadership. Strategic leadership. Contemporaneity. Age of Knowledge. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CAEPE Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia CSD Curso Superior de Defesa ECEME Escola de Comando e Estado-Maior do Exército ESG Escola Superior de Guerra UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 9 2 O PROBLEMA ........................................................................................... 12 2.1 OBJETIVO .................................................................................................. 12 2.1.1 Objetivos específicos ............................................................................... 12 2.2 HIPÓTESE ................................................................................................. 12 2.3 QUESTÕES DO ESTUDO ......................................................................... 13 2.4 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO ................................................................... 13 2.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ..................................................................... 13 2.6 METODOLOGIA ......................................................................................... 14 3 LIDERANÇA .............................................................................................. 15 3.1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS .................................................................... 15 3.2 TEORIAS SOBRE LIDERANÇA ................................................................. 17 3.2.1 Teoria inatista ........................................................................................... 18 3.2.2 Teoria sociológica .................................................................................... 18 3.2.3 Teoria do campo social ............................................................................ 19 3.2.4 Teoria dos tipos ou estilos de liderança ................................................ 19 3.2.5 Teoria contingencial ................................................................................. 19 3.3. ESTILOS DE LIDERANÇA ......................................................................... 20 3.4 A LIDERANÇA EFICAZ .............................................................................. 23 4 O MUNDO PÓS-MODERNO ...................................................................... 26 4.1 A ERA DO CONHECIMENTO .................................................................... 27 5 INTERAÇÃO ENTRE LIDERANÇA E MODERNIDADE ............................ 30 5.1 LÍDER DO FUTURO, O LÍDER DE MUDANÇA ......................................... 30 5.2 OS DESAFIOS DA LIDERANÇA ESTRATÉGICA PARA O FUTURO ....... 32 6 CONCLUSÃO............................................................................................. 34 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 36 9 1 INTRODUÇÃO Não cabe perguntar se devem existir líderes ou não; isso ficou estabelecido desde que o homem começou a existir. Cumpre, antes, perguntar que líderes devemos possuir e como dispor a ordem social e organizar as instituições de educação a fim de que haja líderes sábios e úteis (JONES, 1942 apud FROTA, 2002, p.93). A liderança sempre esteve presente na sociedade desde os tempos longínquos, em que aqueles que a exerciam conduziam os destinos de suas comunidades e é considerada um dos fatores do sucesso de organizações, instituições, estados e pessoas. Os últimos anos foram marcados por grandes transformações tecnológicas, particularmente, nas áreas da informação. A evolução dos meios de comunicação contribuiu significativamente na redução das distâncias. Os conhecimentos passaram a ser processados com enorme rapidez, volume e precisão proporcionados pela informática. A recente onda de globalização impôs a necessidade de tomada de decisões rápidas, após a análise de um grande volume de informações com o apoio da telemática. As organizações perceberam, em decorrência, que o fator humano alcançava importância estratégica, pois o homem é quem decide, prezando pela rapidez e eficiência. Renomados consultores, como Ludwig (1997), consideram que o valor de uma empresa não se mede apenas pela sua marca, pelo seu balanço financeiro, pela sua perspectiva de crescimento e pelo seu patrimônio físico. Cada vez mais, o componente recursos humanos é valorizado nas organizações. Vergara (2005, p. 25) considera que o ser humano, hoje, deve ser, “visto sob uma perspectiva integrada, não pode ser considerado um recurso (recurso humano), mas um gerador de recursos”. Dessa forma, a liderança exerce um forte papel no patrimônio das empresas, representando uma importante e intangível porção dentro da noção do capital intelectual. É válido dizer que a liderança é um dos principais fatores que conduzem ao êxito em qualquer organização que se propõe a vencer desafios. Discorrer sobre o tema liderança e seus possíveis desdobramentos não é um desafio simples. Entender como os líderes conduzem uma empresa, uma 10 organização ou mesmo um país exige reflexões sobre conceitos, teorias, modelos e práticas nem sempre exatos. O Exército Brasileiro, Instituição renomada, em questões de Liderança, considera-a como um fenômeno. O tema liderança integra uma área de pesquisa que tem despertado grande interesse no mundo atual. Trata-se de assunto complexo, haja vista envolver variáveis de igual complexidade dentro da psicologia social. Os meios acadêmicos, empresariais e militares debruçam-se, cada vez mais, no estudo da fenomenologia da liderança. Não existe ainda um consenso quanto à natureza da liderança. Trata-se de um fenômeno amplo que engloba diversas teorias que tentam explicá-lo. (BRASIL, 2011. p. 71), Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para a realização voluntária de tarefas, por intermédio de uma mudança comportamental. Também se caracteriza pela capacidade de conduzir pessoas ou grupos na consecução de objetivos. (DAFT, 1999). “A liderança estratégica é a habilidade pessoal de antecipar, visualizar, manter flexibilidade, pensar estrategicamente e trabalhar com outros para iniciar mudanças que criarão um futuro viável para a organização”. (BASS, 1985. p. 33) Atualmente, acentua-se a discussão sobre a carência de lideranças ou uma possível crise de lideranças. Vive-se um momento peculiar de globalização dos mercados internacionais, avanço das tecnologias de informação e dificuldades enfrentadas após uma profunda crise econômica centrada na Europa e EUA, mas com reflexos em todas as outras nações do mundo. O contexto político, econômico e social da primeira década deste século, estendido até os dias atuais, é impactado pela globalização dos mercados, emergência de novas potências, por conflitos sociais, grandes e rápidos avanços tecnológicos, desafios de sustentabilidade do planeta e uma das maiores crises do capitalismo, configurando-se um momento de incertezas e de rápidas mudanças. Tal contexto indica a carência e a necessidade de novas lideranças para conduzir pessoas e organizações por esses ambientes turbulentos, complexos, incertos, voláteis e ambíguos. A pesquisa busca avançar na fronteira de estudos da liderança, em suas abordagens e discussões mais recentes. A apresentação da presente pesquisa dar-se-á em seis seções. Após a 11 presente introdução, a segunda seção aborda o problema e a metodologia adotada. Na terceira seção, apresentar-se-á o embasamento teórico sobre a liderança, em particular a estratégica, com seus fundamentos, conceitos e teorias, com o objetivo de fornecer ao leitor a compreensão efetiva do que vem a ser a liderança. Na quarta seção, será abordado o mundo pós-moderno com suas características marcantes e as exigências que apresenta para o líder. Em seguida, na quinta seção, será apresentada a interação entre liderança e modernidade, sua interação mútua, os desafios da liderança estratégica para o futuro e reflexos para as organizações, empresas e pessoas. Finalmente, na conclusão, serão abordados os principais aspectos da dinâmica do desenvolvimento de líderes. 12 2. O PROBLEMA Neste trabalho de pesquisa foram, inicialmente, definidos os seguintes problemas: - Quais os principais atributos, valores, conhecimentos, habilidades e capacidades inerentes ao líder no mundo hodierno? - Quais as características do ambiente contemporâneo que tem relação ou influência com a formação de líderes e o exercício da liderança eficaz? - Como formar o líder estratégico nos dias atuais? 2.1 OBJETIVO O trabalho visa analisar a liderança, em particular a estratégica, nos tempos atuais, frente aos avanços do mundo moderno, abordando as exigências do ambiente contemporâneo e os requisitos que o líder deve observar para eficaz exercício da liderança. Em síntese, a pesquisa pretende investigar a liderança estratégica, sob uma ótica contemporânea, apontando propostas para o desenvolvimento de líderes. 2.1.1 Objetivos específicos Identificar as principais interações entre o ambiente contemporâneo e a liderança estratégica. Destacar os atributos do líder no nível estratégico para o exercício de uma liderança eficaz. 2.2 HIPÓTESE Os recentes e constantes avanços da humanidade, na era atual, entendida pelos especialistas como a “era do conhecimento” impactam sobremodo o exercício da liderança, bem como a formação de líderes. 13 2.3 QUESTÕES DO ESTUDO Quais mudanças do mundo contemporâneo demandam alterações na liderança estratégica? Quais os principais aspectos a observar na formação dos líderes estratégicos? 2.4 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO A importância da liderança é inquestionável para o sucesso de empreendimentos e organizações. O ambiente dinâmico contemporâneo impõe adaptações, no qual os países vivem a incerteza do cenário em que estarão nos próximos anos. Nessa ótica, lideranças estratégicas devem estar capacitadas para enfrentar esse quadro a fim de flexibilizar políticas e estratégias. Tal cenário atinge diretamente o Brasil em todas as Expressões do Poder Nacional1, já que as mudanças permeiam todas essas expressões, atingindo a totalidade da sociedade brasileira. Assim, relacionar liderança e contemporaneidade permite aquilatar importantes contribuições às pesquisas desenvolvidas pela Escola Superior de Guerra, colaborando, por conseguinte, para o desenvolvimento, a segurança e a defesa do País. 2.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA Buscando limitar o estudo, no tocante à liderança, serão estudados os conceitos, as teorias mais relevantes e o seu desenvolvimento, com destaque para a liderança estratégica. Serão apresentados os recentes avanços e transformações do mundo moderno que afetam a liderança. E, finalmente, serão abordadas as interações da liderança com o ambiente hodierno. 1 Poder Nacional é a capacidade que tem o conjunto de Homens e Meios que constituem a Nação para alcançar e manter os Objetivos Nacionais, em conformidade com a Vontade Nacional. (BRASIL, 2013, p.31) 14 2.6 METODOLOGIA O trabalho realizado teve por base uma pesquisa exploratória, baseada na área da liderança e do ambiente, com o estudo bibliográfico de documentos, artigos científicos e livros existentes no Brasil e no exterior, muitos destes disponíveis na rede mundial de computadores (internet). Foi observada a metodologia andragógica, em vista da amplitude do assunto, com pesquisa qualitativa e análise de dados baseada em documentos. A sequência desenvolvida na pesquisa foi o levantamento da bibliografia e de documentos pertinentes, a seleção, leitura e análise crítica. A coleta de material para a pesquisa foi realizada por meio de consultas às bibliotecas da Escola Superior de Guerra (ESG), da Escola de Comando e EstadoMaior do Exército (ECEME) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além de internet, fontes contidas em revistas, publicações existentes e nas palestras ministradas para o Curso Superior de Defesa (CSD) e para o Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), no decorrer do ano em curso. 15 3 LIDERANÇA A abordagem de elementos teóricos da liderança é primordial para o estudo do processo de seu desenvolvimento, pois oferece os alicerces científicos para a compreensão dos aspectos que envolvem o líder. Tal abordagem visa proporcionar, ainda, em melhores condições, a adequada percepção da liderança estratégica no mundo contemporâneo. 3.1 DEFINIÇÕES E CONCEITOS A idéia de liderança é antiga e existe desde os escritos de Sun Tzu, em sua clássica obra a “Arte da Guerra”, onde o Chefe é considerado, ao lado da Lei Moral, do Céu, da Terra e do Método e disciplina, como um dos fatores constantes que governam a arte da guerra. “O Chefe representa as virtudes da sabedoria, sinceridade, benevolência, coragem e retidão” (SUN TZU, 2001, p.18). A preocupação com o estudo da liderança, sobre o desenvolvimento de líderes e sobre a organização das instituições e, até mesmo da própria ordem social não é recente: Não cabe perguntar se devem existir líderes ou não; isso ficou estabelecido desde que o homem começou a existir. Cumpre, antes, perguntar que líderes devemos possuir e como dispor a ordem social e organizar as instituições de educação a fim de que haja líderes sábios e úteis (JONES, 1942 apud FROTA, 2002, p. 93). Mas o que vem a ser liderança? Há diversos conceitos de liderança. Nas ciências humanas, onde se insere o estudo de liderança, é sempre arriscada uma definição precisa de um determinado termo, pois esta varia em função de fatores pessoais, sociais ou institucionais. O vocábulo líder encontra sua etimologia na língua inglesa: “leader”, que significa algo ou alguém que guia, conduz. Mattos (1973) vai além ao observar que liderança “vem do anglo-saxão „lithan‟ que deu origem, em inglês, ao verbo „to lead‟, conduzir, guiar”. Liderança é o “processo de persuasão ou de exemplo, através do qual um indivíduo induz um grupo a dedicar-se a objetivos defendidos pelo líder, ou 16 partilhado pelo líder e seus seguidores” (GARDNER, 1990, p.17). Liderança é “a capacidade de ver além do horizonte, ter visão do futuro e acreditar que os sonhos podem se tornar realidade. É gerar confiança e fortalecer os relacionamentos interpessoais. É saber suportar com firmeza os ventos da resistência e dar coragem para continuar na busca” (KOUZES; POSNER, 1991, p. 2). Bennis2 (1996 apud VERGARA, 2005, p. 74) diz que a liderança é como a beleza: difícil de definir, mas fácil de perceber. A liderança envolve não somente mudanças de ordem comportamental com o objetivo de que um grupo de pessoas atue com o propósito de cumprir alguma tarefa específica ou alcance uma meta, como também, o inter-relacionamento entre o líder e as pessoas lideradas, de tal forma que passem a considerar o desejo do líder como o seu próprio desejo e lutem no sentido de alcançá-lo. Assim, nesse ambiente de inter-relacionamento, Guimarães (2012. p.2) aborda a aprendizagem da liderança: Liderança não é um dom, mas uma tarefa, uma função que pode ser aprendida. Para ter sucesso, um líder precisa, primeiro, conhecer-se muito bem, ou seja: saber como age e reage, o que sabe, do que gosta, o que quer, por que quer, etc. Em seguida, ele precisa aprender a conhecer muito bem os outros – como agem e reagem, o que sabem, do que gostam, o que querem, por que querem, etc. Algumas pessoas podem ter isso como uma característica pessoal inata, mas outras, sem esse dom natural, serão obrigadas a desenvolver essas habilidades e competências. Packard (apud CARVALHAL, 2000, p. 68), sintetizando, afirma que: “Liderança parece ser a arte de fazer com que os outros desejem fazer algo que você está convencido que deve ser feito”. Observa-se, pelas várias definições e considerações, que o tema é muito complexo; pois envolve, especialmente, o conhecimento, por parte do líder, do comportamento humano e, além disso, o domínio e manejo de métodos de atuação sobre os liderados. Influência, motivação, confiança, persuasão, cumprimento de metas são, dentre outros, termos associados ao líder. Prentice (1961 apud MAXIMIANO 2000, p. 388) sintetiza: “O homem que comanda com sucesso seus colaboradores para alcançar finalidades específicas é um líder”. 2 Bennis, Warren. A formação do líder. São Paulo: Atlas, 1996. 17 Maximiano (2000) afirma que a liderança é algo que envolve o indivíduo e promove, por meio de valores e motivação, a indução dos seguidores a realizar algo. Meirelles3 (apud BRAGA, 2012) considera que “liderar é transmitir um sonho. É preciso inspirar as pessoas a chegar a algum lugar em que elas ainda não estão. Não basta motivar-se, tem de motivar os outros. Não basta ter uma idéia clara de onde ir, mas principalmente de como ir”. A liderança consiste em líderes que induzem seguidores a realizar certos objetivos que representam os valores e as motivações – desejos e necessidades, aspirações e expectativas tanto dos líderes quanto dos seguidores. Vale destacar a liderança carismática, também designada por Maximiano (2002) como transformacional, inspiradora ou revolucionária. A liderança carismática caracteriza o líder que “leva os seguidores a transcenderem seus próprios interesses e a trabalharem excepcionalmente para a concretização da missão, meta ou causa” (MASSIE, apud MAXIMIANO, 2000). Para a intenção desta pesquisa, apresentamos o conceito de liderança de Kotter (1990, p. 113): “a capacidade de inspirar pessoas a seguirem a direção exata, a despeito dos obstáculos gerados pelas mudanças imprevistas, encantando as pessoas e acomodando os interesses, emoções e necessidades humanas”. Ampliando o conceito para um prisma organizacional, Maximiano (2000) considera que a liderança designa o sucesso do comando dos colaboradores para alcançar finalidades específicas, recebendo enfoque comportamental dentre os membros da organização. Tal entendimento é basilar para a liderança estratégica contemporânea, sendo alvo de abordagem nos capítulos seguintes. 3.2 TEORIAS SOBRE LIDERANÇA Observando-se Vergara (2005, p. 75), conclui-se que liderança é um fenômeno extremamente amplo e fascinante, envolto no complexo subjetivo humano. O tema há muito vem desafiando historiadores, sociólogos, psicólogos e administradores; todos empenhados em encontrar razões que, teoricamente, 3 Meirelles, Henrique. É ex-presidente do Banco Central do Brasil e ex-presidente do Banco de Boston. 18 justifiquem o surgimento de um líder. De seus estudos, algumas teorias, que a seguir passam a ser descritas, parecem ser as mais importantes. 3.2.1 Teoria inatista A primeira sistematização dos estudos sobre liderança é conhecida como “Teoria dos Traços”. Vergara (2005, p. 75) considera que, segundo essa teoria, exerceria influência sobre indivíduos e grupos quem nascesse com determinados traços de personalidade: físicos (aparência, estatura, energia e força física), intelectuais (adaptabilidade, entusiasmo, autoconfiança e coeficiente de inteligência – QI), sociais (cooperação, habilidades interpessoais e habilidades administrativas) e relacionados com a tarefa (impulso de realização, persistência e iniciativa). A teoria inatista ou dos traços da personalidade defende a tese do líder inato 4, ou seja, o líder nasce feito. As influências do meio são minimizadas e até desprezadas pelos inatistas. Segundo Brasil (2011, p.2-3), A “Teoria Inatista (propriamente dita): defende que o líder é um indivíduo predestinado ou abençoado pela “Providência Divina” ou pelo destino para exercer a liderança de grupos e povos. A “corrente inatista” defende a tese de que fatores hereditários determinariam a existência do líder, quase desprezando as influências do meio. Os seus adeptos imaginam que liderança seria um atributo da área afetiva, uma característica do indivíduo e se alguém é líder em determinada situação, o será em outras. Na prática é relativamente fácil constatar que isso não acontece, sendo possível apresentar exemplos que demonstram os equívocos desta tese, que não explica a deposição ou a queda de popularidade dos líderes, sendo esta última situação claramente medida no mundo de hoje, por intermédio de uma simples pesquisa de opinião (HECKSHER NETO, 2001, p. 7). 3.2.2 Teoria sociológica A teoria sociológica afirma que o líder é simplesmente função do meio social, só alcançando prestígio e aceitação por representar os ideais da coletividade em determinada situação, surgindo, dessa forma, o líder emergente. 4 Nato (de nascença, congênito) e inato, nessa situação, têm o mesmo significado. 19 A “corrente sociológica” procura, com seus argumentos, caracterizar o líder emergente, isto é, aquele que desponta devido ao meio social. A aceitação do líder emergente pelo grupo deve-se ao fato de ele representar e sintetizar, em um determinado momento, o ideal dos integrantes daquela comunidade. Mas essa teoria não se completa quando deixa de explicar, com clareza, por que motivo apenas algumas pessoas adquirem prestígio e ascendem à liderança do grupo, enquanto outras, embora o desejem e se empenhem, não o conseguem (HECKSHER NETO, 2001, p. 7). 3.2.3 Teoria do campo social A teoria do campo social é uma nova posição que veio superar as teses anteriores. Sem desprezar os traços pessoais, considera, de suma importância, o exame da liderança dentro de uma situação concreta, ou seja, nem prevalece o inatismo, nem prevalece o meio social, mas se conjugam os dois fatores. A corrente do campo social alia aspectos das duas anteriores, levando em consideração tanto os fatores ligados à situação (situacionais) como os componentes de caráter pessoal (personalógicos). Procura demonstrar que a liderança surge através do tipo e das qualidades das relações funcionais que se estabelecem dentro de um grupo. Argumenta que o prestígio do líder é consequência de sua participação ativa nos trabalhos ou nas postulações de uma determinada coletividade, bem como da demonstração de sua capacidade e de suas características (HECKSHER NETO, 2001, p. 8). 3.2.4 Teoria dos tipos ou estilos de liderança Vergara (2000, p. 76) aponta que “segundo essa teoria existem três estilos [tipos] de liderança: o autocrático, o democrático e o laissez-faire”. O referido autor acrescenta que a teoria dos estilos de liderança é frágil, tal como a teoria dos traços de personalidade ou inatista. Os estilos de liderança serão objeto de estudo em seção posterior. 3.2.5 Teoria contingencial A teoria contingencial, também conhecida como teoria situacional, desfoca a atenção da figura do líder para o fenômeno da liderança, a qual enseja uma relação 20 com três pilares fundamentais: líder, seguidor e situação (VERGARA, 2000, p. 78). Os líderes influenciam indivíduos e grupos cujos valores, expectativas, motivações e aspirações estão com eles sintonizados, no contexto situacional. A partir da teoria contingencial, as abordagens sobre liderança passaram a ser mais envolventes e a incluir uma visão de seus elementos fundamentais - . líder, seguidor e situação. Esses três elementos compõem, juntamente com a comunicação, os fatores da estrutura dinâmica da liderança. 3.3. ESTILOS DE LIDERANÇA Estilo ou tipo de liderança é a forma que o líder utiliza para estabelecer a direção, aperfeiçoar planos e ordens e motivar seus homens para atingir os objetivos traçados. Diversos autores catalogaram em seus estudos os vários tipos de liderança que identificaram em personalidades notáveis do meio empresarial, político e militar. Segundo Coutinho (1977, p.193), “há tantos tipos de liderança quanto são os líderes bem-sucedidos”. O Manual de Liderança Militar do Exército Brasileiro (BRASIL, 2011, p. 2-3) apresenta três estilos básicos de liderança que são: a autocrática ou autoritária, a liderança democrática ou participativa e liderança delegativa. Tais estilos suscitam diferentes comportamentos dos subordinados. Como mais importante, o estilo participativo. A liderança autocrática ou autoritária dá ênfase à responsabilidade integral do líder que fixa normas, estabelece objetivos e avalia resultados. O líder é o único a encontrar as melhores soluções para a sua equipe. O líder é o único dono da verdade. Espera que os liderados executem seus planos e ordens sem qualquer ponderação. Estabelece normas rígidas, inspeciona os subordinados nos mínimos detalhes e determina os padrões de eficiência usando, para motivar os homens, o sistema de recompensas e punições. Esse tipo de liderança despreza as idéias do subordinado, inibindo sua criatividade e a iniciativa, além de não considerar os aspectos humanos, entre eles o relacionamento líder-liderados. 21 Frota (2002, p. 101) afirma que “O líder autocrático baseia sua atuação numa disciplina formal em busca de uma obediência imposta”. Na liderança democrática ou participativa, o líder encara como sua responsabilidade o cumprimento da missão através da participação, do engajamento dos homens e do aproveitamento de suas idéias, procurando estabelecer o respeito e a confiança mútua. Na liderança democrática ou participativa, o líder procura estar sintonizado com o seu grupo, ouvindo e aproveitando as idéias dos liderados, para depois decidir. Dessa forma, observa-se que são construídos vínculos de coesão, colaboração espontânea e interdependência entre os membros do grupo, além de elevarem-se os níveis de criatividade. Criam-se, ao mesmo tempo, melhores condições para o desenvolvimento de atitudes de respeito e de confiança em relação ao líder (HECKSHER NETO, 2001, p. 19). Convém ressaltar que:a liderança democrática não exclui o princípio da autoridade de que está investido o chefe e que por este deverá ser exercido em toda sua plenitude; inclusive com a energia necessária e suficiente para cada situação considerada. Tead (apud MATTOS, 1973, p. 9) relacionando o líder autocrático e o democrático diz que o primeiro busca essencialmente impor sua vontade, enquanto o segundo procura persuadir a participação dos liderados, “fazer da sua causa, a causa de todos”. A liderança democrática, segundo Tead, é a mais difícil porque depende da capacidade intelectual de racionalizar os problemas para os liderados, mas é a única que corresponde ao respeito pela dignidade da pessoa humana. A liderança delegativa é a mais indicada para ser exercida em grupos de alto nível, que executem trabalhos de natureza técnica. Neste estilo, o líder atribui a seus assessores, com conhecimentos e experiências muitas vezes em níveis superiores ao seu, a tomada de decisões especializadas. O líder, contudo, detém a palavra final sobre a execução da missão. Aponta-se como ponto crítico desse tipo de liderança saber delegar atribuições e competência aos liderados, sem perder o controle da situação (BRASIL, 1991, p. 4-4; HECKSHER NETO, 2001, p. 19). As alternativas em relação aos problemas críticos de cada área são muito enriquecidas pela contribuição dos especialistas que podem elevar a qualidade e o nível de decisão do líder. Eleva o risco da diminuição do controle das atividades dos 22 elementos subordinados, o que é evitável pelo permanente acompanhamento e fiscalização. Além dos três tipos de liderança apresentados, encontram-se na vasta literatura dezenas de adjetivos para caracterizar a forma com que se manifesta o poder de influir nos comportamentos e conduzir pessoas e organizações. A seguir, passa-se a alinhar algumas outras qualificações de liderança. Para Stanfeld Sargent (apud MATTOS, 1973, p. 7), os tipos de liderança são: carismática – que reinvindica a origem da autoridade em fontes sobrenaturais (Jesus, Maomé, Antônio Conselheiro), reformista – a dominação do grupo se dá com acentuada autoridade (Hitler, Lenine, De Gaulle), executiva – destaca-se a capacidade administrativa (Ford, Eisenhower, Marshall) e coercitiva ou autoritária – exclusiva absorção da autoridade nas mãos do líder (Hitler, Stalin). Kretch e Crutchfield (apud BRASIL, 1976, p. 1-15) preferem apontar apenas duas formas de liderança: estatutária – baseada na chefia e espontânea – uma autêntica liderança. Herwarden e Winkler (apud BRASIL, 1976, p. 1-15), estudando as formas de liderança em grupos de jovens na Alemanha e na Áustria, apontaram os líderes soberano, pedagogo e apóstolo, conforme sejam egocêntricos, altruístas ou de inspiração iluminada. Kimball Young (apud BRASIL, 1976, p. 1-15), preocupado com os efeitos da divisão do trabalho, identificou dois tipos de liderança entre os adultos: executiva – onde o líder controla os homens e a situação, destacando-se por sua função ativa, e intelectual – onde o líder assume o controle das idéias, agindo mais sobre objetos ou princípios que sobre pessoas. A diversidade dos tipos de liderança apresentados pode induzir a um leitor desavisado a um entendimento errado e a opção por um dos tipos de liderança. Cabe ao líder, em cada situação e de acordo com o perfil dos liderados, selecionar procedimentos peculiares a um determinado tipo de liderança. Hecksher Neto (2001, p. 20) afirma que: “seria impróprio dizer-se, por exemplo: „serei sempre um líder democrático‟. Na verdade não se pode fazer tal escolha. Haverá situações de crise [...] nas quais este tipo de liderança não será aplicável. Raciocínio idêntico aplica-se aos outros estilos”. Hecksher conclui, aplicando a teoria situacional, que “em cada caso deverá ser empregado o estilo mais adequado”. 23 Mattos (1973, p. 10) afirma: Não resta dúvida de que o tipo de liderança desejável é o que melhor se adapta às características éticas, psicológicas e temperamentais do grupo liderado. Estudando-se o homem, a família e a comunidade brasileira, não nos resta dúvida que o único tipo de liderança que o nosso povo aceita é a democrática. O nosso homem gosta de ser convencido, e não mandado, intimado, coagido. 3.4 A LIDERANÇA EFICAZ Uma forma ou qualificação de liderança de destaque no mundo contemporânea é a liderança eficaz. A Canadian Defense Academy (2005, p.5, tradução nossa5), por intermédio do Instituto de Liderança das Forças Armadas Canadenses, entende a liderança eficaz como: direção, motivação, e capacitação de outros para cumprir missões com profissionalismo e ética, desenvolvendo e aperfeiçoando capacidades que contribuem para o sucesso da missão. Lideres eficazes das Forças Canadenses cumprem as tarefas, estão atentos às necessidades de seu pessoal, pensam e agem como num grande time, antecipam-se e adaptam-se às mudanças, e exercitam a ética militar em tudo que fazem. Labich (apud FREIRE, 2000, p.9), após pesquisar o ambiente de executivos e de pessoal de primeiro escalão, identificou os princípios chaves para uma liderança eficaz. Entre os quais: - Desenvolver uma visão – somente líderes podem planejar o futuro e assumem a propriedade daquilo que desperta emoções e motiva as pessoas a darem o melhor de si. – Ser um “expert” na sua especialidade – conhecimento é a chave do poder. Especialização técnica é poder. Um item de informação adicional ou grau extra de habilidade pode fazer muita diferença no momento crítico. Ulrich (apud GUIMARÃES, 2012, p. 23) afirma que a liderança eficaz “deve valorizar componentes de caráter pessoal do líder e incorporar características institucionais dos sistemas e processos da empresa”. 5 “Effective leadership in the Canadian Forces is defined as: Directing, motivating, and enabling others to accomplish the mission professionally and ethically, while developing or improving capabilities that contribute to mission success. Effective CF leaders get the job done, look after their people, think and act in terms of the larger team, anticipate and adapt to change, and exemplify the military ethos in all they do.” 24 Guimarães (2012, p. 23) considera que: “A maioria das regras e características é comum a todo líder eficiente e corresponde, em média, a dois terços das competências necessárias, constituindo uma espécie de “código da liderança”, como um código DNA. O terço restante, que é o diferencial, pode e deve variar conforme a estratégia, o momento e as expectativas da empresa, incluindo os requisitos de cada negócio ou tarefa.” “Essas regras e características comuns do código da liderança estão estruturadas em duas dimensões: o tempo e o foco. A dimensão do tempo considera a necessidade de o líder pensar e agir a curto prazo e longo prazos. Em todos os casos, líderes têm de fazer escolhas, planejar o futuro e definir visão estratégica, missão, planos e objetivos. Precisam criar imagens positivas, otimistas e confiáveis do futuro. Ao mesmo tempo, devem estabelecer a relação entre o projeto do futuro e as ações necessárias do presente.” O líder tem papel fundamental como condutor e realizador da estratégia, buscando resultados e sustentabilidade dos negócios, influenciando e conduzindo pessoas e decisões e, dependendo de suas habilidades, poder de decisão e personalidade, algumas vezes pode ser o responsável pelo sucesso ou fracasso de uma organização (NOHRIA e KHURANA, 2010). Líderes em organizações eficazes, segundo Bergamini (1994) facilitam um alto grau de influência recíproca com seus subordinados a fim de criarem tipos de relacionamentos nos quais influenciam fortemente seus subordinados, mas também, são receptivos a influências dos seus liderados. “Em seu papel mais importante hoje, o líder eficaz é aquele capaz de criar condições para o florescimento da liderança em outros, identificando e cultivando líderes potenciais em todos os níveis.” (BRAGA, 2012). Podemos, então, aquilatar a importância do ambiente organizacional para a sobrevivência das lideranças, as quais fomentam a gênese e o desenvolvimento de novas lideranças. Assim, deseja-se a criação e manutenção de um virtuoso círculo de estímulo à liderança eficaz. Guimarães (2012, p. 24) assim relaciona as características do líder eficaz: "visão de futuro, capacidade de execução, caráter pessoal, ser estrategista, saber gerenciar projetos e controlar pessoas, ter bom-senso, dispor de inteligência emocional, além de outros fatores.” Guimarães (2012, p. 25) salienta que "o líder eficaz não precisa carisma" e acrescenta: "A base da liderança eficaz é a compreensão de sua missão e também da missão da empresa e saber defini-las e comunicá-las de forma clara; é 25 estabelecer metas, prioridades e padrões; é transmiti-las e conseguir influenciar e convencer". A comunicação entre líderes e liderados mostra-se fundamental para que haja efetivo relacionamento entre ambos. As organizações precisam cuidar adequadamente de seus líderes para que o processo das relações entre as pessoas se reflita positivamente nos liderados. Diversos conceitos e aspectos já apresentados no presente estudo apontam que o líder precisa ter um ambiente propício ao desenvolvimento da liderança. De nada vale, termos uma pessoa potencialmente líder e a sociedade não estar preparada para assimilar, interagir a altura e refletir a sua liderança Nessa situação, o líder potencial não exercitará sua liderança. A sociedade deve oferecer as condições para o florescimento da liderança estratégica. Assim, o ambiente organizacional contribui significativamente para uma liderança eficaz. Deve constituir meta importante da direção ou chefia a manutenção de um saudável ambiente na organização. 26 4 O MUNDO PÓS MODERNO A linha marcante da primeira década do século XXI foi a crescente velocidade das mudanças nas conjunturas nacional e internacional, com destaque para a globalização da economia, a formação de blocos regionais e o incremento da tecnologia da informação. Cunha (1998, p. 156-157) assim entende o fenômeno da globalização: É uma nova ordem paradigmática que opera a substituição do conceito de sociedade nacional pelo de sociedade global. Consiste também na mundialização de processos econômicos, como a circulação de capitais, a ampliação dos mercados ou a integração produtiva em escala mundial. Mas, comporta ainda fenômenos da esfera social, como a criação e expansão de instituições supranacionais, a universalização de padrões culturais e o equacionamento de questões concernentes à totalidade do planeta (meio ambiente, desarmamento nuclear, crescimento populacional, direitos humanos, bioética, etc). O Livro Branco de Defesa Nacional (BRASIL, 2012, p. 27) traz um panorama do mundo pós-moderno que atualmente vivemos e no qual esta pesquisa se embasa: O sistema internacional contemporâneo, marcado pelo esgotamento da ordem que caracterizou o imediato pós-Guerra Fria, tem-se distinguido pelo acelerado processo de reestruturação das relações de poder entre os Estados. O advento de uma ordem multipolar, caracterizada pela coexistência de potências tradicionais e potências emergentes traz consigo novas oportunidades e novos desafios às nações no plano da defesa. Embora o diálogo, a cooperação, a ênfase no multilateralismo e o respeito ao direito internacional continuem a ser atributos importantes e desejáveis para o cenário internacional, a recomposição do sistema em base multipolar não é, por si só, suficiente para garantir que, no atual quadro de transição, prevaleçam relações não conflituosas entre os Estados. O ambiente internacional apresenta-se, em nossos dias, com elementos de unipolaridade, bipolaridade e multipolaridade. A unipolaridade decorrente ainda da preponderância militar e econômica dos Estados Unidos. A bipolaridade caracterizada pelo grupo de países do chamado G2, Estados Unidos e China. Já a multipolaridade estabelece-se pela existência de diversos importantes grupos de países como o G20, o BRICS, o IBAS e o BASIC. 6 6 Palestra proferida por Rodrigo de Lima Baena Soares no Curso Superior de Defesa, Rio de Janeiro, 2013. 27 As transformações têm tornado o mundo mais inseguro e feito com que os países vivam a incerteza do cenário em que estarão nos próximos anos. Tal cenário afeta diretamente o Brasil em todas as Expressões do Poder Nacional, já que as mudanças permeiam todas essas expressões, atingindo a totalidade da sociedade brasileira. Nessa ótica, as lideranças devem estar capacitadas para enfrentar esse quadro, adaptando-se e interagindo com o próprio com flexibilidade, criatividade e inovação. 4.1 A ERA DO CONHECIMENTO A propalada "Era do Conhecimento", consequência da explosão tecnológica que se experimenta com rapidez cada vez maior, substituindo a "Era Industrial", não tem pedido licença para transformar a sociedade. As diversas áreas do conhecimento vêm sendo impactadas por constantes e rápidas transformações. Vive-se hoje, efetivamente, a era da informação, ou do conhecimento; sucessora das eras agrícola e industrial. Aos fatores clássicos de produção – terra, capital e trabalho - um novo é apresentado, o conhecimento. Cavalcanti (2013) coloca: Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o conhecimento gerou, em 1999, cerca de 55 % da riqueza mundial. Os restantes 45% estavam relacionados aos fatores tradicionais de produção: terra, capital, matéria prima, energia e trabalho. Alguns países parecem estar mais bem preparados para a competição global nesta nova sociedade onde o conhecimento passa a ser o principal fator de produção. Pela primeira vez o conhecimento supera os fatores tradicionais de produção no processo de criação de riquezas. O relatório [da OCDE] destaca, ainda, que a crescente redução dos custos e a facilidade de obtenção de informação apontam, claramente, para um aumento da participação do conhecimento no processo de criação da riqueza para organizações, regiões e países. Capital e trabalho agora se aproximam em razão de uma causa comum, a sobrevivência dos negócios, onde ambos estão inseridos. As mudanças acontecem todos os dias e a constante é a instabilidade (BROXADO, 2001). Há mudança da base das relações de trabalho de uma visão paternalista para a da associação de interesses, razão pela qual “o passado da relação Empresa 28 x Indivíduo, caracterizada pelo Recurso Humano de insumo ordinário e descartável, dá lugar ao capital humano competitivo e parceiro” (BROXADO, 2001, p. 25). Guimarães (2012, p. 9-10) considera que: É a sociedade do conhecimento, em que a inovação, a informação e o próprio conhecimento tornam-se até mais importantes que o capital financeiro. O maior patrimônio de uma empresa é a sua base de conhecimento, embora os tradicionais sistemas de registros contábeis ainda não estejam preparados para essa nova necessidade. Em nenhuma linha de balanço aparece o valor do conhecimento, da liderança [...]. A sociedade do conhecimento revoluciona a maneira de liderar as pessoas. As organizações preocupam-se, então, em oferecer oportunidades para o desenvolvimento de seu pessoal, esperando, em contrapartida, comprometimento e resultados. O trabalho assumiu o status quo de verdadeiro instrumento para autorrealização humana, não mais se resumindo a um simples meio de sobrevivência. No entendimento de Hoyos Guevara e Dib (2009), mais e mais pessoas estão percebendo o trabalho de outra forma e se preocupando com a qualidade de vida, o que indica uma busca geral por mais sentido e realização. As organizações tentam se adaptar, mesmo sem querer ou sem saber, a uma nova ordem com uma nova consciência. Percebe-se, então, uma preocupação dual nessa era do conhecimento, ainda em fase de delineamento: de um lado, os interesses ou identidades institucionais ou organizacionais, e, de outro, os pessoais ou privados. Para as organizações públicas e privadas, a demanda crescente por uma adequada gestão do conhecimento é uma constante universal, o que exige o melhor aproveitamento possível do chamado capital humano, ou seja, da capacidade intelectual de seus colaboradores. Já, para o homem, razão de ser das organizações, pois estas existem em função daquele, emergem, no momento, novos valores pessoais, tais como: a busca da autorrealização, da qualidade de vida e de um desejo individual de maior participação. Mas qual a informação ou conhecimento verdadeiro ou realmente relevante, nessa era do conhecimento? Nessa era, os meios de comunicação de massa exercem um papel social muito importante. Nunca o volume de notícias foi tão grande nem sua difusão tão rápida. Do mesmo modo, nunca foi tão amplo o poder de manipulação da mídia, que muitas vezes seleciona ou distorce os fatos, segundo seus próprios interesses, quer 29 políticos, quer econômicos. Isso significa que a informação não é neutra. Ela é selecionada, transmitida e aplicada segundo o ponto de vista e os interesses de países, empresas, partidos políticos, movimentos sociais, etc. Com isso, os grandes conglomerados de comunicação acabam controlando a mídia internacional e exercendo forte influência política e cultural em todos os países do mundo. As grandes empresas de comunicações detêm diversas atividades que envolvem o jornalismo, o entretenimento e a publicidade. É difícil um sistema montado com essa estrutura estar comprometido como o interesse público. Nesse sentido, tal sistema não está voltado para cidadãos, mas para consumidores e anunciantes. Silva (2013) considera que: As principais agências de notícias, com capacidade de cobertura mundial – já que detêm uma estrutura organizacional e tecnológica de caráter e qualidade global, como Reuters, France Presse, CNN e Fox News -, estão sediadas nos países desenvolvidos. Neles se situam os grandes centros econômicos mundiais, onde se localizam as sedes de empresas multinacionais, os principais centros financeiros, importantes instituições de pesquisas, universidades etc. Esses centros econômicos são dotados de infra-estrutura adequada e moderna, com capacidade de processar e gerar enorme quantidade de informações, que são distribuídas para jornais, revistas, emissoras de rádio e de televisão de todo o mundo. Há necessidade, portanto, que a informação alcance de forma correta o maior número de pessoas carentes de conhecimento, de forma a colaborar com o entendimento das ações das verdadeiras lideranças. Há de se considerar, ainda, na era do conhecimento, as redes sociais. “A maneira de se produzir e consumir informação passou por muitas mudanças nos últimos anos com o surgimento da internet e, mais recentemente, com as redes sociais. [...] O cidadão brasileiro é um dos mais ativos no mundo nas redes.” (BRASIL, 2013) Na era do conhecimento, como mais uma necessidade, o líder deve estar atento às redes sociais como forma de reforçar a sua interação com os liderados. 30 5 INTERAÇÃO ENTRE LIDERANÇA E MODERNIDADE "O líder influi na criação do próprio futuro" (BENNIS, 1998). Na afirmação acima, encontramos uma tendência a um círculo vicioso. A liderança atua na formação do futuro e também na formação de novos líderes. Portanto, é importante para o desenvolvimento de um país ou de uma nação que essa tendência seja virtuosa ou positiva. Assim, líderes definem seu futuro, têm ação vigorosa na formação de novos líderes e no desenvolvimento nacional. 5.1 LÍDER DO FUTURO, O LÍDER DE MUDANÇA Segundo Freire (2000, p. 6-8), “a teorização sobre as vertentes da Liderança [...] possibilita a visão de futuro do papel de líder [...]”. “Líderes constroem uma visão. Têm uma nítida idéia de um futuro a ser conquistado e detêm o tipo de personalidade que faz com que as pessoas se sintam motivadas e comprometidas com a criação, a criação desse futuro”. Freire (2000, p. 10), “os lideres no futuro irão conseguir implementar mudanças, na medida em que estiverem preparados para extrair idéias das pessoas, para ajudá-las a identificar, articular e satisfazer as necessidades que lhes são próprias e, não raro, mutáveis”. “O líder de mudança precisa estar preparado para defender a necessidade de mudança e buscar novas responsabilidades no desenvolvimento próprio e no da equipe” (FREIRE, 2000, p. 68). Demarest, Edmonds e Glaser (2011, p. 234) argumentam que “para liderar com eficiência qualquer mudança cultural, precisaríamos construir tanto competência (conhecimentos e habilidades) quanto comprometimento (motivação e confiança) nesses líderes. É interessante colocar que os líderes do futuro ou líderes de mudança são indivíduos que lideram iniciativas e influenciam dezenas ou centenas de outras pessoas a terem um desempenho diferente - e melhor - aplicando diversas abordagens à liderança e à mudança. 31 A preparação de líderes para o futuro terá que se concentrar em ajudar os líderes a se tornarem proficientes, criando um contexto de investigação, de exploração e de possibilidades; incluindo todos os interesses e operando em várias escalas e com sistemas altamente sofisticados. Treinar os líderes desse modo permitirá que liderem em nome do Bem-Estar público, sem comprometer seus domínios de interesse, e que produzam soluções sistêmicas e inovações sustentáveis. Considerando que o líder, no ambiente contemporâneo, como exposto anteriormente, para produzir mudanças e preparar o futuro, deve ousar com entusiasmo e produzir inovações, a possibilidade de sucesso encontra-se próximo enquanto que a possibilidade de fracasso não deve ser afastada e nem temida. Para uma grande quantidade de pessoas, a palavra fracasso traz em si uma finalidade, para a qual a reação humana automática é o desencorajamento e baixa estima. Mas para o líder de mudança, o fracasso é uma nova forma de aprender. (FREIRE, 2000, p. 24). O fator Wallenda7 refere-se basicamente à aprendizagem na busca de motivos de realização, de prestígio e de sucesso. A aprendizagem envolve um pouco de falha, algo a partir do qual o indivíduo pode continuar a aprender. Pode-se, portanto, propor uma regra geral para todas as organizações de aprendizagem e de instituições em mudança: é importante para que as mudanças ocorram quando o líder possibilita às pessoas a força para caminhar com ele "sobre a corda", apesar dos riscos. (FREIRE, 2000, p. 25) Sem confiança, ninguém corre riscos. Sem correr riscos, ninguém desenvolve a coragem. A confiança e a coragem resultantes da conquista do próprio caminho produzem grandes solucionadores de problemas. A verdadeira liderança envolve ter a coragem de encarar a realidade e ajudar as pessoas a sua volta para que façam o mesmo. A função da Liderança Contemporânea não é a de evitar traumas sobre as pessoas, mas sim, minimizá-los. As organizações devem criar ambientes organizacionais que as levem a patamares mais elevados de competitividade. É 7 É uma referência ao célebre acrobata Karl Wallenda, que em 1978 despencou para a morte a 230 metros de altura, durante uma exibição no centro de San Juan, em Porto Rico. Citando o testemunho da mulher do acrobata, Bennis (apud Blecher, 1996) diz que, nos três meses que antecederam a queda, Karl demonstrava inusual receio. "Quando Karl Wallenda concentrou suas energias em não cair, em vez de andar na corda bamba, estava praticamente fadado a cair", diz Bennis. 32 fundamental desenvolver a competência das pessoas dentro de suas equipes para manter a empresa numa dinâmica competitiva, construindo novos valores e culturas organizacionais flexíveis e adaptáveis ao novo cenário. Braga (2012) considera que: é preciso um ambiente de aprendizagem onde as pessoas e os líderes possam processar a capacidade de criar, inovar e aplicar a aprendizagem no trabalho para desenvolver equipes de alto desempenho. Desta forma o líder dá o exemplo e passa a ser um modelo de liderança centrado em princípios de Gestão capazes de despertar a motivação e o entusiasmo, de reconhecer, recompensar, valorizar, aceitar desafios e assumir riscos, levando as pessoas ao crescimento e desenvolvimento contínuos para que se sintam mais felizes e realizadas, compartilhando a emoção de criar o futuro. 5.2 OS DESAFIOS DA LIDERANÇA ESTRATÉGICA PARA O FUTURO Braga (2012) sintetiza ao afirmar que: Enfrentar riscos, ter persistência para alcançar resultados desfiadores, ter coragem, ser ético, construir novos valores de gestão, fazer com que as pessoas se desenvolvam, ajudar as pessoas a encarar a realidade e mobilizá-las para que façam mudanças são as responsabilidades do líder hoje, que ultrapassa tudo o que se falou e esperou dos líderes do passado.” “Seu grande desafio será integrar e fazer interagir harmoniosamente as funções do negócio com as funções de liderança. Para isso, é imprescindível para o líder ampliar sua visão do macro-ambiente político, econômico e social, e das variáveis atuantes num mundo globalizado e competitivo; ser educador; ser hábil negociador; ter o diálogo franco e aberto e, principalmente, cultivar ambientes de aprendizagem onde as pessoas possam errar, sem que haja punições. Foigel (apud GUIMARÃES, 2012) considera que: " Encarar os desafios com alegria - # to have fun #, como preconiza a escola Norte Americana -, transformando cada impossibilidade em uma série de etapas possíveis de serem realizadas, é uma experiência mínima exigida dos novos líderes”. Outro desafio, este apresentado aos líderes de líderes, é instigar o liderado a pensar e, de forma dinâmica e em constante interação com a evolução dos ambientes interno e externo, a agir, a mudar e a constantemente inovar. Inovar é querer não copiar, é buscar caminhos que outros não trilharam. É desejável e necessário que a inovação produza ao final algo positivo. Obviamente, o líder necessitará assumir riscos, necessitará ousar. O líder só alcançará tal intento dentro de um ambiente ou organização que estimule a inovação, ou em outras palavras, que veja a formação de líderes como absolutamente necessário. Por 33 vezes, haverá insucessos, mas que fazem parte do processo de inovação. Os reveses não devem constituir entrave ao processo de busca de permanente inovação. Assim, a inovação constitui-se em imprescindível capacitação do líder estratégico contemporâneo e que deve ser fomentada pela direção da organização por intermédio de um ambiente saudável e propício. 34 6 CONCLUSÃO Na era do conhecimento, o capital humano assume a posição de mais importante ativo em uma organização. A formação e o desenvolvimento de lideranças constituem-se aspecto de fundamental importância, podendo definir o sucesso ou o fracasso de um empreendimento, empresa, organização, ou mesmo, de uma instituição ou uma nação. Cavalcanti (2013), referindo-se a conhecimento e desigualdade, lança um alerta: Num mundo onde o processo de criação da riqueza passa, principalmente, pelo conhecimento, seria um equívoco não nos preocuparmos com a redução da brutal desigualdade no acesso e uso do conhecimento. Esta nova sociedade pode ser uma ameaça para países como o Brasil, mas pode se transformar na nossa grande oportunidade de virar o jogo promovendo um desenvolvimento com mais conhecimento e menos desigualdade. Isto se constitui em desafio para a liderança estratégica brasileira – encontrar formas inovadoras de vencer tal desigualdade na era do conhecimento, de forma a preservar e fortalecer o Poder Nacional. No contexto da liderança estratégica, a pesquisa revelou aspectos de seu desenvolvimento, como também indicou competências necessárias ao líder na era do conhecimento, com destaque para o líder eficaz, indutor da inovação e de mudanças. Destacou-se a importância de estudos sobre a liderança estratégica, no cenário de grandes avanços tecnológicos, em que as informações são disseminadas de forma muito ampla, exigindo mais da capacidade humana. Observou-se a necessidade de permanente aprimoramento do processo de formação de líderes como aspecto imprescindível para a eficiência e sobrevivência das organizações A pesquisa destacou, ainda, a importância do ambiente organizacional na gênese, desenvolvimento e preservação das lideranças. O líder deve estar familiarizado com situações incertas e a lidar com informações imprecisas e abundantes, garimpando o conhecimento relevante e verdadeiro. O líder estratégico contemporâneo precisa, também, se sentir confortável ao dispor de meios limitados, sendo obrigado a aceitar riscos calculados e a propor soluções criativas, inovadoras e sustentáveis. 35 Nessa perspectiva, o Comandante do Exército Brasileiro assim se expressou em sua Ordem do Dia relativa ao Dia do Soldado em 2013: Com esse sentimento, prossigamos determinados na tarefa de transformação do nosso Exército, levando-o à Era do Conhecimento, com novas tecnologias, novas capacidades e nova doutrina. Nesse sentido, sejam capazes de desafiar o imaginário, de criar estruturas com energia suficiente para movimentar ideias, de magnetizar pessoas com o brilho dos vencedores, de ver oportunidades onde muitos já desistiram, de entregar resultados. Por fim, liderem pelo exemplo, adequem-se melhor ao ambiente de incertezas e tenham sempre consigo o sentimento de missão. Parabéns Soldados do Exército Brasileiro, fiéis guardiões da Pátria, por tudo que fazem, suportam e esperam! Que Deus seja louvado em suas vidas. (PERI, 2013) Concluindo, a nação que dispor de gerentes com acendrado nível de liderança, capazes de enfrentar os desafios do mundo hodierno, passando do conhecimento à ação, da improvisação à razão, por meio da eficiência, eficácia e afetividade, conservará e ampliará o seu Poder Nacional, garantindo bem-estar ao seu povo e lugar de destaque no concerto das nações. Assim, é necessário estar atento aos líderes, propiciando-lhes ambiente propício, com apoio e compreensão, para o grande desafio humano: o de lidar com pessoas e resultados. 36 REFERÊNCIAS BASS, B. M. Leadership and performance beyond expectation. New York: Free Press, 1985. BENNIS, Warren. Líderes: estratégias para assumir a verdadeira liderança. São Paulo: Harbra, 1998. BERGAMINI, Cecília Whitaker. Liderança: administração do sentido. São Paulo: Atlas, 1994. BLECHER, Nelson. Anatomia das lideranças. Revista Exame, São Paulo, 1996. 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