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Avalie o ensino por trás das siglas
A divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) na semana passada chamou a
atenção da imprensa e de todo o setor educacional. Apesar do destaque dado aos números e das
primeiras análises feitas sobre eles, é difícil mensurar até que ponto a população compreende o
significado desses indicadores e para que eles servem. Para especialistas, o intenso contato com os
dados, sem entendê-los, pode induzir estudantes e pais de alunos a caírem no equívoco da
supervalorização dos números ou, no outro extremo, na subutilização desses instrumentos.
Um dos erros mais comuns a que famílias estão sujeitas seria a adoção de uma nota, analisada de
forma isolada, como critério único para determinar a qualidade do ensino e a adequação de uma escola
para o aluno. “O dado estatístico é apenas uma parte do todo. Não podemos dizer que a nota obtida
revela todo o potencial de uma escola”, diz a psicopedagoga e professora do curso de Pedagogia da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Evelise Portilho.
Para ela, uma visita à escola e conversas com a direção da instituição são essenciais para identificar se
o colégio se adapta às expectativas da família. Isso não pode ser substituído por uma simples consulta
à nota do Ideb, por exemplo. Segundo Evelise, é preciso olhar com a mesma prudência para índices ou
provas de desempenho de outros ciclos da educação, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
ou o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). “Em todos esses casos, as estatísticas
são apenas uma maneira de olhar a realidade.”
Exigência natural
Para o pesquisador e doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) João
Malheiro, os índices são instrumentos necessários e naturalmente exigidos pela população quando se
trata da prestação de serviços. “Quando vamos a um restaurante, hotel ou hospital, queremos ver a sua
classificação. Por que não exigiríamos o mesmo na educação?”, questiona.
No caso do Ideb, Malheiro defende, inclusive, a colocação da nota obtida pela instituição na entrada da
escola para tornar o resultado visível a toda a comunidade. A ideia já é aplicada em alguns municípios
brasileiros e tramita no Congresso Nacional como projeto de lei, de autoria do deputado Ronaldo
Caiado (DEM-GO). “Ajudaria a acabar com a manutenção de um sistema de baixa qualidade e despertaria as famílias e a vizinhança para agirem contra a enganação no ambiente escolar”, afirma
Malheiro.
Essa forma de usar o índice, no entanto, divide a opinião dos educadores. A Fundação Abrinq, por
exemplo, emitiu nota no ano passado condenando a proposta. A instituição considera que a medida
expõe os alunos de escolas mal avaliadas a constrangimentos e alega ser inconstitucional.
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Conheça cada um
Ideb
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica é o resultado de um cálculo que leva em conta os
números de aprovação, reprovação, evasão escolar e o desempenho dos alunos nas avaliações do
Saeb e na Prova Brasil. É o indicador que permite o mapeamento detalhado da educação brasileira,
com dados por escolas, municípios e estados. Por meio dele, é possível identificar onde estão as
escolas com maiores problemas, que precisam de mais investimentos e cobrança de resultados.
Enade
O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes é uma prova aplicada todos os anos à parte das
graduações do país. O teste é obrigatório a todos os alunos ingressantes e concluintes dos cursos
avaliados, já que a obtenção do diploma é condicionada à participação no Enade. Cada curso é
avaliado a cada três anos.
Prova Brasil
É um exame obrigatório para todos os estudantes de 5.º e 9.º anos de escolas públicas. Na avaliação,
os estudantes testam seus conhecimentos em Matemática e Português. A Prova Brasil não avalia o
aluno individualmente; está focada no sistema de ensino de cada escola, promovendo um balanço da
situação educacional no país. A avaliação não engloba todo o conteúdo do currículo escolar, mas cobra
as competências que os alunos devem dominar em determinada idade.
IGC
O Índice Geral de Cursos é um indicador que mede a qualidade das instituições de ensino superior no
país, avaliando cursos de graduação e pós-graduação (mestrados e doutorados). Para medir a
qualidade das graduações, o índice usa a média dos CPCs dos últimos três anos, além da nota do
Enade. No caso dos cursos de mestrado e doutorado, é usada a nota emitida pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
CPC
O Conceito Preliminar de Curso é uma nota elaborada com base na análise de vários aspectos de cada
curso superior, como nota dos ingressantes, nota dos concluintes, proporção de professores com
doutorado e infraestrutura – de acordo com a opinião dos alunos. A média de três CPCs, unidos à nota
do Enade, compõe um IGC.
Enem
O Exame Nacional do Ensino Médio é uma prova aplicada anualmente, cujo objetivo original era avaliar
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o aprendizado dos alunos de ensino médio no país. Nos últimos anos, no entanto, o exame tornou-se
uma das principais formas de acesso ao ensino superior, seja por meio da obtenção de bolsas de
estudo ou pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
Saeb
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica é uma prova aplicada a cada dois anos que
avalia uma amostra de alunos matriculados no 5.º e 9.º anos do ensino fundamental e no 3.º ano do
ensino médio. Participam estudantes de escolas públicas e particulares, rurais e urbanas. Como os
resultados são obtidos por amostragem, não há indicadores por escola ou município, apenas por
regiões e unidades da federação. As provas são constituídas por questões de Matemática e Português
e os estudantes recebem notas de zero a dez. Além disso, são coletados dados socioeconômicos dos
alunos, professores e diretores e informações sobre as condições físicas e recursos das escolas.
Fonte: Gazeta do Povo
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