CIDADES 05 DF/23/05/2012 Š QUADRAS FORA DO PAPEL As QEs 44, 46, 48, 50, 52, 54 e 56 do Guará II estão liberadas para a venda. Inclusive, a Terracap licitará 37 terrenos já na semana que vem Depois de uma briga judicial entre o governo e cooperativas habitacionais, que durou mais de dois anos, a criação das novas quadras do Guará II finalmente sairá do papel. Na quinta-feira da próxima semana, a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) licitará 37 terrenos nas QEs 50 e 52.Em 2010,o GDFjá havia tentado vender imóveis na expansão da cidade, mas a Justiça barrou o negócio a pedido de entidades habitacionais. As cooperativas alegavam que a área seria de interesse social e,por isso,deveria ser destinada a projetos de moradia para a população de baixa renda. Mas a Terracap conseguiu liberar a concorrência pública e, para colocar um fim ao embate com as associações, o governo destinou uma das quadras para atender aos inscritos nessas entidades. As QEs 44, 46, 48, 50, 52, 54 e 56 do Guará II têm 1,8 mil lotes. Há mais de uma década, cooperativas habitacionais tentam viabilizar a implantação de projetos de moradia para os associados no local. Em 2010, quando o governo tentou licitar parte desses terrenos, entidades recorreram à Justiça contra a realização da concorrência pública e apresentaram o Plano Diretor Local (PDL) do Guará como argumento contra a venda. Isso porque o Artigo 27 do PDL classificava a expansão do Guará como área de interesse social. Os imóveis com essa finalidade não podem ser vendidos e devem ser destinados a brasilienses de baixa renda inscritos em projetos sociais do GDF. Mas durante a tramitação do processo na Justiça, o governo sancionou o novo Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot),que reviu essas regras.Assim, a Terracap conseguiu reverter a proibição.AOrganização das Associações e Entidades Habitacionais do Distrito Federal,que recorreu ao Judiciário contra a licitação, perdeu em segunda instância. O GDF negociou, então, com as cooperativas e reservou a QE 56, com 406 lotes, às entidades. A Terracap informou que já os repassou para a administração da Companhia de Desenvolvimento Habitacional de Brasília (Codhab), que ficará responsável pela gestão dos imóveis. O presidente da Organização de Associações Habitacionais, José Neto, ressalta que o ideal seria receber 780 lotes, o equivalente a 40% do total de imóveis. “A legislação prevê que esse percentual de terrenos seja destinado ao atendimento das cooperativas, mas não quisemos continuar com esse embate judicial porque o governo tem feito esforço grande para atender cooperativas em outras áreas, como Paranoá, Samambaia, Riacho Fundo e Sobradinho. Nosso objetivo é ter moradia, não importa onde”, justificou José Neto. LICITAÇÃO A licitação que a Terracap realizará na próxima quinta-feira in- ACABOU A BRIGA JUDICIAL PELA EXPANSÃO DO GUARÁ II clui 130 terrenos em várias cidades do Distrito Federal. Além do Guará II, há imóveis no Setor Jardim Botânico 3, em Samambaia, no Recanto das Emas, em Planaltina, em Ceilândia e no Setor Noroeste. Neste último bairro, a Terracap venderá lotes comerciais com valores mínimos que variam entre R$ 3 milhões e R$ 16 milhões. A empresa licitará também uma área de 5 mil metros quadrados no Setor Bancário Norte, cujo valor mínimo é de R$ 17 milhões, o mais alto do edital. Além dos 406 lotes da QE 56 do Guará, os representantes de cooperativas habitacionais conseguiram a oferta de terrenos em outras regiões. A Companhia de CARLOS MOURA/CB/D.A PRESS ¢ HABITAÇÃO £ Desenvolvimento Habitacional de Brasília fez licitações para fechar acordo com entidades que ficarão responsáveis por construir em cidades como Samambaia, Gama e Recanto das Emas. As concorrências públicas, realizadas em dezembro, estão em fase de homologação. Para participar dos programas habitacionais do governo e comprar imóveis por meio de cooperativas é preciso se enquadrar nos critérios estabelecidos pelo Governo do Distrito Federal. As principais exigências são morar no DF há, pelo menos, cinco anos, não ter imóvel residencial e comprovar renda familiar de até 12 salários mínimos. ¢ LEGISLATIVO Pdot sem previsão É remota a expectativa de votação do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot) na Câmara Legislativa neste semestre. As comissões responsáveis pela análise preliminar do projeto ainda não concluíram os trabalhos. Além disso, deputados distritais consideram temerária a aprovação do texto proposto pelo GDF no ano passado. Ela deveria corrigir pontualmente 60 dispositivos do Pdot julgados inconstitucionais pela Justiça em 2010, mas, conforme o próprio governo admite, as alterações foram além e, agora, os distritais temem serem questionados novamente no âmbito do Judiciário local. Enquanto o plano não é apreciado, permanece o clima de in- certeza jurídica sobre questões territoriais da capital. Apesar de não tramitar em regime de urgência, um acordo político foi feito para permitir o exame conjunto do projeto pelas três comissões responsáveis pela matéria. Analisam a proposta a de Assuntos Fundiários, presidida por Cláudio Abrantes (PPS); a de Meio Ambiente, de Rôney Nemer (PMDB); e a de Constituição e Justiça, de Chico Leite (PT). Após serem propostas eventuais emendas à redação do Pdot, cada uma deverá votar o texto para, então, encaminhar o projeto à votação em dois turnos no plenário.