Las Farmácias Comunitárias y las “Bruxinhas de Deus”: un estudio etnográfico de la resistencia. Adriana Samper Erice1 Resumen: El siguiente trabajo es el resultado de mi trabajo etnográfico en campo, dentro de la Maestría en Desarrollo Rural (UFRGS/RS). La investigación se centra en el Movimento das Mulheres Camponesas (MMC) y en las Farmacinhas Comunitarias del Litoral Norte de Río Grande del Sur, espacios donde las mujeres se reúnen para elaborar remedios con plantas medicinales. Este artículo tiene como objetivo analizar, bajo la óptica de la teoría pos-colonial y de la posmodernidad, cuál es el modelo de desarrollo que estas mujeres proponen y construyen como enfrentamiento a la lógica desarrollista hegemónica. Para este fin el trabajo se divide en tres partes. La primera analiza someramente los diferentes discursos del desarrollo con respecto al medio rural, para tratar en la segunda parte sobre el propio MMC y su discurso feminista y de desarrollo, percibido aquí como una forma de resistencia y de reivindicación de la importancia del 'papel de la mujer' y la 'lucha por la vida'. La tercera y última parte del trabajo parte analiza la práctica concreta y cotidiana de la Farmacinha de la Solidão, cuyas actividades acompaño desde 2012. Si bien estas actividades se refieren en gran parte a la elaboración de remedios con plantas medicinales, la perspectiva aquí adoptada hace que percibamos la Farmacinha como un lugar donde lo cotidiano y lo personal se tornan políticos y enfrentan el modelo hegemónico de desarrollo. Palabras clave: Farmacinha, desarrollo, salud, mujeres camponesas. Introdução: O município de Maquiné se encontra na região conhecida como Litoral Norte do Estado do Rio Grande do Sul (Figura 1). Em 2010, segundo o censo de IBGE, o município possuía uma população total de 6.905 habitantes. De entre os quais, aproximadamente um 70% vive no meio rural, a maioria em pequenas propriedades agrícolas familiares de menos de 20 hectares (ANAMA, 2002), e os 30% restantes vivem na zona urbana. A Farmacinha Comunitária “Filhas da Esperança” encontra-se situada no Vale da Solidão que é um dos vales que ocorre ao longo da bacia hidrográfica do Rio Maquiné. Esta Farmacinha, hoje integrada ao MMC (Movimento de Mulheres Camponesas), é um espaço onde diversas pessoas, mais especialmente mulheres do meio rural reúnem-se para elaborar remédios com plantas medicinais, e constitui assim mesmo um lugar de troca de experiências e relatos entre mulheres. Esta foi a primeira iniciativa de Farmacinha Comunitária, que depois foi se expandindo pelo 1 Mestranda em Desenvolvimento Rural en la Universidad Federal de Rio Grande do Sul (Brasil) PGDR/ UFRGS. Contacto: [email protected] Litoral Norte, Santa Catarina e Amazônia até chegar a ser um total de 70 Farmacinhas em 23 municípios em 2001. Cabe destacar que um grande incentivo para a criação e reprodução destas Farmacinhas comunitárias foi o apoio recebido pelo Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR) 2 o qual começou a dar o apoio dois anos mais tarde após a criação da Farmacinha da Solidão (Coelho de Souza Haas, Von Poser, e Elisabetsky, 2004), introduzindo as Farmacinhas dentro do projeto “Grupos de Saúde na Região Litorânea”. Figura 1:Localização do Município de Maquiné, RS. (Márcia Tavares, 2000). No município de Maquiné encontramos uma grande heterogeneidade de atividades e fontes de renda, processo que é cada vez mais e visível. Na paisagem agrícola que compõe o município observamos roças com milho - na sua maioria transgênico - ao lado de roças de cultivo de hortaliças em grandes superfícies que empregam uma grande quantidade de agrotóxicos e uma maquinaria de tamanho médio, sendo estes últimos herdeiros da lógica da Revolução Verde. Assim mesmo, neste município há um grande número de pequenos produtores que não possuem nenhum maquinário para seus cultivos, nem se inserem dentro de uma lógica de mercado de grande escala, e outros pequenos agricultores e coletivos que se dedicam à agricultura “sustentável” ou agroecológica, obedecendo a outras lógicas que nada tem em comum com o discurso do progresso, mas sim com a ideia de que “outro desenvolvimento é possível”, sendo este um desenvolvimento sustentável, ou agroecológico. Dentro deste último 2 O MMTR é hoje chamado de Movimento das Mulheres Camponesas (MMC). Em 1995, criou-se a Articulação Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais, reunindo as mulheres dos Movimentos Autônomos, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Pastoral da Juventude Rural (PJR), Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB), alguns Sindicatos de Trabalhadores Rurais e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA.). Depois de vários encontros, em 2004, apontaram os rumos concretos do movimento e adotaram o nome de Movimento das Mulheres Camponesas. Hoje este movimento encontra-se presente em 18 estados brasileiros. (http://www.mmcbrasil.com.br). princípio, existem outros empreendimentos, como o turismo rural ou ecológico, que está aumentando na região. Percebemos então que o meio rural não pode ser definido exclusivamente pela atividade ligada a agricultura, pois a pluriatividade e diversificação de ocupações são uma realidade crescente do rural brasileiro. Para alguns autores (Wanderley, 2000, Veiga, 2004) estas caraterísticas correspondem a uma 'nova ruralidade', na qual existe uma maior integração do rural e o urbano, além da diversificação de atividades e a valorização do patrimônio cultural e natural. Esta heterogeneidade demonstra que os diferentes discursos e práticas de desenvolvimento coexistem, apresentando-o como heterogêneo, híbrido e em disputa constante por parte dos diferentes atores e instituições. Estas práticas de efeitos reais coexistem no espaço e no tempo, si bem as vezes não de forma harmoniosa. Para Neske, Almeida e Radomsky (2013) o processo de modernização da agricultura é um dos pontos principais para analisar o desenvolvimento rural no Rio Grande do Sul. Para eles, um dos objetivos desta modernização era a transformação de sociedades tradicionais em sociedades 'modernas'. Não obstante, no meio rural, a 'modernidade' e o 'tradicional' convivem, mostrando como a ideia de uma única história linear e evolutiva não se corresponde com a realidade, sendo que o percebido como “atrasado” não são estados pré-modernos ou não evoluídos senão trajetórias históricas diferentes (Segato, 2010:10). Estes discursos e práticas do desenvolvimento vem sendo disputados, ressignificados e adaptados pelos diferentes atores sociais. A continuação faremos uma breve análise de quais são os discursos sobre o desenvolvimento que afetam ao meio rural e as mulheres em particular, modelo que se apresenta como hegemônico e padrão a seguir, e que nasce desde as instituições e organismos de governo internacional. Na segunda parte deste artigo discutiremos como o Movimento das Mulheres Camponesas (MMC) colocam-se contra este modelo e propõem um outro tipo de desenvolvimento, para finalmente analisar as práticas de resistência cotidiana que acontecem na Farmacinha da Solidão. Discursos sobre desenvolvimento e o meio rural: Desde que o Presidente Truman pronunciou seu famoso discurso no qual aparecia pela primeira vez o termo subdesenvolvido, vários discursos e práticas sobre o desenvolvimento começaram a ser aplicadas, especialmente nos classificados “países do Terceiro Mundo”. Segundo Escobar (2005), estes discursos passaram por três momentos: O primeiro seria o da teoria da modernização - de cunho claramente liberal - que fala sobre os 'efeitos benéficos do capital, a ciência e a tecnologia' (p.18) e que esteve vigente nas décadas de 50 e 603. Esta visão, marcada pelo 'mito do progresso' levou a abordagens evolucionistas e etapistas dentro de uma visão dualista de 'moderno' vs. 'atrasado'. Este modelo se imbui de conotações positivas por ter 3 Não obstante, este discurso está presente também em políticas de desenvolvimento posteriores, como é o caso da Revolução Verde - termo usado pela primeira vez por Norman Borlaug em 1968 - e a sua tentativa de modernização, mecanização e tecnicização do campo. como objetivos a melhora da qualidade de vida das pessoas, e “desenvolver-se seria forçosamente seguir em uma direção ascendente, rumo ao mais e ao melhor.” (Almeida, 1997:36). Posteriormente - e como contraponto a esta modernização - a partir dos anos 60 até os 70 e dentro da corrente marxista, surgiu a teoria da dependência na América Latina 4, pela qual as causas do subdesenvolvimento poderiam ser encontradas na 'conexão entre a dependência externa e a exploração interna'- e não pela carência de meios, capital ou tecnologia' (Escobar, 2005:18). Esta teoria supus um deslocamento epistemológico no que respeita á conceição do sistema mundo, pois coloca o sistemamundo como centro dos estudos e não mais a Europa como eixo central, senão como parte de um sistema interdependente de centros, periferias e semiperiferias (Wallerstein, citado em Castro-Gómez, 2005). Esta teoria, junto com as influenças de Foucault, Deleuze ou Derrida, influenciaram na conceitualização pós-estruturalista de finais dos anos 80 e começos dos anos 90, que surge como contraposição da ideia do desenvolvimento baseada no mito do progresso e na modernidade, conceitos extremamente euro-americanocêntricos. Assim, o principal objetivo é de analisar - e desconstruir – o desenvolvimento, visto como um discurso criado em Ocidente para a 'produção cultural, social e econômica do Terceiro Mundo' (Escobar, 2005:18). É importante ressaltar que si bem estes discursos aparecem e se transformam ao longo do tempo, esto não significa que exista uma continuidade entre eles, e que os discursos mais recentes tenham substituído aos anteriores. Pelo contrário, estes discursos de mantém e coexistem no tempo e nos espaços, como é o caso no município de Maquiné.. Ao respeito do meio rural, os discursos sobre o desenvolvimento se expressam em base a sua potencialidade econômica, tanto pelo trabalho dos pequenos produtores, quanto pelas materiais primas que este meio oferece. Para Escobar (1995): “el discurso del desarrollo rural repite las mismas relaciones que definieron al discurso del desarrollo desde su nacimiento: el hecho de que el desarrollo tiene que ver con el crecimiento, el capital, la tecnología, con la modernización. ” (p.276). É comum nestes discursos apresentar aos camponeses como irracionáis, resistentes a se desenvolver, apáticos, etc. (Sheperd, 2004). Além do mais, eles passam a ser percebidos como meros trabalhadores rurais, e não como pessoas que carregam uns saberes y um ethos diferenciados. A agricultura passa a ser percebida como fornecedora de matérias primas para a indústria. Com a finalidade de modernizar e aumentar a produtividade no campo nasceu a Revolução Verde, apresentada como a solução para o atraso no campo e a fome no mundo. Esta Revolução Verde está basada numa ideologia tecnocrática, que pretende que as soluções para qualquer problema está nas tecnologias, e numa visão produtivista do meio rural. Como podemos perceber, ela continua dentro da lógica da modernização que marcou os modelos desenvolvimentistas dos anos 50 e 60. Para Almeida (1997:44) a Revolução Verde está “fundada basicamente em princípios de aumento da produtividade através do uso intensivo de insumos químicos, de variedades de alto rendimento melhoradas geneticamente, da 4 Para uma leitura mais aprofundada ver: Cardoso, F.H; Falleto, E. (1970) Dependência e Desenvolvimento na América Latina, Rio de Janeiro: Zahar. irrigação e da mecanização, criando a ideia que passou a ser conhecida com frequência como aquela do “pacote tecnológico””. A Revolução Verde, com a difusão internacional de práticas agrícolas, não leva em consideração outros modos de saber-fazer, como as redes de reciprocidade e e atividades de subsistência, sem falar sobre outras cosmologias que não fazem a distinção entre natureza/cultura ou que vem esta primeira de forma diferente que os ocidentais. A Revolução Verde, assim como a transgenia, pretende e persegue uma homogeneização do processo de produção agrícola (Goodman, 1990). Além disso, supõem mais uma forma de colonialidade no campo, pois são os técnico-científicos ocidentais os que ão de levar esta tecnologia nos países “subdesenvolvidos do Terceiro Mundo”. Como podemos observar, não só se pressupõe o que as pessoas no meio rural querem e de que forma o querem- que seria o desenvolvimento ocidental - senão que pressupõe assim mesmo que eles não são capazes de lográ-lo por sim mesmos. Hoje o discurso do desenvolvimento adquiriu um outro matiz, com a aparição da privatização dos recursos naturais e a tentativa de controle sobre o material genético, debate de grande atualidade, e cuja relação com as tecnologias de sementes transgênicas é especialmente relevante. A chamada “Economia Verde” com propostas como o pagamento pelos serviços ambientais (PSA) 5 visa dar valor de mercado, privatizar e mercantilizar bens comuns, como tentativa de traduzir todo no linguagem da economia de mercado, como “solução” a degradação ambiental. A gestão da natureza e seus recursos e a planificação racional dos recursos naturais, são para Escobar (1995) elementos chave no discurso do “desenvolvimento sustentável”. Destro deste contexto aparece a privatização dos recursos naturais e a tentativa de controle sobre o material genético, debate de grande atualidade, e cuja relação com as tecnologias de sementes transgênicas é especialmente relevante. O controle pela vida - a traves da biotecnologia, a proteção da biodiversidade – obedece a prática do biopoder, como já sinalou Foucault (1998)6. Para Radomsky (2011b: 8) a “biopolítica é preocupada com a preservação da vida, a inclusão, a administração e o cálculo” e introduze a vida “dentro do parâmetro do controlável, quantificável e maleável, transferindo esta dentro da produção industrial.”A privatização e as patentes sobre os recursos são também uma nova forma de colonialismo, pois usurpa o conhecimento das populações não-ocidentais ao privilegiar o conhecimento ocidental como o único válido, sem reconhecer muitas vezes o quanto deve aos conhecimentos outros sobre os que privatiza. Não obstante o modelo de desenvolvimento analisado neste apartado é contestado e modificado 5 6 Esta proposta está se transformando numa importante àrea de investigação, especialmente a partir da Avaliação dos Ecosistêmas do Milênio: “La Evaluación del Mileno (MA, 2003) los define [los servicios ambientales] como los beneficios que las personas obtienen de los ecosistemas, incluyendo aquellos beneficios que la gente percibe y aquellos que no perciben” (énfase meu) (Marín Lopez, B.; Montes, C. Funciones y servicios de los ecosistemas: una herramienta para la gestión de los espacios naturales. Dispinívelemservbiob.inf.um.es/eac/LECCION_11/LECTURAS_11/Articulo_Funciones_Servicios_Urdaibai.pdf, Universodade de Murcia 2010). O Biopoder é um “elemento indispensável ao desenvolvimento do capitalismo, que só pôde ser garantido à custa da inserção controlada dos corpos no aparelho de produção e por meio de um ajustamento dos fenômenos de população aos processos econômicos” (p.132) (Foucault, M. (1999), O biopoder. In: Em Defesa da Sociedade. Curso no College de France. São Paulo: Martins Fontes.) em diferentes instâncias pelas mesmas mulheres que são alvo dele. Escobar (1995) observa que “la producción de nuevos discursos no es un proceso unilateral; por el contrario, puede crear condiciones para la resistencia” (p.265). Pese a que a invisibilidade da mulher nos programas de desenvolvimento resulta ainda mais mais evidente, são nos coletivos de mulheres do meio rural e especialmente no Sul, onde podemos observar maiores resistências ao desenvolvimento como é o caso do MMC. O Movimento das Mulheres Camponesas e a contraposição ao desenvolvimento hegemônico: O Movimento das Mulheres Camponesas (MMC) se define a si mesmo como um “movimento autônomo, democrático, popular, feminista e de classe, na perspectiva socialista” (http://www.mmcbrasil.com.br). A consolidação do MMC como o conhecemos hoje7 foi constituído em 2004, e ele é o resultado de vários movimentos ou frações de movimentos que se uniram a partir daquele momento sob o nome de Movimento das Mulheres Camponesas. Segundo Paulilo (2004:230) a revalorização do termo 'camponês' “tem uma conotação política de criação de identidade em momento de lutas”. O termo camponesa cria outro sujeito político, a mulher camponesa, e engloba a extrativistas, pescadoras, quebradeiras de coco, etc. Este sujeito político não é mais visto uma mero trabalhadora rural sino como alguém que carrega uma cultura e um ethos diferenciados. Num primeiro momento, as lutas do MMC eram fortemente direcionadas aos direitos trabalhistas no campo. Esta luta foi se modificando, aparecendo reivindicações específicas de gênero, ligadas principalmente a questão da saúde, sexualidade e planejamento familiar. Houve então uma aproximação com o feminismo e hoje as mulheres do movimento se denominam a si mesmas como “feministas camponesas”. É neste período do movimento que se deu a maior expansão das Farmacinhas Comunitárias, dentro das quais a Farmacinha da Solidão foi a primeira que existiu 8 e serviu como modelo para a criação das outras, graças a sua inserção no projeto de “Grupos de Saúde Da Região do Litoral Norte”. A partir dos anos 2000 se intensificou a luta por um modelo de agricultura agroecológica, em clara contraposição ao modelo de agricultura intensivo com agrotóxicos (Salavaro, Lago, e Wolff, 2014). Dentro do MMC hoje, se discutem tanto temas associados à agroecologia - como a preservação das sementes crioulas, não-uso de agrotóxicos, e rejeição aos transgênicos- quanto questões ligadas especificamente aos direitos da mulher- com a Lei Maria da Penha9. 7 8 9 No Rio Grande do Sul, o MMC tem sua base no anterior MMTR (Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais) que foi criado em 1989 com uma forte representação regional e a participação de umas 500 lideranças, muitas delas com experiência anterior em atividades da Igreja, do MST e dos sindicatos de trabalhadores. A Farmacinha da Solidão foi criada em 1991, e num começo não fazia parte de nenhum movimento, sendo que sua inserção de deu mais tarde, pela mediação da Rafinha, que foi a responsável assim meso de expandir esta proposta nos diversos grupos formados no Litoral Norte de RS. Lei nº 11.340 de 17 de Agosto de 2006. Esta lei "Cria mecanismos para coibir a violência doméstica familiar contra a mulher, nos termos do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Fonte:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Nos cadernos e cartilhas publicados pelo movimento resulta patente a rejeição ao modelo do agronegócio, como é chamado por elas mesmas. Na cartilha “Potencializando sonos, preservando a vida” (Movimento das Mulheres Camponesas, MMC, 2008b) se descreve como com a Revolução Verde os camponeses perderam seus modos de fazer agricultura e que as mulheres foram “reeducadas [...] para serem boas e prendadas, donas de casa”. Com a chegada do agronegócio a “erosão da cultura camponesa” agravou-se mais ainda. As consequências para as mulheres foram ainda mais sérias: “São elas a maior porcentagem que passa fome no mundo. A violência contra as mulheres se agrava à medida que as condições de vida digna se acabam. A perda do território para as mulheres é muito maior, porque ficam fora das heranças, ou não tem direito a opinar e decidir... a esterilidade e o aumento de doenças são muito maiores com a intensificação do uso de venenos e a prostituição também aumenta” (MMC, 2008b:11). Como contraposição ao modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio, o feminismo camponês defendido pelo MMC busca - a partir da prática diária das camponesas - o 'cuidado da vida' com a “produção agroecológica de alimentos, à luta por políticas públicas e a vida digna no campo e (estão) contra todo tipo de violência, seja contra as mulheres, seja contra qualquer trabalhador” (MMC, 2008b). O trabalho com plantas medicinais também é importante, pois “são as mulheres as que manejam a nossa riquíssima biodiversidade para prevenir e curar”. Como elas mesmas falam “a partir do feminismo camponês fazem sua história e buscam construir outros marcos na história da agricultura brasileira” fora dos padrões do agronegócio. No modelo de desenvolvimento proposto pelo MMC, outros valores que não são o capital são colocados como prioritários como luta pela igualdade de direitos, a agroecologia, a defesa das sementes crioulas, a solidariedade entre elas, ou a luta pela vida digna no campo entre outras. Deste modo, elas se colocam contra o modelo da economia verde e o pago pelos serviços ambientais que comentávamos no anterior item. Para elas esta “solução” não é tal, senão que traz consigo a ”reestruturação do capital financeiro e especulativo” com o objetivo de “colocar preço, mercantilizar e privatizar os bem comuns” (MMC, 2014). Não só a lógica do mercado entra como força apropriadora dos bens comuns naturais, mas também enxerga-se esta como uma nova forma colonizadora dos saberes e os territórios das “populações indígenas, tradicionais, quilombolas e camponesas” (idem, 2014), pois elas estabelecem contratos com empresas do Norte nos quais perdem o direito de uso sobre seu território ao tempo que a empresa compensa os seus índices de poluição. Frente a estes modelos, estas mulheres procuram outros marcos e referências diferentes aos propostos pelo modelo hegemônico de desenvolvimento, tentando estabelecer outra relação entre homens e mulheres e do ser humano com a natureza. Assim buscam construir outra realidade no seu cotidiano, onde o capital e o desenvolvimento não possuem a exclusividade do programa político. Segundo elas “a verdadeira solução é a agroecologia, a través da construção do projeto de agricultura camponesa agroecológico, feminista e socialista”(MMC, 2014). Nas cartilhas do MMC, o papel da mulher é ressignificado e colocado como central para o bem estar familiar e da comunidade como um todo, outorgando-lhe visibilidade e reconhecimento social. “As mulheres trazem o “cuidado” como principio norteador da vida e das relações”. (MMC, 2008a:43). É a través do Movimento e do seu feminismo que as mulheres valorizam sua própria autoestima e sua autonomia reconhecendo seu papel enquanto produtoras de alimentos sem agrotóxicos e como detentoras de conhecimentos na hora de elaborar remédios, frente ao sistema capitalista das grandes empresas multinacionais (Paulilo, 2004; Boni, 2012). Isto se percebe nos depoimentos destas mulheres: “O movimento de mulher pra mim foi importante. Foi onde aprendi o sentido de ser mulher conhecer os meus direitos e falar o que penso” (carta de uma participante, MMC, 2008b). “O MMC foi muito bom para mim porque aprendi muitas coisas boas, o modo de se alimentar, de se tratar e curar de algumas doenças de maneira natural sem precisar de remédios de farmácia” (transcrição da fala de uma participante, MMC, 2008b). “Foi graças ao Movimento que eu comecei a sair, viajar, a ver que não tem nada de errado nisso. Foram as mulheres que me ensinaram isso” (Fala da Dona Maria, 25/05/2014). A Farmacinha Comunitária da Solidão: a cura e a resistência: Um dos temas recorrentes – tanto nas cartilhas publicadas quanto nas falas das mulheres – são os temas ao respeito da saúde e das plantas medicinais. Durante os encontros do MMC e nos encontros da Farmacinha da Solidão, é comum escutar as mulheres perguntando pela saúde umas das outras e dos familiares, intercambiando receitas e dicas, o comentando das últimas visitas o médico. Para o MMC (2008a) saúde quer dizer “construir um modo de vida digno” (p.47) “saúde tem que ver com a alegria, o bom humor, a respiração, o sono, as caminhadas, os exercícios físicos, o lazer saudável, a conversa, o diálogo, o carinho e o afeto para com aos outros”. Elas constroem esta luta por saúde em oposição ao “projeto da modernidade, pelo qual a construção de relações se da em função do lucro; e não pela promoção da vida em todas suas dimensões” (p.17). Para elas, o papel da mulher neste âmbito é fundamental, pois considera-se que são elas as que detêm o conhecimento ao respeito dos usos das plantas medicinais. Dentro do MMC existe a proposta das Farmacinhas Comunitárias. O vínculo que as Farmacinhas têm com este movimento é importante porque a expansão das Farmacinhas se deu em grande medida graças à iniciativa do Movimento de incluí-las no projeto “Grupos de Saúde na Região Litorânea”. Analismos aqui o caso concreto da Farmacinha da Solidão - que venho acompanhando desde 2012 - para poder realizar uma análise do cotidiano, dado que para Labreque (2000) a análise do cotidiano permite levar em consideração a heterogeneidade - e a desigualdade - em relação ao desenvolvimento, pois “o cotidiano constitui o cenário principal das relações sociais”. Para analisarmos esta proposta, contarei primeiramente parte da sua história. A Farmacinha Comunitária da Solidão nasceu em 1991, com a proposta de seu um lugar de reunião para as mulheres no meio rural. Um ano depois, elas começaram a fazer remédios com as plantas medicinais. A proposta do este espaço visa não só fornecer remédios naturais num local de difícil acesso ao sistema de assistência à saúde, mas também como uma “forma de libertação da mulher”, pois como sinala Rafinha 10 “a transformação da sociedade passa pela organização política da mulher” (citada em Kubo, 2005:158) e ela não aceitava a diferenciação dos tratos por gênero que se da neste local, onde existe uma marcada diferença na socialização e na divisão do trabalho. Hoje os encontros da Farmacinha da Solidão têm lugar nas quartas feiras a tarde, e durante os mesmos elaboram-se os remédios com plantas medicinais. Na Farmacinha são empregadas 64 espécies de plantas medicinais (Coelho de Souza et al., 2004) as quais a maioria são preparadas em forma de tinturas11. Essas plantas são na sua maioria nativas e obtidas algumas nos seus próprios quintais, e outras do extrativismo do mato. Das 64 plantas empregadas, 55 são preparadas na forma de tintura para elaborar elixires a partir delas, que se produzem misturando partes iguais de tinturas de diferentes plantas segundo o uso que virão a ter (Duarte, 2002; Coelho de Souza et al., 2004). A Farmacinha hoje em dia produz 26 tipos de elixires a partir destas tinturas. Além de elixires fazem-se pomadas, sendo que para este fim empregam-se 32 plantas. Para as pomadas, o principio ativo é extraído através de uma substância oleaginosa, seja vaselina ou banha, na qual se misturam as plantas secas ou as tinturas já prontas. Na Farmacinha realizam-se um total de 8 tipos de pomadas. O espaço da Farmacinha constitui um lugar onde se produz um processo de aprendizado coletivo e troca de experiências, a maioria a respeito do uso das plantas medicinais, mas que muitas vezes permite outro tipo de trocas relacionadas à emancipação e politização das mulheres. Assim por exemplo, a atual coordenadora, Dona Maria, aprendeu a ler e escrever na Farmacinha, junto com outras mulheres que já sabiam e foram ensinando. Além disso, este espaço e suas práticas constituem uma contraposição ao modelo de desenvolvimento vigente, pois consideramos que a própria elaboração dos remédios com base na biodiversidade e no conhecimento local, opõe-se à lógica de mercado e de desenvolvimento na qual a saúde deve ser garantida pelo Estado e, predominantemente, através da aquisição de medicamentos industrializados pelas companhias farmacêuticas, apesar da legitimidade da medicina tradicional ser reconhecida não só como patrimônio cultural, mas também como estratégia para programas de saúde pública no Brasil12. Resgatamos aqui uma das falas da Rafinha, a qual declarou: “Os laboratórios só fabricam remédios pra ficar ricos. Vocês acham que os 10 11 12 Como sinalávamos na nota de rodapé nº 8, Rafinha foi a mulher que impulsou este tipo de projeto, e continua militando fazendo cursos sobre saúde e plantas medicinais em várias localidades do Brasil. Estes remédios são elaborados a partir do Manual “Bruxinhas de Deus”, que da nome ao grupo, e que foi elaborado por Rafinha. No Brasil, em maio de 2006, foi aprovada a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), a qual considera o uso de plantas medicinais (fitoterapia) como prática terapêutica a ser oferecida à população pelo sistema de saúde pública (Marques, 2008). remédios deles curam? Não mesmo! Pra que que eles iam curar, pra ficar menos ricos? Isso é o capitalismo, gente, só lucro, e nos acreditamos que esse monstro que nos vai curar. Ele é o demônio verdadeiro, que está matando o povo. O capitalismo está no nosso sangue e nos nem percebemos. E como os agrotóxicos, é a mesma lógica. E dar remédio contra o veneno que eles mesmos inventaram. E depois a gente fica doente e querem nos vender os remédios pra pobres. Laboratório não quer deixar de fabricar remédios pra pobres, porque senão eles vão parar de ganhar dinheiro. Entende? É tudo o manejo e tudo o demônio capitalista. É o demônio, e o diabo, o único demônio que existe é esse ai. O resto vem tudo desse ai, o resto dos diabinhos vem tudo desse grande ai.” (Rafinha, 16/10/2014). É interessante perceber como este espaço de aprendizagem coletiva e geração de conhecimento está relacionado com a construção (às vezes, resgate) de uma perspectiva integral de saúde, cujas decisões sobre o corpo e a cura das doenças passam à esfera de ação das mulheres. Ou seja, boa parte dos remédios e procedimentos adotados (e eles se referem também a hábito alimentares, regimes de trabalho, lazer, dentre outros) não é estabelecida pelo Estado ou preconizada exclusivamente por profissionais da saúde. Nesse sentido, o espaço da Farmacinha, suas práticas e atendimentos, pode ser visto como um espaço de politização dessas mulheres. Esta politização deve ser entendida como o processo de subjetivação e transformação de novas identificações que as levam a atuarem e organizarem em um movimento de oposição de estruturas sociais preestabelecidas, aparentemente imutáveis e coercitivas. Percebe-se então, que a partir das reuniões do grupo da Farmacinha, que as mulheres passaram a se (re)conhecer, politizar e empoderar-se, aumentando sua autoestima: “A Farmacinha é a coisa mais importante que me aconteceu na vida...eu aprendi tudo aqui, Não sei o que teria sido de mim sem a Farmacinha, guria. Acho que hoje já não estaria viva”(Dona Maria, 25/05/2014). Não bastasse ser, um espaço de aprendizado, onde Dona Maria foi alfabetizada, conheceu a arte das plantas medicinais, ele é um espaço emancipador. A Farmacinha é: “Um lugar de libertação [...] onde podíamos falar de coisas, porque era um lugar só pra mulheres. Mas os homens muitas vezes nos seguiam pra nos espiar, pra controlar. Antes da Farmacinha existir, as mulheres não saíamos de casa, nem encontrávamos a família, as amigas, era tudo assim, dentro de casa” (Dona Maria, 11/06/2014). Esta politização e aumento da autoestima enquanto mulheres se da em grande medida pelo fato de se reunirem e conversarem sobre questões do seu cotidiano, podendo compartilhar as suas preocupações, vivências e informações. Nestas propostas locais, a política é vista como processo de subjetivação (Gibson-Graham, 2004), nas quais os indivíduos criam novas identificações - 'mulher', 'camponesa', 'sustentável' - que permitem novas ações e organizações como neste caso é a elaboração de remédios com plantas medicinais - ou a participação destas mulheres nas marchas e ações do MMC. Sob esta perspectiva podemos dizer que a Farmacinha constitui um espaço ou lugar que permite uma 'política do local' cuja proposta se centram não na sua autenticidade (enquanto espaço feminista, por exemplo), mas sim na sua relevância na vida das mulheres que dela fazem parte. Segundo GibsonGraham (2004), estes lugares que permitem uma política do local: “they are already everywhere engaged in constructing and revitalizing places, in response to the exigencies and possibilities of their everyday lives. What the project hopes to do is foster this tenacious, dispersed and barely visible ‘movement’, creating connections (networks or ‘meshworks’), sharing information and inspiration through academic and non-academic channels and developing local experiments into a collective knowledge that will spawn and support more projects and ideas”13. (p. 28). Pode-se arriscar dizer que, até mesmo, a reflexão sobre sua condição de mulheres, e dos seus papeis sociais é parte da construção deste espaço de encontro e ação que significam as Farmacinhas. Segundo Gibson-Graham (2004), estes lugares, que permitem uma política do local, são “places being created, strengthened, defended, augmented, transformed by women 14”, e fazem com que o 'pessoal seja político'(p.30). Neste sentido, o exposto por Dona Margarida - participante da Farmacinha- , mostra todo esse empoderamento, “[antes] não podia sair de casa sem que o meu marido ficasse com a cara amarrada e não falasse por oito dias...era ciúme, sabe...”, mas que ela aprendeu “ a andar sozinha, e hoje ele não me diz mais nada. Quando venho pra Farmacinha ele nem pergunta mais nada” (Dona Margarida, 11/06/2014). Reflexões finais: A partir da análise efetuada dos diferentes discursos sobre o desenvolvimento e as suas paticas podemos observar que o desenvolvimento não é um discurso homogêneo e unidirecional. Consideramos que estes discursos e práticas vem sendo contestados, disputados e ressignificados pelos diferentes atores, a diferentes níveis. Nestes diferentes níveis a colonialidade e o exercício do poder atuam de formas diferentes, sempre em múltiplas direções e em rede (Castro- Gómez, 2007). Assim, no modelo de desenvolvimento proposto pelo Movimento das Mulheres Camponesas, outros valores que não são o capital são colocados como prioritários, como a luta pela igualdade de direitos, a agroecologia, a defesa das sementes crioulas, a solidariedade entre elas, ou a luta pela vida digna no campo entre outras. Estas mulheres procuram outros marcos e referências diferentes aos propostos pelo modelo hegemônico de desenvolvimento, tentando estabelecer outra relação entre homens e mulheres e do ser humano com a natureza. Assim buscam construir outra realidade no seu cotidiano, onde o capital e o desenvolvimento não possuem a exclusividade do programa político. A politização das mulheres que fazem parte da Farmacinha da Solidão também vem da mão do 13 “Elas já estão em todos os lugares envolvidas na construção e revitalização de locais, em resposta às exigências e possibilidades de suas vidas cotidianas. O que o projeto pretende fazer é fomentar este "movimento" tenaz, disperso e pouco visível, criando conexões (redes ou malhas), a partilha de informação e inspiração através de canais acadêmicos e não-acadêmicos e experiências locais de desenvolvimento em um conhecimento coletivo que vai expandir-se e apoiar mais projetos e ideias” (Tradução própria) 14 “Vêm sendo criados, defendidos, argumentados e transformados por mulheres” Tradução própria. MMC. O Movimento apresenta uma clara resistência e oposição ao desenvolvimento hegemônico, tanto no seu discurso, como analisávamos anteriormente, quanto nas suas práticas - que vão desde a organização de férias da biodiversidade à açoes diretas 15 -. Ele constitui um espaço político no qual se articula a luta contra o modelo de desenvolvimento hegemônico. As mulheres do Movimento lutam nas suas práticas diárias pela produção de alimentos agroecológicos e a vida digna no campo. Como elas mesmas falam “a partir do feminismo camponês fazem sua história e buscam construir outros marcos na história da agricultura brasileira” fora dos padrões do agronegócio. Podemos concluir observando como a Farmacinha constitui um espaço de contraposição ao desenvolvimento por dois fatores principalmente. Um deles é a elaboração de remédios naturais, o que se opõe à lógica de mercado e de desenvolvimento pela qual a saúde deve ser garantida pelo Estado e adquirida a través das farmacêuticas, a pesar da reconhecida legitimidade da medicina tradicional (Marques, 2008). Por outro lado, a partir dos depoimentos destas mulheres e do acompanhamento feito da Farmacinha, poderíamos considerá-la como um lugar de politização das mulheres, entendida esta politização como o processo de subjetivação ou aparição de novas identificações por parte dos indivíduos e dos coletivos, que levam eles a atuarem e se organizarem de outras formas em contraposição ao desenvolvimento (Gibson-Graham, 2004). As Farmacinhas constituiriam um 'espaço ontológico' (Escobar, 2008) onde é possível pensar e se movimentar para além do capital, convivendo com o modelo de desenvolvimento dentro de um mundo pluriverso. Bibliografia: Almeida, J. (1997) Da ideologia do progresso à ideia de desenvolvimento rural sustentável. In: Almeida, J.; Navarro, Z. Reconstruindo a agricultura: ideias e ideais na perspectiva do desenvolvimento rural sustentável (33-55). Porto Alegre: Universidade Federal Rio Grande do Sul (UFRGS). ANAMA/PGDR/UFRGS. 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