611 Síntese e Caracterização de Nanocompósitos Poliuretano/Carbonato de Cálcio e Poliuretano/Óxido de Titânio V Mostra de Pesquisa da PósGraduação Vinicius D. da Silva1, Angélica Cenci2,3, Evelyn M. de A. Bittencourt2,3, Leonardo M. dos Santos2, Rosane Ligabue1,2, Carlos L. P. Carone1,2, Sandra Einloft1,2 (orientador) 1 Programa de Pós-graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais (PGETEMA), 2Faculdade de Química (FAQUI), 3Programa de Educação Tutorial (PET-Química) - PUCRS Introdução Os poliuretanos (PU’s) compreendem uma classe bastante variada de polímeros, sendo aplicáveis em diversos segmentos industriais. Sendo assim, a reação entre isocianatos e álcoois tem sido alvo de inúmeras investigações, seja para a melhoria dos processos conhecidos ou no desenvolvimento de novos materiais [1]. A versatilidade da tecnologia dos poliuretanos está baseada na ampla disponibilidade de materiais iniciais para sua síntese, como resultado, a síntese, caracterização e investigação de sua estrutura e propriedades tem sido alvo do interesse acadêmico e industrial há aproximadamente 50 anos [2, 3]. A grande flexibilidade na seleção de monômeros possibilita a obtenção de poliuretanos (PUs) com características físico-químicas diversificadas. Aliado a este fato a mistura entre diversos polímeros e a incorporação de materiais inorgânicos nanoparticulados nos mesmos têm sido uma prática bastante investigada [4-7]. Nanocompósitos poliméricos são materiais formados por uma matriz termoplástica, termorrígida ou elastomérica e cargas reforçantes particuladas em que pelo menos uma das suas dimensões esteja em escala nanométrica. Estes materiais apresentam melhores propriedades térmicas, mecânicas e de barreira, e podem ter inúmeras aplicações práticas[8]. Assim, o presente trabalho tem como objetivo a síntese e caracterização de nanocompósitos poliuretanos/carbonato de cálcio e poliuretano/óxido de titânio, obtidos via polimerização in situ, a fim de analisar e comparar o comportamento térmico e morfológico quando várias concentrações das diferentes nanocargas são introduzidas na matriz polimérica. V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 612 Metodologia As sínteses dos nanocompósitos foram realizadas a partir da reação entre o hexano1,6-diol e o hexametildiisocianato (HDI) na razão molar NCO/OH 1:1. Dibutil dilaureato de estanho (DBTDL) foi utilizado como catalisador (0,1% em relação à massa dos reagentes), etilmetilcetona (MEK) foi utilizado como solvente (aproximadamente 50 mL). Tanto o carbonato de cálcio (CaCO3) como o óxido de titânio (TiO2) foram adicionados como nanocargas nas proporções 0,5%, 1%, 2%, 3% e 5% em massa em relação ao polímero puro. O sistema reacional utilizado foi um reator de vidro de 500 mL com entrada de cinco bocas, as quais foram acopladas agitação mecânica, termopar para controle de temperatura (40°C), sistema de refluxo, funil de adição para solvente e entrada para retirada de alíquotas em diferentes tempos de reação. As reações foram feitas em uma única etapa e conduzidas em atmosfera de N2. O sistema foi mantido em refluxo por um tempo reacional de 2h30min, retirando-se alíquotas nos tempos reacionais de 1h, 1h30min, 2h e 2h30min para acompanhamento da reação. Para acompanhar o desenvolvimento das reações foi utilizada a técnica de espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR, PerkinElmer FTIR spectrometer model Spectrum 100). Utilizou-se a técnica de Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) com um equipamento TA Instruments modelo Q20, em um intervalo de temperatura de -90°C a 220°C, a fim de comparar as diferentes propriedades dos nanocompósitos sintetizados, tais como a temperatura de transição vítrea (Tg), temperatura de fusão (Tm) e temperatura de cristalização (Tc). As análises por DSC foram realizadas em dois ciclos, com taxa de 10°C/mim no primeiro e 5°C/min no segundo ciclo. Calculou-se a taxa de cristalinidade levando-se em consideração a entalpia do poliuretano 100% cristalino. Para análise morfológica dos nanocompósitos utilizou-se a Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), auxiliada por Espectrômetro de Raio-X por Energia Dispersa (EDS). Resultados O acompanhamento das reações de polimerização com ambas as nanocargas (óxido de titânio e carbonato de cálcio) por espectroscopia no infravermelho apresentaram espectros sem bandas na faixa de 2267 cm-1 no tempo reacional de 2h, indicando a ausência de NCO-1 livre e, conseqüentemente, o término das reações de polimerização. Pelas análises do segundo ciclo de aquecimento por DSC, observou-se um leve aumento nas temperaturas de fusão (Tm) dos materiais com CaCO3 e um aumento mais pronunciado com TiO2 em relação ao polímero puro. Independente da quantidade de V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 613 nanocarga utilizada, a Tm passou de 154°C (PU puro) para uma média de 156°C (PU com CaCO3) e para uma média de 164°C (PU com TiO2). A taxa de cristalinidade também aumentou de 36% (PU puro) para uma média de 46%(PU com CaCO3) e para uma média de 42% (PU com TiO2). Esses resultados demonstram que os materiais, principalmente os com TiO2, aparentemente, apresentaram uma maior resistência térmica, bem como uma maior organização do retículo cristalino. Os materiais com nanocarga apresentaram um aumento na temperatura de cristalização (Tc) em relação ao polímero puro, o que pressupõe um aumento na cinética de cristalização, o que será comprovado posteriormente com um acompanhamento aprofundado da cinética das reações. As micrografias obtidas a partir do PU virgem e do PU com nanocargas mostraram que quanto maior a porcentagem de nanocarga adicionada maior é a tendência das mesmas a se aglomerarem, deixando a distribuição sobre a matriz polimérica menos uniforme. Os melhores resultados em termos de homogeneidade de distribuição na matriz polimérica foram obtidos quando se usou a adição de 0,5% de carga, tanto para o carbonato de cálcio quanto para o óxido de titânio. Conclusão O nanocompósitos apresentaram um aumento na taxa de cristalinidade, bem como na temperatura de fusão, independente da quantidade de carga adicionada. Em relação à quantidade de cargas adicionadas, observou-se por microscopia eletrônica de varredura, uma tendência há uma distribuição desuniforme na matriz polimérica quando se aumentou a alimentação das mesmas durante o processo de polimerização in situ. Dessa forma, nas condições testadas e com estas análises preliminares, o melhor resultado foi obtido quando se adicionou 0,5% de TiO2 ao PU em formação. Acredita-se, então, que houve uma melhoria nas propriedades do material formado. Referências [1] J. Dodge, Polyurethanes and Polyureas. Synthetic Methods in Step-Growth Polymers. United States of America: John Wiley & Sons, 2003. p. 197-258. [2] S. L Cooper; A. V Tobolsky. Journal of Applied Polymer Science, 1966, v,10, n. 12, 1837-1844,. [3] E. M. Hicks Jr.; A. J. Ultee,; C. Drougas, Science, 1965, Wilmington, Delaware, v. 147, n. 3656, p. 373-379,. [4] C. Molero, A. de Lucas, J. F. Rodríguez*. Polymer Degradation and Stability, 2006, 91, 894-901. [5] A. Marand, D. Karlsson, M. Dalene, G. Skarping*. Analytica Chimica Acta, 2004, 510, 109-119. [6] C-H Wu*, C-Y Chang, J-K Li. Polymer Degradation and Stability, 2002, 75, 413-421. [7] D. W. Hatchett*, G. Kodippili, J. M. Kinyanjui, F. Benincasa, L. Sapochak. Polymer Degradation and Stability, 2005, 87, 555-561. [8] S. J. Ahmadi, Y. D. Huang, W. Li. J. Mat. Scic., 2004, 39, 1919. V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010