0 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ JOSÉ OLINDINO DE SOUZA JÚNIOR PLANO DE COMUNICAÇÃO PARA O GRUPO INTERINSTITUCIONAL SOBRE A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS - GIRS Biguaçu 2012 1 JOSÉ OLINDINO DE SOUZA JÚNIOR PLANO DE COMUNICAÇÃO PARA O GRUPO INTERINSTITUCIONAL SOBRE A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS - GIRS Trabalho de Conclusão de Estágio apresentado ao Curso de Administração do Centro de Educação de Biguaçu – Universidade do Vale do Itajaí, como requisito para obtenção do Título de Bacharel em Administração. Professor Orientador: Rogério Raul da Silva Biguaçu 2012 2 JOSÉ OLINDINO DE SOUZA JÚNIOR PLANO DE COMUNICAÇÃO PARA O GRUPO INTERINSTITUCIONAL SOBRE A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS - GIRS Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi considerado adequado para a obtenção do Título de Bacharel em Administração e aprovado pelo Curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação de Biguaçu. ________________________________________________ Prof Dr. Valério Cristofolini UNIVALI – Campus Biguaçu Coordenador do Curso Banca Examinadora: ________________________________________________ Prof (a) Rogério Raul da Silva UNIVALI – Campus Biguaçu Professor Orientador ________________________________________________ Prof (a) Rosalbo Ferreira UNIVALI – Campus Biguaçu Membro I ________________________________________________ Prof (a) Vanderléia Martins Lohn UNIVALI – Campus Biguaçu Membro II 3 Dedico este Trabalho de Conclusão de Estágio aos meus pais José Olindino de Souza e Rosa Alexandre de Souza, aos meus irmãos pelo apoio em todos os momentos de estudo, e a todos meus familiares e amigos que não me deixaram desanimar em todos os momentos difíceis dessa caminhada, contribuindo para que eu pudesse atingir meu objetivo. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado forças, e por me guiar durante toda esta caminhada. Aos meus pais, José Olindino de Souza e Rosa Alexandre de Souza, que sempre estiveram presentes em minha vida, me apoiando e me dando força em todos os momentos. A toda a minha família, principalmente meus irmãos, por todo amor, carinho, dedicação e paciência durante esta caminhada. A todos os meus amigos de curso por todo companheirismo e amizade que demonstraram durante esses anos, em especial ao Douglas, pela parceria durante todo o curso e a Letícia, pelas palavras carinhosas nos momentos mais difíceis, no qual levarei para sempre. Aos meus amigos, que de forma tão compreensiva entenderam minha ausência em vários momentos, Jerônimo, Juliano, Karla, Rosi e tantas outras pessoas importantes na minha vida, e pelas palavras de apoio e amizade nos momentos em que mais precisei. A minha prima Marli, minha cunhada Sheila e meu amigo Paulino, pela paciência e importantes contribuições feitas ao meu trabalho. Ao GIRS, em especial ao Doutor Hélio, a Maristela e a Tônia, por suas valiosas contribuições, sendo sempre tão acessíveis e gentis quando procurados, e por me proporcionar a oportunidade de desenvolver um trabalho para uma questão tão importante para nossa sociedade. A todos os professores e funcionários da UNIVALI, em especial ao meu orientador professor Rogério Raul da Silva pelas valiosas contribuições para a concretização deste trabalho, ao professor Rosalbo Ferreira e a professora Vanderléia Martins Lohn, pela confiança depositada, no momento em que me indicou para a realização desse trabalho no GIRS e pelos conhecimentos adquiridos trabalhando como seu bolsista. Enfim a todos aqueles amigos e parentes que contribuíram diretamente ou indiretamente para que esta jornada pudesse ser concluída. 5 "Nunca, jamais, desanimeis, embora venham ventos contrários”. (Santa Paulina) 6 RESUMO A sustentabilidade e o meio-ambiental tem sido uma preocupação atual da sociedade como um todo. O objetivo desse trabalho foi elaborar um plano de comunicação para o Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS de Florianópolis, movimento social, pertencente ao terceiro setor. Sabe-se que, o terceiro setor, assim como as demais organizações necessitam das ferramentas da administração para sua manutenção no mercado em que atuam e para obtenção de seus objetivos, sendo que entre essas ferramentas está a comunicação integrada de marketing. Nesse contexto, com o objetivo de identificar quais ações de comunicação que devem ser adotadas pelo Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS para que o movimento consiga transmitir de forma eficaz suas mensagens e atingir as metas desejadas, o presente estudo realizou num primeiro momento uma análise crítica do material bibliográfico disponível para consulta, abordando temas relevantes para o desenvolvimento do trabalho, no qual forneceu subsídios para sua conclusão. Em seguida foi realizada uma entrevista junto aos gestores do movimento e com cinco Organizações Sociais pertencentes ao projeto OAB Cidadã de Santa Catarina, a fim de obter maiores informações para a elaboração do plano em questão. A análise e interpretação dos dados coletados foram realizadas de forma predominantemente qualitativa e o método de estudo utilizado no trabalho foi o estudo descritivo. A elaboração do plano de comunicação foi a última etapa do trabalho e seguiu o modelo proposto por Kotler e Keller (2006), sendo que, foi através desse modelo que foram desenvolvidas as ações para as soluções dos problemas encontrados. A estratégia para definir os objetivos da comunicação foi apresentada e o público-alvo identificado, assim como os elementos do composto de comunicação, mostrando claramente os caminhos a serem percorridos para que os objetivos da comunicação de marketing sejam cumpridos. Palavras-chaves: Plano de Comunicação Integrada de Marketing. Resíduos Sólidos. Terceiro Setor. GIRS. 7 ABSTRACT The sustainability and environmental noon today has been a concern of society as a whole. The aim of this study was to develop a communication plan for the Interagency Group on Management of Municipal Solid Waste - GIRS of Florianópolis, social movements, belonging to the third sector. It is known that the third sector, as well as other organizations need tools for maintenance management in the market in which they operate and to achieve their goals, and among these tools is the integrated marketing communication. In this context, in order to identify which communication actions that should be taken by the Interagency Group on Management of Municipal Solid Waste - GIRS so that the movement can convey their messages effectively and achieve the desired goals, this study conducted a initially a critical analysis of the bibliographic material available for consultation, covering topics relevant to the development of the work, which provided subsidies to its conclusion. Then an interview was conducted with the managers of the movement and Social Organizations with five belonging to the project OAB Citizen of Santa Catarina, in order to get more information for the preparation of the plan in question. The analysis and interpretation of data were conducted in a predominantly qualitative study method and used in the study was a descriptive study. The development of the communication plan was the last stage of the work and followed the model proposed by Kotler and Keller (2006), and it was through this model the actions that have been developed for the solutions of the problems encountered. The strategy to define the goals of the communication was presented and identified target audience, as well as the elements of the communication mix, clearly showing the routes to be followed so that the objective of marketing communication are met. Keywords: Plan of Integrated Marketing Communications, Solid Waste, Third Sector. GIRS. 8 LISTA DE SIGLAS AACD Associação de Assistência a Criança Defeituosa AMA American Marketing Association CDI Comitê para a Democratização da Informática CDL Câmara dos Dirigentes Lojistas CIM Comunicação Integrada de Marketing CMS Conselho Municipal de Saneamento CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento COMCAP Companhia Melhoramentos da Capital CVV Centro de Valorização da Vida FAÇA Fundação Açoriana para Controle da AIDS GIRS Grupo Interinstitucional Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos ICEF Instituto de Cultura Espírita de Florianópolis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICOM Instituto Comunitário Grande Florianópolis ONG Organização não Governamental OSCIPs Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público OVPs Organizações Voluntárias Privadas RSU Resíduos sólidos urbanos SEST/SENAT Serviço Social do Transporte / Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Principais funções do processo de gestão........................................ 19 Figura 2 Três etapas ou decisões do processo de planejamento................... 22 Figura 3 Processo de planejamento estratégico.............................................. 26 Figura 4 O processo e as ferramentas de planejamento operacional............. 29 Figura 5 Os quatro Ps..................................................................................... 35 Figura 6 Integração da comunicação de marketing com a construção do brand equity. ............................................................................................................. 41 49 Figura 7 O processo de comunicação............................................................. 50 Figura 8 O processo de gestão de comunicação de marketing....................... 55 Figura 9 Etapas no desenvolvimento de uma comunicação eficaz................. 56 Figura 10 As ferramentas do composto promocional........................................ 67 Figura 11 Matriz de Planejamento do GIRS...................................................... 85 Figura 12 Organograma do GIRS...................................................................... 86 Figura 13 Etapas no desenvolvimento de uma comunicação eficaz .............. 100 10 LISTA DE QUADROS E TABELA Quadro 1 O planejamento nos três níveis da empresa .............................. 25 Quadro 2 Plataformas comuns de comunicação ....................................... 48 Quadro 3 Elementos do composto de comunicação .................................. 66 Quadro 4 Objetivos e atividades do GIRS ................................................. Quadro 5 Comunicação do GIRS ............................................................... 92 Quadro 6 Ações de comunicação a serem utilizadas pelo GIRS ............... 93 Quadro 7 Estrutura Administrativa e Grupos Temáticos do GIRS.............. 93 Quadro 8 Atividades desenvolvidas pelas ONGS ...................................... 95 Quadro 9 Público alvo das ONGS .............................................................. 95 Quadro 10 Objetivo das ONGS .................................................................... 96 Quadro 11 Mensagem que as ONGS desejam transmitir ............................ 96 Quadro 12 Elementos de Comunicação utilizados pelas ONGS ................. Quadro 13 Promoção dos Eventos das ONGS ............................................ 98 Quadro 14 Meios de captação de recursos.................................................. Tabela 1 Faturamento bruto por meio de comunicação (2011/ 2012)....... 78 91 97 98 11 SÚMARIO 1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 13 1.1 OBJETIVOS......................................................................................... 15 1.1.1 Objetivo geral .................................................................................... 15 1.1.2 Objetivos específicos ....................................................................... 16 1.2 JUSTIFICATIVA................................................................................... 16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................... 18 2.1 ADMINISTRAÇÃO............................................................................... 18 2.2 PLANEJAMENTO................................................................................ 21 2.2.1 Níveis organizacionais e tipos de planejamento ........................... 24 2.2.1.1 Nível institucional ................................................................................ 25 2.2.1.2 Nível intermediário .............................................................................. 27 2.2.1.3 Nível operacional ................................................................................ 28 2.3 MARKETING ....................................................................................... 30 2.3.1 Composto de marketing ................................................................... 34 2.4 MARKETING SOCIAL......................................................................... 38 2.5 TERCEIRO SETOR ............................................................................ 40 2.5.1 Marketing no terceiro setor .............................................................. 42 2.6 COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING .............................. 44 2.6.1 Modelos de processo de comunicação .......................................... 52 2.6.2 Etapas de um plano de comunicação ............................................. 54 2.6.2.1 Identificação do público alvo ............................................................... 57 2.6.2.2 Determinação dos objetivos ................................................................ 58 2.6.2.3 Elaboração da comunicação ............................................................... 59 2.6.2.4 Seleção dos canais de comunicação .................................................. 60 2.6.2.5 Estabelecimento do orçamento total de comunicação de marketing... 63 2.6.2.6 Decisão sobre o mix de comunicação de marketing .......................... 65 2.6.2.7 Mensuração dos resultados da comunicação ..................................... 72 2.6.2.8 Gerenciamento do processo de comunicação integrada de marketing ............................................................................................ 734 2.7 A INTERNET E A COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES ............. 76 3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ................................................ 80 12 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ................................... 84 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ......................................... 84 4.2 ANÁLISE DOS DADOS E INFORMAÇÕES COLETADAS ................ 90 4.3 PLANO DE COMUNICAÇÃO PARA O GIRS .................................... 100 4.3.1 IDENTIFICAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO DO GIRS .............................. 100 4.3.2 IDENTIFICAÇÃO DOS OBJETIVOS DO GIRS .................................. 101 4.3.3 IDENTIFICAÇÃO DA COMUNICAÇÃO DESEJADA PELO GIRS ..... 101 4.3.4 IDENTIFICAÇÃO E SELEÇÃO DOS CANAIS DE COMUNICAÇÃO QUE DEVEM SER UTILIZADOS PELO GIRS ................................... 102 4.3.5 IDENTIFICAÇÃO DO ORÇAMENTO DISPONÍVEL PELO GIRS PARA A COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING .............. 102 4.3.6 DECISÃO SOBRE O MIX DE COMUNICAÇÃO PARA O GIRS ........ 4.3.7 MENSURAÇÃO DOS RESULTADOS DA COMUNICAÇÃO DO GIRS ................................................................................................... 4.3.8 GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA 102 103 DE MARKETING ....................................................................................... 103 4.4 SUGESTÕES DE IMPLEMENTAÇÃO ............................................... 104 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... 106 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 109 APÊNDICE A Roteiro da entrevista realizada com os gestores do GIRS..................................................................................... APÊNDICE B 114 Roteiro da entrevista realizada com as organizações sociais pertencentes ao projeto OAB cidadã de Santa Catarina ............................................................................... 116 13 1 INTRODUÇÃO O tema ambiental e a questão da sustentabilidade nunca tiveram tanto enfoque quanto nos dias atuais, em função da mudança significativa no comportamento humano nos últimos tempos. As circunstâncias de mercado vivenciadas pela sociedade, o acirrado ambiente capitalista inserido neste mesmo contexto social e a primordial obrigação em suprir necessidades básicas, sejam elas individuais ou coletivas, acarretam na produção de um número significativo de resíduos sólidos todos os dias. Rodrigues e Chiavenato (1997, p.10) afirmam que "no decorrer deste século, a população mundial dobrou de tamanho, porém a quantidade de lixo produzido no mesmo período aumentou numa proporção muito maior". Pois grande percentual das coisas que se compram, são consumidas em até 6 meses e se tornam lixo. Em função da obsolescência competitiva, de seguir e estar na moda imposta pela sociedade, se compra cada vez mais, sem necessidade, simplesmente pelo fato de acompanhar o que está em voga no mercado no momento, produzindo dessa forma cada vez mais lixo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2002), em 2000, o lixo produzido diariamente no Brasil chegava a 125.281 toneladas, sendo que 47,1% era destinado a aterros sanitários, 22,3 % a aterros controlados e 30,5 % a lixões. Ainda segundo dados do IBGE (2002), nas cidades com até 200.000 habitantes, são recolhidos de 450 a 700 gramas por habitante, nas cidades com mais de 200 mil habitantes, essa quantidade aumenta para a faixa entre 800 e 1.200 gramas por habitante. Por fim, o instituto (IBGE, 2002), ainda aponta que em 2000 eram coletadas 125.281 toneladas de lixo domiciliar, diariamente, em todos os municípios brasileiros. Segundo Moura (2002, p. 10) ao longo do tempo o homem sempre utilizou os recursos naturais do planeta. Os recursos eram abundantes e a natureza aceitava os despejos de resíduos realizados. No entanto, com o advento do aumento populacional e organização das sociedades durante a história, a natureza não mais comportou de maneira natural tais resíduos, resultando que atualmente, a questão ambiental é um dos assuntos que mais tem atraído a atenção de muitas pessoas, pela valorização que se dá à qualidade de vida e pela percepção de que as 14 consequências do descaso com o meio ambiente têm conduzido a situações criticas para a própria sobrevivência da humanidade em longo prazo. No Brasil, em 2010, foi sancionada a Lei 12305/2010, que instituiu a política nacional de resíduos sólidos, e vem estabelecer de maneira formal uma grande preocupação do país: o destino e, principalmente a responsabilização da sociedade no que tange aos resíduos sólidos urbanos. A lei objetiva disciplinar a coleta, o destino final e o tratamento de resíduos urbanos, perigosos e industriais, entre outros. O texto da lei estabelece diretrizes para reduzir a geração de lixo e combater a poluição e o desperdício de materiais descartados pelo comércio, pelas residências, pelas indústrias, por empresas e hospitais (BRASIL, 2010). Nesse contexto, pode-se perceber que o governo através de medidas legais está trabalhando para resolver os impasses que envolvem os assuntos referentes ao meio ambiente e responsabilidade social, porém, o que deve acontecer é uma conscientização das pessoas em seu comportamento ambiental, cabendo à sociedade a adotar uma postura de consumo responsável, mudando seus hábitos e tentando minimizar o volume de resíduos que produz diariamente e encaminhando o que for produzido para a adequada coleta, seja ela comum ou seletiva. Desta forma, a fim de ajudar o poder público na questão ambiental, foi criado e, 2010 o Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos para Florianópolis – GIRS. Um movimento sem fins lucrativos, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da coleta seletiva do lixo e tratamento dos resíduos descartáveis. Porém muitos desconhecem sua existência e sua função social. Igualmente às outras organizações, tanto do primeiro, do segundo e do terceiro setor, o GIRS necessita que sua causa seja divulgada, para que assim possa ter os resultados esperados e seus objetivos concretizados. A comunicação de uma organização sem fins lucrativos deve ser planejada, tanto para facilitar sua gestão, melhorar a produtividade do ambiente organizacional e conseguir transmitir seus ideais, seu trabalho e valores de forma consistente, quanto para evitar que sua imagem seja construída de forma negativa ou distorcida. (DRUKER, 1994 apud ENDO, 2003) Para Kotler (1994, p. 24), as organizações que não visam o lucro estão envolvidas no marketing quer estejam ciente ou não. Estão envolvidas no mais diversos mercados e usam alguns princípios operacionais no tratamento de cada 15 mercado, esses princípios definem o marketing dessas organizações. A razão fundamental para que uma organização que não visa a lucro interessar-se pelos princípios formais de marketing é que esses princípios fazem com que a organização se torne mais eficaz na obtenção de seus objetivos. As organizações numa sociedade livre dependem das trocas voluntárias para que possam realizar seus objetivos. Os recursos devem ser atraídos, os empregados devem ser estimulados, os clientes devem ser encontrados. O planejamento de incentivos apropriados é um passo importante no estímulo dessas trocas. O marketing é a ciência que mais se preocupa com o controle eficaz e eficiente das trocas (KOTLER, 1994, p. 24). Nesse sentido, o presente trabalho objetiva propor um plano de comunicação, tendo em vista que os gestores do GIRS estão com dificuldade em realizar essa comunicação com seu público alvo. As ações que os gerentes desejam adotar ainda são incertas e irresolutas. Ou seja, os gestores estão em dúvida acerca dos métodos que deverão utilizar para conseguir transmitir à sociedade suas mensagens a fim de conseguir atingir os objetivos pretendidos, pois o processo comunicação da organização não está devidamente claro e preciso. Por todas essas questões apresentadas, coloca-se a seguinte pergunta, que este estudo pretende responder: Qual conteúdo deve constar em um plano de comunicação para o GIRS, para que os gestores da organização consigam identificar quais ações de comunicação devem ser adotadas a fim de transmitir de forma eficaz suas mensagens e consequentemente atingir as metas pretendidas pelo movimento? 1.1 OBJETIVOS A partir da exposição realizada anteriormente, busca-se nesse estudo respostas para a questão problema apresentada, para tanto, se define os objetivos gerais e específicos do presente trabalho. 1.1.1 Objetivo geral Elaborar um plano de comunicação para o Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS, em Florianópolis, no período de março a novembro de 2012. 16 1.1.2 Objetivos específicos a) Conhecer as variáveis que compõem um plano de comunicação; b) Realizar uma análise das variáveis associadas ao plano de comunicação no Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS; c) Criar objetivos e estratégias de comunicação para o Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS. 1.2 JUSTIFICATIVA Atualmente o GIRS não possui um plano de comunicação, ferramenta essa muito importante para qualquer tipo de organização, privada ou pública. A partir do presente estudo, será possível sugerir aos gestores e administradores do GIRS ações para a implementação de estratégias de comunicação que irão auxiliar o movimento na divulgação de suas atividades, além de possibilitar um feedback da comunidade em relação as ações realizadas, podendo dessa forma direcionar seus esforços, elaborando estratégias e definindo soluções inteligentes para resolver suas dificuldades, e consequentemente alcançar as metas desejadas. Ou seja, melhorar a comunicação com a população de Florianópolis, visando conscientizá-los sobre a importância da coleta seletiva do lixo e tratamento dos resíduos descartáveis. Salienta-se que a referida instituição até o momento nunca utilizou desse tipo de ferramenta de Marketing para a divulgação de suas ações, e por se tratar de um movimento inovador na região de Florianópolis, não é muito conhecido por seus munícipes, motivos pelo qual o momento atual se torna favorável à realização do trabalho. Para o acadêmico, sua importância é evidenciada a partir do momento em que se percebe a falta de estudos referentes ao tema proposto, e também por possibilitar ao acadêmico uma base sólida para possíveis atuações na área de marketing em organizações, privadas ou públicas, além de disponibilizar dados para futuros trabalhos que englobem o tema comunicação de marketing para o terceiro setor. Para a Universidade o estudo não é considerado comum, tendo relevância por sua originalidade e ousadia, uma vez que raramente são vistos trabalhos 17 relacionados à comunicação de marketing voltada para organizações do terceiro setor. Para o terceiro setor o trabalho se torna relevante a partir do momento em que se mostra a importância da comunicação e do marketing voltado para essas organizações, proporcionando novos conhecimentos num setor social carente de conhecimentos específicos, que muitas vezes desconhecem esse tipo de ferramenta para sua gestão. 18 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Esse capítulo reúne importantes informações da área da Administração e do Marketing. Os conteúdos abordados foram analisados na visão e concepção de vários autores, servindo como base para a realização do presente trabalho e fornecendo subsídios para embasar seu desenvolvimento, de modo que o estudo tenha credibilidade, validade e importância comprovada. Os assuntos abordados foram: administração, planejamento, marketing, marketing social, terceiro setor, marketing no terceiro setor e comunicação integrada de marketing. Para a realização do estudo foram consultadas bibliografias relacionadas de forma direta aos objetivos do trabalho, para que houvesse a sustentação na pesquisa, determinando o problema e a justificativa do trabalho, seus aspectos metodológicos e sua caracterização. Dentro da bibliografia consultada estão obras de autores como Las Casas (2010), Urdan; Urdan (2010), Boonie; Kurtz (2009) e Churchill; Peter (2010) servindo como base para a credibilidade do estudo, no entanto, o modelo de plano de comunicação integrada de marketing utilizado no presente trabalho a foi proposto por Kotler; Keller (2006), sendo escolhido por ser o plano mais completo e que mais se adequava à realidade do movimento, além da conceituação dos autores perante as obras já escritas. 2.1 ADMINISTRAÇÃO A administração é uma ciência nova, tendo um pouco mais de 100 anos, e já mostrou sua importância, ocupando um lugar de destaque especial no panorama das ciências, sendo considerada a ciência que permitiu a descoberta da transformação às demais ciências, inventando e inovando produtos e serviços disponíveis para a sociedade (CHIANEVATO, 2006, p. 02) Ainda segundo o mesmo autor (1994, p. 03), a palavra administração tem sua origem no latim e seu significado original implica subordinação e serviço. Em sua origem a palavra administração se refere a uma função que se desenvolve sob comando de outro, de um serviço que se presta a outro. Para Maximiano (2004, p. 33), a administração é uma palavra antiga, associada a outras que se relacionam com o processo de tomar decisões sobre 19 recursos e objetivos, sendo um processo dinâmico de tomar decisões sobre a utilização de recursos, para possibilitar a realização de objetivos. De acordo com a figura 1, existem cinco principais processos que compreendem a administração que são usados para a tomada de decisões e a realização de ações. Figura 1 – Principais funções do processo de gestão PLANEJAMENTO ORGANIZAÇÃO LIDERANÇA CONTROLE EXECUÇÃO Fonte: Maximiano (2004, p. 34) Administração significa em primeiro lugar, ação. A administração é um processo dinâmico de tomada decisões e realização ações que compreende cinco processos principais interligados: planejamento, organização, liderança, (e outros processos da gestão de pessoas), execução e controle (MAXIMIANO, 2004, p. 34). De acordo com Chiavenato (1994, p. 03), a tarefa da administração é a interpretação dos objetivos propostos pela organização e transformação desses objetivos em ações empresarial através de um planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e em todos os níveis da empresa, a fim de alcançar tais objetivos. Para o autor (2006, p. 02), “todo e qualquer tipo de organização requer Administração para ser bem-sucedido”. Ele ainda salienta que vivemos em uma sociedade de organizações, onde tudo é criado, produzido e entregue as próprias 20 organizações, sendo que todas elas necessitam ser bem administradas para que possam alcançar sustentabilidade e competitividade. Faria (2002, p. 02) define a administração como uma condução racional das atividades de uma organização, cuidando do planejamento, da organização, da direção e do controle dessas atividades, com vista a alcançar os objetivos estabelecidos. De acordo com o autor, não existiria organizações sem a existência da Administração, sendo esta uma das áreas mais complexas e desafiadoras. Mesmo nas épocas mais remotas, a Administração existiu como atividade contínua e permanente, uma vez que o homem sempre procurou racionalizar, simplificar e aperfeiçoar suas ações, objetivando maior rendimento e bem-estar (FARIA, 2002, p. 02). Sintetizando, cabe à administração realizar tarefas básicas, por intermédio das pessoas, seja qual for a organização, lucrativa ou não. Segundo Chianevato (2006, p. 03), dois engenheiros realizaram os primeiros trabalhos relativos à administração. O americano Frederick Winslow Taylor, no qual iniciou a denominada Escola de Administração Científica, que tinha a preocupação no aumento da eficiência da indústria através da racionalização do trabalho operário, e o outro foi o europeu Henri Fayol, criador da chamada Teoria Clássica, preocupada em aumentar a eficiência da instituição por meio de sua organização e a aplicação de princípios gerais da Administração em bases científicas. Muito embora ambos não tenham se comunicado entre si e tenham partido de pontos de vista diferentes e mesmo opostos, o certo é que suas idéias constituem as bases da chamada Abordagem Classica da Administração, cujos postulados dominaram as quatro primeiras décadas do século XX no panorama administrativo das organizações. (CHIANEVATO, 2006, p. 03). Na mesma perspectiva, Drucker (2002, p. 03) afirma que a administração é ainda uma entidade de gerenciamento singular na sociedade industrial. Atualmente é impossível falar em termos de “capital” e “trabalho”; o ideal é se referir à “administração” e ao “trabalho”. A administração é o instrumento da sociedade encarregado de transformar os recursos produtivos, ou seja, “responsável pelo processo econômico organizado”. É uma ferramenta indispensável, o que explica sua rápida ascensão e quase nenhuma resistência. Portanto, tendo como base a visão dos vários autores mencionados, pode-se concluir que a administração, como ciência, é um instrumento indispensável para a sustentabilidade de uma organização no ambiente que ela está inserida, seja qual for esse ambiente. A medida que as empresas se vêem em um mercado com cada 21 vez mais concorrência e competitividade, cenários econômicos turbulentos, condições favoráveis e outras adversas, a administração se destaca com uma ferramenta de extrema importância para essas empresas, servindo como suporte para o alcance de seus objetivos. A administração é um conjunto de tarefas, utilizado para o gerenciamento de uma atividade, de um setor ou de uma empresa, a fim de alcançar metas e objetivos estabelecidos. Neste contexto, entre as principais áreas da administração está a área do marketing, tema de extrema importância que norteia o objetivo central desse estudo, que será visto de forma abrangente na sequência do trabalho. Todavia, antes apresenta-se o resultado da pesquisa bibliográfica a respeito da função do administrador, planejamento. 2.2 PLANEJAMENTO Planejamento é o processo onde se determina como a organização poderá chegar, onde almeja e como fará para executar seus objetivos. É o processo ordenado de programas de ação que se destinam a alcançar objetivos de negócio estabelecidos de comum acordo por intermédio da avaliação, da análise e da escolha das oportunidades previstas. É uma atividade gerencial essencial independentemente do tipo de organização que esteja sendo gerenciado. Os gerentes modernos encaram o desafio da realização de um planejamento concreto tanto em empresas pequenas e relativamente simples quanto nas grandes e mais complexas, e tanto em organizações com ou sem fins lucrativos (CERTO, 2003, p. 103). Na mesma perspectiva, Maximiano (2004, p. 138) afirma que o processo de planejamento é uma ferramenta usada para a administração em relação ao futuro. É um mecanismo usado pelos gerentes no processo de tomada de decisões. As decisões de planejamento são decisões que procuram de alguma forma, influenciar o futuro. Além de ser um processo de tomar decisões, o planejamento é uma dimensão das competências intelectuais. Para a moderna psicologia, planejar é uma função cognitiva superior, um tipo de refinado de habilidade. A decisão e a capacidade de lidar com o futuro por meio do planejamento refletem, portanto, uma forma de inteligência (MAXIMIANO, 2004, p. 138). 22 Ainda sob ótica de Maximiano (2004, p. 141) o processo de planejar, compreende três fases principais, conforme a figura 2 mostra a seguir: Figura 2 – Três etapas ou decisões do processo de planejamento. DADOS DE ENTRADA Informações Modelos e técnicas de planejamento Ameças e oportunidades Projeções Decisões que afeatam o futuro Etc PROCESSO DE PLANEJAMENTO Análise e interpretação de dados de entrada Criação e análise de alternativas Decisões ELABORAÇÃO DE PLANOS Objetivos Recursos Meios de controle Fonte: Maximiano (2004, p. 141) Para Megginson, Mosley e Pietri (1986, p. 104), o planejamento é o desenvolvimento de um programa para a realização dos objetivos e metas da organização. O planejamento envolve reconhecer as necessidades de ação, investigar e analisar essa necessidade, desenvolver uma proposta de ação com base na investigação e na análise, e por fim tomar uma decisão. Planejar é escolher uma direção de ação e decidir com antecedência o que deverá ser feito, em que sequência, quando e como. O planejamento proporciona uma base de ação efetiva que resulta na capacidade da administração de prever e preparar-se para as possíveis mudanças que seriam capazes de afetar os objetivos organizacionais. Ele integra as funções de administração e serve para controlar as operações da organização (MEGGINSON; MOSLEY; PIETRI, 1986, p. 105). Corroborando com esta afirmação, Certo (2003, p. 104) ainda enfatiza que o planejamento é uma função gerencial fundamental, aquela que antecede as demais e constitui a uma base para as funções dos gerentes de organizar, influenciar e controlar. Somente após desenvolverem seus planos é que os gerentes podem enfim determinar como desejam estruturar sua empresa, alocar seus funcionários e estabelecer controles organizacionais. 23 Maximiano (2004, p. 138) conclui que planejar é definir objetivos ou resultados a serem alcançados, identificando os meios para possibilitar os resultados desejados, interferindo na realidade para passar de uma situação conhecida a outra situação desejada, dentro de um intervalo definido de tempo, imaginando e trabalhando para a construção uma nova situação, que não resultaria na simples evolução dos acontecimentos presentes. Resumindo, planejar é definir um objetivo, avaliar as alternativas para sua execução e escolher um curso especifico de ação. De acordo com o definido pelo Dicionário Aurélio planejamento é: Ato ou efeito de planejar; Trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados; Processo que leva ao estabelecimento de um conjunto coordenado de ações (pelo governo, pela direção de uma empresa, etc.) visando à consecução de determinados objetivos. (FERREIRA, 2004, p. 1575) Planejamento de acordo com Chiavenatto (2007, p. 168) é um processo de mudança e de inovação. É uma das melhores formas de se inserir deliberadamente mudanças e inovações dentro de uma empresa, de maneira previamente definida e programada. O planejamento tem por objetivo a tomada antecipada de decisão sobre o que fazer antes de a ação ser necessária. Planejar consiste em prever o futuro desejado e estabelecer previamente os cursos adequados para atingi-los. Sendo assim, conclui-se que no atual ambiente em que as organizações atuam, sempre em constante mudança, é indispensável a aplicação do conceito de planejamento para a obtenção e manutenção de seus objetivos. O planejamento é um processo sistemático onde são determinados os objetivos da empresa e em seguida estabelecidos os meios de ações mais oportunos e favoráveis para alcançálos. O processo de planejamento usado de forma correta, segura e com inteligência, torna-se um importante instrumento que pode ser usado a favor da empresa para o auxílio no processo de tomada de decisão, visando o alcance de uma situação que ela deseja de um modo mais eficiente e seguro, com a menor concentração de despesa e de esforços dos recursos humanos e financeiros da organização. Para que todos os objetivos da empresa sejam alcançados esse planejamento deve ocorrer em todos os seus níveis organizacionais, estratégico, funcional e operacional. 24 2.2.1 Níveis organizacionais e tipos de planejamento De acordo com Maximiano (2004, p. 153), os planos podem ser classificados em três níveis principais: estratégico, funcionais e operacionais. Isso vai depender da abrangência e do impacto que o plano tem sobre a organização. Os planos estratégicos revelam a missão da empresa, bem como o futuro e as formas de atuar no ambiente (produtos e serviços, clientes e mercados, vantagens competitivas), sendo que também engloba os objetivos de longo prazo. Os planos funcionais ou administrativos definem os objetivos e rumos de ação das áreas funcionais da organização (marketing, finanças, operações, recursos humanos) para a realização dos planos estratégicos. Por fim, os planos operacionais revelam as atividades, recursos e formas de controle necessário para realizar os cursos de ação selecionados. Para Chiavenato (2007, p. 168), planejamento é uma técnica de coordenação. O planejamento permite a coordenação de diversas atividades que visa à realização dos objetivos desejados de maneira eficaz. Como a eficácia é a obtenção dos objetivos desejados da empresa, torna-se indispensável que as atividades dos diferentes órgãos ou níveis da empresa sejam integradas e sincronizadas para a consecução dos objetivos finais. O planejamento permite essa integração e sincronização. A estratégia necessita de toda uma implementação dos meios necessários para sua execução. Uma vez que esses meios envolvem a empresa como um todo, exige-se atribuir incumbências a todos os níveis da empresa, o institucional, intermediário e operacional, o que pode ser visualizado no quadro 1. 25 Quadro 1 – O planejamento nos três níveis da empresa Níveis Tipos de Planos Conteúdo Tempo Amplitude Planejamento Estratégico Genérico e Sistemático Direcionado para longo prazo Macroorientado Aborda a empresa como uma totalidade Intermediário Planejamento Tático Menos genérico e mais detalhado Direcionado para médio prazo Aborda cada unidade da empresa ou cada conjunto de recursos separadamente Operacional Planejamento Operacional Detalhado e Analítico Direcionado para curto prazo Microorientado Aborda cada tarefa ou operação isoladamente Institucional Fonte: Chiavenato (1994, p. 248) O quadro sobre o planejamento nos três níveis organizacionais da empresa apresentado por Chiavenato (1994, p. 248), representa de forma fiel os níveis organizacionais da empresa, englobando os tipos de planos, o conteúdo, o tempo e sua amplitude na organização. Esses níveis organizacionais serão vistos mais detalhadamente no decorrer do trabalho. 2.2.1.1 Nível institucional O planejamento realizado no nível institucional da empresa recebe o nome de planejamento estratégico. Os dirigentes, no nível institucional estão completamente voltados para a tarefa primária da organização, a tarefa de se defrontar com as incertezas geradas pelos elementos incontroláveis e imprevisíveis do ambiente de tarefa da empresa e do ambiente em geral (CHIAVENATO, 1994, p. 249). Segundo Anthony (apud CHIAVENATO, 1994, p. 249-250), o planejamento estratégico é uma técnica de decisão dos objetivos da empresa, das mudanças nesses objetivos, dos recursos utilizados para atingi-los e das politicas que deverão conduzir a aquisição, emprego e disposição desses recursos. Ainda sob a ótica de Chiavenato (1994, p. 250), planejamento estratégico é um conjunto de tomada deliberada e sistemática de decisões que envolvem empreendimentos que afetam ou deveriam afetar toda a empresa por longos 26 períodos de tempos. O planejamento estratégico envolve prazos mais longos de tempo, é mais abrangente e é desenvolvido nos níveis hierárquicos mais altos da organização, ou seja, no nível institucional. O autor ainda ressalta que o planejamento estratégico é um processo contínuo de tomada de decisões estratégicas que não se preocupa na antecipação de decisões a serem tomadas no futuro, mas sim em considerar as implicações futuras em decisões que devem ser tomadas no presente. De acordo com Maximiano (2004, p. 162-163), o planejamento estratégico é um processo intelectual. Consiste na estruturação e no esclarecimento da visão dos caminhos em que a organização deve seguir e os objetivos que deve alcançar. É um processo que se aplica à organização como um todo, além de cada uma de suas partes. O autor (2004, p. 163) ainda observa pode então se falar em estratégias de produção, de marketing, recursos humanos e assim por diante. A maneira de colocar em prática as estratégias da empresa e das áreas funcionais pode ser chamada de estratégias operacionais. A estratégia atinge até o nível do indivíduo. Figura 3 – Processo de planejamento estratégico Análise do ambiente externo Definições de objetivos e estratégias Estratégias funcionais e operacionais Execução e avaliação Análise da situação estratégica Análise de pontos fortes e fracos Fonte: Maximiano (2004, p. 164) Conforme visto na figura 3, um processo sistemático de planejamento estratégico é uma sequencia de análises e decisões que compreendem alguns componentes essenciais. Planejamento estratégico é o processo de definição da missão e dos objetivos da empresa, levando em consideração as ameaças e oportunidades do ambiente e outros fatores. 27 Os planos estratégicos estabelecem os produtos e serviços que a organização pretende oferecer, os mercados e clientes que pretende atender e as formas de lidar com a concorrência. A responsabilidade pela definição dos planos estratégicos é da alta administração. Os métodos participativos de muitas empresas promovem a participação de funcionários de outros níveis nesse processo. Há empresas que dispõem de unidades de trabalho especialmente dedicadas a essa tarefa. São chamados de departamento de novos negócios. (MAXIMIANO, 2004, p. 154) Em perspectiva similar, Cavalcante (2008, p. 98) considera que o planejamento estratégico diz respeito ao processo no qual a empresa, no marco de uma definição de propósitos, de princípios e de um diagnóstico de capacidade e condições colocadas pelo ambiente em que se encontra, avalia possíveis alternativas para tomar decisão acerca do tipo de estratégia de longo prazo adotará objetivando o alcance de seus objetivos. Essas definições condicionam a instituição de metas e ações, além das agendas correspondentes. Por fim, Chiavenato (1999, p. 604) observa que o planejamento estratégico na maioria das vezes é um planejamento global e em longo prazo, que exige quatro etapas bem definidas: a formulação dos objetivos organizacionais a serem alcançados; a análise interna das forças e limitações da empresa; a análise externa do meio ambiente e a formulação das alternativas estratégicas. Sendo assim, conclui-se que no nível institucional a organização se preocupa com o desenho organizacional no campo da empresa em sua totalidade, ou seja, seu conteúdo é mais genérico e sistemático, fazendo com que seja mais abrangente, e consequentemente envolvendo longos prazos. O planejamento realizado no nível institucional da empresa é o processo que contém definições essenciais da organização como a missão, valores e os objetivos da organização, considerando relevantes fatores como as ameaças e oportunidades do ambiente entre outros. 2.2.1.2 Nível intermediário O planejamento no nível intermediário da empresa é denominado planejamento tático e representa a ligação entre planejamento estratégico e os planos operacionais, voltados à execução das tarefas e das operações da empresa. É um conjunto de tomada deliberada e sistemática acerca de decisões sobre empreendimentos mais limitados, de prazos mais curtos, de áreas menos amplas e de níveis inferiores de hierarquia da empresa. O planejamento tático está contido no 28 planejamento estratégico, representando um conceito relativo, ou seja, o planejamento tático de um departamento da empresa em relação ao planejamento estratégico geral da organização pode ser considerado estratégico em relação a cada uma das seções que compõe aquele departamento (CHIAVENATO, 2007). O autor (2007, p. 168) ainda afirma que o planejamento tático é decidido e desenvolvido nos escalões médios da empresa, ou seja, no nível intermediário da organização, se tratatanto então de um planejamento dimensionado a médio prazo. As decisões envolvidas no planejamento tático na empresa abrangem partes da empresa, sendo sua amplitude departamental. Na mesma concepção, Maximiano (2004, p. 154), sustenta que os planos funcionais (também chamados estratégias ou planos administrativo, departamentais ou táticos), são elaborados para que a empresa possa realizar os planos estratégicos, e compreendem áreas de atividade especializadas da empresa (marketing, operações, recursos humanos, finanças, novos produtos). “São de responsabilidade dos gerentes dessas áreas, que também podem ser auxiliados por unidades especializadas”. Chiavenato (2007), afirma que o planejamento tático apresenta características típicas, por ser um processo permanente e contínuo e conclui que: [...] está voltado para o futuro, preocupa-se com racionalidade do processo decisório, visa selecionar, entre várias alternativas disponíveis, um determinado curso de ação, é sistêmico e interativo, é uma técnica cíclica e de alocação de recursos, interage dinamicamente com as demais funções administrativas do processo administrativo e é uma técnica de coordenação, bem como de mudança e inovação (CHIAVENATO, 2007, p. 175). Portanto, pode-se concluir que o nível intermediário é orientado para abordar cada unidade da empresa ou cada conjunto de recursos separadamente, e se encarrega em realizar o detalhamento do desenho dos departamentos que serão responsáveis pela administração de um ou mais recursos importantes para alcançar os objetivos da organização. 2.2.1.3 Nível operacional O planejamento concretizado no nível operacional da empresa é chamado de planejamento operacional e segundo Chiavenato (2007, p. 177), se preocupa basicamente com “o que fazer” e “como fazer” no nível em que as tarefas são 29 realizadas, referindo-se especificamente às tarefas e operações realizadas no cotidiano no nível operacional da organização, sendo voltado para a otimização e maximização de resultados, pois está inserido na lógica de um sistema fechado. Na visão de Maximiano (2004, p. 154) o planejamento operacional é o processo que visa à definição dos meios para a realização de um objetivo, como as atividades e os recursos, sendo também denominados de estratégias operacionais, especificando atividades e recursos que são necessários para realizar qualquer tipo de objetivo. Embora os planos operacionais sejam mais característicos da base da pirâmide organizacional, sempre existe um conteúdo operacional em qualquer espécie de planejamento. Maximiano (2004, p. 191) ainda afirma que para realizar objetivos, é necessário definir quais atividades deverão ser executadas e quais os recursos são necessários para a execução das mesmas, sendo que o processo de definir atividades e recursos chama-se planejamento operacional e compreende as seguintes etapas ou decisões principais: análise dos objetivos, planejamento do uso do tempo, planejamento dos recursos, avaliação dos riscos e a previsão dos meios de controle. As decisões do planejamento operacional são auxiliadas por ferramentas administrativas como cronogramas, orçamentos, organogramas, politicas e procedimentos. A relação entre o processo de planejamento operacional e as ferramentas utilizadas é apresentada a seguir, conforme figura 4: Figura 4 – O processo e as ferramentas de planejamento operacional. Análise dos objetivos Planejamento do uso do tempo Desenho do cronograma Elaboração do orçamento Planejamento dos recursos Estrututura organizacional Avaliação dos riscos Políticas e procedimentos Fonte: Maximiano (2004, p. 191) 30 Segundo Chiavenato (2007, p. 177) através do planejamento operacional, os administradores conseguem visualizar e determinar ações futuras dentro do nível operacional que melhor conduzam ao alcance dos objetivos. O autor ainda afirma que o planejamento operacional é caracterizado pelo detalhamento com o qual se estabelece as tarefas e as operações, através do caráter imediatista que focaliza apenas o curto prazo e pela abrangência focal que aborda apenas uma tarefa ou operação, pois o grau de liberdade na execução das tarefas e operações no nível operacional é muito estreito e pequeno. Chiavenato (2007), ainda sustenta que o planejamento operacional é composto de uma infinidade de planos operacionais que proliferam nas diversas áreas e funções da organização como a produção ou operações, as finanças, a mercadologia, os recursos humanos, entre outras. Por fim, observa-se que o nível operacional fica com a responsabilidade de definir o desenho dos cargos e das tarefas, sendo que em conjunto, irão operar as tecnologias e irão gerar os produtos ou serviços que compreendem a função principal da empresa. À medida que as empresas crescem no mercado competitivo, elas se deparam com um desafio às vezes difícil para algumas organizações: a busca pela obtenção e a manutenção de clientes, sendo necessário dessa forma a utilização de ferramentas de marketing para sua sustentabilidade. 2.3 MARKETING .As empresas que usam das ferramentas do marketing obtém uma vantagem competitiva em relação às demais. O marketing usado de forma correta e efetiva se torna um excelente mecanismo de captação de recursos, seu uso inteligente também faz com haja uma melhora no posicionamento estratégico das empresas, fazendo com que se mantenham fortes no mercado competitivo. O fundamento do marketing foi construído na era colonial, nos Estados Unidos, quando os primeiros colonos negociavam entre si e com os índios, sendo que alguns desses colonos se tornaram varejistas, atacadistas e até vendedores itinerantes. Entretanto, o marketing em grande escala nos Estados Unidos somente começou a tomar forma após a Revolução Industrial no final do século XIX, desde então o marketing tem evoluído em três estágios consecutivos de desenvolvimento, 31 sendo eles a orientação para a produção, a orientação para as vendas e a orientação para o marketing (ETZEL, WALKER, STANTON, 2001, p. 07). No estágio para a produção o termo marketing não estava em uso. Nesse estágio, os fabricantes normalmente focavam somente o aumento da produção enquanto percebiam que os consumidores procuravam e compravam produtos baratos e bem feitos. Em uma era que a demanda por produtos geralmente excedia a procura, o foco principal era produzir grandes quantidades de produtos com eficiência, sendo que encontrar os consumidores era visto como uma função relativamente menor (ETZEL, WALKER, STANTON, 2001, p. 07). A ênfase na produção dominou até a Grande Depressão em 1930, mudando a percepção das empresas, uma vez que produzir ou crescer o suficiente já não era mais o problema principal, e sim como vender a produção. Foi então identificado que os consumidores tinham a oportunidade de escolher entre muitas alternativas, o que exigia um grande esforço promocional das companhias. Dessa forma, o estágio de orientação para as vendas foi caracterizado por uma densa dependência na atividade promocional para vender os produtos que as empresas desejavam fabricar (ETZEL, WALKER, STANTON, 2001, p. 08). De acordo com os mesmos autores (2001, p. 08), o estágio orientado para as vendas foi comum na década de 1950 nos Estados Unidos, quando a era do marketing começou a emergir, dando origem ao estágio de orientação para o marketing, onde as companhias identificavam o que os consumidores desejavam e adaptavam assim todas as atividades da empresa para então satisfazer essas necessidades da forma mais eficiente possível. Essa também foi uma maneira das empresas colocarem a capacidade ociosa em funcionamento, e ao mesmo tempo produzir o que os clientes queriam. Nesse terceiro estágio, as empresas estão fazendo marketing e não simplesmente vendendo. Segundo Cobra (2009, p. XVII), marketing é uma expressão anglo-saxônica deriva do latim “mercare”, no qual definia o ato de comercializar produtos na antiga Roma. Enquanto tudo que era produzido era vendido, ou, era comprado, não havia a necessidade de um esforço adicional de vendas, portanto, o marketing era desnecessário. Somente no século XX foi verificada a necessidade do marketing, criado no coração do capitalismo (Estados Unidos) na década de 40. No Brasil, somente na década de 50 o marketing ganhou mais expressão, isso devido a maior projeção da Escola Superior de Propaganda e Marketing. 32 Conforme Las Casas (2004, p. 14), no Brasil, por volta de 1954, o marketing foi traduzido como mercadológica, quando surgiram os primeiros movimentos para implantação de curso especifico em estabelecimentos de ensino superior, e desde então essa expressão tem sido adotada. No entanto o termo em inglês significa “ação do mercado”, em um sentido mais dinâmico e não simplesmente de estudos do mercado. A definição da palavra marketing, para vários autores tem a mesma conotação e significado, porém é observado o uso de palavras e expressões distintas entre eles. Isso pode ser percebido através dos vários conceitos que serão apresentados a seguir, onde serão expostas a concepção e a visão de alguns autores acerca do tema acima exposto. De acordo com a American Marketing Association (AMA) (apud CHURCHILL; PETER, 2010, p. 04), “marketing é o processo de planejar e executar a concepção, estabelecimento de preços, promoção e distribuição de ideias, produtos e serviços a fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais.” Segundo os autores (2010, p. 04), a essência do marketing esta no desenvolvimento de trocas em que organizações e clientes participam de forma voluntária de transações destinadas a trazer benefícios para ambos. Kotler e Armstrong (2007, p. 04), afirmam que: Definido de maneira geral, o marketing é um processo administrativo e social pelo qual indivíduos e organizações obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação e troca de valor com os outros. Em um contexto mais especifico dos negócios, o marketing envolve construir relacionamentos lucrativos e de valor com os clientes. Assim, definimos marketing como o processo pelo qual as empresas criam valor para os clientes e constroem fortes relacionamentos com eles para capturar seu valor de troca. McCarthy (apud MARQUES, 2009, p. 05) ressalta que: “o marketing é um processo social que dirige o fluxo dos bens e serviços dos produtores para os consumidores, de maneira a equilibrar a oferta e a procura, a fim de alcançar os objetivos da sociedade.” Na mesma concepção, Sandhusen (2003, p. 13) conceitua o marketing como uma filosofia de negócio integrada e voltada para o consumidor e para os lucros. Define a missão da empresa de acordo com os benefícios e as satisfações que se oferecem aos clientes, e não de acordo com os produtos que a empresa fabrica e vende. O marketing enfatiza uma comunicação de mão dupla para identificar as necessidades e desejos dos clientes, e então, desenvolver e comercializar produtos 33 e serviços que atendam a tais necessidades. Já não há mais a ênfase numa comunicação de não única para motivar as pessoas a comprar produtos já fabricados. Las Casas (2004, p. 26) afirma que o marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades referentes às relações de troca, orientada para satisfazer os desejos e as necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou indivíduos, considerando sempre o meio ambiente no qual atua e o impacto que essas relações provocam no bem-estar da sociedade. Segundo Urdan e Urdan (2010, p. 05) o marketing envolve estímulo e geração de trocas, entre duas ou mais partes, agindo de maneira deliberada e espontânea, no qual dão e recebem algo de valor, na busca mutua satisfazer necessidades, sendo que a definição de marketing é completada por dois significados: marketing como filosofia organizacional e processo. Em uma apresentação clara e completa, Urdan e Urdan (2010, p. 05) ainda afirmam: “marketing é um princípio básico da empresa que enfatiza o foco nas necessidades do cliente, o trabalho integrado de todas as áreas em função do mercado e a geração de lucro como consequência da satisfação dos clientes” . Em perspectiva similar Corrêa (apud FIGUEIRA; CHERMONT; GONZALEZ, 2009, p. 09), afirmam que em um ambiente com inúmeras mudanças, o papel do marketing é fazer com que as organizações compreendam o quão importante é atender as necessidades e os desejos dos clientes de forma ágil e adotando várias ações de estratégia. Honorato (2004, p. 03), observa que a essência do marketing está no “processo de troca”. Quando são identificados desejos ou necessidades, as pessoas buscam satisfazê-los, adquirindo produtos ou serviços de quem vende, fixando dessa forma uma troca entre as organizações e os clientes. A função de troca está associada ao conceito de valor, e para que possa haver a troca, as empresas necessitam de produtos que atraiam sua atenção, com diferenciais, que fortaleçam as expectativas do comprador, em relação ao valor do produto. Corroborando com esta afirmação, Boone e Kurtz (1998, p. 07) afirmam que a origem do marketing está na troca. O marketing tem sido definido como um procedimento que cria e resolve relações de troca. Eles observam que “quando há 34 necessidade de trocar mercadorias, o resultado natural é um esforço de marketing por parte das pessoas envolvidas”. Richers (2002, p. 07) conclui que a definição de marketing é simplesmente como a intenção de entender e atender o mercado, assim como seu cliente. Para que possamos atender ao consumidor, é necessário primeiramente entendê-lo, isto é, identificar-nos com o que ele quer, para, depois, esforçar-nos para atender aos seus desejos. De uma forma completa, Kotler (2005, p. 13) sustenta que: O marketing é a ciência e a arte de explorar, criar e proporcionar valor para satisfazer as necessidades de um mercado-alvo com rentabilidade. O marketing identifica necessidades e desejos insatisfeitos. Ele define, mede e quantifica o tamanho do mercado identificado e seu potencial de lucro. Identifica com precisão quais segmentos a empresa tem capacidade de servir melhor, além de projetar e promover os produtos e serviços adequados. Por fim, de maneira bem simplificada, Kotler e Keller (2006, p. 04) afirmam que o marketing engloba a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais e para defini-lo de uma maneira bem simples, pode-se dizer que ele supre necessidades lucrativamente. Portanto, através dos conceitos de marketing apresentados, conclui-se que o marketing possui uma abrangência muito maior do que se imagina no dia-a-dia. A função do marketing vai além de oferecer produtos ou serviços aos clientes, sua competência é também obter um conhecimento mais aprofundado das necessidades da sociedade em que atua, para então satisfazê-las de modo lucrativo. Para isso, são necessárias várias técnicas e procedimentos, que deverão ser analisados e estudados de forma minuciosa para a perfeita aplicação dessa ferramenta. Uma dessas técnicas é o composto de marketing, próximo tema a ser abordado. 2.3.1 Composto de marketing O composto de marketing, também conhecido como mix de marketing é uma ferramenta essencial para o sucesso das empresas. Seu uso permite a geração de valor do produto ou serviço que será oferecido ao cliente, assim como satisfação de seus desejos. A construção de relacionamentos sólidos junto ao mercado e o alcance de um bom desempenho dos negócios da organização são reflexos da boa utilização do composto mercadológico. 35 De acordo com Urdan e Urdan (2010, p. 28), na primeira metade da década de 1960, alguns estudiosos e praticantes norte-americanos difundiram a expressão composto de marketing, ou mix marketing ou apenas 4 Ps, referentes aos elementos produto, preço, praça e promoção. Pois a ideia subjacente era o executivo de marketing como um misturador de diferentes funções, visando integrar políticas e procedimentos para conseguir um negócio rentável. Segundo Churchill e Peter (2010, p. 20), o composto de marketing é uma combinação de mecanismos estratégicos usados para a criação de valor aos clientes e assim alcançar os objetivos da organização. Existem quatro ferramentas ou elementos primários no composto de marketing que são o produto, o preço, o ponto de distribuição e a promoção, também são denominados “quatro Ps”, que devem ser combinados de forma coerente para obter a máxima eficácia, conforme mostrado na figura 5. Figura 5 – Os quatro Ps Preço Produto MERCADO- -ALVO Promoção Ponto de distribuição Fonte: Churchill; Peter (2010, p. 20) Kotler e Armstrong (2007, p. 42), afirmam que o mix de marketing é o conjunto de ferramentas táticas e controláveis, usadas pela organização a fim de produzir a resposta que deseja no mercado-alvo. Diz respeito a tudo que a empresa pode fazer para influenciar a demanda de seu produto. As diversas possibilidades podem ser agrupadas em quatro grupos de variáveis conhecidas como os 4Ps (produto, preço, praça e promoção). Um programa de marketing eficaz combina todos os elementos do mix de marketing em um programa integrado desenvolvido para alcançar os 36 objetivos de marketing da empresa por meio da entrega de valor aos consumidores. O mix de marketing constitui o conjunto de ferramentas táticas da empresa para estabelecer um forte posicionamento nos mercados-alvo (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 43) Em contribuição, Urdan e Urdan (2010, p. 28), afirmam que o composto de marketing deriva das decisões estratégicas, pois “é o que se chama de consistência vertical, correspondendo ao alinhamento entre os elementos estratégicos (mercadoalvo, posicionamento, e estratégias competitivas) e os táticos (os 4 Ps)”. Nessa mesma linha de pensamento, Sandhusen (2003, p. 04) afirma que o composto de marketing é a combinação de ferramentas que os gerentes de marketing dispõem para a satisfação dos clientes e dos objetivos da empresa. Segundo o autor, “chamado de ‘oferta’ pela ótica do cliente, o composto de marketing é geralmente associado aos quatro Ps: produto, preço, promoção e ponto de distribuição.” Na mesma concepção, Rocha e Christensen (1992, p. 37) observam que o marketing mix, também denominado composto de marketing, mix de marketing ou composto mercadológico, é o conjunto de instrumentos que podem ser controláveis pelo gerente de marketing da organização, através dos quais ele pode obter melhor ajustamento entre a oferta que sua empresa faz ao mercado e a demanda existente. O mix de marketing é constituído por quatro subconjuntos de variáveis, que geralmente são identificados como “os quatro Ps”. De forma mais sucinta, Kotler (2000, p.37) ressalta que mix de marketing ou composto de marketing “é o conjunto de ferramentas de marketing que a empresa utiliza para perseguir seus objetivos de marketing no mercado-alvo.” De acordo com McCarthy (apud KOTLER, 2000, p. 37), as ferramentas do composto de marketing são classificadas em quatro grupos chamados de 4Ps (produto, preço, praça e promoção), originado do inglês (produt, price, place e promotion) e decisões de mix de marketing devem ser tomadas a fim de exercer influência sobre os canais comerciais, assim como sobre os consumidores finais. Para Borden (apud KOTLER, 2006, p. 123), todas as atividades que constituem um “mix de marketing” devem ser planejadas coordenadamente para obter o máximo impacto, “as empresas devem determinar a relação custo-benefício de diferentes ferramentas de mix de marketing e devem formular o mix que mais favoreça os lucros”. 37 Churchill e Peter (2010, p. 164), sustentam que como o objetivo do marketing é a criação de intercâmbios lucrativos, as atividades de marketing também influenciam o processo de compra do consumidor, sendo que cada elemento do composto de marketing (produto, preço, praça e promoção) constituem a comunicação de marketing, e tem o potencial para afetar o processo de compra em vários estágios. De acordo com Urdan e Urdan (2010, p. 30-31), produto é um objeto oferecido ao consumidor no qual satisfaz necessidades e atende desejos, praça ou distribuição, são os arranjos de agentes interdependentes que colocam à disposição os produtos da empresa aos clientes. Preço diz respeito a contrapartida cobrada dos consumidores por aquilo que a empresa lhes oferece e promoção refere-se as comunicações entre a organização e seus públicos, incluindo mercado-alvo, comunidade e intermediários no canal, com o objetivo de informar, convencer e influenciar. Corroborando com essa afirmação, Kotler e Armstrong (2007, p. 42), afirmam que o produto significa o conjunto de bens e serviços que a empresa oferece para o mercado-alvo. Preço é a quantia de dinheiro que os clientes são obrigados a pagar para obter o produto. Praça envolve as atividades da organização que disponibilizam o produto aos consumidores-alvo. Por fim, a promoção envolve as atividades de comunicação dos pontos fortes do produto e com a finalidade de convencer os clientes-alvo a comprá-lo. Na mesma perspectiva, Churchill e Peter (2010, p. 20) afirmam que o produto é algo oferecido pelos profissionais de marketing para os clientes com propósito de troca. Preço é a quantia em dinheiro ou de outros recursos que deve ser dada em troca de produtos e serviços. A distribuição é usada para levar produtos e serviços ao mercado e a promoção são os meios pessoais e impessoais usados para informar, convencer e lembrar os clientes sobre produtos e serviços. Por fim, conclui-se que o composto mercadológico, ou os 4Ps (produto, preço, praça e promoção), são ferramentas indispensáveis para a criação de um mercado sólido, tendo em vista a grande competitividade e as perigosas ameaças vindo do ambiente empresarial. As empresas devem ter a habilidade para construir necessidades aos clientes, o que posteriormente deve ser suprido através da oferta desses produtos ao mercado consumidor. O composto mercadológico é um elemento que usado de forma correta, agrega valor aos produtos e serviços da 38 empresa e tem a capacidade de influenciar os consumidores em sua decisão de compra, mecanismo de extrema importância para a sustentabilidade de uma empresa, fazendo com que ela continue atuando em seu segmento de forma lucrativa. Uma das modalidades dessa ação mercadológica é o marketing social, que tem como objetivo minimizar ou eliminar os problemas sociais, visando melhorar serviços relacionados às questões de higiene, saúde pública, de trabalho, educação, habitação, transportes, entre outros serviços indispensáveis para a sociedade. 2.4 MARKETING SOCIAL O termo marketing social foi primeiramente introduzido por Philip Kotler e Gerald Zaltman, há mais de 25 anos em um artigo pioneiro no Journal or Marketing, com o objetivo de descrever “o uso de princípios e técnicas de marketing para promover uma causa social, uma ideia ou um comportamento”. Consequentemente, nas décadas seguintes, o crescente interesse pelo assunto e o uso de práticas, ferramentas e conceitos de marketing social foi difundido da segurança e da saúde pública, sendo adotado por parte de defensores do meio ambiente e da comunidade (KOTLER; LEE, 2010, p. 30). De acordo com Kotler e Lee (2010, p. 26), o marketing social refere-se fundamentalmente aos esforços focados em influenciar comportamentos que irão contribuir para a melhoria da saúde pública, a diminuição de acidentes, a proteção do meio ambiente e contribuindo para a comunidade em geral. Em seu livro, os autores demonstram alguns conceitos de marketing social na visão de outros autores, tentando evidenciar a semelhança entre as definições e os conceitos do assunto. Para Bill Smith (apud KOTLER; LEE, 2010, p. 26) marketing social é o processo de criação e comunicação, a fim de proporcionar benefícios que o públicoalvo deseja em troca de um comportamento do público que traga benefícios à sociedade, sem lucro financeiro para o profissional de marketing. Na visão de Alan Andreasen (apud KOTLER; LEE, 2010, p. 26), o marketing social é o emprego de tecnologias de marketing comercial para a análise, o planejamento, a execução e a avaliação de programas projetados para influenciar o comportamento voluntário de um determinado público-alvo, com o objetivo de melhorar o seu bem estar pessoal e o de sua sociedade. 39 Na mesma concepção, French e Blair (apud KOTLER; LEE, 2010, p. 26) sustentam que o “marketing social é a aplicação sistemática de conceitos e técnicas de marketing para alcançar metas comportamentais específicas relevantes para o bem social”. Em perspectiva similar, Pringle e Thompson (2004, p. 03) afirmam que o marketing para causas sociais “pode ser definido como uma ferramenta estratégica de marketing e de posicionamento que associa uma empresa ou marca a uma questão ou causa social relevante, em benefício mútuo.” Ainda segundo os mesmos autores (2004, p. 03), um programa de marketing para causas sociais pode ser desenvolvido através de uma aliança entre uma empresa e uma organização voluntária ou beneficente comprometida com a área de interesse social definida ou diretamente em benefício da causa em si. Seja qual for o procedimento escolhido, a adoção de uma causa pode dar a uma marca um sistema de crença por parte do consumidor, resultando assim numa percepção e intenção de compra significativamente melhor, sendo uma maneira efetiva de melhorar a imagem corporativa, diferenciando seus produtos e aumentando tanto as vendas quanto a fidelidade. Zenone (2006, p. 64) afirma que o marketing social vem sendo descrito como o “quarto estágio” de desenvolvimento do marketing, no entanto, algumas vezes é visto somente como uma resposta ao movimento consumista realizado através do marketing comercial. O termo marketing social pode ter vários significados e diversos sinônimos, de acordo com a visão de diferentes autores e com o uso que se faz do termo. Responsabilidade social, cidadania corporativa, ética empresarial e consumirismo são expressões que vêm sendo cada vez mais associadas ao conceito de marketing social. Marketing social refere-se à extensão de marketing ao longo de sua dimensão substantiva, isto é, à ampliação das áreas concernentes ao marketing para focar os interesses a longo prazo dos consumidores e da sociedade (ZENONE, 2006, p. 64). De acordo com Churchill e Peter (2010, p. 40-41), a longo prazo, a responsabilidade social é atraente para as organizações, pois é mais provável que os clientes potenciais escolham realizar suas compras em uma organização que demonstre preocupação com seu bem estar. Clientes potenciais que encontram dificuldade na escolha entre produtos concorrentes podem usar alguns critérios na 40 hora da decisão da compra, como por exemplo, adquirir os produtos da empresa pela qual tenham mais respeito com a sociedade. A responsabilidade social pode pôr fim em uma série de atividades negativas ou uma tomada de ações positivas, como informações aos clientes, parcerias com órgãos de serviços comunitários ou financiamento de alguns projetos especiais. As ações positivas não só beneficiam a comunidade, como também podem melhorar as relações com ela e reforçar uma imagem positiva da empresa, sendo mais provável que os esforços da organização levem as boas relações com a comunidade quando estiverem relacionadas com seus pontos fortes. Por fim os autores (2010, p. 41) sustentam que “algumas organizações fazem uso de marketing relacionado a causas nas comunidades a que servem. Assim, doações de caridade podem ser ligadas diretamente às vendas de produtos específicos”. Diante disso, pode-se afirmar que o marketing social envolve um conjunto de ações de marketing e comunicação por conta de uma organização, utilizando as técnicas tradicionais de marketing a fim de influenciar o comportamento de uma determinada sociedade, visando uma melhoria de vida coletiva. Como descrito por Bill Smith (apud KOTLER; LEE, 2010, p. 26) o marketing social é considerado por muitos, como uma das atividades que as organizações sem fins lucrativos ou agências do setor público conduzem. As iniciativas de marketing social são apenas uma das muitas atividades de marketing conduzida por aqueles envolvidos no marketing sem fins lucrativos e do setor público, diretamente ligado ao terceiro setor. 2.5 TERCEIRO SETOR A expressão “terceiro setor” é uma tradução do termo na língua inglesa third sector, que nos Estados Unidos, é usado junto com outras expressões como “organizações sem fins lucrativos” (nonprofit organizations) ou “terceiro setor” (voluntary sector). (ALBUQUERQUE, 2006, p. 18) Ainda segundo Albuquerque (2006, p. 21), as organizações sociais que hoje constituem o terceiro setor não foram criadas nos séculos XX ou XXI. Esses movimentos associativos nasceram no continente europeu e americano, nos séculos XVI e XVII, cujo caráter inicial era religioso ou político. 41 Para Matos, (2005, p. 23), o reconhecimento das ONGs se tornou mais forte e se popularizou de forma mais abrangente a partir da década de 1980 e ganhou importância no cenário mundial na década seguinte, sobretudo após a ECO-92, (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento CNUMAD). No Brasil, o surgimento do terceiro setor teve sua maior ascensão na década de 1990, onde se expandiu rapidamente. Esse crescimento do setor mudou o conceito do serviço social com base em organizações destinadas à caridade e filantropia, criadas para a prestação de serviços à sociedade de diferentes naturezas como saúde, educação, cultura, direitos civis, moradia, proteção ao meio ambiente e desenvolvimento de pessoas (VOLTOLINE, 2004, p. 07). De acordo com Santos (apud BARBIERI, 2008, p. 23), o terceiro setor surge em um contexto em que o Estado através de seu monopólio, não consegue suprir as necessidades de bem-estar da sociedade. O crescimento do terceiro setor de acordo com Salamon (1998, p. 05) é a consequência de várias pressões, demandas e necessidades vindas da sociedade, das instituições e até mesmo do governo. Reflete em conjunto de mudanças sociais e tecnológicas, aliado a uma crise contínua de confiança na capacidade do Estado. Para Voltoline (2004, p. 07) o terceiro setor compreende organizações de natureza privada, porém de finalidade pública, portanto não visam o lucro. Essas organizações não podem perder de vista a dimensão do humano e a dimensão sociocultural, mas têm que ser administradas com métodos atuais. Salamon (1998, p. 05) define o terceiro setor como uma grande rede de instituições privadas autônomas, que não tem atenções voltadas para a distribuição de lucros aos seus acionistas ou diretores, que atende finalidades públicas, embora esteja localizada à margem do aparelho formal do Estado. De forma mais abrangente, Ioschpe (1997, p. 27) define o terceiro setor da seguinte forma: [...] composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito não-governamental, dando continuidade às práticas tradicionais da caridade, da filantropia, do mecenato e expandindo o seu sentido para outros domínios, graças, sobretudo, á incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil. Para Costa (2006, p. 31), o terceiro setor inclui a participação de diferentes organizações sem fins lucrativos e voluntárias, seja no âmbito cívico, cultural, social, 42 educacional, de saúde ou até mesmo na esfera religiosa, como ONGs, OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público), OVPs (Organizações Voluntarias Privadas), grupos de voluntários e muitas outras, todas defendendo uma ideologia pela qual foram criadas e os modos de articulação entre organizações do terceiro setor com o Estado e empresas. Costa (2006, p. 31) ainda conclui, afirmando que esse setor é formado por organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pelo voluntariado, em um ambiente não governamental, dando continuidade a práticas de caridade, de filantropia e mecenato, dessa forma ampliando sua direção para outros domínios com a inclusão da cidadania e de suas diversas manifestações na sociedade civil. Portanto, por meio dos conceitos analisados acerca das instituições do terceiro setor, conclui-se que estas são um conjunto de organizações sem fins lucrativos, fundadas e sustentadas através da participação voluntária de pessoas que se identificam com a causa a ser apoiada. Essas organizações visam sempre à cidadania e a caridade, e suas filosofias são fundamentadas na prática do bem ao próximo, em diversas condições, ajudando o governo em atribuições que seriam de sua responsabilidade, porém para obter melhores resultados no desenvolvimento dessas atividades precisam aplicar as técnicas de marketing. 2.5.1 Marketing no terceiro setor De acordo com Schermerhorn (1999, p.14), trabalhando por uma linha social, ao contrário do desempenho das empresas que visam o lucro, as organizações sem fins lucrativos devem ser bem administradas para sua sobrevivência e progressão. Boone e Kurtz (2009, p. 08), afirmam que na administração de organizações sem fins lucrativos, deve estar incluído o marketing, uma vez que os conceitos e as técnicas de marketing podem ser aplicadas em organizações com ou sem fins lucrativos. A fim de satisfazer as necessidades e os desejos dos seus clientes, todas as organizações, devem utilizar das estratégias de marketing. Tanto para organizações que visam o lucro como para aquelas sem fins lucrativos, produção e marketing são a essência da economia de qualquer sociedade. Para Drucker (2002, p. 41), as organizações sem fins lucrativos, assim como as empresas, necessitam arrecadar fundos para sua sobrevivência. Para isso é necessário uma estratégia, sendo que o desenvolvimento de recursos se torna a 43 criação de um público que apoia a causa da instituição pelo fato dela ser merecedora, ou seja, desenvolver a participação de doações. Honorato (2004, p. 03) enfatiza que o marketing está presente no cotidiano das pessoas e das organizações com fins lucrativos ou não, sendo importante a criação de valor para os clientes através do entendimento de seu comportamento, e assim, identificando suas percepções quanto a beneficio e custos. Cobra (1997, p. 35) afirma que uma empresa que não visa o lucro muitas vezes transfere a posse de um produto ou serviço como uma posse lucrativa, porém não recebe dinheiro em troca. Os serviços públicos em geral fazem marketing, sobretudo pesquisa de aceitação de seus serviços, publicidade do uso e da importância dos seus serviços etc. Boone e Kurtz (1998, p. 12) salientam que no começo dos anos 60, foi evidenciado que o marketing poderia ser empregado de forma mais abrangente do que era visto anteriormente. De acordo com Kotler e Levy (apud BOONE; KURTZ, 1998, p. 12), o conceito de marketing necessitava tornar-se mais amplo, de modo que o setor sem fins lucrativos da sociedade pudessem ser incluído. Sustentando essa afirmação, Boone e Kurtz (1998, p. 12) concluem que o marketing é uma atividade genérica que envolve todas as organizações, e a partir desse conceito aprofundado de Kotler e Levy, foi estendida a definição do marketing para processos de trocas não-tradicionais. Para Churchill e Peter (2010, p. 05), em geral, o marketing visando o lucro é um campo de conhecimento mais desenvolvido do que o marketing não lucrativo. Porém, as estratégias de marketing para obter lucro geralmente são aplicáveis a organizações sem fins lucrativos e podem ajuda-las a alcançar seus objetivos. Organizações sem fins lucrativos também buscam outras metas, como a doação de sangue, votos para candidatos políticos, redução do consumo de cigarros, uso de embalagens recicladas e dedicação de trabalho voluntário junto a crianças necessitadas ou pessoas idosas. (CHURCHILL; PETER, 2010, p. 05) Corroborando com esta afirmação, Drucker (2002, p. 39), afirma que embora o marketing para uma organização sem fins lucrativos utiliza termos e muitas ferramentas usadas pelas empresas que visam o lucro, é um marketing diferente porque a organização está vendendo algo intangível. 44 Ainda segundo o mesmo autor (2002, p. 39), as instituições sem fins lucrativos que tem um bom desempenho geralmente pensam que não necessitam do marketing como ferramenta. Reforçando esta afirmação Drucker ainda conclui: “para que se possa dirigir uma instituição sem fins lucrativos de forma eficaz, o marketing precisa ser embutido na concepção do serviço.” (DRUCKER, 2002, p. 40) De acordo com Churchill e Peter (2010, p. 09), organizações sem fins lucrativos e grupos com interesses especiais, como a AACD (Associação de Assistência à Criança Defeituosa) ou o UNICEF também fazem uso das ferramentas do Marketing. O marketing sem fins lucrativos pode incluir pessoas, lugares, causas ou organizações quando as metas não são ganhar receitas maiores do que os custos. Todas as formas de marketing usadas por essas instituições tentam criar valor para os clientes de alguma maneira. Por fim, Boone e Kurtz (1998, p. 12) ainda observam que durante a década de 80, as questões financeiras oriundas da grande concorrência por donativos e interrupção de subsídios fornecidos pelo governo fizeram com que as organizações sem fins lucrativos adotassem o marketing como uma nova ferramenta de captação de recursos. Muitas dessas organizações foram forçadas a usar o marketing para sua sobrevivência. Em algumas situações, usar o marketing como mecanismo era uma forma de realizar uma parceria entre empresas com fins lucrativos para a promoção de mensagens sem fins lucrativos. Sendo assim, após a análise dos autores acima, pode-se concluir que o conceito de marketing vai muito além do que muitas pessoas imaginam. Sua aplicação pode ser muito ampla e não deve ficar limitada somente as empresas convencionais. As organizações pertencentes ao terceiro setor, assim como as empresas que visam o lucro, possuem metas e desejam cumpri-las no que tange ao atendimento aos consumidores. Dessa forma, o marketing se torna uma poderosa ferramenta que auxilia essas organizações a entender melhor seus clientes e satisfazê-los completamente. 2.6 COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING Comunicação é a capacidade de trocar ou discutir ideias, de dialogar, de conversar, objetivando o entendimento entre indivíduos. É a atividade humana que conecta duas ou mais pessoas a fim de compartilhar informações e significados. A 45 comunicação é algo inseparável nas relações que pessoas e organizações estabelecem com os outros (URDAN; URDAN, 2010, p. 244). De acordo com os autores (2010, p. 270), nas organizações, a tarefa da comunicação é de responsabilidade dos profissionais de marketing, sendo que o processo de comunicação é enganosamente simples e bons resultados exigem competência, sendo que, no domínio do marketing, uma empresa desenvolve produtos e serviços para atender a necessidades e desejos dos clientes, trabalha sua distribuição, levando os produtos para perto dos compradores, e define as condições de preço e pagamento. Ao mesmo tempo ela promove o que faz, comunicando os atributos do produto, falando da distribuição, dos preços e de tudo mais que pode ser valorizado pelo mercado. Segundo Lupetti (2007, p. 22-23), a comunicação é parte integrante do processo de marketing, sendo ela a responsável pela divulgação dos resultados do processo, ou seja, os produtos e serviços da empresa, compreendendo toda forma de comunicação capaz de atingir uma meta de marketing, devendo ser preparada segundo o quadro sociocultural do consumidor alvo. Limeira (2006, p. 272), afirma que a comunicação integrada de marketing compreende todo o conjunto de ações integradas de comunicação e promoção, que têm como objetivos: fixar o produto na mente do consumidor, produzir uma mensagem única, consistente, compreensível e acreditável acercado do produto, criar uma imagem de marca diferenciada e ao mesmo tempo sustentável na mente dos clientes, fornecer informações e incentivos para o consumidor adquirir o produto ou serviço da empresa e gerar uma atitude favorável dos diversos segmentos de público para as iniciativas da organização. Na perspectiva de Kotler e Keller (2006, p. 532), a comunicação de marketing é o método pelo qual as empresas tentam informar, persuadir e lembrar os consumidores, direta e indiretamente, acerca de produtos e marcas que comercializam. Num certo sentido, a comunicação de marketing representa a voz da marca, sendo o meio pelo qual a empresa estabelece um diálogo e constrói relacionamentos com os consumidores. Na mesma linha, Churchill e Peter (2010, p. 467), afirmam que por meio da comunicação de marketing as organizações buscam informar seu público-alvo, influenciando suas atitudes e comportamento de compra. A comunicação de marketing eficaz pode aumentar as vendas, lucro ou até mesmo ajudar a realizar 46 outros objetivos, como tornar as pessoas cientes sobre a organização e seus produtos, formando imagens positivas, identificando clientes potenciais, formando relações de canal e retendo seus clientes. A comunicação é a transmissão de uma mensagem de um emissor para um receptor, de forma que ambos a entendam de maneira igual. Sendo assim, um anúncio impresso, um cupom, um sopt de rádio, um comercial de televisão ou qualquer outra comunicação de marketing devem transmitir de maneira clara o significado pretendido. Ainda sob a ótica de Churchill e Peter (2010, p. 446), os profissionais de marketing utilizam a comunicação a fim de buscar aumentar as vendas e lucros ou alcançar outras metas. Fazendo isso, eles informam, persuadem e lembram seus clientes para que comprem seus produtos e serviços. Para aumentar as vendas, eles comunicam as vantagens superiores de seus produtos, seus preços mais acessíveis ou certa combinação entre benefícios e custos desejados pelos consumidores. Ao comunicar os benefícios especiais de seus produtos, os profissionais de marketing podem fazer com que os clientes potenciais os desejem e os comprem. De acordo com Kotler e Armstrong (2007, p. 631), a comunicação integrada de marketing envolve a identificação do público-alvo e a elaboração de um programa promocional bem coordenado de modo a despertar a reação que se deseja do público. Frequentemente, as comunicações de marketing focam metas imediatas de conscientização, imagem ou preferência do público-alvo, porém, essa abordagem da comunicação tem muitas limitações. Atualmente, a tendência dos profissionais de marketing é encarar as comunicações como a gestão do relacionamento com os clientes ao longo do tempo. Dessa forma, o processo de comunicação deve se iniciar com um levantamento de todos os contatos potenciais que os clientes-alvo possam ter com a empresa e suas marcas. Kotler e Keller (2006, p. 532), afirmam que a comunicação de marketing colabora de diferentes formas com os consumidores. Eles podem conhecer ou ver como e por que um produto é usado, por qual tipo de pessoa, quando e onde. Além disso, podem receber informações sobre quem o fabrica e o que a empresa e a marca representam, e, ainda, podem receber um incentivo ou recompensa pela experimentação ou uso. A comunicação de marketing permite as empresas conectar suas marcas a outras pessoas, lugares, eventos, marcas, experiências, sensações e 47 objetos. Posicionando a marca na memória e criando uma imagem de marca, a comunicação de marketing pode contribuir para a formação do brand equity. (KOTLER; KELLER, 2006, p. 532-533) De acordo com Kotler e Keller (2006, p. 533), embora a propaganda, em geral, seja um elemento central em um programa de comunicação de marketing, geralmente ele não é o único, ou o mais importante no que se refere à construção do brand equity, uma vez que o mix de comunicação de marketing é composto por seis formas essenciais de comunicação: 1. Propaganda: qualquer forma remunerada de apresentação de promoção não pessoais de idéias, mercadorias ou serviços por um anunciante identificado; 2. Promoção de vendas: variedade de incentivos de curto prazo a fim de estimular a experimentação ou compra de um produto ou serviço; 3. Eventos e experiências: atividades e programas patrocinados pela empresa e projetadas a fim de criar interações relacionadas a marca, diariamente ou em ocasiões especiais; 4. Relações públicas e assessoria de imprensa: uma variedade de programas elaborados a fim de promover ou proteger a imagem de uma organização ou de seus produtos; 5. Marketing direto: Utilização de correio, telefone, fax, e-mail ou internet para a comunicação direta com os clientes específicos e potenciais ou para lhes solicitar uma resposta direta; 6. Vendas pessoais: interação pessoal (cara a cara) com um ou mais compradores potenciais com objetivo de apresentar um produto ou serviços, responder a perguntas e tirar pedidos. Kotler e Keller (2006, p. 534) sugerem no quadro 2 um mix de comunicação com exemplos de ações que podem ser adotados pelas empresas. 48 Quadro 2 – Plataformas comuns de comunicação Propaganda Promoção e vendas Eventos/ Experiências Relações públicas Vendas pessoais Marketing direto Anúncios impressos e eletrônicos Concursos, jogos, loterias e sorteios Esportes Kits para imprensa Apresentações de vendas Catálogos Espaços externos das embalagens Prêmios e brindes Diversão Palestras Reuniões de vendas Malas diretas Encartes da embalagem Amostragem Festivais Seminários Programas de incentivo Telemarketing Filmes Feiras setoriais Artes Relatórios anuais Amostras Vendas pela TV Manuais e brochuras Exposição Causas Doações Feiras e exposições Mala direta via fax Cartazes e folhetos Demonstrações Passeios pela fabrica Publicações Email Catálogos Cupons Museus corporativos Relações com a comunidade Correios de voz Reimpressão de anúncios Reembolsos parciais Atividades de rua Lobby Outdoors Financiamento a juros baixos Mídia de identidade empresarial Painéis Diversão Revista corporativa Display nos Concessões de ponto-de-venda troca Material audiovisual Programas de fidelização Símbolos e logotipos Promoção nos pontos-de-venda integrada com a propaganda Fitas de vídeo Fonte: Kotler; Keller (2006, p. 533) O quadro 2 (plataformas comuns de comunicação) demonstra exemplos de ações de comunicação e marketing que uma empresa pode aplicar, além de mostrar que as atividades de comunicação de marketing contribuem para o brand equity de diversas formas. Enquanto que, na figura 6 é apresentada a integração da comunicação de marketing com a construção do brand equity na visão de Kotler e Keller (2006, p. 534). 49 Figura 6 – Integração da comunicação de marketing com a construção do brand equity Conscientização da marca Propaganda Promoção de vendas Eventos e experiências Imagem da marca Programa de comunicação de marketing Relações públicas e assessoria de imprensa Brand equity Respostas à marca Relações com a marca Vendas pessoais Marketing direto Fonte: Kotler; Keller (2006, p. 534) Já Churchill e Peter (2010, p. 452), sustentam que o composto de comunicação combina quatro diferentes elementos para a criação da estratégia geral da comunicação de marketing, sendo eles a propaganda, as vendas pessoais, a promoção de vendas e a publicidade. Esses elementos podem ser divididos em venda pessoal (face a face, por telefone, fax ou computador) e venda impessoal (propaganda, promoção de vendas e publicidade), que serão apresentados mais detalhadamente posteriormente. Os autores (2010, p. 449), ainda ressaltam que a comunicação envolve um processo. A fonte determina qual informação será comunicada e codifica a mensagem através de símbolos apropriados, tais como palavras ou imagens. Por um meio de comunicação (televisão ou rádio), palavras escritas, imagens fotográficas, discurso ao vivo ou sons musicais, a fonte transmite a mensagem ao receptor, a pessoa ou grupo para quem a mensagem é destinada. Na sequência, o 50 receptor decodifica a mensagem interpretando seu significado. Caso o receptor não decodificar ou não consegue decodificar corretamente a mensagem para entender o que a fonte pretendia, então existe um ruído no sistema de comunicação. O ruído pode assumir a forma de um som físico, como um chiado no radio, telefone ou televisão, um erro de impressão ou uma pronúncia, ou pode ainda ser mau entendimento, por parte do receptor, da linguagem ou símbolos do remetente ou uma má impressão, tal como a comprovada pela antipatia de um cliente em relação aos gestos ou roupas de um vendedor. A resposta do receptor a uma mensagem fornece um retorno para o emissor. De certo modo, o feedback reinicia totalmente o processo de comunicação: o receptor se torna agora o emissor, e o emissor se torna o receptor. Um tipo básico de feedback para a comunicação de marketing ocorre no processo de compra, onde o receptor pode responder de várias maneiras, como recomendar o produto, solicitar mais informações sobre ele ou aceitar a imagem que a organização procura transmitir (CHURCHILL; PETER, 2010, p. 450). Figura 7 – O processo de comunicação A fonte codifica a mensagem A fonte transmite a mensagem via meio de comunicação O receptor decodifica a mensagem O receptor fornece feedback para a fonte Fonte: Churchill; Peter (2010, p. 450) De acordo com Kotler e Armstrong (2007, p. 361), para conseguir se comunicar de maneira eficaz, os profissionais de marketing precisam entender como o processo de comunicação funciona, uma vez que o processo de comunicação envolve nove elementos. Dois deles são as partes mais importantes da comunicação: o emissor e o receptor. Outros dois são as ferramentas mais importantes da comunicação: a mensagem e a mídia. Outros quatro são as mais importantes funções da comunicação: a codificação, a decodificação, a resposta e o feedback. O último elemento é o ruído do sistema. A seguir esses elementos serão vistos de forma mais completa na visão de kotler e Armstrong (2007, p. 361-362). 51 a) Emissor: a parte que envia a mensagem à outra parte; b) Codificação: processo de transformação dos pensamentos em linguagem simbólica; c) Mensagem: conjunto de símbolos que o emissor transmite; d) Mídia: canais de comunicação por meio dos quais a mensagem passa do emissor ao receptor; e) Decodificação: processo pelo qual o receptor atribui significado aos símbolos codificados pelo emissor; f) Receptor: a parte que recebe a mensagem enviada por outra parte; g) Resposta: as reações do receptor após ter sido exposto a mensagem;. h) Feddback: a parte da resposta do receptor que é comunicada de volta ao emissor; i) Ruído: a estática ou distorção não planejada que ocorre durante o processo de comunicação, no qual resultam no recebimento, pelo receptor, de uma mensagem diferente daquela enviada pelo emissor. Ainda segundo Kotler e Armstrong (2007, p. 362), para que uma mensagem seja efetiva, o processo de codificação do emissor deverá se mesclar ao processo de decodificação do receptor. Dessa forma, as melhores mensagens são aquela expressadas em palavras e outros símbolos familiares ao receptor. Quanto mais os campos de experiência do emissor e do receptor forem iguais, mais efetiva a mensagem provavelmente será, sendo que os comunicadores de marketing podem até nem sempre compartilhar do mesmo campo de experiência do consumidor. Um exemplo dado pelos autores (2007, p. 362), é um redator publicitário proveniente de determinada camada social poderia criar anúncios para consumidores de outro estrato, como ricos empresários, porém, para ele se comunicar de maneira eficaz, ele precisa entender o campo de experiência desse consumidor. Esse modelo destaca diversos fatores-chave de boa comunicação. Os emissores precisam saber quais públicos desejam atingir e quais respostas querem obter. Eles devem ser competentes na codificação de mensagens que levem em conta como os públicos-alvo as decodificam. Devem enviar mensagens por mídias que atinjam o publico-alvo e desenvolver canais de feedback para poder avaliar as respostas do publico as mensagens (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 362) Corroborando com esta afirmação, Urdan e Urdan (2010, p. 270), sustentam que o processo de comunicação está na base da promoção. Emissor, codificação, 52 mensagem, meio, receptor, decodificação, resposta e feedback são os elementos e atividades que tornam possível a comunicação. Esses elementos viabilizam articular, transmitir, receber, interpretar e reagir a informações. O marketing organiza esses elementos tentando levar o receptor a responder de acordo com os objetivos da organização. A gestão de comunicação de marketing é um desdobramento da gestão de marketing e os gerentes devem sempre conservar o alinhamento entre elas. “Nas comunicações, o desafio é encontrar a combinação mais eficaz e eficiente de atividades, mensagens e mídias para atingir os objetivos.” (URDAN; URDAN, 2010, p. 270) Dessa forma, a comunicação de marketing se torna um importante mecanismo de promoção para as organizações, através do qual elas realizam a divulgação de seus produtos e serviços, influenciando e persuadindo os consumidores, posicionando sua marca e identificando seus clientes potenciais, desse modo, realizando atividades bem elaboradas para atingir os melhores resultados possíveis. 2.6.1 Modelos do processo de comunicação De acordo com Kotler e Keller (2006, p. 536), o profissional de marketing deve compreender os elementos fundamentais da comunicação eficaz. Para tanto, eles citam dois modelos úteis que devem ser usados: o macromodelo e o micromodelo. a) O macromodelo - enfatiza os principais fatores de uma comunicação eficaz. Nesse modelo, o emissor precisa saber quais públicos pretende alcançar e que reações pretende gerar nas pessoas. Deve, portanto, codificar a mensagem para que o público-alvo a decodifique. Necessita também transmitir a mensagem através de meios que alcancem o públicoalvo e desenvolver canais de feedback para o monitoramento das respostas. Quanto mais o campo de experiência do emissor se sobrepõe ao do receptor, mais eficaz será a comunicação. Processos como a atenção seletiva, a distorção seletiva e a retenção seletiva podem funcionar durante a comunicação. 53 b) Micromodelo – As ações que envolvem este modelo de comunicação de marketing se concentram nas respostas especificas do consumidor a comunicação, sendo que todos esses modelos pressupõe que o comprador passa por um estágio cognitivo, um afetivo e um comportamental, todas nessa ordem, através do qual, o consumidor identifica que existe um produto, o transforma em um desejo e por fim realiza uma ação de compra. Ainda segundo Kotler e Keller (2006, p. 537) o modelo de hierarquia de efeitos é marcado pelos seguintes elementos: a) Conscientização: na conscientização, como a maior parte do seu públicoalvo não está consciente do objeto, é uma tarefa do comunicador desenvolver formas a fim de despertar a conscientização para junto aos seus públicos; b) Conhecimento: o público-alvo está consciente da marca, porém não sabe nada sobre ele. Neste caso, a tarefa do comunicador é colocar a marca em uma categoria relativamente conhecida, apresentando mais informações sobre ela; c) Simpatia: é uma ação no qual o comunicador tem como missão identificar qual é opinião do público acerca do objeto, após essa tarefa, ele deve desenvolver “boas ações seguidas de boas palavras” a fim de garantir a simpatia do mercado alvo; d) Preferência: nesse elemento, as ações são direcionadas para que o comunicador possa conquistar a preferência do consumidor comparando seu produto com a concorrência, com o objetivo de torná-lo mais atraente que seus adversários; e) Convicção: nessa ação a tarefa do comunicador é desenvolver a convicção e a intenção de compra entre os consumidores; f) Compra: por fim, o ato de compra envolve um incentivo do comunicador aos consumidores a fim de fazê-los tomar a iniciativa de compra, convencendo que é o produto que lhe trará mais benefícios. Sob a visão de Kotler e Keller (2006, p. 538), para aumentar as chances de sucesso de uma campanha de comunicação de marketing, o profissional de marketing deve tentar aumentar ao máximo a probabilidade de cada etapa se 54 concretizar. No exemplo dado pelos autores, uma campanha de comunicação de marketing ideal englobaria seis conceitos, expostos a seguir: 1. O primeiro conceito afirma que o consumidor certo deve estar exposto a mensagem certa no local e na hora certa; 2. No segundo item, os autores, sustentam que o anuncio deve prender a atenção do consumidor, mais não deve desviar a atenção da mensagem que se tenciona transmitir; 3. No terceiro conceito, é evidenciado que o anuncio deve refletir adequadamente o nível de compreensão do consumidor sobre o produto e a marca; 4. No quarto, o anuncio deve se posicionar a marca corretamente em termos dos pontos de diferença e dos pontos de semelhança desejáveis e exequíveis; 5. No quinto item, observa-se que o anúncio deve motivar os consumidores a considerar a compra da marca; 6. Por fim, no sexto conceito é abordado que o anuncio deve criar fortes associações da marca com todos esses efeitos de comunicação armazenados, a fim de causar impacto quando os consumidores considerarem a realização de uma compra. Um bom plano de comunicação precisa seguir algumas etapas. Tanto Urdan e Urdan (2010) quanto kotler e Keller (2006) sugerem modelos, os quais serão melhor detalhados a seguir. 2.6.2 Etapas de um plano de comunicação Em relação a tarefa essencial da gestão de comunicações de marketing, Urdan e Urdan (2010) observam que ela define a combinação mais eficaz e eficiente de atividade, mensagens e mídias para atingir os objetivos e compreende um processo de nove etapas especificadas na figura 8. 55 Figura 8 – O processo de gestão de comunicação de marketing. DETERMINAR PROBLEMAS OU OPORTUNIDADES DEFINIR OS OBJETIVOS CONTROLAR OS RESULTADOS CARACTERIZAR A AUDIÊNCIA-ALVO IMPLEMENTAR A ESTRATÉGIA SELECIONAR COMPOSTO PROMOCIONAL DETERMINAR O ORÇAMENTO DEFINIR OS MEIOS ELABORAR AS MENSAGENS Fonte: Urdan; Urdan (2010, p. 247) As nove etapas mencionadas na figura 8 são detalhadas conforme Urdan e Urdan (2010) da seguinte maneira: a) Determinar o problema ou a oportunidade: realizando uma análise do ambiente e da empresa; b) Definir os objetivos: definindo os objetivos específicos da empresa em relação à comunicação, informando sobre um objeto, influenciando sentimentos e estimulando ações em relação ao objeto; c) Caracterizar a audiência-alvo: explorando as características da audiência especificamente relacionadas as comunicações de marketing; d) Selecionar o composto promocional: propaganda, marketing direto, venda pessoal, promoção de vendas ou relações publicas; e) Elaborar as mensagens: elaboração da mensagem que o emissor transmitirá ao receptor. A criatividade é indispensável para um bom gabarito na construção de mensagens, mais princípios e técnicas ajudam; f) Definir os meios: definição dos meios ou canais de comunicação que viabilizarão a entrega de mensagens aos receptores (mídias escritas como 56 revistas, jornais, paginas amarelas, catálogos ou eletrônicas como radio, televisão ou internet); g) Determinar o orçamento: fixação do orçamento financeiro investido no esforço promocional; h) Implementar a estratégia: gerenciar a implementação de comunicação de marketing para preservar a integridade do planejamento realizado nas etapas anteriores; i) Controlar os resultados: controle das ações de comunicação de marketing, demonstrando que um esforço específico gerou resultados compatíveis com os objetivos. Já Kotler e Keller (2006, p. 538), sustentam que o desenvolvimento de uma comunicação eficaz passa por oito etapas: identificação do público-alvo, determinação dos objetivos, elaboração da comunicação, seleção dos canais de comunicação e estabelecimento do orçamento. A figura 9, mostrada na sequência, apresenta as várias etapas de um processo de comunicação. Figura 9 - Etapas no desenvolvimento de uma comunicação eficaz IDENTIFICAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS ELABORAÇÃO DA COMUNICAÇÃO SELEÇÃO DOS CANAIS DE COMUNICAÇÃO ESTABELECIMENTO DO ORÇAMENTO DECISÃO SOBRE O MIX DE COMUNICAÇÃO MENSURAÇÃO DOS RESULTADOS DA COMUNICAÇÃO GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING Fonte: Kotler; Keller (2006, p.539) 57 As etapas de um processo de comunicação supracitadas serão mais bem descritas nos itens a seguir. 2.6.2.1 Identificação do público-alvo De acordo com Kotler e Keller (2006, p. 538), o processo de desenvolvimento de uma comunicação eficaz deve ser iniciado tendo-se em mente um público-alvo bem determinado. É possível traçar o perfil do público-alvo conforme qualquer segmento de mercado, pois definir o público-alvo em termos de uso e fidelidade é um processo benéfico para as empresas. A estratégia de comunicação pode ter diferentes formas, isso vai depender do uso e da fidelidade envolvidos, portanto, pode-se conduzir uma análise da imagem para traçar um perfil do público-alvo em termos de conhecimento da marca e, assim, proporcionar uma compreensão ainda mais detalhada, sendo que, uma parte fundamental do processo de identificação do público-alvo é a avaliação da imagem atual da empresa e de seus produtos e concorrentes. O comunicador de marketing deve começar com uma ideia clara do públicoalvo, sendo que ele pode ser formado por compradores potenciais ou usuários atuais, o que tomam a decisão de compra e os que a influenciam. Pode consistir em indivíduos, grupos, públicos especiais ou público em geral. O público-alvo afetará em muito as decisões do comunicador sobre o que será dito, como será dito, quando será dito, onde será dito e quem dirá. (KOTLER; AMSGTRONG, 2007, p. 362) Kotler e Keller (2006, p. 539) ainda ressaltam que as imagens persistem por um longo período, isso explica porque as empresas devem ter tanto cuidado em criá-las na cabeça dos clientes. Essa imagem fixada na memória dos clientes é explicada pelo fato de que depois de formada determinada imagem, as pessoas só percebem o que é coerente com essa imagem. “São necessárias informações que efetivamente desmintam tal crença para levantar questionamentos e ‘abrir a cabeça’, principalmente quando se carece de experiências constantes ou novas com o objetivo modificado.” Sendo assim, analisando a teoria estudada, para que a comunicação de uma organização seja realizada de forma efetiva e obtenha resultados positivos, é necessário que as empresas tenham seu público-alvo bem definido, a fim de estabelecer as melhores estratégias de comunicação para o segmento que pretende 58 atingir, não gastando verbas e tempo com divulgações que não trarão bons resultados à empresa. 2.6.2.2 Determinação dos objetivos A identificação dos clientes potenciais é apenas a primeira etapa no processo para o desenvolvimento de uma comunicação eficaz. Logo após é necessário definir os objetivos que a comunicação pretende atingir. Churchill (2010, p. 456) afirma que assim como as metas da própria empresa, os objetivos da comunicação também devem ser claros, específicos, porém devem ser alcançáveis. Além disso, devem apoiar os objetivos globais de marketing, pois definir os objetivos da comunicação inclui considerar as mensagens e imagens básicas que serão utilizadas. De acordo com Rossiter e Percy (apud KOTLER; KELLER, 2006, p. 540), os objetivos possíveis são quatro: a) Necessidade da categoria: A comunicação é elaborada de maneira que possa estabelecer a criação da necessidade de um produto ou serviço da categoria. Dessa forma, esse produto ou serviço inovador, começaria com o objetivo de comunicação que visasse estabelecer a necessidade da categoria. b) Conscientização da marca: Nesse objetivo, a comunicação deve ser desenvolvida através de um trabalho de conscientização da marca junto aos consumidores. Essa conscientização deve ser formulada para que o público comece a reconhecer e identificar a marca dentro de uma categoria de produtos, em detalhes suficientes para que se efetue a compra. c) Atitude em relação à marca: A marca deve-se mostrar importante, comprovando sua capacidade de atender a uma necessidade atualmente relevante, trazendo benefícios aos clientes. d) Intenção de compra da marca: Nesse item são identificadas instruções próprias para comprar uma marca ou concretizar uma ação relacionada à compra. Aqui são identificadas também estratégias de comunicação 59 elaboradas a fim de que o consumidor possa vir a adquirir a marca, pelo meio de uma lembrança do produto. Os autores afirmam ainda que em geral, a comunicação mais eficaz consegue alcançar diversos objetivos. Portanto, através das afirmações mencionadas pelos autores, é possível perceber que para um plano de comunicação ser bem estruturado, é necessário que as empresas tenham em mente seu objetivo bem definido, para que seja possível direcionar a comunicação da melhor forma, sendo que, as mensagens e imagens que serão utilizadas na comunicação dependem desse fator. 2.6.2.3 Elaboração da comunicação A fase de elaboração da comunicação é o processo de criação de uma mensagem para atingir os objetivos da comunicação da empresa. Segundo Kotler e Keller (2006, 541), na elaboração da comunicação, para que se obtenha a resposta desejada, a empresa deve estar atenta a solução de três problemas: o que dizer (estratégia de mensagem), como dizer (estratégia criativa) e quem dizer (fonte de mensagem). a) Estratégia de mensagem: A empresa, ao determinar a estratégia de mensagem, deve estabelecer táticas que visem o apelo, temas ou ideias que se vinculam ao posicionamento da marca e que ajudem a formar pontos de semelhantes e pontos de diferença para o produto ou serviço. Estes pontos de semelhança e diferença podem estar relacionados diretamente com o desempenho do produto ou serviço como qualidade, economia ou valor da marca, ou relacionados a considerações como contemporaneidade, popularidade ou tradicionalismo. b) Estratégia criativa: A eficácia da comunicação depende de como a mensagem é emitida aos receptores, assim como do conteúdo da mesma. A determinação de mensagens erradas ou formas de transmissão insatisfatórias podem significar uma comunicação ineficaz. As estratégias criativas definem como os profissionais de marketing traduzem suas mensagens em comunicação específica, ou seja, a criatividade é um ponto importante nesse processo, que define como a mensagem será expressa. 60 Essas estratégias podem ser classificadas em duas categorias: apelos informativos e apelos transformativos, sendo que os primeiros têm como base os benefícios e atributos do produto ou serviços, pressupondo um processo extremamente racional de comunicação por parte do consumidor, e os outros possuem como base os benefícios ou imagem não relacionada ao produto, estimulando emoções e consequentemente motivação de compra. c) Fonte de mensagem: destaca-se a importância da fonte da mensagem, na qual a empresa irá transmitir. É nesse estágio que são definidos quem vai transmitir a mensagem, uma fonte própria da empresa ou outros tipos como pessoas conhecidas ou desconhecidas. É importante que a mensagem seja transmitida com credibilidade para os receptores, destacando-se três fatores imprescindíveis nesse processo: domínio do assunto, confiabilidade e simpatia. Kotler e Keller (2006, p. 544) concluem que: As multinacionais enfrentam numerosos desafios ao desenvolver programas de comunicação global. Primeiro, precisam decidir se o produto é apropriado ao país. Segundo, precisam ter certeza de que o segmento de mercado em que estão tentando entrar é legal e usual. Terceiro, precisam decidir se o estilo de propaganda é aceitável. E, em quarto, se os anúncios devem ser criados na matriz ou localmente. Portanto, com base no que foi apresentado, é possível perceber que nessa etapa do plano de comunicação é necessário que a organização tenha criatividade para poder transmitir de forma clara e objetiva sua mensagem, por meio de um estudo que determinará o que dizer, como dizer e para quem dizer, a fim de obter a resposta desejada e cumprir com os objetivos da comunicação. 2.6.2.4 Seleção dos canais de comunicação A seleção dos canais de comunicação é a quarta etapa para o desenvolvimento de uma comunicação eficaz, e está relacionada às escolhas que a empresa terá que fazer no que diz respeito aos meios (canais) de comunicação mais apropriados para atingir o objetivo esperado na comunicação. O conjunto de uma boa mensagem, juntamente com um canal de mídia eficiente é que determinará a eficácia da comunicação. 61 De acordo com Churchill e Peter (2010, p. 457), uma vez que os elementos do composto de comunicação devem trabalhar juntos, o profissional de marketing precisa selecionar a combinação certa entre esses elementos, avaliando as contribuições que a propaganda, a venda pessoal, a promoção de vendas e a publicidade podem oferecer para alcançar os objetivos da comunicação, bem como os objetivos de marketing global. Kotler e Keller (2006, p. 546) afirmam que os canais podem ser classificados como pessoais e não pessoais e podem estar divididos em vários subcanais, vistos mais profundamente a seguir: Canais de comunicação pessoais: caracterizados pelo envolvimento de duas ou mais pessoas realizando uma comunicação, pessoalmente ou através de ferramentas como telefone ou email. A eficácia dos canais de comunicação pessoal provém das oportunidades de individualizar a apresentação e o feedback. Os canais defensores, especialistas e sociais, fazem parte do conjunto de canais considerados pessoais, cada qual com uma característica especifica, sendo que os canais especialistas são considerados aqueles em que os vendedores entram em contato com os consumidores alvo, os especialistas, são independentes, porém dominam a comunicação do produto junto aos consumidores, já os canais sociais, são constituídos de pessoas como vizinhos, colegas, amigos e familiares, que atuam como influenciadores no processo de aquisição. De acordo com Kotler e Keller (2006, p. 548), existem diversas providências que as empresas podem tomar no que tange o estímulo dos canais de influência pessoal, dentre elas, citam-se as seguintes: a) Identificar pessoas e empresas influentes e dedicar mais atenção a elas; b) Criar líderes de opinião oferecendo a determinadas pessoas o produto em condições atraentes; c) Fazer apresentações a pessoas influentes na comunidade, como radialistas locais, representantes de entidades e presidentes de organizações femininas; d) Usar pessoas influentes ou que inspiram credibilidade em propagandas do tipo testemunho; e) Desenvolver propaganda que possua grande ‘valor de conversa’; 62 f) Desenvolver canais de referência boca a boca para aumentar os negócios; g) Desenvolver um fórum eletrônico; h) Utilizar o marketing viral. Por fim os autores ainda afirmam que o processo de comunicação de influência pessoal deve ser colocado em prática com cautela, ou seja, os profissionais de marketing precisam tomar cuidado na hora de se comunicar com o cliente, pois estes podem não gostar de uma comunicação pessoal não solicitada. Canais de comunicação não pessoais - são aqueles dirigidos para mais de uma pessoa, chamados não pessoais, pois inclui elementos como: mídia, promoções de venda, eventos e relações públicas. a) Mídia: constituída pelos meios de comunicação escritos (jornais e revistas), transmitida (rádio e televisão), em rede (telefone, cabo, satélite), eletrônica (videodisco, CD-ROM, páginas Web) e expositiva (painéis, outdoors ou cartazes); b) Promoção de vendas: que consistem nas promoções para os consumidores, como amostras, cupons, prêmios, brindes entre outros, promoções para o varejo (como propaganda e concessões de exibição) e promoções para a força de vendas , como os concursos para vendedores. c) Eventos e experiências: incluem esportes, artes, entretenimento e eventos em defesa de causas, bem como também atividades mais informais que criam novas interações da marca com os clientes. d) Relações públicas: abrangem a comunicação direcionada de forma interna, aos colaboradores da empresa, ou de forma externa, aos consumidores, outras empresas, governo, imprensa e demais interessados. Uma das características desse tipo de canal é a abrangência de várias pessoas ao mesmo tempo no momento da recepção da mensagem enviada, que por sua vez é igual para todas as pessoas. Por fim, Kotler e Keller (2006, p. 550) concluem que embora a comunicação pessoal na maioria das vezes seja mais eficaz que a comunicação de massa, os meios de massa podem ser o mais importante estímulo da comunicação pessoal, 63 sendo que, essa comunicação afeta atitudes e comportamentos individuais através de um processo de fluxo de comunicação. Sendo assim, com vistas no que foi apresentado, conclui-se que é através da escolha dos canais que uma empresa conseguirá atingir seus objetivos de forma eficaz, sendo que, os elementos desse composto devem trabalhar em conjunto, objetivando alcançar os melhores resultados. No entanto, um bom canal de comunicação não será o suficiente para que uma comunicação seja bem aceita pelo público, é necessário que juntamente com o canal mais apropriado, haja uma mensagem boa e criativa aos receptores. 2.6.2.5 Estabelecimento do orçamento total de comunicação de marketing Segundo Koltler e Armstrong (2007, p. 368) a definição do orçamento total da promoção é uma decisões mais difíceis do marketing a ser tomada por organização. De acordo com Boone e Kurtz (2009, p. 550), os orçamentos de comunicação podem se distinguir não apenas em quantidade, mais também em sua composição. Os profissionais de marketing “business-to-business” investem uma parte maior de seus orçamentos em venda pessoal, enquanto os fabricantes de bens de consumo investem seu orçamento em propaganda. Para Chuchill e Peter (2010, p. 459), alguns profissionais de marketing ainda definem orçamentos diferentes para cada elemento do composto de comunicação, elaborando, o orçamento de propaganda separadamente do orçamento para as vendas pessoais. Entretanto, seguindo a lógica da comunicação integrada de marketing, todos os elementos do composto devem ser considerados em conjunto ao se definir o orçamento. Nesse sentido, existem diversas abordagens para a definição dos orçamentos de comunicação de uma organização. Kotler e Armstrong (2007, p. 368) mencionam quatro procedimentos que podem ser utilizados para a definição de orçamento de promoção de uma organização: o método dos recursos disponíveis, o método da porcentagem sobre as vendas, o método da paridade com a concorrência e o método de objetivos e tarefas, vistos mais profundamente em seguida. a) Método dos recursos disponíveis: esse método estabelece o orçamento de promoção no nível em que a empresa acredita que pode gastar, sendo 64 mais comum em pequenas empresas, pois dessa a empresa consegue racionar melhor os custos, não gastando mais do que tem. Dessa forma, o método de recursos disponíveis é baseado no que a empresa acredita ser suficiente para a realização dessa atividade. Nesse método é contabilizado o total de receita, deduzindo as despesas operacionais e os desembolsos de capital e então é reservada uma parte dos fundos remanescentes para campanhas publicitárias. b) Método da porcentagem por vendas: aqui o orçamento de promoção é definido como uma porcentagem determinada sobre a receita de vendas atual ou prevista, ou sendo uma porcentagem sobre o preço unitário de venda, dessa forma a empresa somente irá desembolsar os recursos conforme for as vendas. É um método caracterizado pela fácil utilização, ajudando a gerência sobre as relações entre gastos com promoção, preço de venda e lucro por unidade, porém é um método onde o orçamento é calculado por porcentagem sobre as vendas se baseia na disponibilidade de recursos e não nas oportunidades. c) Método da paridade com a concorrência: nesse método, a determinação de orçamento usada pela empresa ocorre usando uma estimativa de gastos de seus concorrentes, onde são monitoradas as propagandas dos concorrentes por meio de publicações ou associações comerciais, e definido o orçamento como base a média do setor. Um ponto negativo do método é que as empresas são muito distintas e por isso suas necessidades de promoção diferem de acordo com sua realidade, não tendo motivos para acreditar que a concorrência possa mostrar o quanto se deve gastar com promoção. d) Método de objetivos e tarefas: por fim o método de objetivos e tarefas é definido pela organização de acordo com o que ela pretende alcançar. Esse método implica na definição de objetivos específicos de promoção, na determinação das tarefas que devem ser realizadas para atingir esses objetivos e na estimativa dos custos de execução dessas tarefas, sendo a soma desses custos o orçamento de promoção proposto. Difere-se dos demais métodos por seu aproveitamento, pois o método de objetivos e tarefas consegue resolver impasses particulares da empresa. 65 Dessa forma, com base no que foi apresentado, pode-se afirmar que a definição do investimento total para a comunicação de uma empresa não é uma tarefa tão fácil de ser tomada e deve ser cuidadosamente analisada, a fim de evitar possíveis frustrações por parte da equipe de marketing. Conforme afirmaram Kotler e Keller (2006), as empresas podem optar por quatro formas diferentes para a definição de seu orçamento na área de comunicação de marketing, cabendo a ela identificar o método que mais se enquadra com seu perfil e que irá se adaptar da melhor forma as suas necessidades. 2.6.2.6 Decisão sobre o mix de comunicação de marketing Os profissionais da área de marketing devem selecionar a ferramenta de comunicação que irá proporcionar o resultado mais eficaz para a empresa, a fim de atingir os objetivos almejados. Segundo Kotler e Keller (2006, p. 369), o conceito de comunicação integrada de marketing sugere que as ferramentas promocionais devem ser mescladas cuidadosamente em um mix de comunicação, no entanto, a empresa deve saber como determinar qual mix de ferramentas promocionais irá utilizar. Na visão de Churchill e Peter (2010, p. 452), a organização deve empenharse em encontrar o composto de comunicação mais eficaz e eficiente, levando em consideração todas as vantagens e desvantagens de cada tipo de comunicação. Os anúncios de rádio, TV, revistas ou jornais, alcançam imediatamente muitas pessoas, porém seu investimento é alto e seu feedback difícil de avaliar. A publicidade por um lado é muitas vezes gratuita, no entanto o profissional de marketing tem pouco ou nenhum controle acerca das informações e o público a ser atingido. No quadro 03, a seguir, Churchill e Peter (2010, p. 455), colocam as vantagens e desvantagens de cada elemento do composto de comunicação. 66 Quadro 3 – Elementos do composto de comunicação Elemento Vantagens Desvantagens Alcança muitos clientes potenciais É uma maneira eficaz para criar imagens É flexível em termos de tempo e mercados Possui multiplicadores de opção de mídia Apresenta custo relativamente baixo por pessoa exposta à mensagem É adequada para alcançar diversos tipos de objetivos de comunicação Alcança muitas pessoas que não são compradores potenciais Os anúncios estão sujeitos a muitas criticas O tempo de veiculação normalmente é curto As pessoas tendem a desconsiderar os anúncios O investimento total pode ser elevado O custo por contato é alto Venda Pessoal Vendedores podem ser persuasivos e influentes Comunicação de mão dupla permite perguntas e feedback da outra pessoa A mensagem pode ser direcionada a indivíduos específicos Em algumas situações, como a relativa a produtos complexos, os compradores podem esperar vendas pessoais Pode ser difícil recrutar e motivar os vendedores As habilidades de apresentação variam entre os vendedores Apresentações pobres ou malfeitas podem prejudicar a imagem e também as vendas Promoção vendas Favorece reduções de preços de curto prazo projetadas para estimular a demanda Oferece multiplicidade de instrumentos disponíveis para a promoção das vendas É eficaz na mudança de comportamento Vincula-se facilmente a outras comunicações Corre-se o risco de induzir clientes leais a estocar o produto, sem que se consiga influenciar outros clientes potenciais O impacto pode-se limitar ao curto prazo Quando associada a preços pode prejudicar a imagem da marca É fácil ser copiada pelos concorrentes O custo total pode ser muito baixo As mensagens geradas pela mídia recebem mais credibilidade do que as patrocinadas pelos profissionais de marketing A mídia pode não cooperar A competição pela atenção da mídia é pesada Pouco controle sobre a mensagem As mensagens tendem a não se repetir Propaganda Publicidade de Fonte: Churchill; Peter (2010, p. 455) De acordo com Urdan e Urdan (2010, p. 252), para alcançar os objetivos de comunicação existem as ferramentas do composto promocional: propaganda, marketing direto, venda pessoal, promoção de vendas e relações públicas. O emprego combinado das cinco opções constitui o composto promocional da organização, conforme mostra a figura 10. 67 Figura 10 – As ferramentas do composto promocional Marketing direto Propaganda Relações públicas Ferramentas promocionais Venda pessoal Promoção de vendas Fonte: Urdan; Urdan (2010, p. 253) O profissional tira melhor proveito de cada um dos elementos mostrados e integra todos eles para obter sinergia no esforço promocional. Na sequência do estudo, os fundamentos dos cinco componentes de promoção serão melhor detalhados (URDAN; URDAN, 2010, p.253): Características do mix de comunicação de marketing: Propaganda: De acordo com Las Casas (2010, p. 380), a propaganda é uma forma de comunicação paga, não pessoal, em que há um patrocinador identificado, podendo ser usada para informar ou persuadir determinada audiência. São empregadas geralmente em forma de mídias em massa, como jornais, televisão, revistas e outdoors, sendo a mídia que recebe a maior verba orçamentária, podendo atingir vários receptores ao mesmo tempo, em nível regional e nacional. Udan e Urdan (2010, p. 253), definem a propaganda na mesma linha de Las Casa, eles ressaltam que propaganda é uma comunicação paga, impessoal e 68 transmitida por mídia não interativa de massa (como televisão, jornal e outdoor) ou mídia interativa eletrônica (internet). A empresa que emite a propaganda (anunciante) paga pelo uso do canal de comunicação, que costuma ser de terceiros, e se identifica como responsável pela mensagem. É impessoal pois o receptor tem contato com o meio de comunicação e não diretamente com pessoas do anunciante. Normalmente no momento em que acontece, a comunicação é unilateral, do emissor para o receptor, no entanto a internet já permite propaganda rapidamente bilateral. A propaganda é qualquer comunicação não pessoal paga por meio de várias mídias referentes a uma empresa, organização sem fins lucrativos, um produto ou ideia feita por um patrocinador identificado em uma empresa que tenha a intenção de informar ou persuadir um público específico. Para as organizações, a propaganda é o componente principal do mix de comunicação. O consumo em massa e os mercados geograficamente dispersos realizam propagandas particularmente adequadas para a comercialização de produtos e serviços dirigidos a públicos grandes propensos a responder as mesmas mensagens de comunicação, que envolve, sobretudo, as mídias de massa como jornais, televisão rádio, revistas e outdoors, porém inclui também formas eletrônicas e computadorizadas de promoção como comerciais na internet, CDs e fitas de videocassete e monitores de vídeo em supermercados (BOONIE; KURTZ. 2009, p. 533) Marketing direto: uma ferramenta promocional implementada pela organização com os objetivos de atingir receptores identificados e obter deles uma resposta imediata. O emissor utiliza um ou mais meios como mala direta, catálogo ou telemarketing, para atingir o receptor em qualquer lugar que ele estiver. A comunicação realizada através do marketing direto apela para ele solicitar informações adicionais, visitar algum ponto comercial ou fazer o pedido de compra, sendo um elemento impulsionado pelo uso de bancos de dados (URDAN; URDAN, 2010, p. 254) Em perspectiva similar, Boonie e Kurtz (2009, p. 535) afirmam que o marketing direto é o uso da comunicação direta para um consumidor ou receptor comercial projetada para a geração de uma resposta na forma de um pedido, uma solicitação para obter informações adicionais sobre o que foi divulgado ou uma visita a um local de negócios para comprar produtos ou serviços específicos. Ainda que muitas pessoas considerem iguais o marketing direto e a mala-direta, essa categoria de comunicação também inclui o marketing por telefone (telemarketing), a 69 propaganda de resposta direta e os infomerciais em televisão e rádio, propaganda impressa de resposta direta e mídias eletrônicas. Já Kotler e Amstrong (2007, p. 370) sustentam que o marketing direto é privado, ou seja, a mensagem é normalmente dirigida a uma pessoa específica, sendo também imediato e personalizado, uma vez que as mensagens podem ser preparadas com muita rapidez e podem ser criadas para atrair consumidores específicos. Por fim, os autores (2007, p. 370) afirmam que o marketing direto é interativo, pois permite um diálogo entre a equipe de marketing e o consumidor, sendo que e as mensagens podem ser alteradas e adaptadas de acordo com a resposta do consumidor, dessa forma, o marketing direto se ajusta muito bem aos esforços de marketing altamente direcionados e a criação de relacionamentos pessoais com o cliente. Venda pessoal: Churchill e Peter (2010, p. 452) definem a venda pessoal como uma venda que envolve interação pessoal com o consumidor, seja ela face a face, por meio de telefone (telemarketing), fax ou computador. Uma vez realizada através de qualquer veículo que permita interação direta e pessoal entre vendedor e comprador, a venda pessoal garante feedback imediato para os profissionais de marketing, permitindo assim que a comunicação seja ajustada e adaptada para satisfazer as necessidades da situação. Segundo os autores (2010, p. 452), o lado negativo, desse tipo de elemento de comunicação está no fato de que a venda pessoal normalmente tem um custo maior por contato com o cliente que outros tipos de comunicação de marketing e às vezes os vendedores são mal treinados e impertinentes, sendo que, da mesma forma, alguns vendedores são claramente melhores em seu trabalho do que outros, anulando assim a cobertura dos veículos de propaganda. Las Casas (2010, p. 380) observa que a venda pessoal é uma das mais eficazes formas de comunicação, pois é uma comunicação que acontece e frente a frente na relação entre vendedor e comprador. Segundo os autores, essa é uma das formas mais antiga de comunicação e pode ocorrer por meio de contatos diretos, por telefone, de forma interativa com computadores, entre outras formas. A venda pessoal representa o instrumento mais eficaz em alguns estágios do processo de compra, em particular na construção das preferências, convicções e ações dos compradores, envolve interações pessoais entre dois ou mais indivíduos, 70 de maneira que cada um pode observar as necessidades e características do outro, fazendo assim ajustes rápidos. Também permite que nasçam todos os tipos de relacionamento, desde um relacionamento de vendas apenas formal até uma amizade pessoal. Essa modalidade de comunicação também tem um custo alto, exigindo maior comprometimento de prazo mais longo que a propaganda (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 370) Promoção de vendas: é geralmente empregada quando os profissionais de venda de marketing desejam rápidos aumentos nas vendas a partir de suas campanhas de comunicação. São pressões de marketing realizadas dentro a fora da mídia e aplicada durante um período de tempo predeterminado e limitado ao âmbito do consumidor, ou do varejista ou do atacadista, com o objetivo de estimular a experiência com um produto e aumentar a demanda ou a disponibilidade (CHURCHILL; PETER, 2010, p. 453), As promoções de vendas podem ser dirigidas tanto para intermediários como para os usuários finais, e incluem cupons, ofertas de descontos por tempo limitado, amostras grátis, brindes, ofertas do tipo “leve dois pague um”, abatimentos posteriores, concursos, sorteios ou jogos de azar, eventos especiais ou campanhas semelhantes. A promoção de vendas normalmente ocorre em conjunto com a propaganda ou a venda pessoal e são normalmente projetadas para impelir rapidamente as vendas e pelo teoricamente criar lealdade, sendo que se administradas continuadamente podem tornar-se ineficazes. (CHURCHILL; PETER, 2010, p. 454) Urdan e Urdan (2010, p. 355) afirmam que promoção de vendas são atividades ou objetos que acrescentam valor para o comprador e incentivam o processo de compra, sendo que, com a promoção de venda a organização proporciona uma razão adicional ao cliente para adquirir o produto, estando dirigidas ao consumidor final e aos intermediários no canal de distribuição. A ferramenta apresentada é mais empregada durante períodos limitados de tempo e com baixa frequência. Ainda segundo os autores (2010, p. 355), as liquidações e degustações ilustram a dinâmica dessa categoria de comunicação, baseada em oferecer claro estímulo extra para o consumidor realizar a logo a compra. A promoção de vendas costuma gerar forte impacto nos clientes, razão pela qual o uso excessivo é tentado, 71 mais perigoso, sendo que, com ações muito repetidas, gera o risco diminuir a parcela de compradores disposta a pagar o preço normal fora de liquidação ou comprar o produto sem incentivo da degustação. Na mesma linha, Las Casas (2010, p. 381) sustenta que o objetivo da promoção de vendas é o de promover, sendo uma ferramenta considerada de grande abrangência, compreendendo cupons, concurso, amostras, demonstrações, shows, desfiles, entre outras coisas. Um esforço adicional, fora do contexto da propaganda e da venda pessoal, é considerado promoção de vendas e caracterizase por um incentivo de prazo limitado e complementar a outra forma de comunicação. Relações públicas: De acordo com Boonie e Kurtz (2009, p. 535) as relações públicas referem-se às comunicações e as relações de uma empresa com seus diversos públicos. Esses públicos incluem consumidores, fornecedores, acionistas, funcionários, o governo, o público em geral e a sociedade na qual a organização atua, sendo que, os programas de relações públicas podem conduzir contatos formais ou informais, porém o ponto crítico é que toda organização, tendo ou não um programa formalmente organizado, deve cuidar de suas relações públicas. Sob a visão de Urdan e Urdan (2010, p. 255-256), as relações públicas consistem em monitorar as perspectivas dos públicos da empresa, identificando possíveis questões de interesse e preocupação e assim desenvolver programas para criar e manter relações positivas com estes públicos. O ponto de partida é a definição dos públicos relevantes, ou seja, os stakeholders. Os stakeholders são as partes afetadas pelas atividades da empresa ou que nela tem interesse. Não se pode ignorar a existência da influencia recíproca entre a empresa e seus públicos e as responsabilidades da organização perante estes grupos que vão alem do interesse imediato. A imagem negativa perante certo público pode abalar o posicionamento junto aos clientes. A imagem é como um filtro que melhora ou piora a percepção das pessoas sobre ações e resultados empresariais (URDAN; URDAN, 2010, p. 256). Por fim, Las Casas (2010, p. 381) afirma que “relações públicas é um conjunto dos processos da arte de se obter aceitação social. Estando clara em nosso espírito a concepção de aceitação social, a definição passa a ter significado”. Para o autor (2010, p. 381) deve-se considerar que as relações públicas significam um novo e eficiente instrumento promocional de trabalho, capaz de atuar 72 com êxito a serviço de um país, de uma instituição, de uma empresa, de uma pessoa, ou até mesmo de uma ideia, sendo promocional, pois promove, incentiva, propicia, estimula e concretiza, perante a opinião pública, tudo aquilo que seja legitimo e autêntico. Legitimidade e autenticidade são a própria substancia das Relações Públicas e do seu conceito atual. Portanto, por meio dos vários conceitos vistos, conclui-se que o composto de comunicação de marketing, é uma ferramenta indispensável para que se estabeleça uma comunicação competente entre a organização e seu público-alvo. Como podemos observar, alguns elementos tem características mais marcantes que outros, com vantagens e desvantagens, porém todos compõe um importante papel no processo de comunicação da empresa. A seguir veremos como mensurar os resultados obtidos através da comunicação e logo após como realizar a gestão desse processo, onde será abordada a importância da integração entre todos os componentes de comunicação de marketing. 2.6.2.7 Mensuração dos resultados da comunicação Depois de concretizada o envio da comunicação para o público desejado, é importante a organização avaliar o resultado do impacto da comunicação no públicoalvo. Para tanto, é necessário uma pesquisa de mercado investigando se o público reconhece ou se recorda da mensagem que recebeu, quantas vezes viu a mensagem e quais os principais pontos de destaque. Após enviar a mensagem, o comunicador deve realizar uma pesquisa a fim de saber o efeito que ela causou sobre o público-alvo. Isso implica perguntar aos membros do público-alvo se eles se lembram da mensagem, quantas vezes a viram, de que pontos se recordam, como se sentiram em relação a ela e suas atitudes passadas e presentes com relação ao produto e a empresa. O comunicador deveria também verificar o comportamento resultante da mensagem, ou seja, quantas pessoas compraram determinado produto, falaram sobre ele com outras pessoas ou visitaram a loja. Sintetizando, o feedback das comunicações de marketing pode sugerir mudanças no programa de promoção ou na oferta do produto em si (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 368). Segundo Urdan e Urdan (2010, p. 267), o problema básico do controle das ações de comunicação de marketing é demonstrar que um esforço específico gerou 73 resultados específicos e compatíveis com os objetivos da empresa. A base do controle são os objetivos da comunicação de marketing. Depois de executar as ações promocionais, é realizada a mensuração do que de fato aconteceu com a audiência, devem-se comparar os desempenhos pretendido e realizado, diagnosticar as razões de eventuais diferenças, tomar ações corretivas e assim complementar o controle. Ainda sob a visão dos autores (2010, p. 267), existem dois tipos de controle dos resultados de comunicação realizada pela empresa: Controle de atitudes e controle de comportamento. a) Controle de atitudes: no controle de atitudes, a empresa acompanha as mudanças que ocorreram nos conhecimentos, sentimentos e intenções de comportamento resultantes do trabalho de promoção. A forma mais eficaz de controlar essas atitudes é com algum tipo de mensuração do desempenho na forma pré e pós, ou seja, deve-se realizar uma pesquisa antes e após a ocorrência da comunicação. b) Controle de comportamentos: já no controle de comportamentos, a empresa analisa o resultado final esperado de todo esforço promocional. Este controle exige capturar e analisar os dados sobre as compras realizadas e os itens comprados por cada consumidor, sendo indicado para tal controle o uso de bancos de dados, sendo que analisando os dados, a empresa tenta identificar quais ações de comunicação foram mais efetivas para levar o cliente ao estágio de compra. Dessa forma, pode-se perceber que a mensuração dos resultados da comunicação realizada pela área de marketing é uma ferramenta de extrema importância para as organizações, que possibilita um posicionamento referente à ação que foi concretizada, dando subsídios para que os erros cometidos não se repitam futuramente. Essa mensuração deve ser realizada através de uma pesquisa e podem ser controladas de duas maneiras diferentes, através das atitudes dos clientes ou por meio de seu comportamento. 2.6.2.8 Gerenciamento do processo de comunicação integrada de marketing As empresas mais conservadoras tendem a ter propostas de comunicação separadas e não integradas, e as justificativas por obtarem por esse tipo de situação 74 são devidas à preservação do poder, maior domínio do orçamento e funções mais delineadas com a divisão departamental. “Cada vez mais os esforços são no sentido de unir os instrumentos de marketing e a comunicação integrada torna-se necessária.” (LAS CASAS, 2010, p. 368) Segundo Urdan e Urdan (2010, p. 269), a visão integrada das ações de comunicação faz com que o potencial de sucesso do esforço promocional da empresa aumente de forma significativa. É um conceito gerencial poderoso que depende de três princípios: abrangência, consistência e equilíbrio. a) Abrangência: a estratégia mais efetiva é a empresa realizar uma abordagem dos consumidores e outros públicos empregando múltiplas ferramentas promocionais (propaganda, marketing direto, promoção de vendas e relações publicas). Separadamente, nenhuma ferramenta promocional consegue cumprir todos os objetivos promocionais, uma vez que conhecidas as respectivas vantagens e limitações de cada ferramenta e sua diversidade, o melhor é aplicá-las em um programa amplo e integrado, buscando sinergia entre elas e maximizando os efeitos pretendidos. b) Consistência: a partir do momento em que a empresa vai empregar várias ferramentas, ela deve assegurar a coerência daquilo que cada uma comunica, sendo que na prática, a inconsistência acontece com frequência. O certo seria que todas as ações promocionais comecem com a mesma visão sobre a essência das informações e persuasões que o consumidor deve receber da empresa, dessa forma, o consumidor vai ser atingido por somente uma e vigorosa “voz”. c) Equilíbrio: as comunicações de marketing não devem somente elevar a consciência da marca, melhorar a preferência, conquistar compras ou gerar recompras. O desafio é operar em todos os objetivos de comunicação, sendo que não há muito sentido a empresa melhorar sua imagem por força do esforço promocional se as vendas estão estagnadas, ou incrementar vendas no curto prazo, com uso intensivo de ações promocionais, sacrificando a marca, que mais tarde pode acarretar em perdas comerciais e financeiras. O equilíbrio permeia o trabalho competente de comunicações de marketing, comportamentais. atingindo o sucesso nos objetivos atitudinais e 75 Urdan e Urdan (2010, p. 270) ainda concluem: A sinergia que resulta da abrangência, consistência e equilíbrio é pouco usual na prática. Daí a urgência da concepção de comunicações integradas de marketing, dando mais potência ao esforço promocional total do que se obtém apenas somando as partes. Promoção é fundamental para o sucesso do marketing e a perspectiva das Comunicações Integradas de Marketing especifica as linhas mestras que guiam o trabalho nesse domínio. O alto potencial de ganhos recomenda seguir a diretriz. Por fim, Kotler e Keller (2006, p. 556) afirmam que muitas organizações ainda confiam em somente uma ou duas ferramentas de comunicação. Esse método persiste apesar da propagação dos novos tipos de mídia, da crescente sofisticação dos consumidores e da fragmentação dos mercados de massa em um grande número de minimercados, cada um deles exigindo uma abordagem específica. A extensa gama de instrumentos de comunicação, mensagens e públicos torna obrigatório que as empresas se encaminhem para uma comunicação integrada de marketing. É necessária a adoção de uma visão 360 graus do consumidor para compreender as diferentes formas pelas quais a comunicação pode influenciar seu comportamento cotidiano. Nesse sentido, conclui-se que a gestão do processo de comunicação integrada de marketing abrange todo um trabalho de integração dos elementos de comunicação analisados, a fim de agregar valor a comunicação e assim atingir os objetivos pretendidos, uma vez que essa interação possibilita uma maior de uniformidade das mensagens transmitidas, tornando-as mais clara e consequentemente impactando de forma significativa seu público-alvo. De acordo com Las Casas (2010, p. 368), as empresas devem buscar a integração de todas as suas ações de comunicação de marketing através do marketing integrado. A comunicação integrada de marketing (CIM) é um sistema de gerenciamento e integração dos elementos de comunicação de marketing que inclui publicidade, assessoria de imprensa, promoção de vendas, marketing de patrocínio e comunicação no ponto de venda, sendo que a orientação é que todos os elementos comuniquem a mesma mensagem. No entanto, para que essa comunicação integrada ocorra com eficiência é fundamental a utilização de recursos e aplicativos disponíveis na internet. 76 2.7 A INTERNET E A COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES O uso de novas tecnologias no dia-a-dia das pessoas e das organizações gerou importantes mudanças na rotina e no comportamento da sociedade, sendo que a cada evolução ocorrida, através de instrumentos como o telefone, o jornal, o fax, o rádio e a própria televisão, a comunicação de marketing por parte das empresas mudava juntamente, sempre inovando e se adaptado a novas tendências. No entanto, não pode-se deixar de perceber o tamanho da influência da internet no momento atual em que vivemos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2009), em apenas três anos, o percentual de brasileiros acima de dez anos de idade que acessaram ao menos uma vez a Internet pelo computador aumentou 75,3% de 2005 para 2008. Em publicação mais recente, Bouças (2012) aponta que o número de pessoas com acesso no local de trabalho ou em residências chegou a 70,9 milhões de pessoas, sendo a primeira vez que essa marca é superada no Brasil, resultando em um aumento de 7% em seis meses e de 16% no período de um ano. Neste contexto, as empresas atentas às mudanças que ocorrem no cenário global, viram na internet uma poderosa ferramenta publicitária, que possui a capacidade de melhorar seu relacionamento junto ao seu público, proporcionando uma comunicação eficaz, muitas vezes com um baixo custo e com bons resultados. De acordo com Zeff e Aranson (2000, p. 10) a publicidade online, como qualquer outro tipo de publicidade, tem o objetivo de disseminar informações com o intuito de influenciar a transação entre comprador e vendedor, no entanto, a publicidade web se difere das outras mídias por permitir, uma vez que ela permite que haja uma interação entre o consumidor e a peça publicitária. Para a obtenção de maiores informações, os consumidores podem dar um clique sobre o anuncio, ou até mesmo ir um pouco além, comprando o produto ao longo da mesma sessão on-line, sendo que os consumidores podem até comprar produtos de dentro de anúncios na web. Ainda segundo Zeff e Aronso (2000, p. 10-11) anunciar na web oferece aos anunciantes a oportunidade de enfoque de audiência, permitindo que haja a veiculação de anúncios personalizados para interesse e gosto particulares de cada usuário. Outras mídias oferecem características de focalização, no entanto, a web 77 oferece um nível de focalização que os anunciantes não encontram em nenhum outro lugar. Zeff e Aranson (2000, p. 13-14), ainda mencionam que uma das principais vantagens da publicidade on-line está na sua focalização, monitoramento, entrega e flexibilidade e interatividade sobre os anúncios veiculados, sendo descritos de forma mais detalhada na sequencia do estudo. a) Focalização: os anunciantes on-line tem uma gama de possibilidades de focalização, podendo ser regionais, postais, por preferências de comportamento de usuários em base de dados e até mesmo direcionar para uma hora do dia. Na publicidade on-line, por exemplo, existe a possibilidade de trabalhar uma campanha focada apenas em uma região. b) Monitoramento: os anunciantes tem a opção de monitorar o número de acessos, sabendo assim quantas vezes sua peça publicitária foi clicada, e dessa forma conhecendo o interesse de clientes e potenciais clientes, algo que seria muito difícil de realizar através da comunicação na televisão, peças impressas ou publicidade através de outdoors. c) Entrega e Flexibilidade: existe a opção de mudança de um anúncio ou peça publicitária de forma imediata, podendo ser lançada, atualizada ou até mesmo cancelada imediatamente. Isso acontece de forma mais fácil do que um anúncio impresso ou televisivo, por exemplo. d) Interatividade: é a característica mais importante da publicidade on-line. Através da publicidade on-line, é possível provocar a interatividade de um produto ou marca com o usuário, direcionando-o ao produto que deseja conhecer e testar ou até mesmo comprar. As vantagens da publicidade on-line para os consumidores são vistas por Pinho (2000, p. 120) da seguinte forma: os consumidores podem ter acesso a grande quantidade de informações oferecida de maneira altamente dinâmica pela natureza interativa do meio e pelo ambiente em hipertexto, permitindo que a pesquisa seja realizada de forma não-linear, o que auxilia e mesmo facilita no processo de decisão de compra. O segundo benefício visto pelo autor (2000, p. 120), está relacionado com a facilidade do levantamento, da análise e controle de dados a respeito de produtos e serviços da empresa, que permitem a compra por comparação e a experiência de produtos on-line pelo usuário. 78 Por fim, Pinho (2000, p. 120), destaca que o terceiro benefício da publicidade on-line para os consumidores é a redução de preços, que acontece em decorrência da competição entre os vários fornecedores presentes na rede, resultando em uma melhor qualidade e variedade de itens. Dessa forma, pode-se perceber o crescimento da internet como mídia de comunicação publicitária por parte das empresas brasileiras. De acordo com informações fornecidas pelo Projeto Inter-Meios, a Proxxima (2012) publicou noticiário informando que a internet liderou o investimento publicitário no Brasil nos sete primeiros meses de 2012, chegando a atingir R$ 16,67 bilhões nesse período, sendo que o investimento total cresceu 10,17% de janeiro a julho de 2012, em relação ao mesmo período do ano de 2011. O total acumulado nos meses é de R$ 16,67 bilhões, contra R$ 15,13 bilhões de 2011. Ainda segundo a Proxxima (2012), e conforme a tabela 1 apresentada, a internet ampliou o faturamento em 15,46%, sendo que a TV por assinatura aumentou 15,41% e o cinema teve 14,2% de aumento. O meio que mais perdeu receita publicitária foi guias e listas, com redução de 14,10%, já a revista recuou 3,03%, tendo também um desempenho negativo nos sete primeiros meses de 2012. No entanto termos de liderança publicitária, a TV aberta não apenas continua na liderança como aumentou levemente sua participação, chegando a 64,88% do bolo publicitário. Por fim, a internet atinge 5,14 por cento. Tabela 1 - Faturamento bruto por meio de comunicação (2011/ 2012) Fonte: PROXXIMA (2012) 79 Portanto, por meio dos dados e informações encontradas, pode-se perceber que a internet está se tornando uma forte tendência no que tange a comunicação por parte das empresas, tendo um expressivo crescimento no mercado publicitário nacional. Em um mundo cada vez mais dinâmico e globalizado, a internet se torna uma importante ferramenta, muito flexível, sendo que pelo motivo de que algumas vezes não gerar grandes custos para as organizações (comparado com outras mídias como televisão e outdoors, por exemplo), pode ser usada de forma mais frequente como em perfil em sites de relacionamento social, blogs, e-mails, etc, a fim de realizar uma comunicação com seu público-alvo, sendo uma alternativa interessante para empresas que não dispõe de muita verba para investir em sua comunicação. 80 3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO Esse capítulo reúne informações acerca dos procedimentos metodológicos que foram utilizados para o processo de desenvolvimento do presente trabalho. Apresenta também ferramentas que foram utilizadas para a coleta e análise dos dados, sendo esses procedimentos indispensáveis para a conclusão do estudo. A metodologia utilizada na presente pesquisa foi predominantemente de caráter qualitativo, que segundo Roesch (2012, p. 154), é a pesquisa mais apropriada para a avaliação formativa, quando se trata de melhorar a efetividade de um programa ou plano, ou até mesmo quando é o caso de uma proposição de planos, ou quando se trata de selecionar as metas de um programa e construir uma intervenção. No entanto, não é adequada para avaliar resultados de programas e planos, sendo que os métodos de coleta e análise de dados da pesquisa qualitativa são apropriados para uma fase exploratória de uma pesquisa. O propósito do presente estudo foi a elaboração de um plano de comunicação para a entidade a ser estudada, a fim de identificar os melhores meios de divulgação de suas ações, com isso, estimulando o apoio de mais voluntários e parceiros, e consequentemente, melhorando o ambiente da instituição, para que consiga mostrar seu trabalho e valores de modo que alcance as metas e objetivos almejados de forma eficaz. O estágio foi realizado no Grupo Interinstitucional Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS, movimento social, pertencente ao terceiro setor e localizada na cidade de Florianópolis/SC. O período da aplicação do trabalho foi de março a novembro de 2012. Na fase inicial do presente estudo foi realizada uma pesquisa bibliográfica, a fim de encontrar em livros assuntos referente ao tema do projeto, subsidiando assim uma melhor estrutura do trabalho e conferindo credibilidade ao estudo. Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 43-44), a pesquisa bibliográfica trata-se de levantamento de toda a bibliografia já publicada, em diferentes formas (livros, revistas, publicações avulsas e impressa escrita). A finalidade de uma pesquisa bibliográfica é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito e publicado sobre determinado assunto. Segundo Trujillo (apud MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 44), o objetivo de uma pesquisa bibliográfica é permitir ao 81 cientista um apoio paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação das informações obtidas pelo pesquisador. A bibliografia pertinente “oferece meios para decidir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas, onde os problemas ainda não se cristalizaram suficientemente”. (MANZO apud MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 44) A coleta de dados foi obtida através da realização de uma entrevista única (APÊNDICE A) junto a cinco (5) membros gestores do movimento. Para a realização dessa entrevista, foi encaminhada via e-mail um questionário para os participantes, que responderam as questões individualmente. No dia 06 de setembro de 2012, todos os participantes, incluindo o acadêmico se reuniram nas dependências da Câmara dos Dirigentes Lojistas, CDL de Florianópolis e entraram em um consenso, respondendo todas as questões de forma coletiva. Para a obtenção dessas informações através da entrevista realizada, foram selecionados os seguintes membros do GIRS para participar da entrevista: dois coordenadores gerais do movimento (representados pela CDL de Florianópolis em conjunto com a Associação Floripamanhã), dois coordenadores do Grupo de Trabalho de Comunicação Social e uma coordenadora do Grupo de Trabalho de Educação Ambiental. Visando propor uma melhor estrutura de planejamento para o presente estudo, foi aplicada uma entrevista (APÊNDICE B) com representantes de cinco instituições (SEST/SENAT Florianópolis; Centro de Valorização da Vida (CVV); Instituto de Cultura Espírita de Florianópolis (ICEF); Fundação Açoriana para Controle da AIDS (FAÇA) e Associação de Moradores da Caieira do Norte de Governador Celso Ramos), que realizam ações voluntárias, durante a reunião mensal das organizações sociais que fazem parte do projeto OAB Cidadã de Santa Cataria, ocorrida na data de 01 de outubro de 2012 nas dependências da OAB Cidadã em Florianópolis/SC. O roteiro das entrevistas com os gestores do GIRS e com os representantes das instituições voluntárias continham perguntas direcionadas a atender o plano de comunicação sugerido por Kotler e Keller (2006), atingindo dessa forma o objetivo deste trabalho que foi elaborar um plano de comunicação integrada de marketing para o GIRS. De acordo com Marconi e Lakatos (2007, p. 32) coleta de dados é a etapa da pesquisa onde se inicia a aplicação dos instrumentos e das técnicas selecionadas, 82 com o objetivo de executar a coleta de dados previstos. Essa é uma etapa cansativa e ocupa bastante tempo. Exige do pesquisador paciência e esforço pessoal, além de certo cuidado do registro dos dados. O rigor no comando da aplicação dos instrumentos de pesquisa é o agente fundamental para que não haja erros e defeitos resultantes de entrevistadores inexperientes ou de informantes indecisos. Roesch (2012, p. 140) afirma que entre as principais técnicas de coleta de dados estão a entrevista, o questionário, os testes e a observação. Além disso, também é possível trabalhar com dados existentes na forma de arquivos, banco de dados, índices ou ainda relatórios, sendo que esses instrumentos não são criados pelo pesquisador e são normalmente denominados de dados secundários, pois não foram coletados pelo pesquisador. Já os dados primários, são denominados dessa forma porque foram colhidos pelo pesquisador através de várias formas. Um importante instrumento de coleta de dados utilizado nesse trabalho foi a entrevista, que segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 92), é um encontro entre duas pessoas, com a finalidade de que uma delas obtenha informações acerca de determinado assunto, por meio de um diálogo de caráter profissional. É um procedimento empregado na investigação social, para a coleta de dados ou para auxílio no diagnóstico ou tratamento de um problema social. De acordo com Goode e Hatt (apud MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 94), a entrevista “consiste no desenvolvimento de precisão, focalização, fidedignidade e validade de um certo ato social como a conversação”. Trata-se de uma conversação realizada faca a face, de forma metódica, no qual proporciona ao entrevistado, de maneira verbal as informações necessárias. Por fim, as autoras (2007, p. 95), concluem que a entrevista é um importante instrumento de trabalho nos mais variados campos das ciências sociais ou outros setores de atividades. Para Roesch (2012, p. 140) as entrevistas são largamente utilizadas em pesquisa de mercado e pesquisa de opinião. Utilizar entrevistadores apresenta algumas vantagens e desvantagens no que diz respeito à remessa postal de um questionário. Segundo Oppenheim (apud ROESCH, 2012, p. 140), o uso de entrevistadores é necessário quando há no questionário uma série de questões abertas e quando é necessário escrever as respostas nas palavras dos respondentes. O método de estudo utilizado no presente foi o descritivo, que segundo Oliveira (2001, p. 114-115) é “o estudo que possibilita o desenvolvimento de um 83 nível de análise em que se permite identificar formas dos fenômenos, sua ordenação e classificação.” Os estudos descritivos dão margem à explicação das relações de causa e efeito dos fenômenos, dessa forma, analisam o papel das variáveis que influenciam ou causam o aparecimento dos fenômenos, sendo o tipo de estudo mais indicado quando o pesquisador precisa obter melhor entendimento sobre o comportamento de vários fatores e elementos que influem sobre determinados fenômenos. As informações coletadas, oriundas da entrevista realizada com os gestores do movimento e com as ONGs, foram analisadas e interpretadas de forma predominantemente qualitativa, pois de acordo com Oliveira (2001, p. 117), a abordagem qualitativa tem como objetivo situações complexas e estritamente particulares, uma vez que possuem a facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisando a interação de certas variáveis, sendo que essas informações foram a base para a elaboração do plano de comunicação para a instituição em questão, além de servir de fundamentos para detectar as falhas da organização no que tange à comunicação organizacional, para que o movimento social consiga definir a melhor forma para alcançar os resultados esperados, ou seja, a elaboração de um plano de estratégias de comunicação para a organização. 84 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Nesse tópico são apresentados os dados da entrevista realizada com os gestores do GIRS, bem como a entrevista realizada com os representantes das cinco Organizações Sociais pertencentes ao projeto OAB Cidadã de Santa Catarina. Estas informações são de extrema relevância para o desenvolvimento deste estudo, uma vez que forneceram subsídios para o desenvolvimento do plano de comunicação para o referido movimento. Por fim, outros dados e informações encontrados pelo acadêmico em artigos e outros documentos disponibilizados para pesquisas foram considerados como informações pertinentes, sendo que essas informações serviram como auxílio na elaboração do plano de comunicação e na conclusão do estudo. 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO O Grupo Interinstitucional para Gestão de Resíduos (GIRS) em Florianópolis foi fundado em 24 de março de 2010, sendo um movimento sem fins lucrativos, o que caracteriza uma organização do terceiro setor. O GIRS é um grupo de discussão permanente composto por cerca de 50 entidades representativas, públicas e privadas, além de cidadãos interessados em ajudar o meio ambiente no que se refere aos resíduos sólidos urbanos da cidade de Florianópolis. Entre as entidades participantes do movimento estão instituições como FloripAmanhã, CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas), Nosso Lixo, CDI (Comitê para Democratização da Informática-SC), COMCAP, Banco do Brasil, ICOM e Instituto Vonpar. O grupo realiza um trabalho voluntário e cidadão que se originou na grande preocupação destas entidades na melhoria dos processos e gestão sobre os resíduos sólidos, visando melhorar os indicadores de coleta, a separação e o tratamento dos resíduos recicláveis, desenvolvendo conjuntamente soluções com a administração pública municipal de Florianópolis. 85 A figura 11 apresenta a caracterização do GIRS, conforme sua matriz de planejamento. Figura 11 – Matriz de Planejamento do GIRS 86 Conforme visto na figura 11, a matriz de planejamento do GIRS foi elaborada em 26 de abril de 20010, inclui dois objetivos, sendo um estratégico para 2015 e o outro o objetivo do projeto para 2012. Além disso, a matriz apresenta as atividades a serem desenvolvidas com os resultados esperados. O objetivo central do Grupo é de, por meio de discussões, estimular a população e os órgãos governamentais às mudanças de antigos dogmas ambientais que a população está sujeita e mostrar que um mundo sustentável é possível e, acima de tudo, necessário, tendo gestão sobre os resíduos sólidos da cidade de Florianópolis consolidada como política pública, com legislação específica, participação da sociedade, fiscalização efetiva e resultados mensuráveis, construindo sustentabilidade plena. O objetivo pela qual a organização foi criada é consolidar o GIRS de Florianópolis com participação, eficiência na política pública, educação ambiental, adesão da comunidade, produção de conhecimento e comunicação dos resultados. O GIRS é composto por cinco grupos de trabalho, sendo eles: Legislação; Coleta, triagem e tratamento de resíduos; Educação ambiental; Articulação e Comunicação social, que serão melhores detalhados na sequência do trabalho, sendo que sua composição ainda está em fase em de estruturação, e poderá ser definida conforme proposta do organograma apresentado a seguir. Figura 11 - Organograma do GIRS GRUPO GESTOR ARTICULAÇÃO GRUPO TEMÁTICO DE COLETA, TRIAGEM E TRATAMENTO COMUNICAÇÃO SOCIAL GRUPO TEMÁTICO DE LEGISLAÇÃO Fonte: Arquivo documental do GIRS (2012) GRUPO TEMÁTICO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 87 Grupo Gestor: A função do GC é compor as estratégias, deliberar sobre as demandas, organizar e participar dos eventos e definir as pautas e os encaminhamentos para ratificações das decisões nas Plenárias. Articulação: O grupo de trabalho de Articulação do GIRS tem como finalidade realizar articulações políticas com entes públicos e privados, no sentido de buscar respostas, oferecer soluções e parcerias, trazer novos participantes, fortalecer a rede de relacionamento entre os integrantes, convidar autoridades, entre outros. Os seus integrantes possuem uma forte rede de relacionamentos, sendo atualmente representado por um membro da CDL. Comunicação Social: O grupo de trabalho de Comunicação Social do GIRS busca aproximar as práticas de Comunicação Social dessa nova visão, identificando, nestas ferramentas, oportunidades de divulgação e produção de um conhecimento voltado aos valores ecológicos, tendo como desafio de trazer o conhecimento desta área para divulgar o produto lixo com uma nova concepção. Grupo Temático de Coleta, Triagem e Tratamento: O grupo de trabalho de Coleta, Triagem e Tratamento do GIRS tem como objetivo principal estudar e desenvolver soluções para a infra-estrutura e tratamentos dos resíduos sólidos urbanos, focando em duas frentes: a gestão de resíduos orgânicos e a gestão de resíduos recicláveis. No que se refere aos resíduos orgânicos, esse grupo de trabalho desenvolve ações que englobam a caracterização destes resíduos em restaurantes; a logística adequada para o escoamento destes resíduos, bem como, a identificação de locais adequados para envio dos mesmos. Quanto a gestão dos resíduos recicláveis, esse grupo desenvolve projetos de profissionalização do trabalho nas Associações/Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis e procura a interação com empresas da iniciativa privada incentivando estudos/soluções para o escoamento adequado dos resíduos recicláveis. Grupo Temático de Legislação: O grupo de trabalho de Legislação do GIRS atua no estudo das leis, resoluções e normas que se aplicam direta ou indiretamente aos resíduos sólidos, tendo como norte a Lei 12.305 de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Para isto, atua verificando se as leis municipais e 88 estaduais existentes atendem às exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos e se a sua aplicação e fiscalização estão sendo corretamente aplicadas. Como complemento, tem por objetivo abordar temas específicos, tais como: coleta seletiva, catadores de lixo, resíduos da construção civil, entre outros. Esse grupo tem por escopo subsidiar os outros grupos de trabalho presentes no GIRS, disponibilizando informações sobre as questões legais, além de dialogar com a sociedade civil organizada e com isso servir à sociedade não só de Florianópolis, mas também aquelas comprometidas com o desenvolvimento e implementação de políticas públicas sustentáveis. Grupo Temático de Educação Ambiental: O Grupo de trabalho de Educação Ambiental do GIRS reúne instituições com afinidade às questões de educação e meio ambiente. Objetiva mobilizar, articular e propor ações relacionadas à sensibilização quanto a temática de resíduos sólidos. Nas reuniões ordinárias, o grupo procura discutir demandas apresentadas pelas instituições participantes buscando soluções comuns que repercutam, positivamente, nas atividades das mesmas. Uma preocupação importante desse grupo é a conciliação das agendas de eventos ambientais das instituições do GIRS. Atualmente, uma das ações de comunicação do GIRS é a realização e o apoio de alguns eventos na região de Florianópolis, sendo que entre os eventos realizados e apoiados pelo GIRS destacam-se: a) Evento Cidade Melhor O Evento foi promovido pelo Centro de Democratização da Informática e ocorreu em agosto de 2012, no trapiche da Beira-mar Norte em Florianópolis/SC, e o GIRS foi uma das entidades que apoiou o evento, que contou com a participação de instituições voltadas às atividades de reciclagem e educação ambiental, com o propósito de conscientizar a população sobre o descarte correto dos resíduos de informática e proporcionar o conhecimento de soluções sustentáveis para os resíduos em geral, disponíveis no município e arredores. O evento vai contou com a participação de apresentações artísticas e oficinas sobre o tema abordado, além de mostrar para a sociedade que é possível reciclar corretamente e reaproveitar resíduos comumente descartados, como o material orgânico, o óleo de cozinha, plásticos, papéis, etc. 89 No evento também foi realizada a premiação das instituições vencedoras da Gincana Cidade Melhor, que visou arrecadar os resíduos eletrônicos, sendo que os participantes dessa Gincana foram escolas, Organizações Sociais, empresas, universidades e Órgãos Públicos, e os materiais arrecadados foram utilizados pelo Centro de Democratização da Informática de Santa Catarina para a inclusão digital e capacitação profissional nas comunidades carentes. b) Recicla bem Floripa Já em sua terceira edição, o Evento “Recicla Bem Floripa”, tem como objetivo melhorar os indicadores de coleta, separação e tratamento dos resíduos recicláveis e a sensibilização para os problemas ecológicos relacionados aos Resíduos junto às empresas estabelecidas na região. O evento é realizado pelo GIRS, no Centro Histórico de Florianópolis, onde voluntários das entidades que integram o GIRS orientam e capacitam diretamente os lojistas acerca da forma correta de separação, acondicionamento e disponibilização para coleta dos resíduos secos de toda natureza. Os eventos ainda contam com estandes que expõem as diversas formas de reciclar materiais orgânicos e secos, sendo que a proposta do evento é alertar, levar informação e conscientizar de forma educativa sobre a correta separação e o melhor destino dos resíduos gerados pelo comércio. Outro foco do evento é mudar a concepção das pessoas em relação ao lixo, mostrando que ele pode ser um agente na geração de renda e emprego para algumas pessoas (catadores de lixo), orientando as pessoas para uma destinação final adequada aos resíduos sólidos, sendo que, devido ao alto índice de disposição incorreta dos resíduos, grande parte deste material é encaminhado a aterros sanitários, com enormes perdas econômicas e ambientais. c) Semana do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina Durante a III Semana do Meio Ambiente promovida pelo Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, realizada no mês de maio e junho de 2012, o GIRS contou com espaço no hall de entrada do Tribunal de Justiça para divulgar os objetivos e os trabalhos desenvolvidos juntamente com entidades que fazem parte 90 do movimento e que atuam na promoção da importância da redução, reutilização e reciclagem dos resíduos sólidos, sendo que as entidades participantes foram: Organização Nosso Lixo, Comitê para a Democratização da Informática - CDI, Programa Reóleo da ACIF, Janeiro Captação e Transportes, Associação Catarinense para Integração do Cego – ACIC e Companhia de Melhoramentos da Capital – COMCAP que expôs objetos do acervo do Museu do Lixo. Entre as outras ações realizadas pelo GIRS podem-se destacar as seguintes: Desenvolver diagnóstico da reciclagem na cidade; Acessar diagnóstico de resíduos sólidos do Plano de Saneamento; Dialogar com projeto de lei municipal; Incidir sobre políticas públicas municipais; Estabelecer relação orgânica com o Cons. Munic. Saneamento; Fornecer condições para mudança de hábito da população; Fornecer infra-estrutura para coleta e tratamento; Divulgar ações eficientes de educação ambiental; Promover qualificação, profissionalização e tecnologia em triagem; Reduzir impostos para tecnologias em reciclagem; Promover novos centros de triagem; Criar rede social sobre RSU em Florianópolis; Realizar Encontros Mensais; Oficializar o Grupo para Cons. Municipal de Saneamento – CMS; Buscar orçamento para o projeto Grupo Gestor. Vale ressaltar que por ser movimento e ainda não ser oficializado como uma ONG, o GIRS não tem sede fixa, e as reuniões são realizadas uma vez ao mês, em espaços disponibilizados pelas várias entidades que compõe o grupo. 4.2 ANÁLISE DOS DADOS E INFORMAÇÕES COLETADAS O presente item foi estruturado da seguinte forma: primeiramente são apresentadas as respostas dos gestores do GIRS e num segundo momento as respostas das entrevistas realizadas com as ONGs. 91 A entrevista com os Coordenadores do GIRS foi realizada com cinco (05) de seus gestores, que responderam conjuntamente a todas as perguntas, conforme mencionado no item 3. Ao serem questionados em relação a qual público alvo o GIRS pretende atingir, eles responderam que é toda a comunidade de Florianópolis. E se existe alguma segmentação, algum público específico, a resposta foi toda a comunidade de Florianópolis, com ações realizadas em focos específicos. Quanto a abrangência regional ou segmento demográfico, responderam que é o município de Florianópolis, entretanto, na esfera de discussões de soluções para os resíduos sólidos, torna-se importante essa discussão em nível de região metropolitana. Na questão número 2 foi perguntado aos gestores os objetivos do GIRS e se o movimento tem alguma meta ou metas que deseja alcançar. A resposta pode ser visualizada no quadro 4. Quadro 4 – Objetivos e atividades do GIRS OBJETIVO ESTRATÉGICO Ter a gestão sobre os resíduos sólidos de Florianópolis consolidada como política pública, com legislação específica, participação da sociedade, fiscalização efetiva e resultados mensuráveis, construindo sustentabilidade plena OBJETIVO DO PROJETO Consolidar o GIRS de Florianópolis com participação, eficiência na política pública, educação ambiental, adesão da comunidade, produção de conhecimento e comunicação dos resultados Fonte: Dados coletados na pesquisa Referente a questão do tipo de mensagem que o GIRS deseja transmitir, foi respondido que é possível transformar as formas tradicionais de produção e consumo, de modo a torná-las ecológica, econômica e socialmente sustentáveis, e o primeiro passo é rever as práticas e conceitos relacionados aos Resíduos. Somente todos juntos, poderes públicos, iniciativa privada e cidadãos, será possível resolver esta questão de amplitude social tão complexa. O quadro 5 mostra de que forma tem sido feita a comunicação pelo GIRS de acordo com os gestores. 92 Quadro 5 – Comunicação do GIRS PARA QUEM? Diretamente para o público externo (moradores de Florianópolis) Diretamente para o público interno (empresas e parceiros do movimento) Indiretamente para o público externo DE QUE FORMA? Realização de eventos próprios (Recicla Bem Floripa – 3 edições); Participação em eventos de terceiros (TJSC Semana do meio ambiente, Floripa Cidadã, e Cidade Melhor; De um blog - [email protected]; De uma conta no facebook. Blog; Facebook; e-mail do grupo por meio das entidades participantes nos respectivos espaços de divulgação(site Floripamanhã, CDLFlorianópolis, etc);; nas reuniões e eventos de parceiros (evento juventude Lixo Zero, órgãos governamentais, etc). Fonte: Dados coletados na pesquisa Sob a visão dos gestores do GIRS, a mensagem que o movimento transmitir, deve alcançar o maior público possível, de preferência orientada conforme o interlocutor. Cada entidade parceira deve reforçar a mensagem junto ao seu segmento. As metodologias devem ser variadas e criativas de modo a atingir toda a população: crianças, jovens, adultos (empresários, consumidores, formadores de opinião em geral). Em se tratando de canais de comunicação que o GIRS deseja usar, durante a entrevista, os gestores informaram que todos os canais seriam interessantes para a realização da comunicação do movimento, no entanto, alguns canais não seriam possíveis de serem utilizados por conta de um custo que o movimento não é capaz de arcar, sendo que de acordo com os gestores, o GIRS não tem recursos disponíveis para qualquer ação que envolva a comunicação. Dessa forma, os canais mais apropriados para o movimento são os meios gratuitos. Questionados acerca do mix de comunicação que se deseja utilizar, o quadro 6 apresenta os meios que os gestores do GIRS destacaram. 93 Quadro 6 – Ações de comunicação a serem utilizadas pelo GIRS MIX DE COMUNICAÇÃO AÇÕES Propaganda Publicidade / relações públicas Marketing Digital Anúncios em TV; Anúncios em jornais; Outdoors Reportagens em jornais; Programas de rádio e TV; Site; Blog; Marketing por email. Fonte: Dados coletados na pesquisa De acordo com os gestores do Grupo, o movimento atualmente se vale das assessorias de comunicação de algumas entidades que formam parceira, além das mídias eletrônicas como facebook e blog. Por fim, nas vésperas de eventos importantes, o GIRS se comunica por meio de reportagens concedidas a rádios, TV’s e jornais locais. Segundo informações coletadas na entrevista, atualmente o GIRS não realiza qualquer tipo de pesquisa a fim de mensurar se seus objetivos estão sendo alcançados. No entanto, já existem alguns indicadores quantitativos como o facebook e o blog do movimento, sendo que essa mensuração é verificada por meio do número de pessoas que acessaram o blog e os que curtiram a página do GIRS no facebook. De acordo com os gestores, o GIRS está estruturado administrativamente sob a coordenação de um grupo e conta com Grupos Temáticos. Estrutura essa que pode ser vista no quadro 7. Quadro 7 – Estrutura Administrativa e Grupos Temáticos do GIRS COORDENAÇÃO Compartilhada entre CDL de Florianópolis e Floripamanhã Fonte: Dados coletados na pesquisa GRUPOS TEMÁTICOS Coleta, Triagem e Tratamento; Educação Ambiental; Legislação; Comunicação Social; e Articulação. 94 O movimento procura promover seus eventos através de parcerias entre as instituições e voluntários. É definido em plenária a realização e o escopo do evento, designada uma comissão para organizar que congrega os parceiros, preparando todos para trabalharem conjuntamente, de acordo com as possibilidades de cada um, nas etapas de preparação técnica, divulgação, estruturação, capacitação e avaliação. Em relação a destinação de verbas para investimentos na área de marketing o GIRS nunca disponibilizou, nem possui verbas para este fim. Tudo o que vem sendo feito para o marketing, é de modo voluntário, com a utilização de aplicativos gratuitos e com ajuda dos parceiros. O movimento capta recursos para seus eventos através de contribuição pecuniária ou não, entre as entidades participantes, junto aos parceiros que tenham em suas instituições verbas destinadas para tais atividades, ou eventualmente, obtém patrocínios (água e alimentação no Evento Recicla Bem). O GIRS agrega voluntários e parceiros ao seu quadro usando a rede de contatos dos participantes, convidando empresas, ONGs e órgãos públicos, e mesmo pessoas físicas que tenham atuação ou interesse na área de resíduos sólidos e meio ambiente. O GIRS tem um Grupo de Trabalho voltado às ações de Comunicação Social, que congrega todas as atividades relacionadas à comunicação, não especificamente para o marketing. O GIRS não possui folder institucional para divulgação do movimento, em função da falta de recursos para tal. Neste segundo momento, apresentam-se os dados das entrevistas feitas com as ONGs, sendo que para não comprometê-las com sua identificação, uma vez que não foi solicitada autorização para tal, decidiu-se por designá-las como ONG: A, B, C D e E, tendo-se os seguintes dados: Quando questionadas sobre as principais atividades desenvolvidas pela ONG, teve-se o resultado apresentado no quadro 8. 95 Quadro 8 – Atividades desenvolvidas pelas ONGS ONGS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS B C Educação Espírita. D Voluntariado com foco nas psicológica, jurídica e social. Educação ambiental; Voluntariado. A E Saúde; Esporte; Educação; Lazer. Voluntariado. áreas Fonte: Dados coletados na pesquisa As ONGS atuam em áreas diversas, atendendo a todos os segmentos da população, prestando assistência em saúde, educação, esportes, meio ambiente entre outros. E de acordo com GESET (2001) ainda que persistam vários obstáculos ao maior desenvolvimento da esfera de atuação pública não estatal, como as dificuldades de financiamento, reconhecimento institucional e regulamentação, é possível ressaltar avanços significativos nesta direção. As instituições da sociedade civil organizada, para além do seu engajamento histórico na defesa do meio ambiente e dos direitos sociais e políticos, têm contribuído de forma significativa para a construção do capital social brasileiro, incorporando visões mais abrangentes das necessidades e anseios da população e encaminhando alternativas inovadoras de resolução das mesmas. Os dados referente ao público alvo podem ser observados no quadro 9. Quadro 9 – Público alvo das ONGS ONGS Público Alvo A Comunidade em geral B Comunidade em geral C Público universal (religioso) D Portadores de HIV ou Hepatites Virais E Crianças e adolescentes Fonte: Dados coletados na pesquisa 96 Percebem-se pelos dados do quadro 8 que o público alvo das ONGS é diversificado, envolvendo desde crianças até a comunidade em geral, sendo que uma delas presta atendimento a pessoas portadoras de doenças. As ONGs estão inseridas no terceiro setor da sociedade civil, são de finalidade pública, atuam em diversas áreas, tais como: meio ambiente, combate à pobreza, assistência social, saúde, educação, reciclagem, desenvolvimento sustentável, entre outras (BARBOSA; OLIVEIRA, 2008). Quanto aos objetivos das ONGs entrevistadas, as respostas podem ser visualizadas no quadro 10. Quadro 10 – Objetivo das ONGS ONG OBJETIVOS A B Melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores em transporte e na comunidade em gera Apoio emocional a todos que necessitarem C Divulgar a doutrina espírita com o objetivo de melhoria do ser humano D Promover com eficiência e qualidade a prevenção das DST/HIV e Hepatites Virais, fornecendo apoio as pessoas e seus familiares Construir sede própria E Fonte: Dados coletados na pesquisa O quadro 11 apresenta o tipo de mensagem que as ONGs entrevistadas desejam transmitir. Quadro 11 – Mensagem que as ONGS desejam transmitir ONG MENSAGEM A Divulgar objetivamente suas atividades e eventos B A valorização da vida C D Os preceitos espíritas de Kardec e atendimento espiritual com: passes, irradiação, atendimento fraterno e grupo assistencial No momento a prevenção é a vacina contra HIV E Conscientização ambiental, cidadania e qualidade de vida Fonte: Dados coletados na pesquisa Como visto as ONGs podem atuar em diversas áreas, de acordo com seus objetivos, transmitindo mensagens relacionadas com suas atividades e atraindo e atendendo dessa forma o seu público. As ONGS são grupos de pressão que 97 buscam por um lado influenciar e democratizar políticas públicas governamentais para que essas supram da maneira mais extensa possível às necessidades da sociedade e de condições de vida iguais e justas no mundo todo e, por outro lado, movimentam a sociedade em que estão inseridas, utilizando-se de suas relações de solidariedade, na busca dessa democratização e influência política (SANTOS, 2012). Em relação aos elementos de comunicação utilizados pelas ONGS o quadro 12 apresenta as respostas dos entrevistados. Quadro 12 – Elementos de Comunicação utilizados pelas ONGS ELEMENTOS DE COMUNICAÇÃO ONG Propaganda Jornais A B Publicidade/Relações Públicas Reportagens Jornal Rádio TV Rádio C D Outdoors E Reportagens Jornal Radio TV Jornal Marketing Digital Site Site Site Blog Palestras abertas pela Internet Site Blog E-mail Fonte: Dados coletados na pesquisa Observa-se que os itens que tiveram maior destaque foram publicidade (reportagens em jornais de rádio e TV) e marketing digital (site, blog e marketing por e-mail). Uma entidade afirmou realizar palestras abertas pela internet. Uma ONG mencionou observações acerca dos meios que tiveram maior retorno em sua comunicação, destacando as reportagens em mídia gratuita como reportagens em rádio e TV. Em geral, as ONGs entrevistadas não usam de nenhum instrumento a fim de mensurar seus resultados de comunicação. A avaliação é realizada de forma informal, como por exemplo, reuniões, onde são divulgadas informações dos eventos e ações realizadas. Uma entidade afirmou realizar um autodiagnostico aplicado duas vezes ao ano entre os voluntários e membros da diretoria, 98 identificando sua eficiência e problemas, e uma organização afirmou realizar uma pesquisa de satisfação após suas ações, onde uma das perguntas é a forma como o indivíduo ficou sabendo do evento/atividade ou do serviço. As ONGs entrevistadas, em sua maior parte, realizam a promoção de seus eventos por meio de parcerias com outras instituições e também através da mídia gratuita (reportagens rádio e TV). No entanto, algumas alegaram realizar a promoção de seus eventos através de cartazes, e-mail, site da instituição e telefone, como pode ser visto no quadro 13. Quadro 13 – Promoção dos Eventos das ONGS ONG A B C D E MEIO DE DIVULGAÇÃO Parcerias; Mídia gratuita. Radio; Boca a Boca. Cartazes; E-mail; Site. Parcerias. Jornal do município; Telefone; E-mail. Fonte: Dados coletados na pesquisa Em se tratando da captação de recursos, as ONGs entrevistadas realizam várias atividades para este fim, conforme quadro 14. Quadro 14 – Meios de captação de recursos ONG A B C D E CAPTAÇÃO DE RECURSOS Rede que já possui. Brejo; Almoços; Jantas; Bingos, etc. Entre seus trabalhadores; Almoços; Fóruns; Cafés coloniais. Editais públicos e ou provados e/ou com parcerias. Almoços comunitários; Mensalidades dos associados. Fonte: Dados coletados na pesquisa 99 Observa-se pelos dados que as ONGS captam recursos através de atividades variadas como almoços comunitários, brejos, bingos, cafés coloniais e mensalidades de seus associados. Uma entidade alegou captar recursos através de editais públicos e privados de projetos de cunho social e com parcerias. Em sua maior parte, as entidades entrevistadas não possuem uma área estruturada de comunicação e marketing, sendo que esse trabalho é realizado por conta da direção geral da instituição, não por uma equipe preparada para tal finalidade. Apesar de não terem um setor específico e estruturado de marketing, três (03) das ONGS entrevistadas informaram possuírem folder institucional, e duas (02) alegam utilizarem panfletos para divulgação. Após terem sido apresentados e analisados os dados coletados nas entrevistas com os gestores e com as ONGS, conheceu-se a realidade de cada uma, bem como suas necessidades de comunicação. E para solucionar tais necessidades, propõe-se no próximo item um Plano de Comunicação para o GIRS, seguindo as etapas sugeridas por Kotler Keller (2006) e vistas detalhadamente nos itens 2.6.2.1 até o 2.6.2.8. 100 4.3 PLANO DE COMUNICAÇÃO PARA O GIRS Nesse item, serão descritos cada passo do plano de comunicação elaborado para o Grupo Interinstitucional Sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS, seguindo o modelo sugerido por Kotler e Keller (2006), conforme figura 13. Figura 13 - Etapas no desenvolvimento de uma comunicação eficaz IDENTIFICAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS ELABORAÇÃO DA COMUNICAÇÃO SELEÇÃO DOS CANAIS DE COMUNICAÇÃO ESTABELECIMENTO DO ORÇAMENTO DECISÃO SOBRE O MIX DE COMUNICAÇÃO MENSURAÇÃO DOS RESULTADOS DA COMUNICAÇÃO GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING Fonte: Kotler; Keller (2006, p.539) 4.3.1 IDENTIFICAÇÃO DO PÚBLICO ALVO DO GIRS Por meio das informações coletadas, o público alvo do movimento é em especial a comunidade de Florianópolis como um todo, porém, suas ações, quando ocorridas, são direcionadas para um público em particular, uma vez que seria difícil em um único evento abranger todos os segmentos da cidade. 101 4.3.2 IDENTIFICAÇÃO DOS OBJETIVOS DO GIRS O objetivo do movimento, conforme mencionado anteriormente é atuar junto às instâncias políticas e econômicas no sentido de viabilizar a transição para um modelo de desenvolvimento sustentável que integre a problemática dos resíduos sólidos nos termos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, ou seja, os objetivos do GIRS estão relacionados à conscientização de toda a comunidade de Florianópolis no que tange a reciclagem de resíduos sólidos, para tanto, essa conscientização somente ocorrerá através da comunicação que resulte na mudança de hábitos dos munícipes, devendo acentuar aos cidadãos a importância desse novo tipo de comportamento, por meio de ações informativas que promovam um novo olhar sobre o tema, causando impacto e fazendo com que haja uma reflexão do assunto. 4.3.3 IDENTIFICAÇÃO DA COMUNICAÇÃO DESEJADA PELO GIRS Com a leitura das informações coletadas, pode-se perceber que a mensagem que o GIRS deseja transmitir, consiste em mostrar que é possível transformar as formas tradicionais de produção e consumo de produtos, de modo a torná-las ecológica, econômica e socialmente sustentáveis, e o primeiro passo é revendo as práticas e conceitos relacionados educação ambiental e descartes de resíduos, sendo que, com a união dos poderes públicos, iniciativa privada e cidadãos, é possível resolver os problemas que são comuns a todos. Portanto, a mensagem que o movimento deseja transmitir a comunidade de Florianópolis deve apresentar um conteúdo apelativo e criativo voltado à mudança de cultura da população, por meio de uma conscientização ambiental, informando a importância dessa mudança de hábito na vida de cada cidadão e sua consequência positiva para as gerações futuras, mostrando que é fácil e possível viver em harmonia com o meio ambiente, mudando pequenas atitudes no comportamento, que muitas vezes parecem sem valor ou insignificantes, porém, que fazem uma grande diferença na qualidade de vida de uma sociedade. Ressaltando que uma comunicação eficaz de acordo com Kotler e Keller (2006) deve transmitir uma mensagem clara e objetiva, de forma criativa, que consiga prender a atenção do público alvo, e por meio de fonte confiável. 102 4.3.4 IDENTIFICAÇÃO E SELEÇÃO DOS CANAIS DE COMUNICAÇÃO QUE DEVEM SER UTILIZADOS PELO GIRS Nesse item, os gestores, durante a entrevista destacam que todos os canais de comunicação seriam interessantes para a realização da comunicação do GIRS, tais como: canais de comunicação pessoal, por meio de parcerias, boca a boca, fóruns eletrônicos, marketing viral; canais de comunicação não pessoal com a utilização da mídia, promoção de vendas, eventos e experiências e relações públicas, no entanto, alguns canais não seriam possíveis de serem utilizados por conta de um custo que o movimento não é capaz de arcar. Dessa forma, tanto os canais pessoais quanto os não pessoais poderão ser utilizados, por meio de parcerias, boca a boca, marketing viral, mídia gratuita como a internet, reportagens em programas de rádio e televisão e realização de eventos. 4.3.5 IDENTIFICAÇÃO DO ORÇAMENTO DISPONÍVEL PELO GIRS PARA A COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING Conforme visto junto aos gestores do GIRS, até o momento não há recursos para qualquer ação que envolva a comunicação, portanto, o movimento deve se utilizar de mídias gratuitas para a realização de suas ações de comunicação. 4.3.6 DECISÃO SOBRE O MIX DE COMUNICAÇÃO PARA GIRS Os elementos do mix de comunicação apropriados para a divulgação do GIRS estão limitados aos meios de comunicação gratuitos, por conta do movimento não conter verbas destinadas a esse fim. Portanto, o movimento deverá usar o mix de comunicação da seguinte forma: a) Relações públicas - Realizando reportagens em programas jornalísticos de rádios e televisão (aberta e por assinatura) nas vésperas de eventos importantes e em outras ocasiões. b) Marketing digital - Fornecendo em seu blog informações acerca de eventos que serão realizados, e tendo um calendário com os futuros eventos que o movimento realizará ou apoiará. É muito importante a manutenção e atualização do blog. Bem como, o encaminhamento de e- 103 mail com informações dos eventos para os parceiros do movimento e de voluntários cadastrados e; Através de um perfil em sites de relacionamento pessoal como Facebook e Orkut, como já vem sendo feito pelo movimento, aproveitando esse espaço para a captação de voluntários e parceiros. 4.3.7 MENSURAÇÃO DOS RESULTADOS DA COMUNICAÇÃO DO GIRS Com o objetivo de manter sempre resultados positivos em sua comunicação, o GIRS, deve sempre avaliar sua atuação nas ações realizadas através de um monitoramento, que pode ser realizado em períodos definidos ou ao fim de cada ação realizada, no qual irá mostrar se os objetivos foram alcançados ou não. Para tanto, o GIRS poderá montar um banco de dados com as informações que julgar mais relevantes e pertinentes. Esse monitoramento irá possibilitar ao movimento acertar possíveis equívocos cometidos antes ou durante o processo, permitindo que haja uma precaução nos próximos eventos, a fim de evitar as mesmas falhas e sugerindo novas formas de atuação. A mensuração de resultados em seu blog e perfil no facebook pode ocorrer por meio de uma pesquisa de satisfação (formulário online) com os visitantes do blog e amigos da página do facebook, além dos indicadores utilizados atualmente, como número de visitas ao blog e a quantidade de pessoas que curtiram seu perfil no facebook. 4.3.8 GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING Conforme já descrito por Las Casas (2010, p. 368), as empresas devem buscar a integração de todas as suas ações de comunicação de marketing por meio do marketing integrado. Kotler e Keller (2006, p. 556), também mencionaram importantes considerações sobre o assunto, afirmando que é necessário que as organizações adotem uma visão 360 graus do consumidor para compreender plenamente todas as diferentes formas pelas quais a comunicação pode influenciar seu comportamento cotidiano. 104 Nesse sentido, a gestão do processo de comunicação integrada de marketing do GIRS deve abranger todo um trabalho de integração do maior número possível de elementos da comunicação integrada de marketing, a fim de agregar valor a comunicação e assim atingir os objetivos pretendidos, sendo que a interação dos elementos possibilita uma maior de uniformidade das mensagens que serão transmitidas, dando a elas mais clareza e consequentemente impactando de forma significativa seu público-alvo. 4.4 SUGESTÕES DE IMPLEMENTAÇÃO Além das informações descritas no plano de comunicação proposto por Kotler e Keller (2006), nesse item, foram descritas algumas sugestões que o acadêmico considera pertinente a fim de que o GIRS alcance seus objetivos de forma mais eficiente. Primeiramente, sugere-se a elaboração de um vídeo institucional, e de um folder impresso, contendo informações sobre o movimento, como quem é o GIRS, para que ele foi criado e qual seu objetivo, quem participa do mesmo, quais são as atividades realizadas, quem são os parceiros, entre outras informações. Esse material seria uma ferramenta de extrema importância para a captação de parceiros e voluntários que se identificam com a filosofia do movimento e seriam colocados na mídia por meio do apoio de empresas, que nesse caso, se necessário, iriam arcar com as despesas de propaganda nos meios de comunicação em que forem divulgados (Marketing Social). A elaboração desse material pode ser feito em parceria com algumas universidades que disponibilizam de alunos para o cumprimento de horas de atividades voluntárias do Art. 170, podendo ser acadêmicos de cursos de comunicação social ou publicidade e propaganda, os quais teriam conhecimento técnico para a realização desse material. Estruturar uma equipe de assessoria de comunicação, tendo como atribuição a busca em espaços juntos aos veículos de comunicação gratuitos e de maior abrangência na Grande Florianópolis. Como o movimento já possui um Grupo temático de comunicação social, seria interessante que alguns participantes desse núcleo tivessem incumbência de realizar essa tarefa, captando formas para a divulgação do movimento, a fim de ele possa atingir seus objetivos. 105 Após sua formalização, o GIRS pode elaborar projetos de cunho social a fim de conseguir apoio e patrocínio de empresas para a divulgação do movimento e de sua filosofia. Nesse sentido poderia contar com a parceria de Universidades que dispõem de alunos do Art. 170 para tal atividade, sendo esse um meio gratuito, muito útil e benéfico para instituições do terceiro setor, que muitas vezes desconhecem esse tipo de auxílio por parte dessas instituições de ensino superior. Por fim, o GIRS pode realizar eventos na Grande Florianópolis a fim de conscientizar a comunidade e transmitir mensagens referentes à reciclagem e coleta seletiva de resíduos sólidos, contando com o cadastramento de voluntários e parceiros para o GIRS. Nos eventos realizados pode usar de ferramentas da promoção de vendas como a distribuição de folders e camisetas do movimento, intensificando assim o relacionamento do movimento com os moradores da cidade. Vale ressaltar que os custos relacionado ao plano de comunicação ora proposto serão determinados após a aceitação do movimento para sua implantação, lembrando que esse plano encontra-se classificado no nível institucional, sendo caracterizado como um planejamento estratégico, e sua amplitude abrange a organização como um todo e não apenas algumas áreas específicas. 106 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo foi realizado com o objetivo geral de elaborar um plano de comunicação para o GIRS, no entanto, para a realização desse processo foi necessário responder as questões referentes aos objetivos específicos. O primeiro objetivo específico foi conhecer as variáveis que compõem um plano de comunicação, e de acordo com o recomendado por Kotler e Keller (2006) são: a) Identificação do Público-Alvo; b) Determinação dos Objetivos; c) Elaboração da Comunicação; d) Seleção dos Canais de Comunicação; e) Estabelecimento do Orçamento; f) Decisão sobre o Mix de Comunicação; g) Mensuração dos Resultados da Comunicação; h) Gerenciamento da Comunicação Integrada de Marketing. Já no segundo objetivo específico, foi cumprido com o auxílio dos instrumentos de coleta de dados, e com as informações obtidas, que foram analisadas e apresentadas no item 4, onde foi possível realizar uma análise das variáveis associadas ao plano de comunicação para o GIRS, uma vez que sem essas informações, não seria possível atingir o terceiro objetivo específico, que por sua vez, se tratou de desenvolver os objetivos e as melhores estratégias de comunicação para o GIRS, a fim de proporcionar aos gestores do movimento um auxílio em suas ações de comunicação. Passos que foram descritos, de acordo com a proposta de Kotler e Keller (2006), e apresentados do item 4.3 ao 4.4. Ao fim do presente estudo, algumas observações dos resultados obtidos podem ser feitas. Observou-se que o público alvo das ONGS entrevistadas são de diferentes categorias como crianças e adolescentes, público Universal (religioso), comunidade em geral e portadores de doenças como HIV e Hepatites virais, pertencentes a comunidade de Florianópolis. Identificou-se que o objetivo do GIRS é atuar junto às instâncias políticas e econômicas no sentido de viabilizar a transição para um modelo de desenvolvimento sustentável que integre a problemática dos resíduos sólidos nos termos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, tendo como objetivo estratégico a gestão sobre os resíduos sólidos da cidade de Florianópolis consolidada como política pública, e a conscientização ambiental da população em relação a coleta seletiva do lixo e o tratamento dos resíduos descartáveis. Em relação ao mix de comunicação, os gestores do GIRS destacaram que desejam utilizar de Propaganda (anúncios em TV, anúncios em jornais e outdoors), 107 Publicidade / relações públicas (Reportagens em jornais e programas de rádio e TV), e Marketing Digital (Site, blog e marketing por email), no entanto, por falta de verba os meios de divulgação ficam limitados aos gratuitos. O movimento atualmente se vale das assessorias de comunicação de algumas entidades que formam parceria, além das mídias eletrônicas como facebook e blog. Atualmente o GIRS não realiza pesquisa a fim de mensurar se seus objetivos estão sendo alcançados, porém é importante que isso aconteça para que possam identificar os erros ocorridos nos processos e não cometê-los novamente, além de medir os resultados da comunicação. A coleta de dados foi realizada por meio de uma pesquisa de campo, por meio da aplicação de uma entrevista juntos aos gestores do Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS e cinco Organizações Sociais, no qual, se obteve maiores informações acerca do movimento para qual foi elaborado o plano de comunicação e sobre as Organizações Sociais entrevistadas, fornecendo subsídios para estruturação do plano de comunicação, a fim de melhorar seus resultados. Vale destacar que durante todo o período de realização do trabalho, os gestores do GIRS contribuíram de forma significativa para que o acadêmico tomasse conhecimento de todas as informações necessárias para o para o desenvolvimento do estudo, sempre acessíveis e atenciosos quando procurados. O acadêmico, através da realização do estudo, conseguiu de forma expressiva abranger seus conhecimentos em relação ao movimento social estudado e ao tema da pesquisa, que, conforme visto no decorrer do trabalho é de extrema importância, uma vez que trata também de uma questão social. Concluiu-se, no decorrer do estudo, que devido ao fato do GIRS não possuir verbas para sua comunicação, as mídias gratuitas são as opções que o movimento encontra para fazer sua divulgação (Internet, reportagens em programas de rádio e TV e a realização de eventos de divulgação). Através de uma breve análise ambiental, foi evidenciada a importância da publicidade on-line, e as vantagens que ela trás para as organizações. Nas sugestões de implementação feita pelo acadêmico, foi destacada a importância do movimento possuir um vídeo institucional e um folder impresso e buscar parceria com empresas privadas para sua divulgação, lembrado que existe um apoio das Entidades de Ensino Superior através das atividades voluntárias do 108 Art. 170, no qual seria um grande auxílio para o movimento. Outro ponto destacado nas sugestões é a realização de eventos para a promoção do GIRS, pois também se trata de um meio gratuito de divulgação do movimento e da causa que ele defende. Conclui-se que, através do presente plano de comunicação o movimento poderá visualizar de forma mais ampla todas as oportunidades existentes na comunicação integrada de marketing, tendo em mente que, apesar de pertencer ao terceiro setor, pode planejar suas ações de comunicação através de instrumentos do marketing, visando desenvolver suas atividades com subsídios suficientes para corrigir possíveis imprevistos que por ventura venham a ocorrer. Por fim, todas as estratégias sugeridas no plano de comunicação estão de acordo com a realidade do movimento, sempre deixando bem claro que não existem verbas para suas ações de comunicação. Com isso, espera-se que a partir dos dados levantados e das informações contidas neste estudo o GIRS consiga realizar melhorias em sua comunicação, e conscientizar o maior número possível de moradores de Florianópolis sobre o tema discutido. 109 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Antônio Carlos Carneiro. Terceiro setor: história e gestão de organizações. 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Qual o público-alvo que o movimento deseja atingir? Existe alguma segmentação, algum público específico? Alguma Abrangência regional ou segmento demográfico. Tem uma ordem de prioridade/importância? 2. Quais são os objetivos do Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS? O movimento tem alguma meta/metas que deseja alcançar? Quais são? 3. Que tipo de mensagem o Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS pretende deseja passar? Como está sendo realizada essa comunicação atualmente? Como o movimento imagina que deve ser feito? 4. Quais Canais de comunicação o Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS pretende usar? 5. Quanto o Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS possui para investir em comunicação? 6. Quais desses elementos o Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS pretende usar? O movimento já usou ou usa alguma dessas ferramentas atualmente? Propaganda Anúncios em TV Anúncios em jornais Outdoors Publicidade relações públicas Reportagens Jornal Radio TV / Marketing digital Site Blog Marketing por email 115 7. O Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS realiza algum tipo de pesquisa para verificar se seus objetivos estão sendo alcançados? Quais? Como são avaliados os resultados das ações de comunicação? 8. Como o Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS está estruturada administrativamente? 9. Como o movimento procura promover seus eventos? 10. O Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS já disponibilizou verbas destinadas para a área de marketing? 11. Como o movimento capta recursos para seus eventos? 12. Como o Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS agrega voluntários ao seu quadro? 13. Como o Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS agrega parceiros, projetos para seu quadro? 14. Voluntários fazem doações financeiras ao movimento? 15. O Grupo Interinstitucional sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos – GIRS tem uma área estruturada de comunicação e marketing? 16. O movimento possui folder institucional para a simples divulgação do movimento? 116 APÊNDICE B - Roteiro da entrevista realizada com as organizações sociais pertencentes ao projeto OAB cidadã de Santa Catarina Nome da ONG: 1. Quais são as principais atividades desenvolvidas pela ONG? A) Educação ambiental B) Voluntariado C) Projetos ambientais D) Fiscalização ou denuncias E) Outros ___________________ (especificar) 2. Qual o público-alvo que a entidade deseja atingir? Existe alguma segmentação, algum público específico? Alguma Abrangência regional ou segmento demográfico? 3. Quais são os objetivos da entidade? A ONG tem alguma meta/metas que deseja alcançar? 4. Que tipo de mensagem a ONG procura passar em suas ações de comunicação? 5. Qual desses elementos de comunicação a ONG usa ou já usou para se comunicar com seu público-alvo? Quais tiveram maior e/ou menor retorno? Propaganda Anúncios em TV Anúncios em jornais Outdoors Publicidade relações públicas Reportagens Jornal Radio TV / Marketing digital Site Blog Marketing por email 6. A entidade tem uma área estruturada de comunicação e marketing? Como é o trabalho realizado? A ONG já disponibilizou verbas destinadas para a área de marketing? 117 7. Como a entidade procura promover seus eventos? 8. Como a ONG capta recursos para seus eventos? Como a entidade agrega voluntários e parceiros ao seu quadro? 9. A entidade possui folder institucional para a simples divulgação da entidade? 10. A entidade realiza algum tipo de pesquisa para verificar se seus objetivos estão sendo alcançados? Quais? Como são avaliados os resultados das ações de comunicação?