O projecto da ECO-CASA parte do convite da AGROBIO ao PLANO B Arquitectura para conceber um espaço de sensibilização sobre construções ecológicas a integrar na Feira Terra Sã, a realizar no Centro de Congressos de Lisboa (antiga FIL) nos dias 10, 11 e 12 de Dezembro de 2004. Estando o PLANO B familizarizado com materiais de construção naturais: terra, palha, madeira, parecia evidente podermos explicar o que é uma casa ecológica, pelo que aceitámos o convite. Na raíz da palavra o termo ecologia não está relacionado com protecção do ambiente. Em 1869, altura em que Ernest Haeckel propôs o termo, não existia a consciência de eventuais efeitos negativos da acção humana no ambiente. O termo propunha uma direcção nova na biologia, uma que não isolava os seres vivos do contexto em que vivem. O movimento ecologista na década de 70 adiciona um sentido ideológico ao termo (quando já se tornavam evidentes efeitos da acção humana sobre a generalidade dos ecossistemas na Terra) e propõe que a defesa das espécies e da Natureza seja um “bem” a defender, até pelas consequências negativas que um desiquilíbrio na Natureza supostamente teria para a humanidade. A palavra eco que usamos hoje (também no nosso projecto), simplesmente pode ou não ter alguma relação com o conceito de ecologia herdado da ciência ou do movimento ecologista. É apenas um prefixo mediático, fácil de identificar, vagamente relacionado com protecção da natureza, usado indistintamente por empresas que querem posicionar determinado produto num determinado segmento de mercado e por instituições que patrocinam campanhas de sensibilização nalguma área da defesa do ambiente. Uma busca na internet devolveu alguns termos, nos quais eco ajuda a identificar as intenções dos promotores, apontando para um certo público-alvo, mas que não esclarece sobre a natureza do acontecimento ou produto: eco-escolas, eco-maratona, eco-resort, eco-equipa, eco-pedal, eco-Todo-o-Terreno, eco-ponto, eco-código, eco-veículo, para além das situações em que eco é utilizado com o sentido “económico”, como por exemplo em eco-marché. Também o projecto que nos foi proposto, a eco-casa, parece-nos sofrer da mesma indefinição, para além de ser, etimologicamente, uma redundância: eco de oikos (palavra grega) = casa casa de casa (palavra latina) = casa É nesta indefinição de eco, vagamente moralista e oportunista, bem como na ideia de casana-casa, que desenvolvemos o projecto: Material Propomos um edifício em madeira. De todos os materiais naturais de construção, este é talvez aquele cujo uso maiores impactos negativos pode causar no ambiente, através da gestão descontrolada das florestas. É também aquele que tem maior aceitação no mercado das casas ecológicas em Portugal. A ambiguidade entre a percepção colectiva das qualidades do material (sobretudo a sua qualidade ecológica) e uma realidade que lhe é oposta pareceunos interessante para o projecto. 1/3 Forma O plano original, para o qual fomos convidados, propunha que construíssemos uma réplica em miniatura de um monte alentejano para integrar num “percurso de sensibilização ambiental”. Uma abordagem deste tipo sugere que a viabilidade das casas ecológicas depende do retorno a um passado idealizado, no qual as sociedades estariam em equilíbrio com a Natureza. Este discurso, nostálgico e rural, é bastante redutor sobre o papel que as construções - sejam ou não ecológicas - têm nas sociedades industriais e urbanizadas. Omite também o debate mais pertinente sobre o ordenamento do território, na relação que os edifícios têm com a paisagem, os sistemas produtivos da sociedade e o desenvolvimento sustentável. Não pretendemos que a eco-casa tome partido estético no debate sobre o aspecto dos edifícios, mas parece-nos que a opção mimética não é defensável. A eco-casa é uma passagem (formalizada através de um túnel de madeira) onde estarão impressos textos relacionados com o tema. Esse túnel garante a continuidade do “percurso de sensibilização ambiental” e permite também observar e aceder a um pátio, disponível para ser utilizado em diversas situações. Conteúdo Formalmente, a eco-casa é um vazio, sem função particular ou objectivo pedagógico, que gostaríamos fosse ocupado pelo debate. Não considerando correcto monopolizar o espaço e o tempo disponíveis com uma única perspectiva do que é a eco-casa, convidámos algumas instituições e indivíduos a abordarem este tema conferindo-lhe uma vertente multidisciplinar, abrangente e crítica. O conteúdo da eco-casa será assim determinado pelos participantes. Programa e participantes Sábado 11 de Dezembro 2004 Aldeia Ecológica Tamera . Charly Rainer Ehrenpreis Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa . Juliana A. / Elizabete N. / Vera L. LNEC . Grupo de Trabalho “Habitação do Futuro” . Joana Mourão Tirone Nunes . Lívia Tirone SLA Arquitectos . Vera Schmidberger Quercus . Grupo de Trabalho “Eco-Casa” . Filipa Alves Domingo 12 de Dezembro 2004 João Freire . Sociólogo Arquitectos Sem Fronteiras Portugal . Pedro Gaspar Escola Superior Gallaecia . Mariana Correia Nélson Avelar . Permacultura Ricardo Espírito Santo . Arquitecto Miguel Ferreira Mendes . Arquitecto João Sabino . Designer Associação Projectar para Todos . Luís Pessanha 2/3 6.0 m 3.5 m 1.3 planta/corte/alcado axonometria 3/3