Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias - Português
Ensino Fundamental, 9° Ano
Grau de adequação ou de inadequação em determinado
registro, em diferentes situações do uso da língua
LÍNGUA PORTUGUESA, 9º Ano do Ensino Fundamental
Grau de adequação ou de inadequação em determinado
registro, em diferentes situações do uso da língua
COMPONENTE CURRICULAR: Língua Portuguesa
9º Ano
Tópico: Grau de adequação ou de inadequação em
determinado registro, em diferentes situações do
uso da língua
LÍNGUA PORTUGUESA, 9º Ano do Ensino Fundamental
Grau de adequação ou de inadequação em determinado
registro, em diferentes situações do uso da língua
Preste atenção às situações descritas abaixo:
1ª situação: Suponha que a sua escola receberá o Secretário de Educação do
Estado e você foi incumbido(a) de recebê-lo. Você, na tentativa de ser o mais
simples possível, diante dele e de uma grande multidão, inicia sua fala assim:
“É com muita honra que nossa escola hoje recebe o Ilustríssimo Secretário de
Educação do Estado...”
2ª situação: Suponha que na sua viagem de ônibus da escola para casa você
encontre um amigo de longas datas com quem tem intimidade. Ele se
aproxima e você o cumprimenta assim: “Ilustríssimo, prazer em encontrá-lo.
Por gentileza sente-se naquela poltrona que se encontra vazia. Qualquer coisa
que precisar, pode se dirigir à minha pessoa. Será um prazer a mais
atendê-lo. Tenha uma boa viagem, Ilustríssimo.”
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Grau de adequação ou de inadequação em determinado
registro, em diferentes situações do uso da língua
Diante das situações apresentadas, chegamos a duas conclusões: a primeira é
que você está de parabéns pela recepção adequada, linguisticamente falando,
feita ao Secretário de Educação do Estado; a segunda é que você deve deixar
o tratamento com “ilustríssimo” apenas para o secretário, pois ele é uma
autoridade constituída, sendo ADEQUADO o tratamento. Em se tratando do
seu amigo de longas datas, tanto o uso de “ilustríssimo”, como a maneira
extremamente formal como você o tratou são INADEQUADAS à situação
comunicativa, bem como ao interlocutor.
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Grau de adequação ou de inadequação em determinado
registro, em diferentes situações do uso da língua
Adequação e inadequação com os usos da língua é o que vamos ver na aula
de hoje, cujo título é: Grau de adequação ou de inadequação em
determinado registro, em diferentes situações do uso da língua. De antemão,
gostaria de que inicialmente soubessem que, como falantes nativos, não
produzimos sentenças erradas e sim inadequadas, pois ninguém melhor do
que nós conhece a língua que falamos.
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Grau de adequação ou de inadequação em determinado
registro, em diferentes situações do uso da língua
Como ponto de partida, leiam as diferenças entre língua oral X língua escrita
Modalidades da língua
Língua oral
Língua escrita
Grau de formalidade maior Grau de formalidade
em:
menor em:
discursos; conversas com
autoridades.
textos técnicos e
acadêmicos; cartas a
pessoas de pouca
intimidade.
conversas com pessoas de
pouca intimidade;
conversas no dia a dia;
troca de informações
rápidas; diálogos com
pessoas íntimas.
cartas a pessoas íntimas; emails; bilhetes.
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Grau de adequação ou de inadequação em determinado
registro, em diferentes situações do uso da língua
As diferenças mostradas não esgotam os exemplos que cada situação pode
conter. Eles são, como já foi dito, meros exemplos. E já que estamos
exemplificando, que tal colhermos algumas dicas para cada situação e,
oralmente aumentarmos o quadro das diferenças? Vamos lá!
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registro, em diferentes situações do uso da língua
Modalidades da língua
Formal : também chamada de culta ou padrão, corresponde àquele falar tido
como “modelar”, que obedece às regras da gramática normativa e não aceita
variações de qualquer natureza. A modalidade culta ou padrão é veiculada
nos dicionários, nas gramáticas, nos textos literários, técnicos-científicos e
jornalísticos e nas redações oficiais do país. É a norma socialmente
prestigiada e quem não a utiliza é considerado ignorante, iletrado, caipira ou
matuto (o que não é verdade!), tornando-se vítima certa do preconceito
linguístico (ANTUNES, 2007).
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Informal: Podemos dizer que é a modalidade do dia a dia da maioria das
pessoas, que está “na boca do povo”, sem policiamento gramatical. Ao
conversamos com pessoas conhecidas, com as quais temos intimidade ou
mesmo familiaridade, podemos falar de modo informal, mais popular e
menos policiado, pois nosso interlocutor não se chocará com a nossa
linguagem. Usamos a modalidade informal geralmente em casa com nossos
familiares, com pessoas mais próximas ou em eventos em que não seja
obrigatório o uso da modalidade formal. A modalidade informal aceita as
inúmeras variações.
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Formalidade e informalidade
Informalmente se diz
Formalmente se pede
Apesar da dificuldade que ele passou,
conseguiu a aprovação.
Apesar da dificuldade por que ele passou...
Fui e voltei de casa em uma hora.
Fui a casa e voltei de lá em uma hora.
Aquele moço que não sei o nome me
entregou a chave.
Aquele moço cujo nome não sei...
Foi feito a experiência.
Foi feita a experiência.
O jogo que assistimos ganhou de goleada.
O jogo a que assistimos...
Sua ausência não implica em falta grave.
Sua ausência não implica falta grave.
Quero que venha na minha casa.
Quero que venha à minha casa.
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Essas "regrinhas“, às vezes, nos pegam desprevenidos, bem no meio de um
texto que exige um pouco mais de apuro. Não é que seja “errado” dizer ou
escrever de modo informal; todavia, há situações de uso da língua (uma
redação de vestibular ou do Enem, por exemplo) em que você deverá optar
pela formalidade. Ser “poliglota na própria língua”, como sugere o renomado
gramático Evanildo Bechara, é saber ADEQUAR os usos da língua às situações
comunicativas; é, em outras palavras, “saber trocar o chip linguístico” no
momento certo.
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Leia em voz alta e comente a citação abaixo:
“Um problema que ronda a linguagem é o hábito de generalizar
indiscriminadamente, segundo o qual “tudo vale para tudo”. É de
fundamental importância saber discernir o que é adequado a cada situação,
para se poder, com eficiência, escolher esta ou aquela norma, este ou aquele
padrão vocabular (...)”.
(ANTUNES, op.cit, p. 99)
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Exercício
1- Comente a (in)adequação dos usos da língua nas situações abaixo:
a) Candidato à vaga de emprego durante a entrevista:
-Pô meu, esse salário é uma merreca!
b) Paciente diante do médico:
- Meu problema é dor na pá.
c) Filho com a mãe:
-Querida, eu te amo tanto!!!
d) Empregado com o patrão:
-Senhor, posso sair mais cedo hoje?
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2- Neste exercício você vai explorar as variedades lexicais que conhece para
dizer a mesma coisa em diversas situações:
a) Diga que está com calor e vai sair da sala: a sua mãe em casa; à professora
na escola; à juíza durante uma audiência; ao médico durante uma consulta.
b) Seu time de futebol perdeu e você vai dizer que ele jogou mal: a seu pai; a
um colega torcedor como você; a um colega torcedor adversário; ao técnico
do time.
c) Você foi traído pela(o) namorada(o) e quer dizer isso: a um colega
fofoqueiro; a um colega debochado; a seu / sua ex; a sua melhor amiga.
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Entendendo a adequação...
Para que você compreenda o que queremos dizer quando falamos “adequado
e inadequado com os usos da língua”, vai uma metáfora esclarecedora:
O que você acharia se passasse no calçadão da praia de Boa Viagem e
encontrasse os banhistas usando terno e gravata? E se você fosse convidado
para uma cerimônia religiosa e lá os outros convidados estivessem trajados
com plumas e paetês? (01 minuto para a resposta!)
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Certamente você estranharia ambas as situações, uma vez que elas fogem do
nosso padrão comportamental. Nos dois casos, houve inadequação no que
tange às vestimentas. Com os usos da língua não é muito diferente. Assim, se
você estiver num banquete entre amigos, é ADEQUADO o uso mais informal
da língua, com algumas gírias (se preferir) e sem aquele rigor às normas
gramaticais. Porém, se você estiver na sua formatura de conclusão de curso
e for o orador da turma, é INADEQUADO o uso informal da língua, pois uma
formatura é um evento social, com a presença de vários convidados que
exigem formalidade. É conveniente que se prime pelo padrão culto da língua.
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registro, em diferentes situações do uso da língua
Você está no último ano do Ensino Fundamental. No próximo ano, estará
cursando o Ensino Médio e, para seu término, são mais apenas dois anos de
muito estudo e preparação para os testes do Enem (Exame Nacional do
Ensino Médio). Pensando nisso, pesquisamos em exames anteriores questões
que tratassem exatamente do conteúdo da nossa aula. Tente respondê-las,
para posteriormente comentarmos oralmente e você já avaliar suas
competências e habilidades com o conteúdo estudado. Vale uma dica?
Imagine-se no 3º Ano do Ensino Médio respondendo às questões. Boa sorte,
mesmo desde já!!!
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Adequação linguística - ENEM 1998
Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o padrão formal da Língua Portuguesa,
saber adequar o uso da linguagem ao contexto discursivo. Para exemplificar este fato, seu
professor de Língua Portuguesa convida-o a ler o texto Aí, Galera, de Luís Fernando Veríssimo. No
texto, o autor brinca com situações de discurso oral que fogem à expectativa do ouvinte.
Aí, Galera
Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um
jogador de futebol dizendo “estereotipação” ? E, no entanto, por que não?
- Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
- Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no
recesso dos seus lares.
- Como é?
- Aí, galera.
- Quais são as instruções do técnico?
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- Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia
otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico,
concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade,
valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão
inesperada do fluxo da ação.
- Ahn?
- É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.
- Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
- Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e
piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
- Pode.
- Uma saudação para a minha progenitora.
- Como é?
- Alô, mamãe!
- Estou vendo que você é um, um...
- Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o
atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?
- Estereoquê?
- Um chato?
- Isso.
(Correio Braziliense, 13/05/1998.)
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O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à expectativa do
público. São elas:
(A) a saudação do jogador aos fãs do clube, no início da entrevista, e a
saudação final dirigida à sua mãe;
(B) a linguagem muito formal do jogador, inadequada à situação da
entrevista, e um jogador que fala, com desenvoltura, de modo muito
rebuscado.
(C) o uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador, e da expressão
“progenitora”, por parte do jogador.
(D) o desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra
“estereotipação”, e a fala do jogador em “é pra dividir no meio e ir pra cima
pra pegá eles sem calça”.
(E) o fato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereotipação e o
jogador entrevistado não corresponder ao estereótipo.
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O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é inadequada ao
contexto. Considerando as diferenças entre língua oral e língua escrita,
assinale a opção que representa também uma inadequação da linguagem
usada ao contexto:
(A) “O carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito” - um pedestre que
assistiu ao acidente comenta com o outro que vai passando.
(B) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” - um jovem que fala para um amigo.
(C) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação” – alguém
comenta em uma reunião de trabalho.
(D) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de
Secretária Executiva desta conceituada empresa” - alguém que escreve uma
carta candidatando-se a um emprego.
(E) “Porque se a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gente corre
o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca comida nos lares
brasileiros” - um professor universitário em um congresso
internacional.
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A expressão “pegá eles sem calça” poderia ser substituída, sem
comprometimento de sentido, em língua
culta, formal, por:
(A)
(B)
(C)
(D)
(E)
pegá-los na mentira;
pegá-los desprevenidos;
pegá-los em flagrante;
pegá-los rapidamente;
pegá-los momentaneamente.
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E aí? Gostaram das questões? Viram que não são tão difíceis assim? Pois é,
até quando vocês forem fazer o Enem, muitas outras questões já lhes terão
sido apresentadas, de modo que irão tirar de letra! Abaixo, confiram o
gabarito das três questões apresentadas e continuem se preparando para
daqui a três anos vocês brilharem nos resultados!
GABARITO: B, E e B.
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Para finalizar nossa aula, e fazer jus ao estudo da adequação e inadequação
dos usos da língua, lembrem-se de que, em testes como Enem e vestibulares,
os textos que vocês produzirão estarão adequados às exigências desses
concursos se estiverem em língua padrão. Por isso nada de condenar seu uso,
achando que é bobagem estudarmos. Não é! Todavia, a língua informal
continuará sendo usada por vocês, não sendo inadequada em outras
situações comunicativas, como por exemplo: em casa, com familiares, na rua,
na vizinhança etc. O interessante é que tenham compreendido o momento de
usar uma modalidade ou outra. Troquemos pois o chip linguístico no evento
certo, com o interlocutor certo e com isso sejamos poliglotas na nossa
língua!!! Sucessos!!!
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Bibliografia consultada
ABAURRE, Maria Luiza M; ABAURRE, Maria Bernadete M; PONTARA Marcela.
Português: contexto, interlocução e sentido. São Paulo: Moderna, 2008.
ANTUNES, Irandé. Muito além da gramática. Por um ensino de línguas sem
pedras no caminho. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação
linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da Língua Portuguesa – com
exercícios. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006.
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