capa_curva.pdf 1 12/01/20 15:28 C M Y CM MY CY CMY K ISBN 978-85-7817-254-1 9 788578 172541 Universidade do Sul de Santa Catarina Geometria II Disciplina na modalidade a distância Palhoça UnisulVirtual 2011 Book 1.indb 1 11/07/15 17:36 Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina – Campus UnisulVirtual – Educação Superior a Distância Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: [email protected] | Site: www.unisul.br/unisulvirtual Reitor Unisul Ailton Nazareno Soares Vice-Reitor Sebastião Salésio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Máximo Pró-Reitora Acadêmica Miriam de Fátima Bora Rosa Pró-Reitor de Administração Fabian Martins de Castro Pró-Reitor de Ensino Mauri Luiz Heerdt Campus Universitário de Tubarão Diretora Milene Pacheco Kindermann Campus Universitário da Grande Florianópolis Diretor Hércules Nunes de Araújo Campus Universitário UnisulVirtual Diretora Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Diretora Adjunta Patrícia Alberton Secretaria Executiva e Cerimonial Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Marcelo Fraiberg Machado Tenille Catarina Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendonça Assessoria de Relação com Poder Público e Forças Armadas Adenir Siqueira Viana Walter Félix Cardoso Junior Assessoria DAD - Disciplinas a Distância Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Carlos Alberto Areias Cláudia Berh V. da Silva Conceição Aparecida Kindermann Luiz Fernando Meneghel Renata Souza de A. Subtil Assessoria de Inovação e Qualidade de EAD Denia Falcão de Bittencourt (Coord) Andrea Ouriques Balbinot Carmen Maria Cipriani Pandini Iris de Sousa Barros Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Felipe Jacson de Freitas Jefferson Amorin Oliveira Phelipe Luiz Winter da Silva Priscila da Silva Rodrigo Battistotti Pimpão Tamara Bruna Ferreira da Silva Coordenação Cursos Coordenadores de UNA Diva Marília Flemming Marciel Evangelista Catâneo Roberto Iunskovski Book 1.indb 2 Assistente e Auxiliar de Coordenação Maria de Fátima Martins (Assistente) Fabiana Lange Patricio Tânia Regina Goularte Waltemann Ana Denise Goularte de Souza Coordenadores Graduação Adriano Sérgio da Cunha Aloísio José Rodrigues Ana Luísa Mülbert Ana Paula R. Pacheco Arthur Beck Neto Bernardino José da Silva Catia Melissa S. Rodrigues Charles Cesconetto Diva Marília Flemming Fabiano Ceretta José Carlos da Silva Junior Horácio Dutra Mello Itamar Pedro Bevilaqua Jairo Afonso Henkes Janaína Baeta Neves Jardel Mendes Vieira Joel Irineu Lohn Jorge Alexandre N. Cardoso José Carlos N. Oliveira José Gabriel da Silva José Humberto D. Toledo Joseane Borges de Miranda Luciana Manfroi Luiz G. Buchmann Figueiredo Marciel Evangelista Catâneo Maria Cristina S. Veit Maria da Graça Poyer Mauro Faccioni Filho Moacir Fogaça Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Fontanella Rogério Santos da Costa Rosa Beatriz M. Pinheiro Tatiana Lee Marques Valnei Carlos Denardin Roberto Iunskovski Rose Clér Beche Rodrigo Nunes Lunardelli Sergio Sell Coordenadores Pós-Graduação Aloisio Rodrigues Bernardino José da Silva Carmen Maria Cipriani Pandini Daniela Ernani Monteiro Will Giovani de Paula Karla Leonora Nunes Leticia Cristina Barbosa Luiz Otávio Botelho Lento Rogério Santos da Costa Roberto Iunskovski Thiago Coelho Soares Vera Regina N. Schuhmacher Gerência Administração Acadêmica Angelita Marçal Flores (Gerente) Fernanda Farias Secretaria de Ensino a Distância Samara Josten Flores (Secretária de Ensino) Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Adenir Soares Júnior Alessandro Alves da Silva Andréa Luci Mandira Cristina Mara Schauffert Djeime Sammer Bortolotti Douglas Silveira Evilym Melo Livramento Fabiano Silva Michels Fabricio Botelho Espíndola Felipe Wronski Henrique Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Indyanara Ramos Janaina Conceição Jorge Luiz Vilhar Malaquias Juliana Broering Martins Luana Borges da Silva Luana Tarsila Hellmann Luíza Koing Zumblick Maria José Rossetti Marilene de Fátima Capeleto Patricia A. Pereira de Carvalho Paulo Lisboa Cordeiro Paulo Mauricio Silveira Bubalo Rosângela Mara Siegel Simone Torres de Oliveira Vanessa Pereira Santos Metzker Vanilda Liordina Heerdt Gestão Documental Lamuniê Souza (Coord.) Clair Maria Cardoso Daniel Lucas de Medeiros Eduardo Rodrigues Guilherme Henrique Koerich Josiane Leal Marília Locks Fernandes Gerência Administrativa e Financeira Renato André Luz (Gerente) Ana Luise Wehrle Anderson Zandré Prudêncio Daniel Contessa Lisboa Naiara Jeremias da Rocha Rafael Bourdot Back Thais Helena Bonetti Valmir Venício Inácio Gerência de Ensino, Pesquisa e Extensão Moacir Heerdt (Gerente) Aracelli Araldi Elaboração de Projeto e Reconhecimento de Curso Diane Dal Mago Vanderlei Brasil Francielle Arruda Rampelotte Extensão Maria Cristina Veit (Coord.) Pesquisa Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Mauro Faccioni Filho(Coord. Nuvem) Pós-Graduação Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.) Biblioteca Salete Cecília e Souza (Coord.) Paula Sanhudo da Silva Renan Felipe Cascaes Gestão Docente e Discente Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Capacitação e Assessoria ao Docente Simone Zigunovas (Capacitação) Alessandra de Oliveira (Assessoria) Adriana Silveira Alexandre Wagner da Rocha Elaine Cristiane Surian Juliana Cardoso Esmeraldino Maria Lina Moratelli Prado Fabiana Pereira Tutoria e Suporte Claudia Noemi Nascimento (Líder) Anderson da Silveira (Líder) Ednéia Araujo Alberto (Líder) Maria Eugênia F. Celeghin (Líder) Andreza Talles Cascais Daniela Cassol Peres Débora Cristina Silveira Francine Cardoso da Silva Joice de Castro Peres Karla F. Wisniewski Desengrini Maria Aparecida Teixeira Mayara de Oliveira Bastos Patrícia de Souza Amorim Schenon Souza Preto Gerência de Desenho e Desenvolvimento de Materiais Didáticos Márcia Loch (Gerente) Desenho Educacional Cristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD) Silvana Souza da Cruz (Coord. Pós/Ext.) Aline Cassol Daga Ana Cláudia Taú Carmelita Schulze Carolina Hoeller da Silva Boeing Eloísa Machado Seemann Flavia Lumi Matuzawa Gislaine Martins Isabel Zoldan da Veiga Rambo Jaqueline de Souza Tartari João Marcos de Souza Alves Leandro Romanó Bamberg Letícia Laurindo de Bonfim Lygia Pereira Lis Airê Fogolari Luiz Henrique Milani Queriquelli Marina Melhado Gomes da Silva Marina Cabeda Egger Moellwald Melina de La Barrera Ayres Michele Antunes Corrêa Nágila Hinckel Pâmella Rocha Flores da Silva Rafael Araújo Saldanha Roberta de Fátima Martins Roseli Aparecida Rocha Moterle Sabrina Bleicher Sabrina Paula Soares Scaranto Viviane Bastos Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Letícia Regiane Da Silva Tobal Mariella Gloria Rodrigues Avaliação da aprendizagem Geovania Japiassu Martins (Coord.) Gabriella Araújo Souza Esteves Jaqueline Cardozo Polla Thayanny Aparecida B.da Conceição Jeferson Pandolfo Karine Augusta Zanoni Marcia Luz de Oliveira Assuntos Jurídicos Bruno Lucion Roso Marketing Estratégico Rafael Bavaresco Bongiolo Portal e Comunicação Catia Melissa Silveira Rodrigues Andreia Drewes Luiz Felipe Buchmann Figueiredo Marcelo Barcelos Rafael Pessi Gerência de Produção Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente) Francini Ferreira Dias Design Visual Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.) Adriana Ferreira dos Santos Alex Sandro Xavier Alice Demaria Silva Anne Cristyne Pereira Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro Daiana Ferreira Cassanego Diogo Rafael da Silva Edison Rodrigo Valim Frederico Trilha Higor Ghisi Luciano Jordana Paula Schulka Marcelo Neri da Silva Nelson Rosa Oberdan Porto Leal Piantino Patrícia Fragnani de Morais Multimídia Sérgio Giron (Coord.) Dandara Lemos Reynaldo Cleber Magri Fernando Gustav Soares Lima Conferência (e-OLA) Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.) Bruno Augusto Zunino Gerência de Logística Produção Industrial Marcelo Bittencourt (Coord.) Logísitca de Materiais Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Abraao do Nascimento Germano Bruna Maciel Fernando Sardão da Silva Fylippy Margino dos Santos Guilherme Lentz Marlon Eliseu Pereira Pablo Varela da Silveira Rubens Amorim Yslann David Melo Cordeiro Gerência Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente) Avaliações Presenciais Graciele M. Lindenmayr (Coord.) Ana Paula de Andrade Angelica Cristina Gollo Cristilaine Medeiros Daiana Cristina Bortolotti Delano Pinheiro Gomes Edson Martins Rosa Junior Fernando Steimbach Fernando Oliveira Santos Lisdeise Nunes Felipe Marcelo Ramos Marcio Ventura Osni Jose Seidler Junior Thais Bortolotti Maria Isabel Aragon (Gerente) André Luiz Portes Carolina Dias Damasceno Cleide Inácio Goulart Seeman Francielle Fernandes Holdrin Milet Brandão Jenniffer Camargo Juliana Cardoso da Silva Jonatas Collaço de Souza Juliana Elen Tizian Kamilla Rosa Maurício dos Santos Augusto Maycon de Sousa Candido Monique Napoli Ribeiro Nidia de Jesus Moraes Orivaldo Carli da Silva Junior Priscilla Geovana Pagani Sabrina Mari Kawano Gonçalves Scheila Cristina Martins Taize Muller Tatiane Crestani Trentin Vanessa Trindade Gerência de Marketing Fabiano Ceretta (Gerente) Relacionamento com o Mercado Eliza Bianchini Dallanhol Locks Relacionamento com Polos Presenciais Alex Fabiano Wehrle (Coord.) 11/07/15 17:36 Kelen Regina Salles Silva Christian Wagner ) Geometria II Livro didático Revisão e atualização de conteúdo Mário Selhorst Design Instrucional Karla Leonora Dahse Nunes Roseli Rocha Moterle 5ª edição Palhoça UnisulVirtual 2011 Book 1.indb 3 11/07/15 17:36 Copyright © UnisulVirtual 2011 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Edição – Livro Didático Professor Conteudista Kelen Regina Salles Silva Christian Wagner Revisão e atualização de conteúdo Mário Selhorst Designer Instrucional Karla Leonora Dahse Nunes Roseli Rocha Moterle (5ª edição) ISBN 978-85-7817-254-1 Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Vilson Martins Filho Edison Valim (5ª edição) Ilustrações Edison Valim Revisão Diane Dal Mago Foco 516 S58 Silva, Kelen Regina Salles Geometria I : livro didático / Kelen Regina Salles Silva, Christian Wagner; revisão e atualização de conteúdo Mário Selhorst ; design instrucional Karla Leonora Dahse Nunes, Roseli Rocha Moterle. – 5. ed. – Palhoça : UnisulVirtual, 2011. 258 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7817-254-1 1. Cálculo. 2. Geometria. I. Wagner, Christian. II. Selhorst, Mário. III. Nunes, Karla Leonora Dahse. IV. Moterle, Roseli Rocha. V. Título. Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul 2011_pag_iniciais.indd 4 12/01/20 15:24 Sumário Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Palavras dos professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 UNIDADE 1 - Retas e planos no espaço. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 UNIDADE 2 - Poliedros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 UNIDADE 3 - Sólidos que não rolam. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 UNIDADE 4 - Sólidos que rolam. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181 Para concluir o estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235 Sobre os professores conteudistas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237 Respostas e comentários das atividades de autoavaliação. . . . . . . . . . . . . . 239 Biblioteca Virtual. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257 Book 1.indb 5 11/07/15 17:36 Book 1.indb 6 11/07/15 17:36 Apresentação Este livro didático corresponde à disciplina Geometria II. O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância, proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a um aprendizado contextualizado e eficaz. Lembre que sua caminhada, nesta disciplina, será acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual. Neste sentido, a “distância” fica caracterizada somente como a modalidade de ensino por que você optou para sua formação. É que, na relação de aprendizagem, professores e instituição estarão sempre conectados com você. Então, sempre que sentir necessidade, entre em contato. Você tem à disposição diversas ferramentas e canais de acesso, tais como: telefone, e-mail e o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem, que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado, para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual 7 Book 1.indb 7 11/07/15 17:36 Book 1.indb 8 11/07/15 17:36 Palavras dos professores Neste livro apresentamos os conteúdos da disciplina Geometria II, que estão de acordo com a ementa do projeto pedagógico do seu curso. Inserimos diálogos entre o personagem George e algumas personalidades da Matemática que foram importantes para o estudo da Geometria, tais como, Euclides, Platão e Cavalieri. Nesses diálogos, você terá contato com aspectos históricos da geometria, bem como a inserção de conceitos que requerem um pouco mais de explicações. Com isso, pretendemos que o texto não seja cansativo, intercalando, sempre que possível, teoria, com diálogos e exemplos, fazendo, assim, um livro acessível, tanto para aqueles alunos que já tiveram contato com a geometria espacial, quanto para aqueles que não estudaram isso no ensino fundamental e médio, o que é mais provável, visto que um grande número de alunos que entram na universidade jamais tiveram contato com a geometria de três dimensões ou, se tiveram, foi algo bem superficial. Pretendemos então preencher esta lacuna com o conteúdo trabalhado neste livro e deixar o aluno de matemática apto a seguir em frente no curso, bem como deixá-lo preparado para o ensino da geometria espacial. Informamos que as tabelas e ilustrações sem indicação de fonte foram elaboradas pelos autores. Não deixe de fazer os exercícios propostos no livro e só passe para a unidade seguinte quando você estiver seguro dos conceitos e resolvido uma boa parte dos exercícios. Nós, autores e professores, estamos à disposição para atendêlo da melhor maneira possível, por isso, não deixe de interagir por meio das ferramentas disponíveis no Espaço UnisulVirtual Book 1.indb 9 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina de Aprendizagem (EVA). Socialize seu conhecimento com seu professor e seus colegas. Assim, faremos uma grande rede de aprendizagem e troca de informações. Vamos aos estudos. Sucesso! Professores: Christian Wagner e Kelen R.S. Silva. 10 Book 1.indb 10 11/07/15 17:36 Plano de estudo O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: o livro didático; o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA); as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação); o Sistema Tutorial. Ementa Ponto, reta e plano no espaço tridimensional. Interseção de retas e planos. Paralelismo e perpendicularismo entre retas e planos. Diedros. Triedros. Poliedros. Prisma. Pirâmide. Cilindro. Cone. Esfera. Superfícies e sólidos de revolução. Book 1.indb 11 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Objetivos Geral Propiciar ao futuro educador condições para que trabalhe na sala de aula o ensino de geometria dentro de uma abordagem atual. Específicos Proporcionar ao aluno uma visão dos conteúdos da geometria espacial, previstos nas Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental e Médio. Aprofundar conceitos da geometria espacial, estudados no ensino fundamental e médio. Adaptar estratégias e material didático para o ensino fundamental e médio. Explorar as relações entre a geometria e a álgebra. Criar hábitos de dedução matemática. Desenvolver conceitos de geometria espacial dentro de algum programa computacional. Analisar conteúdos de geometria em livros-textos do ensino fundamental e médio. Mostrar, por meio de materiais didáticos, a aplicação da geometria no dia a dia. Carga horária A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula. 12 Book 1.indb 12 11/07/15 17:36 Geometria II Conteúdo programático/objetivos Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. Unidades de estudo: 4 Unidade 1 – Retas e planos no espaço A unidade apresenta um apanhado de propriedades e definições que dão a base para construir a Geometria Espacial; você também estudará as posições relativas existentes entre pontos, retas e planos no espaço. Unidade 2 – Poliedros Nesta unidade, faremos a construção passo a passo de um diedro e, em seguida, apresentamos a noção de triedro para, então, estarmos aptos a estudar poliedros. No decorrer dos estudos, vamos identificar poliedros, poliedros convexos e polígonos regulares, bem como analisar as propriedades e características dos poliedros regulares e dos poliedros de Platão. Unidade 3 – Sólidos que não rolam A unidade apresenta os sólidos que não rolam: prismas, paralelepípedos, cubos e pirâmides. Para todos os sólidos vamos identificar seus elementos, calcular a área de superfície e volume. No estudo de prismas e pirâmides, vamos utilizar o princípio de Cavalieri para determinar o volume desses sólidos. 13 Book 1.indb 13 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Unidade 4 – Sólidos que rolam A unidade apresenta os sólidos que rolam: cilindros, cones e esferas. Vamos identificar os elementos desses sólidos e veremos como calcular a área de superfície. Para calcular o volume de sólidos que rolam também vamos aplicar o princípio de Cavalieri. 14 Book 1.indb 14 11/07/15 17:36 Geometria II Agenda de atividades/Cronograma Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus colegas e professor. Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina. Atividades obrigatórias Demais atividades (registro pessoal) 15 Book 1.indb 15 11/07/15 17:36 Book 1.indb 16 11/07/15 17:36 UNIDADE 1 Retas e planos no espaço Objetivos de aprendizagem Conhecer conceitos primitivos no espaço. Compreender condições de paralelismo entre retas e planos e o Teorema de Tales no espaço. Sintetizar o conceito de perpendicularismo entre retas e planos no espaço e distâncias entre entes no espaço. Compreender os conceitos de ângulos entre retas e planos e ângulos entre planos. 1 Seções de estudo Book 1.indb 17 Seção 1 Aspectos históricos e noção intuitiva Seção 2 Axiomas de incidência e ordem no espaço Seção 3 Paralelismo e perpendicularismo Seção 4 Distâncias e ângulos 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Nesta unidade, você terá contato com o começo da geometria espacial, no contexto histórico e intuitivo. No estudo da geometria, há uma série de axiomas que dão base para construir toda a geometria plana. Na geometria espacial não é diferente, existe uma série de axiomas que a sustenta. Ao final da unidade, dê uma olhada a sua volta e veja o quanto da geometria espacial está presente no seu dia a dia. Analise e discuta as atividades propostas no livro, para que você possa esclarecer todas as suas dúvidas. Comunique-se sempre com seu professor para esclarecer os problemas que possam aparecer no decorrer deste interessante campo da Matemática, a geometria. No estudo da geometria espacial axiomática, você terá companhia do George e de um antigo matemático, precursor das ideias axiomáticas: Euclides. Acompanhe a seguir o primeiro diálogo entre George e Euclides. 18 Book 1.indb 18 11/07/15 17:36 Geometria II George: Nossa, nem acredito que venci a Geometria I, achei que era um bicho de sete cabeças, mas sei que consegui entendê-la. Euclides: Mas isto é apenas o início meu rapaz. George: Euclides??? É você mesmo novamente? Puxa, não pensei em encontrar você por aqui não. Euclides: Com certeza, vou estar presente neste estudo também, afinal, a geometria espacial também é axiomática, e fui responsável pela organização desses axiomas. George: Então me diga, Euclides, de que se trata a geometria espacial? Euclides: A geometria espacial trata do estudo de objetos no espaço. Analisa os métodos que garantem a existência desses elementos e suas relações. George: Mas quando a geometria espacial começou a ser estudada? Euclides: Você não vai acreditar, mas existem papiros datados aproximadamente de 2.000 anos antes de Cristo, falando sobre cálculo de volume e das dimensões de pirâmides. Supõe-se que esses papiros foram escritos pelos povos da Mesopotâmia, uma região do Oriente Médio. George: Realmente é inacreditável. Mas esses povos estudavam os objetos no espaço? Euclides: Da maneira deles sim. Eles aplicavam esses estudos no seu dia a dia, conforme suas necessidades. George: Já estou curioso. Você pode falar mais sobre a geometria espacial? Euclides: Claro. Vou fazer um breve resumo. Estudos mostram que, na antiguidade, os egípcios faziam cálculos e medidas de dimensionamento da terra e já tentavam encontrar demonstrações dedutivas para as leis relacionadas ao espaço, utilizadas por eles. Claro que Pitágoras e Platão também estudaram a geometria espacial, e você verá que até tentaram associar as formas geométricas abstratas ao estudo da metafísica e da religião. Ainda na Antiguidade, Arquimedes e eu nos dedicamos a essa ciência. George: Você escreveu sobre a geometria espacial? Euclides: Sim, nos livros ‘Elementos’ eu procuro organizar os estudos realizados até então. O interessante é que, após isso, o estudo da geometria espacial ficou um tempo estagnado, só voltando à tona com Leonardo Fibonacci, que, por volta de 1220, escreveu uma coleção sobre trigonometria e geometria. Fibonacci abordou até um análogo tridimensional do teorema de Pitágoras. Bem, continuando, o cálculo de volume de sólidos foi um dos objetos de estudo do físico Johannes Kepler, por volta de 1615. Por falar em físico, foi Newton que, em 1669, desenvolveu o cálculo diferencial e integral, Unidade 1 Book 1.indb 19 19 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina que facilita o cálculo de área e o volume de qualquer figura geométrica, independentemente de sua forma. George: Olha, Euclides, você é o máximo mesmo, viu? Você já me deixou muito empolgado para começar o estudo. Euclides: É mesmo? Nem parece o mesmo George preocupado do início da geometria plana. George: Pois é, Euclides, percebi que com esforço e dedicação podemos vencer muitos desafios, e é isso que vou fazer com a geometria espacial também. Não há o que temer. Euclides: Bem, George, vou deixá-lo descansar para começar o estudo com a cabeça bem tranquila. Qualquer coisa é só chamar. Abraços! George: Tchau, Euclides, e obrigado por estar comigo aqui de novo. Figura 1.1 – Veja como é interessante brincar com o espaço Fonte: Escher (1953 apud BURATTO, 2006). 20 Book 1.indb 20 11/07/15 17:36 Geometria II Seção 1 – Aspectos históricos e noção intuitiva Como disse Euclides, a geometria espacial já era estudada pelos povos da Mesopotâmia há 2000 anos antes de Cristo. Os gregos e egípcios sabiam utilizá-la muito bem. Basta ver as belas construções gregas da antiguidade e as excepcionais pirâmides do Egito. Hoje, apesar de estar presente no nosso dia-a-dia, na maioria das vezes vem sendo trabalhada de forma mecânica. A geometria espacial desempenha importante papel na vida do estudante e do cidadão na sociedade. Os objetos, equipamentos e construtos humanos são elaborados e fabricados utilizando, essencialmente, formas espaciais euclidianas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (2002) recomendam o estudo da geometria nos seguintes termos: [...] as habilidades de visualização, desenho, argumentação lógica e de aplicação na busca de soluções para problemas podem ser desenvolvidas com um trabalho adequado de Geometria, para que o aluno possa usar as formas e propriedades geométricas na representação e visualização de partes do mundo que o cerca. Essas competências são importantes na compreensão e ampliação da percepção de espaço e construção de modelos para interpretar questões da Matemática e de outras áreas do conhecimento. De fato, perceber as relações entre as representações planas nos desenhos, mapas e na tela do computador com os objetos que lhes deram origem, conceber novas formas planas ou espaciais e suas propriedades a partir dessas representações são essenciais para a leitura do mundo através dos olhos das outras ciências. (BRASIL, 2000, p. 44). Esses argumentos destacam a preocupação do MEC com o ensino da geometria nas escolas do Ensino Médio do país. Uma rápida olhada no PCNs do Ensino Fundamental é suficiente para perceber a extensa abordagem realizada para o componente curricular Geometria, denominado espaço e formas. Unidade 1 Book 1.indb 21 21 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina A passagem da geometria plana para a espacial é um tanto delicada, temos muitas limitações. Trabalhar com geometria plana, para nós, seres tridimensionais, é fácil, mas a geometria espacial requer um pouco mais de trabalho, pois a tecnologia que dispomos hoje para representar objetos tridimensionais é uma tecnologia bidimensional, ou seja, não conseguimos representar com perfeição os objetos tridimensionais, o que faz com que haja distorção em comprimentos, ângulos etc. Necessitamos de ferramentas mínimas que possam nos auxiliar na construção da geometria espacial. As mais primitivas são: ponto, reta e plano e, agora, o espaço, que você relembrará na próxima seção. Pode parecer estranho que a geometria como um todo se baseie em noções nas quais não são apresentadas definições, ou propriedades que não são demonstradas. Mas é importante ficar claro que isso é algo comum em qualquer parte da matemática. É possível começar este estudo com algumas noções intuitivas, ou seja, estabelecendo uma quantidade mínima de propriedades (postulados e axiomas) e, então, a partir deles demonstrar outros resultados. Pode-se, ainda, começar o estudo da geometria espacial admitindo-se todos os resultados de geometria plana e que são válidos para qualquer plano no espaço para, em seguida, estabelecer relações entre ponto, reta e plano no espaço. A próxima seção será o pontapé inicial para este estudo. Acompanhe! 22 Book 1.indb 22 11/07/15 17:36 Geometria II Seção 2 – Axiomas de incidência e ordem no espaço Para começar a estudar a geometria espacial, é preciso relembrar as noções de ponto, reta e plano, porém, com uma visão espacial. As noções (conceitos, termos, entes) geométricas são estabelecidas por meio de definições. Em particular, as primeiras noções, os conceitos primitivos da Geometria, são adotadas sem definição. (DOLCE; POMPEO, 1994). Você lembra? Ponto: Não tem dimensão, não possui comprimento, largura ou espessura. É geralmente representado por letras maiúsculas: Ponto A, Ponto B, Ponto P etc. Reta: A reta tem somente uma dimensão, isto é, comprimento infinito. Não possui largura e espessura. É geralmente representada por letras minúsculas: Reta a, Reta b, Reta r etc. Plano: O plano tem duas dimensões: comprimento e largura. Não possui espessura. É geralmente representado por letras gregas minúsculas: Plano α, Plano β etc. Dessa forma, admitem-se as seguintes noções gráficas para Ponto, Reta e Plano: Lembre-se de que a reta e o plano são infinitos e os esboços da figura 1.2 são limitados para podermos observá-las. Figura 1.2 – Ponto, reta e plano Vamos introduzir uma nova ideia em função das noções apresentadas anteriormente – a noção de espaço. Unidade 1 Book 1.indb 23 23 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Ao conjunto de todos os pontos damos o nome de Espaço. Sobre essa nova noção está construída a geometria espacial. Observe que essa ideia nos leva ao universo tridimensional, o universo no qual vivemos. Com isso, fica um pouco mais difícil a observação das figuras geométricas, pois, para desenhá-las temos que utilizar perspectiva. Axiomas de incidência Para melhor entendimento, vamos apresentar os axiomas de incidência em três tipos, os relacionados à existência, os relacionados à determinação e um relacionado à inclusão. Axiomas de existência a) Existe ponto; b)Existe reta, qualquer que seja a reta, existem pontos que pertencem a ela e pontos que não pertencem; c) Existe plano, qualquer que seja o plano, existem pontos que pertencem a ele e pontos que não pertencem. Figura 1.3 – Plano α, Reta r, Pontos A, B e C 24 Book 1.indb 24 11/07/15 17:36 Geometria II Na Figura 1.3, C pertence à reta r e ao plano α, B pertence ao plano α, mas não pertence à reta r, e A não pertence ao plano α e não pertence à reta r. Axiomas da determinação Os axiomas que determinam reta e plano a partir de pontos. Dois pontos distintos no espaço determinam uma única reta que os contém, e três pontos não colineares no espaço determinam um único plano que os contém. Figura 1.4 – Plano α, Reta r, Pontos P, Q, A, B e C Na Figura 1.4, P e Q determinam a reta r e A, B e C determinam o plano α. Axioma de inclusão Se uma reta tem dois de seus pontos em um plano, então, ela está contida inteiramente neste plano. Figura 1.5 – Pontos A, B e reta r contido no plano α Observe que neste axioma dizemos que os pontos A e B pertencem ao plano e a reta r está contida no plano. Podemos representar essa afirmação como: (A ≠ B,r = AB, A ∈ α, B ∈ α) Unidade 1 Book 1.indb 25 r⊂α 25 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Relação entre reta e plano É possível analisar a relação entre uma reta e um plano por meio da posição entre elas. Existem três possibilidades: 1) A reta está contida no plano. Escrevemos r ⊂ α Figura 1.6 – Reta r contida no plano α 2) A reta tem exatamente um ponto em comum com o plano. Escrevemos: r ∩ α = P. Figura 1.7 – Ponto P pertence à reta r e ao plano α A parte da reta r pontilhada indica que ela está atravessando o plano α no ponto P. (Diz-se que a reta r e o plano α são concorrentes.) 3) A reta não tem ponto em comum com o plano. Neste caso, a reta r é paralela ao plano α. 26 Book 1.indb 26 11/07/15 17:36 Geometria II Escrevemos: r ∩ α = ∅ ou r // α Figura 1.8 – Plano α, Reta r Você viu que numa reta existem infinitos pontos. Será que num plano existem infinitas retas? No espaço existem infinitos planos? Realize a atividade de autoavaliação nº 1. Determinação de planos Antes de conhecer as maneiras para a determinação de um plano, vamos relembrar duas definições da geometria plana e apresentar uma nova definição. Retas concorrentes: duas retas são concorrentes se, e somente se, elas têm um único ponto em comum. r∩s = P Figura 1.9 – Retas r e s concorrentes, r ∩ s = {P} Unidade 1 Book 1.indb 27 27 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Retas paralelas: duas retas são paralelas se, e somente se, são coincidentes (iguais) ou são coplanares (estão no mesmo plano) e não têm nenhum ponto comum. Figura 1.10 – Retas r e s paralelas, r ∩ s = ∅ Retas reversas: duas retas são reversas se, e somente se, não existe plano que as contenha. Figura 1.11 – Retas r e s reversas Os teoremas serão demonstrados utilizando uma linguagem que facilite o seu entendimento. Apesar de não serem demonstrações formais, eles estão corretamente baseados na teoria necessária. Na Figura 1.11, dizemos que “não existe plano que contém r e s, e r ∩ s = ∅ ”, então, r e s são reversas. Existem quatro maneiras de determinar planos a partir de retas e pontos. Vamos analisar cada uma delas. A primeira está relacionada ao axioma 2.1.2 b, as demais serão apresentadas como teoremas. 28 Book 1.indb 28 11/07/15 17:36 Geometria II I. Três pontos não colineares no espaço determinam um único plano que passa por eles. Figura 1.12 – Pontos A, B e C e plano α Nesse caso, dizemos que A, B e C determinam o plano α, e representamos essa construção por α = (A, B, C). II. Teorema 1.1: dados uma reta r e um ponto P tal que P ∉ r, então a reta r e o ponto P determinam um único plano α. Figura 1.13 – Plano α, reta r e pontos A, B e P Demonstração: A Hipótese desse teorema é: existe um ponto P e uma reta r, tal que P não pertence à r, ou seja, P ∉ r. A Tese é: r e P determinam um único plano α. Observe que esse teorema apresenta a existência do plano α e a sua unicidade. Por isso, a sua demonstração será apresentada em duas partes. Acompanhe pela Figura 1.13. 1. Existência do Plano α: Seja uma reta r, tomemos dois pontos A e B, distintos, pertencentes a reta r e um ponto P que não pertence a r (por hipótese), assim, os pontos A, B e P não são colineares, e pelo axioma 2.1.2 b existe um plano definido por r e P. Unidade 1 Book 1.indb 29 29 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina 2. Unicidade do Plano α: Suponha que existe um outro plano β que contém r e P, como A e B pertencem a r, temos que β contém os pontos A, B e P, assim, pelo axioma 2.1.2 b, β é definido por r e P, mas essa é a definição de α, portanto β = α. Nesse caso, dizemos que r e P determinam o plano α, e representamos essa construção por α = (r, P). III. Teorema 1.2: dadas duas retas r e s, se r e s são concorrentes, então, elas determinam um único plano α. Figura 1.14 – Retas r e s concorrentes no ponto P Demonstração: A Hipótese desse teorema é: as retas r e s se interceptam num ponto P. A Tese: r e s determinam um único Plano α Este teorema também apresenta a existência do plano α e a sua unicidade. Por isso, a sua demonstração será apresentada em duas partes. Observe a Figura 1.14. 1. Existência do Plano α: Tomemos dois pontos A є r e B є s distintos do ponto de intersecção P. Pelo axioma 2.1.2 b, existe um único plano α contendo A, B e P. Como P e A são pontos de r, e P e B são 30 Book 1.indb 30 11/07/15 17:36 Geometria II pontos de s, pelo teorema 1.1, r e s pertencem a α. Portanto, existe pelo menos um plano construído, passando por r e s. 2. Unicidade do Plano α: Suponha que existe um outro plano β que contém r e s, então, β contém P, A e B, mas pelo axioma 2.1.2 b, o plano que contém esses pontos é único, logo β = α. Nesse caso, dizemos que r e s determinam o plano α e representamos essa construção por α = (r, s). IV. Teorema 1.3: dadas duas retas distintas r e s, se r e s são paralelas, então elas determinam um único plano α, que as contém. r s Figura 1.15 – Retas r e s paralelas Demonstração: A Hipótese desse teorema é: As retas r e s são paralelas. A Tese: r e s determinam um único plano α. Este teorema também apresenta a existência do plano α e a sua unicidade. Veja a Figura 1.15. 1. Existência do Plano α: Pela definição, se r e s são paralelas, então, elas são coplanares. Logo, existe um plano α que as contém. Unidade 1 Book 1.indb 31 31 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina 2. Unicidade do Plano α: Suponha que existe um outro plano β que contém r e s. Tomemos os pontos A e B distintos, pertencentes a r, e P pertencente a s. Neste caso, α contém r e s, mas como A e B є α então, α contém A, B e P. Analogamente, se β contém r e s, e se A, B є r e P є s, então, β também contém A, B e P. Mas, pelo axioma 2.1.2 b, o plano que contém os três pontos é único, então α = β. Tente responder: quantos planos passam por uma reta? E por dois pontos distintos? Quantos planos passam por quatro pontos distintos dois a dois? Realize a atividades de autoavaliação nº 2 e nº 3. Relação entre ponto e plano O axioma de ordem tem a função de localizar os pontos no espaço em relação a um plano dado. Axioma de ordem no espaço: um plano α determina exatamente dois semiespaços distintos, cuja intersecção é o próprio plano α. Você deve estar se perguntando, o que são semiespaços ? Semiespaço é o conjunto de todos os pontos que estão do mesmo lado em relação a um plano dado. Seja α um plano no espaço, e dois pontos A e B, fora desse plano. Se a reta que passa por A e B não intercepta o plano α, então dizemos que A e B estão do mesmo lado ou no mesmo semiespaço em relação ao plano α. Por outro lado, se a reta que passa por A e B interceptar o plano α em um ponto C entre A e B, dizemos que A e B estão em lados opostos ou ainda em semiespaços opostos em relação ao plano α. Veja a Figura 1.16. 32 Book 1.indb 32 11/07/15 17:36 Geometria II A e B estão no mesmo lado em relação ao plano α A e B estão em lados opostos em relação ao plano α Figura 1.16 – Visualização de semiespaço Intersecção entre planos Assim como estudamos a intersecção entre retas, podemos expandir esse raciocínio para planos. Observe que a intersecção entre dois planos é uma reta que pertence aos dois planos. Essa reta é chamada de reta intersecção desses planos. Dados dois planos distintos α e β, dizemos que são secantes ou concorrentes se α e β se interceptam (ou se cortam). Figura 1.17 – Planos α e β, secantes ou concorrentes Unidade 1 Book 1.indb 33 33 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Em sua opinião, dois planos concorrentes podem se interceptar em um único ponto? Como? O axioma de intersecção poderá lhe dar essa resposta. Axioma de intersecção: se dois planos distintos têm um ponto comum, então, eles têm, pelo menos, um outro ponto comum. Lembre-se de que planos são infinitos. Por isso, quando pensamos na intersecção entre dois deles é impossível essa intersecção ser apenas um ponto. O teorema 1.4 garante essa conclusão. Teorema 1.4: se dois planos distintos têm um ponto comum, então a intersecção desses planos é uma única reta que passa por aquele ponto. Demonstração: A Hipótese desse teorema é: sejam α e β planos distintos, P є α e P є β. A Tese: existe uma reta r tal que α ∩ β = r e P є r. Este teorema também apresenta a existência da reta r e a sua unicidade. 1. Existência da reta r: Como os planos α e β são distintos, se P є α e P є β pelo axioma da intersecção existe um outro ponto A ≠ P, tal que A є α e A є β , logo, existe uma reta r que passa por P e A e assim, r ⊂ α e r ⊂ β. 2. Unicidade da reta r: Suponha que existe um ponto B є α e B є β, mas B ∉ r. Então, existe um outro plano π = ( r, B) ( que passa por r e B). Logo, se r ⊂ α , B є α e B є π, então, α = π, por outro lado, se r ⊂ β, B є β e B є π, então, π = β, portanto, α = β. Nesse caso, os três planos α, β 34 Book 1.indb 34 11/07/15 17:36 Geometria II e π são coincidentes, mas isso é um absurdo, pois, por hipótese, α e β são distintos. Assim, os únicos pontos da intersecção de α e β são os pontos de r. Exemplos: 1) Dados três planos α, β e π distintos, e dois a dois secantes, segundo três retas r, s e t. Se α ∩ β = r, π ∩ β = s e α ∩ π = t, como estão relacionadas as retas? Solução: para este problema existe mais de uma possibilidade, veja a seguir: Primeira: se r = s = t, neste caso, os planos se interceptam na reta. Ou seja, as retas são coincidentes. Veja a Figura 1.18. Figura 1.18 – Planos α, β e π e retas r = s = t Segunda: supondo que as retas duas a duas distintas (r≠ s, s≠ t e r≠ t) e concorrentes: Então, as três retas incidem num mesmo ponto. Veja Figura 1.19. Figura 1.19 – Planos α, β e π e retas r ≠ s ≠ t Unidade 1 Book 1.indb 35 35 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Terceira: supondo as retas duas a duas distintas e paralelas. Logo, todas as três são paralelas, duas a duas. r t s α π β Figura 1.20 – Planos α, β e π e retas r // s // t Conclusão: se três planos distintos são dois a dois secantes, segundo três retas, ou as retas passam por um mesmo ponto ou são paralelas duas a duas ou são coincidentes. (Esse é o enunciado de um teorema chamado teorema dos três planos secantes.) 2) Dado um plano α, e duas retas r e s contidas em α e concorrentes num ponto P. Suponha um ponto Q fora de α . Determine a intersecção entre β= (Q,r) e π = (Q,s). Solução: podemos resolver esse exemplo geometrica ou algebricamente. Observe que: r ∩ s = {P} e P є s então P є π P є r então P є β logo β ∩ π = PQ 36 Book 1.indb 36 11/07/15 17:36 Geometria II Figura 1.21 – Planos α, β e π retas r , s e t PQ Tente resolver: sejam dois pontos A e B de um plano α, se A e B pertencem a uma reta r e dois pontos C e D pertencentes a outra reta s, sendo r e s concorrentes. Considere um ponto P fora de α. Determine a intersecção entre os planos β = (A , B, P) e π = (C, D, P). Desafio Quantos triângulos equiláteros temos na figura a seguir? Figura 1.22 – Triângulos equiláteros Consulte a resposta do desafio no final do livro didático. Unidade 1 Book 1.indb 37 37 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Seção 3 - Paralelismo e perpendicularismo George: Euclides? Cadê você? Preciso de sua ajuda. Euclides: Olá, George, que agonia é essa, meu rapaz? George: Estou preocupado com essa seção, ela me parece muito teórica. Na verdade, estou um pouco inseguro com essa ideia de ter de estudar assuntos que não consigo ver, parece que tudo fica meio no ar. Euclides: Calma, George, pense que essa história de estar no ar pode ser interessante, apesar de você não poder “ver” algumas situações, você pode “estar” numa situação. George: Como? Agora pirei. Estar na situação, me explique melhor. Euclides: Vamos pensar nessa sala que você está agora. Ela tem paredes, teto e chão, não? George: Claro, mas por quê? Euclides: Porque podemos imaginar que essas paredes, o teto e o chão são planos, e que o encontro entre as paredes e o teto são retas, assim como o encontro entre as paredes e o chão. Dessa forma, você está entre planos e retas, na verdade, você está no espaço, e pode estudá-lo. George: É isso aí, cara, que sacada boa, ainda bem que tenho você ao meu lado. Valeu! Euclides: Então, como vocês costumam dizer, fui. 38 Book 1.indb 38 11/07/15 17:36 Geometria II Paralelismo no espaço Neste item vamos estudar os casos de paralelismo no espaço, analisar a existência de reta paralela a um plano, reta paralela a reta no espaço e plano paralelo a plano. Todo esse estudo será feito por meio de definições e teoremas. Dada uma reta r e um ponto P, fora dessa reta, existe uma única reta s paralela a r que passa por P. Figura 1.23 – Reta s paralela a reta r, passando pelo ponto P Viu também que duas retas coplanares são paralelas se são coincidentes ou não se interceptam. Mas como será que se comportam retas paralelas que não estão no mesmo plano? Quando uma reta é paralela a um plano? Como Euclides sugeriu ao George, vamos utilizar como exemplo uma sala. Veja a Figura 1.24. Para dar a ideia de planos, vamos tomar as paredes 2, 3, 4 e 5, o teto 6 e o chão 1; para a ideia de retas, vamos tomar as intersecções entre esses entes que nos deram a noção de plano. Figura 1.24 – Esboço de uma sala Unidade 1 Book 1.indb 39 39 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Vamos chamar de reta r o encontro entre a parede 2 e o teto. Agora, pense na relação entre essa reta e o chão. Elas se encontram? Figura 1.25 – O piso como plano e uma reta paralela a esse plano Uma reta r e um plano α são paralelos se, e somente se, eles não possuem pontos em comum. Figura 1.26 – Plano α paralelo a reta r Na Figura 1.26, r // α α ∩ r = Ø, e se lê “a reta r é paralela ao plano α se, e somente se, a intersecção entre r e α é vazia”. 40 Book 1.indb 40 11/07/15 17:36 Geometria II O símbolo lê-se “se, e somente se”. E significa que existem duas conclusões na sentença, ou seja, conclusões nos dois sentidos. Neste caso: 1) Se r e α são paralelos, então, α ∩ r = Ø; 2) Se α ∩ r = Ø então r e α são paralelos. Observe que a hipótese da primeira conclusão vira a tese da segunda e vice-versa. Além de estudarmos a definição de uma reta paralela a um plano e observarmos essa ideia numa sala, na geometria é importante analisar a condição necessária para a existência de uma reta paralela a um plano. Veja como os teoremas a seguir englobam essa ideia e utilizam, nas demonstrações, a definição de retas paralelas, reta contida em um plano e reta e plano paralelos. Conceitos que serão utilizados em sua demonstração. Teorema 1.5: dado um plano α e uma reta r, não contida em α. A reta r e plano α são paralelos se, e somente se, existe uma reta s paralela a r e contida em α. Demonstração: Sejam α um plano e r uma reta fora de α. (Essa demonstração se divide em duas partes, por causa do, se e somente se:) 1)Hipótese: α e r são paralelos. Tese: existe uma reta s contida em α tal que r // s. Unidade 1 Book 1.indb 41 41 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Figura 1.27 – Retas r // s Seja β um plano concorrente a α que contém r e intercepta α. Pelo teorema 1.4, os planos α e β distintos e concorrentes se interceptam em uma reta, nesse caso s. Como r ∩ α = Ø e s ⊂ α e r e s são coplanares, então, r ∩ s = Ø, ou seja, r e s são paralelas. O que você acha? 2) Hipótese: existe uma reta s contida em α tal que r // s Tese: α e r são paralelos. Se s e r são paralelas, então, s ∩ r = Ø , ou seja, não possuem ponto em comum, então, existe um plano β distinto de α , que contém s e r , logo, s está contida em α e em β, portanto, s é a intersecção de α e β. Como r // s e, {s} = α ∩ β tem-se que r ∩ α = Ø, logo r // α. Acompanhe agora como analisar a existência de retas paralelas no espaço. Veja a Figura 1.28. Suponha a intersecção entre a parede 3 e o teto e, entre a parede 3 e o chão, duas retas. 42 Book 1.indb 42 11/07/15 17:36 Geometria II Figura 1.28 – Retas a partir de intersecção entre teto e parede, chão e parede Teorema 1.6: sejam dois planos α e β, que se interceptam em uma reta r. Se s é uma reta de β e é paralela ao plano α, então, s é paralela à r. Demonstração: Hipótese: α e β são dois planos e s uma reta de β, paralela a α. Tese: s é paralela à reta r (intersecção entre α e β). Acompanhe pela Figura 1.29. Figura 1.29 – Retas s // r Unidade 1 Book 1.indb 43 43 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Como s é paralela a α, então, s não intercepta α . Logo, r e s não se interceptam, pois, por hipótese, r é a reta formada pela intersecção dos planos α e β, então, pertence a α. Ainda, por hipótese, s pertence a β. Logo, temos duas retas em β que não se interceptam. Portanto, essas retas são paralelas. A ideia de paralelismo entre planos é a mesma de paralelismo entre retas, e entre reta e plano. Veja a seguir. Planos paralelos Assim como conceituamos retas paralelas, podemos conceituar planos paralelos. Você compreenderá no decorrer deste livro a importância desse conceito para a geometria espacial. Dados dois planos α e β, dizemos que são coincidentes (ou iguais) se todos os pontos de α são também pontos de β. Figura 1.30 – Planos α e β, coincidentes Dados dois planos α e β, dizemos que são distintos e paralelos se não possuem pontos em comum, ou seja, α ∩ β = Ø. 44 Book 1.indb 44 11/07/15 17:36 Geometria II Figura 1.31 – Planos α e β, paralelos Podemos utilizar a ideia da sala para observar planos paralelos. Na Figura 1.32, o chão e o teto são paralelos, assim como as paredes 2 e 4, e 3 e 5. Figura 1.32 – Noção de planos paralelos numa sala Assim como estudamos a existência de uma reta paralela a um plano, vamos estudar a existência de planos paralelos entre si, usando uma sequência de teoremas. Teorema 1.7: dadas duas retas r e s, concorrentes em um ponto P fora de um plano α. Sejam r’ e s’ retas paralelas a r e s, respectivamente, contidas no plano α e concorrentes no ponto O. Então, r e s determinam um plano β paralelo ao plano α. Demonstração: Hipótese: sejam r e r’, e s e s’ pares de retas paralelas, r’ e s’ concorrentes em O e contidas em α. Tese: r e s determinam um plano β paralelo ao plano α. Unidade 1 Book 1.indb 45 45 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Figura 1.33 – Planos α // β Como s // s’ e r // r’ (por hipótese), pelo teorema 1.5 r e s são paralelas a α. Suponha por absurdo que α e β não são paralelos, nesse caso, eles se interceptariam em uma reta t, mas, pelo teorema 1.6, r seria paralela a t e s seria paralela a t. Logo, por P teríamos duas retas paralelas a uma reta, o que é absurdo, pois por um ponto fora de uma reta existe apenas uma paralela àquela reta. Portanto, os planos α e β são paralelos. Veja Figura 1.33. Teorema 1.8: por um ponto P exterior a um plano α dado, existe um único plano β paralelo a α. Demonstração: Hipótese: sejam α um plano e P ∉ α. Tese: existe um único plano β passando por P, tal que β // α. 1. Existência do plano β: Tome duas retas r e u concorrentes em P, e pelo teorema 1.7 garantimos a existência do plano β, que contém essas retas e é paralelo ao plano α. 46 Book 1.indb 46 11/07/15 17:36 Geometria II 2. Unicidade do plano β: Suponha que existem dois planos β e β’ distintos, passando por P e paralelos à α. Como β e β’ são distintos e passam por P, então, β ∩ β’ = r (pelo teorema 1.4). Tome uma reta s ⊂ α , tal que r não seja paralela a s, a partir da construção de um plano π = (r,Q), em que Q é um ponto qualquer de α, e pelo teorema 1.4, temos α ∩ π = t. Tome s concorrente a t em Q, como t // r, pois r//α, temos que, s e r são reversas. Veja a Figura 1.34. Figura 1.34 – Plano β // α Consideremos o plano π’ = ( s , P), como π’ passa por P que está em β ∩ β’ = r, pelo teorema 1.4 π’ ∩ β = u e π’ ∩ β’ = v, mas como β e β’são paralelos a α, u e v são paralelos a s, passando por P, o que é um absurdo, pelo axioma das paralelas e, assim, β e β’são necessariamente coincidentes. Exemplos: 1) Construa, com argumentos geométricos, uma reta paralela a um plano dado. Solução: seja α o plano dado. Tome neste plano uma reta r. Fora desse plano, tome um ponto P. Por P, podemos traçar uma reta s, paralela à reta r e, portanto, pelo teorema 1.5, a reta s é paralela a α. Unidade 1 Book 1.indb 47 47 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina 2) Justifique a validade das afirmações a seguir: (a) Uma reta e um plano paralelos não têm pontos em comum. Solução: verdadeiro, pela própria definição. (b) Se uma reta está contida no plano, então, eles têm um ponto em comum. Solução: verdadeiro, pois uma reta que está contida em um plano tem infinitos pontos em comum, em particular, um ponto em comum. (c) Se duas retas distintas são paralelas a um plano, então, elas são paralelas entre si. Solução: falso, elas podem ser paralelas a um plano e ser reversas entre si. (d) Se dois planos são paralelos a uma reta, então, são paralelos entre si. Solução: falso, eles podem ser concorrentes. Perpendicularismo no espaço Para introduzir a noção de perpendicularismo entre retas e planos, precisamos esclarecer o conceito de retas perpendiculares. 1) Duas retas concorrentes coplanares, que formam entre si um ângulo de 90º, são ditas perpendiculares (Figura 1.35). 2) Duas retas reversas, que formam entre si um ângulo de 90º, são ditas ortogonais (Figura 1.36). Figura 1.35 – Retas r e s perpendiculares Figura 1.36 – Retas r e t ortogonais 48 Book 1.indb 48 11/07/15 17:36 Geometria II Em outras palavras, retas que formam entre si um ângulo reto, se estão no mesmo plano, são chamadas perpendiculares e, se não estão no mesmo plano, são chamadas ortogonais. Lembre-se da definição de ângulo entre duas retas. 1) Uma reta r e um plano α são perpendiculares quando a reta e o plano têm um ponto P em comum, e a reta r é perpendicular a todas as retas contidas no plano que passam por P. 2) Ao ponto P damos o nome de traço da perpendicular ao plano α. Figura 1.37 – Reta r perpendicular ao plano α no ponto P Denotamos o perpendicularismo entre r e α por: r ⊥ α ou α ⊥ r, e lê-se “r é perpendicular a α ou α é perpendicular a r”. Analisando a sala, seguindo o pensamento de Euclides, temos que o encontro das paredes 2 e 3 dão a ideia de uma reta. Podemos dizer que essa reta é perpendicular ao chão. Veja a Figura 1.38. Figura 1.38 – Encontro de paredes perpendicular ao chão Unidade 1 Book 1.indb 49 49 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Consequências Tente responder: dado um plano qualquer, sempre existe pelo menos uma reta perpendicular a ele? Essa reta é única? E se tomarmos um outro plano paralelo ao plano dado, qual a relação entre esse novo plano e as retas? As proposições a seguir respondem essas questões. Vamos demonstrar apenas a proposição 1.1, as demais deixamos a cargo do leitor, mas iremos visualizar cada afirmação por meio da ideia da sala. Proposição 1.1: uma reta é perpendicular a um plano se, e somente se, ela for perpendicular às retas desse plano, que passam pelo seu traço. Demonstração: 1) Hipótese: dada uma reta r perpendicular a um plano α, em um traço P. Tese: então, r é perpendicular a todas as retas desse plano que passam por P. Como r é perpendicular a α, então, r é ortogonal a toda reta contida em α, logo, ela é perpendicular às retas de α, que passam pelo seu traço. 2) Hipótese: dada uma reta r perpendicular a todas as retas que passam pelo seu traço P. Tese: r é perpendicular ao plano α, que contém P. Sejam s ⊂ α e s’ // s que passa por P. Por hipótese, r ⊥ s’, logo, s é ortogonal a r. Como s é uma reta qualquer de α, temos por definição que r é perpendicular a α. 50 Book 1.indb 50 11/07/15 17:36 Geometria II Proposição 1.2: se uma reta r e um plano α são perpendiculares entre si, então: 1) Toda reta s paralela a r é perpendicular a α; 2) Todo plano β paralelo a α é perpendicular a r. Na Fgura 1.39, vamos nomear como a o encontro entre as parede 2 e 5, como b o encontro entre as paredes 2 e 3 e c o encontro entre as paredes 3 e 4, com o objetivo de darmos a noção de retas. Pensando assim, observamos que a, b e c são paralelas, pois não irão se interceptar. Na Figura 1.38, vimos que b é perpendicular ao chão, e observe que a e b também são perpendiculares ao chão. Seguindo esse raciocínio, observe que o teto é paralelo ao chão e, ambos, são perpendiculares a a, b e c, figura 1.40. Figura 1.39 – Encontro de paredes paralelos, perpendiculares ao chão Figura 1.40 – Encontro de paredes paralelos, perpendiculares ao chão e ao teto Proposição 1.3: duas retas r e s distintas perpendiculares a um mesmo plano são paralelas; Podemos utilizar a Figura 1.39 para visualizar a ideia da proposição 1.2. Veja que tomamos a e b perpendiculares ao chão e, nesse caso, a e b não se encontram, são paralelas. Proposição 1.4: dois planos distintos e perpendiculares a uma mesma reta são paralelos. Unidade 1 Book 1.indb 51 51 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Ainda na figura 1.40, observamos que o teto e o chão formam com a um ângulo de 90º , ou seja, são perpendiculares a a. Mas sabemos que o teto e o chão são paralelos. O próximo teorema é considerado fundamental para garantir a existência de uma reta perpendicular a retas paralelas de um plano. Teorema 1.9: se uma reta r é ortogonal a um par de retas concorrentes de um plano α, então, r é perpendicular a α. Demonstração: Hipótese: s e t são duas retas concorrentes em P, contidas em α e perpendiculares a r. Tese: r ⊥ α. Seja m uma reta qualquer de α que passa por P. Tomemos em r dois pontos A e A’, em semiespaços distintos, simétricos em relação ao traço P, ou seja, . Figura 1.41 – Reta r perpendicular ao plano α Sejam dois pontos B e C, respectivamente pertencentes às retas t e s, tais que BC intercepta a reta m num ponto M. Note 52 Book 1.indb 52 11/07/15 17:36 Geometria II que, nesse caso, t é mediatriz de AA' assim como s também é mediatriz de AA' e, por isso: e . Observe ainda que, para chegarmos à tese do teorema, precisamos mostrar que m é mediatriz de AA' . Veja a Figura 1.41. Tomemos os triângulos ABC e A´BC, como , , e BC é comum aos dois, então, concluímos que , assim, então, (pois, , logo . Portanto, m mediatriz de AA' , como por hipótese r é perpendicular a s e a t e por construção m está contida em α, P pertence a m, concluímos que r é perpendicular ao plano α. Exemplo: Justifique as afirmações abaixo: (a) Para que uma reta e um plano sejam perpendiculares, é necessário que sejam concorrentes. Solução: verdadeiro, pela própria definição de concorrentes. (b) Uma reta perpendicular a um plano é perpendicular a todas as retas do plano. Solução: falso. É perpendicular a todas as retas que passam pelo traço P, e ortogonal a todas as retas que não passam por P. (c) Uma reta perpendicular a um plano forma ângulo reto com todas as retas contidas no plano. Solução: verdadeiro. Essas retas ou passam pelo ponto de intersecção ou não passam, portanto, a reta é perpendicular ou ortogonal, ou seja, forma ângulo reto. Já vimos a existência de reta paralela a plano. Agora vamos verificar se esse plano é único e ter a noção de como construí-lo. Observe que, para isso, utilizamos um ponto fora da reta dada. Unidade 1 Book 1.indb 53 53 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Teorema 1.10: dado um ponto P qualquer, pode-se traçar um único plano α perpendicular a uma reta r dada que passa por P. Demonstração: Hipótese: dada uma reta r e um ponto P є r. Tese: existe um único plano α perpendicular a r passando por P. Figura 1.42 – Reta r perpendicular ao plano α 1) Existência: sejam dois planos distintos π e π’, passando por r. Seja Q um ponto qualquer de r e considere duas retas s e t perpendiculares a r, passando por Q nos planos π e π’, respectivamente. Pelo teorema1.9, existe um plano β perpendicular a r, que contém as duas retas s e t concorrentes em Q, perpendiculares a r. Utilizamos o teorema 1.7 para traçar um plano α paralelo a β, passando por P e perpendicular a r (proposição 1.2). 2) Unicidade: suponha outro plano α’ perpendicular a r, passando por P. Pela proposição 1.4, α e α’ são paralelos, o que é absurdo, pois existe um ponto P, pertencente a ambos, logo, α é único. 54 Book 1.indb 54 11/07/15 17:36 Geometria II Teorema 1.11: dado um ponto P qualquer, pode-se traçar uma única reta r perpendicular a um plano α, tal que r contém P. Demonstração: Hipótese: dado um plano α e um ponto P fora do plano. Tese: existe uma única reta r perpendicular a α que contém P. P r’ r t Q s Figura 1.43 – Reta r que contém P, perpendicular ao plano α 1) Existência: considere um plano α, duas retas distintas t e s concorrentes em Q. Pelo teorema 1.10, podemos traçar dois planos distintos π e π’ perpendiculares a r e a s, passando por Q. Seja r’ a reta de intersecção dos planos π e π’. Por definição, temos que r´ é perpendicular a s e a t. Logo, pelo teorema 1.9, r’ é perpendicular a α. Consideremos agora uma reta r paralela à r’, passando por P. Pela proposição 3.3, temos que r é perpendicular a α. 2) Unicidade: suponha outra reta perpendicular a α passando por P, essa reta seria paralela a r’. Pelo teorema 1.8, r é a única reta paralela a r’ passando por P. Unidade 1 Book 1.indb 55 55 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Perpendicularismo entre planos Além de estudarmos as características de planos perpendiculares, nosso objetivo agora é também garantir a existência de dois planos perpendiculares, e quais as condições necessárias para essa existência. Dados dois planos secantes α e β , e duas retas r e s concorrentes contidas em α e β respectivamente, se o ângulo entre r e s é igual a 90º, dizemos que α e β são perpendiculares. Teorema 1.12: dois planos α e β são perpendiculares se, e somente se, um deles contém uma reta perpendicular ao outro. Demonstração: dados dois planos α e β. 1) Hipótese: α é perpendicular a β. Tese: existe uma reta s ⊂ β, tal que s é perpendicular a α. Sejam dois planos α e β perpendiculares entre si, então, existe uma reta s ⊂ β que é perpendicular às retas r ⊂ α e t ⊂ є α . Nesse caso, s é uma reta de β, perpendicular à α, pelo teorema 1.9. 2) Hipótese: existe s ⊂ β, tal que s é perpendicular a α. Tese: α é perpendicular a β. Acompanhe pela Figura 1.44, ainda supondo que s ⊂ β e s ⊥ α, que tomamos a reta r como intersecção dos planos α e β . Pela definição de reta perpendicular a um plano, temos que r é perpendicular a s. 56 Book 1.indb 56 11/07/15 17:36 Geometria II Figura 1.44 – Planos α ⊥ β Como r está em α e β , s e r são perpendiculares entre si. Pelo ponto de intersecção de s e r, traçamos uma reta t contida em α e perpendicular a r. Seja π um plano formado por s e t, sendo que ≠ é perpendicular a r, pelo teorema 1.9, pois contém duas retas concorrentes perpendiculares a r. Assim, π ∩ α = t e π ∩ β = s, mas s e t são perpendiculares entre si. Logo, pela definição de planos perpendiculares, segue que α é perpendicular a β. Podemos analisar esse resultado observando as paredes de uma sala. Veja que a parede 3 é perpendicular ao chão, b (encontro entre as paredes 2 e 3) e c (encontro entre as paredes 3 e 4) estão na parede 3 e formam, com o chão, 90º. Figura 1.45 – Paredes perpendiculares Unidade 1 Book 1.indb 57 57 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Teorema 1.13: se um plano α é perpendicular a um plano β e uma reta r ⊂ α perpendicular a uma reta s ⊂ α ∩ β, então, r é perpendicular a β. Demonstração: Hipótese: α e β são dois planos tais que β ⊥ α, com r ⊂ α e s ⊂ β perpendiculares. Tese: r ⊥ β. Suponha, como na Figura 1.43, que a intersecção entre os planos α e β seja a reta s. Se r é uma reta que pertencente a α perpendicular a s. Tracemos pelo ponto de intersecção entre r e s uma reta t perpendicular à s e contida no plano β. Por hipótese α ⊥ β, e por definição r ⊥ t . Logo, r é perpendicular a um par de retas concorrentes s e t do plano β. Portanto, pelo teorema 1.9, r é perpendicular ao plano β. Figura 1.46 – Reta α perpendicular ao plano β Você sabe como chamamos dois planos secantes que não são perpendiculares? Chamamos de planos oblíquos. Exemplos: 58 Book 1.indb 58 11/07/15 17:36 Geometria II 1) Prove que, se um plano α contém um reta r, perpendicular a um plano β, então, β contém uma reta perpendicular a α. Solução: Como e r é perpendicular a β, então, α e β são perpendiculares pelo teorema 1.12. Chame de t a reta intersecção de α e β. Seja s uma reta contida em β e perpendicular à t, como , segue que s é perpendicular a α. Curiosidades Os axiomas da geometria espacial estabelecem as condições para determinação de planos: 1-três pontos distintos não colineares; 2-uma reta e um ponto não pertencente à reta; 3-duas retas paralelas; 4-duas retas concorrentes. Assim, uma reta isoladamente não determina qualquer plano. Por uma reta “passam” infinitos planos, mas nenhum deles tem sua posição determinada, fixada por algum outro elemento ou objeto. Figura 1.47 – Representação de planos Na Figura 1.47 representamos diversos planos que contêm uma mesma reta, mas nenhum deles tem sua posição definida. Para tal, é sempre necessário termos mais uma reta, concorrente ou paralela àquela dada ou a um ponto fora dela. Unidade 1 Book 1.indb 59 59 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Seção 4 - Distâncias e ângulos Esta seção apresenta algumas consequências do estudo realizado até o momento. A noção de projeção é nova, mas distâncias e ângulos já foram estudados na geometria plana. Agora serão expandidas para o espaço. Projeções Chama-se projeção ortogonal de um ponto P sobre um plano α o traço O da perpendicular ao plano por P. Figura 1.48 – Projeção do ponto P sobre o plano α Chama-se projeção ortogonal de uma figura F sobre um plano α o conjunto F’ das projeções ortogonais dos pontos dessa figura sobre o plano. 60 Book 1.indb 60 Figura 1.49 – Projeção da figura F sobre o plano α 11/07/15 17:36 Geometria II Chama-se projeção de uma reta r sobre um plano α o conjunto das projeções ortogonais dos pontos dessa reta sobre o plano. Figura 1.50 – Projeções de retas sobre um plano α Distâncias Na geometria plana calculamos a distância entre dois pontos de uma reta. Será que é possível calcular a distância entre dois pontos no espaço? Chama-se distância entre dois pontos P e Q, a medida do segmento de reta PQ . Notação dP,Q. Figura 1.51 – Distância entre pontos P e Q Na figura 1.47, dP,Q.= PQ (medida do segmento PQ). Observe que se P = Q, a distância entre P e Q é nula. Unidade 1 Book 1.indb 61 61 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Chama-se distância entre um ponto P e uma reta r a distância entre esse ponto e o “pé da perpendicular” à reta conduzida pelo ponto Q. dP,Q.= PQ. Observe que se dP,Q.= 0, então P є r. Chama-se distância entre duas retas r e s paralelas a distância entre um ponto P qualquer de uma delas e o ponto de intersecção da reta perpendicular PQ a essa reta, passando por esse ponto Q. Notação dr,s. Figura 1.52 – Distância entre retas r e s Observe que, se dr,s.= 0, as retas r e s são coincidentes. Chama-se distância entre um ponto P e um plano α a medida do segmento de reta PQ , sendo Q a projeção ortogonal de P sobre α. Notação dP,α. Figura 1.53 – Distância entre ponto e plano 62 Book 1.indb 62 11/07/15 17:36 Geometria II Observe que, se dP,α.= 0, então, o ponto P pertence ao plano α . Chama-se distância entre uma reta r e um plano α paralelo a r, a distância entre um ponto P qualquer da reta e o plano α. Notação dr,α Figura 1.54 – Distância entre reta e plano Observe que, se dr,α. = 0, então, a reta r está contida no plano α. Chama-se distância entre planos α e β paralelos, a distância entre um ponto P qualquer de um deles e o outro plano. Notação dβ,α. Figura 1.55 – Distância entre retas reversas Observe que, se dβ,α.= 0 , então, os planos α e β são coincidentes. Unidade 1 Book 1.indb 63 63 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Chama-se distância entre duas retas reversas, a distância entre um ponto qualquer de uma delas e o plano que passa pela outra e é paralelo à primeira. Notação dr,s. Figura 1.56 – Distância entre retas reversas Proposição 1.5: se duas retas r e s são reversas, então, existe uma única perpendicular comum a essas retas. Como utilizamos uma sala para observar algumas consequências da geometria espacial, vamos pensar no telhado da sala para analisar a proposição 1.5. Figura 1.57 – Esboço de uma sala e seu telhado Observando a Figura 1.57, podemos entender que, para calcular a distância entre dois pontos determinados no telhado, precisamos saber a posição desses pontos. Analogamente, se estivermos interessados em calcular a altura de algum ponto em relação ao chão, temos que saber a localização do ponto. 64 Book 1.indb 64 11/07/15 17:36 Geometria II Exemplo: Dados dois pontos distintos A e B e uma reta r, construa um plano equidistante de A e B e que seja paralelo a r. Solução: Tome o ponto médio, denotado por M, do segmento AB . Agora passe por M, uma reta s, paralela a r. Como r e s são paralelas e distintas, elas determinam um plano α que, consequentemente, passa por M. Logo, o plano α divide o segmento AB em dois segmentos iguais. Ângulos Na geometria plana, você estudou ângulo entre retas. Com essa nova noção de espaço, surge a necessidade de definir ângulo entre reta e plano e ângulo entre planos. Dados dois planos α e β secantes, chama-se ângulo entre α e β o ângulo θ formado pelas retas r e s contidas nos planos α e β, respectivamente. As retas r e s devem ser perpendiculares à reta comum aos planos α e β (a reta que é a intersecção desses planos). Figura 1.58 – Ângulo θ entre os planos α e β A ideia de ângulo entre dois planos também pode ser vista no esboço do telhado de uma casa ou sala. Unidade 1 Book 1.indb 65 65 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Se θ é o ângulo entre dois planos, então, admite-se que 0 ≤ θ ≤ 90º. Ou seja, quando calculamos um ângulo, seja entre planos ou entre reta e plano, esse ângulo é o menor entre eles. Se os dois planos α e β são coincidentes ou paralelos, qual o ângulo entre eles? Veja a atividade de autoavaliação 19. Chama-se ângulo entre uma reta r e um plano α o menor ângulo formado por r e uma reta qualquer do plano α. Na Figura 1.59, o ângulo entre as retas r e s é o ângulo θ. Sendo P o ponto de intersecção entre as retas dadas. Figura 1.55: Ângulo θ entre o plano α e a reta r Qual o ângulo formado entre um plano α e uma reta r contida em α? Realize a atividade de autoavaliação 20. 66 Book 1.indb 66 11/07/15 17:36 Geometria II Em sala de aula Uma alternativa didática interessante para trabalhar conceitos geométricos se dá por meio da visualização e manipulação de representações dos objetos matemáticos com os quais lidamos. Na identificação das relações de paralelismo e perpendicularismo de retas e planos, sugerimos a construção da maquete, essencialmente contendo paredes paralelas e perpendiculares, paredes não paralelas e telhado inclinado. Atividade: Construção de uma maquete Objetivo: Visualizar e manipular representações de planos e retas. Material: Recortes de madeira MDF ou aglomerado de madeira e cola Procedimentos: Utilizando um recorte como base, desenhar sobre ela a planta baixa, obedecendo à proporcionalidade e a escalas pré-definidas. Colocar e colar os recortes que representam as paredes e cobertura. A cobertura deve ser preferencialmente removível, permitindo visualização interna. Figura 1.60 – Construção de uma maquete Unidade 1 Book 1.indb 67 67 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Síntese Você estudou nesta unidade um apanhado de propriedades e definições que dão a base para construir a geometria espacial. Estudou também as posições relativas existentes entre pontos, retas e planos no espaço, e percebeu que as noções espaciais não são tão simples como as noções da geometria plana. Um desenho sempre auxilia nossa visualização. Tente, sempre que possível, quando se deparar com uma propriedade da geometria espacial, fazer um pequeno esboço do que está sendo exposto. Você verá que, com uma visualização, as coisas ficam mais fáceis. Até o momento, você deu uma pequena caminhada, árdua, mas importante. Os sólidos, que são objetos de estudo da geometria espacial, precisam das ideias vistas nesta unidade para serem construídos. A partir de agora, você já está apto para iniciar o estudo de alguns sólidos e verá o estudo dos poliedros com um novo personagem: Platão. Antes de continuar, tire todas as suas dúvidas com o seu professor, assim, garantirá um bom trabalho! Atividades de autoavaliação 1) Usando os axiomas estudados, mostre que em um plano existem infinitas retas. 2) Quantos planos determinamos por quatro pontos distintos, dois a dois? 3) Sejam 4 pontos dois a dois distintos. Quantas retas podemos determinar por pares de pontos se esses pontos não são coplanares? 68 Book 1.indb 68 11/07/15 17:36 Geometria II 4) Responda usando verdadeiro (V) ou falso (F). Lembre uma afirmação é verdadeira se ela sempre se verifica. a) ( ) Duas retas distintas determinam infinitos planos. b) ( ) Três pontos distintos determinam um único plano. c) ( ) Três retas distintas, duas a duas concorrentes, determinam um único plano. d) ( ) Por duas retas concorrentes, passam infinitos planos. e) ( ) Três retas distintas, duas a duas paralelas, determinam três planos distintos. f) ( ) Por uma reta e um ponto determinamos um único plano. g) ( ) Por dois pontos passam infinitos planos. h) ( ) Os vértices de um triângulo determinam um único plano. 5) Discuta a afirmação: “Se toda mesa tivesse apenas três pernas, ela não balançaria”. Use os axiomas para firmar suas ideias. 6) Responda as seguintes perguntas: a) O que nos dá a ideia de espaço? b) No espaço existem quantas retas? c) Quantas retas estão contidas em um plano? d) Quando três pontos distintos determinam um único plano? 7) Dê uma justificativa para as seguintes afirmações. a) Por três pontos de uma circunferência determinamos um plano. b) Num triângulo ABC, o lado BC e o ponto B, determinam infinitos planos. c) Dois diâmetros de uma circunferência definem um plano. Unidade 1 Book 1.indb 69 69 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina 8) Sejam as afirmações abaixo: I – Dois planos que só contêm uma reta em comum são coincidentes; II – Se duas retas são paralelas a um plano, então essas retas são paralelas entre si; III – Duas retas concorrentes são coplanares; IV – A condição reversas. é necessária para que duas retas sejam Assinale a alternativa correta: ( ) I e III são verdadeiras; ( ) As afirmações II e III são falsas; ( ) As afirmações III e IV são verdadeiras; ( ) Todas as afirmações são falsas. 9) Com relação a retas, classifique as afirmações abaixo como verdadeiras (V) ou falsas (F): a) ( ) Duas retas sempre são reversas; b) ( ) Duas retas distintas determinam um plano; c) ( ) A condição reversas; é necessária para que duas retas sejam d) ( ) Se r é paralela a s, então e) ( ) Duas retas concorrentes têm um único ponto em comum; f) ( ) A condição paralelas; ; é suficiente para que duas retas sejam g) ( ) Duas retas coplanares são paralelas; h) ( ) Duas retas que não são coplanares são reversas; i) ( ) Duas retas coplanares ou são paralelas ou são distintas; j) ( ) Se , então r e s são paralelas. 70 Book 1.indb 70 11/07/15 17:36 Geometria II 10) Sejam dois pontos A e B de um plano α, se A e B pertencem a uma reta r e dois pontos C e D pertencentes a outra reta s, em que r e s são concorrentes. Considere um ponto P fora de α. Determine a intersecção entre os planos β = ( A , B, P) e π = ( C, D, P). 11) Complete usando verdadeiro (V) ou falso (F): a) ( ) Dois planos secantes têm sempre um ponto em comum; b) ( ) Se dois planos têm intersecção vazia, então, eles são paralelos; c) ( ) A intersecção entre dois planos é uma reta que pertence aos dois planos; d) ( ) Semiespaço é o conjunto de todos os pontos que estão de um mesmo lado de um segmento de reta. 12) Com argumentos geométricos, construa um plano paralelo a uma reta dada. 13) Sejam α e β dois planos secantes e seja P um ponto não pertencente aos planos. Construa por P uma reta paralela aos dois planos secantes. Use argumentos geométricos. 14) Classifique usando verdadeiro(V) ou falso (F): a) ( ) Por um ponto fora de um plano, existe uma única reta paralela a este plano; b) ( ) Se uma reta é paralela a um plano, então, ela é paralela a infinitas retas do plano; c) ( ) Se dois planos distintos são paralelos, então uma reta de um plano e uma reta de outro plano podem ser concorrentes; d) ( ) Se um plano contém duas retas paralelas a um outro plano , então, esses planos são paralelos; e) ( ) Por um ponto fora de uma reta passa um único plano paralelo à reta; f) ( ) Se uma reta e um plano são concorrentes, então, eles têm um único ponto em comum; Unidade 1 Book 1.indb 71 71 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina g) ( ) Se uma reta é paralela a um plano, então ela é paralela a qualquer reta do plano; h) ( ) Se dois planos são paralelos, então, toda reta que tem um ponto em comum com um deles tem um ponto em comum com o outro; i) ( ) Dois planos distintos paralelos não têm ponto em comum; j) ( ) Se dois planos distintos são paralelos, então, toda reta de um deles é paralela a qualquer reta do outro. 15) Mostre com argumentos geométricos que se dois planos distintos são paralelos, então, qualquer reta de um deles é paralela ao outro plano. 16) Considere dois planos paralelos α e β, e uma reta r. Mostre que se r for paralela a um deles, ou é paralela ao outro ou está contida no outro. 17) Complete usando verdadeiro (V) ou falso (F): a) ( ) Uma reta e um plano concorrentes são, necessariamente, perpendiculares; b) ( ) Se uma reta é paralela a dois planos perpendiculares, então, a reta é perpendicular aos planos; c) ( ) Dois planos perpendiculares são secantes; d) ( ) Se dois planos são perpendiculares a um terceiro plano, então, esses planos são perpendiculares; e) ( ) Se uma reta é perpendicular a duas retas distintas de um plano, então, essa reta é perpendicular ao plano; f) ( ) Se um reta forma ângulo reto com duas retas do plano, distintas e que têm um ponto em comum, então, ela é perpendicular ao plano; g) ( ) Uma reta e um plano, perpendiculares a outra reta em pontos distintos, são paralelos; i) ( ) Dados uma reta e um plano paralelos. Se um plano é paralelo ao plano dado, então, a reta é paralela a este plano, ou está contido nele; 72 Book 1.indb 72 11/07/15 17:36 Geometria II j) ( ) Dados uma reta e um plano paralelos. Se um plano é perpendicular ao plano dado, então, ele é perpendicular à reta; k) ( ) Dois planos perpendiculares a um terceiro, então, eles podem ser paralelos entre si; 18) Se os dois planos α e β são coincidentes ou paralelos, qual o ângulo entre eles? 19) Qual o ângulo formado entre um plano α e uma reta r contida em α ? 20) Responda utilizando verdadeiro (V) ou falso (F): a) ( ) A projeção ortogonal de uma reta num plano é um reta; b) ( ) A distância entre duas retas reversas é perpendicular comum a essas retas; c) ( ) A distância entre dois planos só é definida se esses planos são paralelos; d) ( ) A projeção ortogonal de um segmento oblíquo sobre um plano, tem o mesmo tamanho do segmento; (e) ( ) A distância entre dois planos paralelos é a distância entre um ponto qualquer de plano um ao outro plano. Unidade 1 Book 1.indb 73 73 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Saiba mais Se você gostou do estudo axiomático da geometria espacial, indicamos um livro interessante, especialmente desenvolvido para professores que irão trabalhar esta disciplina no ensino médio: LIMA, E. L; CARVALHO, P. C. P; WAGNER, E; MORGADO, A.C. A matemática do ensino médio. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, 1998. 2. V. 74 Book 1.indb 74 11/07/15 17:36 UNIDADE 2 Poliedros Objetivos de aprendizagem Conhecer diedros e triedros. Identificar poliedros, poliedros convexos e poliedros regulares. Analisar as propriedades e características dos poliedros regulares e dos poliedros de Platão. 2 Seções de estudo Book 1.indb 75 Seção 1 Diedros Seção 2 Triedros Seção 3 Poliedros 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Euclides: Olá, George, como vai? George: Oi Euclides, tudo em ordem e super curioso para este capítulo. Até que enfim conhecerei e estudarei os poliedros. Euclides: Que bom que você está empolgado! Realmente o estudo dos poliedros é fascinante. E como você deve saber, são figuras geométricas que fazem parte da vida do homem desde sua existência. George: Como assim? Euclides: Se você parar para pensar, o homem vem utilizando a geometria no seu dia a dia para resolver problemas e facilitar sua vida. Entre tantas descobertas, pense na construção da roda, nas cabanas dos índios e, mais adiante, nas pirâmides; George: É mesmo, você tem razão. Mas, diga-me, Euclides, quem vai me acompanhar nesta unidade? Sei que você sempre tem uma boa surpresa. Euclides: Garoto esperto! Você conhecerá Platão, um filósofo grego que viveu por volta de 400 a.C. Foi um grande estudioso da matemática. Fundou em 387 a.C. uma escola de filosofia chamada Academia, a qual 76 Book 1.indb 76 11/07/15 17:36 Geometria II tinha como principal propósito recuperar e desenvolver ideias de seu mestre Sócrates. George: Ele conheceu Sócrates? Euclides: Não, apenas conheceu como foi seu seguidor e discípulo. Inclusive, entre suas obras mais importantes está “Apologia a Sócrates”, na qual valoriza os pensamentos do seu mestre. Platão tinha um pensamento avançado para sua época. Ele acreditava que as pessoas aprendiam resolvendo problemas impostos pela vida. Além de acreditar que a educação da mulher deveria ser a mesma aplicada aos homens. Grande avanço para sua época, não? George: É, realmente. E na geometria, qual a sua contribuição? Euclides: Na geometria estudou os poliedros e desenvolveu a ideia de que o mundo está relacionado a essas figuras espaciais. George: Como? Euclides: Passou a explicar a existência do mundo por meio de cinco sólidos perfeitos, da seguinte forma: Platão associa a terra à imagem de um cubo, por ser o elemento de maior mobilidade, o único com faces quadradas capaz de garantir estabilidade. Ao fogo, ele atribuiu o tetraedro, que é o poliedro mais “pontudo”, com arestas mais cortantes, com menor número de faces e de maior mobilidade. A água, ao icosaedro, o ar ao octaedro, por serem de mobilidade crescente e intermediária entre a terra e o fogo. E o Universo ficou associado ao Dodecaedro, o qual, segundo ele, seria a “alma” do mundo. George: Que viagem! Mas como você sabe tudo isso? Euclides: Está publicado na minha obra “Elementos”. Ah, para saber mais, você terá que estudar bastante. Vá em frente! George: Já tinha esquecido de que, na melhor parte, você cai fora para eu estudar. Beleza. Figura 2.1 – Poliedros Regulares e Associações de Platão Antes de estudarmos os poliedros, precisamos de algumas ferramentas necessárias, que são os diedros e triedros. Unidade 2 Book 1.indb 77 77 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Seção 1 – Diedros Os diedros vêm sendo estudados e aplicados em diversas áreas. Existe um sistema de projeção de figuras no espaço, desenvolvido por Gaspard Monge, chamado de sistema de Projeções Mongeanas ou Sistema Mongeano de Projeção, o qual estuda as projeções de um determinado sólido, e diedros, para assim determinar a forma e a posição do objeto no espaço. Veja uma ideia na Figura 2.2: Figura 2.2 – Observação de um objeto no espaço por meio de projeções em diedros. Sistema Mongeano Mas, afinal, o que é um diedro? Pense num plano α e numa reta r contida em α. Como a reta e o plano são infinitos, essa reta divide o plano α em duas partes. Dizemos que r faz uma partição do plano, dividindo-o em dois semiplanos. 78 Book 1.indb 78 11/07/15 17:36 Geometria II Figura 2.3 – Semiplanos de α definidos por r Na Figura 2.3, se tomarmos os pontos A, B e C distintos entre si, que não pertencem a r, podemos dizer que A e C estão no mesmo semiplano e B está num semiplano distinto daquele que contém A e C. Nesse caso, chamamos o semiplano que contém A e C de αr,A ou αr,C e o semiplano que contém B de αr,B. Na geometria plana, você estudou a definição do conceito de ângulo entre duas retas como a região compreendida entre duas semirretas de mesma origem. Agora, suponha que em vez de retas, tenhamos dois semiplanos com a mesma reta origem, como podemos definir ângulo entre esses semiplanos ? Chama-se diedro ou ângulo diedral a figura formada por dois semiplanos distintos de origem comum. A essa origem dá-se o nome de aresta do diedro, e aos semiplanos faces do diedro. Notação di (face, aresta, face) ou di (aresta). Figura 2.4 – Diedro di( α, r, β )ou di ( r ) Na Figura 2.4, os semiplanos α e β são as faces do diedro, a reta r é a aresta do diedro. Assim, chamamos o diedro de di (α, r, β) ou di(r). Unidade 2 Book 1.indb 79 79 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Como se comportam os diedros cujas faces são coincidentes? E quando pertencem ao mesmo plano e têm apenas a aresta comum aos dois? Veja a Figura 2.5. Figura 2.5 – Diedro nulo ( I ) e Diedro raso ( II ) Existem outras notações para diedro. Você pode encontrar em alguns livros o di (α, r, β) como também ou . Conceitos Um diedro divide o espaço em dois semiespaços abertos, que chamaremos aqui de interior do diedro e exterior do diedro. Figura 2.6 – Interior e exterior do diedro 80 Book 1.indb 80 11/07/15 17:36 Geometria II Observe que, dadas duas retas contidas nos respectivos semiplanos, se o ângulo entre essas retas é agudo, então, os pontos interiores a esse ângulo estão no interior do diedro; se o ângulo for obtuso, os pontos dessa região estão no exterior do diedro. Na Figura 2.6, o ponto A está no interior do diedro e o ponto B está no exterior. Chama-se seção de um diedro a intersecção do diedro com um plano secante à aresta. ˆ . Notação: CAB Figura 2.7 – Seção do Diedro Na Figura 2.7, o plano secante α intercepta a aresta r no ponto ˆ no A, neste caso, a seção do diedro di ( β, r, π ) é o ângulo CAB plano secante α. Chamamos de seção normal ou reta a seção cujo plano secante é perpendicular à aresta. Unidade 2 Book 1.indb 81 81 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Figura 2.8 – Seção normal Na Figura 2.8, r ⊥ α, então, a seção é dita normal ou reta. Os diedros satisfazem algumas propriedades que auxiliam no entendimento de diedros congruentes. Observe que elas mostram duas condições de seções congruentes. Dolce e Pompeo (1994) também chamam o diedro de ângulo diedro ou ângulo diêdrico e destacam que “[...] um diedro é agudo, se e somente se, sua seção normal é um ângulo agudo; [que] um diedro é obtuso, se e somente se, sua seção normal é um ângulo agudo; [e ainda que] dois diedros são adjacentes, se e somente se, as seções normais são ângulos adjacentes.” ˆ e C ' A ˆ' D ' paralelas, de um Propriedade 1: duas seções CAD ˆ // C ' A ˆ' D ' diedro di (α, r, β ), são congruentes. Ou seja, se CAD ˆ ˆ então, CAD ≡ C ' A ' D ' . Veja a Figura 2.9. Figura 2.9 – Seções paralelas 82 Book 1.indb 82 11/07/15 17:36 Geometria II ˆ e C ' A ˆ' D ' normais, de um Propriedade 2: duas seções CAD ˆ e C ' A ˆ' D ' diedro di (α, r, β ), são congruentes. Ou seja, se CAD ˆ ≡ C ' A ˆ' D ' . são normais, então, CAD Figura 2.10 – Seções normais congruentes Dois diedros di (α, r, β ) e di (α, s, β ) são congruentes quando uma seção normal de um é congruente a uma seção normal do outro. Notação di (α, r, β ) ≡ di (α, s, β ). Figura 2.11 – Diedros di (α, r, β) e di (α´, r’, β´) congruentes Observe na Figura 2.11 que as seções π e π’ são seções normais aos diedros di(α, r, β) e di (α’, r’, β’), respectivamente. E que os ˆ e C ' Aˆ ' B ' são congruentes. ângulos CAB Unidade 2 Book 1.indb 83 83 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Conclusões Podemos chegar a algumas conclusões partindo do fato de que suas seções normais são ângulos. Um diedro é reto se sua secção normal é um ângulo reto. Um diedro é agudo, se e somente se, sua secção normal é um ângulo agudo. Um diedro é obtuso, se e somente se, sua secção normal é um ângulo obtuso. Dois diedros são adjacentes, se e somente se, as secções normais são ângulos adjacentes. Dois diedros são opostos pelos vértices, se e somente se, suas secções normais são ângulos opostos pelos vértices. Dois diedros são congruentes, se e somente se, se suas secções normais são congruentes. Um semiplano bissetor de um diedro é um semiplano que possui origem na aresta do diedro e o divide em dois diedros adjacentes e congruentes. Em outras palavras, o semiplano bissetor divide o diedro exatamente no meio. Desafio 1 As projeções ortogonais de figuras geométricas planas podem apresentar diferentes características, dependendo das posições em que essas figuras se encontram em relação ao plano de projeção. Como podem ser as projeções ortogonais de um triângulo sobre um plano? Pense a respeito e analise a projeção ortogonal de um triângulo sobre um plano nas seguintes situações: a) quando está situado num plano paralelo ao plano de projeção; b) quando está situado num plano oblíquo ao plano de projeção; c) quando está situado num plano perpendicular ao plano de projeção. Consulte resposta do desafio no final do livro didático. 84 Book 1.indb 84 11/07/15 17:36 Geometria II Seção 2 – Triedros Como estudamos a intersecção entre dois planos, podemos estudar a interseção entre três planos. Nesse caso, temos os triedos. Antes disso, pense como três planos podem estar relacionados entre si. Paralelos Figura 2.12 – Planos α, β e π paralelos Dois paralelos e o terceiro secante a eles Figura 2.13 – Planos α e β paralelos e π secante a eles Unidade 2 Book 1.indb 85 85 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Planos se interceptando dois a dois Figura 2.14 – Planos α, β e π com interceptação dois a dois Observe na Figura 2.14 que a intersecção entre os planos α e β é asemirreta VB , a intersecção entre os planos α e π é a semirreta VA , e a intersecção entre os planos π e β é a semirreta VC , todas com origem no ponto V. Dadas três semirretas não coplanares VA , VB e VC , de mesma origem V, passando pelos pontos A, B e C, respectivamente. Considere três semiespaços: E1, E2 e E3, obtidos a partir da intersecção entre dois a dois os planos que passam pelas semirretas. Chama-se triedro ou ângulo triedral, a intersecção desses semiespaços. Dessa forma, a intersecção dos três planos mostrados na Figura 2.14 é um triedro. Notação: V( A, B, C). 86 Book 1.indb 86 11/07/15 17:36 Geometria II Elementos de um Triedro Alguns elementos do triedro recebem nome especial. Acompanhe pela Figura 2.15. Vértice (V): é o ponto de intersecção das semirretas; Arestas: são as semirretas VA , VB e VC ; ˆ , chamadas, ˆ ; BVC ˆ e CVA Faces do triedro: são as regiões AVB respectivamente, de F(AB), F(BC) e F(AC). Figura 2.15 – Triedro V(A,B,C) Conclusões 1. Um triedro determina três diedros, cada um deles determinados por duas faces do triedro. Veja a Figura 2.16. Figura 2.16 – Diedros di (A), di (B) e di (C) Unidade 2 Book 1.indb 87 87 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina 2. Cada uma das faces de um triedro determina um ângulo. Um triedro cujas faces são ângulos retos e cujos diedros são diedros retos é chamado de triedro trirretângulo ou trirretangular, veja Figura 2.17. Figura 2.17 – Triedro trirretangular Teorema 2.1: em todo triedro, o ângulo de qualquer face possui medida menor que a soma das medidas dos ângulos das outras faces. Demonstração: Dado o triedro V(A,B,C), faces são F(AB), F(AC) e F(BC), de ˆ ) >, m( BVC ˆ ) e m( AVC ˆ ),>respectivamente, ˆ ) medidas m( AVC existem m( AVB algumas possibilidades: ˆ ) = m( AVC ˆ ) = m( BVC ˆ ). 1)Hipótese: m( AVB ˆ ) < m( AVC ˆ ) + m( BVC ˆ ). Tese: m( AVB Óbvio, seja , então . Logo, , portanto, ˆ ) < m( AVB ˆ ) + m( BVC ˆ ) . m( AVC (1) 88 Book 1.indb 88 11/07/15 17:36 Geometria II Figura 2.18 – Triedro ˆ ) = m( AVB ˆ ) > m( AVC ˆ ). 2) Hipótese: m( BVC ˆ ) < m( AVB ˆ ) + m( BVC ˆ ). Tese: m( AVC , então α > β. Óbvio, sejam e Logo , como α > β , então, 2α > β. ˆ ) < m( AVB ˆ ) + m( BVC ˆ ). Portanto, m( AVC 3) Hipótese: F(AC) é a maior face do triedro, ou seja, ˆ ) > m( BVC ˆ ) e m( AVC ˆ ) > m( AVB ˆ ) m( AVC ˆ ) < m( AVB ˆ ) + m( BVB ˆ ). Tese: m( AVC ˆ ≡ F(BC): Considere em F(AC) um ângulo AVC tomando B’ em VB e D’ em VD , tais que . Considerando uma seção A ' Bˆ ' C ' contendo o ponto D’, temos: a) , pois os triângulos A’VC’ e B’VC’ são congruentes (LAL); Unidade 2 Book 1.indb 89 89 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina b) O triângulo A’B’C’, com: , logo, considerando os triângulos D’VA’ e B’VA’, temos: ˆ ') < m( A 'VB ˆ ') ou ainda, m( DVA ˆ ) < m( AVB ˆ ) m( D 'VA (2) Utilizando (1) e (2), obtemos: ˆ ) > m( BVC ˆ ) e m( AVC ˆ ) > m( AVB ˆ ). Como, m( AVC ˆ ) < m( AVB ˆ ) + m( BVB ˆ ). Portanto, m( AVC Teorema 2.2: a soma das medidas, em graus, dos ângulos das faces de um triedro qualquer é menor que 360o. Demonstração: Dado o triedro V(A,B,C) cujas faces são F(AB), F(AC) e F(BC). Figura 2.19 – Faces do triedro ˆ ), m( AVC ˆ ) e m( BVC ˆ ). Hipótese: as medidas das faces são m( AVB ˆ ) + m( AVC ˆ ) + m( BVC ˆ ) < 360° . Tese: m( AVB 90 Book 1.indb 90 11/07/15 17:36 Geometria II Considere a semirreta VA ' oposta à semirreta, assim, temos um novo triedro V(A’,B,C). Pelo teorema 2.1, ˆ ) < m( BVA ˆ ') + m(CVA ˆ ') . m( BVC Como os pares de ângulos ˆ e BVA ˆ '; AVB ˆ e CVA ˆ '; AVC são adjacentes e suplementares, temos que: ˆ ) + m(CVA ˆ ') = 180° . ˆ ) + m( BVA ˆ ') = 180° e m( AVC m( AVB Portanto, ˆ ) + m( BVA ˆ ') + m( AVC ˆ ) + m(CVA ˆ ') = 360° m( AVB ˆ ) < m( BVA ˆ ') + m(CVA ˆ ') , então, Mas como m( BVC ˆ ) + m( AVC ˆ ) + m( BVC ˆ ) < m( AVB ˆ ) + m( AVC ˆ ) + m( BVA ˆ ) + m(CVA ˆ ) = 360° m( AVB Temos, então, duas condições importantes para as medidas das faces de um triedro: 1) A medida de cada face é menor que a soma das medidas das outras duas; 2) A soma das medidas (em graus) das faces de um triedro é menor que 360o. Exemplo: Verifique se existem triedros cujas faces medem: a) 70o , 100o e 90o Solução: 1) 70o < 100o + 90o= 190o ; 100o < 70o + 90o = 160o ; 90o < 70o + 100o = 170o ; 2) 70o + 100o +90o = 260o < 360o. Logo, temos um triedro com essas medidas. Unidade 2 Book 1.indb 91 91 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina b) 150o , 140o e 130o Solução: 1) 150o < 140o + 130o= 270o ; 140o < 150o + 130o = 280o; 130o < 150o + 140o = 290o ; 2) 150o + 140o +130o = 420o > 360o. Logo, não temos um triedro com essas medidas. Congruência de triedros Dois triedros V(A,B,C) e W(D,E, F) são congruentes, se existir uma correspondência biunívoca entre suas arestas, tal que: a) Os respectivos diedros são congruentes; b) As respectivas faces têm ângulos congruentes. Figura 2.20 – Triedros congruentes Observe na Figura 2.20 que , , , e concluímos que: , , então, . 92 Book 1.indb 92 11/07/15 17:36 Geometria II Desafio 2 Nas representações ortogonais de objetos utilizamos como referência um triedro reto, e quando suficiente são utilizadas as projeções denominadas vista frontal, vista lateral esquerda e vista superior. Figura 2.21 – Projeção ortográfica de modelos com elementos paralelos O desafio que lhe fazemos prevê realizar a leitura em ordem inversa. Dadas as projeções nas três vistas sugeridas, construa o sólido que lhe deu origem: Figura 2.22 – Projeção ortográfica Consulte resposta do desafio no final do livro didático. Unidade 2 Book 1.indb 93 93 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Seção 3 – Poliedros Platão: Como vai, caro rapaz? George: Olá! Vou bem, você... deve ser o Platão, certo? Platão: Sim, claro. E vim acompanhá-lo nessa nova descoberta: os Poliedros. George: Então me responda, o que é um poliedro? Platão: Bem, um poliedro é um conjunto de figuras planas que cercam uma parte do espaço tridimensional. Entendeu? George: Mais ou menos. Platão: Vou tentar ser mais claro, é um objeto com muitas faces. E então? George: Agora sim. Mas por que estudar os poliedros? Platão: Como nosso amigo Euclides já falou, o homem desde sempre vem utilizando figuras geométricas para resolver seus problemas. Principalmente relacionadas a áreas e volumes e até as artes. Os poliedros foram muitos estudados no Renascimento para a realização de perspectiva. Você pode vê-los nas obras de Paolo Uccello, Piero Della Francesca, Albrecht Durer, Leonardo da Vinci, Luca Pacioli e Leonardo Pisano (o Fibonacci). O grande físico Johannes Keppler utilizou os sólidos platônicos para descrever as distâncias entre as órbitas elípticas dos seis planetas conhecidos naquela época, e elaborar um modelo do sistema planetário. 94 Book 1.indb 94 11/07/15 17:36 Geometria II George: Realmente, muitas variações do mesmo tema. O homem vem mesmo se valendo da geometria ao longo dos anos. Platão: Mas, George, se você parar para pensar um pouquinho mais, verá que, na própria natureza, a geometria aparece e é otimizada. Figuras geométricas aparecem no favo de mel, em alguns cristais, nos vírus, que têm muitas vezes forma icosaédrica, ou simples organismos vivos como os radiolários. George: É, agora vou passar a pensar nisso. Platão: Então, preste atenção nos nomes e nas características de cada poliedro apresentado nessa seção. George: Falou. Na geometria plana, você viu as figuras planas mais importantes, entre elas os polígonos (triângulo, quadrado, retângulo, losango, paralelogramo, pentágono, hexágono etc.). No espaço, existem figuras geométricas correspondentes aos polígonos, que são os poliedros. Chama-se figura Poliédrica a reunião de um número finito de polígonos planos de tal forma que: a) A intersecção de dois polígonos ou é um vértice, ou é um dos lados do polígono ou é vazia; b) Dois polígonos, cuja intersecção é um vértice, não são coplanares; c) Os lados de cada polígono não pertencem a mais do que dois polígonos. Unidade 2 Book 1.indb 95 95 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Figura 2.23 – Figuras no espaço Exemplo: Na Figura 2.23, as figuras (III), (IV), (V), (VI), (VII), (VIII) e (IX) representam figuras poliédricas, mas (I) e (II) não representam figuras poliédricas, pois (I) não é uma reunião finita de polígonos e o (II) não satisfaz a condição c). Chama-se superfície poliédrica a figura poliédrica reunida com as regiões poligonais determinadas pelos polígonos. Se existir alguma aresta que pertence a uma só face, ela deve formar uma poligonal fechada, cujo nome é contorno. 96 Book 1.indb 96 11/07/15 17:36 Geometria II Formar uma poligonal fechada significa que, se começarmos a caminhar ao longo dessa aresta, chegamos ao ponto inicial. Exemplo: Na Figura 2.23, as figuras III, IV, V, VI, VII, VIII, IX são poliédricas. Observe que um poliedro pode ser constituído por polígonos diferentes, ou seja, pode misturar faces triangulares e quadrangulares. Chama-se poliedro convexo o sólido geométrico quando: a) Duas a duas das suas faces não são coplanares; b) Cada lado da face poligonal é comum a duas e somente duas faces poligonais; c) O plano que contém cada face poligonal divide o espaço de tal forma que todas as outras faces poligonais ficam num mesmo semiespaço. Exemplo: Na Figura 2.23, as figuras (I), (II), (III), (VI), (VII) e (VIII) não são poliedros convexos. Já os poliedros (IV) e (V) são os únicos que satisfazem as condições de poliedros convexos. Elementos de um poliedro: Faces: são os polígonos que formam o poliedro; Arestas: são os lados de cada polígono; Vértices: são os vértices dos polígonos; Ângulos: são os ângulos dos polígonos. Unidade 2 Book 1.indb 97 97 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Congruência Dois poliedros são ditos congruentes se for possível estabelecer uma correspondência entre seus elementos, de modo que as faces e os ângulos poliédricos de um sejam ordenadamente congruentes às faces e ângulos poliédricos do outro. A seguinte conclusão é uma das mais importantes sobre poliedros convexos. Platão e George se encontram para uma discussão: Plantão: E, então, meu jovem, como anda o estudo? George: Está tudo tranquilo. Tive que me dedicar um pouco mais à geometria espacial, mas estou conseguindo me virar. E agora, o que vem? Platão: Vem um teorema muito importante com um tipo de demonstração que você ainda não conhece: demonstração por indução. George: Realmente, nunca ouvi falar. Platão: Bom, desde o início da sua jornada pela geometria, você se deparou com muitas demonstrações, certo? George: Com certeza. Já demonstrei partindo da hipótese e chegando à tese. Também já demonstrei alguns teoremas por absurdo, ou seja, negando a tese, chegando deste modo a uma contradição, mas por indução, ainda não vi nada. 98 Book 1.indb 98 11/07/15 17:36 Geometria II Platão: Pois é. É apenas mais uma forma de demonstração. George: Isso, percebi que é, mas fiquei preocupado. Será que poderia me dar uma breve explicação? Platão: Certamente, meu jovem. George: Que bom, estou pronto. Platão: Bom. A indução foi enunciada pela primeira vez em 1575, por Francesco Maurolycus, e é usada quando os teoremas envolvem números inteiros. George: História da matemática sempre me fascina. Platão: Faço parte dela, inclusive. George: Você falou em números inteiros. Bom, realmente o próximo teorema se encaixa nessa ideia, pois relaciona vértices, arestas e faces, que são números inteiros e positivos. Bom, estou curioso. O que mais? Platão: Imagine que você quer provar que uma propriedade é válida a partir de um número inteiro n . Então, primeiramente, você verifica que ela é válida para este número inteiro n . Em seguida, suponha que a propriedade é válida para um n qualquer e prove que é válida para n + 1. Portanto, ela será válida para todo número n, a partir do n inicial. George: Que interessante! Não parece ser tão difícil. Basta praticar. Platão: Isto mesmo, você terá oportunidade de praticar em outras disciplinas da matemática. George: Agora que já tenho a ideia inicial, acredito que não vai ser difícil de entender a demonstração do próximo teorema. Teorema 2.2: (Fórmula de Euler): para todo poliedro convexo, ou para a sua superfície, vale a seguinte relação: V-A+F=2 Sendo: V é o número de vértices do poliedro; A é o número de arestas do poliedro; F é o número de faces do poliedro. Unidade 2 Book 1.indb 99 99 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Demonstração: Vamos utilizar o princípio da indução para provar essa propriedade. Hipótese: dado um poliedro convexo com V vértices, A arestas, e F faces. Tese: V- A + F = 2 1) Vamos provar inicialmente que se a superfície é poliédrica convexa aberta, então, vale a relação V-A+F=1 Por indução, essa propriedade é válida para uma superfície de uma face, ou seja, F = 1. Neste caso, a superfície se reduz a um polígono de n lados, portanto, possui n arestas (A= n ) e n vértices (V = n). Logo, V - A + F = n - n + 1 = 0 + 1 =1 Portanto, a propriedade é válida para F = 1. 2) Agora, admitimos que a relação vale para uma superfície de F faces (que possui V vértices e A arestas) e vamos provar que também vale para uma superfície de F + 1 faces (que possui F + 1 faces, V vértices e A arestas). Por hipótese, para a superfície de F faces, A arestas e V vértices vale: V–A+F=1 Acrescentando a essa superfície (que é aberta) uma face de p arestas (lados) e considerando que q dessas arestas (lados) coincidem com arestas já existentes, obtemos uma nova superfície com Fn faces, An arestas e Vn vértices tais que: Fn = F + 1 100 Book 1.indb 100 11/07/15 17:36 Geometria II An = A + p – q ( q arestas coincidiram) Vn = V + p – (q + 1) ( q arestas coincidindo, q + 1 vértices coincidem). Formando a expressão Vn – An + Fn e substituindo os valores acima, vem: Vn – An + Fn = V + p –( q + 1) – (A + p – q) + (F + 1) = V+p–q–1–A–p+q+F+1= V – A + F. Portanto, Vn – An + Fn = V – A +F, ou seja, provamos que essa expressão não se altera se acrescentamos (ou retiramos) uma face da superfície. Como, por hipótese, V – A + F = 1, vem que Vn – An + Fn = 1. O que prova a relação preliminar. Tomemos a superfície de qualquer poliedro convexo ou qualquer superfície poliédrica limitada convexa fechada (com V vértices, A arestas e F faces), e dela retiremos uma face. Ficamos, então, com uma superfície aberta (com Vn vértices, An arestas e Fn faces) para a qual vale a relação: Vn – An + Fn = 1 Como Vn = V, An = A e Fn = F – 1, vem V - A + (F – 1) = 1, ou seja: V-A+F=2 Unidade 2 Book 1.indb 101 101 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Os poliedros que satisfazem a fórmula de Euler são chamados de poliedros eulerianos. Mas atenção, todo poliedro convexo satisfaz a fórmula de Euler, mas nem todo poliedro que satisfaz a fórmula de Euler é convexo. Exemplos: 1) Veja a Figura 2.25 que tem 14 vértices, 21 arestas e 9 faces. Observe que a figura não é convexa, mas a relação de Euler é válida. Figura 2.25 – Poliedro não convexo euleuriano V = 14, A = 21 e F = 9 Pela fórmula de Euler: V-A+F=2 14 – 21 + 9 = 2 102 Book 1.indb 102 11/07/15 17:36 Geometria II 2) Na Figura 2.26 o poliedro tem 16 vértices, 32 arestas e 16 faces. Veja que a relação de Euler não é válida. Figura 2.26 – Poliedro não convexo V = 16, A = 32 e F = 16 Pela fórmula de Euler: V-A + F = 2 16 – 32 + 16 = 0 ≠ 2 Propriedade: a soma dos ângulos de todas as faces de um poliedro convexo é igual a: S = (V – 2). 4r Sendo: S é a soma dos ângulos das faces; V é o número de vértices; r é um ângulo de 90o. Unidade 2 Book 1.indb 103 103 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Demonstração: Hipótese: dado um poliedro convexo com V vértices, A arestas e F faces. Tese: (V - 2). 4r Suponha que cada face 1,2, ..., F do poliedro tenha n1, n2, n3,... nF, lados, respectivamente. Se a soma das medidas dos ângulos de cada face é (n - 2) 2r. Logo, cada uma das F faces tem a soma dos ângulos: S = (n1 – 2) 2r + (n2 - 2) 2r + (n3 – 2) 2r + ... + (nF – 2) 2r S = (n1 + n2 + n3 + ...+ nF) 2r + ( - 4r – 4r -... – 4r ) S = (n1 + n2 + n3 + ...+ nF) 2r - ( 4r+ 4r +... + 4r ) Como: 2A= n1 + n2 + n3 + ...+ nF (já que cada aresta foi contada duas vezes). 4r + 4r + ...+ 4r = F. 4r (já que 4r aparece F vezes na soma). Temos: S = 2A2r – F 4r = 4 Ar - 4 F r, portanto, S = (A – F) 4r, da relação de Euler V - 2 = A- F Assim, S = (V – 2) 4 r. Exemplos: 1) Um poliedro convexo tem 6 faces e 9 vértices. Calcule o número de arestas. 104 Book 1.indb 104 11/07/15 17:36 Geometria II Solução: Pela relação de Euler, temos: V-A+F=2 9-A+6=2 A = 13 O poliedro tem 13 arestas. 2) Um poliedro tem 4 faces triangulares e 3 faces hexagonais. Calcule o número de arestas e vértices do poliedro. Solução: Número de faces: 4 faces triangulares e 3 faces hexagonais, temos um total de 7 (F = 7). Número de arestas: 4 faces triangulares, tem-se 4 x 3 arestas, ou seja, 12 arestas; 3 faces hexagonais, tem-se 3 x 6 arestas, ou seja, 18 arestas. Mas, lembre-se, cada aresta é contada duas vezes, logo, o total de arestas é dada por: A= 12 + 18 30 = = 15 2 2 Número de vértices: Usando a relação de Euler: V-A+F=2 V - 15 + 7 = 2 V = 10 Unidade 2 Book 1.indb 105 105 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina 3) Um tetraedro regular tem 4 faces triangulares. Calcule a soma das medidas dos ângulos das faces. Solução: Temos F = 4 . O número de arestas é 4 x 3, ou seja, 12 arestas. Como as arestas são contadas duas vezes, temos um total de 6 arestas, isto é, A = 6 . Usando a relação de Euler, vem: V-A+F=2 V-6+4=2 V=4 Agora como: S = (V - 2). 4r S = (4 - 2). 4 . 90 S = 720 Assim, a soma das medidas dos ângulos das faces é 720°. 4) A soma das medidas dos ângulos das faces de um poliedro é 1440°. Sabendo que esse poliedro tem 12 arestas, determine o número de faces. Solução: Temos que S = (V - 2). 4r , portanto, 1440 = (V - 2). 360 V-2=4 V=6 Usando a relação de Euler: V - A + F = 2, temos: 6 - 12 + F = 2 F=8 Assim, o poliedro tem 8 faces. 106 Book 1.indb 106 11/07/15 17:36 Geometria II Poliedros de Platão Chama-se poliedro de Platão o poliedro que satisfaz as três seguintes condições: a) Todas as faces têm o mesmo número (n) de arestas; b) Todos os vértices do poliedro têm o mesmo número (m) de arestas; c) Satisfaz a relação de Euler (V –A + F = 2). São poliedros de Platão: Figura 2.27 – Poliedros de Platão Observe que os Poliedros a seguir não são de Platão. Figura 2.28 – Poliedros que não são de Platão Unidade 2 Book 1.indb 107 107 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Teorema 2.3: existem cinco, e somente cinco, tipos de poliedros de Platão. Demonstração: Sabemos que: 1) Um poliedro de Platão deve satisfazer a seguinte condição: V - A + F = 2. 2) Se F é uma face do poliedro, então, F tem n arestas, mas cada aresta está em duas faces, então: . 3) V é um vértice, V tem m arestas, e como cada aresta contém dois vértices, então: . Agrupando as conclusões obtidas em 1), 2) e 3): (1) Pelas definições de poliedro e polígono, respectivamente, m ≥ 3 e n ≥ 3. Nesse caso, podem ocorrer algumas situações: a) Se m > 3 e n > 3 simultaneamente, temos: Mas, por (1) , pois A > 0 (o número de arestas não pode ser negativo). 108 Book 1.indb 108 11/07/15 17:36 Geometria II Portanto, um poliedro de Platão deve ter um dos números m ou n igual a 3. Isso é se n = 3, teremos faces com triângulos. Se m = 3, teremos triedros. Vamos supor alguns casos: (I) Para m = 3 ⇒ , então 3 ≤ n < 6 Veja tabela: Tabela 2.1 – Faces do poliedro m n Faces 3 3 Triangulares 3 4 Quadrangulares 3 5 Pentagonais (II) Para n = 3⇒ Veja tabela: Tabela 2.2 – Medidas dos poliedros segundo os ângulos m n Ângulos 3 3 Triédricos 4 3 Tetraédricos 5 3 Pentaédricos Unidade 2 Book 1.indb 109 109 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Comparando as duas tabelas, chegamos a seguinte conclusão: Tabela 2.3 – Medidas dos poliedros m n 3 3 3 4 3 5 4 3 5 3 Existem apenas cinco tipos de poliedros de Platão, que serão determinados pelo número n de arestas de cada face e pelo número m de arestas de cada ângulo poliédrico. Você pode estar se perguntando, como encontrar os poliedros de Platão utilizando o resultado do teorema 2.3? Utilizando as conclusões: 2A = nF , 2A = mV e . Veja, se n = 3 e m = 3, temos: . 110 Book 1.indb 110 11/07/15 17:36 Geometria II Portanto, temos um poliedro com 4 vértices, 4 faces e 6 arestas, ou seja, um tetraedro. Da mesma forma, podemos analisar os demais casos obtendo, assim, a seguinte tabela: Tabela 2.4 – Outros poliedros M n A F V NOME 3 3 6 4 4 Tetraedro 3 4 12 6 8 Hexaedro 3 5 30 12 20 Dodecaedro 4 3 12 8 6 Octaedro 5 3 30 20 12 Icosaedro Poliedro regular Chama-se poliedro regular o poliedro convexo que satisfaz: a) Suas faces são polígonos regulares e congruentes entre si; b) Todos os ângulos poliédricos são congruentes. Exemplo: Na Figura 2.29, os poliedros (a), (d), (e), (f), e (h) são de Platão, os demais não. Pois: nem todos os vértices de (b) possuem o mesmo número de arestas; existem faces de (c) não congruentes as demais; Unidade 2 Book 1.indb 111 111 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina em (g) nem todos os vértices possuem o mesmo número de arestas e têm faces não congruentes a todas as demais. Figura 2.29 – Poliedros Teorema 2.4: poliedros regulares são cinco, e somente cinco. Demonstração: Para que um poliedro seja regular: 1) suas faces devem ser poligonais regulares e congruentes entre si, portanto, devem ter o mesmo número de arestas (n); 2) seus ângulos poliédricos são congruentes, isto é, todos têm o mesmo número de arestas (m). Para atender a essas condições, um poliedro regular tem de ser um poliedro de Platão e, como mostramos no teorema 2.3, só existem cinco poliedros de Platão, portanto, só existem cinco poliedros regulares. Figura 2.30 – Poliedros regulares 112 Book 1.indb 112 11/07/15 17:36 Geometria II Todo poliedro regular é poliedro de Platão, mas nem todo poliedro de Platão é poliedro regular. Exemplo: Pense numa caixa em que as arestas da base não têm a mesma medida. Esta caixa é um poliedro de Platão pois, todas as faces têm o mesmo número de arestas e todos os ângulos têm o mesmo número de arestas, ou seja, três. Mas a base desta caixa é um retângulo e, portanto, não é um poliedro regular. Assim, existem poliedros de Platão que não são regulares. Em sala de aula Atividade: Construção de modelos espaciais Objetivo: Visualizar, manipular e representar por meio de modelos os poliedros. Material: Modelos de poliedros em papel cartão. Procedimentos: 1 – Recortar os modelos de poliedros planificados, deixando as abas necessárias para colagens. 2 – Montar os modelos geométricos analisando o número de faces, vértices e arestas. Alguns modelos: Figura 2.30 – Tetraedro regular Figura 2.32 – Hexaedro regular continua Unidade 2 Book 1.indb 113 113 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina continuação Figura 2.33 – Octaedro regular Figura 2.33 – Icosaedro regular Figura 2.33 – Dodecaedro regular 114 Book 1.indb 114 11/07/15 17:36 Geometria II Síntese Nesta unidade, você teve contato com um assunto bem interessante e elegante: os poliedros. Fizemos a construção passo a passo de um diedro que tem a mesma noção de ângulo estudado na geometria plana, mas para planos, em seguida, apresentamos a noção de triedro para, então, estarmos aptos a estudar poliedros. Percebemos que os poliedros convexos são sólidos bem especiais, que devem satisfazer certas condições, e chegamos ao estudo de poliedros bem particulares, que são os de Platão, um tipo especial de poliedros convexos. Finalmente, chegamos ao mais especial dos poliedros - os poliedros regulares, que são cinco e, apenas cinco: tetraedro, hexaedro, octaedro, dodecaedro e icosaedro. Nos poliedros foram estudadas também duas propriedades importantes: uma é a relação de Euler, que nos dá uma maneira de relacionar os vértices, as arestas e as faces de um poliedro convexo e a outra é a relação que nos dá a soma dos ângulos das faces de um poliedro. Vamos estudar outros tipos especiais de poliedros, que são os prismas, as pirâmides e um estudo especial para o hexaedro, ou cubo, como é comumente chamado. Unidade 2 Book 1.indb 115 115 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Atividades de autoavaliação 1) Classifique a sentença como verdadeira (V) ou falsa (F): (a) ( ) Dois planos perpendiculares determinam 2 diedros retos; (b) ( ) Se um plano for perpendicular a uma das faces de um diedro, então ele pode ser perpendicular a outra face; (c) ( ) Duas seções congruentes de um mesmo diedro são paralelos; (d) ( ) Toda seção de um diedro reto é um ângulo reto; (e) ( ) Se um plano é perpendicular à aresta de um diedro, então, ele, necessariamente, é perpendicular às faces do diedro. 2) Um diedro mede 60º. Um ponto A do plano bissetor dista 5 cm da aresta do diedro. Calcule a distância de A às faces do diedro. 3) Verifique se existem triedros cujas faces medem: (a) 1°, 2° e 3° (b) 45°, 55° e 90° 4) Num poliedro convexo, o número de arestas é 15 e o número de faces é 10. Determine o número de vértices. 5) Um poliedro convexo possui 6 faces triangulares e duas hexagonais. Calcule o número de vértices deste poliedro. 6) Um poliedro convexo tem 8 faces e 12 vértices. Calcule o número de arestas. 116 Book 1.indb 116 11/07/15 17:36 Geometria II 7) Curiosidade: Um icosaedro regular tem 20 faces e 12 vértices, dos quais retiram-se 12 pirâmides congruentes. O que resta é um tipo de poliedro usado na fabricação de bolas. Veja a figura: Vamos à pergunta: A bola possui 32 gomos, sendo 12 gomos pentagonais e 20 hexagonais. Um costureiro gasta 7cm de linha para unir duas faces. Depois de pronta a bola, o artesão gastou, no mínimo, um comprimento de linha de quantos centímetros? 8) Dado o poliedro regular da figura abaixo, some as respostas certas. 01- É um tetraedro regular. 02- É um octaedro regular. 04- Todas as arestas são iguais. 08- Obedece à relação de Euler. 16- Suas faces são triângulos equiláteros. 32- Tem 12 arestas. Total de pontos: 9) Os cristais de rochas geralmente obedecem a relação de Euler. Sabendo que em uma expedição geológica uma equipe encontrou um cristal com 30 faces pentagonais, calcule o número de vértices deste cristal. 10) Determine o número de vértices de um poliedro convexo que tem 3 faces triangulares, 1 face quadrangular, 1 pentagonal e 2 hexagonais. 11) Um poliedro regular tem 20 vértices e em cada um concorrem 3 arestas. Determine que poliedro é esse. Unidade 2 Book 1.indb 117 117 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina 12) Calcule o número de faces triangulares e o número de faces quadrangulares de um poliedro com 20 arestas e 10 vértices. 13) Calcule a soma dos ângulos das faces dos seguintes poliedros regulares: (a) Hexaedro (b) Icosaedro 14) Classifique as seguintes afirmações com verdadeiro (V) ou falso (F): (a) ( ) Todo poliedro de Platão é regular; (b) ( ) Todo poliedro regular é de Platão; (c) ( ) Existem apenas 5 poliedros de Platão; (d) ( ) Temos mais poliedros regulares do que de Platão; (e) ( ) Um hexaedro tem 6 faces hexagonais. 15) Qual é a soma dos ângulos das faces de um poliedro convexo que tem 10 faces e 15 arestas. 16) Um prisma é um poliedro com duas faces paralelas e congruentes, chamadas de bases, e as demais faces têm a forma de paralelogramos e são chamadas de faces laterais. Com base nisto, calcule a soma dos ângulos das faces de um prisma cuja base é um pentágono. 17) A soma dos ângulos das faces de um poliedro convexo é 1440°. Calcule o número de faces, sabendo que é 1 do número de arestas. 2 18) Num poliedro convexo o número de arestas excede o número de vértices em 4 unidades. Calcule o número de faces deste poliedro. 19) Dê argumentos para mostrar que não existe um poliedro convexo com número par de faces, tendo cada uma das faces um número par de lados e com número ímpar de vértices. 118 Book 1.indb 118 11/07/15 17:36 Geometria II 20) Um poliedro convexo tem faces triangulares e faces quadrangulares. Se ele tem 25 arestas e a soma das medidas dos ângulos de todas as faces é 3600°, quantas são as faces de cada tipo? Saiba mais Existem muitos artigos que falam sobre poliedros, uma das revistas que trata desse assunto e mostra sua relação com o dia a dia é a revista do professor de matemática. Se você achou interessante trabalhar com poliedros regulares e com os de Platão, vai adorar o seguinte artigo: IMENES, L. M. P. Poliedros, abelhas, arquitetura e ... futebol. Revista do professor de matemática, 3, 2º. semestre de 1983, p. 5-11. São Paulo: RPM, 1983. Unidade 2 Book 1.indb 119 119 11/07/15 17:36 Book 1.indb 120 11/07/15 17:36 UNIDADE 3 Sólidos que não rolam Objetivos de aprendizagem Identificar os elementos de um prisma e classificar os tipos de prismas. Discutir a construção de um prisma. Calcular a área da superfície de um prisma e volume do prisma. Usar o princípio de Cavalieri para demonstrar volumes de prismas e pirâmides. Identificar os elementos de um paralelepípedo e de um cubo. Calcular área da superfície de um paralelepípedo retângulo e de um cubo, e volume de um paralelepípedo retângulo e de um cubo. Identificar os elementos de uma pirâmide e classificálas quanto ao seu tipo. Calcular área da superfície de uma pirâmide e o seu volume. 3 Seções de estudo Book 1.indb 121 Seção 1 Prismas, paralelepípedos e cubos Seção 2 Pirâmides 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Euclides: George, meu rapaz. E, então, superou as dificuldades? George: Com certeza. Foi bastante trabalhoso, mas entendi bem a parte de poliedros. Muito interessante mesmo. Já estou pronto para uma nova empreitada. O que vem a ser? Platão: Posso responder essa? Euclides: Claro, colega. George: Nossa! Meus dois mestres juntos? Que grande surpresa. E então? Euclides: Vou deixar vocês conversarem. Qualquer dúvida é só chamar. George: Abraços, Euclides. Platão: Pelo visto, você achou interessante o estudo de poliedros. George: E como! Muito legal o estudo dos poliedros regulares, e o mais surpreendente é saber que existem apenas cinco deles. Platão: Na época descobri isto e fiquei maravilhado também. George: Bom, voltando a minha pergunta inicial: O que faremos a seguir? Platão: Você percebeu que existem muitos poliedros, o que vamos fazer agora é estudar alguns tipos especiais. George: E que tipos são esses? Platão: O primeiro deles são os prismas, os quais são um tipo de poliedro que obedece a certas propriedades. Depois, você terá contato com o paralelepípedo e o cubo. Lembra dele? 122 Book 1.indb 122 11/07/15 17:36 Geometria II George: Claro, é um dos poliedros regulares. Platão: Isso mesmo. E, por fim, você verá a beleza de uma pirâmide. George: Hummm... e me diga uma coisa, é você que me acompanhará neste estudo? Eu sinceramente acredito que não, pois vocês sempre me apresentam personagens novos. Platão: E não vai ser diferente agora. Você conhecerá um outro estudioso da matemática: Cavalieri. George: Cavalieri? Poderia me falar um pouco dele? Platão: Com certeza. Bonaventura Cavalieri nasceu em 1598, na Itália. Começou seus estudos de matemática justamente na geometria, por volta de 1616 e foi um dos discípulos de Galileu. Num monastério em Parma, começou a estudar e a escrever sobre os indivisíveis. Ele descobriu que se duas figuras planas podem ser comprimidas entre linhas retas paralelas de tal forma que tenham seções verticais idênticas em cada segmento, então, as figuras têm a mesma área. Esse, na verdade, é o princípio de Cavalieri. Por causa desse trabalho, ele conseguiu uma cadeira como professor na Universidade de Bologna, onde ficou até sua morte. George: Ainda bem que tem gente que nem ele ou mesmo você, não é, Platão? Pessoas que, na minha opinião, estavam muito à frente do seu tempo. Platão: Obrigado, amigo. Realmente pesquisávamos bastante. George: E é por causa de vocês que a matemática tornou-se essa ferramenta agradável. Basta nos dedicarmos para entendê-la. Platão: E Cavalieri nos ajudou muito mais. Em um de seus trabalhos, divulgou tabelas de senos, tangentes, secantes, cossenos e logaritmos. Esse trabalho foi um dos que viabilizou a introdução dos logaritmos como uma ferramenta computacional na Itália. Em 1635, publicou sua obra mais conhecida, “Geometria indivisibilibus continuorum nova” (Nova Geometria dos Indivisíveis Contínuos), em que desenvolveu a ideia de Kepler sobre quantidades infinitamente pequenas - uma região, por exemplo, pode ser pensada como sendo formada por segmentos ou “indivisíveis” e que um sólido pode ser considerado como composto de regiões que têm volumes indivisíveis. George: Já estou pegando o fio da meada. Provavelmente usaremos essas ideias para calcularmos volume de alguns sólidos. Platão: Exatamente. Você usará este princípio para, por exemplo, determinar o volume de um prisma ou de uma pirâmide. Mas isso eu vou deixar para o próprio Cavalieri te explicar, ok? George: Beleza. Vou correndo estudar para encontrá-lo o mais rápido possível. Abraços e obrigado por tudo. Platão: Um abraço e até breve. Unidade 3 Book 1.indb 123 123 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Figura 3.1 – Pirâmides: objeto de estudo desta unidade Seção 1 - Prismas, paralelepípedos e cubos O primeiro poliedro a ser estudado é o prisma. Vamos ver que ele faz parte de um grupo de poliedros que chamamos aqui de ‘poliedros que não rolam’. Esse nome parte da ideia de rolar mesmo. Isso quer dizer que se colocarmos os poliedros desse grupo numa rampa eles escorregam, mas não rolam. Prisma Será que você já teve contato com algum poliedro com a forma de um prisma? Pode ser que você não tenha se detido a esse fato, mas as caixas de leite e suco, pacotes de bolacha e até mesmo alguns tipos de caixas de presente têm formato de prisma. 124 Book 1.indb 124 11/07/15 17:36 Geometria II Construção Vamos, inicialmente, ver como construímos um prisma com o enfoque geométrico. Considere na Figura 3.2: Dois planos paralelos α e β; Um polígono P contido em α; Uma reta r que intercepta α e β, mas não intercepta P. Figura 3.2 – Construção do prisma A figura geométrica formada pela reunião de todos os segmentos de reta paralelos a r, com uma extremidade num ponto do polígono P e a outra no plano β, denomina-se prisma. Figura 3.3 – Prisma Unidade 3 Book 1.indb 125 125 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Elementos Chamamos de elementos de um prisma o conjunto de arestas, faces e vértices relacionados a esse prisma. Observe na Figura 3.4 os principais elementos de um prisma: duas bases paralelas congruentes; faces laterais (paralelogramos); arestas laterais; arestas da base; vértices. Figura 3.4 – Elementos de um prisma Podemos redefinir prisma em relação aos seus elementos: Prismas são poliedros que têm duas faces paralelas e congruentes, chamadas bases, e as demais faces têm a forma de paralelogramos e são chamadas faces laterais. 126 Book 1.indb 126 11/07/15 17:36 Geometria II Existe uma relação entre o número de lados do polígono da base e os demais elementos do prisma. Se a base é um polígono de n lados, então, o prisma terá: número de faces laterais = n; número de arestas laterais = n; número de arestas das bases = 2n; número total de aresta = 3n; número de vértices = 2n. Relacionando com dietros e triedros: número de diedros = 3n; número de triedros = 2n. Exemplo: O prisma da Figura 3.4 tem base hexagonal, ou seja n = 6. Nesse caso: o número de faces laterais é 6; o número de arestas laterais é 6; o número de arestas das bases é 12; o número total de arestas é 18; o número de vértices é 12; o número de diedros é 18; o número de triedros é 12. Até agora as figuras mostraram somente prisma com base hexagonal, mas a base pode ser qualquer polígono. Veja na sequência. Unidade 3 Book 1.indb 127 127 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Classificação 1. Em relação à inclinação das arestas laterais: Prisma reto é aquele cujas arestas laterais são perpendiculares aos planos das bases; Prisma oblíquo é aquele cujas laterais são oblíquas aos planos das bases. Figura 3.5 – Prisma reto e prisma oblíquo 2. Em relação ao polígono da base: um prisma é dito regular quando é reto e tem como bases polígonos regulares (polígonos que têm todos os lados congruentes e os ângulos internos também congruentes). Veja a Figura 3.6. Nesse, o nome do prisma está relacionado ao polígono da base (natureza do prisma). Figura 3.6 – Prismas regulares Mas atenção: o nome de um prisma oblíquo também está relacionado ao polígono da base. Veja a Figura 3.7. 128 Book 1.indb 128 11/07/15 17:36 Geometria II Figura 3.7 – Prismas oblíquos Exemplos: 1) Dado o prisma da Figura 3.8 abaixo, responda o que se pede: Figura 3.8 – Prisma triangular a) Nomeie as figuras da base do prisma; b) As arestas laterais são paralelas entre si? c) As arestas paralelas são perpendiculares às bases? Solução: a) Bases: ABC e DEF; b) Sim, por construção; c) Sim, o prisma é reto. Unidade 3 Book 1.indb 129 129 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina 2) Se um prisma tem n faces laterais, então, qual é a soma dos ângulos de todas as suas faces? Solução: Como um prisma é um poliedro, então, vale a fórmula da soma dos ângulos das faces: S = (V – 2) . 4r Como o número de vértices é V = 2n , temos: S = (2n – 2) . 4r S = (2n – 1) . 4r S = (n – 1) . 8r Sendo r um ângulo reto. 3) Seja um prisma pentagonal. Qual a soma dos ângulos de todas as suas faces? Solução: Como o prisma é de natureza pentagonal, temos que ele possui 5 faces laterais, portanto: S = (n – 1) . 8r S = (5 – 1) . 8 . 90 S = 2880º 4) Qual a natureza de um prisma que possui (a) 7 faces (b) 15 arestas? Solução: (a) Como duas faces são as faces da base, sobram então 5 faces laterais, o que nos indica que temos então um prisma pentagonal. 130 Book 1.indb 130 11/07/15 17:36 Geometria II (b) Como temos n arestas laterais e 2n arestas da base, então, 3n é o total de arestas que, no nosso caso, é 15, logo, , o que nos dá um prisma de natureza pentagonal. 5) Ache a natureza de um prisma sabendo que a soma dos ângulos das faces é 56 retos. Solução: S = (n – 1) . 8r Como S = 56r , temos: 56r = (n – 1) . 8r (n – 1) = 56r 8r (n – 1) = 7 n=8 n=8 Portanto, temos um prisma octagonal. Superfícies Em Matemática, definimos superfície como um ente geométrico de duas dimensões, ou seja, uma região que pode ser colocada sobre um plano (planificada) e, consequentemente, possui uma área possível de ser calculada. Podemos dizer que a superfície total de um prisma é formada pela reunião das regiões planas que formam o prisma. É como se “estendêssemos” o poliedro num só plano. Utilizamos a ideia de fazer um “molde” para recortar e, então, montarmos o poliedro. Nesse caso, cada face fica ligada a, pelo menos, uma outra face por uma aresta. Veja a planificação de um prisma pentagonal na Figura 3.9. Unidade 3 Book 1.indb 131 131 11/07/15 17:36 Universidade do Sul de Santa Catarina Figura 3.9 – Prisma pentagonal e sua planificação Assim, definimos: Superfície lateral: é formada pela reunião das faces laterais Fn, do prisma cuja base tem n lados. A área dessa superfície é chamada de área lateral e denotada por Al . Figura 3.10 – Superfície lateral do prisma pentagonal Superfície total: é formada pela reunião da superfície lateral com as bases. A área dessa superfície é chamada de área total e denotada por At . Figura 3.11 – Superfície total do prisma pentagonal 132 Book 1.indb 132 11/07/15 17:37 Geometria II Volume Uma pausa para um descanso do nosso amigo George. E Cavalieri aparece para uma conversa. Cavalieri: George, tudo bem com você? George: Tudo bem, na verdade tudo ótimo, adorei estudar prismas, as ideias são bem simples. Bom, mas tenho uma pergunta. Você é o Cavalieri? Cavalieri: Isto mesmo meu jovem. E estou aqui para ajudá-lo em alguns itens relativos a prismas. George: Mas não acabou ainda? Cavalieri: Ainda não. Você até agora estudou os conceitos, ou seja, já sabe o que é um prisma de fato. Mas podemos, com prismas, calcular a área de suas superfícies e também o volume dele. George: Tinha me esquecido deste fato. Então, vamos lá, como é que faço? Cavalieri: Muita calma nessa hora. Para chegarmos a um método de calcular volume de prisma, precisamos conhecer um pouco sobre paralelepípedos e um princípio que descobri há muito tempo. George: O princípio de Cavalieri? Cavalieri: Exato, mas tudo na sua vez. Não vamos com muita sede ao pote, para não haver atropelos. George: Você tem razão, a cada novo conceito, devo entendê-lo bem para, em seguida, passar a outro. Cavalieri: Então, mãos à obra. Os paralelepípedos e cubos te esperam. George: Tchau e até a próxima! Unidade 3 Book 1.indb 133 133 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Paralelepípedo e cubo Você já deve ter ouvido falar em prismas em muitos aspectos. Quando estudamos física no ensino médio, ouvimos que os físicos usam prismas para decompor a luz, nesse caso, um prisma triangular. Veja a Figura 3.12. Um parafuso tem geralmente uma cabeça sextavada que na verdade, é um prisma hexagonal. Um caixa de sapato, a CPU do seu computador, também são exemplos de prismas, nesse caso quadrangulares, que recebem o nome especial de paralelepípedos. Figura 3.12 – Prisma triangular, uma caixa e um parafuso sextavado Paralelepípedo é um prisma cujas bases são paralelogramos. Um prisma reto de bases retangulares é dito paralelepípedo reto retangular ou ortoedro. Cubo é um paralelepípedo reto retangular cujas faces são quadradas. Figura 3.13 – Paralelepípedo retângulo e cubo Neste primeiro momento, vamos mostrar como calcular a diagonal e a área de um paralelepípedo retângulo. 134 Book 1.indb 134 11/07/15 17:37 Geometria II Cálculo da diagonal de um paralelepípedo retângulo Seja um paralelepípedo retangular de dimensões a, b e c. Chamemos sua diagonal de d e db a diagonal da base, conforme a Figura 3.14 abaixo: Figura 3.14 – Diagonal de d e db Necessitamos calcular a diagonal d, para isso, destacamos o triângulo retângulo ADC. Figura 3.15 – Triângulo ADC Pelo teorema de Pitágoras, temos: d 2 = a 2 + db2 (1) Destacando do paralelepípedo retângulo da Figura 3.14 o triângulo ABC, podemos calcular o valor da diagonal da base db . Figura 3.16 – Triângulo ABC Unidade 3 Book 1.indb 135 135 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Novamente, pelo teorema de Pitágoras temos: db2 = b 2 + c 2 (2) Substituindo a equação (2) na equação (1), obtemos: d 2 = a 2 + b2 + c2 Ou seja, d = a 2 + b2 + c2 Cálculo da diagonal de um cubo No cubo temos o caso particular onde todas as arestas são iguais a a. Portanto: d = a 2 + a 2 + a 2 = 3a 2 = a 3 d =a 3 Figura 3.17 – Cubo e sua diagonal Área total de um paralelepípedo retângulo Pela Figura 3.14, temos que o paralelepípedo é formado por: dois retângulos com dimensões a e b, cada um com área ; 136 Book 1.indb 136 11/07/15 17:37 Geometria II dois retângulos com dimensões a e c, cada um com área ; dois retângulos com dimensões b e c, cada um com área . Então, sua área total é dada por: At = 2 A1 + 2 A2 + 2 A3 , ou seja, At = 2ab + 2ac + 2bc , ou ainda, At = 2(ab + ac + bc) Área total de um cubo Um cubo tem todas arestas iguais, ou seja, a = b = c , logo sua área total é dada por: . Logo: At = 6a 2 Exemplos: 1) Calcule a medida da diagonal e da área de um cubo de aresta 3 cm. Solução: A diagonal é dada por a 3 , logo, sua diagonal mede: d = 3 3 cm. Já a área é dada por: 2 cm . 2) Um cubo transparente tem no seu interior evidenciado a sua diagonal. Qual o comprimento da diagonal sabendo que sua área 2 total é dada por 42 cm ? Unidade 3 Book 1.indb 137 137 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Solução: Primeiramente necessitamos calcular sua aresta: A = 6a 2 42 = 6a 2 a2 = 7 a= 7 Assim, sua diagonal mede d = a 3 = 7 3 = 21 cm. 3) Calcule a área de um cubo, sabendo que a diagonal do cubo excede a diagonal da face em 1 cm. Solução: Chamamos de d c a diagonal do cubo e de d f a diagonal da face, temos, pela hipótese do problema, que , mas d c = a 3 . Como d f é a diagonal da face, podemos calculá-la usando o teorema de Pitágoras, já que ela é a hipotenusa de um triângulo retângulo, cujos catetos medem a. Logo: d 2f = a 2 + a 2 = 2a 2 df = a 2 . Então: . Racionalizando, temos: . 138 Book 1.indb 138 11/07/15 17:37 Geometria II Assim, a área total do cubo é: cm. 4) Uma caixa de sapato de dimensões 25, 17 e 10 cm precisa ser 2 revestida com um papel que custa R$ 0,01 o cm . Quanto se gastará para revestir toda a caixa? Solução: A caixa de sapato é um paralelepípedo, portanto, sua área é dada por: At = 2(ab + ac + bc) At = 1690 cm 2 O custo para se cobrir a caixa é de: C = 16,9 Gasta-se R$ 16,90 para cobrir esta caixa. 5) Em quanto diminui a aresta de um cubo quando a diagonal diminui 3 cm? Solução: A diagonal de um cubo de aresta a é dado por d = a 3 , se diminuirmos 3 cm de sua diagonal, temos: Unidade 3 Book 1.indb 139 139 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Onde b é a aresta do novo cubo, portanto: , ou seja, . Assim, a diagonal diminui em 1cm. Área lateral e área total de um prisma No início desta unidade, você estudou a definição de superfície lateral e total e o significado de suas áreas, está lembrado? Assim, a área lateral Al de um prisma é a soma das áreas das faces laterais, já a área total de um prisma é a soma das áreas das faces laterais com as áreas das bases, que denotamos por Ab , portanto, temos que a área total At é dada por: At = Al + 2 Ab Observações: as definições de área lateral e área total se estendem aos prismas não regulares; se o prisma for regular e o polígono da base possui n lados, então, a área lateral é calculada multiplicando por n a área de uma face lateral. E como fazemos para calcular o volume de um paralelepípedo? E o que é volume? 140 Book 1.indb 140 11/07/15 17:37 Geometria II George encontra seu novo amigo Cavalieri, mais uma vez. George: Cavalieri, preciso de sua ajuda. Cavalieri: Calma, meu rapaz, já estou aqui, que aflição é essa? George: Já leu a pergunta aí acima? Cavalieri: Sim, e qual o problema? George: Bom, apareceu uma palavra que eu estou cansado de ouvir: Volume. Usamos isso muito no nosso dia a dia. Volume de uma garrafa de água, de leite de refrigerante entre outros. Mas parece que falta algo para mim, o sentido real de volume. Por exemplo, ao falar que a capacidade de 3 um determinado recipiente é de 20 m , o que realmente é este número? Cavalieri: Agora entendo sua aflição. Lembra quando você estudou área e viu que calcular a área de uma figura plana era saber quantos quadrados de lado 1 cabem dentro desta figura? George: Claro que me lembro. Euclides me falou sobre isso. Muito simples a ideia. Cavalieri: Então, com volume ocorre a mesma coisa. Se você quer calcular o volume de algum sólido, de maneira informal, basta saber quantos cubos de lado 1 cabem dentro deste sólido. George: Hummmmm... Interessante! Então, se eu tiver, por exemplo, uma caixa com dimensões 2, 3 e 4 cm, fica evidente que cabem dentro desta caixa cubos de lado 1, ou seja, 24 cubos. Cavalieri: Então, o que você pode concluir? 3 George: Que o volume desta caixa é de 24cm . Cavalieri: Exatamente, usamos o termo cúbico, pois preenchemos o sólido com cubos. Unidade 3 Book 1.indb 141 141 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina George: Pois é, achei muito fácil, mas isso é interessante, para essas figuras como o paralelepípedo e o cubo. E se tivermos um cilindro que não tem os lados planos? E uma pirâmide e muitos outros? Cavalieri: Para alguns sólidos específicos, temos fórmulas que nos ajudam, e algumas delas, para serem provadas, utilizam o princípio que leva o meu nome. George: Grande Cavalieri! Que bom que você teve a ideia! Pena que eu não sei ainda do que se trata! Cavalieri: Tudo tem seu tempo. Primeiro, aprenda como calcular o volume de um paralelepípedo. George: Ah, mas isso eu já entendi, basta multiplicar as dimensões das arestas. Cavalieri: Isso mesmo, mas lembre-se, fizemos isso de uma maneira informal! Precisamos de uma demonstração matemática. George: Não podemos fazer disso um axioma ? Facilita mais as coisas. Cavalieri: Meu caro George, a matemática é tão elegante quando usamos rigor para mostrar os fatos. George: Verdade, vou já ver como fazer isto. Obrigado mais uma vez. Cavalieri: Bons estudos. Ficou claro no diálogo entre nossos amigos que temos, então, apenas uma ideia intuitiva de volume. Não podemos considerar isso uma definição matemática de volume, mesmo porque, na prática, não conseguimos usar essa ideia. Por exemplo, como fazemos para calcular o volume do sol? Ou o volume de um grão de areia? A partir de agora, vamos mostrar métodos práticos de calcular o volume de alguns sólidos conhecidos. Nesta unidade, veremos o paralelepípedo, o cubo, o prisma e a pirâmide. Para chegar ao cálculo do volume de um paralelepípedo, vamos usar a ideia de razão. 142 Book 1.indb 142 11/07/15 17:37 Geometria II Razão entre paralelepípedos retângulos O cubo de lado 1, chamado de cubo unitário, tem volume de uma unidade cúbica. O que faremos agora é usar a ideia intuitiva descrita no diálogo entre George e Cavalieri para calcular o volume de um paralelepípedo. Considere dois paralelepípedos, P1 de dimensões a, b e h1 , e P2 de dimensões a, b e h2 , em que h1 e h2 são as alturas dos paralelepípedos. Suponha que fatiamos os paralelepípedos em outros paralelepípedos que chamamos de P, de mesma base a, b e de altura h, como mostra a Figura 3.18, a seguir: Figura 3.18 – Paralelepípedos Se o paralelepípedo P1 é dividido em p paralelepípedos de base ab e altura h, e o paralelepípedo P2 é dividido em q paralelepípedos de base ab e altura h, temos: e e e, portanto, e, portanto, h1 p = . Assim: h2 q P1 p = . P2 q Logo, de ambas as equações, concluímos que Unidade 3 Book 1.indb 143 P1 h1 = . P2 h2 143 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Então, a razão entre dois paralelepípedos retângulos de bases congruentes é igual à razão entre as suas alturas. Com base nisso, podemos mostrar agora que o volume de um paralelepípedo de dimensões a, b e c é dado pelo produto dessas dimensões. Volume de um paralelepípedo retângulo Seja U o cubo unitário, ou seja, o cubo que, por definição, tem volume de uma unidade cúbica, e seja P o paralelepípedo de dimensões a, b e c, a ideia é saber quantas vezes U cabe em P, ou seja, vamos calcular a razão P . U Consideremos outros dois paralelepípedos, Q de base a b e de altura 1, e R de base a, 1 e altura 1. De acordo com a propriedade das razões entre dois paralelepípedos de bases congruentes, temos: P c = Q 1 Q b = R 1 R a = U 1 Multiplicando essas razões, temos que: , ou seja, . Como intuitivamente o volume de P é dado por P , temos que: U Então, chegamos à conclusão de que o volume de um paralelepípedo retângulo é o produto das medidas de suas dimensões. Como a e b são as bases do retângulo que forma a base do paralelepípedo, e é a área desse retângulo, então, podemos reescrever a fórmula do volume como: V = Ab .h 144 Book 1.indb 144 11/07/15 17:37 Geometria II Sendo Ab a área da base. Assim, podemos dizer que o volume de um paralelepípedo é igual ao produto da área da base pela medida da altura. No caso de um cubo, temos que todas as arestas são iguais. Então, se o cubo tem aresta a, temos que o seu volume é dado por: , ou seja, V = a3 Exemplos: 1) Um paralelepípedo tem dimensões x, 2x e x + 1 . Qual a expressão algébrica que indica seu volume? Solução: V = 2 x 2 ( x + 1) V = 2 x3 + 2 x 2 2) Um aquário em forma de um cubo tem lado medindo 1m. Quantos litros de água cabem neste aquário? (1 litro é igual a 3 1000 cm ). Solução: 3 Vamos calcular o volume em cm . Como 1 metro é igual a 100 cm, temos: V = 1000000 cm Unidade 3 Book 1.indb 145 3 145 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Dividindo este valor por 1000, temos: 1000000 = 1000 , portanto, 1000 o aquário comporta 1000 litros de água. 2 3) Calcule o volume de um cubo de área total 96cm . Solução: Temos que a área total é dada por At = 6a 2 , então, 96 = 6a 2 , ou seja, a 2 = 16 , o que nos dá a = 4 , que é a medida de sua aresta. Então, o seu volume é dado por: 3 V = a 3 = 43 = 64 cm . 4) Uma chapa retangular de dimensões 30 cm e 60 cm tem seus cantos recortados por quadrados de lados 5 cm, de modo que, dobrando esses cantos, obtemos uma caixa aberta. Qual o volume desta caixa? Solução: Como cortamos os cantos com quadrados de 5 cm, temos que a altura desta caixa, quando construída, é de 5 cm. A chapa retangular perdeu 5 cm em cada canto, o que faz com que cada lado desta chapa perca um total de 10 cm em cada uma de suas dimensões. Assim, ficamos com uma caixa de dimensões 20, 50 e 5. Logo, o seu volume é dado por: 3 cm . 5) Uma caixa de água tem dimensões 80, 120 e 60 cm. A caixa está enchendo a uma razão constante de 10 litros por minuto. Em quanto tempo a caixa estará cheia? 3 Solução: O volume desta caixa é dado por: 146 Book 1.indb 146 cm3. 11/07/15 17:37 Geometria II 3 Como cada litro tem 1000 cm , então, essa caixa tem: 576000 = 576 l. 1000 O tempo gasto para encher essa caixa é: min. E, para um prisma em geral, como faremos para calcular seu volume? Quem nos dará essa resposta é um resultado conhecido como princípio de Cavalieri. George: Cavalieri, preciso falar com você. Cavalieri: Pois não, meu caro, algum problema? George: Bom, parece que finalmente cheguei ao resultado que leva o seu nome. Cavalieri: Que bom, você verá que com base neste princípio podemos calcular o volume de alguns sólidos especiais. George: Que interessante! Pois, se tivermos um prisma em geral, por exemplo, com uma base hexagonal, aquela ideia dos cubos unitários não será nada prática aqui. Unidade 3 Book 1.indb 147 147 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Cavalieri: Exatamente. A ideia do princípio é muito simples. George: Você pode me contar ou vou precisar ir atrás? Cavalieri: Estou aqui para ajudar e mostrar a beleza da geometria. O princípio fala que, se tivermos dois sólidos, e se seccionarmos esses sólidos por planos paralelos, a base deles e a área resultante da intersecção com o sólido e esse plano forem iguais, então, seus volumes são iguais. George: Só isso? Maravilhoso. Muito interessante mesmo. Mas acho que precisaria ver uma figura para ver como isso funciona. Cavalieri: Então, que tal você ir à luta e continuar lendo mais um pouco? George: Com certeza. Um abraço e parabéns pela excelente ideia que você teve. Cavalieri: Obrigado e até a próxima. Boaventura Cavalieri (1598 – 1647) é considerado por Boyer (1996) como um dos matemáticos que atuaram na fase de transição da matemática da Renascença para a matemática do Mundo Moderno. Entre diversos escritos e assuntos abordados, fazendo alusão a sua Teoria do Indivisíveis, destacamos a ideia relacionada ao volume de sólidos: “[...] volume pode ser considerado como composto de áreas que são volumes indivisíveis ou quase-atômicos.” (BOYER, 1996, p.226). Princípio de Cavalieri Dado dois sólidos A e B de mesma altura h, se qualquer plano paralelo à base secciona A e B, segundo figuras planas com áreas iguais, ou seja, AA = AB , então, volume do sólido A é igual ao volume do sólido B, isto é, VA = VB . Figura 3.19 – O princípio de Cavalieri 148 Book 1.indb 148 11/07/15 17:37 Geometria II Volume de um prisma Considere um prisma e um paralelepípedo retângulo de mesma altura h e área da base Ab iguais, contidas num plano α. Figura 3.20 – Prisma e paralelepípedo de bases iguais As secções transversais determinadas no prisma e no paralelepípedo pelo plano β paralelo a α tem áreas iguais e, portanto, pelo princípio de Cavalieri, o volume do prisma é igual ao volume do paralelepípedo. Como o volume do paralelepípedo é igual ao produto da área da base pela medida da altura, segue que o volume VP do prisma é dado por: Exemplos: 1) Calcule o volume de um prisma triangular regular, no qual a aresta da base mede 4 cm e a altura do prisma mede 10 3 cm. Solução: Como o prisma é regular, então, sua base é um triângulo equilátero, portanto, a área da base é a área de um triângulo equilátero, assim: Ab = AT = l2 3 . 4 Unidade 3 Book 1.indb 149 149 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Onde l é o lado do triângulo, que aqui mede 4 cm, logo: Ab = 42 3 2 = 4 3 cm . 4 Então, o volume do prisma é: 3 cm . 2) Um aquário tem a forma de um prisma hexagonal reto. Se a face apresenta 50 cm de lado e 60 cm de altura, qual o volume de água em litros necessário para enchê-lo totalmente até transbordar? Solução: Como a base é um prisma hexagonal e esse é formado por seis triângulos equiláteros, então: cm 3 Ou ainda: V = 0,3897114 m 3 Como queremos em litros: 1000 x 1 m3 0, 3897114 m3 1. x = 1000 . 0, 3897114 ⇒ 389,7114 150 Book 1.indb 150 11/07/15 17:37 Geometria II 3) Determine a medida da aresta da base e um prisma triangular 3 regular, sendo seu volume 8 m e sua altura 0,8 m. Solução: A base é um triângulo equilátero, assim, o volume é dado por: V = Ab . h = l2 3 .h. 4 O problema pede para calcularmos l, que é a medida da aresta da base. l= 40 3 10 3 =2 =2 3 3 l=2 4 300 3 4 300 300 =2 3 3 3 24 3 = 2700 m . 3 3 4) Um prisma tem por base um triângulo equilátero, cujo lado mede a e a altura desse prisma é igual ao dobro da altura do triângulo da base. Determine o seu volume. Solução: A altura de um triângulo equilátero é dada por hT = então, como o lado mede a, temos hT = Unidade 3 Book 1.indb 151 a 3 . 2 l 3 , 2 151 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Mas a altura do prisma é o dobro da altura do triângulo, então, h = 2hT , ou seja, h = 2 a 3 = a 3 . Assim, o volume do prisma é: 2 V= 3 3 a 4 5) Um prisma oblíquo de base retangular tem arestas da base medindo 5 cm e 6 cm. A outra aresta que mede 10 cm forma um ângulo de 60º com a base. Calcule o volume desse prisma. Solução: A área da base mede 2 cm . Para calcular a altura, usamos trigonometria, cm. Logo, 3 cm . 152 Book 1.indb 152 11/07/15 17:37 Geometria II George, como todo bom mortal, descansa depois de um exaustivo dia de trabalho. Cavalieri: George? George: Cavalieri, você tão cedo? Cavalieri: Quero parabenizá-lo pelo excelente trabalho realizado até agora. George: Obrigado, mas acho que há muitas coisas ainda, não? Cavalieri: Sim, há! Em seguida, você terá contato com outro sólido bem conhecido, a pirâmide. George: Sempre tive fascínio pelas pirâmides do Egito. Será interessante estudar as propriedades desse sólido. Você vai estar comigo nesta jornada de novo? Cavalieri: Claro! Adivinha o que você vai precisar para calcular o volume da pirâmide. George: O princípio de Cavalieri de novo, certo? Cavalieri: Certíssimo. Então, bom descanso e bons estudos. George: Obrigado! Unidade 3 Book 1.indb 153 153 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Desafio Determinar o número de faces, vértices e arestas de um poliedro que está relacionado à relação de Euler para poliedros. Mas, você conseguiria determinar o número de arestas num poliedro planificado? Vai aí o desafio: Quantas arestas têm os poliedros apresentados nas planificações das figuras a seguir. Figura 3.21 - Poliedro planificado Consulte resposta do desafio no final do livro didático. Seção 2 - Pirâmides Seguindo a mesma ideia de construção de um prisma, será apresentada a construção de uma pirâmide, sob o ponto de vista geométrico. Considere, seguindo a Figura 3.22, os seguintes elementos: Figura 3.22 – Construção de uma pirâmide 154 Book 1.indb 154 11/07/15 17:37 Geometria II um plano α. um polígono P contido em α. um ponto V que não pertence a α. A figura geométrica formada pela reunião de todos os segmentos de reta que tem uma extremidade no ponto V e a outra num ponto do polígono P denomina-se pirâmide. Figura 3.23 – Pirâmide Elementos Os elementos de uma pirâmide podem ser observados na Figura 3.23. Base, também chamada de face. Faces laterais que são triângulos. Arestas (laterais e da base). Vértice ( V ). Altura, que é distância entre o ponto V e o plano da base. Unidade 3 Book 1.indb 155 155 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Figura 3.24 – Elementos da pirâmide Definimos pirâmide em relação aos seus elementos com: Pirâmides são poliedros que têm uma face num plano, chamada base, e um ponto não pertencente ao plano da base, todos interligados por segmentos, formando faces laterais com a forma de regiões triangulares. Existe uma relação entre o número de lados do polígono da base e os demais elementos da pirâmide. Se a base é um polígono de n lados, então, a pirâmide terá: número de faces laterais = n; número de faces mais a base = n + 1; número de arestas laterais = n; número de arestas das bases = n; número total de aresta = 2n.; número de vértices = n+1. 156 Book 1.indb 156 11/07/15 17:37 Geometria II Exemplo: A pirâmide da Figura 3.24 tem base hexagonal, ou seja, n = 6. Nesse caso: o número de faces laterais é 6; o número de arestas laterais é 6; o número de arestas das bases é 6; o número total de arestas é 12; o número de vértices é 7. É válida a relação de Euler para uma pirâmide? Sim, é verdadeira, veja: , ou seja, Superfície lateral: é a reunião das faces laterais (Fn ) da pirâmide, cuja base tem n lados. A área dessa superfície é chamada de área lateral e denotada por Al . Figura 3.25 – Superfície lateral de uma pirâmide com base hexagonal Unidade 3 Book 1.indb 157 157 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Superfície total: é a reunião da superfície lateral com a superfície da base da pirâmide. A área dessa superfície é chamada de área total e denotada por At . Figura 3.26 – Superfície total de uma pirâmide com base hexagonal Classificação As pirâmides são classificadas de acordo com: 1) A inclinação das arestas laterais Pirâmide reta é aquela cuja projeção ortogonal do vértice sobre o plano da base é o ponto de intersecção entre todas as diagonais do polígono (chamado de centro da base). Pirâmide oblíqua é aquela cuja projeção ortogonal do vértice sobre o plano é fora do centro da base. Figura 3.27 – Pirâmide reta e pirâmide oblíqua 158 Book 1.indb 158 11/07/15 17:37 Geometria II 2) A natureza A natureza de uma pirâmide está relacionada ao número de lados do polígono da base. Neste caso, uma pirâmide será triangular, quadrangular, pentagonal e assim sucessivamente, conforme a base for um triângulo, quadrilátero, pentágono e assim por diante. Figura 3.28 – Pirâmides Uma pirâmide é dita regular quando sua base é uma região poligonal limitada por um polígono regular. Um tipo particular é o tetraedro regular, no qual qualquer uma das faces pode ser considerada base. Veja a primeira pirâmide da Figura 3.28. Exemplos: 1) Encontre a natureza de uma pirâmide, sabendo que a soma dos ângulos das faces é de 1800º. Solução: Sabemos que: Unidade 3 Book 1.indb 159 159 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Assim, temos 7 – 1 = 6 vértices na base, ou seja, o polígono da base tem 6 arestas. Então, a pirâmide é de natureza hexagonal. 2) As pirâmides do Egito têm 4 faces laterais e, portanto, são pirâmides de natureza quadrangular. 3) Qual a natureza de uma pirâmide que possui 8 faces? Solução: Como uma face é a base, então, sobram-nos 7 faces laterais, portanto, a base é um polígono de 7 lados. Assim, a pirâmide é heptagonal. Apótema Uma pirâmide regular tem um outro elemento, o apótema: Apótema da pirâmide: é a altura de uma face lateral. Essa altura é relativa ao lado da base. Figura 3.29 – Apótema da pirâmide hexagonal regular 160 Book 1.indb 160 11/07/15 17:37 Geometria II Apótema da base: como a base da pirâmide é regular e, portanto, formada por triângulos isósceles, o apótema da base é altura relativa a esses triângulos, calculada na base da pirâmide. Figura 3.30 – Apótema da base da pirâmide hexagonal regular Em uma pirâmide regular existem relações importantes entre a aresta da base ( ab ), a aresta lateral ( al ), o raio da base (r), o apótema da pirâmide (g), o apótema da base (m) e a altura da pirâmide (h). g 2 = h2 + m2 Unidade 3 Book 1.indb 161 161 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina al2 = h 2 + r 2 Área Agora que já conhecemos os principais elementos de uma pirâmide, estamos aptos a falar de área lateral e total da superfície de uma pirâmide e de volume dela. Área lateral da superfície de uma pirâmide A área lateral Al da superfície de uma pirâmide é a soma das áreas das faces laterais. Como as faces laterais são triângulos, então, a área lateral Al é igual à soma das áreas dos triângulos das faces laterais. Área total da superfície de uma pirâmide A área total At da superfície de uma pirâmide é a soma das áreas das faces laterais Al com a área da base Ab , assim: At = Al + Ab Exemplos: 1) Dada uma pirâmide regular hexagonal de aresta da base 2 3 cm e altura 6 cm, vamos calcular a área da superfície total. Cálculo de Ab (área da base): a base é um hexágono regular, então: 162 Book 1.indb 162 11/07/15 17:37 Geometria II 2 = 6 . (2 3 ) 3 = 6 . 4 . 3 . 3 = 18 . 3 4 4 31,18 cm2 Cálculo de m (apótema da base): neste caso como, a base é um hexágono regular e esse é formado por 6 triângulos equiláteros, então, o apótema da base é a altura de um triângulo equilátero, ou seja, = 2 3 . 3 = 3 cm. 2 Cálculo de a (apótema da pirâmide): g 2 = h 2 + m 2 = 62 + 32 = 36 + 9 = 45 ⇒ g = 45 6,71 cm. Cálculo de A (área da superfície lateral): Como a base é um hexágono, temos 6 faces triangulares. Então: A = 6 . ab g = 2 =3.2 3 . 45 69,71 cm2 Cálculo de At (área da superfície total): At = A + Ab 100,89 cm2 2) Seja um cubo de aresta 2 cm. Tomando como base uma das faces do cubo e como vértice o ponto V, que é o centro da face paralela à base, obtém-se uma pirâmide de base quadrada. Qual é a área total da superfície desta pirâmide? Unidade 3 Book 1.indb 163 163 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Solução: Como a base da pirâmide é uma face do cubo, então, a área da base é a área do quadrado de lado 2 cm, assim: 2 Ab = ab2 = l 2 = 22 = 4 cm . O apótema da base é a metade do lado do quadrado e, portanto, m = 1 cm. A altura da pirâmide é exatamente o valor da aresta do cubo, então h = 2 . Então, para calcular o apótema da pirâmide, temos: . Como a base é um quadrado, temos 4 triângulos com faces laterais, logo: . Então, a área total é: 2 At = Al + Ab = 4 5 + 4 = 4( 5 + 1) cm . Um tetraedro também é uma pirâmide? Leia o diálogo a seguir e veja se você chegará às mesmas conclusões de nosso amigo George. 164 Book 1.indb 164 11/07/15 17:37 Geometria II George encontra-se novamente com Cavalieri. George: Olá, de novo, Cavalieri. Cavalieri: Como vai, meu amigo, tudo bem nos seus estudos? George: Tudo certo! Na verdade, quero apenas tirar uma dúvida. Cavalieri: Pois não, o que te preocupa? George: Estudei agora que uma pirâmide é sempre formada por faces laterais triangulares, pela própria natureza de sua construção. Aí estava eu pensando que um tetraedro, que foi objeto de estudo na unidade anterior, também pode ser considerado uma pirâmide? Cavalieri: Gostaria de ouvir sua opinião. A que conclusão você chegou? George: Eu acho que o tetraedro é uma pirâmide sim e bem especial, a única em que todas as faces são iguais, tanto as laterais como a base. Na verdade, o tetraedro é uma pirâmide triangular. Cavalieri: Perfeito, meu amigo. Vejo que você já está avançando aos poucos, com precisão e lógica nas suas falas. Parabéns! George: Obrigado. Percebi também que como todas as faces do tetraedro são triângulos, qualquer uma de suas faces pode ser considerada como base da pirâmide. Muito legal isso! Figura 3.31 – Pirâmide triangular (tetraedro) Unidade 3 Book 1.indb 165 165 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Cavalieri: Acho que eu nem precisava estar aqui, fui apenas um espectador de suas palavras. Só para completar: se todas as quatro faces do tetraedro forem triângulos equiláteros, então, temos um tetraedro regular. George: Assim fico encabulado, ainda mais recebendo elogios de um mestre. Mas cheguei aqui por ajuda sua e de muitos outros. Vou indo nessa, que tem mais pirâmides pela frente. Vou estudar o volume de uma pirâmide. Cavalieri: Opa! Você vai precisar do princípio de Cavalieri de novo. George: Ótimo, vamos lá. Volume Proposição 1: numa pirâmide triangular (tetraedro) temos: (a) as arestas laterais e a altura ficam divididas numa mesma razão, por um plano paralelo à base. (b) a seção paralela à base e a base são triângulos semelhantes. (c) a razão entre as áreas da seção paralela à base e a base são iguais ao quadrado da razão do item (a). Demonstração: (a) Considere a Figura 3.32 que é um tetraedro seccionado paralelamente a sua base. Figura 3.32 – Secção Paralela de um Tetraedro 166 Book 1.indb 166 11/07/15 17:37 Geometria II Os triângulos e são semelhantes, pois seus ângulos são congruentes, logo: VA1 VH1 h1 . = = VA VH h Assim, h1 é a razão de semelhança entre as arestas laterais e a altura. h (b) Os triângulos e são semelhantes, pois os seus ângulos são congruentes porque estão em planos paralelos e seus lados são, respectivamente, paralelos. (c) Note que os triângulos e também são semelhantes, pois seus ângulos são congruentes, então, seus lados obedecem a uma razão de proporção: A1 B1 VA1 h1 = = . AB VA h Como os triângulos da base são semelhantes, temos: A1C1 B1C1 A1 B1 h1 = = = . AC BC AB h Considere B1 D1 e BD as alturas da secção e da base, então: A1 B1 B1 D1 h1 = = . AB BD h Finalmente, temos: . Proposição 2: duas pirâmides triangulares (tetraedros) de bases de áreas iguais e alturas congruentes têm volumes iguais. Demonstração: Suponha duas pirâmides triangulares (tetraedros) P1 e P2 de bases B1 e B2 , com áreas iguais e alturas congruentes h. Suponha Unidade 3 Book 1.indb 167 167 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina também que essas bases estão num mesmo plano α. Agora, seccione essas pirâmides por um plano β, paralelo a α, distando h’ dos vértices e determinando em P1 e P2 secções de áreas e . Pela proposição anterior, temos: Como B1 = B2 , segue que e . . Portanto, pelo princípio de Cavalieri, segue que as pirâmides triangulares P1 e P2 têm o mesmo volume. Proposição 3: o volume de uma pirâmide triangular é igual a um terço do produto da área da base pela medida da altura. Demonstração: Seja o prisma triangular reto, como o da figura a seguir: Figura 3.33 – Prisma triangular Faz-se o seguinte: Decompõe-se o prisma triangular em três pirâmides triangulares (tetraedros) e chama-se essas pirâmides de P1 , P2 e P3 . A decomposição desse prisma é feita segundo os planos ( D, B, C ) e ( D, E , C ) , conforme figura a seguir: 168 Book 1.indb 168 11/07/15 17:37 Geometria II Figura 3.34 – Cortes dos planos ( D, B, C ) e ( D, E , C ) Figura 3.35 – Três pirâmides P1, P2 e P3 Pela Figura 3.35, note que as pirâmides P1 e P2 têm bases iguais, pois a base de P1 e a base de P2 são os triângulos e , respectivamente, que são dois triângulos congruentes, pois são as bases do prisma. Note também que as alturas das pirâmides P1 e P2 são iguais, que é a própria altura do prisma. Então, temos que VP = VP , pela proposição 2. 1 2 Agora, novamente pela Figura 3.35, P2 e P3 também têm bases iguais, pois a base de P2 e a base de P3 são congruentes, porque são formadas pelos triângulos e , respectivamente, e estes triângulos são a metade do retângulo BCFE . As alturas das pirâmides P2 e P3 , também são iguais, pois é a distância do ponto D ao retângulo BCFE . Logo, VP = VP pela proposição 2. 2 3 Unidade 3 Book 1.indb 169 169 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Assim, concluímos que VP = VP = VP . Chame de V o volume dessas pirâmides. 1 2 3 Portanto, o volume do prisma triangular é a soma do volume das três pirâmides, ou seja, V prisma = VP1 + VP2 + VP3 V prisma = V + V + V = 3V 1 V = V prisma 3 O volume da pirâmide triangular é um terço do volume de um prisma. Como o volume de um prisma é o produto da área da base pela altura, então: Proposição 4: o volume de uma pirâmide qualquer é um terço do produto da área da base pela medida da altura. Demonstração: Seja Ab a área da base e h a medida da altura de uma pirâmide P qualquer. Suponha que a base dessa pirâmide é um polígono de n lados, então, o mesmo pode ser dividido em (n – 2) triângulos. Dessa forma, a pirâmide P pode ser decomposta em (n – 2) pirâmides triangulares, P1 , P2 , ..., Pn–2 com bases de áreas Ab , Ab , ..., . Assim, o volume da pirâmide P, segundo a proposição 3, é dado por: 1 2 170 Book 1.indb 170 11/07/15 17:37 Geometria II Exemplos: 1) Qual o volume de uma pirâmide regular hexagonal de altura h e aresta da base r? Solução: como a base é um hexágono regular, então a área da base dessa pirâmide é dada pela área do hexágono regular: . Dessa forma, o volume da pirâmide regular hexagonal é dado por: . 2) A aresta da base de uma pirâmide quadrada mede 6 cm e a altura 10 cm. Calcular o volume. 2 Solução: = Ab = l = 6 . 6 = 36 cm2 36 . 10 = 120 cm3 3 3) Calcule o volume de uma pirâmide de 12 cm de altura, sendo a base um losango cujas diagonais medem 6 cm e 10 cm. Solução: a base é um losango que tem área dada por: 2 cm . 3 Logo, o volume da pirâmide é: cm . Unidade 3 Book 1.indb 171 171 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Curiosidades Nos cálculos relacionados com volumes de sólidos geométricos, temos que relacionar, com frequência, as medidas de volume com as de capacidade. Veja o exemplo: se tivermos um cilindro reto contendo 0,9 litros de uma solução homogênea aquosa, que pesa 1,3 kg, qual é a densidade desta solução em g/cm3? Para resolver este problema, temos que transformar as unidades de medida adequadamente. Temos medidas em kg e litro e devemos converter em g e cm3, respectivamente. Observe: 1) As unidades de massa têm o grama como unidade padrão. Assim, temos: 1 quilograma (kg) = 1000 gramas (g), então: 1,3 quilogramas (kg) = 1300 gramas (g). 2) O volume tem como unidade padrão o m3. Cada unidade de volume é 1000 vezes maior ou menor que a unidade seguinte, por exemplo, 1 m3 = 1000 dm3 e 1 dm3= 1000 cm3. As unidades de capacidade têm como unidade padrão o litro (l); cada unidade de capacidade é 10 vezes maior ou menor que a seguinte, assim, um litro corresponde a 10 dl (decilitro) e 1 dl corresponde a 10 cl (centilitro) e 1 cl corresponde a 10 ml (mililitro), por exemplo. As conversões mais usadas são: 1m3 = 1000 litro (l) e 1 litro (l) = 1000 cm3 Logo, temos a relação: 1 dl = 1 dm3 e 1 ml = 1 cm3 Com essas comparações, temos que: 0,9 litro (l) = 900 cm3 Assim, a densidade da solução aquosa é: d= 1300g = 1,44g /cm 3 900cm 3 € 172 Book 1.indb 172 11/07/15 17:37 Geometria II Tronco de pirâmide Chama-se tronco de pirâmide de bases paralelas o sólido obtido da pirâmide que teve seccionada sua parte superior. Figura 3.36 – Pirâmide seccionada Figura 3.37 – Tronco de uma pirâmide O volume do tronco é determinado de forma análoga à determinação do volume do tronco da pirâmide: Vtronco de pirâmide = Unidade 3 Book 1.indb 173 173 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Onde: htp = altura do tronco de pirâmide; AB = área da base maior; Ab = área da base menor. Exemplo: Calcular o volume de um tronco de pirâmide reta, cujas bases são quadrados de lados 10 cm e 4 cm, sabendo que tem 6 cm de altura. Solução: AB = 10 . 10 = 100 cm 2 Ab = 4 . 4 = 16 cm2 V = 6 . 100 + 3 ( ( 100 . 16 + 16 = 312 cm3. 174 Book 1.indb 174 11/07/15 17:37 Geometria II EM SALA DE AULA Atividade: Análise da composição e cálculo da área de um prisma. Objetivo: Decompor e calcular a área de um prisma de base quadrangular. Material: Quadro, caneta e modelo de prisma em papel cartão. Procedimentos: 1- De posse do modelo de prisma, medir a aresta da base e altura. 2- Decompor o prisma, anotando as medidas em cada uma de suas partes. 3- Calcular as áreas de cada uma das partes e somar. 4- Identificar a expressão que determina a área total do prisma. Por exemplo, se o prisma reto for de base quadrada e a medida da aresta da base é 4 e a altura é 10, teremos a figura planificada a seguir. Figura 3.38 – Prisma planificado Ficam nítidas as duas bases e as quatro faces do prisma. Ab = 2 . (4 . 4) = 32 unidades de área. Al = 4 . (4 . 10) = 160 unidades de área. Área total: At = 192 unidades de área. Unidade 3 Book 1.indb 175 175 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Síntese Nesta unidade, você teve contato com os sólidos que não rolam: prismas, paralelepípedos, cubos e pirâmides. Percebeu-se que todo o estudo, até chegarmos às pirâmides, foi uma construção lenta e metódica, para que nada ficasse sem uma explicação plausível. Começamos com o estudo de áreas laterais e totais dos prismas, paralelepípedos e cubos, o que não deu muito trabalho, pois eram conceitos já estudados na geometria plana. Quando necessitamos do cálculo de volumes, o estudo ficou mais metódico e precisamos de algumas demonstrações, entre elas a razão entre paralelepípedos retângulos que nos levou em seguida ao cálculo do volume de um paralelepípedo e, consequentemente, de um cubo. Em seguida, tivemos contato com um resultado que estava ligado com o nosso personagem desta unidade, o chamado princípio de Cavalieri. Com ele, foi possível encontrarmos uma fórmula para o volume de um prisma. Finalmente, quando estudamos pirâmides, o mesmo princípio se fez necessário para chegarmos ao volume. Foi uma construção demorada, mas muito elegante. Dos sólidos que não rolam para os sólidos que rolam, e como rolam, destacaremos: o cone, o cilindro e a esfera. 176 Book 1.indb 176 11/07/15 17:37 Geometria II Atividades de autoavaliação 1) A base de um prisma reto com 6 cm de altura é um triângulo retângulo de catetos de 3 cm e 4 cm. Determine: (a) a área da base; b) a área da superfície lateral; c) a área da superfície total; d) o volume do prisma. 2) Uma pirâmide triangular regular tem a aresta da base igual à altura. Calcule a área da superfície total do sólido, sabendo que a área lateral mede 12 cm2 . 3) Um prisma hexagonal regular tem área da superfície da base igual a 24 3 cm2. Calcule seu volume, sabendo que a altura é igual ao apótema da base. 4) Calcule, em litros, o volume de uma caixa-d’água em forma de prisma reto, de aresta lateral de 6 m, sabendo que a base é um losango cujas medidas das diagonais são 7 m e 10 m. 5) Uma piscina retangular de 10 m x 15 m, de fundo horizontal, está com água até 1,5 m de altura. Um produto químico deve ser adicionado à água à razão de um pacote para cada 4500 l. Qual o número de pacotes necessários para essa piscina? 6) A área total da superfície de um cubo é 150 m2. Calcule a medida de sua aresta. 7) Qual a natureza de uma pirâmide que possui a) 6 faces e b) 11 faces? Unidade 3 Book 1.indb 177 177 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina 8) Calcule a área da superfície total, a altura e o volume de uma pirâmide regular de base quadrada, cuja aresta da base mede 6 cm e cuja aresta lateral mede 34 m. 9) Uma pirâmide regular quadrangular tem apótema igual a 9 cm. Sendo o lado da base de 4 cm, calcule: a) a área da base; b) a área de cada face lateral; c) a altura da pirâmide; d) a área da superfície lateral da pirâmide; e) o volume da pirâmide. 10) Calcule a área da superfície total de uma pirâmide quadrangular regular de 8 cm de altura, cuja base está inscrita numa circunferência de 6 2 cm de raio. 11) Uma pirâmide regular hexagonal tem a apótema da base igual a 6 cm. Sabendo que o apótema da pirâmide vale 10 cm, calcule o seu volume. 178 Book 1.indb 178 11/07/15 17:37 Geometria II Saiba mais A Revista do Professor de Matemática é muito interessante e traz diversos problemas e curiosidades relacionados à Geometria. É uma excelente leitura para professores e futuros professores de Matemática. Destaca-se para esta unidade o artigo: VANDERLINDE, M. J. Material concreto relacionando volumes de prisma e pirâmide. Revista do professor de matemática, 13, 2º. semestre de 1988, p. 55-56. São Paulo: RPM, 1988. Unidade 3 Book 1.indb 179 179 11/07/15 17:37 Book 1.indb 180 11/07/15 17:37 UNIDADE 4 Sólidos que rolam Objetivos de aprendizagem Identificar os elementos de um cilindro. Classificar cilindros quanto ao seu tipo. Calcular área da superfície de um cilindro e o volume do cilindro. Identificar os elementos de um cone. Classificar cones quanto ao seu tipo. Calcular área da superfície de um cone e volume do cone. Discutir a diferença entre superfície esférica e esfera. Calcular área de superfície esférica e volume da esfera. 4 Seções de estudo Book 1.indb 181 Seção 1 Cilindros Seção 2 Cones Seção 3 Esferas Seção 4 Problemas quentes 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de conversa Além dos objetos geométricos estudados até aqui, existem outros que não são considerados poliedros, mas fazem parte do estudo da Geometria por estarem presentes na vida humana e serem de interesse de estudo da humanidade. Neste trabalho, esses objetos serão chamados de “sólidos que rolam”. Eles têm como principal característica o fato de utilizarem círculos e circunferências em sua construção. Figura 4.1 – Sistema solar: esferas Nesta unidade, estudaremos os sólidos cilindro, cone e esfera considerados sólidos que rolam. 182 Book 1.indb 182 11/07/15 17:37 Geometria II Euclides: Olá, George, como vai? George: Euclides, você aqui? Euclides: Sim, meu rapaz, eu o acompanharei nessa última unidade. George: Que bom! Mas o que veremos? Euclides: Vamos falar de um tipo de sólidos que envolvem figuras circulares. Você, com certeza, tem contato com essas figuras no seu dia a dia. George: É mesmo? Euclides: Claro! Preste atenção à sua volta e entenderá o que estou falando. George: Os estudos vão ajudar, não? Euclides: Já te falei que você anda bem espertinho? George: Tá legal, nem precisa começar, vamos à luta! Euclides: Até mais. Unidade 4 Book 1.indb 183 183 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Seção 1 – Cilindros A figura geométrica chamada de cilindro está presente no nosso cotidiano. É só você olhar para os lados que verá, por exemplo: um canudo utilizado para tomar um suco, uma lata de legumes ou doce em conserva, os tubos de encanamento e fiação de sua casa. Vamos iniciar o estudo do cilindro observando como ele é gerado e conhecendo seus elementos. Construção Considere na Figura 4.2: Dois planos paralelos α e β. Um círculo C contido em α. Uma reta r que intercepta α e β, mas não intercepta C. Figura 4.2 – Construção do cilindro Os pontos de intersecção das retas paralelas a r, passando por C, formam um círculo C’ contido no plano β. 184 Book 1.indb 184 11/07/15 17:37 Geometria II O cilindro é a reunião de todos os segmentos paralelos a r com uma extremidade no círculo C e outra extremidade no círculo determinado C’. Figura 4.3 – Cilindro Superfície cilíndrica Chama-se superfície cilíndrica a reunião de todas as retas paralelas a uma reta r e que interceptam uma curva. Veja na Figura 4.4 a ideia de uma superfície cilíndrica. Figura 4.4 – Superfície cilíndrica Unidade 4 Book 1.indb 185 185 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Elementos São elementos de um cilindro: bases: círculos congruentes situados nos planos paralelos; geratrizes: segmentos de retas com extremidades nos pontos das bases; eixo: segmento de reta que passa pelos centros das bases; altura (h): distância entre os planos que contêm as bases; raio (r): raio das bases. Figura 4.5 – Elementos do cilindro Existem cilindros cujas bases não são círculos. Por exemplo, os cilindros elípticos, cujas bases são elipses. Nesse livro, porém, iremos trabalhar apenas com cilindros cujas bases são círculos. Veja no EVA mais informações sobre cilindros elípticos. 186 Book 1.indb 186 11/07/15 17:37 Geometria II Classificação Os cilindros são classificados segundo: 1) A inclinação das geratrizes: Cilindro circular reto é aquele cujas geratrizes são perpendiculares aos planos que contêm as bases; Cilindro oblíquo é aquele cujas geratrizes são oblíquas aos planos que contêm as bases. Figura 4.6 – Cilindro circular reto e cilindro oblíquo Para continuar o nosso raciocínio, vamos definir uma outra ideia de superfície. Superfície de revolução Dadas uma curva C e uma reta r. Chama-se superfície de revolução a superfície gerada pela rotação (ou revolução) dessa curva em torno da reta (eixo). Unidade 4 Book 1.indb 187 187 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Figura 4.7 – Superfície de revolução Observe que, se girarmos a curva C em torno da reta r, cada ponto de C descreve um círculo contido em um plano perpendicular ao eixo r e de centro nesse eixo. Assim, podemos definir a superfície como a reunião desses círculos. Com isso, dizemos que um cilindro circular reto é um Cilindro de Revolução, já que ele pode ser considerado um sólido obtido pela rotação de um retângulo em torno de um eixo. Dessa forma, o cilindro apresenta o mesmo diâmetro ao longo de todo seu comprimento e sua superfície é a reunião de círculos de mesmo raio. Figura 4.8 –Cilindro de revolução ou circular reto 188 Book 1.indb 188 11/07/15 17:37 Geometria II Suas dimensões Chama-se cilindro equilátero aquele cuja seção meridiana (intersecção do cilindro com um plano que contém a reta OO’ ) é um quadrado de lados 2r. Figura 4.9 – Cilindro equilátero Superfícies Também podemos analisar as superfícies planificando um cilindro. Para isso, imaginamo-nos recortando o cilindro em torno das bases, sem desprender o corpo dos círculos, e cortando em uma geratriz na superfície lateral. Figura 4.10 – Planificação do cilindro Unidade 4 Book 1.indb 189 189 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Superfície lateral: é a reunião das geratrizes; Figura 4.11 – Superfície lateral do cilindro Superfície total: é a soma da superfície lateral com os círculos das bases. Figura 4.12 – Superfície total Área Para calcularmos área da superfície total do cilindro, vamos aplicar um novo conceito, expresso pelo cálculo de “área em corpos redondos”. Para aplicarmos esse conceito, precisamos de algumas relações métricas no círculo e na circunferência. 190 Book 1.indb 190 11/07/15 17:37 Geometria II Lembre-se de que, dada uma circunferência de raio r: o comprimento da circunferência C é dado por C = 2 π r; a área da circunferência ACircunferência = π r2. Área superfície lateral do cilindro (ASLC ) Observe que a superfície lateral do cilindro é um retângulo cuja altura é igual à altura do cilindro e o comprimento é igual ao comprimento do círculo, como na Figura 4.13: Figura 4.13 – Área da superfície lateral do cilindro Nesse caso, a área da superfície lateral é dada por: ASLC = 2 π r h Área da superfície total de um cilindro (ASTC ) A área total do cilindro é a soma da área lateral com as áreas das bases. Assim: ASTC = 2 π r . h + 2 π r2 = 2 π r (h + r) ASTC = 2 π r (h + r) Unidade 4 Book 1.indb 191 191 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Exemplos: 1) Dado um cilindro reto, cuja área da superfície lateral é igual a 30 π cm2 e cuja altura é igual a 5 cm, determine a área da superfície total. Solução: ASlC = 2π r h = 30 π , mas h = 5 2π r 5 = 30 π ⇒ π r = 3π ⇒ r = 3π / π ⇒ r = 3 cm Então: ASTC = ASlC + 2 π r2 = 30 π + 2 π (3 )2 ⇒ ASTC = 30 π + 18 π = 48 π cm2 2) Calcular a área da superfície total e o diâmetro de um cilindro reto de 10 cm de altura, sendo que a área da superfície lateral é igual à soma das áreas das bases. Solução: ASLC = AB ⇒ 2 π r . h = 2 π r2 ⇒ r = h r = 10 cm ASTC = 2 π r (h + r) = 2 π 10 (10 + 10) = 400 π cm 2 . Assim, o diâmetro é de 20 cm e a área total de, aproximadamente, 400π cm2. Volume de um cilindro (VCilindro) Teorema 4.1: o volume de um cilindro é o produto da área da base pela medida da altura. Assim: VCilindro = π r2 h. 192 Book 1.indb 192 11/07/15 17:37 Geometria II Demonstração: Vamos mostrar essa conclusão utilizando o princípio de Cavalieri e o volume do prisma. Dados um cilindro de altura h e área da base BC , e um prisma também de altura h e base BP, tal que as bases sejam equivalentes (áreas iguais). Considerando que os dois sólidos têm as bases num plano α, conforme a Figura 4.14. Se um plano β paralelo a α secciona o cilindro e o prisma a uma mesma altura, ele gera secções congruentes às respectivas bases. Figura 4.14 – Prisma e cilindro Portanto, pelo princípio de Cavalieri, o cilindro e o prisma têm o mesmo volume, ou seja: V Cilindro = V Prisma. Mas vimos que o volume do prisma é dado pelo produto da área da base, denotada por AB , pela altura, assim: VCilindro = AB h VCilindro = π r2 h Exemplos: 1) Dado um cilindro equilátero de raio 15 cm, calcule a área da superfície lateral, a área da superfície total e o volume: Unidade 4 Book 1.indb 193 193 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Solução: Se o cilindro é equilátero, a altura é igual ao diâmetro da base, então: h = 2r a) A área da superfície lateral: ASLC = 2π r h= 2π r 2r = 4π r2 = 4π 152= 900 π cm2 b) A área da superfície total: ASTC = ASLC + 2 π r2 =4π r2 + 2 π r2 = 6 π r2 = 6 π 152 =1350 π cm2 c) O volume do cilindro: � r 2h = π 2� r 3 = 2π 153 = 6750 π cm3 V Cilindro = π � r 2 2 r = 2π 2) Suponha que desejamos confeccionar uma lata cilíndrica especial para acondicionar dois litros de azeite de oliva, em comemoração aos 100 anos da marca. Por uma questão de aproveitamento da chapa a ser cortada na fabricação, a altura da lata foi limitada em 30 cm. Assim sendo, qual deverá ser o diâmetro da lata? Solução: 1000 1 m3 = 1.000.000 cm3 2 x x = 2000 cm3 . V = π r2 h ⇒ r = = ≅ 4,6 cm Ou seja, a lata deveria apresentar diâmetro aproximado de 9,2 cm. 194 Book 1.indb 194 11/07/15 17:37 Geometria II 3) Determine o volume de um cilindro circular reto gerado pela rotação de um retângulo de altura 6 cm e largura 3 cm. Solução: VC = π r2 h = π 32 6= 54 π cm3 4) Determine o volume de um cilindro circular reto gerado pela rotação de um retângulo de altura 3 cm e largura 6 cm. Solução: VC = π r2 h = π 62 3= 108 π cm3 Unidade 4 Book 1.indb 195 195 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Curiosidades Exemplificação do princípio de Cavalieri Se construirmos um cilindro e um prisma, ambos com a mesma altura e área da base, podemos constatar que a medida da área em qualquer secção horizontal é também equivalente e, portanto, os volumes dos dois sólidos também são equivalentes. Figura 4.15 – Representação de volume de cilindro e prisma Na representação, as secções horizontais têm a mesma área no prisma e no cilindro, logo, os volumes são iguais. Seção 2 – Cones Você também tem contato com cones no seu dia-a-dia. Pense numa casquinha de sorvete, ou num chapéu de bruxa, todos trazem a ideia de um cone. Vamos começar a falar de cones também a partir da ideia de sua geração. 196 Book 1.indb 196 11/07/15 17:37 Geometria II Construção Considere na Figura 4.16: Um plano α; Um círculo C contido em α; Um ponto V fora do plano α. Figura 4.16 – Construção do cone Cone é o conjunto de todos os segmentos de extremidades em V e dos pontos pertencentes ao círculo C. Figura 4.17 – Cone Unidade 4 Book 1.indb 197 197 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Superfície cônica Chama-se superfície cônica a figura geométrica espacial formada pelo conjunto de todos os segmentos com uma das extremidades no círculo C e outra no ponto V, junto ao círculo C. Elementos São elementos de um cone: base: círculo de centro O e raio r; vértice: um ponto que não pertence ao círculo, nem está contido no mesmo plano que contém o círculo; geratrizes (g): segmentos de retas com uma extremidade no ponto V e outra nos pontos da circunferência da base; raio (r): raio da base; altura (h): distância entre o plano que contém a base e o vértice. Figura 4.18 – Elementos do Cone 198 Book 1.indb 198 11/07/15 17:37 Geometria II Classificação 1) Em relação à inclinação que a reta VO faz com o plano da base, temos que: o cone circular reto é aquele cuja reta VO é perpendicular ao plano que contém a base; o cone circular oblíquo é aquele cuja reta VO é oblíqua ao plano que contém a base. Figura 4.19 – Cone circular reto e oblíquo Também podemos chamar um cone circular reto de Cone de Revolução, já que esse é gerado pela rotação de um triângulo retângulo em torno de um eixo que contém um de seus catetos. Figura 4.20– Cone de revolução Unidade 4 Book 1.indb 199 199 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina 2) Em relação às suas dimensões Chama-se cone equilátero aquele cuja seção meridiana (intersecção do cone com um plano que contém a reta VO ) é um triângulo equilátero. Figura 4.21 – Cone equilátero Superfícies O cone planificado ajuda na análise das superfícies. Para isso, seguimos a mesma ideia que usamos na planificação do cilindro: imaginamo-nos recortando o cone em torno das bases, sem desprender o corpo do círculo e cortamos em uma geratriz na superfície lateral. Figura 4.22 – Planificação do cone 200 Book 1.indb 200 11/07/15 17:37 Geometria II Superfície lateral: é a reunião das geratrizes. Veja a Figura 4.23. Essa superfície coincide com o setor circular de um círculo de raio g; Figura 4.23 – Superfície lateral do cone Superfície total: é a reunião da superfície da base com a superfície lateral, como na Figura 4.24. Figura 4.24 – Superfície total do cone Área Por ser um corpo que rola, para calcular a área do cone também vamos utilizar relações métricas no círculo e da superfície da circunferência. Além daquelas mostradas durante o cálculo da área da superfície do cilindro, vamos relembrar a área de um setor circular. Unidade 4 Book 1.indb 201 201 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Seja um círculo de centro em O e raio r. Um setor circular é uma região limitada por dois raios e um arco do círculo. Veja a Figura 4.25. Figura 4.25 – Setor circular Para determinar a área do setor circular em função do raio e do comprimento do arco de circunferência, admitimos: r como o raio; l como o comprimento do arco, do setor circular, em radianos. Utilizando a regra de três: O comprimento da circunferência está para a área da circunferência assim como o comprimento do setor (l) está para a área do setor circular; 2 π r π r2 A setor ou Asetor = .r 2 Concluímos que a área do setor circular está relacionada ao comprimento desse setor e ao raio da circunferência. Mas note, 202 Book 1.indb 202 11/07/15 17:37 Geometria II na Figura 4.26, que o setor circular determinado pelo arco de comprimento l, num círculo de raio, r é equivalente a um triângulo isósceles de base l e de altura r. Figura 4.26 – Área do setor circular E, portanto: ASetor = (comprimento do arco)(raio) 2 Área da superfície lateral do cone (ASLCone) Como na superfície lateral do cone, o raio mede g (comprimento da geratriz) e o comprimento do arco mede 2πr, deduzimos que a área lateral do cone é dada por: ASLCone = ⇒ ASLCone = π r g Área da superfície total do cone ( ASTCone) A área total é a soma da área lateral com a área da base. Assim, ASTCone = ASLCone + AB ASTCone = π r g + π r2 ASTCone = π r (g + r) Unidade 4 Book 1.indb 203 203 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Observação: note que em um cone circular reto vale a relação g 2 = h2 + r 2 . Volume do cone (VCone) Vamos aplicar o princípio de Cavalieri para mostrar como determinar o volume de um cone. Teorema 4.2: o volume de um cone de altura h e raio da base r, é dado por: Demonstração: Sejam um tetraedro de altura h e área da base BT e um cone também de altura h e área de base BC , com as bases equivalentes, se os dois sólidos têm as bases num mesmo plano α e os vértices estão num mesmo semiespaço determinado por α, então, qualquer plano β paralelo a α, como na Figura 4.26, secciona o tetraedro e o cone, gerando áreas BT ’ e BC ’ a uma distância h’ dos vértices, tal que: e Logo: B 'T B 'C ⇒ = BT BC B 'C = B 'T . Figura 4.27 – Tetraedro e cone 204 Book 1.indb 204 11/07/15 17:37 Geometria II Portanto, pelo princípio de Cavalieri, o volume do cone e o volume do tetraedro são iguais, ou seja: V Cone = V Tetraedro E como o volume do tetraedro é dado por: 1 VTetraedro = B.h 3 Temos que: 1 VCone = B.h 3 Exemplo: Dado um cone circular reto de altura 12 cm e raio da base igual a 4 cm, calcule a área lateral, a área total e o volume do cone. Solução: precisamos, primeiramente, calcular a geratriz desse cone. Temos que: g 2 = h2 + r 2 g 2 = 144 + 16 = 160 . Logo, a área lateral é dada por: cm2. Já a área total deste cone é: ASTCone = π r (g + r) ASTCone cm2 ASTCone Unidade 4 Book 1.indb 205 205 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Finalmente, o volume deste cone é dado por: 3 cm . Tronco de cone reto Dado um cone circular reto, cuja base C está contida em um plano α, traçamos um plano β paralelo ao plano α, interceptando o cone em um ponto distinto do vértice V. Essa intersecção é uma circunferência C’ e, assim, o cone original fica dividido em duas partes, um cone cujo vértice é V e a base é C’, e outra parte chamada tronco do cone, com duas bases C e C’, como na Figura 4.28. Figura 4.28 – Construção do tronco do cone Área da superfície lateral e volume de um tronco de cone reto Para obter o volume do tronco de um cone aplicamos novamente o princípio de Cavalieri, comparando o tronco do cone ao de uma pirâmide. Ou seja, o princípio de Cavalieri garante que o volume de um tronco de cone é igual ao volume de um tronco de pirâmide de mesma altura. Temos, então: htp V TroncoCone = V TroncoPirâmide = 3 . (A B + ( A B . A b + Ab = 206 Book 1.indb 206 11/07/15 17:37 Geometria II htc . π R2 + 3 ( ( π R 2 . π r 2 +π r 2 . Ou: V TroncoCone = . (R 2 + R . r + r2) A área da superfície lateral do tronco de um cone é dada por: ALateralTroncoCone= π (R + r) . g A superfície lateral de um tronco de cone reto de raios R e r e geratriz g é equivalente a um trapézio de bases 2 π R e 2 π r e altura g. A área total é a soma da área lateral com a área da base. Assim, A Tronco do Cone = A + Ab A Tronco do Cone = π (R + r) g + π R 2 + π r2 A Tronco do Cone = π[R (g + R) + r (g + r)] Unidade 4 Book 1.indb 207 207 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Exemplos: 1) Um copo tem a forma de um tronco de cone, com o diâmetro da boca igual a 6 cm, o diâmetro do fundo igual a 5 cm e altura de 10 cm (todas as medidas são internas). Qual o volume máximo de água que o copo pode conter sem derramar? Vcopo = . (32 + 3 . 2,5 + 2,52) ≅ 238,24 cm 3. Ou, aproximadamente, 0,238 . 2) Uma base de troféu é um tronco de cone (raio menor de 4 cm, raio maior de 5 cm e altura de 7 cm) e precisa ser pintada: laterais e parte superior. Se for cobrado R$ 50,00/m2, quanto custará a pintura? Apintada = Al + Ab = π (R + r) g + π r2 Como não temos g, devemos calculá-lo: g2 = h2 + (R − r)2 g= = 50 ≅ 7,07 cm Apintada = π (5 + 4) 50 + π 42 ≅ 250,2 cm2 208 Book 1.indb 208 11/07/15 17:37 Geometria II A área a ser pintada equivale a, aproximadamente, 0,025 m2. Assim, o valor da pintura será: Custo Pintura = 0,025 × 50,00 = R$ 1,25. Curiosidades É possível analisar a variação do volume de um cone de altura fixa em função do raio. Se usarmos um software de representação e cálculo de volume, mantendo a altura fixa, podemos analisar o comportamento da variação do volume quando aumentamos a medida do raio da base. Observe a figura a seguir. Figura 4.29 – Variação de volume de um cone Vejamos os dados calculados na tabela. Tabela 4.1 – Relação raio e volume para cones Raio 0,1406 0,4705 1,1607 2,0052 3,0283 4,1731 Volume 0,1299 1,4559 8,859 26,44 60,3056 114,5168 continua... Unidade 4 Book 1.indb 209 209 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina continuação Usando uma planilha de cálculos com os valores da tabela, podemos aproximar uma curva quadrática. Figura 4.30 – Gráfico da função Na equação obtida, percebemos a preponderância do coeficiente de x2 em relação aos demais, insignificantes, resultado das aproximações realizadas na tabela, a rigor, iguais a zero. Pode-se estimar que y = 6,5758 x2, portanto, comportamento quadrático. Mesmo valor poderia ser conferido na expressão do volume do cone: 1 V = πR 2 h = 6,573R 2 3 € 210 Book 1.indb 210 11/07/15 17:37 Geometria II Seção 3 - Esfera Como outros sólidos geométricos, a esfera pode ser vista em diversas situações da nossa vida. Nem precisamos procurar muito para encontrar exemplos de esferas, desde o globo terrestre, bolas de futebol, basquete e tênis, até pérolas encontradas no fundo do mar. Figura 4.31 – Exemplos de esferas Construção Considere, como na Figura 4.32: um ponto O; um segmento de medida r; Figura 4.32 – Construção da esfera Ao conjunto de pontos do espaço cuja distância de O é menor ou igual a r, chamamos de esfera. Unidade 4 Book 1.indb 211 211 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Figura 4.33 – Esfera Elementos São elementos de uma esfera: Centro: o ponto O ; Raio: o segmento não nulo R cuja extremidade é O; Pontos interiores: são pontos do espaço cuja distância do centro é menor que R; Cordas: são segmentos com extremidades nos pontos que distam R do centro; Diâmetro: é uma corda que passa pelo centro O; Secção: é qualquer intersecção de um plano que possua ponto interior com a esfera; Eixo: é qualquer reta que contém o centro O; Polos: são os pontos de intersecção do eixo com os pontos que distam R do centro O; Equador: é a secção (circunferência) perpendicular ao eixo, pelo centro da esfera; Paralelo: é uma seção perpendicular ao eixo; Meridiano: é uma seção cujo plano passa pelo eixo; 212 Book 1.indb 212 11/07/15 17:37 Geometria II Distância polar: é a distância de um ponto qualquer de um paralelo ao polo. Figura 4.34 – Elementos da esfera Superfície esférica Existe uma diferença entre superfície esférica e esfera: Chama-se superfície esférica de centro O e raio R o conjunto dos pontos do espaço cujas distâncias do centro O são iguais ao raio R. Chama-se esfera de centro O e raio R o conjunto dos pontos do espaço cujas distâncias ao centro O são menores ou iguais ao raio R. Observe que existe uma diferença entre superfície esférica e esfera. Podemos considerar informalmente que a esfera é um sólido “maciço”, já a superfície esférica é o conjunto de pontos que formam a “casca” da esfera. Tanto a superfície esférica como a esfera podem ser geradas, e podemos chamá-las de superfície de revolução e sólido de revolução, respectivamente. Unidade 4 Book 1.indb 213 213 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina A superfície esférica de centro O e raio R é uma superfície gerada pela rotação de uma semicircunferência de raio R em torno do diâmetro. Figura 4.35 – Geração de uma superfície esférica Esfera de centro O e raio R é o sólido gerado pela rotação de um semicírculo de raio R em torno de seu diâmetro. Figura 4.36 – Geração de uma esfera Lembre-se de que círculo e circunferência são diferentes. 214 Book 1.indb 214 11/07/15 17:37 Geometria II Posições relativas entre plano e esfera Dados uma esfera e um plano, vamos analisar as posições desse plano em relação à esfera. Caso 1: Plano e esfera são disjuntos O plano e a esfera não possuem pontos em comum. Figura 4.37 – Plano e esfera disjuntos Caso 2: Plano e esfera são tangentes Plano e esfera têm um único ponto P em comum. Figura 4.38 – Plano e esfera tangentes Unidade 4 Book 1.indb 215 215 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Caso 3: Plano e esfera são secantes Plano e esfera têm mais de um ponto em comum. Figura 4.39 – Plano e Esfera Secantes Área e volume George: Euclides, socorro. Euclides: O que foi, rapaz? Você parece apreensivo. George: Estou um pouco assustado com esse novo assunto, parece-me que calcular área e volume de esferas não é muito fácil. Euclides: Calma, George... você sabia que foi Arquimedes que deduziu como determinar a área da superfície esférica e o volume da esfera? 216 Book 1.indb 216 11/07/15 17:37 Geometria II George: Arquimedes? Como ele fez isso? Euclides: Sim, vou te contar. Para determinar o cálculo do volume da esfera, Arquimedes utilizou o princípio da Exaustão desenvolvido pelo matemático grego Eudoxo. Ou seja, Arquimedes tomou duas vasilhas, uma cônica e outra esférica com o raio da semiesfera igual ao raio da base do cone e altura do cone igual ao raio da semiesfera. Começou, então, a despejar água em uma das vasilhas e transferir para a outra. Percebeu que, despejando duas vezes o conteúdo da vasilha cônica no interior da vasilha semiesférica, essa ficava cheia, ou seja, a capacidade da semiesfera era o dobro da capacidade do cone. Chegou à seguinte conclusão: “O volume da esfera é igual a quatro vezes o volume do cone, sendo o raio da esfera igual à altura e ao raio da base do cone”. George: Nossa, Euclides! Deve ter dado um trabalhão. Euclides: É, mas essa foi a única forma que ele encontrou para obter esse resultado. George: Beleza, posso usá-lo? Euclides: Pode, sim. Mas não se esqueça de que na matemática devemos ter as conclusões provadas com embasamento teórico. Na sequência você verá que essas conclusões foram também provadas utilizando o princípio de Cavalieri. E preste atenção: primeiro demonstra-se o volume da esfera para utilizar essa conclusão no cálculo da área da superfície esférica. George: Ah, é? Então elas já têm uma base teórica e, portanto, posso utilizá-las? Euclides: Isso mesmo. Siga em frente. Para determinarmos a área da superfície de uma esfera, precisamos do cálculo do volume da esfera. Teorema 4.3: o volume da esfera de raio R é dado por Vesfera = 4 π R 3 3 Demonstração: Considere um cilindro equilátero de raio R, com base num plano α, e uma superfície esférica também de raio R tangente a α, como na Figura 4.40. Unidade 4 Book 1.indb 217 217 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Figura 4.40 – Esfera e cilindro Consideremos dois cones com mesmo vértice C, no interior do cilindro. Um plano β que corta os sólidos nos fornece como seções com a esfera e com o cilindro um círculo e uma coroa circular, respectivamente. Suponha que o raio do círculo seja s, para determinarmos o raio da circunferência interna da coroa circular, tomemos o triângulo ABC, conforme a Figura 4.40. Observe que esse triângulo é um triângulo retângulo isósceles, ou seja, , assim AB = d. Dessa forma, a circunferência interna da coroa circular tem raio d, como mostra a Figura 4.41. Figura 4.41 – Círculo e Coroa Circular Já da esfera temos um triângulo retângulo com catetos s e d e hipotenusa R, como mostra a Figura 4.40. Logo, garantimos que: . R 2 = s 2 + d 2 , ou ainda, Portanto, as áreas do círculo e da coroa são: Acirculo= π s2 = π ( R 2- d 2) Acoroa circular = π R 2- π d 2 = π ( R 2- d 2). 218 Book 1.indb 218 11/07/15 17:37 Geometria II E como as seções possuem áreas iguais, pelo princípio de Cavalieri, o volume da esfera é igual ao volume do cilindro menos o volume dos cones. VEsfera = VCilindro - VCone1 - VCone2 . V Esfera = Teorema 4.34: a da área superfície esférica (casca) de raio R é: Aesfera = 4 π R 2 Demonstração: Vamos supor aqui que a superfície esférica tenha uma espessura, a qual chamaremos de “casca esférica”. Para isso, tomemos duas esferas concêntricas de raios R + ε e R, assim, a casca esférica teria espessura ε, consequentemente, um volume dado por: VCasca Esférica= V Esfera de Raio R + ε - V Esfera de Raio R VCasca Esférica= VCasca Esférica= . Fazendo ε diminuindo até 0 (zero), o que chamamos de “casca esférica” se transformou na superfície da esfera, a qual possui uma área que pode ser determinada por: ASuperfície Esférica= Unidade 4 Book 1.indb 219 219 11/07/15 17:37 Universidade do Sul de Santa Catarina Existem outras demonstrações para esse teorema. Que tal procurar? Exemplos: Se a área de um círculo máximo de uma esfera é igual a 100 π cm2, calcule a área da superfície esférica e o volume da esfera. Solução: Um círculo máximo de uma esfera contém o centro da esfera, então: A Círculo = π r2 = 100 π r2 = 100 r = 10 cm A Superfície esférica = 4 π r2 ASuperfície esférica = 400 π cm 2 V Esfera = V Esfera = V Esfera = . 220 Book 1.indb 220 11/07/15 17:37 Geometria II Curiosidades A relação entre cubo e esfera pode ser analisada e descrita quando a esfera está inscrita ou circunscrita ao cubo. Veja as situações a seguir. 1) Se a esfera está circunscrita ao cubo, vai tocar todos os vértices desse, assim, a diagonal do cubo é igual ao diâmetro da esfera. Figura 4.42 – Esfera circunscrita ao cubo 2) Se a diagonal do cubo é dada por D = a 3 e o diâmetro da esfera é 2R, podemos escrever que € O volume do cubo é dado por: O volume da esfera é: A relação entre o volume do cubo e da esfera é: continua... Unidade 4 Book 1.indb 221 221 11/07/15 17:38 Universidade do Sul de Santa Catarina continuação 3) Se a esfera está inscrita no cubo, vai tocar todas as faces do cubo, assim, o lado do quadrado equivale ao diâmetro da esfera. Figura 4.43 – Esfera inscrita ao cubo Assim, a aresta O volume do cubo é: O volume da esfera é: A relação entre o volume do cubo e da esfera é: 222 Book 1.indb 222 11/07/15 17:38 Geometria II Seção 4 – Problemas quentes Nesta seção, vamos aplicar alguns conceitos apresentados no livro. Observe que podemos utilizar esses conceitos em várias situações. Antes de olhar a resolução, tente resolver cada exercício, de acordo com o que foi apresentado. Boa Sorte! 1) Calcule o volume de um cubo circunscrito numa superfície esférica de raio R. Solução: Como o cubo está circunscrito no cubo de raio R, segue que o lado do cubo é igual ao diâmetro da superfície esférica. Seja l a medida do lado do cubo e d = 2 R o diâmetro da superfície esférica, então: Vcubo = l 3 = d 3 = (2 R)3 Vcubo = 8 R 3 2) Uma esfera está inscrita num cilindro equilátero de raio R. Qual é a razão entre o volume V1 da esfera e o volume V2 do cubo? Solução: Como a esfera está inscrita no cilindro, segue que a altura do cilindro é igual ao diâmetro da esfera. Assim, h = 2 R , logo: Então: . Ou seja, a razão entre o volume da esfera e o volume do cilindro é 2. 3 Unidade 4 Book 1.indb 223 223 11/07/15 17:38 Universidade do Sul de Santa Catarina 3) Um caminhão basculante tem carroceria com dimensões 3,40m de comprimento, 2,50m de largura e 0,80m de altura. Calcule quantas viagens deverá fazer para transportar 136 m3 de areia. Solução: O basculante do caminhão é um paralelepípedo, cujo volume é dado por: V = 6,80 m 3 3 Para transportar 136 m , ele deverá dar um número de viagens igual a 136 = 20 . 6,8 4) Uma piscina para criança em forma de um paralelepípedo tem por base um retângulo de lados 2 m e 1,80 m. Um objeto, ao ser imerso completamente nessa piscina, faz o nível da água subir 0,095 m. Qual o volume desse objeto? Solução: O volume do objeto é igual ao volume de água deslocado, que corresponde à elevação de 0,095 m no nível da água, então, temos: 3 m . 5) De uma civilização antiga, foi descoberta uma pequena pirâmide cuja face lateral é formada por quatro triângulos equiláteros, com aresta igual a 6 m. As inscrições encontradas relatam a existência de um baú de ouro maciço em forma de cubo 1 dentro da pirâmide, cuja aresta é da altura da pirâmide. Qual 3 o volume do cubo? 224 Book 1.indb 224 11/07/15 17:38 Geometria II Solução: Vamos, primeiramente, calcular o apótema da pirâmide e como, os triângulos são equiláteros, o apótema da pirâmide é exatamente a altura do triângulo. Para encontrar o apótema da pirâmide, usamos o teorema de Pitágoras: m. 62 = g 2 + 32 Para encontrar a altura da pirâmide, usamos a relação: g 2 = h 2 + m 2 , onde m é o apótema da base da pirâmide e vale 3 m. Então: m. (3 3) 2 = h 2 + 32 Agora a aresta l do cubo é 1 da altura da pirâmide, então: 1 1 l = h = 3 2 = 2 m. 3 3 3 3 Portanto, o volume do cubo é: V = l 3 = ( 2)3 = 2 2 = 2,82 m . 6) Um copo em forma de um cilindro tem 16 cm de altura e 4 cm de diâmetro. O copo é preenchido com 18 bolinhas de gude de raio 1 cm. Obviamente, entre as bolinhas sobra um espaço, que é preenchido com um líquido. Qual o volume de líquido entre as bolinhas? Solução: Temos que o volume do copo é dado por: 3 cm . Já as bolinhas são esferas, 3 portanto, cm . Como temos 18 bolinhas, temos que o volume total de bolinhas é 3 cm . Unidade 4 Book 1.indb 225 225 11/07/15 17:38 Universidade do Sul de Santa Catarina O volume de líquido dentro do copo é dado por: 3 cm . 7) Um joalheiro fundiu uma esfera de ouro de raio 6mm para transformá-la num bastão cilíndrico reto, cujo raio da base era igual ao da esfera. Calcule o comprimento do bastão. Solução: O comprimento do bastão é a altura do cilindro. Como a esfera de ouro se transformou num bastão, segue que o volume não se alterou, logo: Vesfera = Vcilindro mm. 8) São dados um cone equilátero e um cilindro reto de revolução. Esses sólidos têm a mesma altura e o mesmo volume. A área lateral da superfície do cilindro é igual à área total da superfície do cone. Exprima o volume do cone em função do seu raio r. Solução: Seja h1 a altura do cone e h2 a altura do cilindro. Temos que h1 = h2 = h . Mas como o cilindro é reto, então, h = 2 R . Também temos que Vcone = Vcilindro . Considere R o raio do cilindro e r o raio do cone. A área lateral da superfície do cilindro é dada por A área total da superfície do cone é dada por Mas, como o cone é equilátero, temos que, g = 2r , então: . . 226 Book 1.indb 226 11/07/15 17:38 Geometria II , agora: Al = AT Assim, . Unidade 4 Book 1.indb 227 227 11/07/15 17:38 Universidade do Sul de Santa Catarina Euclides: E aí, meu rapaz, o que você achou da geometria espacial? George: Fascinante. Aliás, toda a geometria é fascinante. Lembro-me de um de nossos diálogos iniciais em que você falava sobre a construção da geometria, que era como a construção de um prédio, os alicerces sólidos e a obra completa. Agora entendo bem o que você queria dizer. E entendo também o motivo pelo qual vocês, matemáticos, ficaram tão fascinados com o estudo da geometria desde o começo. Euclides: É, George, às vezes a vida nos coloca desafios dos quais, na hora, não temos a noção da importância, mas, se observamos bem, todos nos levam ao crescimento, principalmente quando conseguimos passar por eles e aproveitar o aprendizado. George: É, Euclides, confesso que em determinados momentos achei que eu não fosse conseguir. E hoje sei de coisas de cuja existência não fazia ideia. Euclides: George, vou te dizer uma coisa, você está adquirindo o bem maior que um homem pode adquirir: “o conhecimento”. Se ele for bem absorvido, pode ter certeza, você nunca o perderá. George: É verdade. Sempre filosofando, não é Euclides? Euclides: Faz parte da vida, meu caro. Boa sorte, e não esqueça: “você pode tudo que quiser”, basta arregaçar as mangas e ir à luta. George: Já estou acreditando nisso. Euclides: Foi muito bom trabalhar com você, continue assim. George: Obrigado! Euclides: Fui. 228 Book 1.indb 228 11/07/15 17:38 Geometria II Em sala de aula Problema envolvendo densidade de líquidos Atividade: Cálculo de densidade. Objetivo: Interpretar e calcular densidade de líquidos. Material: Quadro e caneta. Procedimentos: Resolução de problemas propostos. Situação Problema: Temos uma lata com a forma de cilindro reto, com altura interna de 30 cm e raio da base interno de 10 cm, contendo um líquido com densidade conhecida de 0,85 g/cm3. Qual é a massa deste líquido? Este tipo de problema envolvendo densidade permite estabelecer relações entre duas variáveis intimamente relacionadas, massa e volume. Neste caso, a relação é indireta, temos que determinar a massa. O volume do cilindro é: cm3 Assim, se Logo, g ou kg Síntese Você estudou nesta unidade os sólidos que rolam. Pôde observar que esses sólidos foram chamados dessa forma por conter circunferências e círculos. Precisou, por isso, relembrar alguns conceitos da geometria sobre área de círculo. Observou que o princípio de Cavalieri é aplicado também para calcular o volume de sólidos que rolam, e com isso viu a importância e utilidade desse princípio. Observe como utilizar cada um dos conceitos apresentados nesta unidade, e não esqueça de entrar em contato com o seu professor caso apareça alguma dúvida. Unidade 4 Book 1.indb 229 229 11/07/15 17:38 Universidade do Sul de Santa Catarina Atividades de autoavaliação 1) Um cilindro de 10 cm de altura tem área da base igual a 16 π cm2. Determine a sua área lateral. 2) Dado um cilindro circular reto de 20 cm de altura cuja área da superfície lateral é igual à área da base. Calcule a área lateral: 3) Suponha um cilindro reto de 2 cm de raio e 12 cm de altura colocado no interior de uma caixa, na forma de um paralelepípedo reto de base quadrada, com 4 cm de lado e altura igual à do cilindro. Calcule o volume entre o cilindro e a caixa. 4) Calcule a razão entre as áreas da superfície lateral e da superfície total de um cilindro equilátero. 5) Determinar a razão entre o volume de um cilindro reto e um prisma triangular regular, sabendo que a área da superfície lateral do cilindro é igual à área lateral do prisma, e o raio do cilindro o dobro da aresta da base do prisma. 6) A área da superfície total de um cone reto de 5 cm de raio da base é de 100π cm2. Calcule a altura do cone. 7) Um sólido é formado por um cilindro de 8 cm de altura e 6 cm de diâmetro, sobreposto por um cone de 4 cm de altura e mesmo diâmetro. Calcule seu volume. 8) Calcule a área da superfície total e o volume de um cone circular reto de 12 cm de altura e 15 cm de geratriz. 9) Um depósito de combustível tem a forma de um tronco de cone de altura 20 m e diâmetros de 20 e 15 m. Determine a capacidade volumétrica do tanque. 10) Determine o volume de uma esfera cuja superfície tem área de 2916π cm2. 11) Em um cilindro equilátero de 36 π cm2 de superfície lateral foi inscrita uma esfera. Calcule o volume da esfera. 12) Calcule o volume de uma esfera cuja superfície tem uma área de 144π cm2. 13) Duas esferas de chumbo, uma de 3 cm e outra de 6 cm de raio, fundem-se e formam outra esfera. Calcule o raio dessa nova esfera. 230 Book 1.indb 230 11/07/15 17:38 Geometria II Saiba mais Se você gostou de trabalhar com sólidos no espaço e busca mais informações ou relações que envolvem estes sólidos, pesquise em livros como: CARVALHO, P. C. P. Introdução à geometria espacial. 4.ed. Rio de Janeiro: SBM, 2002. IEZZI, Gelson et al. Matemática: ciência e aplicações. 2.ed. atual. São Paulo, 2004. SMOLE, Kátia Stocco; DINIZ, Maria Ignez. Matemática: Ensino Médio. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. Unidade 4 Book 1.indb 231 231 11/07/15 17:38 Book 1.indb 232 11/07/15 17:38 Para concluir o estudo Enfim, depois de muita dedicação e trabalho, você concluiu o estudo desta fascinante disciplina. Gostaríamos que a palavra “concluir” não significasse para você o fim do contato com a geometria. Você estudou a base para poder, sozinho, traçar outros caminhos dentro da própria geometria. Ela é imensa e temos certeza de que você encontrará muito mais riquezas neste campo. Para isso, vá atrás, pesquise, leia, seja aluno-pesquisador. A internet, as revistas especializadas em geometria e educação trazem muitas coisas que, infelizmente, não nos foi possível colocar num único livro. Este foi apenas o ‘pontapé inicial’. O momento é de refletir e pensar no quanto você evoluiu desde que começou o curso e a disciplina Geometria. Temos certeza de que o crescimento foi enorme. Neste longo caminho que percorremos juntos, muitas ideias de demonstrações que utilizamos, como a demonstração por indução, por absurdo, entre outras, foram apenas o começo. Elas se estenderão para muitas outras disciplinas que virão no decorrer do curso. Continue seus estudos com garra e dedicação. Abraços dos autores: Kelen e Christian. Book 1.indb 233 11/07/15 17:38 Book 1.indb 234 11/07/15 17:38 Referências BOYER, Caul B. História da Matemática. São Paulo: Edgard Blucher, 1996. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais (ensino médio): ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília, DF: MEC/SEF, 2000. BURATTO, Sérgio Enio. Escadas 2. 2006. Disponível em: <http:// buratto.org/otica/Escada02.html> . Acesso em: 19 maio 2011. il. CARVALHO, P. C. P. Introdução à geometria espacial. 4 ed. Rio de Janeiro: SBM, 2002. DOLCE, O; POMPEO, J. N. Fundamentos da Matemática Elementar, 10: Geometria espacial. 7. ed. São Paulo: Atual, 1994. IEZZI, Gelson et al. Matemática: ciência e aplicações. 2.ed. atual. São Paulo, 2004. IMENES, L. M.P. Geometria. 16. ed. São Paulo: Atual, 2004. IMENES, L.M.P. Poliedros, abelhas, arquitetura e ... futebol. Revista do professor de matemática, 3, 2o. semestre de 1983, p. 5-11. São Paulo: RPM, 1983. LIMA, E.L; CARVALHO, P.C.P; WAGNER,E; MORGADO, A.C. A matemática do ensino médio. Volume 2. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, 1998. SMOLE, Kátia Stocco; DINIZ, Maria Ignez. Matemática: Ensino Médio. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. VANDERLINDE, M.J. Material concreto relacionando volumes de prisma e pirâmide. Revista do professor de matemática, 13, 2o. semestre de 1988, p. 55-56. São Paulo: RPM, 1988. Book 1.indb 235 11/07/15 17:38 Book 1.indb 236 11/07/15 17:38 Sobre os professores conteudistas Christian Wagner é Bacharel em Matemática e Computação Científica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC, 1998). Mestre em FísicaMatemática pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC, 2001), professor substituto na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC, de 2001 a 2003), professor horista na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL, a partir de 2001). Teve participações no VII e VIII seminários de iniciação científica, realizados na Universidade Federal de Santa Catarina, na área de equações diferenciais, com apresentação e publicação em anais. É coautor do livro Geometria e Tópicos Especiais de Matemática, ambos utilizados pela UNISUL no curso de Especialização em Educação Matemática. Coautor dos livros de Matemática Básica, Matemática Elementar, Álgebra Linear, Cálculo I e Cálculo II, todos utilizados em disciplinas a distância na Unisul. Leciona no curso de pós-graduação em Educação Matemática na UNISUL. Também atua no Núcleo de Estudos em Educação Matemática (NEEM), especificamente nas atividades de ensino e extensão voltadas para as dificuldades de aprendizagem da matemática. Kelen Regina Salles Silva é Graduada em Licenciatura em Matemática pela Universidade Estadual de Maringá (UEM, 1986). Mestre em Engenharia de Produção, na área de Pesquisa Operacional, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC, 1994). Professora na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL, desde 2004), ministrando disciplinas para os cursos de Matemática e Engenharias. Ainda, como professora, trabalhou na Universidade Estadual de Maringá (UEM, de 1988 a 1990 e de 1993 a 1995); na Fundação Universidade Federal de Rio Grande (FURG, 1992 e Book 1.indb 237 11/07/15 17:38 Universidade do Sul de Santa Catarina 1993); e na Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI, de 1998 a 2005). Também atua no Núcleo de Estudos em Educação Matemática (NEEM), em atividades de ensino e extensão voltadas às dificuldades de aprendizagem da matemática, bem como em atividades da UnisulVirtual, como professora conteudista e tutora. Mario Selhorst é Licenciado em Matemática pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL - 1997). Especialista em Matemática Superior pela Fundação Educacional Severino Sombra (FUSVE - 1998). Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC - 2001). Professor da Rede Estadual de Ensino de Santa Catarina desde 1983. Professor da UNISUL desde 1988, atuando em cursos de Graduação e Especialização presencial e a distância. Exerceu o cargo de Secretário Municipal de Educação do Município de São Martinho – SC, no período de 1997 a 2007. É coautor do livro de Geometria Analítica da UnisulVirtual. 238 Book 1.indb 238 11/07/15 17:38 Respostas e comentários das atividades de autoavaliação Unidade 1 1) Seja α um plano dado, pelo axioma da incidência existem pontos A e B distintos que pertencem a α. Pelo axioma da determinação, por esses pontos passa uma única reta r. Essa reta pertence a α, pelo axioma da inclusão. Agora, considere em α e fora da reta r um ponto C. Os pontos A e C determinam uma reta s, que está em α pelo axioma da inclusão. Os pontos B e C também determinam uma reta t que está contida em α. Continuando esse processo, podemos construir tantas retas quanto queiramos, ou seja, infinitas retas. 2) Se os 4 pontos forem colineares, determinam uma reta e por ela passam infinitos planos, portanto não determinam nenhum plano. Se os 4 pontos forem coplanares e não colineares, determinam um único plano ou 4 planos coincidentes se tomados os pontos 3 a 3. Se os pontos não forem coplanares, não determinam nenhum plano (determinado pelos quatro pontos). Se os quatro pontos não forem colineares e não forem coplanares, tomados 3 a 3 determinam 4 planos distintos. 3) Sejam A, B, C e D os pontos dados. Temos então 6 retas, são elas: AB , AC , AD , BC , BD , e CD . 4) (a) Falso, determinam um único plano ou nenhum plano se forem reversas. (b) Falso, pois estes pontos podem ser colineares. (c) Falso, podem determinar três planos. Book 1.indb 239 11/07/15 17:38 Universidade do Sul de Santa Catarina (d) Falso, passa um único plano. (e) Falso, se as três retas não forem coplanares, teremos três planos distintos; se as três retas, duas a duas paralelas forem coplanares determinariam um único plano ou três planos coincidentes. (f) Falso, pois o ponto pode pertencer à reta e, então, teríamos infinitos planos. (g) Verdadeiro. (h) Verdadeiro. 5) Resposta pessoal do aluno. 6) (a) É o conjunto de todos os pontos. (b) Infinitas, já que temos infinitos pontos e por estes, dois a dois, determinamos retas. (c) Infinita. Veja resolução do exercício 1. (d) Quando não forem colineares. 7) (a) Como os três pontos não são colineares, podemos, assim, determinar um plano. (b) Pelo segmento BC passam infinitos planos, como o ponto B pertence ao segmento BC , segue que por eles passam infinitos planos. (c) Estes diâmetros são duas retas concorrentes que se interceptam no centro, e por duas retas concorrentes passa um plano. 8) O correto é a alternativa que diz que III e IV são afirmações verdadeiras. 9) (a) Falsa, podem ser concorrentes ou paralelas. (b) Falsa, pois elas podem ser reversas. (c) Verdadeira. 240 Book 1.indb 240 11/07/15 17:38 Geometria II (d) Verdadeira. (e) Verdadeira. (f) Falsa, pois elas podem ser reversas. (g) Falsa, pois podem ser concorrentes. (h) Verdadeira. (i) Falsa, pois podem ser concorrentes. (j) Falsa, pois podem ser reversas. 10) Seja O o ponto de intersecção entre as retas r e s. O ponto O pertence aos planos β e π, já que ambos contêm as retas r e s. Como o ponto P também pertence β e π, segue que a intersecção destes planos é a reta . OP 11) (a) Verdadeiro. (b) Verdadeiro. (c) Verdadeiro. (d) Falso. Semiespaço é o conjunto de todos os pontos que estão de um mesmo lado de um plano dado. 12) Seja r a reta dada e P um ponto não pertencente à reta r. Por este ponto, traçamos uma reta s paralela a r. Por s, passamos um plano, que não intercepta r. Logo, temos infinitas soluções. 13) Seja t a reta intersecção dos planos α e β. Por P traçamos uma reta r paralela a t e, portanto, , mas como t pertence a α e β, segue que e , ou seja, r é paralela a α e β. 14) (a) Falsa, existem infinitas retas. (b) Verdadeira. (c) Falsa, pois se são paralelos, não têm pontos em comum. (d) Falsa, eles podem ser secantes. 241 Book 1.indb 241 11/07/15 17:38 Universidade do Sul de Santa Catarina (e) Falsa, existem infinitos planos. (f) Verdadeira. (g) Falsa, ela é paralela a uma determinada reta do plano e a todas as suas paralelas. (h) Falsa, pois esta reta pode estar contida em um dos planos. (i) Verdadeira. (j) Falsa. Cada reta de um plano é paralela a uma determinada reta do outro plano e todas as suas paralelas contidas naquele plano. 15) Sejam α e β, planos paralelos, isto é, α ∩ β = . Seja a reta r uma reta qualquer pertencente a α. Então, r ∩ β = , logo, r é paralela a β. Como a reta r é arbitrária, conclui-se que qualquer reta do plano α é paralela ao plano β. 16) Considere dois planos paralelos α e β e uma reta r. Mostre que se r for paralela a um deles, ou é paralela ao outro, ou está contida no outro. Suponha r paralela a β, mas β é paralelo a α, então, segue que r é paralelo a α, ou está contida em α, pelo exercício anterior. 17) (a) Falsa. (b) Falsa, ela pode ser paralela aos planos. (c) Verdadeira. (d) Falsa, eles podem ser paralelos. (e) Falsa, essa reta pode estar contida no plano. (f) Verdadeira. (g) Verdadeira. (i) Verdadeiro. (j) Falsa, pode ser paralelo. (k) Verdadeira. 18) O ângulo entre eles é zero. 242 Book 1.indb 242 11/07/15 17:38 Geometria II 19) O ângulo entre eles é zero. 20) (a) Falsa, pois essa reta pode ser perpendicular ao plano. (b) Falsa. É a distância entre um ponto qualquer de uma delas e o plano que passa pela outra e é paralelo à primeira. (c) Verdadeira. (d) Falsa. Tem tamanho menor. (e ) Verdadeira. Unidade 2 1) (a) Falsa, determinam 4 diedros retos. (b) Verdadeira, “pode ser”, quando o diedro for reto. (c) Verdadeira. (d) Falsa, somente se a seção for normal. (e) Verdadeira, já que as faces do diedro são paralelas à aresta. 2)Se o ponto A está no plano bissetor do diedro de 60º, ele pertence a uma reta que forma 30º com as faces do diedro, assim, a distância de A a essas faces é o comprimento de um segmento de reta perpendicular às faces, formando um triângulo retângulo conforme a figura abaixo, aplicando relação métrica no triângulo retângulo: 3) (a) Não, pois | 3º - 2º | = 1º = 1º. (b) Sim, pois | 45° - 55° | < 90° < 45º + 55º, | 90° - 55° | < 45° < 90º + 55º e | 45° - 90° | < 55° < 45º + 90º. 243 Book 1.indb 243 11/07/15 17:38 Universidade do Sul de Santa Catarina 4) A = 15, F = 10 então, V = A – F + 2 = 15 – 10 + 2 = 7 vértices. 5) 6 faces triangulares são 6 x 3 = 18 arestas, 2 faces hexagonais são 2 x 6 = 12 arestas, então, como cada aresta é comum a duas faces, as arestas foram contadas duas vezes, assim: 2 A = 30 A = 15 e F = 8 Assim, V = A – F + 2 = 15 – 8 + 2 = 9 vértices. 6) F = 8, V = 12 então, A = V + F – 2 = 12 + 8 – 2 = 18 arestas. 7) 630 cm. 8) 02 + 04 + 08 + 16 + 32 = 62. 9) F = 30, 2A = 30 x 5 = 150 ⇒ A = 75 ⇒ V = 47. 10) F = 3 + 1 + 1 + 2 = 7 e 2A = (3 x 3 ) + ( 1 x 4) + ( 1 x 5 ) + ( 2 x 6 ) = 30 ⇒ A = 15 Assim, V = 10. 11) Dodecaedro. 12) F (triangulares) = 8, F (quadrangulares) = 4. 13) a) S = (V – 2) 4r = (8 – 2) x 4 x 90º = 2160º. b) S = (12 – 2) x 4 x 90º = 3600º. 244 Book 1.indb 244 11/07/15 17:38 Geometria II 14) (a) Falsa. (b) Verdadeira. (c) Falsa, existem apenas 5 classes de poliedros de Platão. (d) Falsa. (e) Falsa. 15) F = 10, A = 15, então V = 2 – F + A = 2 – 10 + 15 = 7, assim, S = (V – 2) 4 r = ( 7 – 2 ) x 4 x 90º = 1800º. 16) F = 7, A = 15, V = 10, S = ( 10 -2 ) x 4 x 90º = 2880º. 17) S = (V – 2) x 4 x 90º = 1440º ⇒ V – 2 = 1440/ 360 = 4 ⇒ V = 6 A = 2F ⇒ V = A – F + 2 ⇒ 6 = 2F – F + 2 ⇒ F = 4 ⇒ A = 8. 18) A – V = 4 como F = A – V + 2 ⇒ F = 4 + 2 = 6. 19) Observe que, se um poliedro convexo tem um número par de faces, tendo cada uma um número par de lados, podemos dizer que, F = 2n e A = 2m, onde n e m são números que representam a metade do número de faces e arestas, respectivamente. Na relação de Euler: V – A + F = 2, então, V – 2m + 2n = 2, logo V = 2 (m – n + 1). Isto é, o número de vértices é sempre par. 20) A = 25, S = (V – 2) 360º = 3600º ⇒ V – 2 = 10 ⇒ V = 12. Como V = A – F + 2, temos que 12 = 25 – F + 2 e F = 15. Chamando as faces triangulares de T e as quadrangulares de Q, podemos escrever: T + Q = 15 ou Q = 15 – T 245 Book 1.indb 245 11/07/15 17:38 Universidade do Sul de Santa Catarina Considerando o número de arestas: (3T + 4Q)/2 = 25, ou seja, 3T + 4Q = 50 Substituindo, temos: 3T + 4(15 – T) = 50 3T + 60 – 4T = 50 –T = –10 T = 10 Calculando Q: Q = 15 – T Q = 15 – 10 Q=5 R: Temos 5 faces quadrangulares e 10 faces triangulares Unidade 3 1) (a) Como o triângulo é retângulo, os catetos são a altura e a base do triângulo. Logo: cm 2 (b) A área lateral é formada por 3 retângulos, todos com altura de 6 cm. Mas cada um tem uma base diferente dada pelos lados do triângulo. Necessitamos calcular o terceiro lado do triângulo, usando o teorema de Pitágoras. cm 2 cm . Logo, a área lateral é dada por: 2 cm . (c) (d) 3 cm . 2) Temos que os triângulos são equiláteros de aresta a. Temos que a = h . A área lateral é dada por Al = 3 AT , em que AT é a área do triângulo 246 Book 1.indb 246 11/07/15 17:38 Geometria II equilátero, que é dada por AT = 2 3 2 a , então, 4 . Mas a área lateral mede 12 cm . Assim, 12 = 3 3 2 a 4 a = 3, 03 cm Como a pirâmide é triangular e regular, note que a base é igual às faces, logo: 2 cm . 3) Temos que hp = ab . Como a base é um hexágono regular, o prisma é formado por 6 triângulos equiláteros e, portanto, Ab = 6 AT = 6 então: 3 2 3 3 2 l = l . Mas a área da base mede 24 3 cm2, 4 2 3 3 2 l = 24 3 2 cm. O apótema da base é a própria altura do triangulo, então, cm. Assim, o volume do prisma é dado por: 3 4) A área do losango é dada por cm . 2 m . 247 Book 1.indb 247 11/07/15 17:38 Universidade do Sul de Santa Catarina 3 m . O volume da caixa d´água é dada por 3 3 Mas, 1000 litros é igual 1 m , logo, 210 m é igual 210.000 litros. 3 m = 225.000 l. 5) O volume da piscina é de Agora o número de pacotes necessários é 225.000 = 50 . 4500 2 6) A área total de um cubo de aresta a é At = 6a . Como At = 150 , temos: 2 150 = 6a m. 7) a) Uma pirâmide de 6 faces é constituída de 5 faces laterais e uma base, o número de faces laterais indica o número de lados da base que, neste caso, será um pentágono. Logo, a natureza desta pirâmide é pentagonal. b) De maneira análoga, temos 10 faces laterais, o que indica que a base é um polígono de 10 lados. Portanto, a natureza dessa pirâmide é decagonal. 8) Como a aresta da base (a) mede 6 cm, segue que o apótema da base (m), que é um quadrado, mede 3 cm. A aresta lateral l mede 34 cm e, portanto, podemos calcular o apótema da pirâmide usando a relação: , então: 2 ( 34( 6 = g2 + 2 2 (( cm. A altura da pirâmide pode ser calculada usando a relação g 2 = h 2 + m 2 , portanto: 2 2 2 5 = h +3 cm. 248 Book 1.indb 248 11/07/15 17:38 Geometria II A área total da superfície da pirâmide de base quadrada é At = Ab + Al , sendo a área lateral quatro vezes a área do triângulo, cuja base mede 6 cm e altura 5 cm, assim, 2 cm . 3 cm . O volume da pirâmide é 9) 2 a) A base é um quadrado, portanto, cm . b) Cada face lateral é um triângulo que tem base 4 cm e altura igual a 9 cm (apótema da pirâmide), logo, 2 cm . c) A altura da pirâmide pode ser calculada usando a relação g 2 = h 2 + m 2, onde m = 2 cm. Portanto, 92 = h 2 + 22 cm. d) A área lateral é dada por Al = 4 ×Af , então, 2 cm . e) O volume é dado por 3 cm . 10) Como a base é um quadrado e está inscrito numa circunferência de raio 6 2 , segue que o diâmetro da circunferência é a diagonal do quadrado e mede 12 2 . Assim, usando o Teorema de Pitágoras, podemos encontrar o lado do quadrado da base igual a 12. A área da base é dada por Ab = 12 . 12 = 144 cm2. 249 Book 1.indb 249 11/07/15 17:38 Universidade do Sul de Santa Catarina Para calcular a área de cada face, vamos encontrar o apótema da face: g 2 = h 2 + m2 g2 = 82 + 62 g = 10 cm Dessa forma, a área de cada face triangular é dada por: Assim, a área total é dada por: Atotal = 4Aface + Abase = 4 . 60 + 144 = 240 + 144 = 384 cm2. 11) Primeiramente, calculamos a altura através da relação g 2 = h 2 + m 2 , ou seja, 102 = h 2 + 62 h2 = 64 h = 8 cm A área da base é a área de um hexágono regular que é formado por 6 triângulos equiláteros. A altura de cada um destes triângulos é o apótema da base, neste caso, 6 cm. Para calcular a área desses triângulos, necessitamos da aresta da base (l), que pode ser calculada pela equação h = l 3 , então: t 2 l = 4 3 cm. E a área de um hexágono regular é dada por: 2 AH = 72 3 cm . Portanto, o volume da pirâmide é dado por: 250 Book 1.indb 250 11/07/15 17:38 Geometria II 3 V = 192 3 cm . Unidade 4 1) Temos que h = 10 cm, se a área da base é 16 π cm2, temos: AB = π r2 = 16 π ⇒ r2 = ⇒ r2 = 16 ⇒ r = 4 Assim, AL = 2 π r h = 2 .π 4. 10 = 80 π cm2 . 2)AL = AB ⇒ 2 π r h = π r2, como h = 20 cm 2 π r h = π r2 ⇒ 2 π r 20 = π r2 ⇒ 40 = r Assim, AL = 2 π 40. 20 = 1600 π cm2 . 3)Do cilindro: h = 12 cm, r = 2 cm, do paralelepípedo: l = 4 cm. Como a base do paralelepípedo é quadrada: VP = l.2 h = 16. 12 = 192 cm3 VC = π r2 h = π . 22 . 12 = 48 π cm3 O volume entre os dois é dado por: V = VP – VC = 192 – 48 π ≅ 41,2032 cm3 4)Num cilindro equilátero r = h/2, ou h = 2r AL = 2 π r h = 2.π r. (2r) = 4 π r 2 e AB = π r2 Logo, AT = 2π r2 + 4 π r2 = 6 π r2 Razão = . 5) Seja a a aresta da base, como o prisma é triangular regular, sua base é um triângulo equilátero de lado a. Assim, chamando a altura do cilindro de hC, e a altura do prisma de hP, temos: A SuperfícieLateralCilindro = A LateralPrisma ⇒ 2 π r hC = 3 a hP 251 Book 1.indb 251 11/07/15 17:38 Universidade do Sul de Santa Catarina Como o raio do cilindro é o dobro da aresta da base do prisma: r = 2a 2 π (2 a ) hC = 3 a hP ⇒ 4 π a hC = 3 a hP ⇒ Volume do cilindro: VC = π r2 hC = π 4a2 hC a hT hP , em que hT é a altura do triângulo da 2 3a base, e como esse triângulo é equilátero, hT = , logo, 2 Volume do prisma: VP = a hT VP = 2 3 a 2 hP 3a = 2 4 Portanto, a razão entre esses0 volumes é: 6)r = 5 cm ASuperficieTotalCone= π r ( g + r ) = π 5 ( g + 5 ) =100 π ⇒ g = 15 cm Logo: g2 = h2 + r2 ⇒ 152 = h2 + 52 ⇒ h = 200 = 10 2 cm . 7)Sejam: hCI: altura do cilindro, hCO: altura do cone, VCO : volume do cone, VCI : volume do cilindro e r: raio, então: hCI = 8 cm , hCO =4 cm e r = 3 cm Assim, VCI = π r2 h = π 32 8 =72 π cm3 e VCO = Logo, V Total = 72 π + 12 π = 84 π cm3 1 1 π r2 hCO = π 32 4 =12 π cm3 3 3 8)Se h = 12 cm e g = 15 cm, então, como g2 = h2 + r2 ⇒ 15 2 = 12 2 + r2 ⇒ r = 9 cm Assim, a área da superfície total do cone é: ASuperficieTotalCone = π r ( g + r ) = π 9 ( 15 + 9 )=216 π cm2 E o volume do cone é: VCone = 1 1 π r2 h = π 9 2 12 = 324 π cm2 3 3 252 Book 1.indb 252 11/07/15 17:38 Geometria II 9) h = 20 m, r = 7,5 m e R = 10 m Assim, o volume do tronco do cone é: V TC = 10) π m3 ASuperfícieEsfera = 4 π r2 = 2916 π ⇒ r = 27 cm VEsfera = 26244 π cm3 11) ASuperfícieLateralCilindro= 2 π r h mas h = 2r ASuperfícieLateralCilindro= 2 π r.2r = 4 π r2 = 36 π ⇒ r = 3 cm VEsfera = VEsfera = 36 cm3 12) ASuperfícieEsfera = 4 π r2 = 144 π ⇒ r = 6 cm VEsfera = 13) 288 π cm3 r = 3 3 9 cm Respostas dos desafios Unidade 1 Quantos triângulos equiláteros temos na figura a seguir? Resposta: 13 triângulos 253 Book 1.indb 253 11/07/15 17:38 Universidade do Sul de Santa Catarina Unidade 2 1) a) Quando situado num plano paralelo à projeção ortogonal é um triângulo congruente ao triângulo dado, diz-se que em verdadeira grandeza. b) Quando situado num plano oblíquo à projeção ortogonal é um triângulo com medidas menores que o triângulo dado. 254 Book 1.indb 254 11/07/15 17:38 Geometria II c) Quando situado num plano perpendicular, a projeção ortogonal é unicamente um segmento de reta. 2) Unidade 3 Como os poliedros estão planificados, e sabendo que cada aresta une duas faces, temos arestas internas, que estão entre duas faces e arestas externas, duplicadas na planificação. Assim, a contagem das externas é dividida por 2 e para as internas a contagem é simples. Assim, nas figuras propostas, que representam prismas planificados, temos: Prisma reto triangular: (10/2)+4 = 9 arestas Prisma reto pentagonal: (18/2)+6 = 15 arestas 255 Book 1.indb 255 11/07/15 17:38 Book 1.indb 256 11/07/15 17:38 Biblioteca Virtual Veja a seguir os serviços oferecidos pela Biblioteca Virtual aos alunos a distância: Pesquisa a publicações on-line <www.unisul.br/textocompleto> Acesso a bases de dados assinadas <www.unisul.br/bdassinadas> Acesso a bases de dados gratuitas selecionadas <www.unisul.br/bdgratuitas > Acesso a jornais e revistas on-line <www.unisul.br/periodicos> Empréstimo de livros <www.unisul.br/emprestimos> Escaneamento de parte de obra* Acesse a página da Biblioteca Virtual da Unisul, disponível no EVA, e explore seus recursos digitais. Qualquer dúvida escreva para: [email protected] * Se você optar por escaneamento de parte do livro, será lhe enviado o sumário da obra para que você possa escolher quais capítulos deseja solicitar a reprodução. Lembrando que para não ferir a Lei dos direitos autorais (Lei 9610/98) pode-se reproduzir até 10% do total de páginas do livro. Book 1.indb 257 11/07/15 17:38 capa_curva.pdf 1 12/01/20 15:28 C M Y CM MY CY CMY K ISBN 978-85-7817-254-1 9 788578 172541