123 O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS CRISES HIPERTENSIVAS NA UNIDADE DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DO HOSPITAL MUNICIPAL DRº KLEIDE COELHO DE LIMA NO MUNICÍPIO DE BARRA DO GARÇAS – MT. Neurivaldo Cassiano Campos Junior1 Abel Pompeu de Campos Júnior2* Lorena Barbosa3 Tatiana Lima de Melo4 RESUMO No Brasil, morrem anualmente milhares de pacientes devido a doenças cardiovasculares e a hipertensão arterial sistêmica é um dos mais importantes fatores de risco. Assim, este estudo tem por objetivo verificar a incidência da Hipertensão Arterial Sistêmica na população de Barra do Garças no período de 2009 a 2010, no pronto atendimento do hospital municipal Dr° Kleide Coelho de Lima. Fatores relacionados a crises hipertensivas nessa população estudada como faixa etária, sexo, estado civil, cor, raça, pressão arterial sistólica e diastólica que aparecem no estudo de modo estatístico, visando uma percepção bem clara da cena encontrada no campo de pesquisa. O estudo de caráter retrospectivo com abordagem quantitativa realizada no período de 2009 a 2010, sendo desenvolvida entre os meses de agosto e setembro de 2011 por todos os pacientes acometidos por crises hipertensivas na unidade de urgência e emergência. De acordo com os resultados obtidos pelo estudo, confirmaram nossa hipótese em relação à alta prevalência nessa população em relação com os aspectos multifatoriais, já mencionados, porém os resultados obtidos relacionado aos hipertensos de etnia afro-brasileira, apresentaram pouca significância em relação aos outros estudo de diversos autores onde encontraram uma incidência maior nessa população. Constatam-se, portanto, que os profissionais de saúde reconheçam a importância do registro como fonte de informações para se conhecer as característica dessa população, como estratégia no controle das crises hipertensivas Palavras-chave: Hipertensão Arterial; Crises hipertensivas; Urgência e Emergência ABSTRACT In Brazil, die millions of patients every year because of cardiovascular diseases and arterial hypertension systemic is one of the most important risk factors. So, this study has as objective to verify the incidence of the arterial hypertension systemic in the population of Bara do Garças in the period of 2009 and 2010, at the responsiveness of the municipal hospital DR. Kleide Coelho de Lima. Factors related with the hypertensive crisis in this population studied as age group, sex, marital status, color and race, arterial pressure systolic and diastolic that appears in the study by the statistical way, seeking a perception really clear of the scene found in the search camp. The study retrospective character with quantitative approach held in the period of 2009 and 2010, being developed between the months of august and September, 2011 by all the patients affected by hypertensive crisis the unit of urgency and emergency. According with the results obtained by the study, was confirmed our hypothesis in relation with the high prevalence in this population in relation with the multifactorial aspects, aforementioned, but the results obtained related to the hypertensive of ethnicity African-Brazilian, was present little significance in relation with the others studies of several authors where was found a more incidence in this population. So note that the professionals of health recognize the importance of the record as source of information to know the characters of this population, as strategy on the control of the hypertensive crisis Keywords: Arterial Hypertension; Hypertensive crisis; Urgency and emergency 1 – Enfermeiro pelas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR – MT. 2 – Administrador, Fisioterapeuta Mestre, Docente das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR – MT. 3 – Nutricionista Mestre, Docente das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR – MT 4 – Bióloga doutora, Docente das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR – MT *Endereço para contato: [email protected] 1. INTRODUÇÃO A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma patologia que compreende um dos fatores de risco mais importante para as doenças cardiovasculares e atinge de 15% a 20% da população adulta Apesar dos On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X avanços tecnológicos nos últimos anos relacionados ao seu tratamento, os índices de controle da HAS são baixos em inúmeros países, inclusive no Brasil, pois nos serviços de urgência e emergência tem se mostrado em geral um aumento abrupto nos atendimentos por pacientes com pressão arterial elevada (Arquivo Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º8 Vol – 1 p. 123 -128 124 Brasileiro de Cardiologia, 2004; FILGUEIRA,2001; PASSOS; ASSIS e BARRETO, 2006). A hipertensão, na maioria das vezes, é apontada como “o assassino silencioso” devido à falta de sinais e sintomas que possam caracterizar os portadores das crises hipertensivas. Um estudo nacional realizado nos anos de 1999 a 2000 mostrou que 31% das pessoas com níveis pressóricos acima de 140/90 mmhg não estavam conscientes de sua elevada pressão arterial. Uma vez identificada, a pressão arterial deve ser observada e monitorada em intervalos regulares, pois a hipertensão é uma condição permanente (SMELTZER et al. 2008). Estudos mostram que três quartos das pessoas acometidas pela hipertensão mantém pressão arterial não controlada, mesmo ganhando métodos terapêuticos anti-hipertensivos. Desses, apenas 1% apresenta um ou vários episódios das crises hipertensivas (VARON e MARIK., 2000). O desenvolvimento da hipertensão depende da interação de fatores ambientais e predisposição genética, embora a ocorrência dessas interações seja incerta. Sabe-se, portanto, que a hipertensão é acompanhada de alterações sistêmicas, entre elas nos sistemas cardiovascular e nervoso autônomo simpático, que na grande maioria são de causas desconhecidas (SMELTZER et al., 2005). Além disso, nos países em grande desenvolvimento, o crescimento dos idosos e o aumento da longevidade associados ao estilo de vida e padrões alimentares contribuem para o aumento da hipertensão arterial (PASSOS; ASSIS e BARRETO, 2006). De acordo com os estudos de Martin et al., (2004), a abordagem das crises hipertensivas em relação ao diagnóstico correto apresenta contradições na diferenciação entre urgência e emergência, nos problemas de avaliação e a escolha certa do tratamento adequado, assumindo maior importância em que o diagnóstico e o tratamento adequado previnem complicações. O presente estudo tem por objetivo caracterizar o perfil epidemiológico de pacientes acometidos por hipertensão arterial sistêmica, com ênfase na quantidade de pacientes, faixa etária, cor e raça, gênero, estado civil, grau de escolaridade e pressão sistólica e diastólica. O trabalho foi realizado com pacientes atendidos na unidade de urgência e emergência no Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de lima no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2010 no município de Barra do Garças – MT. O presente estudo vem da necessidade de um trabalho frente à Hipertensão Arterial Sistêmica, do reconhecimento que ela perfaz um problema grave de saúde pública, e que nas emergências Hipertensivas tem alto índice de morbidade e mortalidade. Além da obtenção de conhecimento prévio e recente a cerca dessa patologia para ser instrumento de orientação na prevenção dos casos e na orientação nos setores On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X secundários e terciários de atendimento no SUS – Sistema Único de Saúde. 2. MATERIAL E MÉTODOS Para esse estudo foi realizado um levantamento com os prontuários dos pacientes acometidos por hipertensão arterial sistêmica que foram atendidos na unidade de Urgência e Emergência do Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2010, no município de Barra do Garças – MT. A pesquisa foi de caráter, retrospectivo, exploratório, descritivo, com abordagem quantitativa. Nesses prontuários foram verificados a faixa etária, a cor e a raça, o gênero, o estado civil, a pressão sistólica e diastólica e o grau de escolaridade de cada paciente. Com esses dados e mais a quantidade de pacientes foram realizadas as análises de frequências e a percentagem das variáveis analisadas. Para melhor visualização, os resultados foram apresentados em gráficos e tabelas confeccionados nos programas Excel e Word 2010. Quanto às implicações éticas envolvidas será assinado um termo de autorização pelo responsável Técnico administrativo do Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados mostraram que a maior incidência de pessoas acometidas por crises hipertensivas aconteceu nas faixas etárias de 50 a 59 anos, 23% em 2009 e 22% em 2010, e 60 a 69 anos, 22% em ambos os anos estudados (Figura 1). Por outro lado, as menores frequências de pessoas que apresentavam um quadro de hipertensão arterial foram encontradas nas faixas etárias de 20 a 29 anos, 3% em 2009 e 5% em 2010, e 90 a 99 anos, 2% em 2009 e 2010 (Figura 1). Um fato importante de ocorrência no atendimento das crises hipertensivas é que acima dos 70 anos até os 89 anos houve um significativo aumento da pressão arterial no ano de 2009 com 22% dos casos analisados. Em nosso estudo observamos que na faixa dos 90 a 99 anos houve o mesmo número de casos registrados de hipertensos nos dois anos de ocorrência com 2% para cada ano respectivamente. Segundo Lima et al., (2002) a hipertensão deixou de ser doenças da “velhice” e vem ocorrendo na grande maioria dos adultos jovens, o que nos faz pensar que esses adultos sofram com inúmeras complicações geradas pela hipertensão. Portanto a idade média das crises hipertensivas encontrada na população estudada no município de Barra Garças está em consonância com a maioria dos dados relatados em outros estudos. Nos idosos a hipertensão arterial está entre as doenças crônicas mais comuns, além de ser um dos mais importantes fatores de risco para doenças Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º8 Vol – 1 p. 123 -128 125 cardiovasculares, principalmente quando ataca o idoso (EVANGELISTA et al., 2011). Os mesmos autores afirmam que no Brasil morrem anualmente 300.00 pacientes em consequências de doenças cardiovasculares, sendo que em muitos casos isso pode ser desencadeado pela hipertensão não diagnosticada. TABELA 1: Incidência das crises hipertensivas registrados no hospital Municipal Dr° Kleide Coelho de Lima de Barra do Garças – MT, nos anos de 2009 e 2010 segundo a cor e raça. Barra do Garças - MT, 2011. 2010 2009 Variáveis Feminin o Masculin o Feminin o Masculino Cor N % N % N % N % Branco 76 74 11 250 36 309 Negro 7 1 1 2 4 3 1 6 26 8 3 10 8 38 0 7 53 Pardo 1 1 3 8 1 9 3 5 1 Nenhuma 2 1 1 1 2 1 3 1 4 3 4 1 281 22 41 3 9 1 42 6 37 5 4 9 4 1 322 30 Indígena 29 0 25 8 4 3 7 3 1 Nenhuma 26 4 21 3 29 3 18 2 Raça Branco Negro Figura 1: Incidência das crises hipertensivas registrados no hospital Municipal Dr° Kleide Coelho de Lima de Barra do Garças - MT, nos anos de 2009 e 2010 segundo a faixa etária. Barra do Garças- MT, 2011. A importância relativa dos atendimentos por altos níveis pressóricos no hospital municipal tem aumentado com a idade, decrescendo no grupo dos mais idosos. Isto porque a estimativa não é populacional, mais de acordo com a clientela atendida na urgência e emergência, sendo um denominador dos cálculos comuns a todas as idades. Além disso, as pessoas de faixas etárias mais elevadas (com maior idade) podem estar em tratamento para controle da pressão arterial. A Tabela 1 apresenta os valores para os pacientes acometidos por hipertensão arterial com distinção entre gênero, cor e raça. A cor parda apresentou os maiores valores de porcentagem de pessoas com hipertensão arterial, sendo que o sexo feminino teve maior incidência quando comparado com o masculino, tanto no ano de 2009 (38% mulheres e 36% homens) quanto no ano de 2010 (43% mulheres e 35% homens). Ao contrário disso, as pessoas de cor negra com pressão alta tiveram menor porcentagem em ambos os anos e os gêneros (Tabela 1). Quando considerada a raça, a branca teve maior porcentagem de pessoas com hipertensão arterial, sendo 43% e 49% das mulheres acometidas nos anos de 2009 e 2010, respectivamente, e 41% (2009) e 37% (2010) dos homens com a patologia (Tabela1). On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X Os pacientes de cor parda foram os mais acometidos pela hipertensão arterial, tanto nos gêneros (feminino e masculino) quanto no período (2009 e 2010) estudados, sendo que a segunda maior incidência desta patologia ocorreu em pessoas de cor branca. Em estudos realizados no ano de 2000 no hospital de base no município de São José do Rio Preto verificou-se o alto índice (86,6%) dos atendimentos de emergências hipertensivas em pacientes de cor branca (MARTIN et al.,2004). Essa diferença pode ser devida à determinação do protocolo amostral em relação à cor declarada no prontuário dos pacientes. Os dados mostram que no Pronto Socorro de Barra do Garças o índice de hipertensos foi maior na raça branca, o que contraria inúmeros estudos realizados no Brasil. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2002), a incidência de hipertensos são maiores nos negros, relacionado à etnia ou as condições socioeconômicas. Os estudos de Magnabosco (2007) também indicam maior incidência da hipertensão arterial sistêmica na cor não branca, devido a fatores genéticos relevantes como responsável por esse fato. Os estudos realizados por Lima et al., (2005) no Hospital Universitário Oswaldo Cruz em Recife (PE) indicam que 75% dos pacientes atendidos com crises hipertensivas, no período de maio de 2001 a outubro de 2002, eram considerados como não brancos, dessa forma diferindo dos resultados encontrados nesse estudo realizado no hospital de Barra do Garças. A maior incidência de pacientes da raça branca acometidos pela hipertensão em Barra do Garças pode ser explicada pelo fato do preconceito da definição da Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º8 Vol – 1 p. 123 -128 126 cor, pois dificilmente o indivíduo moreno vai declarar em ser negro. A ocorrência dos hipertensos entre os sexos masculino e feminino variou de um ano para o outro. A Figura 2 mostra que as mulheres acometidas com hipertensão apresentaram maior porcentagem, tanto no ano de 2009 (51%) quanto em 2010 (57%). O aumento do percentual da hipertensão em mulheres pode ser explicado pela maior conscientização das mulheres, quando comparadas aos homens, em relação à doença, as quais procuram os médicos especializados e começam o tratamento no início da doença e, consequentemente, se aderem melhor à isso (NOBLAT et al., 2004). E ainda, outros estudos, como os realizados por Hajjar; Kotchen e Kotchen (2006), mostram prevalência da hipertensão mundial, embora com pequena diferença, entre os gêneros, com maiores índices em homens mais jovens e em mulheres mais idosas. pacientes nos dois anos (2009 e 2010) e dos dois gêneros (feminino e masculino) estudados (Tabela 2). Segundos os dados do ano de 2009, observouse um discreto percentual nos níveis de pressão diastólica na faixa de 60 – 80 representando 3% para ambos os sexos, e nota-se um aumento de pacientes na faixa de 90 – 110 com 35% de pacientes do sexo masculino e 37% do sexo feminino, observamos também a diminuição de pacientes na faixa de 150 – 180 com 1% para ambos os sexos. No ano de 2010 nota-se uma discreta diminuição na faixa de 60 - 80 em relação ao ano anterior com 2% para ambos os sexos. Segundo Hogan (2000), as emergências hipertensivas são definidas como pressão arterial sistólica quando maiores de 210 mmhg e diastólica maior que 130mmhg, associada a diversos sintomas. Emergências hipertensivas são frequentes em pacientes que não aderem ao tratamento (MARTIN et al., 2004). Com a idade a pressão sistólica tende a aumentar e a diastólica aumenta até os 50 anos em homens e 60 anos em mulheres, podendo diminuir após essa faixa etária. Mais da metade da população idosa tem hipertensão, sendo a mais frequente a sistólica o que dificulta o controle da doença. Tabela 2: Incidência das crises hipertensivas registrados no Hospital Municipal Dr° Kleide Coelho de Lima de Barra do Garças nos anos de 2009 e 2010 segundo a pressão arterial sistólica e diastólica. Barra do Garças - MT, 2011. 2009 Feminino Masculino Figura 2: Incidência das crises hipertensivas registrados no hospital Municipal Dr° Kleide Coelho de Lima de Barra do Garças - MT, nos anos de 2009 e 2010 segundo o gênero . Barra do Garças - MT, 2011. Segundo Lessa et al.,(2006) a diferença na incidência do aumento de pressão arterial entre os sexos (feminino e masculino) pode variar, nacionalmente ou internacionalmente, de acordo com fatores socioeconômicos, étnicos, escolaridade etc. O aumento na hipertensão arterial em mulheres se deve ao mundo moderno, onde a mulher entra no mercado de trabalho e com isso adquiri alguns riscos de vida e, por consequência, há um aumento no estresse, o qual pode desencadear várias patologias como, por exemplo, a hipertensão arterial sistêmica. A análise da Tabela 2 evidenciou que a maior porcentagem de pacientes estudados tinha pressão arterial sistólica na faixa de 150-170 em ambos os anos (2009 e 2010), sendo 28% e 26% nas mulheres e homens, respectivamente, no ano de 2009 e 34% (mulheres) e 25% (homens) em 2010. Na faixa de 180140 ocorreu a segunda maior porcentagem, enquanto que a faixa de 260-280 foi verificada apenas 1% dos On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X 2010 Feminino Masculino 150-170 180-190 200-220 230-250 260-280 N° 188 103 46 7 4 % 28 15 7 1 1 PA Sistólica N° % 181 26 98 14 37 5 11 2 4 1 N° 297 123 57 18 2 % 34 14 6 2 1 N° 223 93 47 9 1 % 25 11 5 1 1 60-80 90-110 120-140 150-180 190-220 23 252 70 4 0 3 37 10 1 0 PA Diastólica 21 3 23 240 35 368 67 10 90 5 1 14 0 0 2 2 42 10 2 1 17 278 72 7 0 2 32 8 1 0 Os resultados entre o estado civil e a hipertensão arterial são apresentados na Figura 3. Há maior incidência de hipertensos casados, os quais representam 45% no ano de 2009 e 49% no ano de 2010. Quanto aos pacientes solteiros, 22% foram atendidos no ano de 2009 e 23% no ano seguinte. Os hipertensos amasiados no ano de 2009 representaram 10% e no ano seguinte com 9%. Em ambos os anos de estudo, os desquitados representaram 2% dos pacientes hipertensos, o mesmo nível porcentual foi encontrado para os divorciados no ano de 2009 e com um pequeno aumento no ano seguinte de 3%. Observamos também que houve um pequeno aumento Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º8 Vol – 1 p. 123 -128 127 nos pacientes viúvos com 12% em 2009 e 13% em 2010. Em estudos realizados em uma unidade básica de saúde no Maranhão por Mousinho e Moura (2008), os resultados relacionados ao estado civil foram parecidos com os encontrados no pronto socorro de Barra do Garças, onde os pacientes casados correspondem às maiores porcentagens afetadas com hipertensão. Os mesmos autores afirmam que os solteiros são menos acometidos por hipertensão arterial por causa do auxílio de um membro da família, facilitando o tratamento adequado. De acordo com os estudos de Sawyer; Leite e Alexandrino, (2002), a presença de um companheiro ou de familiares está lidado aos serviços de saúde, havendo maiores chances de diagnosticar a hipertensão, o que mostra a maior incidência da hipertensão nessas classes civis. Figura 3: Incidência das crises hipertensivas registrados no hospital Municipal Dr° Kleide Coelho de Lima de Barra do Garças - MT, nos anos de 2009 e 2010 segundo o estado civil. Barra do Garças - MT, 2011. Figura 4: Incidência das crises hipertensivas registrados no hospital Municipal Dr° Kleide Coelho de Lima de Barra do Garças - MT, nos anos de 2009 e 2010 segundo a escolaridade. Barra do Garças - MT, 2011. A baixa escolaridade é um fator que pode contribuir para a resistência dos pacientes à determinados tratamentos, entre eles o de hipertensão. Além da resistência, a pouca educação escolar associada com fatores socioeconômicos como baixa renda, que limita o acesso ao centros especializados de saúde, e psicológicos, como alcolismo, também contribuem para o aumento na pressão arterial da população (MION Jr et al., 2004). Assim sendo, a escolaridade e um fator que merece atenção, pois de acordo com os estudos de Mansano; Vila e Rossi (2009) quanto menor o nível escolar dos indivíduos maior será a exposição as doenças cardiovasculares e o risco de desenvolver a hipertensão arterial, diferente daqueles com nível superior, que pode ter maiores informações necessárias ao tratamento. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS No atributo escolaridade foi observada maior incidência de pacientes hipertensos com 1º grau incompleto, representando 40% no ano de 2009 e no ano seguinte com 38%; a segunda maior incidência foi encontrada em pacientes que tinham ensino fundamental completo com 18% das fichas analisadas no ano de 2009 e no ano consecutivo com uma discreta diminuição com 17%; já os hipertensos que se mostraram sem nenhum estudo ou não declararam a sua escolaridade representaram 17% no ano de 2009 e 16% no ano subsequente (Figura 4). Por outro lado, os resultados mostraram que as menores porcentagens foram encontradas em pacientes com crises hipertensivas que tinham o 3º grau completo, apenas 3% no ano de 2009 e 4% no ano de 2010, e o 3º grau incompleto, 1% de hipertensos em ambos os anos estudados (Figura 4). On-line http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X Ao analisarmos os resultados conclui-se que, no município de Barra do Garças, os atendimentos aos hipertensos tenham sido cada vez mais frequente na unidade de urgência e emergência do Hospital Municipal Dr° Kleide Coelho de Lima nos anos de 2009 a 2010. Portanto, no ano de 2009 observa-se que de 682 fichas de atendimentos a maioria foi do sexo feminino com 51% e no ano seguinte foram analisadas 871 fichas de atendimento com 57% dos pacientes do sexo feminino. Com relação às características assistidas constatou-se que a maioria dos pacientes se encaixava na faixa etária de 50 a 59 anos nos dois anos estudados, com grande incidência de pessoas da cor parda e raça branca. Contudo, evidenciou-se um elevado índice da pressão arterial sistólica na faixa de 150-170, nos dois anos analisados em ambos os sexos. No ano de 2009 observou-se um discreto percentual nos níveis de pressão arterial diastólica na faixa de 60-80 com 3% para ambos os sexos e no ano seguinte percebe-se uma Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º8 Vol – 1 p. 123 -128 128 relativa diminuição em relação ao ano anterior com 2% para ambos os sexos. O ano que mais teve atendimento foi o de 2010 e com maior incidência de casados nos dois anos respectivamente. Portanto, nos anos analisados há uma incidência maior nas crises hipertensivas nos pacientes com 1º grau incompleto. Quanto ao preenchimento das fichas de atendimentos pelos médicos, observou-se que muitos não descreviam os possíveis sinais e sintomas apresentados pelos pacientes, que geralmente compareciam na unidade de urgência e emergência para fazer uma avaliação clínica ou porque eram pacientes com diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica. Assim sendo, diante do estudo apresentado, a partir da metodologia empregada e dos resultados obtidos, os objetivos propostos foram alcançados, discutidos, demonstrados e reforçados. Portando, percebe-se a necessidade de alertar os profissionais na área da saúde sobre a importância do registro, para se conhecer as características destes pacientes a fim de manter um controle e prevenção dos hipertensos. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EVANGELISTA, Isabel Alcina Soares, et al. Avaliando a saúde do idoso nas comunidade: Mirituba e Castela. Revista em foco. ano 08, n.15, p.71-80, 2011. MARTIN, J.F.V, et al. Perfil da crise hipertensiva: Prevalência e apresentação clinica. Arquivos brasileiros de cardiologia. V.83, n.2, p.30-125, 2004. MAGNABOSCO, P. Qualidade de vida relacionada à saúde do indivíduo com hipertensão arterial integrante de um grupo de convivência. Revista de escola de enfermagem de ribeirão Preto da USP. Ribeirão Preto, 2007. MION Jr. et al. 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