Emanuel Messias Cardoso da silva
Puc/sP
Este trabalho faz parte de uma pesquisa que est4 sendo,
por
n6s,
agora,
iniciada
e
tem
por
objetivo
aspectos do discurso amoroso, em principio,
excerto da cena 2: 0 Jardlm dos capuletos,
analisar
a partir de um
ate II, de
aa..u
e Jl1l:1eta.
Segundo Orlandi
e
0
em todo
instante,
0
(1990:75), -0 agora e
lugar,
rugaz
e
(estado?) em que se d4
Por
essa
temporalidade
imbrimcam-se
nunca
0
0
0
que
e
0
jamais,
nunc a
uma
sempre, 0 aqui
etemo
0
acaba.
Eis
a
• 0
reqi&o
discurso de amor-.
colocac;llo, percebemos
na
0
constituic;110 do
atemporalidade
(0
a
importllncia
discurso
sempre,
sua
da
amoroso:
durac;llo
subjetiva) e uma temporalidade dada pela -hist6ria facutal',
o agora,
marcado
incompletude,
sujeito.
por uma repetic;llocontinua
A onipotl1ncia e ao sentimento
que
serve
A
de durac;llodo
1337
outro aspecto que convem relevar e
sujeito
external
e
que
determinado
ao
mesmo
(determina~!o
exterioridade
pela
tempo
que
uma
seu
do
sujeito
pontos que consideraremos
JULIETA
e
a
temporalidade
para a analise que segue.
Tr~s palavras,
querldo
Se teus
pensamentos amorosos s40 honestos
por
0
procurarel
dlzendo
que
e
matrimOnio, envia amanhS,
intermedio
de
uma pessoa
manda.r-te,
UIII8.
que
palavra
onde e a que horas queres
se
verlflque
colocarei
segulndo-te
a
minha sorte
pelo
cerlmOnla
a teus
e
pes,
mundo como meu
dona e senhor.
AMA- (Do interior)
inten90es
nSo
sac
Senhora!
boas,
suplico ...
AMA- (Do interior)
da
de sua
e absolutiza~!o.
Romeu, e ainda boa noi te!
teu rim
dizer
injun~ao
com sua condi9!o interna na constru9!o
constitui~ao
do
(determina~:lo
determina
dando-se
unidade e dispersAo, continuidade
A
da manifesta~!o
exterioridade
em
iriternal,
0
Senhora!
eu
te
sac
os
JULIETA
teus
-
ROMEU -
logo ••. Que cesses
e me de1xes
galante10s
minha dor.
tao
vou
J~
Amanhlf, envlare1
Que assim
seJa
s6
com
algu~m.
mlnha
alma
teliz!
JULIETA
Hil
vezes
boa
no1 te!
(sa1)
ROMEU- Maldl ta
tua
luz!
amor,
... O
como os
l1vros,'
mas
mil
vezes
amor
corre
escolares
amor
0
amor,
como as
para
a
se
atasta
se
com
0
dos
do
d1r1gem
os
entr1stecidos.
lentamente.
para
togem
cr1an9as
escola
tal tando
olhOS
(Ret1ra -se
Reaparece
JUlieta,
em
cima).
1. A constitui~ao do sujeito.
Efeitos de sentido constantes no discurso de amor SaD a
continuidade e a absolutiza~ao.
A continuidade
se dA por os
sujeitos nao se deixarem interromper
para perceber qualquer
outra
abso1utiza~ao
coisa
que
"independentes"
nAo
seu
amor.
A
porque,
do mundo e da razao, os sujeitos visam a urn
objetivo somente: a contempla~~o do momento amoroso. Assim,
eles se posicionam: continuos e absolutos.
As
isso
falas de Julieta
claramente.
no excerto. apresentado,
Partindo
de
uma
mostram
contraditoriedade
na
materialidade textual, ela, n~o mantendo unidade no ·corpo·
de
suas
falas,
interior)
e
assegura
faz
uma
valer
unidade
seu
pessoal
objetivo:
amar
(condi~lo
iDiaIIaupta
e
independentemente.
No entanto, esse amor de Julieta nlo se restrinqe a um
;~onamento
a dois somente. Ao se utilizar das palavras
·matr~io·
e
·cerim6nia·,
compro.ete~
aocial e religiosamente, pois:
o matrimOnJo.
mulher e
lel,
0
UIIoI!I
.! lel,
COJ/IO
de gra~a,
cada
salvaplJo eterna,
para
sinais
por
os
portanto
discursivo,
A lel,
conforme a
agradAvel,
portanto
que estabelece
U.ll dos
lnstituidos
lndlspens~vels
certo,
contexto
de um homemcom uma
dlz respelto
alem de ser um ritual
• t.1do
seu
un140 legal
·legal·
rererente
no
0
matrimOnl0,
sens1.veis produtores
Cristo
como auxl1lares
cristlJos
adqui ri rem
a
comprometlmento soclal
e
rel1g10so.
Ceri.llOnla e iJma fonsa exterior
e ritual
de um culto
1340
E, ao usar as palavras
"dono" e "senhor",
comprometer conforme 'anteriormente,
ela
al~
mostra a
de se
face
da
mulher da Apoca: escrava; pois:
Dono ~ aquele
que
~ senhor,
~ propI1et~r!o,
~
possu!dor.
Senhor ~ aquele que ~ soberano,
Cabe
especificar,
perteitamente
identidade
ainda,
A no~Aode sujeito
do sujeito
historicamente,
porque a fluidez,
atributos
de
historicidade
A
Julieta
dada por POcheuxde que a
onipotente,
0
mas ditado
e mesma no discurso
pela
do amor,
a indetermina~Ao, a imprecisAo que sAo
amor,
contudo
nAo negam a
sociedade,
a
presente na vida das pessoas.
temporalidade.
H4 uma disson4ncia fundamental entre
e
enquadra-se
da tala de amor, mostram independoncia com rela~lo
1 situayAo
2.
que
~ nobre.
se dA por um processo e nAo por ele
mesma. Nlo hA um sujeito
sociedade,
~ chefe,
tempo vivido.
constitutiva
em que
0
De um lado,
do discurso
0
discurso
de amor
hc\ uma atemporalidade
de amor; de outro,
0
tempo vivido,
discurso de amor se coloca na necessidade de gestos
cotidianos,
repetidos.
Repeti~Ao e atemporalidade:
contradi~Ao que des4gua na
idAia de durayAo (permanOncia), ao masmatempo em que elide
a temporalidade.
discurso
A
0
0 que trabalh
sentimento que
0
ao tempo
sujeito
0
tempo a esse
tem de sua dura~Ao
1341
como
ic1Antico a
e
n~o
o tempo, no c1iscurso c1e amor, ~ psicoI6qico-eterno.
Diz
hist6rica
respeito
s1
mesmo
(c1imens~o subjetiva)
(mem6ria no tempo).
a. pr6pria postura c10 sujeito amante na situac;;Ao
c1iscurs1vo-amorosa:
ele
ama
ininterrupta
e
independentemente.
Julieta, ao dizer Mil vezes boa nol te, querldo Romeu!,
encontra-se
no eterno, onde nAo hA tempo. DA um carAter de
infinitude ao seu dizer.
JA Romeu, venc10 que JUlieta vai embora, malc1iz a salc1a
dela, falando ~ld1ta
mil vezes faltando
A c1imensao subjetiva
luqar
c10 tempo
tua luz!
(0 sempre)
some
e c1A
a. memOria (c1imensao histOrical. HA um eterno vaiv~
a repetic;;Ao tem um aspecto
tipo c1e discurso,
constitutivo
particular
servindo A incompletude,
-
nesse
A onipotAncia
e
ao sentimento de durac;;Aodo sujeito. Repetic;;Aoesta que nAo
~ retorno, mas descontinuidade
~VERO,
contradit6ria.
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Romeu
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Julieta.
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