OS CINCO SIGNIFICADOS DE FRAÇÃO E O SOFTWARE JCLIC: RELATO DE UMA PROPOSTA COM ALUNOS DE 6º ANO Aparecida de Araújo Secretaria de Estado da Educação do Paraná - SEED [email protected] Veridiana Rezende Universidade Estadual do Paraná/Campo Mourão [email protected] Resumo: Nossa experiência como professoras de Matemática, juntamente com resultados de pesquisas como Nunes e Bryant (1997), mostram as dificuldades dos alunos na compreensão do conceito de fração. Esse fato reflete no baixo desempenho dos alunos em avaliações realizadas pelo Ideb, Prova Brasil, Provinha Brasil, Saresp, Enem e SAEB. Além disso, muitos livros didáticos limitam a abordagem das frações com significado parte do todo, fato que não favorece a compreensão plena desse conceito. Assim, com o objetivo de favorecer a compreensão do conceito de fração por alunos do 6º ano, apresentamos nesse trabalho parte de nossa proposta de produção didática do Programa de Desenvolvimento Educacional que teve a intenção de explorar os cinco significados do conceito de fração: número, relação parte-todo, medida, quociente e operador multiplicativo, conforme propostos por Nunes (2003). Além disso, aliamos à nossa sequência didática a abordagem das frações por meio do Software Jclic. Palavras-chave: Educação Matemática. Cinco significados de fração. Software Jclic. Introdução Apresentamos nesse texto parte de nossa pesquisa que se encontra em fase de desenvolvimento, vinculada ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE do Estado do Paraná. O objetivo principal de nosso trabalho foi elaborar uma sequência de atividades que favorecesse o ensino e a aprendizagem do conceito de fração, utilizando-se do uso do Software Jclic, para alunos do 6º ano do Ensino Fundamental. Nossa experiência mostra que, em relação ao conceito de fração, nossos alunos apresentam muitas dificuldades, não abstraem os conceitos que as fundamentam. Esse fato XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 pode ser confirmado com os resultados de pesquisas e provas para medição de desempenho dos alunos, tais como Saeb1, Ideb2, Prova Brasil3, Provinha Brasil4, Saresp5, Enem6. Desta forma, com a intenção de repensar em nossa própria prática docente e, de repente, colaborar com a prática pedagógica de outros professores de Matemática, a respeito do ensino de fração, realizamos um estudo em pesquisas e documentos curriculares a respeito do tema frações que culminou na elaboração de uma sequência com cinquenta e nove atividades, fundamentadas nos cinco significados de frações: número, relação parte-todo, medida, quociente e operador multiplicativo e número, buscando explorar uma diversidade de situações para favorecer a compreensão dos alunos. Para o presente trabalho, apresentaremos como os livros didáticos vêm abordando o conceito de frações e as teorias relacionadas aos cinco significados de frações que fundamentaram nosso projeto. Finalizamos o trabalho apresentando algumas das atividades que compuseram nossa produção didática, com breves relatos da implementação desenvolvida com os alunos. A fração nos documentos curriculares e nos livros didáticos de Matemática De acordo com os PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais para a disciplina de Matemática (BRASIL, 1998), os professores devem iniciar formalmente as primeiras ideias do conceito de número racional a partir do 4° e 5° ano do Ensino Fundamental, ampliando-se este estudo nos 6° e 7° anos desta mesma modalidade de ensino. Este fato também é sugerido pelas DCE - Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná para a disciplina de Matemática (PARANÁ, 2008). Como parte do estudo dos números racionais, as frações referem-se a um dos principais conceitos a ser estudado neste nível de ensino. De acordo com análises realizadas por Bonotto (2011), os livros didáticos abordam as frações como exercícios práticos, sequência de conceitos ilustrativos e conceito contextualizado. A pesquisadora analisou, entre outras, a obra de Jakubovic, Lellis e 1. Sistema de Avaliação da Educação Básica. 2. Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. 3. Avaliação para diagnóstico, em larga escala, desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC). 4. A Provinha Brasil é uma avaliação diagnóstica aplicada aos alunos matriculados no segundo ano do ensino fundamental (MEC). 5. Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo. 6. Exame Nacional do Ensino Médio. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Centurión (1999), referente à 5ª série do Ensino Fundamental. Como exemplo de exercício dessa obra, a autora cita: “Quando dividimos uma figura em duas partes iguais cada parte é um meio ou metade da figura. Com símbolos matemáticos, escrevemos que cada uma (1) das duas partes (2) é 1 2 da figura. Assinalamos 1 2 da figura” (p.22). Vejamos o desenho do retângulo dividido em duas partes e uma parte pintada apresentado pelos autores: Moutinho (2005) também aponta outras obras que apresentam essas mesmas características na forma de abordar fração. Entre elas, são mencionadas as obras de Dante (2001)7, Andrini e Vasconcellos (2002)8, Jakubovic e Lellis (1999)9. Acrescentamos, ainda, que estas mesma característica de abordar fração pode ser observada em coleção mais recentes, tais como Giovani, Castrucci e Giovanni Jr (2009)10. Toledo e Toledo (1997) afirmam que tanto nos livros didáticos como nas salas de aulas os números racionais são introduzidos pela ideia de fração, que é ensinada de modo rígido por meio de ilustrações de situações de natureza contínua que é repartida em n partes iguais e são coloridas m dessas partes, para representar a fração m . No entanto, n pesquisadores, tais como Bertoni (2004), Bezerra (2002), Moutinho, (2005), Nunes (2005), Santos (2005) e Rodrigues (2005), têm apontado dificuldades na compreensão dos alunos ao se abordar o conceito de fração somente como quociente e como descritoras de quantidades. Em relação ao ensino de Matemática, para Toledo e Toledo (1997), os conceitos de frações são trabalhados apenas com significado parte do todo, a partir de sua representação a b com a e b naturais e b 0 . Em relação a apresentar aos alunos apenas este significado de frações, Campos e Cols (1997, apud NUNES, p.191) afirmam que esse modo de ensino “[...] simplesmente encoraja os alunos a empregar um tipo de procedimento de contagem dupla – ou seja, contar o número total de partes e então as partes pintadas – sem entender o significado desse novo tipo de número”. 7 8 9 10 Matemática, Editora Ática Praticando Matemática, Editora Brasil Matemática na Medida Certa, Editora Scipione A Conquista da Matemática, A+Nova e na Edição renovada XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Discussão das dificuldades dos alunos com o conceito de frações e a importância de metodologias diversificadas para a aprendizagem da Matemática Quanto à aprendizagem de frações, os alunos podem manifestar habilidades em manipular operações com números fracionários sem ter assimilados os conceitos. Nunes e Bryant (1997, p.191) afirmam que: Com as frações as aparências enganam. Às vezes as crianças parecem ter uma compreensão completa das frações e ainda não a têm. Elas usam os termos fracionários certos; falam sobre frações coerentemente, resolvem alguns problemas fracionais; mas diversos aspectos cruciais das frações ainda lhes escapam. De fato, as aparências podem ser tão enganosas que é possível que alguns alunos passem pela escola sem dominar as dificuldades das frações, e sem que ninguém perceba. Diariamente nos deparamos com diversas situações nas quais empregamos frações, como por exemplo, 3 1 4 de uma xícara, 2 quilo de carne, eleições vence o candidatos que obtiver (metade) total dos votos mais um no primeiro turno ou a maioria simples no segundo, em mapas e plantas com uso de escalas; razões e proporções empregadas na música, na física, na culinária e em outras. As frações não se apresentam desprovidas ou desvinculadas de situações do cotidiano, estão sempre relacionadas com medidas, objetos, valores, entre outros. Segundo Moutinho (2005), o ser humano não se relaciona de forma mecânica ou imediata com o outro e com a realidade. Para essas relações, faz-se preciso uma dimensão simbólica ou representacional. Para Moutinho (2005), [...] os conceitos que nós utilizamos estão embebidos na vida cotidiana e não surgem por simples apreensão sensível diretamente do real; por outro lado, os conceitos só funcionam, quando estão reunidos em proposições, sentenças, enunciados e teoremas e não operam em vão. Desta forma, os conceitos, além de se relacionar entre si, dão suporte para estabelecer novos conceitos, estabelecendo conexões com várias áreas de conhecimento. Deste modo, faz-se necessário ressaltar que estamos inseridos numa sociedade em que suas transformações exigem profissionais pensantes, críticos, capazes de aprender e articularse dentro de equipe de trabalho e principalmente de conhecer-se como pessoa. Delors (1999, p.89-102) afirma que: [...] a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do conhecimento: [...] aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; [...] aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; [...] aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente [...] aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Desta forma, a educação escolar não pode ser alienada as necessidades impostas pela sociedade, tornam-se imprescindível, a nós, professores, acompanharmos tais transformações. As DCE (PARANÁ, 2008) aponta que o ensino da matemática deve possibilitar aos estudantes análises, discussões, conjecturas, apropriação de conceitos e formulação ideias, ou seja, que os alunos tornem-se capaz de estabelecer relações e se apropriem significativamente dos conceitos matemáticos necessários para atuar positivamente em seu cotidiano e contribua para o desenvolvimento da sociedade. Ainda as DCE (PARANÁ, 2008) apresentam considerações sobre tendências metodológicas que compõem o campo de estudos da Educação Matemática. Dentre elas, aponta que as mídias tecnológicas vêm contribuindo para uma melhora na compreensão da disciplina. No contexto da Educação Matemática, as mídias tecnológicas têm potencializado o processo pedagógico através de recursos tecnológicos, como software, a televisão, as calculadoras, os aplicativos da internet, entre outros, pois tem favorecido as experimentações matemáticas e possibilitado simulações nas formas de resolução de problemas (PARANÁ, 2008). Nesse sentido D‟Ambròsio e Barros (1998), afirmam que: As atividades com lápis e papel ou mesmo quadro de giz, para construir gráficos, por exemplo, se forem feitas com o uso dos computadores, permitem ao estudante ampliar suas possibilidades de observação e investigação, porque algumas etapas formais do processo construtivo são sintetizadas. As ferramentas tecnológicas possibilitam ao estudante realizar ensaios, expectativas, simulações, tais características devem ser, na medida do possível, consideradas pelo professor. Para que isso ocorra, Moram (2008) assinala que é necessário um currículo mais integrado, mais próximo do cotidiano, com muito mais liberdade de percurso, de escolhas, de integração significativa. Com metodologias diversificadas, mais ativas e focadas em pesquisa e produção, em jogos, na relação prática-teoria-prática. Utilizando as mídias possíveis e de forma integrada nos novos nichos educacionais. Foi com este propósito que desenvolvemos nossa produção didático pedagógica, buscando favorecer o ensino e a aprendizagem de frações e, igualmente, inserir recursos tecnológicos, como o software Jclic, no ensino de Matemática. Para a aprendizagem de XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 fração, buscamos contemplar na sequência de atividades os cinco significados de frações, descritos na sequência deste texto. Fração vista a partir de cinco significados Magina (2013, p.91, apud NUNES, 2003) afirma que a aprendizagem de conceito de fração pode ser obtida com maior êxito quando esse conceito é explorado por meio de cinco significados: parte-todo, medida, quociente e operador multiplicativo e número, sendo cada um trabalhado a partir de uma gama diversificada de situações. A seguir, descrevemos cada um destes significados. Significado Número: Uma fração a , com b 0, pode assumir o significado de número e ser b posicionada na reta numérica. Assim como os pesquisadores Bonotto (2011) e Moutinho (2005), podemos observar que esta abordagem raramente é utilizada pelos livros didáticos, o que prejudica a organização do conceito, pois o aluno tende a não identificar a fração como um número. É importante que o aluno reconheça este significado, e visualize seu posicionamento na reta numérica, além do fato deste número também poder ser representado como um decimal. Significado Relação Parte-Todo: Esta ideia representa um todo (contínuo ou discreto) dividido em n partes iguais, onde cada uma dessas partes é representada como 1 . A relação n parte-todo implica em um procedimento de dupla contagem, onde o denominador representa o número de partes que este todo foi dividido e o numerador quantas partes foram consideradas. Nota-se que esta ideia é bastante abordada pelos livros didáticos, sendo muitas vezes utilizada como uma estratégia para a introdução do conteúdo de frações. Este fato por ser observado nos livros didáticos como: Dante (2001)11, Andrini e Vasconcellos (202)12, Jakubovic e Lellis (199)13, entre outros. Significado de Medida: Neste caso, a ideia é de comparação entre duas grandezas, podendo estas ser intensivas ou extensivas (medida de quantidade de mesma natureza, parte todo). Como exemplo, cita-se o cálculo da probabilidade de um evento, que é obtido através da razão entre o número de casos prováveis e o número de casos possíveis desse evento ocorrer. Assim, a chance de ocorrer de tal evento varia entre 0 e 1, sendo este número, na maioria dos 11 Matemática, Editora Ática, 2001. 12 Praticando Matemática. Editora Brasil, 2002. 13 Matemática na medida certa. Editora Scipione,1999. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 casos, uma fração. Da mesma forma que o estudo de probabilidades, podemos relacionar a este significado a porcentagem. Significado de Quociente: O significado quociente é empregado quando em determinada situação a divisão é o recurso empregado para a solução do problema, ou seja, quando a situação a , a e b inteiros, e b 0 , é utilizado para escrever a b . Este aspecto do conceito b de fração é pouco explorado pelos materiais didáticos. Operador Multiplicativo: A fração a , com a e b inteiros, e b 0 , atua como fator b transformador de um número ao ser multiplicando por 'a' e, logo em seguida, dividindo por „b‟. O número resultante deste processo pode ser maior ou menor que o número em seu estado inicial, dependendo do quociente a . Este momento poder aproveitado para abordar as ideias b de número inverso e identidade. Como mencionado anteriormente, também podemos observar que a maioria dos livros didáticos aborda frações como sendo divisão do inteiro em partes iguais. Além de nomear fração como número de partes pintadas do número total de partes e analisar ordem da fração e equivalência por meio da observação e percepção. Essa forma de abordagem pode conduzir o aluno a um raciocínio errôneo das relações lógico-matemáticas que estão envolvidas nos conceitos fracionários. Sob este olhar de se considerar a importância de se explorar os cinco significados de frações: parte-todo, medida, quociente e operador multiplicativo e número, é que conduzimos a proposta da produção didático pedagógica de nosso trabalho do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Assim, a proposta do projeto para trabalhar tais significados consiste em explorar uma diversidade de situações relacionadas às frações, de modo que o aluno possa vivenciar, no decorrer das atividades trabalhadas, o conceito de fração contextualizado com situações possíveis de serem deparadas em seu cotidiano. Além disso, considerando a importância de se inserir recursos tecnológicos no ensino e aprendizagem da Matemática, em conformidade com documentos curriculares do Estado do Paraná (PARANÁ, 2008), e com a intenção de atrair a atenção dos alunos e favorecer melhor compreensão e visualização das situações propostas, parte das atividades foram elaboradas utilizando Software Jclic. XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 A seguir, apresentamos uma pequena parte do relato de duas atividades de nossa implementação da produção didático pedagógica. A sequência de atividades: breve relato da implementação de uma atividade A sequência de atividades elaborada consiste em duas partes. A primeira parte o professor pode desenvolvê-la em sala de aula, utilizando lápis e papel. A segunda parte desta sequência de atividades deve ser desenvolvida em laboratório de informática, utilizando computadores e o software Jclic. No entanto, ressaltamos que as atividades com lápis e papel e com computadores podem ser utilizadas como complementares, mas também podem ser desenvolvidas separadamente, conforme as necessidades e disponibilidades do professor. A sequência didática foi elaborada em cinco seções. Cada seção refere-se a um dos significados de fração. Além das atividades, cada seção possui um espaço que nomeamos de “Importante” destinado ao professor, além disso, no espaço que nomeamos “Professor – esta é a ideia da construção”, apresentamos as atividades desenvolvidas com a intenção de apresentamos praticidade para as aulas do professor. A sequência didática ainda contém atividades de fixação para que o aluno possa desenvolver os conceitos compreendidos. Os significados, ou seja, cada seção pode ser trabalhada independente. Caso o professor desejar escolher as atividades apenas de uma única seção, nada impedirá que a mesma seja trabalhada desvinculadamente. Apresentamos a seguir uma atividade que foi realizada com lápis e papel, em sala de aula convencional, com vinte e oito alunos do 6º ano do Ensino Fundamental. Apresentamos também a atividade similar para ser explorada com o Software Jclic, ambas com o mesmo objetivo de se explorar o significado parte – todo. No entanto, informamos que todas as atividades elaboradas em nossa sequência de atividades estão disponibilizadas no link a seguir, livres para serem acessadas: https://dl.dropboxusercontent.com/u/13324699/cidamurrojclic/index.htm Figura 1: atividade lápis e papel – significado de fração parte-todo XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Fonte: autoras deste trabalho Figura 2: atividade Jclic – significado de fração parte-todo Fonte: autoras deste trabalho XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Nesta seção, significado “parte-todo” foi muito importante para os alunos “enxergar” e estabelecer relações entre conceito de frações ensinado na escola, com situações que envolvem frações no seu cotidiano. Podemos perceber esta relação por meio dos relatos dos alunos: Figura 3: Registros dos alunos do 6 ano a respeito do conceito de frações De modo geral, podemos dizer que os alunos apresentaram um grande entusiasmo em trabalhar com as atividades em sala de aula. Porém, quando fomos para o laboratório eles ficaram vidrados. A partir da primeira aula no laboratório, em todas as outras aulas eles questionavam se teríamos aula com as atividades do Jclic. Para que os alunos pudessem “brincar” com as atividades quantas vezes quisessem, disponibilizamos o endereço do site que contém as atividades de nosso trabalho e muitos puderam ter acesso as atividades fora da escola. Foi possível observar que ao realizarem as atividades do Jclic eles lembravam dos significados trabalhados em sala de aula e buscavam aplicar de forma correta. Em algumas atividades, como por exemplo, calcular ¼ de certa quantidade, alguns alunos diziam: 1/4 é a metade da metade. Não é verdade professora? XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 Considerações As atividades ainda estão sendo implementadas. Os resultados até o momento estão sendo positivos e os alunos estão correspondendo nossas expectativas. Ressaltamos que os alunos estão resolvendo as atividades e estão compreendendo o conceito de fração. Porém, consideramos importante destacar algumas dificuldades apresentadas pelos alunos tais como trabalhar com a régua e, principalmente, com a divisão de frações, ou seja, os alunos tem dificuldades com a representação decimal. Estas dificuldades, limitam a aprendizagem do significado de número e a sua localização na reta. Desta forma, para favorecer a divisão foi introduzido o uso da calculadora, pois no momento, mesmo retomando o algoritmo da divisão, não teríamos tempo hábil para trabalhar divisão decimal. No significado quociente, os alunos relacionaram com facilidade que a fração é uma divisão, porém, apresentaram certa confusão quanto a “quantidade de objetos ou elementos” e para “quem dividi-los”, o que deveria ser considerado o inteiro, o denominador e o numerador. Para favorecer a compreensão realizamos uma dramatização. Representamos os três bolos – “uma folha de sulfite”, para dois alunos. Desta forma entenderam que os bolos seriam divididos entre os meninos e não os meninos divididos para os bolos. Assim, sugerimos que os professores fiquem atentos aos cinco significados de fração e que os explorem com seus alunos, não ficando limitados às abordagens apresentadas pelos livros didáticos, que muitas vezes são limitadas a apenas um ou dois significados de fração, privando os alunos de ampliarem seus conhecimentos. Uma observação importante quanto as ferramentas tecnológicas: a escola não oferece plenas condições para trabalhar no laboratório, pois além de poucas máquinas, ainda há aquelas que na hora “H” não funcionam. Desta forma, no primeiro momento apresentamos algumas atividades, coletivamente, com o uso do multimídia, em seguida trabalhamos off-line. Disponibilizamos atividades impressas para um grupo de alunos, enquanto o outro grupo trabalhava nas máquinas, todos dentro do laboratório. Mas deu certo! Inclusive, o software jclic possibilita ao professor verificar as atividades que o aluno realizou com sucesso, além da porcentagem de acertos no final da seção proposta. Mesmo com várias barreiras para trabalhar com as ferramentas tecnológicas, acreditamos que o professor deva propor atividades que possibilita o aluno experimentar, simular e aplicar através destas ferramentas, os conceitos trabalhados por meio de experiências ou mesmo por meio de folha e papel em sala de aula. Pois sabemos que nossos XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014 ISSN 2175 - 2044 alunos de hoje são “crias” de ambientes tecnológicos. A maioria convivem com as ferramentas tecnológicas e apresentam uma grande satisfação em executar atividades proposta por meio das mesmas. Referências BEZERRA, F.; Magina, S.; Spinillo, AG. Como promover as crianças compreensão de frações? Um Proceedings Estudo Exploratório. Da 26 Conferência Internacional para a Psicologia da Educação Matemática (PME), vol. 2, pp 89-96, Norwich, UK, de Julho, 2002. PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica, Secretaria de Estado da Educação do Paraná, Matemática, 2008. MAGINA, S.; CAMPOS,T; NUNES,T., GITIRANA,V. Repensando Adição e Subtração: Contribuições da Teoria dos Campos Conceituais, Ed. PROEM Ltda, São Paulo, 2001. MOUTINHO, Leonel Valpereiro. 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