CARNES E DERIVADOS CONCEITUAÇÃO Carne é todo músculo estriado que recobre o esqueleto, e também o diafragma, a língua, o esôfago e as vísceras de diferentes animais. A carne compreende tecido muscular, adiposo e conjuntivo. ESTRUTURA DA CARNE Tecido muscular Fibras musculares que contém pigmentos, substâncias extrativas, glicogênio, proteínas etc. Tecido muscular Pigmentos responsáveis pela coloração da carne mioglobina hemoglobina Em presença do oxigênio a mioglobina forma a oximioglobina, de cor vermelho brilhante. O maior problema da descoloração da carne fresca é a formação de metamioglobina, pigmento vermelho marrom. Tecido conjuntivo Representa nos tecidos animais o mesmo que a celulose nos tecidos vegetais, isto é, função de sustentação. O tecido conjuntivo contém duas proteínas fibrosas Cólageno Elastina Submetido por tempo prolongado à cocção por calor úmido, o tecido tendinoso aumenta de volume, amolece e o colágeno é hidrolisado, transformando-se em gelatina. Tecido adiposo Constituído fundamentalmente de gordura. O tecido adiposo contém ainda 2 a 4% de proteínas; 0,1 a 0,2% de minerais e de 5 a 20% de água. Quando a temperatura atinge ao redor de 50°C A gordura liquefaz-se produzindo o “goteio”. A perda de gordura não é total porque se encontra retida em estrutura celular. QUALIDADE DA CARNE As carnes têm teor semelhante de purinas. Divergem no teor de gordura e na natureza das fibras. As vísceras têm maior teor de purinas e colesterol. Estado de maturação Influi sobre a consistência da carne. Congelamento lento Aumenta a perda de água, sais e albumina. Vinha d´alhos A vinha d´alhos consta de temperos diversos adicionados ao vinagre e ao vinho. Utilizado para o amaciamento de carnes. Vísceras ou miúdos Os órgãos internos de cor vermelho-escura, coração, rins, língua e principalmente o fígado, contém alto teor de ferro, vitaminas do complexo B e vitamina A. O miolos são ricos em lipídios e dobradinhas (estômagos e intestinos) têm cerca de 11% de proteína. Cocção da carne O método de cocção utilizado depende do tamanho ou grossura do pedaço de carne. Quando se assa qualquer carne, deve-se colocála inicialmente em forno brando. Dessa forma, a retração das fibras ocorrerá lentamente, impedindo-se que se produza o “goteio”, que torna a carne seca, além de reduzir o rendimento. O uso do termômetro introduzido dentro da carne dá uma indicação precisa do grau de cocção da mesma. 65-70º C (ao ponto); 70-80º C (bem passada); 80-95º C (muito bem passada). Assar em forno brando (120º C) É a forma pela qual se observam menores perdas de nutrientes e se obtém menor retração do assado. Grelhar e fritar são métodos rápidos de cocção da carne usando-se o calor seco. O sabor de preparações grelhadas, fritas, assadas é exaltado pela desidratação das substâncias extrativas que se condensam na superfície da carne A carne submetida à cocção em meio úmido perde uma parte das proteínas no meio da cocção, sais minerais e vitaminas hidrossolúveis. Na cocção por calor úmido coagulam-se as proteínas a 60º C. PESCADO Pescado é o animal aquático obtido de água doce ou salgada, por diferentes processos de captura ou pesca, para fins alimentares. Classificação Peixes finos: peixes de água fria, clara e profunda, obtidos por pesca de linha (namorado, cherne, garoupa, vermelho, badejo, robalo, mero). Peixes populares: peixes de água morna, rasa e lamacenta ou os capturados em maior volume pelo arrastão (corvina, pescadinha, cavalinha, galo, sardinha). Sinais de reconhecimento do pescado fresco Peixe a carne é firme, branca, rosada, elástica, com reflexos madrepérola e resiste à pressão dos dedos. A cauda é firme na direção do corpo, o cheiro é característico e os olhos são salientes e brilhantes. Ostras as conchas das ostras frescas são duras, bem ajustadas e quando comprimidas não provocam nenhum som. A carne é sólida, de cor clara e livre de impureza. O líquido é claro e brilhante, sem adição de água. Camarões a carne de camarões frescos é firme, de cor branco-acinzentada, adquirindo cor rosada quando cozida. Sinais de reconhecimento do pescado alterado Peixe Escamas opacas desprendendo-se facilmente. Olhos turvos, vítreos, opalinos. Guelras pálidas, acinzentadas, ressequidas, azuladas, com cheiro desagradável. Carne sem brilho, de cor leitosa, sem elasticidade e conservando o sinal de pressão dos dedos. Ventre abaulado, flácido, volumoso. Ostras Conchas mal ajustadas, separadas e quando comprimidas provocam um som surdo. Carne ressecada, descorada ou escura, sem brilho, com impurezas. Líquido ausente ou adicionado de água. Camarões Carne pouco firme, de cor escura, azulada ou esverdeada, mesmo quando cozida. Pré-preparo do pescado Escamar, eviscerar, filetar, lavar muito bem o peixe em água corrente. Ao adquirir mariscos, mexilhões e ostras, lavá-los primeiramente, fechados ainda. A água encontrada dentro da casca dos mariscos deve ser aproveitada para o seu cozimento. A lagosta deve ser fervida em água adicionada de vinagre ou limão e sal. Depois, deve-se desprender a carne, retirando-a pela abertura do ventre. O mesmo processo é utilizado para outros crustáceos. Os camarões podem ser descascados crus ou depois de serem submetidos à fervura. Cocção de pescado A carne de pescado tem pouco tecido conjuntivo, o que permite que a cocção seja feita em curto tempo e sem exigir alta temperatura. O pescado pode ser preparado cozido, assado, grelhado ou frito estando exposto às mesmas perdas e modificações da carne bovina. BIBLIOGRAFIA BOBBIO, F.O; BOBBIO, P.A. Química do processamento de alimentos. 3ª. Ed. São Paulo: Varela, 2001. 144p. ORNELLAS, L.H. Técnica dietética, seleção e preparo de alimentos. 8ª. Ed. São Paulo: Atheneu, 2006. 296p. PHILIPPI, S.T. Nutrição e Técnica Dietética. 2ª. Ed. São Paulo: Manole, 2006. 402p.