DISCIPLINA DE FILOSOFIA
PROFESSOR: ADRIANO RODRIGUES
SÉRIE: 2º ANO DO ENSINO MÉDIO
REVISÃO DE FILOSOFIA – 2º BIMESTRE
A CIÊNCIA NA IDADE MODERNA
A filosofia da ciência é o estudo da metodologia científica. Trata-se de investigar o que caracteriza a atividade científica,
em que a ciência se separa do senso comum e da filosofia e quais hipóteses justificam e explicam o conhecimento científico.
O termo ciência origina-se da palavra latina scientia, significando conhecimento. Ciência é o saber da razão, o saber
metódico e certo dos fatos e fenômenos que ocorrem no mundo.
Idade Moderna (1453 – queda de Constantinopla/1789 – Revolução Francesa), período histórico que vai de meados do
século XV ao século XVIII. Dentre os principais acontecimentos da Idade Moderna pode-se citar: As Grandes Navegações;
O Renascimento; A Reforma Religiosa; O Absolutismo; O Iluminismo; Início da Revolução Francesa.
A partir do século XV, diversos acontecimentos sociais, políticos, econômicos e culturais levaram a transformação da
sociedade européia, entre eles:
a) A passagem do feudalismo para o capitalismo: que se vinculou ao florescimento do comércio.
b) A formação dos Estados Nacionais: que fez surgir novas concepções político-econômicas.
c) O movimento da Reforma: que provocou a quebra da unidade religiosa européia e rompeu com a concepção
passiva do ser humano.
d) O desenvolvimento da ciência natural: que criou novos métodos científicos de investigação. Impulsionados pela
confiança na razão humana.
e) A invenção da imprensa: que possibilitou a impressão dos textos gregos e romanos, contribuindo para a formação
do humanismo.
Todos esses acontecimentos modificaram, em muitas regiões, o modo de ser, viver e perceber a realidade. Nas artes, nas
ciências e na filosofia surgiram novas ideias, concepções e valores. Um exemplo dessas mudanças foi o desabrochar de uma
tendência social antropocêntrica (que tem o ser humano como centro), em lugar da supervalorização da fé cristã e da visão
teocêntrica (que tem Deus como centro) da realidade. Isso levou ao desenvolvimento do Racionalismo e de uma filosofia
laica (não religiosa), que de modo geral revelou a capacidade da razão de intervir no mundo, organizar a sociedade e
aperfeiçoar a vida humana. Uma característica importante do pensamento moderno é o racionalismo, ou seja, só a razão é
capaz de conhecer. Uma das expressões mais claras desse racionalismo é o interesse pelo método. O problema esta voltado
para se nós podemos eventualmente conhecer qualquer coisa.
Humanismo – movimento intelectual, artístico e filosófico que assinala a transição da Idade Média (começo do século V
até meados do século XV) para o Renascimento (séculos XV e XVI), marcada pela ascensão do mercantilismo e dos ideais
burgueses. Termo que indica a área cultural que cobria os estudos clássicos, em oposição à área que abrangia as disciplinas
científicas.
Renascimento – período histórico oposto ao medieval; representa a síntese de um novo espírito intelectual que surgiu na
Itália, rompendo com o medievalismo e iniciando a época moderna da humanidade. Foi uma volta deliberada, que propunha
a ressurreição consciente do passado, considerando nesse momento como fonte de inspiração e modelo de civilização. Esse
ideal pode ser entendido como a valorização do homem e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural.
Humanismo e Renascimento são as duas faces de um único fenômeno, que marcaram o início dos tempos modernos. Nesse
período, as ciências deram um grande salto. Copérnico (1473-1543) escreveu o Tratado das revoluções dos corpos
celestes, afirmando que a Terra gira em torno do Sol; Galileu (1564-1642) descobriu as leis matemáticas que explicam a
queda dos corpos. Surge também, a anatomia, as três leis do movimento do planeta e a imprensa. O pensamento moderno
surge propiciando mudanças nas ciências e na visão do mundo. Logo se desenvolvem três ideias centrais:
a) A teologia se separa da Filosofia, sendo esta autônoma;
b) A matemática passa a ser a escola da razão por excelência;
c) A idéia do método experimental e da objetividade dos fatos naturais.
A ciência moderna não busca apenas conhecer a realidade e a gênese das coisas, mas, sobretudo, exercer influência e
domínio sobre ela. Novos valores foram se desenvolvendo juntamente com a nova ciência. Nos tempos modernos, a ciência
é altamente considerada. Aparentemente há uma crença amplamente aceita de que há algo de especial a respeito da ciência e
seu métodos. A atribuição do termo científico é feito de um modo que pretende implicar algum tipo de mérito ou um tipo de
confiabilidade. A ciência moderna tornou-se a religião moderna, a partir das promessas de melhor qualidade de vida e de
felicidades contidas no trabalho científico.
I. NICOLAU MAQUIAVEL (1469-1527)
Filósofo renascentista, que possibilitou que suas obras dessem início a esse pensamento. Suas principais obras são: O
Príncipe e o Discurso sobre a primeira década de Tito Lívio. Na obra O Príncipe, Maquiavel escreveu sobre as relações que
um soberano deve ter com a nobreza, com o clero e com o povo. Demonstrou como se deve agir para conseguir chegar ao
poder e também preservá-lo Explicou, ainda, como manipular a vontade do povo, além de dar instruções de como desfrutar
de seus poderes. A obra O Príncipe é o conjunto de recomendações para que tal governante chegue e se mantenha no poder.
Em síntese, a idéia é: “os fins justificam os meios”. Não é um filósofo das “ciências”, mas o fundador do pensamento e da
ciência política moderna; encarou a sociedade como resultado de fatores observáveis e analisáveis. Sua obra O príncipe, é
uma espécie de "manual de ação política e de análise das bases em que se assenta o poder político". Maquiavel defendeu a
legitimidade do poder, ignorando o direito divino e determinando como origem do poder a força. Maquiavel foi o precursor
da ciência política e o primeiro grande pensador moderno.
II. FRANCIS BACON (1561-1626)
Bacon realizou uma obra científica de inegável valor. É considerado um dos fundadores do método indutivo de
investigação científica. Atribui-se a ele, também, a criação do lema “saber é poder”, que revela sua firme disposição de
fazer dos conhecimentos científicos um instrumento prático de controle da realidade. Preocupado com a utilização dos
conhecimentos científicos na vida prática, Bacon manifestava grande entusiasmo pelas conquistas técnicas que se difundiam
em seu tempo: a bússola, a pólvora e a imprensa. Para Bacon, a ciência deveria valorizar a pesquisa experimental, tendo em
vista proporcionar resultados objetivos para o ser humano. A grande contribuição de Bacon para a história da ciência
moderna foi apresentar o conhecimento científico como resultado de um método de investigação capaz de conciliar a
observação dos fenômenos, a elaboração racional das hipóteses e a experimentação controlada para comprovar as
conclusões.
III. RENÉ DESCARTES (1596-1650)
Descartes foi extremamente importante para a filosofia moderna. Ele pregava a ideia de que somente atingimos a verdade
por meio da dúvida. Em outras palavras, deveríamos colocar todo o nosso conhecimento em dúvida, pois,
consequentemente, ao tomarmos essa atitude, começaríamos a questionar absolutamente tudo, o que propiciaria uma análise
de todos os fatos e conhecimentos que supostamente temos. O método de Descartes era o da dúvida, também chamado de
método cartesiano. Para ele, só se pode dizer que existe aquilo que pode ser provado. Ele concluiu que apenas o
pensamento era uma certeza, pois realmente existia, sendo, portanto, a base de tudo. Descartes atribuía o pensamento à
existência; daí, a famosa frase: “Penso, logo existo”. Atribuía uma grande importância à matemática, como ciência que
possibilita o entendimento da realidade. Foi um grande matemático e é considerado o fundador da geometria analítica. Para
Descartes, a matemática é uma ciência legitima, e por meio dela pode-se encontrar a precisão e a certeza, necessários para o
avanço das ciências aplicadas. Sua principal obra é o Discurso do Método publicado em 1637.
IV. JOHN LOCKE (1632-1704)
Locke é considerado um filósofo de grande relevância no campo do liberalismo político. Em sua obra Ensaio acerca do
entendimento humano, Locke combateu a doutrina cartesiana segundo a qual o ser humano possui ideias inatas. Ao
contrário de Descartes, defendeu que “a mente humana, no instante do nascimento, é uma tabula rasa”. Ao nascer, nossa
mente seria como um papel em branco, sem nenhuma ideia previamente escrita. Locke retomava, assim, a tese empirista
segundo a qual nada existe em nossa mente que não tenha sua origem nos sentidos. Defendia que as ideias que possuímos
são adquiridas ao longo da vida mediante a experiência sensível imediata e seu processamento interno. Desse modo, o
conhecimento seria constituído basicamente por sensação e reflexão. Em razão de suas ideais políticas, é considerado o
“pai do Iluminismo”.
MÉTODO EXPERIMENTAL
O método experimental é o conjunto de procedimentos científicos que incorporam sistematicamente a experimentação como
forma de estabelecer a verdade/falsidade de uma certa hipótese científica. A padronização dos testes experimentais
possibilita a sua repetição em quaisquer situações análogas e permite uma confirmação independente dos resultados pela
comunidade científica, o que não acontece com os enunciados não científicos e pseudocientíficos. Dada a importância da
exatidão dos dados a utilizar, o método experimental exige um aparato técnico progressivamente mais sofisticado, com o
qual se ampliam as limitadas capacidades naturais de percepção humana. Embora exista uma concepção largamente
difundida do método experimental segundo a qual este consiste na sequência: enunciado, hipóteses, testes e conclusão
(Observação — hipótese — experimentação — lei ou reformulação da hipótese). O método experimental orienta-se para a
realização de observações e para a escolha de dados em ordem à comprovação de uma relação casual entre dois fatores.
CIÊNCIAS HUMANAS
Toda e qualquer ciência é humana, porque resulta da atividade humana de conhecimento. A expressão “ciências humanas”,
no entanto, refere-se àquelas ciências que tem o próprio ser humano como objeto. Seu objeto científico é o homem, ideia
surgida no século XIX. As disciplinas conhecidas como ciências humanas procuram estudar seu objeto empregando
conceitos, métodos e técnicas propostos pelas ciências da natureza. Tratam o objeto humano usando modelos hipotético-
indutivos e experimentais de estilo empirista. A constituição das ciências humanas como ciências especificas consolidou-se
a partir das contribuições de três correntes de pensamento: a fenomenologia, o estruturalismo e o marxismo.
a) Fenomenologia: é uma descrição daquilo que aparece ou ciência que tem como objetivo ou projeto essa descrição.
Está relacionada diretamente ao conceito de fenômeno o qual pode ser definido como “aquilo que aparece ou se
manifesta”. É uma ciência de essências, possibilitada apenas pela redução eidética.
b) Estruturalismo: entende-se por este termo todo método ou processo de pesquisa que, em qualquer campo, faça uso
do conceito de Estrutura em um dos sentidos esclarecidos.
c) Marxismo: é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas primariamente por Karl
Marx e Friedrich Engelse desenvolvidas mais tarde por outros seguidores. Baseado na concepção materialista e
dialética da História, interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades e das lutas de
classes daí consequentes. O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a
capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho, o que diferencia os homens dos outros animais e
possibilita o progresso de sua emancipação da escassez da natureza, o que proporciona o desenvolvimento das
potencialidades humanas.
O campo de estudo/de investigação das ciências humanas é: a psicologia, a sociologia, a economia, a antropologia, a
história, a lingüística e a psicanálise.
TENDÊNCIA NATURALISTA E HUMANISTA
Naturalismo - Tendência das artes plásticas, da literatura e do teatro surgida na França na segunda metade do século XIX.
Baseia-se na filosofia de que só as leis da natureza são válidas para explicar o mundo e de que o homem está sujeito a um
inevitável condicionamento biológico e social. Doutrina segundo a qual nada existe fora da natureza e Deus é apenas o
princípio de movimento das coisas naturais.
Humanismo – é o movimento literário e filosófico que nasceu na Itália na segunda metade do séc. XIV, difundindo-se para
os demais países da Europa e constituindo a origem da cultura moderna. É o movimento filosófico que tome como
fundamento a natureza humana ou os limites e interesses do homem. O humanismo é toda filosofia que tome o homem
como “medida das coisas”, segundo antigas palavras de Protágoras. É qualquer tendência filosófica que leve em
consideração as possibilidades e, portanto, as limitações do homem, e que, com base nisso, redimensione os problemas
filosóficos.
EMPIRISMO E ILUMINISMO
Empirismo – para o Empirismo, o fundamento e a fonte de todo e qualquer conhecimento é a experiência sensível, que é
responsável pela existência das ideias na razão e controla o trabalho da própria razão, pois o valor e o sentido da atividade
racional dependem do que é determinado pela experiência sensível. Para os empiristas, o modelo do conhecimento
verdadeiro é dado pelas ciências naturais ou ciências experimentais, como a física e a química. Representantes: John
Locke, Isaac Newton, Thomas Hobbes, George Berkeley, David Hume.
Iluminismo – linha filosófica caracterizada pelo empenho em estender a razão crítica e guia a todos os campos da
experiência humana. O iluminismo não é somente uso crítico da razão; é também o compromisso de utilizar a razão e os
resultados que ela pode obter nos vários campos de pesquisa para melhorar a vida individual e social do homem. O
iluminismo foi um movimento de ideias, no sentido forte de um processo de constituição e acumulação de saber sempre
renovado e sempre capaz de ser modificado até nos fundamentos. Foi um movimento de ideias que repudiava qualquer
sistema rígido e acabado de pensamento. Esse período é chamado também de momento das luzes, e o século XVII, século
das luzes, pois considera-se que o ser humano “se iluminou”, se descobriu mais verdadeiramente como detentor e produtor
de conhecimentos. Representantes: Montesquieu, Jean-Jacques Rousseau, Voltaire, Diderot, Adam Smith, Immanuel Kant.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 4º Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
BARAQUIN, Noëlla. LAFFITTE, Jacqueline. Dicionário universitário dos filósofos. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2010. Ensino médio, volume único.
______. Filosofia. São Paulo: Ática, 2004. Série Novo Ensino Médio, volume único.
COTRIM, Gilberto. FERNANDES, Mirna. Fundamentos de filosofia. 1º Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Martin Claret, 2006.
HARWOOD, Jeremy. Filosofia: um guia com as idéias de 100 grandes pensadores. São Paulo: Planeta, 2013.
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2007.
VASCONCELOS, Ana. Manual compacto de Filosofia. 2º Ed. São Paulo: Rideel, 2011.
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