REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, VOL. 2, NO. 1, OUTUBRO 2012 9 Eficiência Energética em Redes Ópticas de Transporte José Ewerton P. de Farias, Membro Sênior OSA Resumo—Neste artigo são apresentadas as tendências de crescimento e caracterı́sticas do tráfego em redes ópticas de transporte. Uma breve análise sobre o consumo de energia em um sistema de transporte opticamente amplificado é incluı́da. Ideias no sentido de otimizar o consumo de energia pelas redes de telecomunicações são apresentadas e discutidas sucintamente. Index Terms—Eficiência energética em redes, redes ópticas de transporte, tráfego IP. I. I NTRODUÇ ÃO A necessidade de se inserir a conservação de energia na lista de prioridades se tornado consensual, inclusive no contexto das TICs (tecnologias da informação e comunicação). No que diz respeito às infraestruturas de telecomunicações, tendo em vista os grandes volumes de tráfegos atualmente presentes nas redes, a busca por elementos de redes energeticamente eficientes torna-se a cada dia um imperativo para a sustentabilidade desse setor essencial da atividade humana. Em 2009 as TICs foram responsáveis por cerca de 8% do total da energia elétrica consumida no mundo [1]. Em 2007 o setor já contribuiu com 2% do total das emissões de CO2 (equivalente a cerca de 830 milhões de toneladas de CO2 emitidas na atmosfera), mesmo percentual emitido pelo segmento transporte aéreo. Esse número poderá crescer a 4% até 2020 [2]. Caso polı́ticas, paradigmas e tecnologias atualmente praticados não sejam mudados ou aperfeiçoados, e tendo em vista o aumento de tráfego esperado para os próximos anos, em 2020 a fatia das TICs no consumo global de energia elétrica poderá atingir os 20% [3]. No Brasil o tráfego IP em 2015 será 8 vezes maior do que foi em 2010, refletindo um crescimento anual esperado de 52% no perı́odo. Em 2015 as redes IP no Brasil transportarão cerca de 62 Petabytes (62 × 1015 bytes) por dia. Também em 2015, o tráfego IP médio no Brasil atingirá os 6 Tbps (6×1012 bits/seg), o que equivalerá a 4.760.000 pessoas consumindo vı́deo em alta definição simultaneamente, durante todo o dia, todos os dias. Diante de projeções como estas [4], estudos que indiquem as oportunidades de minimização energética combinada com o aumento apropriado da oferta de capacidade pela infraestrutura das TICs tornam-se importantes no sentido de balizarem os investimentos voltados à economia da energia usada por empresas e por pessoas no processamento e no transporte de informação. Para fazer frente a esse cenário de crescimento rápido no tráfego e consequentemente rápido aumento no consumo de energia pelas TICs, as pesquisas podem seguir José Ewerton P. de Farias, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande - PB, Brasil, E-mail: [email protected]. duas direções. A primeira, especialmente aplicável em regiões mais dependentes de energia de fontes menos limpas do ponto de vista ambiental, trata do desenvolvimento de fontes mais limpas e renováveis de energia. A segunda, identifica as oportunidades e aplica estratégias no sentido da conservação de energia. Eficiência e conservação são provavelmente as fontes mais baratas e mais disponı́veis de “energia nova”. Por isso, os equipamentos, seus componentes, as arquiteturas das redes e os procedimentos operacionais das diversas infraestruturas de TICs precisam ser projetados considerando também eficiência e conservação de energia. Como um exemplo de que margens importantes para a eficientização energética existem nas atuais infraestruturas de TICs, tomemos o caso dos três domı́nios das redes ópticas: 1) Acesso; 2) Metropolitanas; 3) Núcleo (backbone). No caso 1), redes de acesso, hoje menos que 15% da energia consumida é efetivamente utilizada. No caso 2), redes metropolitanas, menos que 30% da energia consumida é efetivamente utilizada. No caso 3), redes-núcleo transparentes, menos que 50% da energia consumida é efetivamente utilizada [5]. Neste artigo, são discutidos o crescimento do tráfego e aspectos sobre eficiência energética em backbones ópticos com tráfego predominantemente na forma IP. Conhecer bem as tendências do crescimento, bem como a constituição (tipos) do tráfego faz parte do planejamento de como deverá evoluir uma rede. A seção II apresenta estimativas de longo prazo para o crescimento de tráfego em backbones ópticos. A seção III traz um resumo sobre os tipos de tráfegos presentes em backbones ópticos numa operadora tı́pica. A seção IV aborda a questão do consumo de energia pelo segmento rede de transporte opticamente amplificada. A seção V apresenta ideias no sentido de se otimizar o consumo de energia em redes de telecomunicações. II. C RESCIMENTO DO TR ÁFEGO IP GLOBAL A investigação sobre o consumo de energia em redes requer que dados sobre tráfegos em backbones ópticos, bem como nos outros segmentos das redes, sejam coletados e analisados. Em [2] os autores enfatizam o uso da taxa de crescimento anual composta (TCAC) do tráfego sobre backbones públicos. Em [4] são disponibilizados volumes de tráfego para várias regiões do mundo. A Figura 1 reproduz a previsão da TCAC para o tráfego IP global. A taxa de crescimento anual global atual do tráfego em backbones IP está estimada em cerca de 38%, o que corresponde a uma duplicação a cada 26 meses aproximadamente. Detalhes sobre a obtenção desta estimativa são dados em [10]. Com base em dados atuais, espera-se que o tráfego global em backbones IP, e consequentemente Entrada Hora Saída Figura 2. Variação diária dos tráfegos de entrada e de saı́da no amsix em 03/04/2012. Bits/seg a capacidade necessária, deverá crescer por um fator de aproximadamente 12 vezes até 2022. Considerando volumes absolutos de tráfegos, alguns números disponibilizados por operadoras, por IXPs (pontos de interconexão da Internet) e por fornecedor de equipamentos de redes são destacados a seguir: • Rede Global da AT&T, março 2011: volume médio transportado em um dia de semana foi superior aos 23,7 petabytes ou aproximadamente 23, 7 × 1015 bytes [6]. • LINX — ponto de interconexão da Internet em Londres, 11/04/2012: tráfego médio diário de 840,42 Gbps ou aproximadamente 9 petabytes processados por dia LINX2012. • amsix — ponto de interconexão da Internet em Amsterdam, 11/04/2012: tráfego médio diário de 982,62 Gbps ou aproximadamente 10,6 petabytes processados por dia. O amsix possui 484 redes-clientes e um total de 926 portas disponı́veis [8]. A Figura 2 ilustra a variação diária dos tráfegos de entrada e de saı́da (curva em azul) para o amsix obtidos em 03/04/2012. A Figura 3 mostra a evolução dos tráfegos médios de entrada e de saı́da, além do comportamento do tráfego de pico para o amsix entre dezembro/2010 e março/2012. O tráfego médio de entrada e de saı́da foi de 840,9 Gbps, enquanto que o tráfego de pico foi de 1,53 Tbps nesse perı́odo [8]. • IXPs no Brasil. Tráfego médio diário agregado dos 20 IXPs existentes no Brasil às 09:00 horas do dia 17/04/2012: 64,25 Gbps. Tráfego de pico diário nessa mesma data: 106,86 Gbps. A Figura 4 a variação diária dos tráfegos de entrada e de saı́da (curva em azul) para os 20 IXPs do Brasil obtidos em 17/04/2012 [9]. • Brasil, tráfego IP médio em 2015: Segundo projeções disponı́veis em [4], será da ordem de 6 Tbps (6 × 1012 bits/seg). Bits por segundo REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, VOL. 2, NO. 1, OUTUBRO 2012 Dez Jan Fev Mar Abr Tráfego médio entrada Figura 3. março/2012. Mai Jun Jul Ago Tráfego médio saída Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Tráfego de pico (intervalos de 5 minutos) Variação anual dos tráfegos no amsix, dezembro/2010 a Bits/seg 10 Entrada Saída Hora Figura 4. Variação diária dos tráfegos de entrada e de saı́da para os 20 IXPs no Brasil em 17/04/2012. anual bem inferior ao que acontecia nas duas décadas passadas. Os esforços de pesquisa e desenvolvimento desprendidos ao longo dos últimos 5-6 anos no sentido de dotar os sistemas 250 WDM de capacidades cada vez maiores podem, entretanto, ser justificados. É que a taxa de crescimento anual moderada 200 de hoje incide sobre números absolutos (tráfegos) bastante altos, conforme tentou-se evidenciar na seção anterior. O 150 que não ficou evidenciado até aqui é que a Internet não é o único motivador para os investimentos em equipamen100 tos de transmissão com grandes capacidades. Operadoras de telecomunicações com grandes áreas de cobertura organizam50 se em redes metropolitanas (metros). Os equipamentos das metros são normalmente interligados via fibra óptica. O seg0 2005 1995 2000 2010 2020 2025 mento rede de acesso conecta um usuário à instalação mais 2015 próxima da operadora. Redes metro são interligadas por redes Ano núcleo (backbones). Redes podem ser também vistas como estando organizadas em camadas formadas por nós (switches Figura 1. Crescimento anual global do tráfego IP. ou OXC) e enlaces. Essa ideia está graficamente ilustrada em [10]. Este modelo contém dois tipos principais de serviços: (i) IP (coloquialmente Internet) e (ii) LP (linha privada). Serviços III. T IPOS DE TR ÁFEGOS EM backbones ÓPTICOS IP são fornecidos pela Camada IP, constituı́da por um núcleo Os conteúdos das seções anteriores nos mostram que o IP/MPLS (Multiprotocol Label Switching) integrado por roteatráfego IP global continua a crescer, porém uma taxa média dores. Os serviços LP são fornecidos por meio de três camadas Taxa de crescimento anual (%) 300 REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, VOL. 2, NO. 1, OUTUBRO 2012 diferentes: 1) Camada W-DCS (conexão cruzada digital de faixa larga) para serviços a baixas taxas (até 2 Mbps); 2) BDCS, conexão cruzada digital de faixa larga, integrada por chave óptica inteligente (IOS) e por anel óptico SDH, para serviços a taxas intermediárias (entre 155 e 622 Mbps); 3) Camada ROADM (multiplexador insere-remove óptico reconfigurável), também chamada de camada óptica, para serviços LP a taxas de 2,5 Gbps e acima. As demandas sobre a camada ROADM originam-se principalmente das camadas B-DCS, IP e LP a altas taxas. Tais demandas são estimadas em para uma rede tı́pica [10]. A camada B-DCS contribui com 42% do tráfego na camada ROADM. A camada IP contribui com 43% do tráfego na camada ROADM. A camada LP a altas taxas contribui com 15% do tráfego sobre a camada ROADM. Devido à complexidade das inter-relações entre as camadas, esses percentuais podem dar lugar a interpretações ambı́guas. Por exemplo, a camada B-DCS também fornece capacidade, estimada em cerca de 40% da demanda sobre esta, para a camada IP (por meio de enlaces de taxas mais baixas). Os percentuais aqui apresentados mostram que tanto Serviços IP, quanto Linhas Privadas desempenham papeis importantes. IV. C ONSUMO DE ENERGIA EM REDES DE TRANSPORTE O consumo de energia em sistemas de transporte é condicionado pelos consumos nos amplificadores ópticos e nos transmissores e receptores ópticos. O desempenho de um sistema de transporte óptico obedece ao limite de Shannon com relação à sensibilidade do receptor, e depende de fatores tais como formato de modulação, perdas na fibra, extensão do sistema e ASE (ruı́do de emissão espontânea amplificado) em amplificadores ópticos [11], [12], [13]. Em conjunto, esses fatores estabelecem um limitante inferior sobre o número necessário de amplificadores e, por conseguinte, sobre o consumo de energia pelos amplificadores. Localizando-se estágios amplificadores estrategicamente, pode-se minimizar o consumo total de energia de um sistema de transporte amplificado opticamente. No caso de transmissores e receptores ópticos, o consumo de energia depende dos respectivos circuitos. Entre 1960 e 2012 a energia consumida por bit para o transporte ao longo de 1.000 km em sistemas ópticos de transporte caiu de cerca de 1 mJ (cabo coaxial submarino TAT-1) para cerca de 1,1 nJ (sistemas WDM terrestres atuais). A Tabela I mostra as parcelas desta energia (1,1 nJ). Observa-se que o consumo de energia em amplificadores ópticos é aproximadamente o mesmo daquele no par transmissor/receptor. Para sistemas com alcances diferentes dos 1.000 km aqui considerados, a repartição de energias entre amplificadores e o par transmissor/receptor pode ser diferente. Os esquemas na Figura 5, partes (a) e (b), nos ajudarão no entendimento de resultados fundamentais expostos a seguir. A parte (a) ilustra um sistema contendo n enlaces, cada um com comprimento L, opticamente amplificados e idênticos. A parte (b) mostra um enlace contendo um transmissor óptico, m seções (estágios) de amplificação e um receptor óptico. Cada estágio possui extensão Lestagio . A potência total consumida pelo enlace de transmissão na Figura 5 (b) é dada por: Ptot = mPA + PT x/Rx Consumo/dispositivo (40 λs) Energia/bit/dispositivo No. de dispositivos (1.000 km) Energia/bit (1.000 km) Tx/Rx 800 W 500 pJ 1 500 pJ Amplificador 100 W 60 pJ 10 600 pJ (1) onde PA é a potência de alimentação de cada amplificador, PT x/Rx é a potência de alimentação de cada par transmissor/receptor WDM, e PT x e PRx são as potências de alimentação de transmissor e receptor, respectivamente. Para cada comprimento de onda, a potência do sinal de entrada e a potência do sinal de saı́da de cada amplificador são Pent e P1 , respectivamente. A potência de entrada do sinal para cada comprimento de onda pode ser escrita como Pent = P1 e−αLestagio . A equação de conversão de potência para os k canais WDM pode ser escrita como k(P1 −Pent ) = ηP CE PP , onde ηP CE é a eficiência de conversão de potência do amplificador e PP é a potência do bombeio [14]. Para cada comprimento de onda, a relação sinal-ruı́do óptica (OSNR) na saı́da do m-ésimo estágio em cada enlace opticamente amplificado é dada por [14]: OSN R = 1 2nesp m(eαLestagio − 1)hνBO (2) onde BO é a largura de faixa óptica, P1 é a potência média do sinal na saı́da do transmissor e de cada um dos amplificadores, nesp é o fator de emissão espontânea de cada um dos amplificadores, h é a constante de Planck e ν é a frequência óptica. É conveniente expressar a equação (2) em termos da relação sinal-ruı́do por bit (SN Rbit ). Esta é dada 2τbit BO OSN R, onde τbit é o tempo de bit. Então, a energia por bit do sinal óptico na saı́da do m-ésimo amplificador é dada por: E1 = P1 τbit = SN Rbit nesp m eαLestagio −1 hν. (3) Combinando (1) com (3), a energia total consumida por bit Enlace 1 Entrada Enlace 2 Tx Rx P Tx Tx Enlace n Rx Tx L ... Rx Tx Saída L sist = n L (a) Estágio 1 Estágio m PA PA P1 Pent a P1 P P1 ... G L estágio Tabela I C ONSUMO DE ENERGIA POR BIT PARA SISTEMAS DE TRANSPORTE ATUAIS (1.000 KM , 40×40 G BPS ) 11 a P Rx P1 ent G Rx L = m L estágio (b) Figura 5. Sistema de transmissão WDM com extensão Lsist . Total/bit por comprimento de onda por todos os dispositivos ativos no enlace opticamente amplificado é Ebit = Ptot τbit /k ou 1,1 nJ Ebit = EAmp + ET x/Rx (4) REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, VOL. 2, NO. 1, OUTUBRO 2012 onde mPA τbit EAmp = k 2 αLestagio − 1 1 − e−αLestagio hν SN Rbit nesp m e = ηEP CE 4 x 10 -13 (5) é a energia total por bit por comprimento de onda nos amplificadores. ηEP CE = ηE ηP CE e ηE é a eficiência de conversão de potência dos circuitos de controle e gerência do amplificador. ET x/Rx = PT x/Rx τbit /k é a energia consumida por bit por comprimento de onda no par transmissor/receptor. Com a finalidade de se determinar o limite inferior teórico para a energia consumida por bit no amplificador, EAmp , fazemos a eficiência de conversão de potência ηP CE igual ao seu máximo teórico, isto é, aproximadamente 1,0 para um EDFA (erbium-doped fiber amplifier) com um comprimento de onda de bombeio próximo dos 1.480 nm, e comprimentos de onda amplificados em torno dos 1.550 nm. Fazemos ηE = 1, 0, nesp = 1, 0 e admitimos perda de acoplamento nula na entrada e na saı́da do amplificador. Assim, para amplificadores ideais, (5) reduz-se a: EAmp−min ≃ SN Rbit m2 eαLestagio − 1 1 − e−αLestagio hν (6) onde EAmp−min é o limite inferior teórico para EAmp . A Figura 6 mostra um gráfico de EAmp−min em função do espaçamento entre amplificadores, Lestagio , para uma distância de transmissão total de 2.000 km, perda na fibra de 0,2 dB/km, e comprimento de onda de operação de 1,55 µm. A SNR por bit é 16,1 dB para OOK e 13,4 dB para DBPSK, necessárias para assegurar uma BER (taxa de erro de bit) de 10−9 em cada caso. A análise apresentada em OOK amplificadores, transceptores, etc. pelos quais ele passa desde o ponto de origem até o ponto de destino, e adicionando-se as contribuições de cada um desses elementos de rede. Na Tabela II são mostrados valores aproximados para a energia consumida por bit por alguns elementos de rede da geração atual. A Figura 7 mostra o consumo total de potência de uma rede global com 1,8 bilhão de usuários em 2010 [15], com uma taxa de crescimento anual de usuários de 10%, taxa média de acesso por usuário em 2010 de 200 kbit/seg com crescimento previsto de 50% ao ano, e número médio de saltos (número médio de enlaces usados entre fonte e destino) de 20. Tabela II E NERGIA CONSUMIDA POR BIT POR ALGUNS ELEMENTOS DE REDE DA GERAÇ ÃO ATUAL Elemento Roteador (rede-núcleo) Switch Ethernet Tx-Rx WDM Transceptor PIC Chip para FEC Amplificador óptico OXC usando MEMS Total usando tecnologia de 2010 10 11 1010 Total considerando melhorias de 15% ao ano PON (rede óptica de acesso passiva) Roteadores e Switches 109 10 8 Transporte 2010 2015 2020 2025 -13 Ano 2 x 10 E Amp-min (J/bit) Energia por bit (nJ) 20 10 0,5 <0,5 0,25 0,015 0,01 10 12 Consumo de potência total da rede (W) 12 DBPSK Figura 7. Consumo total de uma rede com 1,8 bilhão de usuários em 2010. V. C OMO 0 Limite de Shannon para eficiência espectral = 1 bit/s/Hz 0 20 40 60 80 Espaçamento entre amplificadores, 100 120 140 160 Lestágio (km) Figura 6. Energia total mı́nima por bit consumida por amplificadores para um sistema com 2.000 km de extensão em função do espaçamento entre amplificadores. [15] confirma que em uma escala global, o consumo de energia da infraestrutura de comutação (switches e roteadores) é maior do que o consumo de energia da infraestrutura de transporte. A energia consumida por um bit ao percorrer a Internet pode ser estimada contando-se o número de switches, IMPLANTAR REDES DE TELECOMUNICAÇ ÕES ENERGETICAMENTE EFICIENTES ? Constituindo-se parte importante da infraestrutura de TICs, as redes de telecomunicações do futuro precisarão melhorar os serviços oferecidos e, ao mesmo tempo, melhorar seus desempenhos do ponto de vista do uso de energia. Especificamente, o que deve ser feito para alcançar tal otimização no consumo de energia? A seguir, algumas respostas a esta questão: • Reduzir o consumo por elementos da rede: Exemplos: switches, roteadores e sistemas de transmissão. • Reduzir o consumo em componentes ópticos e eletrônicos: Exemplos: moduladores (que alcancem altas velocidades com moderadas correntes de excitação), amplificadores ópticos mais eficientes, lasers de bombeio mais eficientes. REVISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, VOL. 2, NO. 1, OUTUBRO 2012 • • • • • Reduzir perdas de energia em funções secundárias: Funções que não sejam centrais para o funcionamento da rede devem ter consumo de energia limitado a um mı́nimo indispensável. Examinar compromissos entre alternativas de formatos de modulação óptica e protocolos de codificação: À medida que as taxas de transmissão por canal WDM crescem torna-se importante considerar os compromissos entre formatos de modulação disponı́veis e protocolos de codificação. Hoje, com a ineficiência energética comum em amplificadores ópticos, a escolha de esquemas de transmissão com altas eficiências espectrais melhora a eficiência global uma vez que reduz o número necessário de amplificadores. Por outro lado, com amplificadores mais eficientes, formatos de modulação menos espectralmente eficientes podem tornar-se atrativos oferencendo consumo global menor. Também, deve-se examinar se os benefı́cios da codificação/decodificação de canal compensam a energia consumida nessas operações. Planejar bem a arquitetura da rede à medida que esta cresce: Quando surge a necessidade de processar tráfego com granularidade inferior a 1 comprimento de onda em um certo ponto, switches e/ou roteadores eletrônicos precisam ser usados. Em várias circunstâncias, o uso de agrupamento (grooming) em nı́vel de comprimento de onda e de bypass óptico, através de conexões ópticas cruzadas (OXCs) ou de OADMs (multiplexadores insereremove ópticos), pode reduzir o número de switches e roteadores na rede, reduzindo assim o consumo de energia. Formas de agrupamento de tráfego com granularidade inferior a 1 comprimento de onda podem ser mais eficientes do ponto de vista energético do que o uso de chaveamento eletrônico de pacotes [16]. Aumentar o nı́vel de utilização de subsistemas: Switches e sistemas de transporte devem ser utilizados com pouca folga. Devem ser dimensionados com capacidades para suportarem tráfegos de pico e terem alguma reserva de capacidade para aumentos de tráfego futuros. Elementos de rede, ou alguns dos seus componentes, quando possı́vel, devem ser colocados em modo de baixa energia-baixa capacidade. Se a utilização cair abaixo de um certo valor crı́tico, o tráfego deve ser desviado através de outros recursos da rede. Equipamento subutilizado ou não utilizado deve ser posto em modo de hibernação. Minimizar o consumo de energia na comutação eletrônica: Há uma baixa expectativa de que as técnicas de comutação óptica de pacotes (OPS) [17] tornem-se competitivas com relação à comutação eletrônica. Assim, minimizar o consumo de energia em switches eletrônicas pode ser a alternativa para produzir resultados mais práticos neste momento. VI. C ONCLUS ÃO À medida que a infraestrutura global de comunicações se expande, o tema eficiência energética no contexto das redes de comunicações cresce em importância. O aumento na demanda por serviços de faixa larga via Internet é o principal motivador 13 para a atual busca pelo aumento acelerado na capacidade dos sistemas WDM. Este artigo apresenta uma introdução sobre aspectos do crescimento do tráfego IP global e sobre o consumo de energia em infraestruturas de TICs (tecnologias da informação e comunicação) e, em particular, consumo de energia em redes de transporte. Ao final, algumas ideias que podem contribuir para a otimização do uso de energia em redes de telecomunicações são apresentadas de forma sucinta. R EFER ÊNCIAS [1] W. Van Heddeghem et al, “Energy in ICT - Trends and Research Directions”, IEEE 3rd International Symposium on Advanced Networks and Telecommunication Systems (IEEE ANTS2009), ISBN 978-1-42445990-2, New Delhi, India, 14-16 Dezembro 2009, pp. 1-3. [2] D. Kilper, “Energy Efficient Networks”, Tutorial, IEEE/OSA OFC/NFOEC 2011, Los Angeles, CA. [3] M. Pickavet W. Vereecken S. Demeyer P. Audenaert D. Colle P. Demeester B. Dhoedt, “Energy footprint of ICT: future outlook and challenges”, Proceedings of the International ICT Symposium, Brussels, Belgium, 01-02 Outubro 2008. [4] Cisco , “Brazil - 2015 Forecast Highlights”, disponı́vel em http://www.cisco.com. [5] B. Mukherjee, “Energy Savings in Telecom Networks”, Tutorial SBRC 2011, Campo Grande, MS, 01/06/2011. [6] K. Rinne, “Building next generation mobility networks: Lessons from the Bonneville speedway”, IEEE/OSA OFC/NFOEC 2011, Los Angeles, CA, março 2011, sessão plenária. [7] Disponı́vel em https://www.linx.net/pubtools/trafficstats.html?stats=day. [8] Disponı́vel em http://www.ams-ix.net/statistics/. [9] Disponı́vel em http://ptt.br/cgi-bin/all. [10] A. Gerber and R. Doverspike, “Traffic types and growth in backbone networks”, IEEE/OSA OFC/NFOEC 2011, Los Angeles, CA, paper OTuR1. [11] R. S. Tucker, “Green Optical Communications—Part I: Energy Limitations in Transport”, IEEE Journ. of Selected Topics in Quantum Electronics, Vol. 17, No. 2, pp. 245-260, Março-Abril, 2011. [12] R-J Essiambre et al, “Capacity Limits of Optical Fiber Networks”, IEEE/OSA Journal of Lighwave Technology, Vol. 28, No. 4, pp. 662701, Fevereiro 2010. [13] E. B. Desurvire, “Capacity demand and technology challenges for lightwave systems in the next two decades”, IEEE/OSA Journal of Lightwave Technology, Vol. 24, No. 12, pp. 4697-4710, Dezembro 2006. [14] E. Desurvire et al, Erbium-Doped Fiber Amplifiers: Device and System Developments, Wiley, 2002. [15] R. S. Tucker, “Green Optical Communications — Part II: Energy Limitations in Networks”, IEEE Journ. of Selected Topics in Quantum Electronics, Vol. 17, No. 2, pp. 261-274, Março-Abril, 2011. [16] M. Z. H. Feng, K. Ayre, e R. S. Tucker, “Reducing NGN energy consumption with IP/SDH/WDM”, Int. Conf. Energy-Efficient Computer Networks, University of Passau, Alemanha, 2010. [17] T. E. Stern, G. Ellinas e K. Bala, Multiwavelength Optical Networks — Architectures, Design and Control, Capı́tulo 10, Cambridge University Press, 2009.