1 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Anna Carolina Zaia Rodrigues A construção de saberes profissionais num curso de Licenciatura em Ciências Biológicas São Paulo 2012 2 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Anna Carolina Zaia Rodrigues A construção de saberes profissionais num curso de Licenciatura em Ciências Biológicas Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde na Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciado em Ciências Biológicas. ORIENTADORA: Profa. Dra. Rosana dos Santos Jordão. São Paulo 2012 3 AGRADECIMENTOS Agradeço à Universidade Presbiteriana Mackenzie por me propiciar a oportunidade da realização deste trabalho. Agradeço especialmente à Prof. Dra. Rosana dos Santos Jordão, por ter me acolhido com orientanda, contribuindo para a minha formação e para a realização deste trabalho, de maneira indescritível, com os seus comentários, críticas e incentivos, sempre com dedicação e empenho. Agradeço ao Prof. Dr. Adriano Monteiro de Castro pela sua dedicação e preocupação sobre os aspectos, tanto da universidade, quanto do âmbito pessoal, mostrando-se um exemplo de profissional. Agradeço à Prof. Dra. Magda Medhat Pechliye pelos conselhos e aprendizados sobre elaboração de textos e definição de objetivos, os quais vou levar comigo para a vida inteira. Agradeço aos 23 colegas que tão respeitosamente responderam aos questionários e aos dois alunos que se disponibilizaram a fazer a entrevista. Agradeço também aos professores: Paola e Guilherme, por terem disponibilizado alguns minutos das aulas para que a coleta dos dados fosse realizada. Agradeço aos meus pais, Ana e Ivan e ao meu irmão, Alexandre, pela força e apoio sempre presentes, principalmente nos momentos mais difíceis. Agradeço a minha tia Mara e aos meus primos, Miguel e Guilherme, pelas conversas e conselhos, sem os quais não teria conseguido superar as barreiras. Agradeço a todos os meus colegas de turma, especialmente aos meus amigos: Juliana, Fábio, Leonardo e Cynthia, pelo companheirismo indiscutível, pelos momentos para relaxar e por terem paciência comigo, entendendo-me e ajudandome em todos os momentos. Por fim mas não menos importante agradeço a Deus pela força e sabedoria em mim colocados, sem os quais não conseguiria concluir esse trabalho. 4 Conhecer a si próprio é o maior saber. (Galileu Galilei) 5 RESUMO Neste trabalho, procuramos identificar e analisar as contribuições que um Curso de Ciências Biológicas trouxe para a construção de saberes dos professores recémformados. Com estes dados, visamos possibilitar reflexões por parte do coordenador, professores e alunos envolvidos, para melhorias nesse curso e, consequentemente, para a formação docente. Baseamo-nos nas ideias de Tardif (2011) sobre saberes e de Shulman (1986; 1987) para analisarmos os resultados, que foram obtidos a partir da aplicação de questionários e entrevistas semiestruturadas. A análise dos resultados mostrou-nos que os professores apresentaram mudanças de concepções, tanto sobre o papel do professor, quanto aos demais aspectos do ensino-aprendizagem, ou seja, aqueles que influenciam a construção do conhecimento por parte dos alunos. Também percebemos que os saberes mais mencionados foram aqueles relacionados aos aspectos pedagógicos gerais. Concluímos que o curso contribui para a estruturação dos saberes principais para a atuação docente, tanto pela realização dos estágios quanto pelas discussões feitas em sala de aula, contudo, é preciso superar o desafio da produção prática dos seus alunos, de maneira que eles se sentem inseguros para lecionar. Palavras-chave: formação docente; formação inicial de professores de Biologia; saberes docentes. 6 ABSTRACT In this work, we have identified and analyzed the contributions that the Biology curse brought to the construction of the knowledge for the recent graduated teachers. With this data, we wanted to provide reflections from the coordinator, teachers and students involved, to improve the curse, and subsequence the docent formation. The results collected from questionnaires and interviews were analyzed basing in Tardif (2011) and Shulman (1986; 1987) ideas about knowledge. The analyze of the results showed us that the teachers changed their conceptions, about the teachers’ role and the others points of the education and learning, in other words, the ones that influence the construction of the knowledge by the students. We also notice that they have mentioned the knowledge related to the general pedagogical. We conclude that the curse contributes for the structure of the mainly knowledge about the teachers’ profession, with the internships or the discussions in the classroom, whoever it’s important to overcome the obstacle of the distance between the practice and theory, to the students became more secure to teach. Key-words: teachers’ formation, initial formation of Biology’s teachers, teachers’ knowledge. 7 INDICE DE QUADROS QUADRO 1: Saberes presentes nas respostas dos sujeitos, dos dois instrumentos. QUADRO 2: Respostas da primeira questão do questionário “Antes de entrar na licenciatura, o que você achava que um professor deveria saber para ser um bom professor?”..............................................................................................................p.28 QUADRO 3: Respostas da segunda questão do questionário “Durante o curso da Licenciatura eu aprendi...”.......................................................................................p.29 QUADRO 4: Respostas da terceira questão do questionário “Pense no curso de Licenciatura. Qual momento do curso foi mais significativo para sua aprendizagem como professor? Por que?”.....................................................................................p.34 QUADRO 5: Respostas da quarta questão do questionário “O que você gostaria de ter aprendido durante a licenciatura, mas infelizmente não aprendeu?”..............................................................................................................p.38 QUADRO 6: Transcrição das falas do sujeito 4 e as referências aos saberes....................................................................................................................p.42 QUADRO 7: Transcrição das falas do sujeito 5 e as referências aos saberes. .................................................................................................................................p.44 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 10 2. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 14 3. CONTEXTO DE PESQUISA ........................................................................... 22 3.1. CARACTERIZAÇÃO DO CURSO.............................................................22 3.2. CARACTERIZAÇÃO DOS ALUNOS........................................................23 4. METODOLOGIA ............................................................................................. 25 5. RESULTADOS ................................................................................................ 28 5.1.QUESTIONÁRIOS e ENTREVISTAS.........................................................28 6. ANÁLISE ......................................................................................................... 31 6.1. SABERES CONSTRUÍDOS .................................................................... 31 6.2. O CURSO E A CONSTRUÇÃO DE SABERES ....................................... 39 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 47 APÊNDICES APÊNDICE I – Questionário ........................................................................... 50 APÊNDICE II – Quadros com as respostas dos questionários. ...................... 51 APÊNDICE IV - Entrevista transcrita Sujeito 4 ............................................... 71 APÊNDICE V – Entrevista transcrita Sujeito 5................................................ 74 9 ANEXOS ANEXO I – Matriz Curricular ........................................................................... 80 ANEXO II – Aprovação da Comissão Interna de Ética, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. .......................... 87 ANEXO III – Termo de Consentimento da Instituição assinado pelo coordenador do curso. .............................................................................................. 88 ANEXO IV – Carta de Informações ao Sujeito e Termo de Consentimento do Sujeito.........................................................................................................................89 10 1. INTRODUÇÃO O intrigante na pesquisa sobre a formação docente é o estudo dos saberes e dos conhecimentos que se tornaram base para a atuação do professor (SELLES e FERREIRA, 2009). Porém, nessa área, as informações coletadas não têm permitido que a formação docente seja encarada como um objeto complexo, que possui continuidades, ambiguidades e contradições e que se relaciona de forma única à realidade (VILELA, 2009). A formação de professores deve ser encarada como um processo contínuo (SELLES e FERREIRA, 2009). Dessa forma, a análise da prática de ensino, tanto “de perto”, como “por dentro”, possibilita a percepção das interações e dimensões que formam o curso, evidenciando as suas finalidades, que seguem as especificidades da cultura escolar, os conhecimentos sobre o conteúdo de Biologia e os saberes da profissão, que são condicionados pelas normas e regras institucionais (VILELA, 2009). Assim, o estudo de cursos de formação deve ter a finalidade de melhorar sua estruturação, tanto em relação à seletividade dos conteúdos, quanto à aplicação de práticas (SELLES e FERREIRA, 2009). Mostrar como os saberes e conhecimentos são elaborados permite renovar a concepção sobre a formação dos estudantes, tanto no âmbito profissional, quanto no pessoal, para construção de suas identidades (TARDIF, 2011). A formação inicial deve ser considerada como tendo duas características principais: ser temporal e estratégica. A primeira mostra o caráter contínuo e processual desse período da carreira docente e a segunda complementa essa ideia, no sentido de que cada um é responsável pela sua própria formação, que é permeada pelas regras e normas da instituição de ensino. Desta forma, os saberes são adquiridos durante a vida do profissional auxiliando, também, na construção da identidade do docente (SELLES e FERREIRA, 2009). Pelo fato da formação docente apresentar constante troca de ideias, experiências e estabelecimento de novas interações sociais, é importante que o seu estudo considere todos os contextos nos quais é inserida, evidenciando seu caráter contínuo e de transformação (MOITA, 1995). Por causa dessa característica ampla, 11 a pesquisa na área da formação de professores carece de estudos que contribuam para a maior compreensão desse objeto complexo, mostrando a sua continuidade, ambiguidade e contradições (VILELA, 2009). É importante ressaltar também que cada professor possui uma formação própria, porque cada percurso e história de vida são diferentes, resultando assim, em formações distintas (MOITA, 1995). Dessa forma, cada um faz diferentes considerações sobre os mesmos temas, como autoafirmação e reconhecimento profissional; cada um lida de forma única com as tradições curriculares construindo seu perfil profissional frente à disciplina que lecionam (VILELA, 2009). Considerando a breve caracterização da formação docente acima exposta, percebe-se que a realização de um estudo sobre a carreira dos professores, demanda a análise de dois aspectos principais: o local de trabalho e a representação individual de cada um deles. A instituição deve ser estudada, porque é nela que o professor delimita o seu trabalho, seguindo as normas estabelecidas, e principalmente porque esta é a realidade em que o professor vive. A representação individual de cada um deles deve ser estudada porque eles criam projetos e ações que ajudam na construção da sua carreira, adaptando-os às normas estabelecidas pela instituição. O estudo permite também perceber a real função do saber profissional sobre as ações docentes e as consequências do seu trabalho (TARDIF, 2011). Assim, a instituição de ensino, deve preocupar-se com a eficácia de seu curso, principalmente quando este é de Licenciatura, focando na formação de docentes reflexivos, e que estejam aptos às inovações, pois é papel do professor estar a par das mudanças da sociedade, e estar apto a lidar com os diversos contextos nos quais virá a trabalhar (MOITA, 1995). Os alunos da graduação têm dificuldades e inseguranças para relacionar os conhecimentos teóricos, aprendidos em sala de aula, com aqueles que podem ser aplicados na prática. E, durante a fase de formação inicial, os futuros professores têm a possibilidade de vivenciar experiências docentes de forma supervisionada, pelo professor na faculdade, como estagiário(a) na escola. Espera-se com isso que se integrem no ambiente escolar, interagindo com outros docentes e com o cotidiano 12 da instituição, de forma que o estudante reflita sobre suas ações e sobre as do professor da escola. As dificuldades encontradas durante esse processo podem ser solucionadas com estudos, objetivando a formação docente, desafiando-os a criar possibilidades novas e criativas no colégio (SELLES e FERREIRA, 2009). Porém, há estudos que mostram que os alunos após se formarem, não modificam significativamente as suas crenças a respeito do ensino. Isso pode ser explicado porque esses alunos não percebem que fazem parte da prática do ensino, e os professores universitários não realizam reflexões sobre as suas aulas e suas metodologias, a fim de melhorá-las e adaptá-las aos diferentes alunos e contextos, acarretando também na falta de questionamento sobre os aspectos do ensino e da aprendizagem (TARDIF, 2011), distanciando o professor e o aluno. Com o passar do tempo, essa falta de comunicação acaba por se tornar um véu que turva a visão dos professores e alunos, restringindo a capacidade de reação, aumentando o abismo entre as “teorias praticadas” e as “teorias professoradas” (TARDIF, 2011). É fato que a teoria difere da prática, mas é importante que a instituição de ensino trabalhe a articulação entre elas, aproximando-as, permitindo que ambas dialoguem. Para facilitar essa interligação devem-se compreender melhor os saberes que as sustentam, não se negando que ambas tem igual importância na formação profissional (SELLES e FERREIRA, 2009). Neste estudo, optamos pela análise de um curso de Licenciatura buscando compreender quais são as contribuições desse curso para a formação dos saberes dos recém-formados, visando subsidiar reflexões do coordenador do curso e dos professores envolvidos e, assim, contribuir para a formação docente nessa instituição. Para isso, consideramos importante o conhecimento sobre o currículo dessa instituição de ensino (GOODSON, 1995), não levando em conta apenas o caráter acadêmico, mas também o convívio entre as pessoas (NÓVOA, 1995). E também porque é ali que o licenciando inicia sua vida acadêmica, tomando consciência da importância de sua profissão. 13 O trabalho está organizado da seguinte forma: a primeira parte é uma introdução sobre o tema escolhido e esta é seguida pelo referencial teórico. Neste, destacamos os autores que mais contribuíram para nosso embasamento teórico, bem como para a posterior discussão dos dados coletados. Seguida dessa parte, há o contexto de pesquisa, no qual procuramos mostrar e caracterizar a instituição escolhida, bem como os sujeitos investigados. Posteriormente há uma breve explicação sobre a metodologia utilizada. Os resultados levantados vêm logo depois, seguidos pela análise. Esta última foi embasada nas falas e respostas do questionário, resultando em Quadros que as correlacionaram com as ideias dos autores. Para finalizar, têm-se as conclusões finais, com as quais buscamos fazer uma síntese das ideias apresentadas ao longo do trabalho. Depois desta, temos as Referências Bibliográficas e os anexos mencionados ao longo do texto. 14 2. REFERENCIAL TEÓRICO A importância da pesquisa sobre a docência se baseia na desvalorização característica dessa profissão, porque o professor é visto e, algumas vezes, também se considera como técnico-reprodutor dos conteúdos (PIMENTA, 1999). Esse profissional se vê dividido por dois pensamentos antagônicos: atuar apenas como técnico, passando o conhecimento para os alunos e fazendo cursos de atualização estruturados por especialistas; ou atuar de forma autônoma, tornando-se um agente reflexivo de sua prática, participando e incentivando discussões com o restante do corpo docente, com o objetivo de atender às modificações curriculares que a sociedade demanda (FIORENTINI et. al, 2001). O professor precisa se posicionar sobre qual caminho seguir e assim arcar com as consequências de suas escolhas. Assumimos que, para atuar de forma mais significativa no aprendizado dos alunos, ele deve ser reflexivo e agir como investigador de sua própria prática (FIORENTINI et. al, 2001), podendo contribuir para transformações atitudinais, conceituais e procedimentais. Os professores devem se considerar autores do seu trabalho e da sua formação, tanto no âmbito da construção da identidade profissional e pessoal (MOITA, 1995), quanto nos saberes docentes (TARDIF, 2011). Para melhor compreender a influência de determinada carreira na vida de uma pessoa, é importante primeiro analisar o “papel da vida” na profissão estudada (MOITA, 1995). E, também, considerar que a escolha por uma determinada área de atuação, não significa a eliminação de outras possibilidades, mas sim, coloca em evidência a passagem da adolescência para a vida adulta (HUBERMAN, 1995). Compreende-se, portanto, que a profissão deve fazer parte do projeto de vida do indivíduo (MACHADO, 2004) Assim, é importante o estudo sobre as relações entre a profissão e a sociedade, para obter maior clareza das características psicológicas e sociológicas dessa profissão e de sua influência na organização social (HUBERMAN, 1995). 15 Deve-se levar em conta que cada história e percurso de vida são diferentes, de maneira que trocas de ideias e reflexões são importantes para o crescimento do indivíduo durante a formação, tanto no sentido da construção da identidade pessoal, quanto profissional (MOITA, 1995). Na docência considera-se que é o próprio profissional quem constrói seu saber, por meio de uma mescla entre reflexão e constante retomada e reprodução do saber-fazer (TARDIF, 2011), tanto consigo mesmo (com pensamentos pessoais), quanto com outros estudantes e professores (com troca de experiências), de forma que essa construção é um processo, influenciado pelos mais diversos contextos (MOITA, 1995). A identidade docente é construída a partir das interações que se formam entre o universo profissional e o sociocultural do professor (MOITA, 1995). De forma que esse processo não acontece rapidamente, sendo necessários conflitos e reflexões (NÓVOA, 1995). Durante o processo da formação inicial, Nóvoa (1995) levanta três principais aspectos que o docente em formação precisa apresentar, denominados: Adesão, Ação e Autoconsciência. A adesão consiste na aquisição, por parte do professor, de seus valores, princípios e projetos. A ação é a busca do docente pela “melhor metodologia”, balanceando-a entre aquilo que aprendeu na prática e no curso de formação. A autoconsciência, por sua vez, se baseia na reflexão do professor sobre a sua própria prática, realizando mudanças e inovações pedagógicas. Esse processo é baseado em um triângulo de agentes: professores da escola, licenciandos e professores universitários. Os diálogos realizados entre esses três grupos, possibilitam o reconhecimento da existência de saberes e conhecimentos e das suas singularidades perante as disciplinas escolares (SELLES e FERREIRA, 2009), no caso deste estudo, Ciências e Biologia. Para Tardif (2011), as maiores contribuições para a formação docente acontecem durante os primeiros anos do magistério, porque durante esse período ocorre, principalmente: o estabelecimento das certezas do trabalho, da rotina no contexto escolar e da estruturação de métodos e técnicas, além da tentativa, por 16 parte dos recém-formados, de praticar o que aprenderam durante a licenciatura. O resultado dessa experiência é a estruturação da prática. Durante esse primeiro momento, o docente tende a seguir duas linhas de pensamento com relação à sua prática: “sobrevivência” e “descoberta.” A primeira se coloca no sentido de “choque com a realidade”, com constante preocupação com as metodologias utilizadas, percepção da distância entre os ideais apresentados durante o curso de formação e a realidade (TARDIF, 2011) e de como são fundadas as relações pedagógicas e a transmissão dos conhecimentos, além da dificuldade em lidar com os alunos que “criam problemas” (HUBERMAN, 1995). Já a “descoberta” é encarada com entusiasmo inicial, ou seja, quando o recém-formado passa a perceber a responsabilidade que possui, a partir do momento em que percebe que faz parte de um corpo profissional. Após essa primeira vivência, o docente, tende a procurar por novos desafios. Assim, os professores mais motivados, são aqueles que estão empenhados em criar diferentes metodologias (HUBERMAN, 1995). Essas duas maneiras de pensar, aparecem juntas, ao longo do dia-a-dia do professor, de maneira que a “descoberta” sustenta e dá base para a “sobrevivência”. A fusão de ambas resulta na “exploração” que é limitada por regras e normas da própria instituição de ensino, por exemplo, quando esta considera e estabelece que o professor é responsável por suas turmas e que deve transmitir o conhecimento aos alunos (HUBERMAN, 1995). Tendo em vista essas ideias, os docentes tendem a seguir duas vertentes sobre a concepção de sua prática: de “exploração” e de “estabilização”. A primeira se baseia na investigação da profissão, permitindo reflexões e experimentação de diversos papéis. A “estabilização” acontece quando os professores dão mais foco às características do trabalho, como: prestígio, salário e condições de trabalho satisfatórias (HUBERMAN, 1995). É necessário que os docentes compreendam a base da profissão, com a finalidade de auxiliar na construção da identidade profissional e de seus saberes e 17 conhecimentos e suas possíveis integrações com os diversos momentos durante o magistério, para que se construa uma identidade profissional (TARDIF, 2011). O começo da carreira é, portanto um período crítico, porque os professores visam encontrar seu próprio método de trabalho, tentando colocar em prática aquilo que aprenderam durante o curso, ou seja, só se aprende quando se faz. Para isso, os docentes se valem de várias teorias, com o objetivo de estabelecer a coerência entre elas e, assim, possibilitar sua utilização dentro do ambiente de trabalho, tendo como base os objetivos a serem alcançados (TARDIF, 2011). O controle sobre seu trabalho auxilia na construção dos saberes, facilitando a sua evolução, porque o docente apresenta maior segurança e bem-estar dentro da sala de aula e com outros profissionais da instituição (TARDIF, 2011). Complementando essa ideia, Nóvoa (1995) mostra que existem três grandes fases do percurso de formação de um docente: a primeira quando acontece a procura por características do “bom” professor, seguida pela tentativa de se descobrir o “melhor método de ensino” e, por último, a análise do contexto real da sala de aula. Todas as ideias e reflexões realizadas são permeadas pelas diversas fragilidades, ambiguidades e histórias que surgiram a partir dos diversos contextos nos quais o docente foi inserido, ao longo de sua vida, tanto antes, quanto durante o curso de formação e posteriormente na sua prática (NÓVOA, 1995). Assim, as formas de afirmação e reconhecimento profissional, bem como as diversas possibilidades de aprender a trabalhar com as tradições curriculares na elaboração dos conhecimentos a serem ensinados, são processos que influenciam fortemente o “desenho” da atuação dos futuros professores e o carácter de sua disciplina (VILELA, 2009), influenciando na construção dos saberes. Esses são marcados, produzidos e modelados pelo trabalho, integrando características pessoais do professor à sua situação socioprofissional, sendo um saber do trabalho e não sobre o trabalho (TARDIF, 2011). Para Tardif (2011), o saber inclui os conhecimentos, competências, habilidades e atitudes, que o docente consegue justificar racionalmente, com argumentos. Pode-se dizer que representa um saber-fazer e um saber-ser. O autor 18 afirma que a origem dos saberes não é única, provindo do cotidiano do professor, como a sua família, a instituição de formação e a cultura pessoal. Portanto, o saber docente é a confluência dos saberes provenientes das relações sociais, não podendo estar separado de outras instâncias profissionais. O saber também depende das condições do local de trabalho, personalidade e experiência profissional dos professores, resultando de uma constante troca entre o que são e o que fazem. Dessa forma, os saberes podem ser definidos como heterogêneos, tanto em sua origem, quanto pelas situações diversas nas quais são aplicados. Resultam, portanto, de uma mistura dos saberes adquiridos ao longo do curso de formação e os experienciais (adquiridos com a prática). Seguem uma hierarquia, que se molda de acordo com as diversas situações (TARDIF, 2011). Os saberes também são sociais, por se tratarem de um conjunto de processos durante a formação e a aprendizagem, estando organizados e podendo ser modificados pela sociedade e funcionam como base para construção do conhecimento sobre a mesma. Em outras palavras, são sociais porque provêm de diversas fontes, surgindo e sendo aplicados em momentos diferentes e não ao mesmo tempo. Por exemplo, a troca de ideias entre os professores que, mesmo com formações diferentes, trabalham num mesmo ambiente, influencia a elaboração de saberes. Portanto, os docentes definem a sua prática em relação aos saberes que possuem e transmitem, construindo o alicerce de sua competência (TARDIF, 2011). Além de sociais, Tardif (2011) afirma que os saberes são temporais, porque o período de formação de cada pessoa é diferente. Eles também são existenciais e pragmáticos. São existenciais, porque o professor, ao lecionar, considera toda a sua história, antes e depois do curso de formação, ou seja, suas crenças e certezas pessoais delimitam e regem a sua prática. São pragmáticos, porque estão ligados tanto ao trabalho, quanto ao professor, ou seja, são influenciados diretamente por ambos. Tardif (2011) propõe alguns saberes principais, que estão entrelaçados entre si: pedagógicos, disciplinares, curriculares e experienciais. Os saberes pedagógicos são aqueles que se fundam, durante a formação profissional, nas reflexões 19 originadas da prática e conduzem à atividade docente. Os disciplinares são aqueles das disciplinas nas faculdades, abrangendo as diversas áreas do conhecimento. Poderiam ser chamados de saberes conceituais. Os curriculares dizem respeito aos objetivos e métodos com a finalidade de mostrar o caráter social dos saberes e os experienciais são aqueles específicos, construídos e avaliados durante o cotidiano, no ambiente de trabalho, não se originando no curso de formação, de teorias ou doutrinas. No caso dos saberes experienciais, vale mencionar que apresentam três objetos condicionados pela profissão: relações e interações entre professores e outras pessoas do seu cotidiano de trabalho; as regras e normas a serem seguidas e a instituição. São compartilhados entre os professores, ganhando uma nova dimensão: informar e formar, auxiliando na solução de problemas. Portanto, é importante que o professor tenha conhecimento sobre quais são os seus saberes experienciais, para poder transmiti-los a outros colegas (TARDIF, 2011). A fusão de todos os saberes acima expressos resulta no saber profissional, que não é apenas a prática e os seus objetivos, sendo intrínsecos ao trabalho docente, mas é formado a partir das relações que ali acontecem, estando igualmente associado às suas fontes e aos momentos de aquisição (TARDIF, 2011). Assim, para se estudar os saberes da docência, deve-se conhecer a concepção que o profissional tem dos grupos, instâncias e organizações que o rodeiam, tanto antes, quanto durante o curso de formação (TARDIF, 2011). Apesar da caracterização acima, Tardif (2011) comenta que os saberes não podem ser vistos sobre uma perspectiva tipológica, porque essa considera que os professores possuem um “reservatório de saberes” e que os resgatam, em determinadas situações. Essa teoria ignora o fato dos saberes serem temporais. Outro autor que também demostrou preocupação em definir a especificidade da profissão docente foi Shulman (1986; 1987). Em seus trabalhos, buscou estabelecer conhecimentos importantes para a docência, que para o autor são definidos como aqueles necessários à eficácia da ação docente. São eles: conhecimento do conteúdo de ensino, pedagógico geral, do currículo, pedagógico do 20 conteúdo, dos alunos e de suas características, dos contextos educacionais e dos fins educacionais. O primeiro consiste nos conceitos e teorias da área de atuação do professor. Em nosso caso específico, seriam os conhecimentos dos processos biológicos. O conhecimento pedagógico geral corresponde aos princípios e às teorias de ensino e de aprendizagem, além das estratégias de gestão e organização da sala de aula, as quais transcendem o conteúdo ensinado. Já o conhecimento pedagógico do conteúdo, engloba o conhecimento do conteúdo de ensino. É caracterizado por maneiras para transformar determinado conceito em algo mais fácil, tanto de entender como para explicar aos outros, sendo rico em metáforas, analogias, ilustrações, atividades e exemplos, a fim de promover o ensino. Inclui a compreensão do que significa ensinar um determinado tópico. Esse conhecimento é construído constantemente pelo professor ao ensinar a matéria sendo, portanto, apreendido durante o exercício profissional (SHULMAN, 1986). O conhecimento do currículo é definido pela compreensão dos programas destinados aos professores, compreende as instruções e materiais (SHULMAN, 1986) e também elementos da hierarquia institucional, com as suas normas e regras internas (SHULMAN, 1987). O conhecimento sobre os alunos e suas características, demonstra que o professor deve ser flexível e ter diversos olhares sobre as mais diferentes situações, mas sempre adequadas aos seus princípios. O conhecimento dos contextos educacionais é a compreensão sobre a cultura local e outros aspectos do contexto externo à escola. E por último, o conhecimento sobre os fins educacionais, são as propostas e valores, com bases históricas e filosóficas apresentadas pelo professor (SHULMAN, 1987). Em função das relações estabelecidas entre os saberes de Tardif (2011) e Shulman (1986; 1987), neste trabalho, não pretendemos fazer distinção entre o conceito de saber e de conhecimento. Consideramos que os saberes pedagógicos de Tardif (2011) se aproximam do conhecimento pedagógico geral e do conhecimento pedagógico do conteúdo propostos por Shulman (1987), porque se fundam na ideia de construção ao longo da prática, pela transformação dos conceitos que acontecem com as reflexões 21 realizadas. Da mesma forma, os saberes disciplinares de Tardif (2011) se relacionam com os conhecimentos sobre o conteúdo de ensino de Shulman (1987), porque são baseados nas disciplinas cursadas na faculdade, e dentro delas, em seus conceitos e teorias. Os saberes curriculares de Tardif (2011) se complementam ao conhecimento sobre os fins educacionais de Shulman (1987), porque visam objetivos e métodos que seguem alguns valores e uma doutrina filosófica, para alcançar determinada prática docente. O conhecimento curricular (SHULMAN, 1987) se encaixa também, porque é com o auxílio dos materiais e programas didáticos disponíveis e que seguem determinados valores, que o professor consegue atingir os seus objetivos. Complementando essas relações, há o conhecimento sobre os contextos educacionais (SHULMAN, 1987), que só aparece durante a prática docente. O conhecimento sobre os alunos e suas características também se encaixa ai, porque este é estruturado com durante a docência, sofrendo influencia dos componentes teóricos do curso de formação, uma vez, que a flexibilidade e adaptação às diversas situações, só podem ser construídas durante a prática, de forma que o curso de formação dá apenas a base para a construção de princípios que guiarão a didática do professor. Relacionar o trabalho docente com os saberes cotidianos resulta na base para reformular ideias sobre a formação, identidade, contribuições e papéis dos professores (TARDIF, 2011). 22 3. CONTEXTO DE PESQUISA 3.1. CARACTERIZAÇÃO DO CURSO Os alunos recém-formados escolhidos como fonte para a coleta dos dados deste trabalho frequentaram um curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, que possui nova grade desde 2009 (Anexo I), com duração de seis semestres. Vale lembrar que no momento da coleta, eles haviam acabado de se formar e davam continuidade ao curso na modalidade Bacharelado, cursando o 7º semestre. As disciplinas a seguir mencionadas foram cursadas juntamente com aquelas do núcleo comum com o Bacharelado. De acordo com a literatura, as disciplinas voltadas para a formação docente necessitam fazer a interligação entre as dimensões pedagógica, acadêmica e profissional (VILELA, 2009). No caso do presente curso, tais disciplinas começam no 2º semestre, sendo oferecidas duas ou três por semestre. A partir do 3º semestre, sempre há uma disciplina específica, voltada ao ensino de Biologia ou de Ciências e outras mais gerais, relacionadas à educação de modo mais abrangente. No último ano da Licenciatura os alunos cursam: Ensino de Jovens e Adultos (EJA), Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), Projetos Educacionais para o Ensino de Ciências e Políticas Educacionais, Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC), Projetos Educacionais para o Ensino de Biologia e Avaliação dos Processos de Ensino e Aprendizagem. Com relação à prática, os estágios obrigatórios estão distribuídos ao longo do curso, totalizando 400 horas. No 2º semestre, sugere-se que ele seja feito na modalidade de observação. A participação é incentivada a partir da 3ª etapa e a regência a partir da 5ª. Para complementar a construção dos saberes, os alunos desenvolvem atividades em outros ambientes, permitindo que eles compreendam os processos educativos e os seus objetivos de uma maneira mais ampla (SELLES e FERREIRA, 2009). Tendo em vista esta ideia, a faculdade oferece 50 horas de Atividades de Campo. Dentre estas, 30 são obrigatórias e são distribuídas entre o 2º e 6º semestres, nas respectivas disciplinas: Fundamentos de Educação, Educação 23 Ambiental e Paleontologia. Os locais visitados são: o centro da cidade de São Paulo e o Parque do Varvito, localizado em Itu. No 6º semestre, há também uma visita opcional à base avançada da faculdade em Campos do Jordão, totalizando 20 horas, na qual os alunos criam uma proposta de estudo do meio para ser desenvolvida com alunos da escola básica. 3.2. CARACTERIZAÇÃO DOS ALUNOS De acordo com o trabalho de Aguiar e Soldado (2009), desenvolvido a partir de dados coletados com alunos desse mesmo curso, a maioria dos estudantes que optaram por fazer a Licenciatura justificaram essa decisão, para aumentar sua empregabilidade. Dentre os estudantes, 72,7% optariam, no futuro, em trabalhar apenas como biólogos, enquanto que 24,2% trabalhariam na área docente e 3% atuariam nas duas áreas (AGUIAR e SOLDADO, 2009). A pesquisa de Soldado (2010) mostra que a maioria dos alunos que cursam a Licenciatura cogitou a desistência no 2º semestre e justificou essa atitude pelos estágios, falta de tempo e altas exigências do curso. Apesar de pensar em desistir, boa parte deles continuou no curso por causa da empregabilidade. O autor comenta que os estágios obrigatórios são fator de desistência, porque a maioria dos alunos os realiza na modalidade de “observação”, não estabelecendo ligações entre os conceitos e teorias aprendidas no curso e a prática escolar, justificando também que são muitas horas a serem realizadas, sem remuneração (SOLDADO, 2010). É interessante ressaltar que, embora poucos, alguns alunos não pensaram em desistir da formação docente e continuaram no curso pelo interesse na profissão e nas disciplinas oferecidas (SOLDADO, 2010). Tomando como base esses dados e considerando o espaço de tempo de dois anos entre a pesquisa de Soldado (2010) e a nossa, assumimos que o perfil dos alunos continua o mesmo. Assim, podemos afirmar que a maioria dos alunos que 24 cursam a Licenciatura de Ciências Biológicas na universidade escolhida opta pelo curso para aumentar suas chances de emprego, mesmo não gostando da profissão. Esta também é a justificativa apresentada para a permanência no curso (AGUIAR e SOLDADO, 2009; empregabilidade da SOLDADO, profissão 2010). pode A motivação resultar na gerada formação apenas de pela professores descomprometidos, agravando a desvalorização da docência (SOLDADO, 2010). Assim, desejamos levantar as contribuições de um curso de licenciatura para a elaboração de saberes profissionais, curso este caracterizado por ser oferecido para alunos, cuja motivação primeira em geral não é a docência. 25 4. METODOLOGIA Retomando nosso objetivo, desejávamos identificar e analisar as contribuições de um Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas de uma instituição privada de ensino superior para a construção de saberes dos professores recém-formados nessa instituição. Selecionamos como sujeitos da pesquisa alunos do sétimo semestre dessa universidade, que cursaram Licenciatura. Tais alunos completaram a modalidade Licenciatura no 6º semestre do curso e prosseguiram os estudos para finalizar a modalidade Bacharelado. A escolha da universidade teve cunho pessoal, porque esta é a mesma que a pesquisadora frequenta. Os resultados obtidos podem auxiliar na melhoria do curso, contribuindo para a formação dos alunos e servindo para reflexões do coordenador e dos professores envolvidos. O projeto com a proposta do trabalho foi enviado para a Comissão Interna de Ética em Pesquisa e teve como número do processo: L002/03/12, sendo aprovado. Para a coleta dos dados, foi aplicado um questionário com questões abertas (Apêndice I). Segundo Pádua (1998) a aplicação de questionários permite a quantificação das respostas, porém quando este possui perguntas abertas, permite que o pesquisador analise a visão pessoal e espontânea do informante. Dessa forma, o questionário passa a mostrar resultados qualitativos, porque as respostas não podem ser previstas, como nas perguntas fechadas. Após a leitura e releitura das respostas, foram selecionados dois sujeitos, que nos concederam uma entrevista semiestruturada. Para a seleção dos mesmos, consideramos que as respostas deles necessitavam de complemento e viabilizariam a discussão aprofundada dos seus pontos de vista. Julgamos que a entrevista colabora para a rápida e corrente captação das informações, pelo clima de reciprocidade e aceitação mútua entre o entrevistado e aquele que o questiona. Por ser semiestruturada, permite modificações ao longo da conversa, que tornam mais eficaz a coleta dos dados desejados (LÜDKE e ANDRÉ, 1988), facilitando uma perspectiva mais pessoal das perguntas a serem feitas. Em 26 nosso caso, a entrevista possibilitou-nos a confirmação de informações fornecidas nos questionários e o aprofundando das ideias previamente apresentadas. Detalharemos a seguir, nossa intenção com cada pergunta do questionário. A primeira questão era “Antes de entrar na licenciatura, o que você achava que um professor deveria saber para ser um bom professor?”. Ela foi feita para obter maiores informações sobre os saberes que os sujeitos julgavam importantes ao bom professor, antes de ingressarem no curso. Pretendíamos comparar esses saberes iniciais com os que julgavam terem aprendido em função do curso. A segunda questão pedia aos professores que completassem a frase: “Durante o curso de Licenciatura eu aprendi...”. Ela foi realizada para identificarmos saberes relacionados ao curso. A terceira pergunta do questionário tinha como redação: “Pense no curso de Licenciatura. Qual o momento do curso foi mais significativo para a sua aprendizagem como professor? Por quê?”. Com ela desejávamos complementar os dados fornecidos pela questão dois, trazendo informações relevantes sobre atividades específicas do curso, que os professores julgassem boas e importante para sua aprendizagem. Esperávamos, portanto, detectar pontos positivos do curso, mostrando que estes foram os mais importantes para a formação docente na visão dos sujeitos investigados. A quarta questão, por outro lado, tinha como intuito levantar aspectos negativos do curso, isto é, evidenciar os pontos fracos. A questão era: “O que você gostaria de ter aprendido durante a Licenciatura, mas infelizmente não aprendeu?”. As entrevistas seguiram o roteiro básico apresentado abaixo: 1. Supondo que eu fosse uma candidata a cursar a licenciatura nesta universidade e perguntasse a você como é o curso de licenciatura, o que você me diria? 2. No questionário, você comentou que aprendeu... O que você acha que facilitou essa aprendizagem? 27 3. No questionário, você comentou que não aprendeu... Por que acha que isso aconteceu? 4. Que sugestões você daria para melhorar o curso de licenciatura? A primeira pergunta colocava o sujeito em uma situação hipotética, na qual ele tinha que descrever o curso para uma pessoa que pretendia frequentá-lo. Essa questão tinha o objetivo evidenciar pontos marcantes do curso para os recémformados e suas impressões sobre o curso de licenciatura que acabaram de realizar. A segunda pergunta tinha como meta complementar a terceira questão do questionário, fornecendo mais elementos sobre a relação entre o curso e a aprendizagem. A terceira questão complementava a quarta questão do questionário, dando aos sujeitos, a oportunidade de esclarecer os motivos pelo quais não aprenderam determinado conteúdo. A quarta e última pergunta da entrevista permitia que os recém-formados expusessem sugestões para a melhoria do curso. A partir da coleta destes dados, construímos diversos Quadros. Com os questionários pudemos elaborar pontos principais de contribuição para a construção dos saberes que o curso de Licenciatura em estudo trouxe para os sujeitos. Para a análise aprofundada das entrevistas, seguimos a metodologia apresentada por Szymanski (2008): primeiramente fizemos leitura geral das transcrições, posteriormente redigimos o texto original. Procuramos unidades de significado nos trechos das entrevistas e, a partir dai, pudemos categorizar os saberes, tomando como base os saberes apresentados no referencial teórico. Algumas categorias emergiram de nossos dados. 28 5. RESULTADOS 5.1. QUESTIONÁRIOS e ENTREVISTAS Com as respostas do questionário foi possível montar quatro quadros, que relacionaram trechos das respostas com seus respectivos saberes. Esses quadros se encontram no Apêndice II. O mesmo método de categorização foi utilizado para as entrevistas, com os quadros em Apêndice III, e as transcrições no Apêndice IV (Sujeito 4), e a correlação dos trechos com os saberes, está no Apêndice V (Sujeito 5). Com as respostas fornecidas pelos dois instrumentos, foi possível estabelecer 11 saberes presentes nas respostas dos sujeitos, que foram exemplificados no Quadro a seguir, juntamente com sua breve definição. Quadro 1: Saberes presentes nas respostas dos sujeitos, dos dois instrumentos. Categorias do saber Pedagógico Geral sobre Ação Docente Sobre os Alunos Pedagógico Geral sobre o Ensino Dos Valores do Curso de Formação Definição Percepção do papel do professor na sala de aula e na sociedade, realizando mudanças de acordo com o contexto. Necessidade da consideração das características dos alunos. Percepção dos desafios diários da atuação docente, e mesmo assim, há a procura por novas metodologias. São os princípios éticos e as bases filosóficas que guiarão a ação docente. Exemplo “Então você cobra uma coisa, você fazer aquilo que você cobra, você saber colocar um problema para o aluno (...)” (Entrevista – Sujeito 4) “devemos tratar os alunos de forma individual e não coletiva e o quanto complicado e economicamente desvalorizado o professor é” (Questão 2 – Sujeito 18) “outros modelos de ensino e aprendizagem que podem ser mais apropriados do que o ensino tradicional, mas a sua aplicação implica em mudanças diversas na sociedade, nas escolas, etc. tornando-os difíceis de serem feitos”. (Questão 2 – Sujeito 3) “conteúdo não é o foco da aprendizagem e sim serve como uma ponte entre professor e aluno para que ambos trabalhem sobre este.” (Questão 2 – Sujeito 7) 29 São as teorias e autores que os professores universitários seguem. Pedagógico sobre as Bases Filosóficas do Curso de Formação Sobre os Ensinamentos Provenientes das Atividades do Curso de Formação Sobre a Concepção da Sociedade com relação à Docência Sobre os Contextos Externos ao Curso de Formação São os pontos positivos e negativos do curso. Percepção de como a Sociedade enxerga sua profissão, podendo realizar mudanças para valorizá-la e dar-lhe maior reconhecimento pessoal e para a sociedade. Noção dos influenciadores do seu curso de formação, podendo solucionar problemas vigentes. Noção dos influenciadores “enfoque construtivista torna das atitudes dos alunos e tudo muito lindo, tudo muito bonito na teoria, mas quando do professor. Sobre os Contextos Internos da Sala de Aula Sobre os Contextos Internos da Escola Relações entre alunos, professores e outros funcionários, nos outros ambientes da escola. São os atributos que o curso oferece. Sobre as Características Gerais do Curso de Formação “(...) considerando que a construção dos conhecimentos envolve uma mudança no indivíduo, de forma que os saberes não podem ser transmitidos, sendo que o professor deve atuar como um incentivador dessa construção” (Questão 2 – Sujeito 9) “(...) peca um pouco por isso, porque você tem uma preparação toda teórica, mas na prática fica um pouco a desejar.” (Entrevista – Sujeito 5) “o professor não é um superherói, que a gama de responsabilidades culturalmente colocados nos professores é enorme e consegui cumprir ao menos porcentagem delas já é uma grande coisa”. (Questão 2 – Sujeito 14) “(...) escolha pedagógica (...) meio um consenso, assim, do meio acadêmico.” (Entrevista – Sujeito 5) você vai ver na prática, ele nem sempre se aplica, o que você vê dentro de uma sala de aula, não é o que você vê dentro da universidade.” (Entrevista – Sujeito 5) “(...) trabalho assim, a mais, demandaria que você tivesse experiência nas escolas, mas nem sempre nos estágios você tem essa abertura.” (Entrevista – Sujeito 5) “Eu acho que assim, tanto os professores, os professores da Licenciatura são muito próximos, a vida deles é muito integrada, vivida junto, acho que eles planejam muito junto, então acho que isso de planejar junto, e acho quando eles olham 30 para o curso de Licenciatura, todos eles pensam a mesma coisa, então junta o que cada um pensa, e vira uma coisa só, (...)”. (Entrevista – Questão 4) 31 6. ANÁLISE Como apresentamos anteriormente, nosso foco foi identificar as contribuições que um curso de Licenciatura trouxe para a construção dos saberes profissionais dos professores recém-formados. Para tanto, consideramos pertinente a coleta de dados sobre as ideias que os mesmos possuíam antes da realização do curso. Como esses dados são de memória, há a limitação de serem influenciados pelo processo vivido. Apesar desta barreira, consideramos que poderiam oferecer bons parâmetros para a comparação com as ideias apresentadas ao término do curso. Na tentativa de superar esta dificuldade, realizamos uma entrevista semiestruturada para complementar as respostas do questionário. 6.1. SABERES CONSTRUÍDOS Nesta parte avaliamos os saberes estruturados antes do curso, e aqueles mais marcantes, que se tornaram importantes e relevantes para a ação docente, contribuindo para a estruturação dos saberes profissionais. Sendo assim, notamos que antes do ingresso na Universidade, 17 sujeitos mencionaram como principal característica para a atuação profissional, a apropriação dos conceitos, referente à sua área do conhecimento, de modo que o “bom professor” era aquele que “dominava” os alunos e os conteúdos, e não permitia interação entre os estudantes, como pudemos observar nas seguintes falas: “’conduzir’ uma aula de modo a transmitir ao máximo os conhecimentos referentes a matéria para os alunos. Deveria saber como ‘controlar’ os alunos”. (Sujeito 11) “aprender a lidar com a sala de aula, como tratar os alunos de forma individual e não coletiva e dominar a matéria que irá lecionar”. (Sujeito 18) “saber todo o conteúdo da apostila e explicá-lo na forma de que só ele falasse sem que os alunos interagissem”. (Sujeito 22) Contrapondo estas ideias, quatro professores caracterizaram o “bom professor” como aquele que respeita e se preocupa com a sua relação com os alunos, e busca aplicar metodologias que incentivem a aprendizagem: 32 “dominar os conteúdos a serem ensinados e conseguir transmitir estas informações de forma clara, para que os alunos entendessem”. (Sujeito 3) “dominar o conteúdo referente à sua disciplina e saber apresentá-lo e trabalhá-lo em conjunto com os alunos com clareza. E também atribuía importância às questões metodológicas, de forma que o professor deveria preocupar-se não apenas com o que irá fazer, mas também em como fazer”. (Sujeito 9) “respeitar os alunos, se importar com o que eles produziam ou não, buscando auxiliá-los o máximo possível. Não dar prova, ser compreensível e claro ao expor os conteúdos”. (Sujeito 14) “conhecimentos sobre a disciplina e sobre a interação com os alunos em sala de aula, de modo a otimizar a relação professor-aluno” (Sujeito 16) Com estas falas pudemos notar que os sujeitos, fizeram menção ao Saber pedagógico geral sobre ação docente. Este se caracteriza pela percepção do papel do professor tanto dentro da sala de aula, quanto na sociedade, se adaptando às frequentes mudanças dos contextos presenciados, guiando-se pelos princípios e valores, elaborados durante toda a vida. Estas respostas mostram-nos que a concepção da maioria dos sujeitos, antes de entrarem na Licenciatura, era do professor autoritário, que domina o conhecimento, não podendo ser contestado, e uma minoria deles o justificou como aquele que transmite o conteúdo de maneira que seus alunos o assimilem, estimulando-os a pesquisar e procurar cada vez mais sobre o conceito ministrado, auxiliando na construção do seu conhecimento, contextualizando os conteúdos com o cotidiano dos estudantes, facilitando o entrosamento entre os mesmos e tratandoos de forma coletiva e não individual. Relacionando estas ideias com as de Fiorentini et. al (2001) podemos salientar que é de extrema importância que o professor tenha amplo conhecimento sobre o conteúdo, de forma que possa ter autonomia intelectual para construir seu próprio currículo e tornando-se mediador entre o conhecimento prévio que o aluno trás e aquele que o próprio professor ministra. Para conseguir se tornar mediador, ele deve conhecer as teorias implícitas da prática, adaptando-as e construindo outras novas, de acordo com o contexto no qual é inserido, de maneira a conseguir 33 estabelecer a transformação conceitual na sua relação com o saber e a sua estruturação. Ressaltamos que, embora o conhecimento do conteúdo seja condição imprescindível ao ensino, este isoladamente não é suficiente para a atuação docente. Outros, igualmente essenciais são necessários, por exemplo, sobre as características dos seus alunos, os valores e princípios a serem seguidos e estimulados e do contexto pedagógico geral. Nas falas a seguir explicitamos o Saber pedagógico geral sobre ação docente, estabelecido, durante o curso de formação: “a amar a educação; aprendi a me organizar melhor, a me comprometer e cumprir aquela proposta. Abrir meus olhos para as questões políticas e nossa atuação e influência na sociedade. Aprendi a escutar mais os outros e expor mais a minha opinião. Aprendi que a educação não nada daquilo que tivemos na escola, não devemos ser espectadores do nosso aprendizado, mas protagonistas de uma nova educação”. (Questão 2 - Sujeito 2) “o professor não é um super-herói, que a gama de responsabilidades culturalmente colocados nos professores é enorme e consegui cumprir ao menos porcentagem delas já é uma grande coisa”. (Questão 2 - Sujeito 14) “(...) você se importar realmente se ela aprende ou não (....)” (Entrevista – Sujeito 4) “Então você cobra uma coisa, você fazer aquilo que você cobra, você saber colocar um problema para o aluno (...)” (Entrevista – Sujeito 4) “Para você ser um bom professor, você não precisa decorar conteúdo para passar (....)” (Entrevista – Sujeito 5) “(...) própria profissão do professor é nesse sentido de mudança, porque quando você é professor, você trabalha com mentes de pessoas, (...) você é professor, você trabalha com mentes, então essa é a única maneira de você poder mudar, de você ter uma ação efetiva no mundo. (...) a sociedade como eu desejaria que ela fosse, como eu faria para mudar ela, seria como professor, (...)” (Entrevista – Sujeito 5) Notamos principalmente com este Saber pedagógico geral sobre ação docente, que houve significativa mudança na concepção dos sujeitos sobre o papel do professor. 34 Segundo Shulman (1986; 1987) podemos caracterizar o Saber pedagógico geral como sendo a base para o entendimento sobre os alunos, extrapolando os limites práticos sobre determinado tema, de maneira que o seu entendimento aconteça de forma efetiva, e significativa para o aluno. Outro saber recorrente nas falas é o Saber pedagógico geral sobre o ensino, estruturado, durante o curso de formação: “outros modelos de ensino e aprendizagem que podem ser mais apropriados do que o ensino tradicional, mas a sua aplicação implica em mudanças diversas na sociedade, nas escolas, etc. tornando-os difíceis de serem feitos”. (Questão 2 – Sujeito 3) “Que dar aula é uma tarefa difícil, que envolve desafios diários”. (Questão 2 – Sujeito 20) “Isso permitiu conhecer realmente o trabalho como professor, os desafios e o retorno que se pode ter, que é ver que o aluno aprendeu algo”. (Questão 3 – Sujeito 6) “como trabalhar em uma escola onde todas as condições são adversas e questões mais práticas e burocráticas da escola, que na prática se aprende na ‘marra’; ninguém ensina”. (Questão 4 – Sujeito 15) Podemos caracterizar este Saber pedagógico geral sobre o ensino, como a noção que o professor tem, acerca dos modelos de ensino que estão presentes e atuantes nas escolas, bem como os desafios diários que a sala de aula apresenta, e apesar disto, trabalhar juntamente com seus alunos, a construção do conhecimento, verificando o que ele aprendeu, e quais suas dificuldades. Este saber é permeado por outros três saberes: Saber dos Contextos Externos ao Curso de Formação, dos contextos internos da sala de aula e dos contextos internos da escola. Estes contemplam o Saber dos contextos educacionais de Shulman (1987), que se refere à cultura local e outros aspectos presentes ao redor da escola. O Saber dos Contextos Externos ao Curso de Formação está presente nas seguintes falas: “Ela dá assim, uma formação ampla. Ela permite que você conheça assim, bastante o que é o campo, mas assim, (...) O que não é muito 35 coerente com o mercado que se pede por exemplo.” (Entrevista – Sujeito 5) “(...) escolha pedagógica (...) meio um consenso, assim, do meio acadêmico.” (Entrevista – Sujeito 5) “(...) então eu vim de uma realidade de escola pública, que eu conhecia assim, na prática, então quando eu vim para cá, para fazer a Licenciatura, eu tinha enfocada essa questão do ‘porque eu não aprendi isso? Porque eu não tive esse conteúdo? Porque eu não tive essa matéria? ’”. (Entrevista – Sujeito 5) Este se caracteriza pela percepção que o docente apresenta sobre os influenciadores do seu curso, e consequentemente da sua formação, e construção dos seus saberes. Isto permite que ele realize e elabore novas teorias e soluções para os problemas vigentes, de maneira a contribuir para a melhoria do curso de Licenciatura, durante e depois a sua formação. Considerando que durante a Licenciatura, os alunos realizam estágios obrigatórios, supervisionados pelos professores e coordenadores da escola, é importante destacar, a presença, nas respostas dos sujeitos, dos Saberes dos contextos internos da sala de aula e dos contextos internos da escola. O primeiro pode ser explicitado com as falas a seguir: “enfoque construtivista torna tudo muito lindo, tudo muito bonito na teoria, mas quando você vai ver na prática, ele nem sempre se aplica, o que você vê dentro de uma sala de aula, não é o que você vê dentro da universidade.” (Entrevista – Sujeito 5) “aula para conhecer, porque as turmas são diferentes entre si, o que você faz dentro delas é diferente, mas eu acho que em si mesmo, o que eu pegaria bastante, seria acabar, tentando mudar assim, as estratégias pelas quais eu passei, quando eu estava estudando.” (Entrevista – Sujeito 5) O Saber dos contextos internos da sala de aula engloba os influenciadores, tanto das atitudes dos alunos, quanto as do professor, dentro deste ambiente, de maneira a facilitar ou dificultar a aprendizagem. Juntamente a este, está o Saber dos contextos internos da escola, que agrupa as diversas situações, nas quais os alunos, professores e outros funcionários da escola são submetidos, fora da sala de aula, porém dentro do colégio, como por 36 exemplo, no pátio, no momento do recreio, na sala dos professores ou na reunião de pais e mestres. “(...) trabalho assim, a mais, demandaria que você tivesse experiência nas escolas, mas nem sempre nos estágios você tem essa abertura.” (Entrevista – Sujeito 5) Seria interessante que as escolas, permitissem maior participação dos estagiários, através do estreitamento das suas relações com a Universidade, porque os alunos devem vivenciar os problemas e circunstâncias do cotidiano escolar, sendo importante para a estruturação de sua prática, pela tentativa também, de aplicar os métodos e técnicas vistos durante o curso (TARDIF, 2011). Considerando que a tomada de consciência sobre seu papel na sala de aula, auxilia na construção dos conhecimentos dos alunos. Outro saber recorrente nas falas dos sujeitos foi o Saber sobre os alunos. Primeiramente, pudemos notar (com as falas anteriormente destacadas) que o professor não considerava as características gerais que os alunos apresentavam, e depois, houve mudança com relação a ação docente e a consideração sobre os estudantes na sala de aula. “aluno é parte integrante do processo, que precisa participar do processo de construção do conhecimento, que é preciso que o próprio aluno passe por um processo de desconstrução dos próprios conhecimentos, se questionando sobre possíveis contradições e reconstruir o próprio conhecimento”. (Questão 2 – Sujeito 6) “a importância da determinação clara dos objetivos nos processos de ensino e aprendizagem e da participação efetiva do sujeito/aluno na construção dos conhecimentos, de forma que o aluno não deve atuar como um simples receptor, mas sim de maneira ativa, considerando que a construção dos conhecimentos envolve uma mudança no indivíduo, de forma que os saberes não podem ser transmitidos, sendo que o professor deve atuar como um incentivador dessa construção”. (Questão 2 – Sujeito 9) “muitas coisas, entre elas que é importante que haja troca de conhecimento entre os alunos e professores e que é importante que os alunos interajam entre si, visando trocar seus conhecimentos prévios e adquiridos durante a vida (escolar e meio escolar) entre outros ensinamentos”. (Questão 2 – Sujeito 22) “(...) para saber se a criança tem uma dificuldade (...) você saber extrair do aluno qual a dificuldade real dele.” (Entrevista – Sujeito 4) 37 “(...) própria profissão do professor é nesse sentido de mudança, porque quando você é professor, você trabalha com mentes de pessoas, (...) você é professor, você trabalha com mentes, então essa é a única maneira de você poder mudar, de você ter uma ação efetiva no mundo. (...) a sociedade como eu desejaria que ela fosse, como eu faria para mudar ela, seria como professor, (...)” (Entrevista – Sujeito 5) “eu teria que ter um tempo, dentro da sala de aula para conhecer, porque as turmas são diferentes entre si, o que você faz dentro delas é diferente, mas eu acho que em si mesmo, o que eu pegaria bastante, seria acabar, tentando mudar assim, as estratégias pelas quais eu passei, quando eu estava estudando.” (Entrevista – Sujeito 5) Considerando as ideias de Shulman (1986; 1987) sobre o Saber dos alunos e suas características, este é elaborando durante a prática, com a fusão das bases teóricas vistas no curso de formação, que visa a atuação de um professor reflexível, com diversas interpretações a cercas das situações nas quais se encontram na sala de aula com seus alunos. Contrapondo estas ideias sobre o profissional reflexivo com seus alunos, notamos que antes do curso da Licenciatura, alguns sujeitos, não destacaram a relação professor aluno, como fundamental para a efetivação da aprendizagem. Isto exemplifica o pensamento antagônico que o docente apresenta: atuar como técnico-reprodutor (FIORENTINI et. al, 2001), estando na fase de “sobrevivência”, sofrendo choque com a realidade encontrada na sala de aula, e aquele idealizada no curso de formação (HUBERMAN, 1995), ou ser mais autônomo, sendo reflexivo de sua prática (FIORENTINI et. al, 2001), encontrando-se na “descoberta”, tendo consciência de sua responsabilidade, e que faz parte de um corpo profissional (HUBERMAN, 1995). Para solucionar este desafio, é importante que o professor tenha consciência sobre qual caminho decide seguir, para que obtenha satisfação profissional (FIORENTINI et. al, 2001) e que principalmente auxilie na construção de conteúdos procedimentais, atitudinais e conceituais, por parte dos seus alunos. Portanto, podemos concluir que o Saber sobre os alunos, é mais abrangente, do que apenas na sala de aula. Este é influenciado pelas vivências do professor, antes e durante sua entrada na sala de aula, para lecionar, de forma que ele se 38 encontra em constante conflito com seus valores e princípios, e as situações que encontra na escola. É importante que o docente, atue de maneira a contribuir para a efetiva construção do conhecimento dos seus alunos, fazendo com que eles aprendam ‘de fato’, e de maneira contextualizada. É também, igualmente importante que os professores reconheçam a concepção que a sociedade possui com relação a sua profissão. Este é chamado de Saber sobre a concepção da sociedade com relação à docência, e é explicito nas seguintes falas: “o professor não é um super-herói, que a gama de responsabilidades culturalmente colocados nos professores é enorme e consegui cumprir ao menos porcentagem delas já é uma grande coisa”. (Questão 2 – Sujeito 14) “devemos tratar os alunos de forma individual e não coletiva e o quanto complicado e economicamente desvalorizado o professor é” (Questão 2 – Sujeito 18) Semelhante ao Saber do contexto externo à escola, quando o professor adquire conhecimento sobre como a sociedade o enxerga e considera sua profissão, ele se torna apto a realizar mudanças, visando valorizar a docência, de forma que se obtenha maior reconhecimento, tanto pessoal, quanto para as outras pessoas. Considerando as ideias acima destacadas, sobre os saberes construídos pelos professores, ao longo do curso de formação, em comparação com aqueles antes do curso, pudemos notar que não houve menção ao Saber pedagógico do conteúdo, que considera as teorias a serem ministradas pelo professor. Assim, podemos caracterizar que o curso em estudo possui maior enfoque na atuação docente geral, ou seja, nas técnicas a serem utilizadas, nas diferentes situações. Contudo, como destacados pelos sujeitos, não há ênfase para a indisciplina, de maneira que os professores se sentem despreparados para entrar na sala de aula. Podemos considerar também, que esta insegurança, pode ser proveniente, da falta de atividades sobre como ministrar determinados conteúdos, ou seja, pela ausência do Saber pedagógico do conteúdo. Esta característica é recorrente nos docentes em começo de carreira, como destaca Tardif (2011), porque neste período os professores praticam aquilo que 39 aprenderam durante o curso, porém alguns se deparam com ambientes e situações diferentes daqueles que esperavam e discutiam na Universidade. O controle sobre o trabalho auxilia na construção de seus saberes, e no crescimento profissional e pessoal, e assim, o docente torna-se mais seguro no seu ambiente de trabalho. 6.2. O CURSO E A CONSTRUÇÃO DE SABERES Esta segunda parte da Análise, refere-se à influência do curso de formação na aquisição e construção dos saberes dos sujeitos. Sobre os valores e princípios inerentes do professor, podemos destacar algumas falas, referentes ao Saber dos valores do curso de formação, e a influência do Saber sobre as bases filosóficas do curso de formação, sobre ele. O Saber dos valores do curso de formação é caracterizado pela percepção, por parte dos professores recém-formados, dos princípios éticos e filosóficos apresentados no curso, na Universidade, que guiarão sua atuação docente, tanto dentro da sala de aula, quanto fora dela. Este pode ser exemplificado com as falas a seguir: “conteúdo não é o foco da aprendizagem e sim serve como uma ponte entre professor e aluno para que ambos trabalhem sobre este.” (Questão 2 – Sujeito 7) “Além do que compreendi que a importância dos objetivos”. (Questão 2 – Sujeito 7) “A Licenciatura assim serviu para a minha vida, não é algo que serviu só para eu dar aula, para eu ter subsidio para dar aula.” (Entrevista – Sujeito 4) “Acho que é um curso muito legal, e eles focam bastante na questão de você olhar o cotidiano do aluno, (...)” (Entrevista – Sujeito 4) O Saber pedagógico sobre as bases filosóficas do curso de formação influencia o Saber dos valores do curso de formação, porque este se baseia em teorias e autores, que condizem com os pensamentos e atitudes dos professores do curso, cujo enfoque é Construtivista, como vemos nas seguintes falas: “O conhecimento não pode ser ‘transmitido’, ele deve ser problematizado, transformado em projetos que sirvam como base para o crescimento das aulas. Aprendi que a avaliação não é decorar 40 frases para fazer provas e que extrapola a própria sala de aula.” (Questão 2 – Sujeito 7) “(...) considerando que a construção dos conhecimentos envolve uma mudança no indivíduo, de forma que os saberes não podem ser transmitidos, sendo que o professor deve atuar como um incentivador dessa construção” (Questão 2 – Sujeito 9) “conhecido com mais aprofundamento outras vertentes da educação, além do construtivismo. Além de ter mais perspectivas dentro do estágio, ser mais atraente. Fiquei sabendo no último semestre que a escola de aplicação da USP permite isso, mas não temos convênio” (Questão 4 – Sujeito 2) É necessário que os recém-formados saibam identificar as bases da sua profissão, para facilitar a construção da identidade profissional e de seus saberes e suas possíveis integrações com os diversos momentos durante o magistério, para que se construa uma identidade profissional (TARDIF, 2011; SHULMAN, 1987). Isto pode ter como instrumentos, os materiais e programas didáticos disponíveis (SHULMAN, 1987). As discussões realizadas na sala de aula do curso de formação sejam em grupos ou individuais, são importantes para a construção dos saberes docentes, como nas falas a seguir: “atividades diferenciadas como mapa conceitual”. (Questão 2 – Sujeito 13) “no final do curso, pois eu consegui refletir sobre o que eu pensava, o que eu havia aprendido e concluir que foi significativo para minha formação”. (Questão 3 – Sujeito 3) “plano de ensino para os três anos do Ensino Médio, pois foi nesse momento que nos deparamos com problemas mais concretos como quais conteúdos a serem abordados, como abordá-los através dos projetos”. (Questão 3 – Sujeito 10) “aprendido realmente a lecionar, o que poderia ser administrado a partir dos estágios de intervenção, e não somente de observação. O ideal é que um colégio com parceria com universidade permite que tenhamos tal experiência, já que seremos futuros professores”. (Questão 4 – Sujeito 6) “tenho reflexões que ainda não foi possível responde-las como: como dar uma aula construtivista se o período letivo é curto e há grande quantidade de conteúdo”. (Questão 4 – Sujeito 12) 41 “Ela dá assim, uma formação ampla. Ela permite que você conheça assim, bastante o que é o campo, mas assim, (...) O que não é muito coerente com o mercado que se pede por exemplo.” (Entrevista – Sujeito 5) “(...) peca um pouco por isso, porque você tem uma preparação toda teórica, mas na prática fica um pouco a desejar.” (Entrevista – Sujeito 5) “Eles foram mais marcantes por causa do choque de realidade, para mim, porque era uma coisa que eu acreditava muito antes de entrar aqui (...) você não precisa ser um robozinho, seguindo padrões para conseguir aprender” (Entrevista – Sujeito 5) Estas falas exemplificam o Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Este engloba os pontos positivos e negativos da formação inicial, de maneira, que ao ter conhecimento sobre isso, o docente pode trabalhar as fraquezas, e melhorar sua prática, e contêm também os valores e princípios mencionados anteriormente, que são guiados pelas bases filosóficas. Assim, tendo um bom curso de formação inicial, permite que a construção dos saberes profissionais seja mais rápida e melhor estruturada, possibilitando que o professor tenha consciência das instâncias e organizações que permeiam o ambiente escolar (TARDIF, 2011), e possam fundamentar a base de princípios que guiarão sua prática (SHULMAN, 1987). Podemos notar que estes momentos foram os mais marcantes, pelas discussões serem realizadas em grupos, e terem como pauta tanto os assuntos que os alunos traziam, como os estágios quanto aqueles que os professores traziam a tona, como a discussão sobre a Ciência, gerando reflexões profundas, que para alguns sujeitos foi decisivo na decisão de segui a carreira docente. Com estas falas podemos perceber que o curso tem grande enfoque na realização de discussões sobre os temas envolvendo as diversas áreas da Educação, e as questões que os alunos trazem, e na sua maioria, realizando essas atividades em grupo, sendo mediados pelo professor. Contudo, como já apresentado, o curso não apresenta ênfase no Saber pedagógico do conteúdo, podendo deixar os professores inseguros para lecionar. 42 O Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação está contido no Saber sobre as características gerais do curso de formação. Este contempla a percepção a cerca dos atributos que o curso oferece, como mencionados nas falas a seguir: “Primeiro que é super corrido, bastante, a gente vai ter bastante trabalho (...)” (Entrevista – Sujeito 4) “Eu acho que assim, tanto os professores, os professores da Licenciatura são muito próximos, a vida deles é muito integrada, vivida junto, acho que eles planejam muito junto, então acho que isso de planejar junto, e acho quando eles olham para o curso de Licenciatura, todos eles pensam a mesma coisa, então junta o que cada um pensa, e vira uma coisa só, (...)”. (Entrevista – Questão 4) “Eu acho também que eu diminuiria um pouco do peso do currículo, porque ler Sacristán, realmente foi para matar. Eu não sei também, talvez reduzir um pouco o volume de textos, porque eu sei que o tempo que a gente tem para fazer a Licenciatura é muito pouco e os professores que a gente teve, procuram ter todas as discussões possíveis, sobre todos os assuntos que dá, mas só que utilizar tantos referenciais, confunde um pouco, é muita demanda para um espaço de tempo pequeno.” (Entrevista – Sujeito 5) “Talvez também mostrar as questões de avaliação já no começo do curso, porque o curso em si já fala assim, da avalição do ensino e aprendizagem mais especificamente, ele fala que não pode conceber avaliação como processo terminal, mas a gente só tem ele no final do curso. Porque não ter no começo? Eu acho que seria interessante também, para a gente aprender a lidar com isso já no começo” (Entrevista – Sujeito 5) Estes trechos apresentam uma crítica e a justificativa do curso: pouco tempo para realizar atividades, por causa da quantidade de textos e discussões exigidos pelos professores. O que nos remete às contribuições que o curso trouxe, porque os professores realizaram profundas e diversas discussões sobre os temas da área da Educação, porém com menos enfoque para a indisciplina, e também propõem trabalhos que aproximem os alunos da realidade da escola, com base no Construtivismo, que é a fundamentação do curso, como já apresentado no Saber pedagógico sobre as bases filosóficas do curso de formação. Assim, podemos notar que apesar do curto espaço de tempo que os alunos possuem para realizar as atividades propostas, estas resultam na mudança de 43 concepções e reflexões que são fundamentais para a construção dos saberes profissionais. No entanto, como sugerido pelos sujeitos a discussão sobre os referenciais construtivistas, poderia ter como tema as experiências que os alunos trazem, para que todos saibam sobre as diversas situações que acontecem durantes os estágios. E também serem mostradas outras vertentes do ensino-aprendizagem. Como já mostramos no estudo dos questionários, é uma característica do curso em estudo, apresentar distanciamento entre a proposta apresentada pelos professores, e as atividades que os estagiários realizam na escola. É importante destacar a importância deste aspecto do curso, porque é nele que os estudantes, futuros professores aproximam-se da prática, e do ambiente de trabalho, notando as formas como se estabelecem as relações nele, e como o docente deve se portar nas diferentes situações. Isto permite que o professor em formação faça reflexões sobre a prática que ele observa, e sobre aquela que ele fará (SELLES e FERREIRA, 2009). 44 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como destacamos anteriormente, o objetivo do nosso trabalho foi identificar as contribuições que um curso de Licenciatura trouxe para a construção dos saberes profissionais dos professores recém-formados. Notamos que a maioria dos sujeitos caracterizou o “bom professor” como aquele que deveria decorar, e dominar o conteúdo, muitas vezes não considerando as observações e comentários que os alunos fazem, impedindo a interação entre eles, visando apenas o “controle” dos mesmos e “enfrentando” seus questionamentos. Consideramos que o conhecimento a acerca do conteúdo é fundamental para a profissão docente, porém não deve ser o único a ser considerado. Os professores devem se adaptados à heterogeneidade que a sala de aula apresenta, de forma que considere as características dos alunos, com o Saber sobre os Alunos. Assim, norteando suas ações pelos princípios e valores que considera importante, ou seja, aplicar o Saber sobre os Valores do Curso de Formação e o Saber Pedagógico sobre as Bases Filosóficas do Curso de Formação. Dando forma ao Saber pedagógico geral sobre a ação docente. Percebemos notável mudança do ponto de vista dos professores, sobre o papel do professor, tanto na sala de aula, quanto na sociedade. Após o curso de Licenciatura, eles consideram que o docente deveria participar ativamente da aprendizagem dos seus alunos, respeitando suas ideias, de maneira que estes também tivessem um papel ativo na construção dos seus conhecimentos. Estes pontos contribuíram para a complementação do saber pedagógico geral sobre ação docente e sobre os alunos. Pelas respostas estudadas, consideramos que essa mudança de concepção, aconteceu com base nas discussões e reflexões realizadas na sala de aula, juntamente com os professores e outros alunos da Universidade, sendo estas o grande foco do curso, o que cria uma relação interpessoal entre as pessoas ali presentes. Caracterizando o saber sobre as características gerais do curso de 45 formação, e dentro deste Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. O que condiz com as ideias de TARDIF (2011) e MOITA (1995) que destacam que a atuação docente é importante para a reflexão sobre o saber-fazer, entre os diversos agentes presentes, fazendo com que a construção dos saberes se estabeleça como processo. No entanto, alguns sujeitos destacaram que o curso realiza demasiadas discussões sobre o Construtivismo, não abordando questões sobre o papel social do professor, outras vertentes do ensino, etc. Esta última também foi destaque na entrevista do Sujeito 5, porque de acordo com o mesmo, o enfoque priorizado no curso, não condiz com o que o mercado de trabalho apresenta, e desta forma é difícil para ele aplicar as teorias vistas no curso nas situações que acontecem na salda de aula da escola. Para isto, consideramos relevante, que os professores da Universidade, conversem com os alunos ao final de cada disciplina, visando buscar críticas, para modificar a disciplina, no próximo semestre, atendendo às modificações curriculares que a sociedade demanda e aquelas que a Universidade propõe (FIORENTINI et. al, 2001). Com as respostas coletadas com os instrumentos, notamos que os professores da Licenciatura estão presentes na formação de seus alunos, participando das mediações, seja nas atividades práticas, ou nas discussões, tanto de textos, quanto de situações do estágio que os alunos trazem, contribuindo para a estruturação do Saber sobre as características gerais do curso de formação. Dessa maneira, percebe-se que o curso é coeso no que condiz com a linha de pensamento que segue, como destacado na exposição dos saberes sobre os valores do curso de formação e o saber pedagógico sobre as bases filosóficas do curso de formação. No entanto, alguns sujeitos mencionaram que isto ainda não é suficiente para que se sentissem seguros ao entrarem numa sala de aula. Isto também pode ser justificado pelo período delicado que esses professores se encontram, ou seja, no inicio da carreira, que foi destacado por diversos autores, 46 como fase crítica e de maior crescimento profissional e pessoal. Os recém-formados procuram aplicar na sala de aula, aquilo que viram na Universidade, e adaptá-los aos contextos do ambiente escolar (SELLES e FERREIRA, 2009). Assim, o curso de formação inicial deve ter como principio norteador, a construção dos saberes profissionais dos seus alunos, dando base para seus princípios e valores (SHULMAN, 1987), permitindo que eles tenham consciência das suas atividades, e dos ambientes nos quais irão trabalhar (TARDIF, 2011). As comandas sobre a realização dos estágios, deve ser clara tanto para os alunos, quanto para as escolas parceiras, porque este tem como objetivo integrar os estagiários com outros professores, tanto dentro das escolas, quanto dentro da Universidade (TARDIF, 2011), mesmo que em alguns momentos a prática se distancie da teoria. É importante que essa defasagem seja minimizada, possibilitando ao docente a compreensão sobre seus próprios saberes (SELLES e FERREIRA, 2009). As ideias a cima destacadas nos mostram que os professores recémformados possuem subsídios teóricos para alcançar seus objetivos, que são fundados na mudança da sociedade, porém não apresentam segurança, experiência e referenciais práticas, com as quais pudessem se basear para ministrar suas aulas. 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, B. e SOLDADO, E.B.R. Quem quer ser professor? Visão dos formandos de um curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2009. 59p. FIORENTINI, D., SOUZA Jr., A.J. de e MELO, G. F. A. de. Saberes docentes: um desafio para acadêmicos e práticos. In: GERALDI, C.M.G. et.al. Cartografias do trabalho docente: professor(a)-pesquisador(a). 2ª Ed. Campinas: Mercado de Letras, 2001. p. 307-335. HUBERMAN, M. O Ciclo de vida profissional dos professores. In: NÓVOA, N. J. et al. Vida de Professores. 2ª Ed. Porto: Porto Editora, 1995. p.31-61. LÜDKE, M e ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. EPU: São Paulo, 1986. p. 25 - 38. MACHADO, N. J. Sobre a Ideia de Projetos. In: MACHADO, N. J. Educação: Projetos e Valores. São Paulo: Escrituras Editora, 2004. p. 1-37. MOITA, M. C. Percursos de Formação e de Trans-formação. In: NÓVOA, N. J. et al. Vida de Professores. 2ª Ed. Porto: Porto Editora, 1995. p. 111-139. NÓVOA, N. J. Os Professores e as suas Histórias de Vida. In: NÓVOA, N. J. et al. Vida de Professores. 2ª Ed. Porto: Porto Editora, 1995. p. 11-28. PIMENTA, S. G. Professor: formação, identidade e trabalho docente. In: PIMENTA, S. G. et al. Saberes Pedagógicos e a Atividade Docente. São Paulo: Cortez Editora, 1999. p. 15-34. SELLES, S.E. e FERREIRA, M.S. Saberes docentes e disciplinas escolares na formação de professores em Ciências Biológicas. In: SELLES, S.E. et al. Ensino de Biologia: histórias, saberes e práticas formativas. Uberlândia: Editora da Universidade Federal de Uberlândia, 2009. p. 49-69. 48 SHULMAN, L. Those who understand: knowledge growth in teaching. Educational Researcher, v. 56, n.2, p. 4 – 14. 1986. SHULMAN, L. Knowlegde and teaching: foundations of the new reform. Harvard Educational Review, v. 57, n.1, p. 1 – 21. 1987. SOLDADO, E.B.R. Os desafios da formação docente: Análise dos motivos relacionados à desistência ou à permanência num curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2010. 138p. SZYMANSKI, H.A., ALMEIDA, L.R. e PRANDINI, R.C.A.R. Perspectiva para a análise de entrevistas. In: SZYMANSKI, H.A. Entrevista na Pesquisa em Educação: A Prática Reflexiva. 2ª Ed. Brasília: Liber Livro Editora, 2008. p. 63-83. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 12ª Ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2011. VILELA, M.L. A Biologia na sala de aula pelas escritas de professores em formação: um olhar de pesquisa sobre relatórios de prática de ensino. In: SELLES, S.E. et al. Ensino de Biologia: histórias, saberes e práticas formativas. Uberlândia: Editora da Universidade Federal de Uberlândia, 2009. p. 89-105. 49 APÊNDICES 50 APÊNDICE I – Questionário Este questionário se destina aos estudantes do 7º semestre de Ciências Biológicas que se formaram recentemente no Curso de Licenciatura desta instituição. As respostas serão utilizadas para um levantamento, que será analisado em um Trabalho de Conclusão de Curso - Modalidade Licenciatura. Pedimos a gentileza de respondê-lo à caneta. Agradecemos desde já sua atenção e colaboração. NOME: 1) Antes de entrar na licenciatura, o que você achava que um professor deveria saber para ser um bom professor? __________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 2) Complete a frase: Durante o curso de Licenciatura eu aprendi.... __________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 3) Pense no curso de Licenciatura. Qual momento do curso que foi mais significativo para sua aprendizagem como professor? Por quê? __________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 4) O que você gostaria de ter aprendido durante a licenciatura, mas infelizmente não aprendeu? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 51 APÊNDICE II – Quadros com as respostas dos questionários. Quadro 2: Respostas da primeira questão do questionário: “Antes de entrar na licenciatura, o que você achava que um professor deveria saber para ser um bom professor?”. Indivíduo Resposta 1 “conhecimento e método para ensinar”. 2 “saber bem todo o conteúdo, mas com todos somos humanos, poderia não saber, mas assumir isso deveria ser flexível com os alunos”. 3 “dominar os conteúdos a serem ensinados e conseguir transmitir estas informações de forma clara, para que os alunos entendessem” “os conteúdos referentes à matéria que ele ministrava” “saber os conteúdos; além disso, saber ensinar conceitos por prioridade” “dominar a matéria, o conteúdo e saber como passar aos alunos; além disso, estimular os alunos a se interessar a aprender a matéria” “ter conhecimento sobre o conteúdo a ser trabalhado em sala, no caso, não me importava/refletia sobre o modo como este se dava em sala de aula” “pleno domínio sobre/ acerca de todo o conteúdo por ele trabalhado, não tendo grande preocupação na forma como este era aplicado, no entanto, reconhecia que a forma como determinados professores davam aula facilitava ou não minha aprendizagem” “dominar o conteúdo referente à sua disciplina e saber apresentá-lo e trabalhá-lo em conjunto com os alunos com clareza. E também atribuía importância às questões metodológicas, de forma que o professor deveria preocupar-se não apenas com o que irá fazer, mas também em como fazer” “dominar os conteúdos e saber transmiti-los aos alunos de uma forma que esses conseguissem assimilá-los” “’conduzir’ uma aula de modo a transmitir ao máximo os conhecimentos referentes a matéria para os alunos. Deveria saber como ‘controlar’ os alunos” “dominar o conteúdo e transmitir o conhecimento para os alunos” “saber o conteúdo a ser tratado em aula; deve estar preparado para enfrentar as questões que os alunos fazem” “respeitar os alunos, se importar com o que eles produziam ou não, buscando auxiliá-los o máximo possível. Não dar prova, ser compreensível e claro ao expor os conteúdos” “saber a matéria e ter uma didática legal (entrosamento com as turmas)” “conhecimentos sobre a disciplina e sobre a interação com os alunos em sala de aula, de modo a otimizar a relação professor-aluno” “saber o conteúdo que iria ensinar” “aprender a lidar com a sala de aula, como tratar os alunos de forma individual e não coletiva e dominar a matéria que irá lecionar” “saber o conteúdo ensinado e nada mais” “amplo domínio do conteúdo e saber como transmiti-lo aos alunos, para que fosse de uma fácil compreensão ao aluno” “no mínimo o conteúdo da aula, para saber explicar para seus alunos. Além disso, saber abordar os assuntos criticamente, dando reconhecimento para a vida, mostrando a utilização na vida” “saber todo o conteúdo da apostila e explicá-lo na forma de que só ele 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 52 23 falasse sem que os alunos interagissem” “saber o conteúdo” Quadro 3: Respostas da segunda questão do questionário “Durante o curso da Licenciatura eu aprendi...”. Indivíduo Resposta 1 “o quanto devemos atentar a epistemologia que sustenta o modo como ensinamos, sendo este de qualquer origem (construtivista, tradicional, etc.)”. 2 “a amar a educação; aprendi a me organizar melhor, a me comprometer e cumprir aquela proposta. Abrir meus olhos para as questões políticas e nossa atuação e influência na sociedade. Aprendi a escutar mais os outros e expor mais a minha opinião. Aprendi que a educação não nada daquilo que tivemos na escola, não devemos ser espectadores do nosso aprendizado, mas protagonistas de uma nova educação”. 3 “outros modelos de ensino e aprendizagem que podem ser mais apropriados do que o ensino tradicional, mas a sua aplicação implica em mudanças diversas na sociedade, nas escolas, etc. tornando-os difíceis de serem feitos”. 4 “o professor além de saber o conteúdo deve ser um agente modificador e problematizador, causando a modificação do saber no aluno”. 5 “que aprender não é Interpretação É preciso estar atento aos conhecimentos que sustentam nossas ações de ensino. Saber Saber pedagógico geral sobre a ação docente. O professor deve amar o que faz, deve se organizar e se comprometer com o ensino e ter consciência de que questões políticas interferem na educação e de que suas ações influenciam a sociedade. Saber pedagógico geral sobre a ação docente. Os alunos não devem ser espectadores de seu próprio aprendizado, mas protagonistas. Saber sobre os alunos. É necessário conhecer outros tipos de ensinoaprendizagem, mas para sua aplicação são necessárias mudanças, na sociedade e na escola. Saber pedagógico geral sobre o ensino. Professor deve saber o conteúdo, e ser problematizador, para modificar a aprendizagem do aluno. Saber pedagógico geral sobre a ação docente. O Saber professor não pedagógico 53 6 7 sinônimo de decorar; que conhecimento não se transmite, se constrói; que o bom professor não é aquele que passa o conteúdo, mas que faz o aluno pensar; que autonomia e senso crítico são valores a serem aprendidos e construídos para mudar a sociedade” “aluno é parte integrante do processo, que precisa participar do processo de construção do conhecimento, que é preciso que o próprio aluno passe por um processo de desconstrução dos próprios conhecimentos, se questionando sobre possíveis contradições e reconstruir o próprio conhecimento”. “conteúdo não é o foco da aprendizagem e sim serve como uma ponte entre professor e aluno para que ambos trabalhem sobre este. De forma que o aluno não aparece como um ser passivo em sua construção do conhecimento. O conhecimento não pode ser ‘transmitido’, ele deve ser problematizado, transformado em projetos que sirvam como base para o crescimento das aulas. Aprendi que a avaliação não é decorar frases para fazer provas e que extrapola a própria sala de aula. Além do que compreendi que a importância dos objetivos”. apenas passa o conteúdo, mas faz o aluno pensar, construindo o seu conhecimento. geral sobre docente. Autonomia e senso crítico são valores importantes para a sociedade. Saber pedagógico geral sobre o ensino. Aluno é parte do processo de construção do conhecimento. Aluno deve passar por desconstrução dos seus conhecimentos, se questionando e depois o reconstruindo. Saber sobre os alunos. Conteúdo é uma ponte entre o professor e o aluno. Saber dos valores do curso de formação. Aluno deve ser ativo na construção do conhecimento. Saber sobre os alunos. Conhecimento não é transmitido e sim, construído. Saber pedagógico sobre as bases filosóficas do curso de formação. Saber pedagógico sobre as bases filosóficas do curso de formação. Saber sobre os valores do curso de formação. Avaliação não é decorar, extrapolando a sala de aula. Importância objetivos. dos a ação 54 8 9 10 “que é possível ’fugir’ do tradicional; que o conhecimento não pode e não deve ser transmitido, devem-se oferecer condições para que o aluno possa construir seu conhecimento; que é fundamental não é saber tudo/ ou aprender tudo, mas aprender ‘de fato’; que o aluno deve ser um sujeito ativo no processo de construção do conhecimento. Devendose evidenciar a importância dos objetivos.” Pode-se sair tradicional. “a importância da determinação clara dos objetivos nos processos de ensino e aprendizagem e da participação efetiva do sujeito/aluno na construção dos conhecimentos, de forma que o aluno não deve atuar como um simples receptor, mas sim de maneira ativa, considerando que a construção dos conhecimentos envolve uma mudança no indivíduo, de forma que os saberes não podem ser transmitidos, sendo que o professor deve atuar como um incentivador dessa construção”. “aprendizado deve ocorrer de maneira significativa, e não simplesmente copiá-lo do professor, que muitos Determinar os objetivos no ensinoaprendizagem, incentivando a construção do conhecimento. Saber pedagógico sobre a ação docente. Aluno deve ter participação ativa na construção dos conhecimentos, não sendo apenas um receptor. Saber sobre os alunos. Construção conhecimento mudança indivíduo. do a no Saber sobre as bases filosóficas do curso de formação. Aprendizagem deve ser significativa. Saber sobre as bases filosóficas do curso de formação. do Saber pedagógico geral sobre o ensino. Conhecimento não é transmitido, e sim construído, de forma a se aprender ‘de fato’. Saber pedagógico sobre as bases filosóficas do curso de formação. Devem-se dar condições para a construção do conhecimento, evidenciando a importância dos objetivos. Aluno deve ser ativo no processo de ensino-aprendizagem. é Conteúdos devem ser selecionados. Saber pedagógico geral sobre a ação docente. Saber sobre o aluno. Saber pedagógico 55 11 12 13 14 15 16 conteúdos abordados durante o ensino básico deveriam ser abolidos em detrimento de outros que deveriam ser abordados e não são, aprendi também que o conhecimento holístico deve ser prezado e não simplesmente o conhecimento fragmentado”. “a relação entre ensino e aprendizagem assim, como a relação complexa existente entre professor e aluno no âmbito acadêmico a fim da construção e rearranjo dos conhecimentos não só ligados a biologia como também conhecimentos de maneira geral e contextual”. “a transmissão do conhecimento não efetiva a aprendizagem”. “atividades diferenciadas como mapa conceitual”. “o professor não é um super-herói, que a gama de responsabilidades culturalmente colocados nos professores é enorme e consegui cumprir ao menos porcentagem delas já é uma grande coisa”. “possibilidades diferentes de trabalho, atividades melhor planejadas e mais investigativas e possíveis maneiras de fazerem os alunos refletirem”. “muito sobre a prática docente, sobre as estratégias a serem aplicadas em sala”. geral sobre o ensino. Relação entre ensino e aprendizagem, não só com conteúdos específicos, como também os gerais. Saber pedagógico geral sobre o ensino. Relação entre aluno e professor, para poder construir o conhecimento. Saber pedagógico geral sobre ação docente. O conhecimento não se transmite. Saber sobre as bases filosóficas do curso de formação. Saber sobre os ensinamentos do curso de formação. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber sobre a concepção da sociedade com relação à docência. Atividades diferenciadas. Professor perfeito. não é Responsabilidade cultural dos professores. Atividades diferentes. Fazer os refletirem. alunos Estratégias na sala de aula. Saber sobre os ensinamentos do curso. Saber pedagógico geral sobre a ação docente. Saber pedagógico geral sobre ação docente. 56 17 18 19 20 21 22 23 “dar aula não é simplesmente chegar e falar” “devemos tratar os alunos de forma individual e não coletiva e o quanto complicado e economicamente desvalorizado o professor é” “conteúdo não é a coisa mais importante a ensinar pelos alunos, que provas, bem como notas não são sinônimos de aprendizagem, que o respeito, igualdade e uma boa relação com os alunos são fundamentais”. “bom professor é aquele que aprende junto com seus alunos. Que não é aquele profissional que deve ser austero e rígido com os mesmos. Que dar aula é uma tarefa difícil, que envolve desafios diários”. “a ver a escola de outro modo, com outro olhar. De uma maneira mais crítica”. “muitas coisas, entre elas que é importante que haja troca de conhecimento entre os alunos e professores e que é importante que os alunos interajam entre si, visando trocar seus conhecimentos prévios e adquiridos durante a vida (escolar e meio escolar) entre outros ensinamentos”. “os alunos devem ter participação ativa na Dar aula não é só falar. Saber pedagógico da ação docente. Tratar os alunos de forma individual. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber sobre os alunos. Saber sobre a concepção da sociedade com relação a docência. Saber pedagógico geral sobre o ensino. Desvalorização econômica professor. do Conteúdo não é o mais importante. Prova e nota não são sinônimos de aprendizagem. Saber pedagógico geral sobre o ensino. É importante uma boa relação com os alunos. Professor aprende junto com os alunos, não sendo austero e rígido com eles. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber pedagógico sobre ação docente. Lecionar possui desafios diários. Saber pedagógico geral sobre o ensino. Ser mais critico com a escola. Saber sobre os ensinamentos do curso. Saber pedagógico geral sobre o ensino Saber pedagógico geral sobre ação docente. Troca de conhecimento entre professor e aluno. Os alunos devem interagir entre si para construir o conhecimento. Saber sobre os alunos. Alunos devem ser ativos na construção Saber sobre os alunos. 57 construção de seu conhecimento durante o processo de ensino/aprendizagem. O professor deve proporcionar meios para que isso ocorra, sendo o mediador do conhecimento produzido pela cultura e o aluno” do conhecimento. Professor deve proporcionar meios para a construção dos conhecimentos, sendo um mediador deste processo. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Quadro 4: Respostas da terceira questão do questionário “Pense no curso de Licenciatura. Qual momento do curso foi mais significativo para sua aprendizagem como professor? Por quê?”. Indivíduo Resposta 1 “último semestre, devido ao caráter do meu TCC, que mostrou o quanto o processo de ensino e aprendizagem está atrelado à fase de desenvolvimento psicointelectual do aluno, que dessa forma, afeta o modo como o professor deve agir”. 2 “quando soube que queria seguir a área de educação e por ver todo o sentido naquilo que estava fazendo. Já pensava, mas foi neste momento que vi que a educação é fundamental para conquistar muitas coisas”. 3 “no final do curso, pois eu consegui refletir sobre o que eu pensava, o que eu havia aprendido e concluir que foi significativo para minha formação”. 4 “Os momentos de estágio foram muito significativos, pois foi o período onde eu pude conciliar a teoria com a prática e modificar ideias antigas sobre a educação e ter contato com alunos Interpretação 6º semestre TCC O TCC mostrou que o ensino e aprendizagem estão relacionados ao desenvolvimento psico-intelectual do aluno e que as ações do professor interferem nesse desenvolvimento. O momento mais significativo foi aquele em que percebeu que queria seguir a área de educação. Então o curso passou a ter sentido. Saber Saber pedagógico geral sobre a ação docente. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Final do curso. Com reflexões sobre as contribuições que o curso trouxe para a formação. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Estágios, por conciliar a teoria com a prática, e realizar reflexões. Saber pedagógico geral sobre ação docente. 58 5 6 7 8 9 e professores, sendo alguém de fora que não exercia nenhuma das duas funções (professor ou aluno)”. “a realização dos estágios, porque neles foi possível presenciar na prática e vivenciar uma experiência do que eu poderia encontrar numa sala de aula como professor”. “durante a produção do TCC, pois foi possível entrar em contato com a realidade escolar, com a realização de intervenções, contato direto com os alunos, realizando ou tentando realizar as mediações. Isso permitiu conhecer realmente o trabalho como professor, os desafios e o retorno que se pode ter, que é ver que o aluno aprendeu algo”. “um dos estágios que eu realmente tive a oportunidade de participar das aulas e acompanhar os projetos desenvolvidos nas escolas. Porque fez mais sentido das discussões nas aulas da Licenciatura”. “O TCC, pois um dos sujeitos da minha pesquisa já havia sido meu professor, e o ‘olhar’ sobre ele agora era muito diferente”. “ao longo do período dos estágios tive experiências bastante significativas, considerando o fato de haver uma mudança de Estágios com experiências práticas da ação do professor. Saber pedagógico geral sobre ação docente. TCC. Pelo tema que colocou em contato com a realidade escolar, fazendo mediações. Saber pedagógico geral sobre a ação docente. Retornos e desafios da docência. Saber pedagógico geral sobre o ensino. Estágios, por acompanhar as atividades na escola. Saber pedagógico geral sobre ação pedagógica. Fazer sentido discussões Licenciatura. as da Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. TCC, por causa do tema escolhido e do sujeito utilizado. Saber pedagógico geral sobre o ensino. Estágios, por causa das experiências vivenciadas e da mudança de olhar. Saber pedagógico geral sobre ação docente. 59 10 11 12 13 14 olhar/ perspectiva, acerca do meio escolar após o ingresso no curso de Licenciatura. Em especial, o acompanhamento de um professor na época/ período de coleta de dados do TCC de Licenciatura foi muito significativo para a minha aprendizagem, pois pude abordar um tema de interesse e avaliar a atuação do professor sobre esse âmbito”. “plano de ensino para os três anos do Ensino Médio, pois foi nesse momento que nos deparamos com problemas mais concretos como quais conteúdos a serem abordados, como abordálos através dos projetos”. “experiências em grupo, como a elaboração de aulas, nas quais colocamos em prática aquilo que havíamos discutido a partir da teoria e do conteúdo textual”. “elaboramos aulas com o intuito de não transmitir o conhecimento, mas instigar os alunos a aprenderem a partir da resolução de questões problemas”. “o curso como um todo, pois foi muito difícil dividilo em etapas sendo que muitas coisas eram semelhantes”. “todo o processo foi importante, mudei muito ao longo do tempo que passei na Licenciatura e TCC, pelo tema e pelo acompanhamento de um professor. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Plano de ensino dos três anos, por lidar com problemas concretos. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Trabalhos em grupo. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Elaboração de aulas Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Curso na totalidade. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de Todo o curso. sua 60 15 todos os momentos foram importantes para essa reconstrução”. “3º e 4º semestres, com as disciplinas de Metodologia”. formação. Disciplinas Metodologia. de 16 “discussões sobre ciência, autores relacionados e debates”. Discussões ciência. 17 “um momento em si eu não sei se tive, mas foi mais no final do curso (5º/6º semestre) que as abordagens das aulas passaram a ter mais significado, acho que se deve devido a minha maturidade”. “discussão sobre as formas de avaliação, porque eu defendia a ideia de que a única forma de avaliar era com prova e vi que há outros métodos, inclusive vários interessantes”. “as aulas de avaliação, pois mudaram muitas concepções que eu tinha sobre os métodos utilizados, os significados das notas”. Final do curso, porque as aulas fizeram sentido. 18 19 20 “os estágios, porque tive a oportunidade de conhecer diferentes pessoas, tanto professoras que me proporcionaram aprender como é a vida de professor e metodologias, quanto alunos que me proporcionaram experiências de vida”. Discussão avaliação, mudança concepção. sobre Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. sobre pela de Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Aulas de avaliação, pela mudança de concepção. Saber sobre as bases filosóficas do curso de formação. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Estágios, pelo contato com ambiente escolar. 61 21 22 23 “momento de refletir sobre a escola estagiada, pois dava para analisar o que não se via enquanto se era aluno na escola”. “no 4º semestre houve correção do relatório de estágio, pude ver o quão ruim eram as minhas produções sobre meus pensamentos. Além das produções das aulas simuladas, que foi quando eu percebi como era interessante e complicado elaborar atividades não tradicionais na sala de aula”. “5º semestre foi fundamental, onde discutimos o que é Ciências. E isto me fez ter certeza de que este era o conhecimento com o qual eu queria trabalhar”. Reflexões estágio. sobre o Correção do relatório. Produção das aulas simuladas, pela percepção da complexidade da sua realização. Discussão do 5º semestre, pela afirmação da atuação como professor. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre as bases filosóficas do curso de formação. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Quadro 5: Respostas da quarta questão do questionário “O que você gostaria de ter aprendido durante a licenciatura, mas infelizmente não aprendeu?”. Indivíduo Resposta 1 “curso foi completo”. 2 3 “conhecido com mais aprofundamento outras vertentes da educação, além do construtivismo. Além de ter mais perspectivas dentro do estágio, ser mais atraente. Fiquei sabendo no último semestre que a escola de aplicação da USP permite isso, mas não temos convênio”. “os demais modelos de ensino e aprendizagem”. Interpretação Curso foi completo Outras vertentes da educação. Maior perspectiva do estágio. Saber Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre as bases filosóficas do curso de formação. Saber pedagógico geral sobre o ensino. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Outros modelos de ensino-aprendizagem. Saber sobre as bases filosóficas do curso de 62 4 5 6 7 8 9 “mais contato com a psicologia na área educacional. Já que este, para mim é um conhecimento necessário para tratar com alunos e também professores na escola”. “lidar com a indisciplina”. Maior contato com a psicologia educacional. Lidar com indisciplina. “aprendido realmente a lecionar, o que poderia ser administrado a partir dos estágios de intervenção, e não somente de observação. O ideal é que um colégio com parceria com universidade permite que tenhamos tal experiência, já que seremos futuros professores” “mais questões práticas sobre as situações vivenciadas em sala de aula” “mais da prática, pois na teoria acredito que já estou bastante capacitada. A aplicação de tudo isso é muito difícil”. Aprender a lecionar, a partir dos estágios. “prática docente poderia ter sido mais enfatizada, considerando o longo período de estágio supervisionado realizado e a possibilidade de trabalhar os dados obtidos ao longo destes voltado mais para a prática”. Maior ênfase na ação docente, pelo longo período de estágio, e trabalhar os dados obtidos. formação. Saber pedagógico geral sobre o ensino. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber sobre os alunos Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Questões práticas da sala de aula. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Mais prática, porque aplicação da teoria é difícil. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. 63 10 11 12 13 14 15 16 “vivenciado a experiência de ter dado aulas para poder aprender na prática o cotidiano, os conflitos e metodologias dentro de uma sala de aula”. “outras diferentes linhas teóricas sobre o estudo do ensino além do construtivismo ou tradicionalismo, mesmo que só algum conteúdo para termos uma ideia mais geral do quadro”. “tenho reflexões que ainda não foi possível responde-las como: como dar uma aula construtivista se o período letivo é curto e há grande quantidade de conteúdo”. “aprendido a lidar com uma sala como ela realmente é: alunos que não param de falar, mal educados e que não querem aprender”. “outras concepções de ensino, sobre como as comunicações alternativas são utilizadas, não só a LIBRAS, mas Braile, tábuas de comunicação. Além disso, creio que deveríamos ter aprendido mais sobre políticas, não só na licenciatura, mas na graduação em si”. “como trabalhar em uma escola onde todas as condições são adversas e questões mais práticas e burocráticas da escola, que na prática se aprende na ‘marra’; ninguém ensina”. “dar aula numa sala Ter experiências práticas, com conflitos e metodologias. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber pedagógico geral sobre o ensino. Outras teorias sobre o ensino. Saber pedagógico geral sobre o ensino. Como dar aula construtivista num curto espaço de tempo, com muito conteúdo. Saber sobre as bases filosóficas do curso de formação. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre os alunos. Lidar com a sala, como ela realmente é com indisciplina. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Outras concepções de ensino. Saber pedagógico geral sobre ensino. Mais sobre políticas. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Trabalhar com condições adversas, burocráticas. Saber pedagógico geral sobre o ensino. Como Saber sobre os alunos. a sala é 64 17 18 como ela é, de fato, com diversos alunos com diversos problemas específicos, e saber lidar com eles, e não uma ‘utopia’, algo que somente se vê a teoria, algo muitas vezes inaplicável”. realmente, com os diversos problemas e alunos e lidar com cada um deles. “como lidar com situações inesperadas que podem ocorrer na sala de aula”. “quase tudo foi discutido e/ou feito algum trabalho, talvez mais prática porque só o estágio observando é pouco”. Lidar com as situações inesperadas da sala de aula. Foram realizadas todas as discussões. Inaplicação teorias. Enfoque prática. 19 20 21 22 “não penso em nada no momento”. “o que é ser um bom professor, como levar informações aos alunos de forma clara, como ter didática para ensinar e quais metodologias usar em uma rotina da escola e como lidar com diferentes grupos de alunos, de diferentes faixas etárias”. “a ser um bom professor. O que seria necessário para tal”. “mais sobre a prática em sala de aula verdadeira. Pois acho muito pobre a forma como se é encarado o estágio na das mais na _________________ O que é ser bom professor, tendo didática, e metodologias. Lidar com diferentes alunos, com diversas faixas etárias. Ser bom professor. Mais prática na sala de aula verdadeira. Saber pedagógico geral sobre o ensino. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre os alunos. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. ___________________ Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber sobre os alunos. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. 65 23 forma prática, e acho que isso poderia ser usado a favor dos alunos se fosse efetivado como estágio prático. O que claro depende de uma interação maior com a Universidade e as escolas.” “aproveitado melhor o estágio” Pouco enfoque nos estágios. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Aproveitar o estágio. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. 66 APÊNDICE III – Quadros com trechos das entrevistas. Quadro 6: Transcrição das falas do sujeito 4 e as referências aos saberes. Resposta Categorização Primeiro que é super corrido, bastante, a Saber sobre as características gerais do gente vai ter bastante trabalho (...) curso. A Licenciatura assim serviu para a minha Saber sobre os valores ensinados no vida, não é algo que serviu só para eu dar curso de formação. aula, para eu ter subsidio para dar aula. Acho que é um curso muito legal, e eles Saber sobre os valores ensinados no focam bastante na questão de você olhar o curso de formação. cotidiano do aluno, (...) Saber pedagógico geral sobre ação docente. (...) você não ter só que saber sobre a Saber pedagógico geral sobre ação matéria, sobre aquilo que você tem que fazer docente. na sala de aula, (...) (...)se importar com a pessoa que está na Saber pedagógico geral sobre ação sala de aula com você (...) docente. (...) você se importar realmente se ela Saber pedagógico geral sobre ação aprende ou não (....) docente. (...)serviu para a minha vida para lidar como Saber sobre os alunos. público mesmo (...) (...)para saber se a criança tem uma Saber sobre os alunos. dificuldade (...)você saber extrair do aluno Saber pedagógico geral sobre ação qual a dificuldade real dele. docente. Acho que é, o próprio jeito com a gente teve Saber sobre as características gerais do aula, como os professores da Licenciatura curso de formação. trabalharam (...) (...)você ser um exemplo (...) Saber pedagógico geral sobre ação docente. (...)o que eu deveria fazer na sala de aula. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Então você cobra uma coisa, você fazer Saber pedagógico geral sobre ação aquilo que você cobra, você saber colocar docente. um problema para o aluno (...) (...)para você extrair algo dele, (...) Saber pedagógico geral sobre ação docente. O enfoque, a gente estudou psicologia, mas Saber sobre os ensinamentos acho que faltou. É uma área que eu gosto provenientes das atividades do curso de bastante também, então, acho que a gente formação tem, acho que tem aspectos que eu gostaria Saber sobre as características gerais do que tivessem sido abordados, no nosso curso. curso. Assim, olhar mais problemas do psicológico Saber pedagógico geral sobre ação dos alunos docente. Saber sobre os alunos. O psicológico do professor tem que ser Saber pedagógico geral sobre ação trabalhado, não só você entender o docente. psicológico do aluno, mas você trabalhar o 67 seu, para poder lidar com o aluno. no estágio a gente pega, pode pegar uma criança com deficiência mental, alguma coisa, então eu acharia que seria interessante, fazer o estudo de caso, mas nem todo mundo tem acesso a uma criança especial dentro da sala de aula. (...)as matérias são muito casadas, essa integração das matérias, é super interessante, que é algo que eles pregam aqui e acho que a gente vive isso mesmo aqui. Eu acho que assim, tanto os professores, os professores da Licenciatura são muito próximos, a vida deles é muito integrada, vivida junto, acho que eles planejam muito junto, então acho que isso de planejar junto, e acho quando eles olham para o curso de Licenciatura, todos eles pensam a mesma coisa, então junta o que cada um pensa, e vira uma coisa só, (...) Quadro 7: Transcrição Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre os alunos. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre as características gerais do curso. Saber sobre as características gerais do curso. das falas do sujeito 5 e as referências aos saberes Resposta Categorização A princípio eu ia dizer que você teria que Saber sobre as características gerais do considerar a questão do seu tempo, e da sua curso. disponibilidade, porque o curso aqui na universidade, da Licenciatura, tem uma exigência bem grande. Ela dá assim, uma formação ampla. Ela Saber sobre os ensinamentos permite que você conheça assim, bastante o provenientes das atividades do curso de que é o campo, mas assim, (...) O que não é formação. muito coerente com o mercado que se pede Saber dos contextos externos à escola. por exemplo. (...)tem um enfoque demasiado nos Saber dos ensinamentos provenientes referenciais construtivistas. (...) das atividades do curso de formação. (...)escolha pedagógica (...)meio um Saber dos contextos externos à escola. consenso, assim, do meio acadêmico. enfoque construtivista torna tudo muito lindo, Saber sobre os ensinamentos tudo muito bonito na teoria, mas quando provenientes das atividades do curso de você vai ver na prática, ele nem sempre se formação. aplica, o que você vê dentro de uma sala de Saber dos contextos internos da sala de aula, não é o que você vê dentro da aula. universidade. (...) peca um pouco por isso, porque você Saber sobre os ensinamentos tem uma preparação toda teórica, mas na provenientes das atividades do curso de prática fica um pouco a desejar. formação. (...)trabalho assim, a mais, demandaria que Saber sobre as características gerais do você tivesse experiência nas escolas, mas curso de formação. 68 nem sempre nos estágios você tem essa abertura. (...)choque de realidade (...), eu até encontrei algumas afinidades, assim, com o referencial, que foi oferecido para nós, no que diz à esses pontos que eu listei para você. Para você ser um bom professor, você não precisa decorar conteúdo para passar(....) (...)então eu vim de uma realidade de escola pública, que eu conhecia assim, na prática, então quando eu vim para cá, para fazer a Licenciatura, eu tinha enfocada essa questão do “porque eu não aprendi isso? Porque eu não tive esse conteúdo? Porque eu não tive essa matéria?”. transmissão de saber não existe, que realmente o que importa para você quando você está na escola, é o que você está aprendendo, o que você vai utilizar na sua vida fora dali, não apenas o que você vai conhecer, apenas por conhecer. (...) contribuição para a minha vida, como estudante, e como futuro profissional, futuro professor mesmo. Eles foram mais marcantes por causa do choque de realidade, para mim, porque era uma coisa que eu acreditava muito antes de entrar aqui (...)você não precisa ser um robozinho, seguindo padrões para conseguir aprender Acho que foi um pouco essa realidade, que se eu quero mudar a sociedade, eu tenho que partir desses pontos. (...)própria profissão do professor é nesse sentido de mudança, porque quando você é professor, você trabalha com mentes de pessoas, (...)você é professor, você trabalha com mentes, então essa é a única maneira de você poder mudar, de você ter uma ação efetiva no mundo. (...)a sociedade como eu desejaria que ela fosse, como eu faria para mudar ela, seria como professor, (...) Seria trabalhando com a formação de pessoas para alguma finalidade. deixassem o senso comum de lado, e passassem a ter um senso crítico, uma postura mais autônoma com relação aos problemas que ele encontra. sala de aula é ainda um pouco complicado Saber dos contextos internos da escola. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber dos contextos externos à escola. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber sobre os alunos. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Saber sobre o contexto interno da sala de 69 porque eu ainda não consigo dissociar muito aula. a questão do conteúdo. Saber pedagógico geral sobre ação docente. enxergar, por exemplo, uma igualdade de Saber pedagógico geral sobre ação direitos e de competição docente. eu teria que ter um tempo, dentro da sala de Saber pedagógico geral sobre ação aula para conhecer, porque as turmas são docente. diferentes entre si, o que você faz dentro Saber sobre os alunos. delas é diferente, mas eu acho que em si Saber dos contextos internos da sala de mesmo, o que eu pegaria bastante, seria aula. acabar, tentando mudar assim, as estratégias pelas quais eu passei, quando eu estava estudando. (...)não tivemos muitas discussões assim, Saber sobre os ensinamentos sobre indisciplina. provenientes das atividades do curso de formação. Quando você está numa sala de aula, você Saber dos contextos internos da sala de lida com situações assim, que você não aula. espera, e isso, a gente não discutiu no curso Saber dos contextos externos da escola. de Licenciatura. Por exemplo, como eu vou Saber sobre os ensinamentos entrar numa sala com 40 alunos, de uma provenientes das atividades do curso de realidade, por exemplo, da periferia de São formação. Paulo, que tem toda um outro viés social, cultural, uma outra realidade, quanto aquela que eu me deparo, por exemplo com uma escola do centro. (...), como eu vou aprender a sobreviver Saber dos contextos internos da sala de numa sala de aula com 40 alunos que me aula. vêm como inimigo e não como alguém que Saber sobre os alunos. pode ajudar eles. Saber pedagógico geral sobre ação docente. Talvez, trabalhar numa relação de confiança, Saber pedagógico geral sobre ação mas eu não sei se só isso bastaria (...) docente. Ás vezes, a própria posição daquela Saber dos contextos internos da sala de comunidade, dá uma margem para que o aula. aluno seja rebelde com a figura de Saber dos contextos externos da escola. autoridade do professor. Eu acho que o que não supriu essa Saber sobre os ensinamentos necessidade em si, das discussões da provenientes das atividades do curso de indisciplina foram as vivências em sala de formação. aula, porque a gente teve assim, a prática Saber pedagógico geral sobre ação através dos estágios e tudo mais, tinham as docente. discussões realmente, do que a gente Saber sobre os alunos. apresentava no estágio, mas a gente não enfocou essa questão do como lidar, como saber lidar, saber como fazer realmente. Até porque uma situação é muito diferente da outra (...) (...)ter discutido mais essas questões e Saber pedagógico geral sobre ação deixar um pouco de lado só o como ensinar, docente. 70 através dos referenciais construtivistas, e pegar também esse viés de como lidar com o aluno, a relação realmente pessoal, porque a gente só discute relações mesmo, do professor-aluno, nos relatórios, mas na prática a gente não tem muito isso. Eu acho também que eu diminuiria um pouco do peso do currículo, porque ler Sacristán, realmente foi para matar. Eu não sei também, talvez reduzir um pouco o volume de textos, porque eu sei que o tempo que a gente tem para fazer a Licenciatura é muito pouco e os professores que a gente teve, procuram ter todas as discussões possíveis, sobre todos os assuntos que dá, mas só que utilizar tantos referenciais, confunde um pouco, é muita demanda para um espaço de tempo pequeno, Talvez também mostrar as questões de avaliação já no começo do curso, porque o curso em si já fala assim, da avalição do ensino e aprendizagem mais especificamente, ele fala que não pode conceber avaliação como processo terminal, mas a gente só tem ele no final do curso. Porque não ter no começo? Eu acho que seria interessante também, para a gente aprender a lidar com isso já no começo Saber sobre os ensinamentos provenientes das atividades do curso de formação. Saber sobre os alunos. Saber sobre as características gerais do curso. Saber pedagógico sobre as bases filosóficas do curso de formação. Saber sobre as características gerais do curso. 71 APÊNDICE IV - Entrevista transcrita Sujeito 4 Supondo que eu fosse uma candidata a cursar a licenciatura nesta universidade e perguntasse a você como é o curso de licenciatura, o que você me diria? Primeiro que é super corrido, bastante, a gente vai ter bastante trabalho, mas é o que eu falo sempre que me perguntam por que eu fiz a Licenciatura: “ah, você vai dar aula?” A Licenciatura assim serviu para a minha vida, não é algo que serviu só para eu dar aula, para eu ter subsidio para dar aula. Acho que é um curso muito legal, e eles focam bastante na questão de você olhar o cotidiano do aluno, você não ter só conhecimento sobre a matéria, sobre aquilo que você tem que fazer na sala de aula, mas se importar com a pessoa que está na sala de aula com você, você se importar realmente se ela aprende ou não, então eu acho que, assim, seria algo assim, que serviria para a vida inteira, então eu super indicaria assim o curso. Você disse que mudou a sua vida. Que aspectos do curso influenciou na sua vida? É porque assim, eu até fiz o meu TCC sobre autismo, porque eu até convivo com bastante criança, já trabalhei, não remunerado nem nada, mas num projeto social, dando aula para a turma dos menores né, mas é, assim, serviu para a minha vida para lidar como público mesmo, para saber se a criança tem uma dificuldade, tem uma pergunta, eu poder tirar, porque muitas vezes ele pergunta algo, tem duvida em algo, mas é por causa de alguma coisa lá atrás que ficou, que ele não entendeu muito bem, então as dúvidas foram acumulando, então você saber extrair do aluno qual a dificuldade real dele. No questionário, você comentou que aprendeu “o professor além de saber o conteúdo deve ser um agente modificador e problematizador, causando a modificação do saber no aluno por meio, principalmente, de problematização. Também deve ser um exemplo daquilo que cobra dos alunos e buscar entende-los em seu cotidiano”. O que você acha que facilitou essa aprendizagem? Acho que eu não entendi muito clara a sua pergunta. 72 Então, no seu questionário, você respondeu que assim, o professor tem que ser problematizador, mudar a sociedade, entender o aluno. O que você acha que esses aspectos, que você citou, que ajudaram nessa aprendizagem? Acho que é, o próprio jeito com a gente teve aula, como os professores da Licenciatura trabalharam com a gente, me fizeram ver, que você ser um exemplo principalmente é, me ajudou muito a aprender o que eu deveria fazer na sala de aula. Então, você cobra uma coisa, você fazer aquilo que você cobra, você saber colocar um problema para o aluno, para você extrair ao dele, aquilo que você quer, e chegar muitas vezes, e perguntar, o aluno não vai saber te falar, ou ele não vai te responder com sinceridade. Então eu acho que é o exemplo mesmo, você conseguir mostrar aquilo que você quer mesmo mostrar, que você quer. No questionário, você comentou que não aprendeu sobre a psicologia na área educacional. Por que acha que isso aconteceu? Assim, eu acho que assim, por a gente estar no curso de Biologia, o enfoque, a gente estudou psicologia, mas acho que faltou. É uma área que eu gosto bastante também, então, acho que a gente tem, acho que tem aspectos que eu gostaria que tivessem sido abordados, no nosso curso. Por exemplo? Assim, olhar mais problemas do psicológico dos alunos. Como eu te falei, eu conheço e trabalho com bastante criança especial, e eu sei que cada um é um mundinho, que cada um tem a sua peculiaridade, então eu acho que trabalhar isso, e acho que o psicológico do professor tem que ser trabalhado, não só você entender o psicológico do aluno, mas você trabalhar o seu, para poder lidar com o aluno. Como você acha que o curso poderia trabalhar esses aspectos? Eu não sei, eu acharia muito interessante, o professor que deu Psicologia, fazer um trabalho com os outros professores da Licenciatura. Talvez casar alguma coisa nas matérias, que talvez, não sei um estudo de caso, porque muitas vezes no estágio a gente pega, pode pegar uma criança com deficiência mental, alguma coisa, então eu 73 acharia que seria interessante, fazer o estudo de caso, mas nem todo mundo tem acesso a uma criança especial dentro da sala de aula. É que eu sou apaixonada por criança especial, apesar da gente ter trabalhado bastante em Educação e Alteridade, mas acho que estudar caso mesmo, acho que ficou meio, faltando. Que sugestões você daria para melhorar o curso de licenciatura? A Psicologia, acho que melhoraria, mas acho que assim, o curso é super, as matérias são muito casadas, essa integração das matérias, é super interessante, que é algo que eles pregam aqui e acho que a gente vive isso mesmo aqui. Mas eu não sei. O que você acha que dá essa integração das matérias? Eu acho que assim, tanto os professores, os professores da Licenciatura são muito próximos, a vida deles é muito integrada, vivida junto, acho que eles planejam muito junto, então acho que isso de planejar junto, e acho quando eles olham para o curso de Licenciatura, todos eles pensam a mesma coisa, então junta o que cada um pensa, e vira uma coisa só, então acho que eles conseguem desenvolver uma mesma coisa, cada um dentro da área, da matéria que ministra. 74 APÊNDICE V – Entrevista transcrita Sujeito 5 Supondo que eu fosse uma candidata a cursar a licenciatura nesta universidade e perguntasse a você como é o curso de licenciatura, o que você me diria? A princípio eu ia dizer que você teria que considerar a questão do seu tempo, e da sua disponibilidade, porque o curso aqui na universidade, da Licenciatura, tem uma exigência bem grande. Compensa porque tem toda uma preparação, tem toda uma discussão de temas, que outras Licenciaturas, talvez não abordem. Ela dá assim, uma formação ampla. Ela permite que você conheça assim, bastante o que é o campo, mas assim, tem um enfoque demasiado nos referenciais construtivistas. O que não é muito coerente com o mercado que se pede por exemplo. Mas você acha que, por exemplo, você falou do enfoque construtivista, você acha que isso deveria mudar? Acho que não é uma questão tanto do enfoque, porque é uma escolha pedagógica que eu percebi até quando eu estava procurando referenciais, e desenvolvendo meu próprio TCC, então parece que é meio um consenso, assim, do meio acadêmico. Eu não sei se é uma questão minha, ou uma questão aqui da universidade, mas esse enfoque construtivista torna tudo muito lindo, tudo muito bonito na teoria, mas quando você vai ver na prática, ele nem sempre se aplica, o que você vê dentro de uma sala de aula, não é o que você vê dentro da universidade. Ai por isso que eu acho que tem um pouco disso, que o curso da Licenciatura peca um pouco por isso, porque você tem uma preparação toda teórica, mas na prática fica um pouco a desejar. Você acha que tinha que fazer o que para aproximar a prática da teoria? Se é possível aproximar a prática, com o referencial que a gente aprende? 75 Sim. Olha, é possível, bem possível, mas demandaria um trabalho assim, a mais, demandaria que você tivesse experiência nas escolas, mas nem sempre nos estágios você tem essa abertura. No questionário, você comentou que aprendeu “que aprender não é sinônimo de decorar; que o conhecimento não se transmite, se constrói; o bom professor faz o aluno pensar; que autonomia e senso crítico são valores a serem aprendidos e construídos para mudar a sociedade”. O que você acha que facilitou essa aprendizagem? Aprender isso dai, foi na realidade um choque de realidade, um pouco assim, porque eu não sou o melhor exemplo do aluno da Licenciatura, porque assim, ao contrário da maioria dos alunos, eu não sou pagante, sou bolsista, então eu vim de uma realidade de escola pública, que eu conhecia assim, na prática, então quando eu vim para cá, para fazer a Licenciatura, eu tinha enfocada essa questão do “porque eu não aprendi isso? Porque eu não tive esse conteúdo? Porque eu não tive essa matéria?”. Só que quando eu cheguei aqui na universidade, essa questão conteudista não era tão primordial para você ser um bom professor, e ai, eu até encontrei algumas afinidades, assim, com o referencial, que foi oferecido para nós, no que diz à esses pontos que eu listei para você. Para você ser um bom professor, você não precisa decorar conteúdo para passar, até porque transmissão de conhecimento não existe, que realmente o que importa para você quando você está na escola, é o que você está aprendendo, o que você vai utilizar na sua vida fora dali, não apenas o que você vai conhecer, apenas por conhecer. Então eu acho que assim, o que me motivou mais a eleger esses pontos, com o que eu aprendi na Licenciatura, é o que eu levo daqui, como contribuição para a minha vida, como estudante, e como futuro profissional, futuro professor mesmo. Mas porque você acha que esses pontos foram os mais marcantes para você? Eles foram mais marcantes por causa do choque de realidade, para mim, porque era uma coisa que eu acreditava muito antes de entrar aqui. Quando eu 76 entrei, que eu vi como podia ser diferente, como podia ser o viés que a gente tinha na escola, mais da epistemologia tradicional, mostrava esse campo, quando eu comecei a ver isso, eu percebi que não era bem assim, que tudo podia ser diferente na escola, que você não precisa ser um robozinho, seguindo padrões para conseguir aprender. Acho que foi um pouco essa realidade, que se eu quero mudar a sociedade, eu tenho que partir desses pontos. E como você acha que você vai mudar a sociedade? Então, é porque eu acredito que a própria profissão do professor é nesse sentido de mudança, porque quando você é professor, você trabalha com mentes de pessoas, e tem uma importância primordial isso dai, e assim, é um aprendizado que eu levo assim, que uma professora de História, minha falou, que se a sociedade está ruim, para você mudar ela, tem que haver uma revolução, e nenhuma revolução é baseada na luta, revolução começa quando você muda a mente. Quando você é professor, você trabalha com mentes, então essa é a única maneira de você poder mudar, de você ter uma ação efetiva no mundo. Seria trabalhando com a formação de pessoas para alguma finalidade. No caso para mim, acho que vendo assim, a sociedade como eu desejaria que ela fosse, como eu faria para mudar ela, seria como professor, fazendo com que meus alunos deixassem de ser, deixassem o senso comum de lado, e passassem a ter um senso crítico, uma postura mais autônoma com relação aos problemas que ele encontra. Como você trabalharia isso? Em sala de aula é ainda um pouco complicado porque eu ainda não consigo dissociar muito a questão do conteúdo, porque, por eu ter vindo de escola pública, eu não consigo enxergar por exemplo, uma igualdade de direitos e de competição, essa palavra é um pouco forte, competição. De um aluno que veio de uma escola pública, com um que veio de uma escola particular, porque são dois ambientes totalmente diferentes, que valorizam o conteúdo, o programa que você tem agora nas escolas estaduais, favorece quanto a isso. 77 Mas eu acredito que assim, para eu colocar em prática isso dai, eu teria que ter um tempo, dentro da sala de aula para conhecer, porque as turmas são diferentes entre si, o que você faz dentro delas é diferente, mas eu acho que em si mesmo, o que eu pegaria bastante, seria acabar, tentando mudar assim, as estratégias pelas quais eu passei, quando eu estava estudando. No questionário, você comentou que não aprendeu a lidar com a indisciplina. Por que acha que isso aconteceu? Então eu não sei se não é outra questão também do curso, mas não tivemos muitas discussões assim, sobre indisciplina. Eu procurei até fora assim, para a minha própria complementação profissional, para a minha formação. Quando você está numa sala de aula, você lida com situações assim, que você não espera, e isso, a gente não discutiu no curso de Licenciatura. Por exemplo, como eu vou entrar numa sala com 40 alunos, de uma realidade por exemplo da periferia de São Paulo, que tem toda um outro viés social, cultural, uma outra realidade, quanto aquela que eu me deparo, por exemplo com uma escola do centro. Então assim, a indisciplina tem um pendor, tanto sociológico, quanto pessoal, quanto também depende da questão da aprendizagem, então é um problema assim, multidimensional. Eu acho que faltou um pouco dessas discussões, porque de repente a gente não aprende a lidar com isso, como eu vou aprender a sobreviver numa sala de aula com 40 alunos que me vêm como inimigo e não como alguém que pode ajudar eles. Talvez, trabalhar numa relação de confiança, mas eu não sei se só isso bastaria, porque como eu disse, tem questões sociológicas envolvidas. Ás vezes, a própria posição daquela comunidade, dá uma margem para que o aluno seja rebelde com a figura de autoridade do professor. Mas que aspectos do curso? Os aspectos que não supriram essa necessidade? Sim. 78 Eu acho que o que não supriu essa necessidade em si, das discussões da indisciplina foram as vivências em sala de aula, porque a gente teve assim, a prática através dos estágios e tudo mais, tinham as discussões realmente, do que a gente apresentava no estágio, mas a gente não enfocou essa questão do como lidar, como saber lidar, saber como fazer realmente. Até porque uma situação é muito diferente da outra, mas talvez, ter discutido mais essas questões e deixar um pouco de lado só o como ensinar, através dos referenciais construtivistas, e pegar também esse viés de como lidar com o aluno, a relação realmente pessoal, porque a gente só discute relações mesmo, do professor-aluno, nos relatórios, mas na prática a gente não tem muito isso. Que sugestões você daria para melhorar o curso de Licenciatura? Para melhorar o curso da Licenciatura em si, eu tenho algumas coisas que eu poderia recomendar, uma delas seria uma própria discussão mais aprofundada da questão da indisciplina mesmo. Eu acho também que eu diminuiria um pouco do peso do currículo, porque ler Sacristán, realmente foi para matar. Eu não sei também, talvez reduzir um pouco o volume de textos, porque eu sei que o tempo que a gente tem para fazer a Licenciatura é muito pouco e os professores que a gente teve, procuram ter todas as discussões possíveis, sobre todos os assuntos que dá, mas só que utilizar tantos referenciais, confunde um pouco, é muita demanda para um espaço de tempo pequeno, quando você pretende conciliar com Iniciação Científica, com a atividade de laboratório, com outros trabalhos de outras disciplinas, então seria, uma das questões que eu levantaria também para melhorar o curso da Licenciatura. Talvez também mostrar as questões de avaliação já no começo do curso, porque o curso em si já fala assim, da avalição do ensino e aprendizagem mais especificamente, ele fala que não pode conceber avaliação como processo terminal, mas a gente só tem ele no final do curso. Porque não ter no começo? Eu acho que seria interessante também, para a gente aprender a lidar com isso já no começo. E eu não sei, acho que no mais é isso mesmo, das questões que eu levantaria para contribuir. 79 ANEXOS 80 ANEXO I – Matriz Curricular 1ª Etapa - Núcleo Comum (Grade Nova - 2009) Cód. Disc. Nome da Disciplina C.H. T P 020.1111.5 Biologia Celular 102 04 02 020.1175.1 Botânica I (Morfologia e Anatomia Vegetal) 068 02 02 093.1170.1 Ética e Cidadania I 034 02 - 070.1153.9 Física Geral 034 02 - 020.1277-4 Anatomia Humana 068 02 02 060.1174.8 Química Geral 068 02 02 100.1155.2 Métodos Quantitativos Aplicados à Biologia 034 02 - 170.1181.7 Técnicas de Representação Visual em Biologia 034 - 02 020.1176.1 Zoologia I (Invertebrados I) 068 02 02 510 18 12 Total 2ª Etapa - Núcleo Comum e Licenciatura Plena (Grade Nova - 2009) Cód. Disc. Nome da Disciplina C.H. T P 020.1275.8 Zoologia II (Invertebrados II) 068 02 02 020.1276.6 Botânica II (Criptogamas) 068 02 02 81 020.1273.1 Embriologia 034 02 - 060.1291.4 Bioquímica I 068 02 02 070.1208.1 Biofísica 034 02 - 093.1271.4 Ética e Cidadania II 034 02 - 020.1204.9 Fundamentos de Sistemática 034 02 - 092.1201.9 Técnicas Científica 034 02 - 020.1284.7 Biossegurança 034 02 - 020.1283.9 Planejamento Científica I 034 02 - 221.2201.1 Fundamentos da Educação* 068 04 - 221.2202.8 Didática* 068 04 - 578 28 06 de e Redação Orientação Total 3ª Etapa - Núcleo Comum e Licenciatura Plena (Grade Nova 2009) Cód. Disc. Nome da Disciplina C.H. T P 020.1302.9 Ecologia Geral 068 02 02 020.1370.3 Genética I 068 02 02 020.1304.5 Metodologia Ciências* 068 04 - 020.1378.9 Zoologia III 068 02 02 do Ensino de 82 020.1387.8 Botânica III (Fanerógamas) 068 02 02 020.1397.5 Bioética 034 02 - 020.1395.9 Histologia 068 02 02 060.1392.9 Bioquímica II 068 02 02 221.2301.6 Psicologia do Desenv. e da Aprendizagem* 034 02 - 020.1396.7 Planejamento Científica II 034 02 - 578 22 12 e Orientação Total 4ª Etapa - Núcleo Comum e Licenciatura Plena (Grade Nova 2009) Cód. Disc. Nome da Disciplina C.H. T P 020.1491.2 Ecologia Animal 068 02 02 020.1402.5 Filosofia e História da Ciência 034 02 - 020.1492.0 Fisiologia Humana I 034 02 - 020.1485.8 Fisiologia Vegetal I 068 02 02 020.1490.4 Fundamentos Molecular 068 02 02 020.1406.8 Genética II 034 02 - 020.1472.6 Zoologia IV (Vertebrados) 068 02 02 221.2466.7 Educação e Alteridade* 034 02 - de Biologia 83 020.1404.1 Metodologia Biologia* do 020.1405.1 Metodologia Científico do 020.1493.9 Planejamento Científica III e Ensino de Trabalho Orientação Total 068 04 - 034 02 - 034 02 - 544 24 08 5ª Etapa - Núcleo Comum e Licenciatura Plena (Grade Nova 2009) Cód. Disc. Nome da Disciplina C.H. T P 020.1501.3 Projetos Educacionais Para o Ensino de Ciências* 068 04 - 020.1502.1 Planejamento Científica IV 034 02 - 020.1512.9 Ecologia Aquáticos 068 02 02 020.1514.5 Fisiologia Animal Comparada I 068 02 02 020.1515.3 Fisiologia Humana II 068 04 - 020.1516.1 Geologia 034 02 - 020.1590.0 Genética Humana 034 02 - 020.1597.8 Fisiologia Vegetal II 068 02 02 221.2569.8 Políticas Educacionais* 034 02 - e Orientação de Ambientes 84 221.2567.1 Educação Adultos* de Jovens e 221.2500.0 Língua Brasileira de Sinais LIBRAS* Total 034 02 - 034 02 - 544 26 06 6ª Etapa - Núcleo Comum e Licenciatura Plena (Grade Antiga ) Cód. Disc. Nome da Disciplina C.H. T P 020.1660.5 Ecologia Vegetal 068 02 02 020.1661.3 Fisiologia Animal Comparada II 068 02 02 100.1618.1 Fundamentos de Bioestatística 034 02 - 020.1697.4 Fundamentos de Citogenética 068 02 02 020.1662.1 Mecanismos de Evolução 034 02 - 020.1663.1 Paleontologia 068 04 - 020.1670.2 T.C.C. (Trab. de Conclusão de Curso - Licenciatura)* 034 02 - 221.2670.8 Avaliação do Processo Ensino e Aprendizagem* 034 02 - 110.2601.4 Tecnologia da Informação e da Comunicação* 034 02 - 020.1602.8 Projetos Educacionais para o Ensino de Biologia* 068 04 - de 85 Total 510 24 06 C.H. T P 034 02 - 034 02 - 7ª Etapa - Bacharelado (Grade Antiga) Cód. Disc. Nome da Disciplina 020.1712.1 Aplicações Molecular 020.1710.5 Avaliação de Impacto Biomonitoramento 100.1709.7 Bioestatística 034 02 - 020.1709.1 Biogeografia 034 02 - 020.1707.5 Botânica Econômica 068 02 02 020.1790.3 Citogenética 068 02 02 020.1705.9 Etologia 034 02 - 020.1708.3 Fundamentos de Oceanografia Biológica 068 02 02 020.1711.3 Imunologia 068 02 02 020.1702.4 Trabalho de Curso I 034 02 - 476 20 8 C.H. T P de Biologia Conclusão Total e de 8ª Etapa - Bacharelado (Grade Antiga) Cód. Disc. Nome da Disciplina 86 020.1807.1 Aplicação das Radiações 034 02 - 020.1808.1 Dinâmica Populacional 068 04 - 020.1805.5 Limnologia 034 02 - 020.1888.8 Microbiologia 068 02 02 020.1803.9 Parasitologia 102 04 02 020.1804.7 Plantas Tóxicas e Medicinais 068 02 02 020.1801.2 Trabalho de Curso II 034 02 - 020.1806.3 Zoogeografia 034 02 - 442 20 06 Conclusão Total Fonte: http://www.mackenzie.br/20661.html de 87 ANEXO II Aprovação da Comissão Interna de Ética, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 88 ANEXO III Termo de Consentimento da Instituição assinado pelo coordenador do curso. 89 ANEXO IV Carta de Informações ao Sujeito e Termo de Consentimento do Sujeito.