UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL Ictioplâncton da baía da Babitonga (SC, Brasil): instrumento para a definição de áreas prioritárias para a conservação Micheli Duarte de Paula Costa Itajaí 2011 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL Ictioplâncton da baía da Babitonga (SC, Brasil): instrumento para a definição de áreas prioritárias para a conservação Micheli Duarte de Paula Costa Dissertação apresentada a Universidade do Vale do Itajaí, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental. Orientador: Dr. Paulo Ricardo Schwingel Co-orientador: Dr. José Maria de Souza da Conceição Itajaí 2011 A minha querida vó, grande amor e grande perda nessa etapa final do mestrado... Aos meus queridos pais, Rosangela e Cyro, e irmão Ciro, pelo amor e apoio incondicional em todos os momentos, mesmo que longe tão presentes... É com todo meu amor que dedico esse trabalho a vocês! i “... A Ciência exige toda a sua vida... Mesmo que vocês tivessem duas vidas para dar, elas não seriam suficientes. A Ciência exige do homem o máximo esforço e a suprema paixão. Sejam apaixonados em seu trabalho e em suas pesquisas.” I. P. Pavlov (1849- 1936) ii AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, Prof. Dr. Paulo Ricardo Schwingel, pela amizade, confiança e conhecimento transmitidos durante todo o trabalho, pelo incentivo e apoio para a continuidade da vida acadêmica e pelas várias “conversas sobre a vida”. Mesmo com o tempo escasso sempre me deu a segurança necessária para que o trabalho fosse realizado da melhor maneira possível. Ao meu co-orientador e amigo, Prof. Dr. José Maria de Souza da Conceição, o Zé, pela iniciação ao estudo do ictioplâncton há alguns anos e pela confiança em meu trabalho ao longo desses seis anos. Pelo incentivo, conversas, sugestões e exemplo em todos os momentos em que precisei. Aos meus pais, Cyro Fernando e Rosangela, e meu irmão, Ciro, que durante esses dois anos me apoiaram e incentivaram até a fase final da dissertação. Por compreenderem que a distância era necessária, e por sempre tentarem estar o mais próximo possível! Amo vocês! Ao acadêmico de Oceanografia Thiago dos Santos Martins e ao Prof. Dr. João Luiz Carvalho, pela parceria com o Laboratório de Oceanografia Física para a realização da parte de modelagem hidrodinâmica e transporte lagrangeano do trabalho, e por me iniciarem no mundo da oceanografia física da maneira menos traumatizante. Obrigada por todo o apoio e conhecimentos transmitidos! Ao acadêmico de Oceanografia Vinícius Delfim pelo início dessa parceria. Aos estagiários do Laboratório de Planctologia da Universidade da Região de Joinville pela ajuda na finalização dos procedimentos de biovolume zooplanctônico, triagem de ictioplâncton e leitura dos dados de clorofila a. A todos que participaram das saídas de campo, acadêmicos da UNIVILLE e UFPR, e ao Edson por sempre propriciarem que as saídas fossem realizadas da melhor maneira possível e por todos os ensinamentos passados durante os campos. A Universidade do Vale do Itajaí pelo apoio estrutural para o desenvolvimento da pesquisa; Aos professores Dr. José Maria de Souza da Conceição (UNIVILLE) e Dr. Henry Louis Spach (UFPR) pelo apoio logístico e estrutural durante as saídas de campo do trabalho. Aos amigos do Laboratório de Oceanografia Biológica da UNIVALI, Rafael, Thaís, Bárbara, Vanessa, Fábio, Priscila, Daniela, Camila, Ana Paula e Aline, por tornarem esses dois anos muito mais agradáveis. Em especial a Thaís por compartilhar o mundo ictioplanctônico. A amiga Vah pela ajuda com a parte estatística, além das inúmeras dicas estéticas para o trabalho. Pela amizade, confiança e parceria ao longo desses dois anos de luta no mestrado! iii Aos meus queridos amigos, em especial Camila, Lia, e Bárbara por me fazerem enxergar a parte mais engraçada dos momentos mais difícies! As amigas biólogas marinhas Jamile e Jenyffer por todo o carinho e amizade. Obrigada pelo apoio e incentivo sempre! A Coodernação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) por concessão de bolsa de mestrado. A todos que não foram menciodos aqui, mas que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho, MUITO OBRIGADA! iv SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... III SUMÁRIO........................................................................................................................... V LISTA DE FIGURAS...................................................................................................... VII LISTA DE TABELAS........................................................................................................ X RESUMO.......................................................................................................................... XII ABSTRACT ....................................................................................................................XIII 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1 1.1 ÁREAS MARINHAS PROTEGIDAS ................................................................................... 6 1.2 BAÍA DA BABITONGA .................................................................................................... 7 2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 11 2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 11 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................................. 11 3. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 12 3.1 ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................................ 12 3.2 AMOSTRAGEM DO ICTIOPLÂNCTON E PROCEDIMENTOS DE LABORATÓRIO .................. 12 3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................................ 16 3.4 IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS ÁREAS DE RETENÇÃO DE ICTIOPLÂNCTON NA BAÍA DA BABITONGA ...................................................................................................................... 17 3.5 AVALIAÇÃO DAS ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO NA BAÍA DA BABITONGA ......................................................................................................................................... 21 3.5.1 Definição dos objetivos ...................................................................................... 21 3.5.2 Definição dos Critérios ...................................................................................... 23 4. RESULTADOS .............................................................................................................. 26 4.1 CONDIÇÕES AMBIENTAIS DA BAÍA DA BABITONGA ..................................................... 26 ICTIOPLÂNCTON................................................................................................................ 38 4.2.1 Variação espaço-temporal da abundância dos ovos de peixes.......................... 38 4.2.2 Variação espaço-temporal da abundância de larvas de peixes ......................... 40 4.2.3 Composição das larvas de peixes....................................................................... 43 4.2.4 Relação entre os parâmetros abióticos e bióticos.............................................. 77 4.2.5 Identificação das áreas de retenção de ovos e larvas de peixes na baía da Babitonga .................................................................................................................... 78 4.3 DEFINIÇÃO DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO NA BAÍA DA BABITONGA81 4.3.1 Avaliação da baia da Babitonga através do método COMPARE ...................... 81 4.3.2 Caracterização ambiental da baía da Babitonga com ênfase na ictiofauna ..... 83 5. DISCUSSÃO .................................................................................................................. 91 5.1 CONDIÇÕES AMBIENTAIS DA BAÍA DA BABITONGA ..................................................... 91 5.2 ESTÁGIOS INICIAIS DE PEIXES EM ESTUÁRIOS .............................................................. 93 5.2.1 Variação espaço-temporal de ovos e larvas de peixes....................................... 93 5.2.2 Composição específica das assembleias de larvas de peixes na baía da Babitonga .................................................................................................................... 94 v 5.2.3 Influência dos parâmetros ambientais na distribuição e estrutura da assembleia de larvas de peixes....................................................................................................... 97 5.2.4 Áreas de retenção de ictioplâncton na baía da Babitonga ................................ 97 5.3 ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO NA BAÍA DA BABITONGA .................... 101 6. CONCLUSÕES............................................................................................................ 107 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 108 vi LISTA DE FIGURAS Figura 1: Localização dos pontos amostrais na baía da Babitonga, Estado de Santa Catarina (Brasil). ................................................................................................................................ 14 Figura 2: Domínio utilizado no modelo de transporte lagrangeano de ovos e larvas de peixes na baía da Babitonga (a malha dos elementos finitos quadráticos está representada em verde). Datum WGS84, coordenadas UTM. Fonte: Martins (2011). ............................ 18 Figura 3: Localização dos pontos amostrais interior da baía da Babitonga onde foram efetuados os lançamentos das partículas representando os ovos (losângulos azuis) e larvas (triângulos vermelhos) de peixes. Datum: WGS, coordenadas geográficas em UTM. Fonte: Martins (2011). .................................................................................................................... 20 Figura 4: Variação da temperatura em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga.................................................................. 27 Figura 5: Variação da salinidade em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga.................................................................. 29 Figura 6: Variação do oxigênio dissolvido em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a fevereiro de 2008 na baía da Babitonga. ............................................... 31 Figura 7: Variação do pH em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga................................................................................ 32 Figura 8: Variação da transparência em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga. ................................................... 33 Figura 9: Variação da clorofila a em nove pontos amostrais durante o período de novembro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga.................................................................. 36 Figura 10: Variação da densidade de biovolume zooplanctônico (ml.100-³) coletado com a rede de plâncton de 200µm e 500µm em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga. ................................................... 37 Figura 11: Variação da densidade de ovos de peixes (nº.100m-³) coletados com a rede de plâncton de 200µm e 500µm em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga....................................................................... 39 Figura 12: Variação da densidade de larvas de peixes (nº.100m-³) coletadas com a rede de plâncton de 200µm e 500µm em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga....................................................................... 42 Figura 13: Variação espacial do número de larvas de peixes dos taxa mais abundantes para a rede de 200µm (acima de 1%) e 500µm (acima de 2%) durante o período de outubro de 2007 e agosto de 2008 na baía da Babitonga....................................................................... 50 Figura 14: Variação temporal do número de larvas de peixes dos taxa mais abundantes para a rede de 200µm (acima de 1%) e 500µm (acima de 2%) durante o período de outubro de 2007 e agosto de 2008 na baía da Babitonga.................................................................. 54 Figura 15: Densidade média de larvas de peixes (nº.100m-³) por ponto amostral para cada estágio de desenvolvimento encontrado na baía da Babitonga entre outubro de 2007 a agosto de 2008. .................................................................................................................... 56 Figura 16: Variação mensal da freqüência relativa de larvas de Engraulidae por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 200µm e 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão)..... 60 vii Figura 17: Variação mensal da freqüência relativa de larvas de Gobiidae por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 200µm e 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão)..... 61 Figura 18: Variação mensal da freqüência relativa de Haemulidae por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 200µm e 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão)..... 62 Figura 19: Variação mensal da freqüência relativa de S. cristata por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 200µm e 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão)..... 63 Figura 20: Variação mensal da freqüência relativa de Cynoscion spp. por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 200µm e 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão)..... 64 Figura 21: Variação mensal da freqüência relativa de larvas de P. pilicornis por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 200µm e 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão)..... 65 Figura 22: Variação mensal da freqüência relativa de larvas de M. meeki por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 200µm e 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão)..... 66 Figura 23: Variação mensal do número de larvas de C. chrysurus por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão)..... 67 Figura 24: Dendograma de similaridades entre meses, baseado em amostras coletadas com a rede de 200µm na baía da Babitonga (A) e Análise de ordenação pelo método MDS (B), utilizando a similaridade de Bray-Curtis e método de agrupamento UPGMA sobre a matriz de densidades de larvas transformadas em log (x+1). ......................................................... 69 Figura 25: Dendograma de similaridades entre meses, baseado em amostras coletadas com a rede de 500µm na baía da Babitonga (A) e Análise de ordenação pelo método MDS (B), utilizando a similaridade de Bray-Curtis e método de agrupamento UPGMA sobre a matriz de densidades de larvas transformadas em log (x+1). ......................................................... 70 Figura 26: Dendograma de similaridades entre os pontos amostrais, baseado em amostras coletadas com a rede de 200µm na baía da Babitonga (A) e Análise de ordenação pelo método MDS (B), utilizando a similaridade de Bray-Curtis e método de agrupamento UPGMA sobre a matriz de densidades de larvas transformadas em log (x+1)................... 73 Figura 27: Dendograma de similaridades entre os pontos amostrais, baseado em amostras coletadas com a rede de 500µm na baía da Babitonga (A) e Análise de ordenação pelo método MDS (B), utilizando a similaridade de Bray-Curtis e método de agrupamento UPGMA sobre a matriz de densidades de larvas transformadas em log (x+1)................... 74 Figura 28: Dispersão das partículas representando os ovos de peixes após 12 (A), 24 (B) e 36 (C) horas do lançamento na baía da Babitonga para três diferentes pontos (P). Fonte: Martins (2011). .................................................................................................................... 79 Figura 29: Dispersão das partículas representando os ovos de peixes após 48 (A) e 144 (B) horas do lançamento na baía da Babitonga para três diferentes pontos (P). Fonte: Martins (2011). ................................................................................................................................. 80 viii Figura 30: Dispersão das partículas representando as larvas de peixes após 12 (A) e 24 (B) horas do lançamento na baía da Babitonga para três diferentes pontos (P). Fonte: Martins (2011). ................................................................................................................................. 80 Figura 31: Dispersão das partículas representando as larvas de peixes após 36 (A) e 108 (B) horas do lançamento na baía da Babitonga para três diferentes pontos (P). Fonte: Martins (2011). .................................................................................................................... 81 Figura 32: Fotos de áreas representativas das zonas de preservação ambiental na baía da Babitonga: A) manguezal na margem norte da baía da Babitonga, B) marismas no Saco do Iperoba (margem leste do estuário), C e D) ilhas estuarinas no centro do estuário. ........... 88 Figura 33: Fotos de áreas representativas das zonas de conservação ambiental na baía da Babitonga: A) praia estuarina, próxima ao muncípio de Itapoá, no setor externo do estuário e B) praia estuarina de Laranjeiras, no setor interno da baía, C e D) setor mais externo e área costeira adjacente. ........................................................................................................ 89 Figura 34: Fotos de áreas representativas de zonas de recuperação ambiental na baía da Babitonga: A, B e C) áreas adjacentes ao Porto de São Francisco do Sul, e D) área no centro histórico da cidade de São Francisco do Sul. ........................................................... 90 ix LISTA DE TABELAS Tabela I: Latitude, longitude, profundidade e descrição de cada ponto amostral localizado na baía da Babitonga............................................................................................................ 13 Tabela II: Valores estimados para o tempo em que 90% das partículas são perdidas (T90) para as famílias de ovos e larvas de peixes mais abundantes no estuário da baía da Babitonga............................................................................................................................. 19 Tabela III: Pontos amostrais, coordenadas geográficas em UTM, densidades e número de partículas lançadas no modelo representando os ovos e larvas vitelínicas de peixes na baía da Babitonga. ....................................................................................................................... 19 Tabela IV: Resultados do teste não paramétrico Kruskal-Wallis e paramétrico ANOVA para a temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido (OD), pH e transparência. (*: variância significativamente diferente com p<0,05; out: outubro; nov: novembro; jan: janeiro; fev: fevereiro; abr: abril; mai: maio; jul: julho; ago: agosto; sup: superfície; fun: fundo; ns: não significativo; -: não aplicável). ............................................................................................ 28 Tabela V: Resultados do teste não paramétrico Kruskal-Wallis e paramétrico ANOVA para a clorofila a, biovolume zooplanctônico da rede de 200µm e biovolume zooplanctônico da rede de 500µm (*: variância significativamente diferente com p<0,05; out: outubro; nov: novembro; jan: janeiro; fev: fevereiro; abr: abril; mai: maio; jul: julho; ago: agosto; ns: não significativo; -: não aplicável). ............................................................................................ 35 Tabela VI: Resultados do teste não paramétrico Kruskal-Wallis e paramétrico ANOVA para a as densidades de ovos para a rede de 200µm e para a rede de 500µm (*: variância significativamente diferente com p<0,05; out: outubro; nov: novembro; jan: janeiro; fev: fevereiro; abr: abril; mai: maio; jul: julho; ago: agosto; ns: não significativo; -: não aplicável). ............................................................................................................................ 38 Tabela VII: Resultados do teste não paramétrico Kruskal-Wallis e paramétrico ANOVA para a as densidades de larvas para a rede de 200µm e para a rede de 500µm (*: variância significativamente diferente com p<0,05; out: outubro; nov: novembro; jan: janeiro; fev: fevereiro; abr: abril; mai: maio; jul: julho; ago: agosto; ns: não significativo; -: não aplicável). ............................................................................................................................ 41 Tabela VIII: Tabela taxonômica das larvas de peixes identificadas na baía da Babitonga durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008. .................................................... 44 Tabela IX: Guilda vertical (D: demersal, P: pelágico, BP: bentopelágico), hábito alimentar (B: bentofágico, P: planctofágico, BP: bentofágico/piscívoro, O: omnívoro, BPl: bentofágico/planctofágico, PP: planctofágico/piscívoro) e ambiente de ocorrência (ME: marinho/estuarino, M: marinho, E: estuarino) dos taxa de larvas de peixes coletados na baía da Babitonga (SC) entre outubro de 2007 e agosto de 2008, baseada em: 1: Figueiredo & Menezes (1978), 2: Figueiredo & Menezes (2000), 3: Menezes & Figueiredo (1980), 4: Menezes & Figueiredo (1985), 5: Fisher et al. (2004), 6: Queiroz (2005), 7: SouzaConceição (2008), 8: Ignácio (2008), 9: Santos (2009), 10: Froese & Pauly (2011), 11: Antunes (2010), 12: Fahay (2007), 13: Richards (2006)..................................................... 46 Tabela X: Densidade média e porcentagem (%) para os taxa coletados com a rede de 200µm em nove pontos amostrais na baía da Babitonga durante outubro de 2007 e agosto de 2008. ............................................................................................................................... 48 x Tabela XI: Densidade média e porcentagem (%) para os taxa coletados com a rede de 500µm em nove pontos amostrais na baía da Babitonga durante outubro de 2007 e agosto de 2008. ............................................................................................................................... 49 Tabela XII: Densidade média para os taxa coletados com a rede de 200µm na baía da Babitonga nos durante outubro de 2007 e agosto de 2008. ................................................. 52 Tabela XIII: Densidade média e porcentagem (%) para os taxa coletados com a rede de 500µm na baía da Babitonga durante outubro de 2007 e agosto de 2008. .......................... 53 Tabela XIV: Variação de tamanho (mm SL) e freqüência relativa das larvas coletadas com a rede de 200µm para diferentes estágios de desenvolvimento durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga.................................................................. 57 Tabela XV: Variação de tamanho (mm SL) e freqüência relativa das larvas coletadas com a rede de 500µm para diferentes estágios de desenvolvimento durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga.................................................................. 58 Tabela XVI: Similaridade de percentagens (SimPer) entre os grupos 1 (outubro, novembro, janeiro e fevereiro), 2 (abril, maio, julho e agosto), para as amostras de ictioplâncton com a rede de 200µm na baía de Babitonga. ................................................................................. 71 Tabela XVII: Similaridade de percentagens (SimPer) entre os grupos 1 (outubro, novembro, janeiro e fevereiro) e 2 (abril, maio, julho e agosto) para as amostras de ictioplâncton coletadas com a rede de 500µm na baía de Babitonga. ................................. 72 Tabela XVIII: Similaridade de percentagens (SimPer) entre os grupos 1 (pontos amostrais 1, 2 e 3), 2 (pontos amostrais 4 e 6), 3 (ponto amostral 5), 4 (pontos amostrais 7 e 8) e 5 (ponto amostral 9) para as amostras de ictioplâncton com a rede de 200µm na baía de Babitonga............................................................................................................................. 75 Tabela XIX: Similaridade de percentagens (SimPer) entre os grupos 1 (pontos amostrais 1, 2, 3 e 4) e 2 (pontos amostrais 5, 6, 7, 8 e 9), para as amostras de ictioplâncton com a rede de 500µm na baía de Babitonga. ......................................................................................... 76 Tabela XX: Resultado das correlações entre as variáveis ambientais (temperatura, salinidade e transparência) e bióticas (abundância das larvas de peixes coletadas com as redes de plâncton de 200µm e 500µm) através do procedimento BIO-ENV. Nota: em negrito as melhores correlações........................................................................................... 77 Tabela XXI: Matriz COMPARE para a avaliação de áreas prioritárias para consrervação da baía da Babitonga (SC). Nota: ne= critério não efetivo. ..................................................... 82 Tabela XXII: Tabela com a descrição dos principais impactos ambientais na baía da Babitonga, associados a área de entorno dos pontos amostrais utilizados no presente estudo................................................................................................................................... 86 Tabela XXIII: Vantagens e desvantagens da utilização do SisBahia® para modelagem do transporte de ovos e larvas de peixes (com colaboração de Thiago dos Santos Martins). 100 xi RESUMO A baía da Babitonga é um complexo estuarino localizado no litoral norte do Estado de Santa Catarina, Brasil. O presente trabalho descreveu a variação espaço-temporal do ictioplâncton na baía da Babitonga, como instrumento para a definição de áreas prioritárias para a conservação. Amostragens de ictioplâncton foram realizadas em nove pontos amostrais em outubro e novembro de 2007, e janeiro, fevereiro, abril, maio, julho e agosto de 2008, realizadas com rede do tipo cônica de 200µm e cilindro-cônica de 500µm, com arrastos de 2 e 5 minutos de duração, respectivamente. A identificação das áreas de retenção de ovos e larvas de peixes no estuário foi realizada através do módulo de transporte lagrangeano, parte do software SisBaHiA®. A definição das áreas prioritárias para a conservação foi realizada de acordo com a avaliação da baía da Babitonga baseada no método COMPARE, além da compilação de características sobre o ecossistema e a distribuição das espécies. Com bases nesses aspectos, as áreas prioritárias para a conservação foram classificadas em forma de zoneamento de acordo com os diferentes tipos de uso do ambiente. No total, foram coletados 17.443 ovos de peixes, 4.154 com a rede de 200µm e 13.289 a de 500µm, e 5.420 larvas de peixes, 3.380 com a rede de 200µm e 2.040 com a 500µm. Um total de 59 taxa foram identificados (11 registros a nível de família, 18 a nível de gênero e 30 a nível de espécie), sendo Engraulidae, Gobiidae, Haemulidae, Scartella cristata, Cynoscion spp. e Parablennius pilicornis os mais abundantes para a rede de 200µm (94,3%), e Engraulidae, Microgobius meeki, Gobiidae, Chloroscombrus chrysurus e Haemulidae para a rede de 500µm (83%). A assembleia de larvas de peixes na baía da Babitonga é formada por diferentes grupos, tanto espacialmente quanto temporalmente. As principais áreas de retenção de ovos e larvas de peixes no estuário são associadas as zonas de baixa hidrodinâmica próximas as ilhas estuarinas e ao vórtice na desembocadura da baía. Na avaliação da baía da Babitonga, através da metodologia COMPARE, os critérios relacionados com a distribuição espaço-temporal do ictioplâncton, bem como o número de taxa e padrões de utilização do estuário pelos estágios iniciais de peixes, contribuiram tanto para a proteção da biodiversidade (81%) quanto para o manejo pesqueiro (85%). O zoneamento ecológico foi estabelecido de acordo com as características de utilização e ocupação da ictiofauna e seus estágios iniciais na baía da Babitonga, sendo propostas as zonas de: preservação (manguezais, marismas e ilhas estuarinas), conservação (praias estuarinas e áreas rasas, setor externo e áreas costeira adjacente) e recuperação ambiental (áreas próximas as cidades de São Francisco do Sul, Itapoá e Joinville e áreas portuárias) no ecossistema estuarino. xii ABSTRACT The Babitonga bay is an estuarine complex located in the northern coast of Santa Catarina State, Brazil. This work aimed to study the spatial-temporal variation of ichthyoplankton assembly in Babitonga Bay, within the period of October 2007 and August 2008, as a tool for the definition of priority sites for conservation in the estuarine ecosystem. The samples were collected in 9 stations, and oblique hauls were used, with a 40cm diameter conical plankton net fitted with 200µm mesh and with a 50cm diameter cylindrical-conical plankton net fitted with 500µm mesh (of two and five minutes hauling, respectively). The identification of retention zones of fish eggs and larvae in the estuary were conducted by lagrangean transport module of Sisbahia program. The definiton of priority sites for conservation in Babitonga Bay was based on COMPARE methodology, beyond the compilation of ecosystem aspects and species distribution. Considering theses aspects, the priority sites for conservation were classified in zoning based on the use of the estuarine environment. A total of 17.443 eggs and 5.420 fish larvae were collected, being 4.154 eggs collected with 200µm net and 13.289 with 500µm net, and 3.380 and 2.040 larvae, respectively. A total of 59 taxa were identified (11 in family level, 18 in genus level and 30 in specie level), being Engraulidae, Gobiidae, Haemulidae, Scartella cristata, Cynoscion spp., and Parablennius pilicornis more abundant in 200µm net samples (94,3%), and Engraulidae, Microgobius meeki, Gobiidae, Chloroscombrus chrysurus and Haemulidae in the 500µm net samples (83%). The larval assembly in Babitonga Bay was represented by differents groups, spatially and temporally. The retetion zones of icthyoplankton in the bay were correlated with the zones of low hydrodynamic near the estuarine islands and the eddy at the estuary mouth. The criteria associated with espatial-temporal distribution of ichthyoplankton, taxa number and use pattern of early life stages of fishes, in the Babitonga Bay evaluation with COMPARE methodology, contributed both for biodiversity protection (81%) and fisheries management (85%). The occupation pattern and use aspects of ichthyofauna and early life stages were used for the establishment of the ecological zoning in Babitonga Bay, being proposed: preservation zone (mangroves, saltmarshes, and estuarine islands), conservation zone (estuarine beaches and estuarine shallow waters, external sector and adjacent coastal area), and environmental restoration zone (areas close to the city of São Francisco do Sul, Joinville and Itapoá, and port areas) in the estuarine ecosystem. xiii 1. INTRODUÇÃO Os estuários são ecossistemas de transição entre o continente e o oceano, caracterizados pela alta produção biológica e sujeitos a intensa ação de forças físicas. Esses ambientes são considerados importantes áreas de desova e berçário para muitas espécies de peixes (Able, 1978; Morais & Morais, 1994), os quais exibem gradientes ambientais que favorecem o recrutamento de várias espécies, incluindo aquelas de interesse econômico (Mann & Lazier, 1996). Estes ecossistemas são ricos em oferta alimentar para larvas e juvenis de peixes, além de prover proteção contra predadores e permitir um rápido crescimento e baixa taxa de mortalidade destes organismos (Morais & Morais, 1994; Schultz et al., 2000; Coser et al., 2007). A entrada natural de nutrientes fluviais estimula a produtividade primária de ecossistemas marinhos, sendo particularmente importante em estuários e outros ambientes costeiros próximos (Ringuet & Mackenzie, 2005). As constantes flutuações das características ambientais nos estuários influenciam de maneira ativa o padrão de distribuição dos organismos planctônicos, uma vez que estes possuem poder natatório limitado (Berasategui et al., 2004; Coser et al., 2007). O zooplâncton estuarino é potencialmente limitado por duas características: a turbidez, a qual pode inibir a produção fitoplanctônica e assim portanto o alimento disponível para o zooplâncton; e as correntes, que principalmente em pequenos estuários ou naqueles dominados por intensos fluxos fluviais, podem carregar os membros do zooplâncton para o mar (Mclusky, 1989). O zooplâncton pode ser classificado em organismos holoplanctônicos, que passam toda sua vida no plâncton, e organismos meroplanctônicos, que passam apenas alguns estágios do ciclo de vida na comunidade planctônica. Por definição, o ictioplâncton é constituinte do meroplâncton, e compreende ovos e larvas de peixes, sendo o componente mais importante da comunidade planctônica em termos econômicos (Smith & Johnson, 1996; Sumich, 1996; Lalli & Parsons, 1997; Bonecker et al., 2002). Durante seu ciclo de vida, o peixe pertence a comunidades diferentes, usualmente ao plâncton quando ovos e larvas, e quando juvenis e adultos, fazem parte do nécton e/ou bentos (Parsons et al., 1984). O período larval é evidenciado pela habilidade de capturar alimento, iniciando uma dependência direta e sensível dos recursos externos de alimentação (Moyle & Cech, 2004; Lazzari, 2001). Este momento do ciclo de vida dos peixes torna-se decisivo para a 1 sobrevivência, devendo ser previsto nas estratégias das espécies. Tal período é o de maior mortalidade devido a vulnerabilidade da larva para a predação e inanição (Moyle & Cech, 2004). A sobrevivência e o crescimento das larvas de peixes são amplamente dependentes da presença de uma densidade suficiente de alimento do tamanho e do tipo adequado (Raymont, 1983). Além disso, as larvas se apresentam como organismos distintos dos adultos em relação aos requerimentos ecológicos e na alocação de recursos (Nakatani et al., 2001). A distribuição larval é resultado da dinâmica estuarina, de processos a nível de população, como a mortalidade, assim como a nível de indivíduo, como a desova dos adultos e o comportamento larval (Boehlert & Mundy, 1988; Schultz et al., 2003), além de ser potencialmente afetada por diversos fatores físicos (Hare et al., 2005). De acordo com Katsuragawa (1985), os fatores físicos desempenham um papel-chave na vida dos peixes, sendo a temperatura determinante na taxa dos processos metabólicos, e sua variação sempre age como estímulo natural, determinando o início da desova e migração (Govoni, 2005). Os peixes estuarinos estão sujeitos a um complexo mosaico de fatores físicos e biológicos que interagem entre si, e assim podem influenciar seus padrões de ocorrência e distribuição (Babler, 2000). As assembleias de larvas de peixes em estuários podem ser divididas em três grupos: larvas de peixes que desovam na água doce, larvas de espécies que desovam nos estuários e larvas de espécies de desovam no oceano adjacente (Babler, 1997; Elliott & Hemingway, 2002), sendo que as principais vantagens de um estágio de vida dependente dos estuários estão relacionadas com a diminuição da predação, alta disponibilidade alimentar para as pós-larvas e juvenis, e abrigo para os estágios iniciais (Babler, 2000). Outro fato que deve ser ressaltado é a importância entre o tempo e local de desova das espécies, uma vez que a manutenção da população depende do sucesso no recrutamento dos juvenis nas áreas de berçário e sua entrada na população adulta (Hinckley et al., 2001). De acordo com Cremer (2006), estima-se que 70% das espécies que compõem a pesca costeira comercial ou recreativa são dependentes dos estuários em alguma etapa de seu ciclo de vida. Nesse contexto, a conservação dos habitats estuarinos torna-se de extrema importância para a manutenção de muitas pescarias marinhas (Lenanton & Potter, 1987). Estudos sobre a variação na composição e abundância da assembleia ictioplanctônica foram realizados em sistemas estuarinos brasileiros, porém ainda é possível verificar estuários com informações escassas a este respeito. Na região norte, Sarpedonti et al. (2008) e Barletta-Bergan et al. (2002) descreveram a abundância e 2 diversidade das larvas de peixes no estuário do rio Curaçá e estuário do rio Caeté, respectivamente. Na região nordeste, Castro & Bonecker (1996) e Bonecker et al. (2009) apresentaram a composição e a distribuição espacial e sazonal, além da variação nictimeral ao longo de um ciclo de maré, bem como a influência dos fatores ambientais na distribuição das larvas de peixes do rio Mucuri. Mafalda Jr. & Silva (1996) e Bonecker et al. (2007) avaliaram a composição da comunidade de larvas de peixes do sistema estuarino-lagunar de Jequiá e da baía de São Marcos, respectivamente. Ekau et al. (2001) investigaram a fauna ictioplanctônica e estimaram a importância do estuário do canal de Santa Cruz como área de berçário para espécies de peixes comercialmente exploradas no estuário e áreas adjacentes. A região sudeste apresenta um grande número de trabalhos sobre a distribuição e a ocorrência do ictioplâncton. Nesse sentido, Sinque (1980) identificou as larvas de Sciaenidae no sistema estuarino-lagunar de Cananéia, enquanto que Sinque & Yamanaka (1982) analisaram a assembleia ictioplanctônica desse mesmo estuário. Soares et al. (1991) determinaram a composição e a distribuição espacial dos ovos e larvas na laguna de Marapendi, enquanto Andreata et al. (1998) realizaram investigação similar na laguna de Jacarepaguá. Bonecker et al. (1995) estudaram o zooplâncton e o ictioplâncton no sistema estuarino da baía de Ilha Grande, enquanto que na baía de Guanabara, Castro et al. (2005) analisaram a variação sazonal na abundância das larvas de peixes, e avaliaram a influência dos ciclos de maré e dia/noite na densidade larval e os estágios iniciais de Cetengraulis edentulus foram estudados por Kraus e Bonecker (1994). Na baía de Vitória foi realizado um estudo por Joyeux et al. (2004) que analisaram a estrutura e composição da comunidade ictioplanctônica, além da variação nictimeral. Coser et al. (2007) descreveram a comunidade ictioplanctônica no estuário dos rios Piraquê-Açu e Piraquê-Mirim, analisando as diferenças na distribuição horizontal e vertical, e avaliaram as relações dos taxa mais abundantes com o ciclo lunar. Em relação aos trabalhos realizados em sistemas estuarinos no sul do Brasil destacam-se os realizados na Lagoa dos Patos, Rio Grande do Sul. Mafalda Jr. (1989) analisou larvas e juvenis de Gobiosoma parri na área industrial da Lagoa dos Patos, Muelbert & Weiss (1991) apresentaram resultados sobre a abundância e a distribuição das larvas de peixes, e Bruno & Muelbert (2009) estudaram no mesmo estuário a distribuição espacial e as variações temporais na abundância de ovos e larvas de Micropogonias furnieri. No Paraná, tem-se o trabalho de Sinque (1989) que analisou a assembleia ictioplanctônica na baía de Paranaguá. Em Santa Catarina, Souza-Conceição et al. (2005) 3 avaliaram a dinâmica populacional, a biologia reprodutiva e o ictioplâncton de Cetengraulis edentulus na enseada do Saco dos Limões e Macedo-Soares et al. (2009) analisaram a variação espacial e temporal dos ovos e larvas de peixes na lagoa de Ibiraquera. Em relação ao complexo estuarino da baía da Babitonga, citam-se os trabalhos desenvolvidos por Costa (2007), Doge (2008), Souza-Conceição (2008) e Costa & SouzaConceição (2009), que estudaram a variação espaço-temporal do ictioplâncton em diferentes setores do estuário, com exceção da região do canal natural que corta a baía utilizada como rota de navegação. Navarro-Rodriguez et al. (2006) afirmam que o ictioplâncton pode ser usado para estimar a biomassa dos recursos pesqueiros existentes em áreas pouco conhecidas, estabelecendo medidas para seu aproveitamento sustentável. Conforme Ahlstrom & Moser (1976) o estudo dos ovos e larvas de peixes ainda pode mostrar: a distribuição e abundância dos ovos pelágicos de espécies-alvo de pescarias, obtendo estimativas da biomassa da população adulta desovante; e estimativas do sucesso reprodutivo e entendimento dos fatores que regem as flutuações da sobrevivência. Assim, apesar da dificuldade na identificação das formas larvais, os estágios iniciais são um importante aspecto a ser considerado no universo da biologia pesqueira (Grijalva-Chon et al., 1992). Lasker & Smith (1976) ressaltam que a maioria das mudanças na biomassa das populações estudadas através de monitoramento de pescaria parece ser associada a mudanças no recrutamento de populações disponíveis para a pesca. A variabilidade espacial nas condições ambientais e de circulação, as quais podem causar diferenças na mortalidade e no crescimento entre os indivíduos é importante para os níveis totais de recrutamento (Hinckley et al., 1996). Um baixo nível de recrutamento para uma determinada pescaria irá resultar em uma redução no estoque, sendo que a redução no recrutamento pode ser causada por substituição na população desovante (devido a emigração), baixa taxa de sobrevivência larval, baixa produção de ovos ou redução no crescimento (Monvoisin et al., 1999). A conexão entre a questão puramente biológica e o manejo pesqueiro está na necessidade comum de entender: o recrutamento dos juvenis no estoque adulto (ou o porquê da sobrevivência natural das larvas e juvenis varia); e a variação no crescimento dos peixes (Parsons et al., 1984). Adams (1980) ressalta a necessidade de estudos sobre as histórias de vida e implicações das estratégias r e k sobre o manejo. Assim, características morfológicas e reprodutivas, tamanho da população e frequências genéticas das espécies são ajustadas ao ambiente por seleção natural, e por consequência, espécies que habitam 4 diferentes ambientes apresentam diferentes padrões e características em seu ciclo de vida (Adams, 1980). O aumento do esforço pesqueiro com novas tecnologias de captura, associados ao intenso despejo de substâncias poluentes no mar, têm auxiliado para que os estoques naturais diminuam de maneira alarmante. Bohnsack & Ault (1996) e Amaral & Jablonski (2005) colocam que a sobrepesca e a poluição podem ser consideradas as principais ameaças a manutenção da biodiversidade marinha. Este panorama influencia diretamente no recrutamento das espécies (Soares et al., 1991). De acordo com Kitahara (1993), desde os trabalhos pioneiros relacionados ao ictioplâncton, ficou clara a relação existente entre a sobrevivência das larvas de peixes e o sucesso no recrutamento. Houde (2008) concluiu que a variabilidade do recrutamento pode ser resultado de inúmeros processos que operam em diferentes escalas de tempo e espaço, e representa um processo integrado que atua durante a vida do pré-recruta. Associado a isso, tem-se a degradação dos habitats que afeta diretamente o estoque pesqueiro e pode tomar várias formas, desde ações que impedem o uso de uma área por uma população a ações que podem alterar características importantes dos habitats, como reduzindo sua função de área de alimentação e/ou desova (Rosenberg et al., 2000). A falta de conhecimento dos efeitos dos poluentes sobre as espécies também constituem um grave problema a biodiversidade costeira (Amaral & Jablonski, 2005). 5 1.1 Áreas Marinhas Protegidas As Áreas Marinhas Protegidas (AMP) surgem no cenário atual como potencial ferramenta na conservação da biodiversidade e manejo pesqueiro, prevenindo o colapso de estoques, permitindo o aumento da produção larval (Johnson et al., 1999; Botsford et al., 2003), e protegendo áreas críticas como áreas de berçário, de desova e que possuam alta diversidade de espécies (Allison et al., 1998). Johnson et al. (1999) ressaltam que em áreas de proteção integral, ou seja, onde os recursos não podem ser explorados, uma porção do ecossistema é protegido e dessa forma a biodiversidade pode retornar a uma condição mais natural. Com base nos trabalhos realizados por Sumaila (1998), Sainsbury & Sumaila (2001) e Bohnsack (1999), pode-se citar como os potenciais benefícios da AMP: a) aumento, proteção e exportação da biomassa, ou seja, como a produção aumenta, ocorre a dispersão de ovos e larvas de classes de tamanho maiores além de aumentar em quantidade e aumentar o potencial de desova, b) ajuda no restabelecimento do estoque pesqueiro em áreas de pescaria através de emigração de juvenis e adultos, c) manutenção da estrutura etária da população natural, d) manutenção de áreas de habitat protegido, e) segurança contra o fracasso do manejo em áreas de pescaria e f) proteção da qualidade genética. Apesar de o papel das reservas marinhas no manejo pesqueiro ainda ser controverso, a criação de áreas protegidas é um dos tópicos considerados dentro da abordagem ecossistêmica, oferecendo grande potencial para proteção e restauração da biodiversidade marinha (Bohnsack & Ault, 1996). Nesse sentido acredita-se que essas beneficiam a pesca nas áreas adjacentes através de dois mecanismos: emigração dos adultos e juvenis através dos limites da reserva, e dispersão dos ovos e larvas, uma vez que incrementada a produção destes dentro das áreas protegidas pode-se esperar um incremento de juvenis fora dos limites da reserva (Gell & Roberts, 2003). Bohnsack & Ault (1996) e Halpern (2003) acrescentam que o tamanho dos organismos e a diversidade também tendem a seguir essa tendência, uma vez que as áreas protegidas permitem que os organismos alcancem maior comprimento além de fornecer proteção quanto a extinção local para espécies que normalmente são pescadas em grande escala. No Brasil, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000) define dois grupos de unidades de conservação: unidades de proteção integral e unidades de uso sustentável, sendo que estas possuem diferentes categorias e características específicas quanto ao tipo de uso dos recursos. O estabelecimento de áreas marinhas 6 protegidas vem sendo utilizado em menor proporção do que nos ambientes terrestres, e com isso passou a ser meta do Plano Nacional de Áreas Protegidas (PNAP), tendo um grupo de trabalho específico para as áreas marinhas e costeiras. Tal grupo objetiva a criação de unidades de conservação para fins de proteção da biodiversidade, assim como, a recuperação de estoques pesqueiros (Prates, 2007). Os ambientes estuarinos podem ser destacados como importantes áreas para o suporte de muitos recursos marinhos e sua biodiversidade (Salm et al., 2000). Apesar do maior esforço para a criação de áreas marinhas protegidas no ambiente costeiro e oceânico, grandes estuários acabam sendo um grande desafio para o design de uma unidade de conservação. Isso porque, na maioria das vezes, as características estuarinas estão associadas a alto nível de atividade humana e seus consequentes impactos (Neely & Zajac, 2008). Por outro lado, devido a importância desses ecossistemas, e sua vulnerabilidade a ação antrópica, torna-se vital o seu manejo. Atualmente, os estudos que definem os protocolos para a identificação e determinação de áreas costeiras destinadas a conservação (e.g. Edgar et al., 2000; Beck & Odaya, 2001; Ball & Possingham, 2001; Geselbracht et al., 2008; Keefer et al., 2008; Verfaillie et al., 2009; Dalleau et al., 2010) não contemplam dados de distribuição espaçotemporal de ovos e larvas de peixes. Áreas protegidas em estuários, como a baía da Babitonga, podem possibilitar a exportação de ovos e larvas para regiões adjacentes e, consequentemente, incrementar a biomassa e população adulta desovante. Desta forma, a delimitação de áreas protegidas torna-se chave para a conservação da ictiofauna e incremento de biomassa de recursos pesqueiros. 1.2 Baía da Babitonga No Estado de Santa Catarina, a baia da Babitonga é um dos maiores estuários e localiza-se no litoral norte, em seu entorno encontram-se os municípios de Garuva, Araquari, São Francisco do Sul, Joinville e Itapoá, (IBAMA, 1998; Knie, 2002; Cremer, 2006). A oeste, a baía da Babitonga limita-se na porção setentrional pela Serra do Mar e a leste, a ilha de São Francisco do Sul (IBAMA, 1998; Knie, 2002; Cremer, 2006). De maneira geral, a baía da Babitonga pode ser dividida em três grandes segmentos: a região do Canal do Linguado, que contorna a ilha na sua porção sul; a região do Rio Palmital, ao norte e com características estuarinas em boa parte de sua extensão; e o corpo central da baía propriamente dito (Cremer, 2006). O estuário da baía da Babitonga, apesar de receber 7 o aporte de vários rios, é considerado como um estuário verticalmente homogêneo, ou seja, sem a ocorrência de gradientes verticais físico-químicos significativos (IBAMA, 1998). A baía abriga um grande manguezal, sendo considerada a porção mais importante do Estado. Além dos manguezais, suas margens são formadas também por praias arenosas e margens rochosas, apresentando em seu interior 24 ilhas, lajes e planícies de maré (Cremer, 2006). A mesma autora destaca ainda que apesar de toda a sua importância ecológica, somente a partir de meados da década de 1990, o estuário da baía da Babitonga passou a ser alvo de pesquisas voltadas a conhecer os recursos naturais desse ecossistema, com uma crescente preocupação acerca de sua conservação. Esse estuário é uma região rica quanto a composição ictiológica, ocorrendo predominância de Sciaenidae, Engraulidae e Carangidae, de modo que os ciclos de vida de seus representantes estão associados a este ambiente (Rodrigues, 1998). Segundo o mesmo autor, a dependência que as espécies exibem com relação as áreas de criadouro está relacionada com a disponibilidade de alimento, abrigo e aos consequentes movimentos migratórios. A pesca nesse ecossistema é predominantemente de pequena escala, para fins de subsistência ou comercias, sendo a pesca artesanal uma das modalidades mais importantes para os municípios do entorno, onde as espécies de Centropomidae, Sciaenidae, Mugilidae e Gerreidae são as mais exploradas (Pinheiro & Cremer, 2003; Bastos, 2006). Bastos (2006) ressalta ainda que de acordo com a maioria dos pescadores, a pesca local vem sofrendo reduções em sua produção nos últimos anos decorrente de processos pertinentes a própria atividade, como o aumento no número de pescadores e a mudança na eficiência dos petrechos, ou a processos externos, como a degradação ambiental da baía e o fechamento do Canal do Linguado. A baía da Babitonga por sua expressividade ambiental e as suas peculiaridades frente ao acelerado processo de ocupação desordenada e exploração de seus recursos, destaca-se como área a ser conservada, visando que sua integridade ambiental seja mantida (Rodrigues, 2000). Knie (2002) ressalta a problemática da poluição neste estuário, o qual é principalmente proveniente do lançamento de esgotos domésticos das cidades de entorno (Joinville, São Francisco do Sul e Araquari), de rejeitos e efluentes industriais (Joinville e Araquari), assim como de defensivos agrícolas e fertilizantes oriundos de áreas rurais (Joinville, Araquari e Garuva). A atividade portuária do Porto de São Francisco do Sul, a construção do Porto de Itapoá e a crescente especulação imobiliária na área costeira também podem ser destacados como fatores que aceleram a degradação ambiental deste 8 ecossistema. Rodrigues (2000) destaca também o fato de que na baía da Babitonga coexistem comunidades pesqueiras artesanais que dependem da qualidade ambiental para a manutenção da atividade. Para minimizar estes conflitos é necessária a gestão ordenada dos recursos naturais, alicerçada na conservação do ecossistema. Apesar de todos os conflitos existentes nessa região, Camacho & Souza-Conceição (2007) ressaltam que a baía da Babitonga, apesar do crescente desenvolvimento das cidades de entorno, mantém suas características naturais em grande parte de suas margens. Tal característica reforça a necessidade de ações que promovam a conservação desse ecossistema e seus recursos. Os subambientes estuarinos, principalmente aqueles de habitat raso e vegetado, são susceptíveis a intensa ação antrópica e devido sua importância ecológica constituem áreas prioritárias para a conservação (MMA, 2002). Nesse mesmo estudo, a baía da Babitonga foi definida como área estuarina de extrema prioridade de conservação no sul do Brasil. A sua importância para a biodiversidade é um dos principais motivos para a iniciativa da criação de unidades de conservação neste ecossistema. As tentativas de tornar a baía da Babitonga em uma área protegida datam de 1980, quando a Fundação do Meio Ambiente (FATMA) propôs o projeto da “Estação Ecológica Babitonga” (Silva, 1995). O mesmo autor comenta que em 1991, o IBAMA fez a proposta da criação de uma Área de Preservação Ambiental (APA), uma vez que a categoria estação ecológica seria muito restritiva, entretanto, tais projetos não chegaram a ser finalizados. Desta forma, desde 2005, está em andamento a proposta do IBAMA para a criação da Reserva de Fauna da baía da Babitonga, visando a sustentabilidade dos recursos e a conservação desse ecossistema. O conhecimento a respeito das fases iniciais de desenvolvimento das espécies de peixes da baía da Babitonga apresenta diferentes carências, principalmente associadas as espécies-alvo da exploração comercial. Neste contexto, investigações são necessárias para responder: como se configura a distribuição da assembleia ictioplanctônica no complexo estuarino da baía da Babitonga?; qual a influência dos fatores abióticos na distribuição espaço-temporal das larvas de peixes?; o padrão de ocorrência do ictioplâncton, aliado a outras características do ecossistema, definem áreas prioritárias para a conservação? Respostas a essas perguntas podem subsidiar a análise das seguintes hipóteses: a) A assembleia ictioplanctônica apresenta variações espaço-temporais de distribuição ao longo da baía da Babitonga em função de oscilações dos fatores físico-químicos e heterogeneidade de habitats; b) O padrão de ocupação do ictioplâncton na baía da Babitonga, juntamente com 9 outras características bióticas do ambiente, podem estabelecer diretrizes para a definição de áreas prioriátrias para a conservação. 10 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral O objetivo do trabalho foi estudar a variação espaço-temporal do ictioplâncton na baía da Babitonga, litoral norte do Estado de Santa Catarina, entre os anos de 2007 e 2008, como instrumento para a definição de áreas prioritárias para a conservação do ecossistema estuarino. 2.2 Objetivos específicos a) Descrever as condições ambientais para a baía da Babitonga entre outubro de 2007 e agosto de 2008; b) Determinar a variação espaço-temporal da abundância de ovos e larvas de peixes coletados na baía da Babitonga; c) Determinar a composição da assembleia de larvas de peixes que ocorre na baía da Babitonga; d) Investigar a influência dos fatores abióticos sobre a composição e abundância da assembléia de larvas de peixes; e) Identificar as principais áreas de retenção de ictioplâncton no estuário da baía da Babitonga; f) Avaliar áreas prioritárias para a conservação na baía da Babitonga através da definição de áreas retenção de ictioplâncton. 11 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Área de estudo A baía da Babitonga (Figura 1) está localizada no norte do Estado de Santa Catarina entre as coordenadas geográficas de 26º02’-26º28’S e 48º28’-48º50’W. A comunicação da baía com o Oceano Atlântico ocorre por meio de um canal com profundidade máxima de 28 metros, com cerca de 1,7Km de largura, situado a nordeste (Cremer, 2006), e apresenta uma superfície de 130Km², profundidade média de 6 metros e amplitude de maré de aproximadamente 1,30 metros com duração aproximada de seis horas (IBAMA, 1998; Knie, 2002; Cremer, 2006). 3.2 Amostragem do ictioplâncton e procedimentos de laboratório O material utilizado neste projeto é proveniente de coletas realizadas pelo Laboratório de Planctologia da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE), Unidade de São Francisco do Sul, sendo que os procedimentos de laboratório foram realizados em parceria entre o Laboratório de Oceanografia Biológica da UNIVALI (CTTMar) e Laboratório de Planctologia da UNIVILLE (campus Iperoba - São Francisco do Sul). A amostragem está inserida no projeto “Distribuição espaço-temporal de peixes em diferentes fases de vida em praias estuarinas e canal da baía da Babitonga - SC (de Itapoá a Joinville, incluindo Vila da Glória) e a relação com as variáveis bióticas e abióticas”. Amostragens foram realizadas em nove pontos amostrais em outubro e novembro de 2007, e janeiro, fevereiro, abril, maio, julho e agosto de 2008, no canal da baía da Babitonga (Figura 1). As coordenadas geográficas, profundidade e descrição dos pontos amostrais estão descritos na Tabela I. As amostras foram coletadas com dois modelos de rede: a) rede do tipo cônica de 200µm de abertura de malha, 40 centímetros de diâmetro de boca e comprimento de 1,4 metros e b) rede do tipo cilindro-cônica de 500µm de abertura de malha, 50 centímetros de diâmetro de boca e comprimento de 2,5 metros. Ambas as redes foram equipadas com fluxômetro para medir o volume de água filtrado durante os arrastos. Os arrastos com a 12 rede de 200µm foram oblíquos com duração de dois minutos. Esta rede foi utilizada para abranger classes de menores tamanho do ictioplâncton, seguindo Matsuura & Nakatani (1980), Houde & Lovdal (1984), Johnson & Morse (1994) e Chute & Turner (2001), reduzindo a extrusão. Os arrastos com a rede de 500µm também foram oblíquos, com duração de cinco minutos e replicados para reduzir o efeito da evasão. Esta rede foi utilizada para a coleta de indivíduos de maiores tamanhos. Em todas as amostragens a ordem amostral foi do ponto 1 ao ponto 9. Posteriormente aos arrastos, todas as amostras foram fixadas com solução formalina 4%. Tabela I: Latitude, longitude, profundidade e descrição de cada ponto amostral localizado na baía da Babitonga. Ponto Amostral Lat/Long Prof. (m) #1 26°11’19,1”/ 48°35’44,6” 20 #2 26°11’44,4”/ 48°36’52,9” 12 #3 26°12’19,1”/ 48°37’59,9” 8 #4 26°13’37,5”/ 48°39’38,3” 9 #5 26°14’22,8”/ 48°40’33,6” 13 #6 26°15’09,2”/ 48°41’25,8” 7 #7 26°15’03,5”/ 48°42’50,5” 7 #8 26°14’34,0”/ 48°43’55,2” 3 #9 26°14’00,1”/ 48°45’03,5” 3 Descrição Ponto situado mais próximo a barra da baía da Babitonga, próximo a Itapoá, influenciado diretamente pelo oceano adjacente. Sedimento tipicamente arenoso. Ponto situado próximo a Itapoá, com influência de pequenos rios que deságuam no estuário e margens com manguezais. Sedimento tipicamente arenoso. Ponto com influência de pequenos rios, presença de afloramentos rochosos no fundo e praias estuarinas nas margens. Sedimento areno-lodoso. Ponto próximo a ilha do Alvarenga, com afloramentos rochosos laterais no fundo, margens com manguezais, marismas ou com estruturas antropogênicas. Sedimento areno-lodoso. Ponto próximo a Vila da Glória, margens com manguezais e praias estuarinas. Múltiplos afloramentos rochosos no fundo. Sedimento areno-lodoso. Ponto próximo a várias ilhas da baía da Babitonga. Presença de bancos de areia e afloramentos rochosos no fundo e nas margens. Sedimento areno-lodoso. Ponto situado no setor mais interno do estuário, próximo a ilha da Rita. Influência do rio Palmital mais presente. Margens com manguezais, marismas, praias estuarinas e rochas. Sedimento tipicamente lodoso. Ponto situado no canal do rio Palmital. Presença de bancos arenosos, margens com manguezais, praias estuarinas e marismas. Presença de afloramentos rochosos no fundo e margem. Sedimento lodoso. Ponto mais interno em relação ao canal do rio Palmital. Margens com manguezais, marismas e rochas. Afloramentos rochosos lateralmente no fundo. Sedimento areno-lodoso. 13 Figura 1: Localização dos pontos amostrais na baía da Babitonga, Estado de Santa Catarina (Brasil). 14 Parâmetros ambientais foram registrados em cada ponto amostral com um multianalisador Horiba Modelo U10, incluindo pH, oxigênio dissolvido (mg/L), temperatura (°C) e salinidade de superfície e fundo. A transparência foi determinada em centímetros com um Disco de Secchi. Nos meses de maio e julho de 2008, devido a problemas com o multianalisador, dados de salinidade, temperatura e pH, foram registrados com refratômetro, termômetro de mercúrio e pH-metro Lutron, sendo que para o mês de maio foram obtidos somente dados para a superfície. Para a determinação da clorofila a, em cada ponto amostral foi coletada uma amostra de água de superfície e uma alíquota foi filtrada com filtro de 25 milímetros de diâmetro de fibra com 1,2 µm de abertura de poro. Em seguida, os filtros foram acondicionados em papel alumínio, etiquetados, armazenados e resfriados para posterior análise em laboratório. Os pigmentos foram extraídos das amostras com acetona 90% durante 24 horas no escuro a 12ºC. Em seguida foi realizada análise da concentração (µg/L) em fluorímetro Modelo Trilogy. Em laboratório, foi determinado o biovolume zooplanctônico (ml) através do método volumétrico de deslocamento (Kramer et al., 1972) e padronizado para cem metros cúbicos (ml.100m-3). Em seguida, o ictioplâncton foi triado sob microscópio estereoscópico binocular, sendo calculadas as densidades de ovos e larvas de peixe por cem metros cúbicos (nº.100m-3). Para a análise qualitativa, as larvas de peixes foram identificadas ao menor taxon possível de acordo com referências bibliográficas especializadas, i.e. Colton & Marak, 1969; Russell, 1976; Weiss & Krug, 1977; Weiss & Souza, 1977; Figueiredo & Menezes, 1978; Fritzche, 1978; Hardy Jr., 1978a; Hardy Jr., 1978b; Jones et al., 1978; Johnson, 1978; Martin & Drewry, 1978; Matsuura & Nakatami, 1979; Figueiredo & Menezes, 1980a; Figueiredo & Menezes, 1980b; Sinque, 1980; Fahay, 1983; Leis & Rennis, 1983; Menezes & Figueiredo, 1985; Jug-Dujaković & Glamuzina, 1988; Ditty, 1989; Leis & Trnski, 1989; Órtiz-Galindo et al., 1990; Olivar & Fortuño, 1991; Moser, 1996; Matsuura & Suzuki, 1997; Tucker Jr. & Alshuth, 1997; Kawaguchi et al., 1998; Ré, 1999; Figueiredo & Menezes, 2000; López et al., 2002; Cuartas et al., 2003; Machinandiarena et al., 2003; Mata et al., 2004; Faria et al., 2006; Richards, 2006; e Itagaki et al., 2007. Paralelamente as identificações, as larvas foram medidas (comprimento da notocorda para as larvas em estágio vitelínico, pré-flexão e flexão, e comprimento padrão para aquelas em pós-flexão) através de régua micrométrica com precisão de 0,1mm e os estágios de desenvolvimento ontogenético identificados (vitelínica, pré-flexão, flexão ou pós-flexão) (Richards, 2006). Para as famílias Engraulidae e 15 Gobiidae somente os indivíduos em pós-flexão foram identificados em nível de gênero e espécie. 3.3 Análise Estatística Para verificar diferenças significativas (p<0,05) na variação dos parâmetros de temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido e pH entre os meses, superfície e fundo, e os pontos de coleta aplicou-se ANOVA e em caso de significância, aplicou-se o teste de Tuckey. Para os dados que não apresentaram homocedasticidade das variâncias através do teste de Barllet (p<0,05) aplicou-se o teste não-paramétrico de Kruskall-Wallis e em caso de significância aplicou-se o teste de Dunn (Zar, 1996). O mesmo procedimento foi realizado para os dados de clorofila a e biovolume zooplanctônico. Os dados de ovos e larvas das redes de 200µm e de 500µm foram tratados separadamente e transformados em log (x+1). As diferenças significativas (p<0,05) para as densidades de ovos e larvas de peixes entre os pontos e os meses foram verificadas através da ANOVA, seguido da mesma análise realizada para os parâmetros ambientais. O mesmo procedimento foi aplicado para verificar diferenças significativas entre as coletas de ovos e larvas e as duas redes e entre a coleta de diferentes estágios de desenvolvimento das larvas de peixe e as distintas redes utilizadas. Para o estudo de padrões de distribuição da assembléia das larvas de peixe foram realizadas análises de agrupamento cluster hierárquico e técnica de ordenação pelo método não métrico de escalonamento multidimensional (MDS), ambas através do programa PRIMER 6.1.7, A matriz de dados foi composta por todos os taxa identificados, e transformada em log (x+1), utilizando como coeficiente de distância a similaridade de Bray-Curtis e método de agrupamento pela média de seus valores de similaridade (UPGMA) (Clarke & Warwick, 1994). A análise de agrupamento foi baseada no modo Q e realizada tanto para os meses de coleta quanto para os pontos amostrais. Após tal rotina utilizou-se a análise de similaridade de porcentagem (SIMPER) para identificar quais taxa contribuíram para a separação de cada grupo e para a similaridade em cada grupo (Clarke & Gorley, 2006). A análise da relação entre os parâmetros bióticos e abióticos foi realizada através do procedimento BIO-ENV do programa PRIMER 6.0, para definir a melhor ligação entre os padrões multivariados dentre as amostras de uma assembleia e das variáveis ambientais associadas a estas amostras (Clarke & Gorley, 2006). O método se baseia na comparação 16 entre duas matrizes de similaridade (espécies e dados abióticos), sendo o resultado final índices de correlação de Spearman para cada combinação possível entre as variáveis ambientais. Neste procedimento foram utilizados os parâmetros de temperatura e salinidade de superfície, e transparência. 3.4 Identificação das principais ictioplâncton na baía da Babitonga áreas de retenção de A identificação das áreas de retenção de ictioplâncton na baía da Babitonga foi realizada em colaboração com o Laboratório de Oceanografia Física da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), associada ao projeto “Caracterização hidrodinâmica e implementação de um modelo de transporte lagrangeano aplicado a ovos e larvas de peixes na baía da Babitonga, SC, Brasil” do aluno do Curso de Oceanografia Thiago dos Santos Martins. Maiores detalhes sobre a modelagem estão disponíveis em Martins (2011), sendo que o domínio utilizado no modelo é apresentado na Figura 2. Para a identificação das áreas de retenção de ovos e larvas de peixes no estuário da baía da Babitonga foi utilizado o módulo de transporte Lagrangeano, parte do software SisBaHiA® (Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental), utilizado principalmente para estudos de dispersão de contaminantes, o qual possui ferramentas para modelagem hidrodinâmica, transportes Euleriano e Lagrangeano, modelo de geração e propagação de ondas, além de ferramentas para análise e previsão de marés (Rosman, 2010). Tal módulo assume que as partículas não possuem movimentos natatórios significantes diante da grandeza escalar associada aos padrões da circulação hidrodinâmica, sendo utilizado em estudos de dispersão de ovos e larvas de peixes (e.g. Brown et al., 2005; Martins et al., 2007 e Christie et al., 2010). Para tal, foram considerados somente os dados de ovos e larvas vitelínicas, devido ao transporte destes estarem diretamente ligados as forçantes físicas, ou seja, ao transporte passivo (Miller, 1988; Jenkins et al., 1999; Jenkins & King, 2006). Os fatores levados em consideração no modelo foram: batimetria, vento, vazão dos principais rios, variação de maré, rugosidade de fundo, efeito de coriollis e turbulência. 17 Figura 2: Domínio utilizado no modelo de transporte lagrangeano de ovos e larvas de peixes na baía da Babitonga (a malha dos elementos finitos quadráticos está representada em verde). Datum WGS84, coordenadas UTM. Fonte: Martins (2011). O módulo de transporte Lagrangeano presente no SisBaHiA® aceita diversos tipos de decaimento, normalmente utilizando curvas de decaimento quando o contaminante em questão é algum tipo de óleo. Para o presente trabalho, foi utilizado apenas o valor de T90, ou seja, o tempo em que 90% da massa do contaminante é perdida. Como o intuito do trabalho é fazer uma avaliação qualitativa da retenção de ovos e larvas de peixes assumidos como partículas passivas dentro da baía, foram adotados dois diferentes valores para o T90, sendo 48 horas para ovos e 36 horas para larvas (Helfman et al., 1997; Cuartas et al., 2003; Mata et al., 2004; Richards, 2006). Esses valores foram assumidos com base em informações sobre o tempo de duração de cada estágio de desenvolvimento para as famílias mais abundantes encontradas na baía da Babitonga: Engraulidae, Scianidae, Gobiidae, Haemulidae e Carangidae (presente estudo, Costa & Souza-Conceição, 2009) (Tabela II). Os pontos de lançamento das partículas foram determinados de acordo com os dados de distribuição e abundância encontrados no presente estudo, levando em conta os pontos amostrais com maiores densidades de ovos e larvas vitelínicas (Tabela III e Figura 18 3). Os dados utilizados para o lançamento das partículas representando os ovos foram provenientes da coleta do mês de janeiro de 2008 e para as larvas vitelínicas do mês de fevereiro de 2008, representando um cenário de verão. Ambos, ovos e larvas, foram coletados com a rede de plâncton de 200µm. Em cada ponto, o lançamento das partículas foi efetuado de forma instantânea e pontual (100%) junto a superfície, utilizando uma vazão de 100m³/s, sendo o número de partículas relativo a densidade encontrada no ponto amostral. Esta metodologia permitiu uma comparação qualitativa com resultados obtidos por outros autores na área estudada. Tabela II: Valores estimados para o tempo em que 90% das partículas são perdidas (T90) para as famílias de ovos e larvas de peixes mais abundantes no estuário da baía da Babitonga. Família T90 ovos (horas) T90 larvas (horas) Referências Haemulidae 12-15 36 Cuartas et al. (2003), Mata et al. (2004) Carangidae 35-37 Richards (2006) Sciaenidae 12-48 Richards (2006) Engraulidae 24-48 Richards (2006) Gobiidae 16-20 Richards (2006) Tabela III: Pontos amostrais, coordenadas geográficas em UTM, densidades e número de partículas lançadas no modelo representando os ovos e larvas vitelínicas de peixes na baía da Babitonga. Ovos Ponto amostral Número do do presente ponto amostral trabalho no modelo 1 1 2 2 6 3 Ponto amostral Número do do presente ponto amostral trabalho no modelo 2 1 7 2 8 3 Latitude (UTM) Longitude (UTM) 7101199,6200 740272,2740 7100455,9100 738361,2860 7094289,6200 730671,2100 Larvas vitelínicas Latitude (UTM) Longitude (UTM) 7100455,9100 7094506,6020 7095446,3100 738361,2860 728323,6020 726543,8570 Densidade de ovos (nº.100m-³) 181,92 184,57 246,54 Número de partículas lançadas 182 184 246 Densidade de larvas (nº.100m-³) 493,97 1.417,28 602,66 Número de partículas lançadas 494 1.417 602 19 Figura 3: Localização dos pontos amostrais interior da baía da Babitonga onde foram efetuados os lançamentos das partículas representando os ovos (losângulos azuis) e larvas (triângulos vermelhos) de peixes. Datum: WGS, coordenadas geográficas em UTM. Fonte: Martins (2011). 20 3.5 Avaliação das áreas prioritárias para a conservação na baía da Babitonga A definição das áreas prioritárias para a conservação foi realizada de acordo com a avaliação da baía da Babitonga para diversos objetivos e critérios que auxiliam a definir Áreas Marinhas Protegidas (AMP), baseado no método COMPARE proposto por Hockey & Branch (1997). O uso do estuário e possíveis impactos associados ao ambiente foram levantados através de saída de campo, onde a área da baía associada aos pontos amostrais foi percorrida. Em seguida, como sugerido por Salm et al. (2000), foram compiladas características sobre o ecossistema e a distribuição das espécies, bem como presença de espécies raras, ameaçadas e/ou explotadas, importância da área para as pessoas, necessidades espécíficas de conservação e tipo de uso do estuário e ameaças. Assim, com bases nesses aspectos, as áreas prioritárias para a conservação podem ser classificadas em forma de um zoneamento de acordo com os diferentes tipos de uso do ambiente. No presente estudo o zoneamento proposto foi baseado em Asmus et al. (1988), Asmus et al. (1989), Clark (1996), Salm et al. (2000) e Tagliani (2007). O método para a avaliação das áreas prioritárias para a conservação foi adaptado dos modelos propostos por Hockey & Branch (1997), Roberts et al. (2003a), Roberts et al. (2003b) e Salm et al. (2000). De acordo com os autores, para o design de uma área protegida é necessário proteger os componentes funcionais e estruturais da biodiversidade assim como contribuir para o manejo pesqueiro. Dentre estes objetivos, existem objetivos secundários e critérios que devem ser considerados, os quais são apresentados a seguir. 3.5.1 Definição dos objetivos Proteção da Biodiversidade O principal objetivo das Áreas Marinhas Protegidas (AMP) é a manutenção da biodiversidade (Hockey & Branch, 1997). Para o presente trabalho os objetivos secundários para a proteção da biodiversidade foram definidos a partir de modificações dos conceitos estabelecidos e propostos por Hockey & Branch (1997), Roberts et al. (2003a) e Roberts et al. (2003b). Objetivo 1 – Heterogeneidade de habitats: os diferentes tipos de habitats costeiros (e.g. estuários, dunas, praias arenosas e costões rochosos) suportam diferentes espécies, assim, 21 escolhendo uma área que inclua uma ampla variedade de habitats, maximiza-se o número de espécies e comunidades conservadas. Objetivo 2 – Assegurar proteção de espécies raras, endêmicas ou ameaçadas protegendo seus habitats: a presença de espécies raras, ameaças e endêmicas, ou populações com composição genética única reforçam a necessidade de se proteger uma área. Dependendo dos objetivos da área protegida, a presença de algumas espécies pode receber maior peso do que outras. Objetivo 3 – Proteger áreas essenciais para o desenvolvimento dos estágios de vida vulneráveis de espécies costeiras: a inclusão de áreas onde uma espécie é vulnerável ou áreas que são vitais para o ciclo de vida agregam valor para a conservação. Exemplos típicos são áreas de desova de espécies comercialmente importantes ou locais onde determinadas espécies se agregam para a reprodução e assim, tornam-se vulneráveis. Uma área identificada como essencial para um estágio de vida crítico deve ser prioritária como candidata para conservação. Manejo Pesqueiro No que se refere ao manejo pesqueiro, o primeiro objetivo de uma AMP é prover refúgio para espécies explotadas, com a intenção de incrementar os estoques de áreas adjacentes (Bennett & Attwood, 1991; Hockey & Branch, 1997). As AMP podem auxiliar no manejo pesqueiro de diversas formas, dependendo dos recursos, pescarias e sistemas de gestão utilizados (National Research Council, 2001). Para o presente trabalho os objetivos secundários para o manejo pesqueiro foram definidos com base em modificações feitas a partir de Hockey & Branch (1997), Roberts et al. (2003a) e Roberts et al. (2003b). Objetivo 4 – Proteger espécies explotadas em locais onde são vulneráveis: espécies possuem estágios inicias do ciclo de vida que são extremamente vulneráveis; é essencial que as áreas de berçário e áreas de agregação e desova sejam protegidas (National Research Council, 2001). Objetivo 5 – Prevenir a sobre-explotação provendo áreas de refúgio para espécies explotadas: as áreas marinhas protegidas podem reduzir o esforço pesqueiro e assim, a mortalidade, e garantir a diversidade genética intraespecífica. Entretanto, é eficaz somente para espécies sedentárias. 22 3.5.2 Definição dos Critérios Vários critérios podem ser utilizados para avaliar o grau no qual diferentes AMP preenchem os objetivos específicos, e assim, podem ser utilizados para desenvolver um sistema hierárquico para a comparação entre elas (Hockey & Branch, 1997). Para o presente trabalho os critérios foram definidos com base em modificações feitas a partir de Hockey & Branch (1997), Roberts et al. ( 2003a) e Roberts et al. ( 2003b). Critério 1 – Diversidade de habitats, incluindo a presença de habitats frágeis: praias arenosas, costões rochosos, estuários, lagoas e dunas possuem comunidades bióticas completamente diferentes, e mesmo dentre essas categorias de habitat, a composição da comunidade varia com a geologia e/ou a exposição de ondas. Uma área que incorpora uma grande variedade de habitats irá suportar uma maior diversidade de espécies do que uma paisagem uniforme. Exemplos de habitats frágeis são manguezais, recifes de coral e dunas vegetadas. A inclusão de habitats vulneráveis e/ou frágeis reforça a proclamação de uma AMP. Critério 2 – Ameaças antrópicas e/ou naturais: idealmente, as AMP não devem ser planejadas onde estão sujeitas a impactos antrópicos; porém sua presença pode ajudar a mitigar as ameaças, ou seja, áreas protegidas cuja presença irá minimizar impactos existentes são de alto valor. Áreas que são fontes de episódios de catástrofes, quando podem ser identificados, devem ser evitadas como áreas protegidas. Caso estejam presentes em uma ampla região, tem-se a necessidade de se proteger uma grande porção da área, além da criação de uma rede de reservas. Critério 3 – A área a ser conservada está em condições naturais ou é restaurável: Caso uma área esteja impactada ao ponto de não funcionar para o propósito de conservação e não haja como restaurá-la, ela deve ser descartada como candidata a AMP. Critério 4 – Tamanho da área a ser conservada: quanto menor uma AMP, mais ela será impactada por eventos das áreas adjacentes. Entretanto, o tamanho mínimo efetivo de uma AMP é associado aos seus objetivos, como exemplo, AMP pequenas são interessantes quando se tem como objetivo exportação para áreas de pesca e incremento da produção adjacente. Por outro lado, AMP pequenas podem não suportar populações que são grandes o bastante para persistir, especialmente no caso de espécies móveis. Se as populações não conseguem se manter, a AMP não irá servir para nenhum dos principais objetivos, seja 23 manejo pesqueiro ou a conservação. Assim, o tamanho pode depender das espécies envolvidas e das condições oceanográficas locais. Critério 5 – Importância da área para as espécies de peixes: o grau no qual certas espécies comercialmente exploradas dependem da área. Este critério reforça a necessidade da conservação de habitats críticos para áreas de alimentação, reprodução, migração e descanso para diversas espécies. Esses habitats necessitam de manejo para suportarem estoques explotados. Critério 6 – Importância da área a ser conservada para a atividade pesqueira: o número de pescadores dependentes e o tamanho da produção pesqueira. Quanto maior a dependência dos pescadores na área e maior a produção de peixes se torna mais importante a conservação correta da área e assim, assegurar que a atividade seja sustentável. Critério 7 – Estágios de vida vulneráveis: Muitas espécies de peixes são vulneráveis aos efeitos da explotação e perda do habitat, principalmente se estas se agregam para reprodução ou alimentação. Se uma área é vital para um estágio de vida crítico, esta deve ser uma forte candidata para AMP. Critério 8 – Unidade de Conservação terrestre na área adjacente: O manejo de uma AMP sempre será mais fácil se a sua área adjacente terrestre for protegida. Critério 9 – Área de alta abundância de ovos de peixes: a área possui alta abundância de ovos de peixes, sendo esse aspecto indicativo de desova no local. Critério 10 – Área de alta abundância de larvas de peixes: a área possui alta abundância de larvas de peixes, indicando que o local serve como área de desenvolvimento para estágios iniciais de peixes, tanto de importância ecológica como econômica. Critério 11 – Área de retenção de ictioplâncton: considerando uma AMP onde os objetivos pesqueiros são multiespecíficos ou a nível ecossistêmico, deve-se considerar uma abordagem semelhante a da conservação da biodiversidade. Critério 12 – Área de alto número de taxa no ictioplâncton: a área possui alto número de taxa de larvas de peixes, indicando os diferentes padrões de uso pelas espécies durante o estágio larval. A partir dos objetivos e critérios estabelecidos para a definição das áreas prioritárias para a conservação na baía da Babitonga, foi gerado uma tabela, adaptada da metodologia COMPARE (Criteria and Objectives for Marine Protected AReas Evaluation) proposta por Hockey & Branch (1997), sendo que os critérios 9, 10, 11 e 12 foram formulados para a proposta do presente estudo. 24 Essa metodologia cruza os objetivos com os critérios apropriados: nem todos os critérios são relevantes para todos os objetivos. Aqueles que são irrelevantes não foram preenchidos. O grau no qual cada critério é relevante para cada objetivo foi classificado usando os seguintes valores: 0: não efetivo 1: moderamente efetivo 2: altamente efetivo No caso do critério presença de ameaças antrópicas e/ou naturais o valor varia de zero a dois da seguinte forma: 0: área impactada 1: área com pouco impacto 2: área sem impacto Uma vez que a matriz do COMPARE está completa e os valores foram determinados para cada critério, é possível obter um valor total para cada objetivo (A). Assim, o valor máximo que um objetivo pode alcançar irá depender do número de critérios usados para a avaliação. Para uma rápida revisão, o grau no qual os dois objetivos principais (Conservação da biodiversidade e Manejo pesqueiro) estão sendo alcançados, os totais e porcentagens para cada um desses grupos são obtidos (B). A relevância para cada critério e objetivo foi determinada subjetivamente pelo pesquisador, sendo que os valores para cada critério foram baseados em resultados obtidos no presente estudo, bem como informações da literatura, i.e. IBAMA (1998), Rodrigues (2000), Cremer et al. (2006); Gerhardinger et al. (2006b); IBAMA (2007); SouzaConceição (2008); Araújo (2009); Costa & Souza-Conceição (2009); Gerhardinger et al (2009); Santos (2009); Bordin (2010). 25 4. RESULTADOS 4.1 Condições ambientais da baía da Babitonga Temperatura De maneira geral, a temperatura apresentou um padrão sazonal definido ao longo do estudo, ou seja, maiores temperaturas associadas aos meses de verão (24-27ºC) e mais baixas associadas aos meses de inverno (19-22ºC). Em relação aos estratos da coluna d’água, superfície e fundo, a variação foi discreta, sendo os valores mais elevados registrados na superfície. Espacialmente, foi observado um gradiente do setor externo (pontos 1, 2 e 3) para o interno (pontos 7, 8 e 9) da baía da Babitonga, com temperaturas mais elevadas no setor interno, exceto para o mês de fevereiro (Figura 4). As análises de variância permitiram verificar variação significativa da temperatura entre os meses de coleta (Tabela IV), enquanto que para os pontos e estratos da coluna d’água (superfície e fundo) não foram verificadas variações significativas. Salinidade A salinidade apresentou variação entre pontos amostrais, podendo ser observado um gradiente decrescente do setor externo para o setor interno do estuário (Figura 5). Em relação aos estratos da coluna d’água, houve variação discreta, com valores mais altos no fundo. Ao longo dos meses estudados, foram registrados valores de salinidade mais elevados nos meses de inverno (26-36), enquanto que valores mais baixos estiveram relacionados com os meses de verão (10-33). As análises de variância permitiram assinalar variação significativa tanto entre os pontos amostrais quanto entre os meses de coleta, porém entre os estratos da coluna d’água (superfície e fundo) não foram verificadas variações significativas (Tabela IV). 26 Novembro 2007 28 26 26 26 24 22 24 22 20 18 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 24 22 20 18 0 18 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 4 5 6 7 Fevereiro 2008 Abril 2008 Maio 2008 26 26 26 24 22 20 Temperatura (ºC) 28 24 22 20 18 3 4 5 6 7 8 9 10 8 9 10 8 9 10 24 22 20 18 2 3 Pontos Amostrais 28 1 2 Pontos Amostrais 28 0 1 Pontos Amostrais Temperatura (ºC) Temperatura (ºC) Temperatura (ºC) 28 20 18 0 1 Pontos Amostrais 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 Pontos Amostrais 1 2 3 4 5 6 7 Pontos Amostrais Agosto 2008 Julho 2008 28 28 26 26 Temperatura (ºC) Temperatura (ºC) Janeiro 2008 28 Temperatura (ºC) Temperatura (ºC) Outubro 2007 24 22 Superfície Fundo 24 22 20 20 18 18 0 1 2 3 4 5 6 7 Pontos Amostrais 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pontos Amostrais Figura 4: Variação da temperatura em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga. 27 Tabela IV: Resultados do teste não paramétrico Kruskal-Wallis e paramétrico ANOVA para a temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido (OD), pH e transparência. (*: variância significativamente diferente com p<0,05; out: outubro; nov: novembro; jan: janeiro; fev: fevereiro; abr: abril; mai: maio; jul: julho; ago: agosto; sup: superfície; fun: fundo; ns: não significativo; -: não aplicável). ANOVA/Kruskal-Wallis Fonte de Variação Ponto amostral Superfície/Fundo Mês de coleta Temperatura 0,99 0,28 0,00* Salinidade OD pH 0,00* 0,83 0,15 0,29 0,01* 0,62 0,00* 0,00* 0,00* Teste de Dunn / Teste de Tukey Transparência 0,06 0,00* Temperatura Salinidade OD pH Transparência Ponto amostral - 1-6; 1-8; 1-9; 2-8; 2-9; 3-9 - - - Superfície/Fundo - - sup-fun - - out-jan; out-fev; out-ago; nov-jan; nov-fev; nov-ago; jan-jul; jan-ago; fev-jul; fev-ago; abr-jul; abr-ago out-jul; nov-jul; jan-fev; jan-jul; fev-abr; fev-jul; fev-ago; abr-jul out-nov; out-jan; out-fev; nov-jan; nov-fev out-fev; nov-fev; jan-fev; jan-abr; fev-abr out-jan; novjan; jan-abr; jan-mai; jan-jul; fev-abr; abr-ago Ns p<0,01* Ns 0,31 0,20 0,04* - 0,52 0,00* Dunn Tukey Dunn Dunn Mês de coleta Pré-requisitos ns Homogeneidade² Ponto amostral 0,99 0,29 Superfície/Fundo 0,00* 0,26 Mês de coleta 0,68 0,00* Testes post hoc Ponto amostral Tukey Superfície/Fundo Mês de coleta Dunn Dunn 1) teste de Kolmogorov-Smirnov; 2) teste de Barllet. Normalidade¹ ns 28 Novembro 2007 40 35 35 35 30 30 30 20 15 Salinidade 40 25 25 20 15 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 20 10 0 1 2 Pontos Amostrais 3 4 5 6 7 8 9 0 Abril 2008 35 35 30 30 30 20 15 Salinidade 35 Salinidade 40 25 25 20 15 10 3 4 5 6 7 8 9 4 5 6 7 1 2 Pontos Amostrais 3 4 5 6 7 8 9 40 35 35 30 30 Salinidade 40 1 2 3 4 5 6 7 Pontos Amostrais 25 20 Superfície Fundo 15 10 10 0 1 2 3 4 5 6 Pontos Amostrais 7 8 9 9 20 Agosto 2008 Julho 2008 15 8 25 0 Pontos Amostrais 20 9 10 0 25 8 15 10 2 3 Maio 2008 40 1 2 Pontos Amostrais 40 0 1 Pontos Amostrais Fevereiro 2008 Salinidade 25 15 10 0 Salinidade Janeiro 2008 40 Salinidade Salinidade Outubro 2007 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Pontos Amostrais Figura 5: Variação da salinidade em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga. 29 Oxigênio Dissolvido Para os meses de outubro e novembro de 2007 e janeiro e fevereiro de 2008, o oxigênio dissolvido variou entre os pontos amostrais, entretanto, não foi observado um padrão de variação espacial (Figura 6). Em relação aos estratos da coluna d’água, os valores mais elevados foram registrados para o fundo, exceto no mês de fevereiro. Para os meses de outubro e novembro de 2007 foram verificados as maiores concentrações de oxigênio dissolvido (5-8mg/L). As análises de variância permitiram identificar variações significativas (p<0,05) entre os meses de coleta e entre superfície e fundo, porém não foi registrada variação significativa entre os pontos amostrais (Tabela IV). pH Dentre os meses e pontos amostrais, o pH variou de forma discreta entre os estratos da coluna d’água, mantendo-se em geral em torno de 8, exceto para o mês de janeiro de 2008, quando no ponto amostral 1 o valor do pH chegou próximo de 6 (Figura 7). A análise de variância permitiu verificar variação significativa (p<0,05) entre os meses de coleta, porém entre os pontos amostrais e entre os estratos da coluna d’água não foram verificadas variações significativas (p<0,05) (Tabela IV). Transparência A transparência, apesar de não apresentar diferença significativa entre os pontos amostrais, mostrou tendência de maiores valores nos pontos amostrais de maior profundidade, ou seja, naqueles mais próximos ao setor externo do estuário (Figura 8 e Tabela IV). Com relação aos meses de coleta, foi possível assinalar variação significativa entre os dados, sendo que o mês de abril de 2008 registrou os valores mais elevados de transparência, oscilando entre 1,5 e 3,0m. 30 Outubro 2007 Novembro 2007 8 Oxigênio Dissolvido (mg/L) Oxigênio Dissolvido (mg/L) 8 7 6 5 4 6 5 4 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 Pontos Amostrais Pontos Amostrais Janeiro 2008 Fevereiro 2008 8 9 8 Oxigênio Dissolvido (mg/L) 8 Oxigênio Dissolvido (mg/L) 7 7 6 5 4 Superfície Fundo 7 6 5 4 0 1 2 3 4 5 6 Pontos Amostrais 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Pontos Amostrais Figura 6: Variação do oxigênio dissolvido em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a fevereiro de 2008 na baía da Babitonga. 31 Novembro 2007 Janeiro 2008 14 14 12 12 12 10 10 10 8 8 8 6 pH 14 pH pH Outubro 2007 6 6 4 4 4 2 2 2 0 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 0 1 2 3 4 5 6 Pontos Amostrais Pontos Amostrais Fevereiro 2008 Abril 2008 12 12 10 10 8 8 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 Pontos Amostrais pH 14 pH 14 7 6 6 4 4 2 2 0 Superfície Fundo 0 0 1 2 3 4 5 6 Pontos Amostrais 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Pontos Amostrais Figura 7: Variação do pH em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga. 32 8 9 Novembro 2007 3,0 2,5 2,5 2,5 2,0 1,5 1,0 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 0 0,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 3 4 5 6 Pontos Amostrais Fevereiro 2008 Abril 2008 Maio 2008 3,0 2,5 2,5 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 Transparência (m) 3,0 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 Pontos Amostrais 3 4 5 6 7 8 9 3,0 2,5 2,5 Transparência (m) 3,0 1 2 3 4 5 6 Pontos Amostrais 2,0 1,5 1,0 0,0 0,0 0 1 2 3 4 5 6 7 Pontos Amostrais 8 9 8 9 1,0 0,5 0,5 7 1,5 Agosto 2008 Julho 2008 1,0 9 2,0 0 Pontos Amostrais 1,5 8 0,0 0 2,0 7 0,5 0,0 1 2 Pontos Amostrais 3,0 0 1 Pontos Amostrais Transparência (m) Transparência (m) Transparência (m) 3,0 0,5 Transparência (m) Janeiro 2008 3,0 Transparência (m) Transparência (m) Outubro 2007 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Pontos Amostrais Figura 8: Variação da transparência em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga. 33 Clorofila a A concentração de clorofila a variou entre os pontos amostrais, tendo no setor interno a ocorrência dos maiores valores (20-30µg/L), porém esta variação não foi significativa (p<0,05) (Tabela V, Figura 9). Entre os meses de coleta foi possível observar variação significativa (p<0,05), com as maiores concentrações nos meses de verão (janeiro e fevereiro de 2008), com um incremento no mês de julho, seguido de um decréscimo no mês de agosto de 2008, quando foram obtidas as menores concentrações de clorofila a. Biovolume zooplanctônico O biovolume zooplanctônico para a rede de 200µm variou de 9,68 a 317,31ml.100m-³, enquanto que para a rede de 500µm variou de 1,70 a 45,26ml.100m-³. Com a rede de 200µm as maiores densidades ocorreram nos meses outubro e novembro de 2007 e janeiro e julho de 2008, entretanto, não foi observado um padrão de variação espacial do biovolume zooplanctônico (Figura 10). Em relação a rede de 500µm as maiores densidades ocorreram nos meses de outubro e novembro de 2007 e janeiro e maio de 2008; sendo que para essa rede também não foi verificado um padrão de variação espacial nas densidades (Figura 10). A análise de variância permitiu assinalar para ambas as redes variação significativa (p<0,05) entre os meses de coleta, enquanto que para os pontos amostrais não foi assinalado variação significativa (p<0,05) (Tabela V). 34 Tabela V: Resultados do teste não paramétrico Kruskal-Wallis e paramétrico ANOVA para a clorofila a, biovolume zooplanctônico da rede de 200µm e biovolume zooplanctônico da rede de 500µm (*: variância significativamente diferente com p<0,05; out: outubro; nov: novembro; jan: janeiro; fev: fevereiro; abr: abril; mai: maio; jul: julho; ago: agosto; ns: não significativo; -: não aplicável). ANOVA/Kruskal-Wallis Clorofila a Fonte de Variação Ponto amostral Mês de coleta Biovolume 500µm 0,07 0,42 0,25 0,00* 0,00* 0,00* Teste de Dunn / Teste de Tuckey Clorofila a Ponto amostral Biovolume 200µm Biovolume 200µm jan-ago; jan-abr; Mês de coleta fev-ago; fev-jul; jul-ago abr-jul Pré-requisitos ns Normalidade¹ ns Homogeneidade² Ponto amostral 0,00* 0,42 Mês de coleta 0,00* 0,49 Testes post hoc Ponto amostral Mês de coleta Dunn Tukey ¹teste de Kolmogorov-Smirnov; ²teste de Barllet. Biovolume 500µm out-fev; jan-fev Ns 0,36 0,01* Dunn 35 Janeiro 2008 30 30 30 20 10 Clorofila a (µg/L) 40 0 20 10 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 20 10 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 4 5 6 Maio 2008 Julho 2008 30 30 20 10 0 Clorofila a (µg/L) 30 20 10 0 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 Pontos Amostrais 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 Clorofila a (µg/L) 20 10 0 4 5 6 7 8 7 Pontos Amostrais 30 3 8 9 10 40 2 9 20 Agosto 2008 1 8 0 0 Pontos Amostrais 0 7 Abril 2008 40 2 3 Pontos Amostrais 40 1 2 Pontos Amostrais 40 0 1 Pontos Amostrais Clorofila a (µg/L) Clorofila a (µg/L) Fevereiro 2008 40 Clorofila a (µg/L) Clorofila a (µg/L) Novembro 2007 40 9 Pontos Amostrais Figura 9: Variação da clorofila a em nove pontos amostrais durante o período de novembro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga. 36 100 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 1 2 3 7 8 9 1 1 2 3 4 5 6 7 Abril 2008 Maio 2008 3 4 5 6 7 8 9 1000 100 10 1 1 2 Pontos Amostrais 3 10 1 5 6 7 Pontos Amostrais 8 9 Biovolume zooplanctônico (mL.100m-³) 100 4 5 6 7 8 9 8 9 8 9 1000 100 10 1 1 2 3 4 5 6 7 Pontos Amostrais Agosto 2008 1000 3 4 Pontos Amostrais Julho 2008 Biovolume zooplanctônico (mL.100m-³) 6 Fevereiro 2008 1 2 5 10 Pontos Amostrais 10 1 4 100 Pontos Amostrais 100 2 100 1000 Pontos Amostrais 1000 1 1000 Biovolume zooplanctônico (mL.100m-³) 1 Janeiro 2008 Biovolume zooplanctônico (mL.100m-³) Biovolume zooplanctônico (mL.100m-³) Novembro 2007 Biovolume zooplanctônico (mL.100m-³) Biovolume zooplanctônico (mL.100m-³) Biovolume zooplanctônico (mL.100m-³) Outubro 2007 1000 1000 200µm 500µm 100 10 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Pontos Amostrais Figura 10: Variação da densidade de biovolume zooplanctônico (ml.100-³) coletado com a rede de plâncton de 200µm e 500µm em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga. 37 Ictioplâncton 4.2.1 Variação espaço-temporal da abundância dos ovos de peixes No total, foram coletados 17.443 ovos de peixes, sendo que 4.154 com a rede de 200µm e 13.289 com a rede de 500µm. As densidades de ovos variaram de 0 a 3928,8.100m-³ na rede de 200µm, e de 0 a 983,2.100m-³ na rede de 500µm. As maiores densidades, para ambas as redes, estiveram associadas ao mês de novembro de 2007. Os pontos amostrais 1, 2 e 3 registraram as maiores densidades para ambas as redes (Figura 11). A análise de variância permitiu assinalar variação significativa para a densidade de ovos de peixes entre os meses de coleta, tanto para a rede de 200µm quanto para a rede de 500µm, porém, em relação aos pontos amostrais não houve variação significativa para ambas as redes (Tabela VI). Com relação a análise de variância para os dados de densidades de ovos das duas redes utilizadas no trabalho, esta não permitiu assinalar variação significativa (p<0.05) entre os dois métodos de coleta (p=0,12). Tabela VI: Resultados do teste não paramétrico Kruskal-Wallis e paramétrico ANOVA para a as densidades de ovos para a rede de 200µm e para a rede de 500µm (*: variância significativamente diferente com p<0,05; out: outubro; nov: novembro; jan: janeiro; fev: fevereiro; abr: abril; mai: maio; jul: julho; ago: agosto; ns: não significativo; -: não aplicável). ANOVA e Kruskal-Wallis Ovos 200µm Ovos 500µm Fonte de Variação Ponto amostral 0,08 0,52 Mês de coleta 0,00* 0,00* Teste de Dunn / Teste de Tuckey Ovos 200µm Ovos 500µm Ponto amostral - Mês de coleta out-ago; jan-ago; fev-jul; fev-ago; abr-ago; mai-ago out-jan; nov-jan; nov-fev; nov-abr; nov-mai; nov-jul Pré-requisitos ns ns Homogeneidade² Ponto amostral 0,73 0,08 Mês de coleta 0,01* 0,00* Testes post hoc Ponto amostral Mês de coleta Dunn Dunn ¹teste de Kolmogorov-Smirnov; ²teste de Barllet. Normalidade¹ 38 10000 1000 100 10 2 3 4 5 6 7 8 9 1000 100 10 1 2 3 4 7 8 9 100 10 1 2 3 4 5 6 7 Pontos Amostrais Fevereiro 2008 Abril 2008 Maio 2008 100 10 2 3 4 5 6 7 8 9 10000 1000 100 10 1 2 Pontos Amostrais 3 100 10 4 5 6 7 Pontos Amostrais 8 9 Densidade de ovos de peixes (nº.100m-³) 1000 3 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 100 10 3 4 5 6 7 8 9 10 1000 2 8 100 200µm 500µm 1 9 1000 Pontos Amostrais 10000 8 10000 Agosto 2008 10000 2 4 Pontos Amostrais Julho 2008 Densidade de ovos de peixes (nº.100m-³) 6 1000 Pontos Amostrais 1000 1 5 10000 Pontos Amostrais 10000 1 10000 Densidade de ovos de peixes (nº.100m-³) 1 Janeiro 2008 Densidade de ovos de peixes (nº.100m-³) Densidade de ovos de peixes (nº.100m-³) Novembro 2007 Densidade de ovos de peixes (nº.100m-³) Densidade de ovos de peixes (nº.100m-³) Densidade de ovos de peixes (nº.100m-³) Outubro 2007 9 Pontos Amostrais Figura 11: Variação da densidade de ovos de peixes (nº.100m-³) coletados com a rede de plâncton de 200µm e 500µm em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga. 39 4.2.2 Variação espaço-temporal da abundância de larvas de peixes No total foram coletadas 5.420 larvas de peixes, sendo que 3.380 com a rede de 200µm e 2.040 com a rede de 500µm. As densidades variaram de 0,00 a 2380,66 larvas.100m-³ com a rede de 200µm, e de 0 a 182,44 larvas.100m-³ com a rede de 500µm. Com a rede de 200µm as densidades mais elevadas ocorreram nos meses de novembro de 2007 e fevereiro de 2008, nos pontos de coleta mais externos e internos, respectivamente (Figuras 12). Em outubro de 2007 houve um aumento na densidade até o mês de fevereiro de 2008, e a partir de abril de 2008 ocorreu um decréscimo nas densidades. Para a rede de 500µm, as maiores densidades foram encontradas nos meses de novembro de 2007 e janeiro de 2008, nos pontos mais externos e intermediários, respectivamente (Figuras 12). Um incremento na densidade ocorreu a partir do mês de outubro de 2007 até janeiro de 2008, e a partir de fevereiro houve um decréscimo na densidade até o mês de maio de 2008. A análise de variância permitiu assinalar variação significativa para a densidade de larvas de peixes entre os meses de coleta, para ambas as redes, porém, em relação aos pontos amostrais não houve variação significativa (Tabela VII). Quando comparada as densidades de larvas coletadas entre ambas as redes utilizadas, a análise de variância apresentou variação significativa (p=0,00) entre a rede de menor (200µm) e maior malha (500µm). 40 Tabela VII: Resultados do teste não paramétrico Kruskal-Wallis e paramétrico ANOVA para a as densidades de larvas para a rede de 200µm e para a rede de 500µm (*: variância significativamente diferente com p<0,05; out: outubro; nov: novembro; jan: janeiro; fev: fevereiro; abr: abril; mai: maio; jul: julho; ago: agosto; ns: não significativo; -: não aplicável). ANOVA/Kruskal-Wallis Larvas 200µm Larvas 500µm Fonte de Variação Ponto amostral 0,50 0,96 Mês de coleta 0,00* 0,00* Teste de Dunn / Teste de Tuckey Larvas 200µm Larvas 500µm Ponto amostral - - Mês de coleta out-mai; nov-abr; nov-mai; nov-jul; nov-ago; fev-abr; fev-mai; fev-jul; fev-ago nov-abr; nov-mai; nov-jul; jan-abr; jan-mai; jan-jul; fev-mai Pré-requisitos ns ns Homogeneidade² Ponto amostral 0,68 0,91 Mês de coleta 0,02* 0,01* Testes post hoc Ponto amostral Mês de coleta Dunn Dunn ¹teste de Kolmogorov-Smirnov; ²teste de Barllet. Normalidade¹ 41 10000 1000 100 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10000 1000 100 10 1 1 2 Fevereiro 2008 10000 1000 100 10 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1000 100 10 1 0,1 4 5 6 7 8 9 10000 1000 100 10 1 1 2 1000 100 10 1 1 2 7 Pontos Amostrais 3 4 5 6 7 8 9 3 4 5 6 8 9 1000 10 1 1 2 3 4 5 6 10 1 0,1 5 6 9 100 100 4 8 1000 200µm 500µm 3 9 Maio 2008 7 Pontos Amostrais 10000 2 8 10000 Agosto 2008 1 7 Pontos Amostrais Abril 2008 Densidade de larvas de peixes (n°.100m-³) Densidade de larvas de peixes (nº.100m-³) 10000 3 6 Pontos Amostrais Julho 2008 2 5 10000 Pontos Amostrais 1 4 Janeiro 2008 Pontos Amostrais Densidade de larvas de peixes (nº.100m-³) Densidade de larvas de peixes (nº.100m-³) Pontos Amostrais 3 Densidade de larvas de peixes (nº.100m-³) 1 Novembro 2007 Densidade de larvas de peixes (nº.100m-³) Densidade de larvas de peixes (nº.100m-³) Densidade de larvas de peixes (nº.100m-³) Outubro 2007 7 8 9 Pontos Amostrais Figura 12: Variação da densidade de larvas de peixes (nº.100m-³) coletadas com a rede de plâncton de 200µm e 500µm em nove pontos amostrais durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga. 42 4.2.3 Composição das larvas de peixes Um total de 59 taxa foram identificados, compreendendo 11 registros a nível de família, 18 a nível de gênero e 30 a nível de espécie (Tabela VIII). A rede de 200µm permitiu identificar 45 taxa, enquanto 48 taxa foram identificados pela rede de 500µm. Deste total, 11 taxa foram de ocorrência restrita a rede de 200µm e 14 para a rede de 500µm. As famílias com maior número de taxa foram Sciaenidae (n= 9) e Carangidae (n= 6). Com relação a guilda ecológica dos taxa identificados, a maioria compreendeu peixes marinho-estuarinos (24 espécies), seguido de espécies marinhas (5 espécies) e estuarinas (1 espécie). A posição vertical mais comum encontrada para as espécies identificadas foi associada ao fundo (22 espécies demersais), sendo as demais representadas por 5 pelágicas e 3 bentopelágicas. O hábito alimentar dominante compreendeu a zona bentônica com 7 espécies bentofágicas, 9 bentofágicas/piscívoras e 1 bentofágica/planctofágica, seguido de 4 espécies planctofágicas, 3 planctofágicas/piscívora e 1 omnívora (Tabela IX). Variação espaço-temporal Os taxa mais abundantes coletados com a rede de 200µm foram Engraulidae, Gobiidae, Haemulidae, S. cristata, Cynoscion spp. e P. pilicornis, perfazendo do total de 94,72% das larvas de peixe amostradas (Tabela X). Por outro lado, para a rede de 500µm os taxa mais abundantes foram Engraulidae, M. meeki, Gobiidae e C. chrysurus, que contribuíram com 81,56% do total (Tabela XI). Em relação a variação espacial dos taxa mais abundantes, Engraulidae apresentou tendência de redução da abundância em direção as áreas mais internas do estuário, tanto para indivíduos coletados com a rede de 200µm como para a de 500µm (Figura 13). Por outro lado, larvas de Gobiidae e Haemulidae revelaram incremento na abundância, para ambas as redes, nos pontos mais internos da baía. S. cristata (200µm) foi registrada com elevada abundância tanto na região externa quanto na interna da baía da Babitonga, enquanto que a alta abundância de Cynoscion spp. (200µm) esteve concentrada nos pontos mais externos. Umbrina spp. (200µm) teve ocorrência somente nos pontos intermediários e internos, sem apresentar um padrão de distribuição definido, e P. pilicornis (200µm) teve alta abundância somente em pontos restritos. Por outro lado, M. meeki (500µm) apesar do alto número de larvas registrado no ponto 4, apresentou tendência de queda na abundância em direção ao setor interno do estuário, enquanto que C. chrysurus (500µm) ocorreu somente nos pontos intermediários e internos da baía. A distribuição espacial dos taxa com menor abundância segue descrita nas Tabelas IX e X. 43 Tabela VIII: Tabela taxonômica das larvas de peixes identificadas na baía da Babitonga durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008. Família Espécie Nome vulgar Engraulidae Clupeidae Ariidae Syngnathidae Centropomidae Serranidae Anchoa sp. Cetengraulis edentulus (Cuvier, 1829) Lycengraulis grossidens (Agassiz, 1829) Ophistonema oglinum (Lesueur, 1818) Genidens barbus (Lacèpede, 1803) Syngnathus spp. Hippocampus reidi (Ginsburg, 1933) Hippocampus erectus (Perry, 1810) Centropomus spp. manjuba manjuba manjubão sardinha-bandeira bagre-branco peixe-cachimbo cavalo-marinho cavalo-marinho robalo Serranus sp. Carangidae Chloroscombrus chrysurus (Linnaeus, 1766) Hemicaranx amblyrhynchus (Cuvier, 1833) Oligoplites sp. Pseudocaranx dentex (Bloch & Schneider, 1801) Selene setapinnis (Mitchill, 1815) Selene vomer (Linnaeus, 1758) palombeta vento-leste guaivira garapoá peixe-galo peixe-galo-de-penacho Eucinostomus sp. carapicu Haemulon spp. Orthopristis ruber (Cuvier, 1830) corcoroca corcoroca Archosargus sp. sargo-de-dente Lutjanidae Gerreidae Haemulidae Sparidae Sciaenidae Bairdiella ronchus (Cuvier, 1830) Cynoscion spp. Isophistus parvipinnis (Cuvier, 1830) Larimus breviceps (Cuvier, 1830) Macrodon ancylodon (Bloch & Schneider, 1801) Micropogonias furnieri (Desmarest, 1823) Pogonias cromis (Linnaeus, 1766) Stellifer spp. Umbrina spp. Dactyloscopidae Dactyloscopus sp. Blenniidae Hypleurochilus fissicornis (Quoy & Gaimard, 1824) Omobranchus punctatus (Valenciennes, 1836) Parablennius pilicornis (Cuvier, 1829) Scartella cristata (Linnaeus, 1758) Gobiesocidae Gobiesox strumosus (Cope, 1870) Gobiidae Microgobius meeki (Evermann & Marsh, 1899) Microdesmidae Microdesmus longipinnis (Weymouth, 1910) Ephippidae Chaetodipterus faber (Broussonet, 1782) Stromateidae Peprilus paru (Linnaeus, 1758) roncador pescadinha oveva pescada corvina miraguaia cangoá mira-céu-da-areia macaco macaco marachomba paru, enxada gordinho 44 (continuação Tabela X) Paralichthidae Achiridae Tetraodontidae Diodontidae Citharichthys spp. Etropus sp. Paralichthys spp. Paralichthys brasiliensis (Ranzani, 1842) Achirus spp. Trinectes spp. Trinectes paulistanus (Miranda Ribeiro, 1915) Sphoeroides spp. Cyclichthys spinosus (Linnaeus, 1758) linguado linguado linguado linguado linguado linguado linguado baiacu baiacu-de-espinho 45 Tabela IX: Guilda vertical (D: demersal, P: pelágico, BP: bentopelágico), hábito alimentar (B: bentofágico, P: planctofágico, BP: bentofágico/piscívoro, O: omnívoro, BPl: bentofágico/planctofágico, PP: planctofágico/piscívoro) e ambiente de ocorrência (ME: marinho/estuarino, M: marinho, E: estuarino) dos taxa de larvas de peixes coletados na baía da Babitonga (SC) entre outubro de 2007 e agosto de 2008, baseada em: 1: Figueiredo & Menezes (1978), 2: Figueiredo & Menezes (2000), 3: Menezes & Figueiredo (1980), 4: Menezes & Figueiredo (1985), 5: Fisher et al. (2004), 6: Queiroz (2005), 7: Souza-Conceição (2008), 8: Ignácio (2008), 9: Santos (2009), 10: Froese & Pauly (2011), 11: Antunes (2010), 12: Fahay (2007), 13: Richards (2006). Família Espécie P P P D D D P BP P BP D - P PP PP O P P PP B BPl BP BP - ME ME ME M ME ME ME ME ME ME ME - D BP ME Archosargus sp. - - - Bairdiella ronchus D BP ME Cynoscion spp. Isophistus parvipinnis Larimus breviceps Macrodon ancylodon D D D BP O BP ME ME ME Micropogonias furnieri D BP ME Pogonias cromis Stellifer spp. Umbrina spp. Dactyloscopus sp. D - BP - ME - Engraulidae NI Clupeidae Ariidae Syngnathidae Centropomidae Serranidae NI Anchoa sp. Cetengraulis edentulus Lycengraulis grossidens Ophistonema oglinum Genidens barbus Syngnathus spp. Hippocampus reidi Hippocampus erectus Centropomus spp. Serranus sp. Carangidae NI Chloroscombrus chrysurus Hemicaranx amblyrhynchus Oligoplites sp. Pseudocaranx dentex Selene setapinnis Selene vomer Lutjanidae NI Gerreidae NI Eucinostomus sp. Haemulidae NI Haemulon spp. Orthopristis ruber Sparidae NI Sciaenidae NI Dactyloscopidae Guilda Hábito Ocorrência Vertical Alimentar Ref. Bib. 7, 8, 10, 11 1, 7, 8, 9, 11 10, 12 1; 5; 6; 9 7, 10 10 3; 5; 6; 8; 9; 11 10,13 10,13 10,13 10 3; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 13 3; 7; 9; 8; 10; 11; 13 6, 8; 9; 11; 13 10 10,13 3; 6; 8; 9; 10; 11; 13 10,13 - 46 (continuação Tabela IX) Microgobius meeki Microdesmus longipinnis D D D D D D D B B BP P - M ME M M ME ME M Blenniidae NI Gobiesocidae Gobiidae NI Microdesmidae Hypleurochilus fissicornis Omobranchus punctatus Parablennius pilicornis Scartella cristata Gobiesox strumosus Ephippidae Stromateidae Paralichthidae NI Chaetodipterus faber BP B ME Peprilus paru Achiridae Citharichthys spp. Etropus sp. Paralichthys spp. Paralichthys brasiliensis Achirus spp. Trinectes spp. Trinectes paulistanus Sphoeroides spp. Cyclichthys spinosus D D D D B B B - ME E ME ME Tetraodontidae Diodontidae 10 10 10 10 7; 10; 13 7; 10; 13 10; 13 4; 7; 8; 10; 11; 13 9; 10; 13 7; 10; 13 2; 6; 9; 10; 11 9; 10; 11 47 Tabela X: Densidade média e porcentagem (%) para os taxa coletados com a rede de 200µm em nove pontos amostrais na baía da Babitonga durante outubro de 2007 e agosto de 2008. Taxa Engraulidae NI Gobiidae NI Haemulidae NI Cynoscion sp. Scartella cristata Parablennius pilicornis Umbrina sp. Stellifer sp. Blenniidae NI Paralichthys sp. Achirus sp. Omobranchus punctatus Sciaenidae NI Paralichthyidae NI Citharichthys sp. Oligoplites sp. Micropogonias furnieri Bairdiella ronchus Orthopristis ruber Microdesmus longipinnis Chloroscombrus chrysurus Microgobius meeki Haemulon sp. Gerreidae NI Cetengraulis edentulus Archosargus sp. Hypleurochilus fissicornis Sphoeroides sp. Peprilus paru Serranidae NI Ophistonema oglinum Serranus sp. Isopisthus parvipinnis Trinectes paulistanus Trinectes sp. Macrodon ancylodon Gobiesox strumosus Pogonias cromis Dactyloscopus sp. Chaetodipterus faber Anchoa sp. Sparidae NI Carangidae NI Lutjanidae NI Syngnathus sp. Total 1 2 3 4 5 211,96 290,42 101,72 170,52 116,47 27,59 20,56 96,73 108,50 6 7 84,68 82,78 8 Total % 1157 40,12 19,50 111,05 164,90 71,46 125,69 100,00 15,05 655,8 22,74 20,32 174,35 603,1 20,91 102,1 3,54 97,5 3,38 70,85 2,46 4,63 45,29 1,57 10,46 15,48 0,54 38,35 26,98 36,33 5,79 28,52 7,09 36,39 6,80 7,00 2,95 2,94 41,60 11,61 2,66 5,46 8,54 4,91 4,98 17,74 41,62 17,01 9,69 1,94 0,59 1,94 12,16 0,81 1,26 9 38,11 60,18 1,42 14,67 7,61 89,51 12,00 3,47 2,34 4,57 14,18 14,18 0,49 3,22 0,76 1,98 12,27 0,43 0,97 1,22 1,86 1,15 11,21 0,39 3,68 0,64 8,48 0,29 1,37 0,59 8,3 0,29 7,61 0,26 7,35 0,25 6,69 0,23 6,15 0,21 5,39 0,19 5,16 0,18 4,55 0,16 3,62 0,13 3,82 0,13 3,12 0,11 3,11 0,11 2,72 0,09 2,35 0,08 2,08 0,07 2,01 0,07 1,91 0,07 1,42 1,42 0,05 1,42 1,42 0,05 1,26 1,26 0,04 1,26 1,26 0,04 1,15 0,04 6,31 3,78 1,42 0,81 3,58 1,21 2,7 3,78 2,97 2,60 2,21 0,58 1,28 1,12 4,34 1,02 1,13 0,60 0,65 0,81 2,52 0,69 0,64 0,59 1,29 3,03 1,02 0,64 2,73 2,08 1,15 1,54 2,43 0,66 0,65 1,16 0,6 1,86 1,26 0,60 2,33 0,59 0,69 0,77 1,86 1,48 0,66 0,97 0,60 0,58 1,26 1,54 1,09 0,64 1,44 2,01 0,74 1,17 1,15 1,1 0,04 0,97 1,10 0,97 0,03 0,97 0,97 0,03 0,81 0,81 0,03 0,80 0,8 0,03 0,69 0,02 0,64 0,02 0,61 0,02 0,60 0,6 0,02 0,60 0,6 0,02 0,28 0,01 0,69 0,64 0,61 0,28 456,62 514,57 183,84 376,68 357,64 214,53 408,95 259,33 111,4 2884 100,00 48 Tabela XI: Densidade média e porcentagem (%) para os taxa coletados com a rede de 500µm em nove pontos amostrais na baía da Babitonga durante outubro de 2007 e agosto de 2008. Taxa 1 2 3 Engraulidae 27,32 27,01 11,74 Microgobius meeki 1,38 1,09 Gobiidae 0,16 1,66 1,00 Chloroscombrus chrysurus 0,59 0,26 Stellifer sp. 0,96 0,82 0,48 Parablennius pilicornis 0,15 0,54 Haemulidae 0,57 0,34 0,15 Cynoscion sp. 1,20 Hypleurochilus fissicornis 0,11 Achirus sp. 0,26 0,36 0,34 Omobranchus punctatus 0,41 0,51 0,31 Orthopristis ruber 0,17 0,62 0,43 Oligoplites sp. 0,18 0,19 0,07 Scartella cristata 0,85 0,24 0,10 Cetengraulis edentulus 0,08 Trinectes paulistanus Chaetodipterus faber 0,06 0,11 Ophistonema oglinum 0,35 0,24 0,10 Gobiesox strumosus 0,08 0,25 Selene setapinnis 0,58 Lycengraulis grossidens Bairdiella ronchus Sphoeroides sp. 0,09 Micropogonias furnieri 0,09 Haemulon sp. 0,08 Citharichthys sp. 0,22 Pogonias cromis Syngnathus sp. Trinectes sp. Blenniidae Archosargus sp. 0,10 Genidens barbus Hippocampus reidi 0,09 Centropomus sp. Cyclichthys spinosus Anchoa sp. 0,09 Pseudocaranx dentex 0,09 Selene vômer 0,09 Larimus breviceps 0,09 Macrodon ancylodon 0,09 Microdesmus longipinnis 0,09 Paralichthyidae Etropus sp. Paralichthys sp. 0,09 Paralichthys brasiliensis 0,09 Hemicaranx amblyrhynchus Hippocampus erectus 0,07 Eucinostomus sp. 0,07 Total 4 5 6 7 8 9 Total % 10,6 12,27 24,68 6,05 6,67 11,46 137,8 67,86 7,27 1,30 0,10 0,41 0,42 0,50 12,47 6,14 1,73 1,32 0,37 0,71 1,11 0,76 8,82 4,34 0,50 0,45 1,24 1,13 1,14 1,23 6,54 3,22 0,98 0,17 0,28 0,09 0,09 3,87 1,91 0,24 0,09 0,08 0,69 0,28 1,44 3,51 1,73 0,09 0,31 0,37 0,44 0,09 0,96 3,32 1,63 0,50 0,08 0,27 0,23 0,74 0,08 3,1 1,53 0,21 0,24 0,11 0,64 0,85 0,47 2,63 1,30 0,69 0,08 0,19 0,43 0,10 2,45 1,21 0,33 0,46 0,31 0,08 2,41 1,19 0,33 1,92 0,95 1,74 0,86 1,55 0,76 1,54 0,76 1,05 0,52 0,82 0,40 0,69 0,34 0,58 0,29 0,58 0,29 0,17 0,5 0,25 0,21 0,49 0,24 0,11 0,45 0,22 0,42 0,21 0,37 0,07 1,23 0,18 0,09 0,09 0,38 0,31 0,28 0,41 0,08 0,38 0,33 0,26 0,08 0,57 0,17 0,08 0,08 0,08 0,15 0,10 0,19 0,17 0,09 0,08 0,16 0,09 0,24 0,08 0,08 0,13 32,5 37,06 16,39 24,08 0,09 0,25 0,28 0,27 0,07 0,15 0,09 0,17 0,08 0,15 0,09 0,06 0,09 0,09 0,08 18,2 31,4 12,18 12,7 18,55 0,4 0,20 0,35 0,17 0,34 0,17 0,28 0,14 0,27 0,13 0,22 0,11 0,19 0,09 0,17 0,08 0,17 0,08 0,15 0,07 0,15 0,07 0,09 0,04 0,09 0,04 0,09 0,04 0,09 0,04 0,09 0,04 0,09 0,04 0,09 0,04 0,09 0,04 0,09 0,04 0,09 0,04 0,08 0,04 0,07 0,03 0,07 0,03 203,06 100,00 49 200µm Engraulidae Gobiidae Haemulidae 400 30 Engraulidae 25 300 Larvas.100m-³ 500µm 20 200 15 100 10 0 5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 Pontos amostrais 3 4 5 6 7 8 9 10 Pontos amostrais S. cristata Cynoscion spp. P. pilicornis Umbrina spp. 50 10 40 8 30 6 20 4 10 2 0 M. meeki 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 Pontos amostrais 3 4 5 6 7 8 9 10 Pontos amostrais 2,0 Gobiidae C. chrysurus Haemulidae 1,5 1,0 0,5 0,0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pontos amostrais Figura 13: Variação espacial do número de larvas de peixes dos taxa mais abundantes para a rede de 200µm (acima de 1%) e 500µm (acima de 2%) durante o período de outubro de 2007 e agosto de 2008 na baía da Babitonga. 50 Com relação com a variação temporal dos taxa mais abundantes, as larvas de Engraulidae (200µm e 500µm) apresentaram-se abundantes nos meses de primavera e verão, padrão similar ao verificado para M. meeki (500µm), Haemulidae (200µm) e Gobbidae (200µm) (Figura 14). Umbrina spp. (200µm) e Cynoscion spp. (200µm) ocorreram somente os meses de primavera e verão, enquanto que P. pilicornis (200µm) em novembro e agosto, sem apresentar um padrão de dstribuição temporal definido. As larvas de S. cristata (200µm) foram registradas durante todo o período de estudo, porém com tendência de incremento no número de larvas nos meses de outono e inverno, por outro lado, as larvas de C. chrysurus (500µm) apresentaram maior abundância no mês de janeiro com redução nos meses seguintes. A distribuição temporal dos taxa com menor abundância segue descrita nas Tabelas XII e XIII. 51 Tabela XII: Densidade média para os taxa coletados com a rede de 200µm na baía da Babitonga nos durante outubro de 2007 e agosto de 2008. Taxa out/07 nov/07 jan/08 fev/08 abr/08 mai/08 jul/08 ago/08 Total Engraulidae NI Gobiidae NI Haemulidae NI Cynoscion sp. Scartella cristata Parablennius pilicornis Umbrina sp. Stellifer sp. Blenniidae NI Paralichthys sp. Omobranchus punctatus Sciaenidae NI Achirus sp. Paralichthyidae NI Oligoplites sp. Citharichthys sp. Micropogonias furnieri Bairdiella ronchus Orthopristis ruber Microdesmus longipinnis Microgobius meeki Chloroscombrus chrysurus Haemulon sp. Gerreidae NI Cetengraulis edentulus Archosargus sp. Serranidae NI Hypleurochilus fissicornis Sphoeroides sp. Peprilus paru Ophistonema oglinum Serranus sp. Isopisthus parvipinnis Trinectes paulistanus Trinectes sp. Gobiesox strumosus Macrodon ancylodon Pogonias cromis Dactyloscopus sp. Chaetodipterus faber Anchoa sp. Carangidae NI Sparidae NI Lutjanidae NI Syngnathus sp. 132,12 680,31 110,74 105,12 13,08 88,40 36,66 419,59 9,46 3,64 2,14 11,24 584,21 16,27 21,2 28,11 378,27 68,03 3,46 19,62 0,52 535,48 11,63 69,01 4,12 1,24 1,31 0,56 0,66 88,53 7,72 18,41 2,42 4,82 5,63 32,98 11,68 87,86 9,14 62,98 Total 192,46 1028,29 4,20 53,84 0,86 36,68 1,61 12,69 1,06 1,1 40,25 13,75 12,60 1,12 12,6 4,48 1,42 3,38 1,72 2,28 0,72 0,67 1,86 1,08 5,65 0,69 2,38 2,46 1,54 0,58 1,14 0,52 0,57 2,35 7,53 1,08 1,37 2,34 1,08 0,53 2,16 6,77 6,6 0,65 0,72 6,52 0,72 0,91 1,19 5,47 4,8 1,16 1,61 1,03 2,17 1,76 2,76 2,24 7,37 7,06 4,60 4,62 9,81 1,66 0,77 4,58 4,04 1,31 1,05 3,39 2,69 0,54 3,23 0,62 2,78 1,90 1,37 0,87 2,77 1,05 2,42 2,08 2,08 1,26 0,65 0,57 1,12 1,91 0,69 0,58 0,66 1,04 1,84 1,78 0,66 1,7 1,26 1,26 1,12 1,12 1,12 1,12 1,02 1,02 0,97 0,97 0,87 0,87 0,86 0,86 0,72 0,72 0,71 0,71 0,62 0,62 0,57 1030,54 202,05 0,57 0,54 0,54 0,54 0,54 0,53 0,53 0,24 0,24 920,93 90,76 18,9 65,29 39,16 2560,09 52 Tabela XIII: Densidade média e porcentagem (%) para os taxa coletados com a rede de 500µm na baía da Babitonga durante outubro de 2007 e agosto de 2008. Taxa out/07 nov/07 jan/08 fev/08 abr/08 mai/08 jul/08 ago/08 Engraulidae NI Microgobius meeki Gobiidae NI Chloroscombrus chrysurus Stellifer sp. Parablennius pilicornis Haemulidae NI Cynoscion sp. Hypleurochilus fissicornis Achirus sp. Omobranchus punctatus Oligoplites sp. Scartella cristata Cetengraulis edentulus Orthopristis ruber Trinectes paulistanus Chaetodipterus faber Ophistonema oglinum Gobiesox strumosus Selene setapinnis Lycengraulis grossidens Bairdiella ronchus Sphoeroides sp. Micropogonias furnieri Haemulon sp. Pogonias cromis Citharichthys sp. Syngnathus sp. Trinectes sp. Blenniidae NI Archosargus sp. Hippocampus reidi Genidens barbus Centropomus sp. Cyclichthys spinosus Anchoa sp. Pseudocaranx dentex Selene vômer Larimus breviceps Macrodon ancylodon Microdesmus longipinnis Paralichthyidae NI Paralichthys sp. Paralichthys brasiliensis Hemicaranx amblyrhynchus Etropus sp. Hippocampus erectus Eucinostomus sp. 15,85 51,26 40,94 19,04 0,29 1,24 7,05 1,39 0,23 1,70 2,16 0,08 0,22 4,65 0,25 0,58 0,39 2,14 Total 17,67 0,77 0,08 0,06 0,09 0,13 2,83 0,13 0,24 1,86 0,25 0,48 1,44 0,69 0,06 0,22 0,46 0,42 0,77 1,40 0,06 0,08 2,31 0,08 0,18 0,08 0,78 0,08 3,46 0,46 3,11 3,05 0,50 2,68 1,42 2,34 0,26 2,13 1,54 0,23 0,84 7,86 2,19 0,14 1,15 3,60 0,09 0,19 0,15 10,72 5,82 0,08 0,15 127,30 0,75 0,12 0,08 0,21 Total 0,07 0,65 0,37 1,39 1,38 0,15 0,07 0,67 1,32 0,93 0,06 0,73 0,61 0,61 0,30 0,22 0,52 0,52 0,52 0,09 0,13 0,22 0,44 0,44 0,32 0,44 0,08 0,40 0,07 0,08 0,22 0,36 0,37 0,36 0,12 0,12 0,31 0,31 0,07 0,31 0,25 0,25 0,24 0,24 0,06 0,14 0,2 0,09 0,07 0,08 0,08 0,15 0,15 0,15 0,13 0,08 0,13 0,05 0,13 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,08 0,07 0,08 0,07 0,07 0,06 0,07 0,06 0,06 57,9 0,17 0,06 66,51 27,04 2,16 1,2 3,45 8,7 184,63 53 200µm 800 500µm Engraulidae Gobiidae Haemulidae 60 Engraulidae 50 Larvas.100m-³ 600 40 400 30 20 200 10 0 0 out nov jan fev abr mai jul ago out nov jan fev abr mai jul ago Meses de coleta Meses de coleta 80 S. cristata Cynoscion spp. P. pilicornis Umbrina spp. 60 10 M. meeki 8 6 40 4 20 2 0 0 out nov jan fev abr mai jul ago out nov jan fev abr mai jul ago Meses de coleta Meses de coleta 5 Gobiidae C. chrysurus Haemulidae 4 3 2 1 0 out nov jan fev abr mai jul ago Meses de coleta Figura 14: Variação temporal do número de larvas de peixes dos taxa mais abundantes para a rede de 200µm (acima de 1%) e 500µm (acima de 2%) durante o período de outubro de 2007 e agosto de 2008 na baía da Babitonga. 54 Estágios de desenvolvimento Em geral, a maioria das larvas coletadas estava no estágio de desenvolvimento de pré-flexão (Figura 15). Em relação aos pontos amostrais, 1, 2 e 7 foram os que apresentaram maior densidade média de larvas vitelínicas coletadas com a rede de 200µm. Os pontos 1, 2 e 5 foram os que apresentaram maior densidade média de larvas em pré-flexão, enquanto que larvas em flexão foram mais abundantes no ponto 3. As larvas em pós-flexão apresentaram baixa densidade média, tendo sido mais comum no setor interno do estuário. As larvas em pré-flexão representaram 98,5% das larvas coletadas para a rede de 200µm e 83,9% para a rede de 500µm. Poucos indivíduos encontravam-se no estágio juvenil, sendo estes representados por Syngnathus spp., H. reidi, H. erectus, G. barbus e C. chrysurus (Tabela XIV e XV). Com relação a análise de variância para o estágio de desenvolvimento das larvas de peixes coletadas entre as duas redes, esta permitiu observar variação significativa (p<0,05) entre a captura de larvas vitelínicas (p=0,00), larvas em pré-flexão (p=0,00) e em pós-flexão (p=0,00) com a rede empregada. Porém, não foi possível verificar variação significativa entre a captura de larvas em flexão (p= 0,05) e juvenis (p=0,60) com as diferentes redes usadas durante as coletas. 55 100 10 1 0,1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100 10 1 1 2 3 4 5 6 7 8 Pontos Amostrais Larvas em flexão Larvas em pós-flexão 10 1 0,1 2 1000 Pontos Amostrais 100 1 Densidade de larvas de peixe (nº.100m-³) Larvas em pré-flexão 3 4 5 6 7 Pontos Amostrais 8 9 Densidade de larvas de peixe (n.100m-³) Densidade de larvas de peixe (nº.100m-³) Densidade de larvas de peixe (nº.100m-³) Larvas vitelínicas 9 200µm 500µm 100 10 1 0,1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Pontos Amostrais Figura 15: Densidade média de larvas de peixes (nº.100m-³) por ponto amostral para cada estágio de desenvolvimento encontrado na baía da Babitonga entre outubro de 2007 a agosto de 2008. 56 Tabela XIV: Variação de tamanho (mm SL) e freqüência relativa das larvas coletadas com a rede de 200µm para diferentes estágios de desenvolvimento durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga. Taxa Engraulidae Anchoa sp. Cetengraulis edentulus Ophistonema oglinum Syngnathus sp. Serranidae Serranus sp. Carangidae Chloroscombrus chrysurus Oligoplites sp. Lutjanidae Gerreidae Haemulidae Haemulon sp. Orthopristis ruber Sparidae Archosargus sp. Sciaenidae Bairdiella ronchus Cynoscion sp. Isopisthus parvipinnis Macrodon ancylodon Micropogonias furnieri Pogonias cromis Stellifer sp. Umbrina sp. Dactyloscopus sp. Blenniidae Hypleurochilus fissicornis Omobranchus punctatus Parablennius pilicornis Scartella cristata Gobiesox strumosus Gobiidae Microgobius meeki Microdesmus longipinnis Chaetodipterus faber Peprilus paru Paralichthyidae Citharichthys sp. Paralichthys sp. Achirus sp. Trinectes sp. Trinectes paulistanus Sphoeroides sp. Total (%) Variação de Vitelínica tamanho 2,00 - 7,50 4,02 8,30 8,50 - 10,25 3,80 8,75 2,00 2,20 2,60 3,80 - 7,91 2,00 - 9,70 2,50 0,03 1,50 - 2,40 0,12 1,40 - 4,70 25,56 2,00 - 4,80 0,03 2,50 - 2,90 1,80 0,03 1,86 - 2,26 1,20 - 2,40 0,21 2,25 - 4,41 1,60 - 3,50 0,06 3,75 2,70 1,95 - 4,60 2,46 2,10 - 3,80 1,30 - 2,00 1,18 5,00 1,91 - 2,50 3,58 - 4,83 2,66 - 5,66 2,00 - 3,25 1,66 - 5,25 4,00 0,03 1,50- 4,50 4,40 - 7,70 2,00 - 2,25 3,65 1,15 - 1,90 0,06 1,90 - 2,50 0,24 1,46 - 3,00 1,70 - 3,00 0,12 1,86 - 3,60 3,30 1,90 1,80 0,03 31,75 PréFlexão Flexão 28,43 0,27 Pósflexão Jovem 0,03 0,09 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,06 0,21 0,09 0,03 0,15 0,06 0,06 0,12 2,57 0,03 0,18 0,03 0,24 0,03 0,30 0,03 0,24 1,80 2,84 28,31 0,09 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,06 0,03 0,06 0,06 0,06 0,24 0,03 0,12 0,18 0,03 0,21 0,21 0,21 0,03 0,03 0,03 66,80 0,09 0,92 0,50 0,03 57 Tabela XV: Variação de tamanho (mm SL) e freqüência relativa das larvas coletadas com a rede de 500µm para diferentes estágios de desenvolvimento durante o período de outubro de 2007 a agosto de 2008 na baía da Babitonga. Taxa Engraulidae Anchoa sp. Cetengraulis edentulus Lycengraulis grossidens Ophistonema oglinum Genidens barbus Syngnathus sp. Hippocampus reidi Hippocampus erectus Centropomus sp. Chloroscombrus chrysurus Hemicaranx amblyrhynchus Oligoplites sp. Pseudocaranx dentex Selene setapinnis Selene vômer Eucinostomus sp. Haemulidae Haemulon sp. Orthopristis ruber Archosargus sp. Bairdiella ronchus Cynoscion sp. Larimus breviceps Macrodon ancylodon Micropogonias furnieri Pogonias cromis Stellifer sp. Blenniidae Hypleurochilus fissicornis Omobranchus punctatus Parablennius pilicornis Scartella cristata Gobiesox strumosus Gobiidae Microgobius meeki Microdesmus longipinnis Chaetodipterus faber Paralichthyidae Citharichthys sp. Etropus sp. Paralichthys sp. Paralichthys brasiliensis Achirus sp. Trinectes sp. Trinectes paulistanus Sphoeroides sp. Cyclichthys spinosus Total (%) Variação de tamanho 2,10 - 8,30 15,00 7,00 - 10,75 8,2 - 13,1 3,7 - 5,2 31 - 32 7,25 - 12,98 5,2 - 5,5 28 2 3,0 - 22,0 10,12 2,66 - 4,60 2,4 3,5 8,2 10 1,4 - 2,1 2,8 - 3,9 2,0 - 4,0 1,53 - 2,35 2,4 - 3,12 2,66 - 3,62 2,5 3,73 2,3 - 6,87 2,5 - 3,2 2,4 - 5,5 2,75 - 3,80 3,05 - 7,50 2,91 - 7,5 2,50 - 3,41 2,55 - 3,40 2,65 - 4,3 1,5 - 4,8 4,00 - 11,34 2,1 2,5 - 11,75 2,5 2,4 - 3,33 4,91 2 6 1,86 - 3,58 2,66 2,25 - 2,41 1,85 - 2,5 17 - 21 Vitelínica 3,73 PréFlexão Flexão 56,23 5,88 0,10 Pósflexão 0,05 0,69 0,29 0,39 0,00 0,10 0,10 0,34 0,05 0,05 Jovem 0,10 0,15 0,10 0,05 0,29 2,94 0,05 0,05 0,20 0,05 0,05 2,21 0,10 0,15 0,98 0,10 0,25 1,72 0,05 0,05 0,10 0,20 1,27 0,15 0,83 1,08 1,72 0,83 0,25 3,97 0,05 0,10 0,10 0,05 0,10 0,05 0,25 0,10 0,49 0,20 0,10 0,05 1,08 2,16 4,36 0,05 0,10 0,05 0,20 0,05 0,05 6,13 1,18 0,05 0,10 0,25 0,10 72,84 11,08 0,05 0,10 0,39 0,10 9,51 0,44 58 Com relação aos estágios de desenvolvimento dos taxa mais abundantes, Engraulidae apresentou maior número de indivíduos em pré-flexão para ambas as redes (Figura 16). Por outro lado, pode ser observado que a participação relativa de indivíduos coletados com a rede de 500µm aumenta da primavera para o verão. Indivíduos da família Gobiidae foram encontrados nos estágios de pré-flexão e flexão, sendo o primeiro mais abundante para as duas redes (Figura 17), porém pode ser evidenciada a importância da área de estudo para larvas em pré-flexão durante o mês de fevereiro. Para a família Haemulidae, o padrão de uso do estuário é distinto devido ao predomínio do estágio vitelínico (Figura 18), revelando a proximidade dos pontos amostrais com a área de desova. Os indivíduos de S. cristata encontravam-se, em sua maioria, no estágio de préflexão, sendo registrados poucos em flexão (Figura 19), podendo ser observado a utilização do estuário pelo estágio de pré-flexão durante todo o ano. As larvas em pré-flexão de Cynoscion spp. foram as mais abundantes, exibindo um padrão de uso do estuário similar a Engraulidae, porém em menor escala (Figura 20). As larvas de P. pilicornis, foram classificadas predominantemente em pré-flexão, sem apresentar um padrão definido de presença no estuário (Figura 21). Os espécimes de M. meeki coletados foram identificados nos estágios de flexão e pós-flexão, com predominância do segundo, podendo ser observado que a espécie utiliza a área de estudo para seu desenvolvimento em diferentes épocas do ano (Figura 22). Um padrão similar pode ser observado para larvas de C. chrysurus , sendo que para esta espécie também foi registrado indivíduos jovens (Figura 23). 59 Outubro 2007 Novembro 2007 10 10 1 1 0,1 0,01 0,1 v pré f pós 10 1 0,1 v pré f pós v pré f pós Estágio de desenvolvimento Estágios de desenvolvimento Estágios de desenvolvimento Fevereiro 2008 Abril 2008 Maio 2008 100 10 100 Frequência Relativa (%) Frequência Relativa (%) 100 Frequência Relativa (%) 100 10 1 0,1 Frequência Relativa (%) Frequência Relativa (%) 100 Janeiro 2008 10 1 0,1 0,01 v pré f pós Estágios de desenvolvimento 1 0,1 0,01 v pré f pós Estágios de desenvolvimento v pré f pós Estágios de desenvolvimento Agosto 2008 Frequência Relativa (%) 10 200µm 500µm 1 0,1 0,01 v pré f pós Estágios de desenvolvimento Figura 16: Variação mensal da freqüência relativa de larvas de Engraulidae por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 200µm e 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão). 60 Outubro 2007 Novembro 2007 1 0,1 v pré f 10 1 0,1 pós v pré f pós v pré f pós Estágios de desevolvimento Estágios de desenvolvimento Estágios de desevolvimento Fevereiro 2008 Abril 2008 Maio 2008 100 10 100 Frequência Relativa (%) 100 Frequência Relativa (%) 1000 Frequência Relativa (%) Frequência Relativa (%) 10 100 10 1 10 1 1 0,1 v pré f 10 1 0,1 pós v Estagios de desenvolvimento pré f pós Estágios de desenvolvimento v pré f pós Estágios de desenvolvimento Agosto 2008 Julho 2008 100 Frequência Relativa (%) 100 Frequência Relativa (%) Janeiro 2008 100 Frequência Relativa (%) Frequência Relativa (%) 100 10 1 200µm 500µm 10 1 0,1 0,01 0,1 v pré f pós Estágios de desevolvimento v pré f pós Estágios de desenvolvimento Figura 17: Variação mensal da freqüência relativa de larvas de Gobiidae por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 200µm e 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão). 61 Outubro 2007 Novembro 2007 10 1 0,1 0,01 100 Frequência Relativa (%) 100 Frequência Relativa (%) Frequência Relativa (%) 100 10 1 0,1 0,01 v pré f v Fevereiro 2008 f pós v 10 1 0,1 pós Maio 2008 1 10 1 0,1 pós v Estágios de desenvolvimento f 100 10 0,01 pré Estágios de desenvolvimento Frequência Relativa (%) 100 f 0,1 Abril 2008 Frequência Relativa (%) Frequência Relativa (%) pré 100 pré 1 Estágios de desenvolvimento 1000 v 10 0,01 pós Estágios de desenvolvimento pré f pós Estágios de desenvolvimento v pré f pós Estágios de desenvolvimento Agosto 2008 Julho 2008 100 Frequência Relativa (%) 100 Frequência Relativa (%) Janeiro 2008 10 200µm 500µm 10 1 0,1 0,01 1 v pré f pós Estágios de desenvolvimento v pré f pós Estágios de desenvolvimento Figura 18: Variação mensal da freqüência relativa de Haemulidae por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 200µm e 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão). 62 Outubro 2007 Novembro 2007 10 10 1 1 v pré f v pré f pós v pré f pós Estágios de desenvolvimento Estágios de desenvolvimento Estágios de desenvolvimento Fevereiro 2008 Abril 2008 Maio 2008 10 100 Frequência Relativa (%) Frequência Relativa (%) 100 10 1 1 v pré f 10 1 pós v Estágios de desenvolvimento pré f pós Estagios de desenvolvimento v pré f pós Estágios de desenvolvimento Agosto 2008 Julho 2008 100 Frequência Relativa (%) 100 Frequência Relativa (%) 10 1 pós 100 Frequência Relativa (%) 100 Frequência Relativa (%) 100 Frequência Relativa (%) Frequência Relativa (%) 100 Janeiro 2008 10 200µm 500µm 10 1 1 v pré f pós Estágios de desenvolvimento v pré f pós Estágios de desenvolvimento Figura 19: Variação mensal da freqüência relativa de S. cristata por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 200µm e 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão). 63 Outubro 2007 Novembro 2008 100 Frequência Relativa (%) 10 1 10 1 v pré f pós 10 1 v pré f pós v pré f pós Estágios de desenvolvimento Estágios de desenvolvimento Estágios de desenvolvimento Fevereiro 2008 Maio 2008 Julho 2008 10 1 100 Frequência Relativa (%) 100 Frequência Relativa (%) 100 Frequência Relativa (%) Janeiro 2008 100 Frequência Relativa (%) Frequência Relativa (%) 100 10 1 v pré f pós 1 v Estágios de desenvolvimento 10 pré f pós Estágios de desenvolvimento v pré f pós Estágios de desenvolvimento Agosto 2008 Frequência Relativa (%) 100 200µm 500µm 10 1 v pré f pós Estágios de desenvolvimento Figura 20: Variação mensal da freqüência relativa de Cynoscion spp. por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 200µm e 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão). 64 Novembro 2007 Maio 2008 100 Frequência Relativa (%) Frequência Relativa (%) 100 10 1 1 v pré f pós v pré f pós Estágios de desenvolvimento Estágios de desenvolvimento Julho 2008 Agosto 2008 100 Frequência Relativa (%) 100 Frequência Relativa (%) 10 10 1 200µm 500µm 10 1 v pré f pós Estágios de desenvolvimento v pré f pós Estágios de desenvolvimento Figura 21: Variação mensal da freqüência relativa de larvas de P. pilicornis por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 200µm e 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão). 65 Outubro 2007 Novembro 2007 0,1 100 Frequência Relativa (%) 1 0,01 10 1 v pré f pós 10 1 v pré f pós Estágios de desenvolvimento Estágios de desenvolvimento Fevereiro 2008 Agosto 2008 v pré f pós Estágios de desenvolvimento 100 Frequência Relativa (%) 100 Frequência Relativa (%) Janeiro 2008 100 Frequência Relativa (%) Frequência Relativa (%) 10 10 1 200µm 500µm 10 1 v pré f pós Estágios de desenvolvimento v pré f pós Estágios de desenvolvimento Figura 22: Variação mensal da freqüência relativa de larvas de M. meeki por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 200µm e 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão). 66 Novembro 2007 Janeiro 2008 Frequência Relativa (%) 10 1 10 1 0,1 v pré f pós j 10 1 v pré f pós j Estágios de desenvolvimento Estágios de desenvolvimento Abril 2008 Maio 2008 v pré f pós 10 1 200µm 500µm 10 1 v pré f pós j Estágios de desenvolvimento v pré f pós j Estágios de desenvolvimento 100 Frequência Relativa (%) 100 Frequência Relativa (%) Fevereiro 2008 100 100 Frequência Relativa (%) Frequência Relativa (%) 100 j Estágios de desenvolvimento Figura 23: Variação mensal do número de larvas de C. chrysurus por estágio de desenvolvimento coletadas com redes de 500µm na baía da Babitonga (v: larvas vitelínicas, pré: larvas em pré-flexão, f: larvas em flexão e pós: larvas em pós-flexão). 67 Análise de agrupamento e de ordenação A análise de agrupamento da abundância dos taxa coletados com a rede de 200µm revelou um padrão de variação temporal da assembleia ictioplanctônica da baía da Babitonga (Figura 24). Nesta análise, foi identificado um grupo formado pelos meses de primavera e verão, caracterizado pela elevada abundância de indivíduos e número de taxa, sendo representado por Engraulidae, Haemulidae e Gobiidae (Tabela XVI). Um segundo grupo, representado pelos meses de abril, maio, julho e agosto de 2008, foi associado a presença dos taxa Haemulidae, S. cristata e Gobiidae. Com a análise de agrupamento para a rede de 500µm foi possível verificar padrão temporal distinto, com formação de três grupos (Figura 25). Os meses de outubro, novembro, janeiro e fevereiro identificam o primeiro grupo, composto principalmente por Engraulidae, M. meeki, Stellifer spp. Gobiidae e O. punctatus (Tabela XVI). O segundo grupo, formado pelos meses de abril e maio, foi representado basucamente por O. punctatus, C chrysurus e Engraulidae, enquanto que o terceiro grupo, composto pelos meses de julho e agosto compreendeu os blennídeos P. pilicornis, S. cristata, H. fissicornis, e Gobiidae. 68 A 20 Grupos 1 2 Bray-Curtis Similarity 40 60 80 ago jul mai abr jan out fev B nov 100 2D Stress: 0,08 ago Grupos 1 2 out jan nov mai jul fev abr Figura 24: Dendograma de similaridades entre meses, baseado em amostras coletadas com a rede de 200µm na baía da Babitonga (A) e Análise de ordenação pelo método MDS (B), utilizando a similaridade de Bray-Curtis e método de agrupamento UPGMA sobre a matriz de densidades de larvas transformadas em log (x+1). 69 0 Grupos 1 2 3 Bray-Curtis Similarity 20 40 60 80 abr ago jul mai abr fev nov jan out 100 2D Stress: 0,03 Grupos 1 2 3 mai jan out nov fev jul ago Figura 25: Dendograma de similaridades entre meses, baseado em amostras coletadas com a rede de 500µm na baía da Babitonga (A) e Análise de ordenação pelo método MDS (B), utilizando a similaridade de Bray-Curtis e método de agrupamento UPGMA sobre a matriz de densidades de larvas transformadas em log (x+1). 70 Tabela XVI: Similaridade de percentagens (SimPer) entre os grupos 1 (outubro, novembro, janeiro e fevereiro), 2 (abril, maio, julho e agosto), para as amostras de ictioplâncton com a rede de 200µm na baía de Babitonga. Taxa Similaridade média dos Dissimilaridade média grupos (%) entre os grupos (%) 1 2 1x2 56,33 49,61 64,22 Engraulidae 27,20 Gobiidae 18,45 24,57 8,30 Haemulidae 8,86 19,77 7,52 S. cristata 7,64 31,29 3,05 Cynoscion spp. 4,06 4,04 6,18 Umbrina spp. 2,77 4,58 Oligoplites spp. 2,22 2,98 B. ronchus 2,16 2,64 18,80 Paralichthys spp. 4,12 2,05 Sciaenidae 4,08 1,99 Paralichthyidae 3,02 2,30 P. pilicornis 3,87 71 Tabela XVII: Similaridade de percentagens (SimPer) entre os grupos 1 (outubro, novembro, janeiro e fevereiro) e 2 (abril, maio, julho e agosto) para as amostras de ictioplâncton coletadas com a rede de 500µm na baía de Babitonga. Taxa Similaridade média dos grupos (%) 1 2 3 49,25 27,61 * Engraulidae 68,88 14,47 M. meeki 11,21 Stellifer spp. 4,34 Gobiidae 4,08 O. punctatus 2,27 C. chrysurus Dissimilaridade média entre os grupos (%) 1x2 1x3 2x3 89,88 86,63 85,66 37,95 31,93 9,13 6,45 4,68 4,31 8,44 5,41 6,86 13,30 57,39 3,18 1,86 9,55 28,14 4,49 3,44 6,70 7,99 21,04 P. pilicornis 37,06 S. cristata 30,83 1,28 3,88 8,04 H. fissicornis 17,04 1,18 4,09 10,23 *: grupo formado por menos de 2 amostras. A análise de agrupamento para a abundância das larvas coletadas com a rede de 200µm revelou um padrão de variação espacial, onde foi possível identificar a formação de três grupos (Figura 26). O primeiro grupo foi composto pelos pontos amostrais 1 e 2, caracterizado por elevada abundância e número de taxa, o qual está associado com a ocorrência de Engraulidae, Haemulidae, Gobiidae, P. pilicornis, Cynoscion spp. e S. cristata (Tabela XVIII). O segundo grupo, representado pelos pontos amostrais 3, 4, 5, 6, 7 e 8, foi distinguido pela ocorrência de Engraulidae, Haemulidae, Gobiidae, S. cristata, Cynoscion spp., Umbrina spp. e Achirus spp.. Isoladamente, o ponto amostral 9 compôs o terceiro grupo e caracterizou-se pela baixa abundância e número de taxa, e associado a Haemulidae, Gobiidae, S. cristata e O. punctatus. Através da análise de agrupamento para a rede de 500µm foi possível verificar um padrão espacial distinto (Figura 27), composto por quatro grupos: um formado pelos pontos 1 e 2, representado por Engraulidae, Stellifer spp., O. punctatus, Haemulidae, C. chrysurus, Achirus spp., S. cristata, O. oglinum e Oligoplites spp.. Um segundo grupo foi composto pelos pelos pontos amostrais 3, 4 e 5 e representado por taxa como Engraulidae, Stellifer spp., Haemulidae, C. chrysurus, Achirus spp. M. meeki, 72 Gobiidae, H. fissicornis e O. ruber. Isoladamente, o ponto amostral 6 compôs o grupo 3, enquanto que o grupo 4 foi formado pelos pontos 7, 8 e 9, e representao por Engraulidae, Haemulidae, C. chrysurus, M. meeki, Gobiidae, H. fissicornis, P. pilicornis e T. paulistanus (Tabela XIX). 50 Grupos 1 2 3 Bray-Curtis Similarity 60 70 80 90 8 7 6 5 4 3 9 2 1 100 2D Stress: 0,06 8 7 4 Grupos 1 2 3 5 6 2 3 1 9 Figura 26: Dendograma de similaridades entre os pontos amostrais, baseado em amostras coletadas com a rede de 200µm na baía da Babitonga (A) e Análise de ordenação pelo método MDS (B), utilizando a similaridade de Bray-Curtis e método de agrupamento UPGMA sobre a matriz de densidades de larvas transformadas em log (x+1). 73 50 Grupos 1 2 3 4 Bray-Curtis Similarity 60 70 80 90 8 7 9 6 2 1 5 3 4 100 2D Stress: 0,07 4 Grupos 1 2 3 4 2 3 5 8 7 1 9 6 Figura 27: Dendograma de similaridades entre os pontos amostrais, baseado em amostras coletadas com a rede de 500µm na baía da Babitonga (A) e Análise de ordenação pelo método MDS (B), utilizando a similaridade de Bray-Curtis e método de agrupamento UPGMA sobre a matriz de densidades de larvas transformadas em log (x+1). 74 Tabela XVIII: Similaridade de percentagens (SimPer) entre os grupos 1 (pontos amostrais 1, 2 e 3), 2 (pontos amostrais 4 e 6), 3 (ponto amostral 5), 4 (pontos amostrais 7 e 8) e 5 (ponto amostral 9) para as amostras de ictioplâncton com a rede de 200µm na baía de Babitonga. Taxa Similaridade média dos grupos (%) 1 2 3 66,90 69,22 * Dissimilaridade média entre os grupos (%) 1x2 1x3 2x3 41,42 55,53 40,34 Engraulidae 21,11 23,34 5,83 4,50 3,04 Haemulidae 18,05 18,99 3,44 6,65 7,51 Gobiidae 12,09 22,01 4,74 1,40 9,02 P. pilicornis 11,39 9,98 10,65 3,84 S. cristata 9,98 9,11 4,65 10,08 11,08 Cynoscion spp. 7,54 9,10 3,61 2,99 3,35 Citharichthys spp. 5,43 5,28 4,72 Oligoplites spp. 4,59 3,74 3,92 1,15 5,54 4,05 Umbrina spp. 6,11 6,63 Achirus spp. 2,53 2,26 Blenniidae Stellifer spp. 5,13 3,66 4,37 5,10 12,62 * grupo formado com menos de 2 amostras. 75 Tabela XIX: Similaridade de percentagens (SimPer) entre os grupos 1 (pontos amostrais 1, 2, 3 e 4) e 2 (pontos amostrais 5, 6, 7, 8 e 9), para as amostras de ictioplâncton com a rede de 500µm na baía de Babitonga. Taxa Similaridade média dos grupos (%) 1 2 4 66,96 70,51 71,53 Dissimilaridade média entre os grupos (%) 1x2 37,82 1x3 38,49 2x3 43,42 1x4 48,08 2x4 39,80 3x4 40,70 7,90 1,37 10,28 15,17 6,60 16,99 4,28 5,80 3,07 7,50 5,86 2,95 2,89 2,65 3,34 2,56 4,12 2,11 2,86 4,40 3,29 Engraulidae 54,21 47,01 Stellifer spp. 9,74 4,40 O. punctatus 5,59 Haemulidae 4,76 2,01 3,46 3,40 C. chrysurus 3,76 2,14 14,91 3,24 6,62 8,04 5,33 9,08 Achirus spp. 3,76 2,07 2,93 2,79 1,51 1,51 3,71 2,12 S. cristata 3,50 5,16 5,13 5,62 1,95 1,35 O. oglinum 3,50 3,65 3,86 3,38 Oligoplites spp. 2,69 1,96 9,35 10,85 2,19 38,98 12,59 M. meeki 14,49 6,81 13,53 5,94 15,61 5,51 14,00 4,25 Gobiidae 13,96 10,75 7,19 5,79 7,50 5,43 3,99 4,76 H. fissicornis 2,47 8,34 2,69 1,54 6,47 5,77 6,23 O. ruber 1,91 3,40 4,50 3,32 3,36 1,43 3,24 2,89 4,29 7,82 7,37 2,59 3,46 1,91 1,05 7,08 P. pilicornis 6,62 T. paulistanus 2,58 C. faber 3,21 4,76 4,63 6,19 5,61 *: grupo 3 formado por menos de 2 amostras. 76 4.2.4 Relação entre os parâmetros abióticos e bióticos O resultado do procedimento BIO-ENV, entre os dados abióticos e a assembleia de larvas de peixes coletadas com a rede de 200µm, permitiu observar que as variáveis ambientais que melhor explicam o padrão de distribuição das larvas é a combinação entre a temperatura e salinidade (ρ=0,58), seguida pela combinação temperatura, salinidade e transparência (ρ=0,55). Com relação a distribuição das larvas coletadas com a rede de 500µm, a variável ambiental que melhor explica o padrão de distribuição é a salinidade (ρ=0,76), seguida da combinação entre temperatura, salinidade e transparência (ρ=0,69) e temperatura e salinidade (ρ=0,68) (Tabela XX). Tabela XX: Resultado das correlações entre as variáveis ambientais (temperatura, salinidade e transparência) e bióticas (abundância das larvas de peixes coletadas com as redes de plâncton de 200µm e 500µm) através do procedimento BIO-ENV. Nota: em negrito as melhores correlações. Variáveis Ambientais Coeficiente de Correlação de Spearman 200 µm 500 µm Temperatura 0,51 0,45 Salinidade 0,52 0,76 Transparência 0,12 0,25 Temperatura + Salinidade 0,58 0,68 Temperatura + Transparência 0,53 0,52 Salinidade + Transparência 0,40 0,64 Temperatura + Salinidade + Transparência 0,55 0,69 77 4.2.5 Identificação das áreas de retenção de ovos e larvas de peixes na baía da Babitonga Os resultados obtidos pelo modelo de transporte para os ovos de peixes mostraram para o período de 12 horas (Figura 28A) pouca dispersão das partículas, sendo que o transporte advectivo resultante das correntes apresentou maior influência do que a difusão turbulenta. Isso pode ser relacionado com a forma das manchas, que são alongadas no sentido das correntes prodominantes, causadas frequentemente pela variação da maré. Após 24 horas de lançamento das partículas, foi possível observar o deslocamento em função do transporte advectivo, principalmente nas manchas 1 e 2, enquanto que as partículas originadas do ponto 3 tendem a se deslocar em direção ao complexo central de ilhas estuarinas (Figura 28B). Na sequência, após 36 horas, as partículas originadas do ponto 3 se concentram junto ao complexo de ilhas, distribuindo-se por toda adjacência das ilhas das Flores, Grande, e da Rita. Por outro lado, as partículas referentes aos pontos 1 e 2 tendem a serem transportadas para a margem norte da baía da Babitonga (Figura 28C). Após 48 horas de simulação, pode ser observado um vórtice formado na desembocadura do estuário, influenciando a distribuição e retenção das partículas provenientes dos pontos 1 e 2. As partículas originadas do ponto 3 se concentraram no complexo de ilhas estuarinas, com uma distribuição em forma de nuvem alongada no sentido noroeste (Figura 29A). Após 144 horas, foi possível observar o incremento da influência da difusão turbulenta na distribuição das partículas (Figura 29B). A simulação do transporte de larvas de peixes na baía da Babitonga, após 12 horas do lançamento das partículas, mostrou efeito advectivo na dispersão das partículas (Figura 30A). Em seguida, após 24 horas, pode ser identificado um padrão de transporte das partículas para as zonas de sombra, principalmente das originadas do ponto 2 (Figura 30B). Em 36 horas, foi possível observar a concentração de partículas em áreas de baixa hidrodinâmica (zonas de sombras), com as originadas dos pontos 1 e 3 junto a margem leste do estuário e as do ponto 2 no complexo central de ilhas (Figura 31A). Após 108 horas do lançamento (Figura 31B) as partículas dos pontos 1 e 2 concentraram-se nas áreas adjacentes ao complexo central de ilhas, enquanto que as originadas do ponto 1 espalharamse por toda área de influência do vórtice. 78 A B C Figura 28: Dispersão das partículas representando os ovos de peixes após 12 (A), 24 (B) e 36 (C) horas do lançamento na baía da Babitonga para três diferentes pontos (P). Fonte: Martins (2011). 79 A B Figura 29: Dispersão das partículas representando os ovos de peixes após 48 (A) e 144 (B) horas do lançamento na baía da Babitonga para três diferentes pontos (P). Fonte: Martins (2011). A B Figura 30: Dispersão das partículas representando as larvas de peixes após 12 (A) e 24 (B) horas do lançamento na baía da Babitonga para três diferentes pontos (P). Fonte: Martins (2011). 80 A B Figura 31: Dispersão das partículas representando as larvas de peixes após 36 (A) e 108 (B) horas do lançamento na baía da Babitonga para três diferentes pontos (P). Fonte: Martins (2011). 4.3 Definição de áreas prioritárias para a conservação na baía da Babitonga 4.3.1 Avaliação da baia da Babitonga através do método COMPARE Na avaliação da baía da Babitonga, através da metodologia COMPARE, para definição de áreas prioritárias para a conservação foi possível observar que os critérios alta diversidade de habitats, tamanho da área a ser conservada, importância para espécies e atividade pesqueira, e presença de estágios de vida vulneráveis, foram considerados altamente efetivos, tanto para a proteção da biodiversidade como para o manejo pesqueiro (Tabela XXI). Os critérios relacionados com a distribuição espaço-temporal do ictioplâncton, bem como o número de taxa e padrões de utilização do estuário pelos estágios iniciais de peixes, contribuíram de forma significativa para ambos os objetivos. O critério ameaças antrópicas e/ou naturais mostrou-se não efetivo para os objetivos, enquanto que a presença de unidade de conservação (UC) terrestre próxima apresentou-se moderadamente efetiva para ambos os objetivos. Desta forma, a baía da Babitonga é capaz 81 de contribuir tanto para a proteção da biodiversidade (83,3%) quanto para o manejo pesqueiro (83,3%) (Tabela XXI). Tabela XXI: Matriz COMPARE para a avaliação de áreas prioritárias para consrervação da baía da Babitonga (SC). Nota: ne= critério não efetivo. Objetivos MANEJO PESQUEIRO PROTEÇÃO DA BIODIVERSIDADE Prevenir a sobreexplotação provendo áreas de refúgio para espécies explotadas Proteção de habitats para estágios vulneráveis (espécies explotadas) 2 2 2 2 2 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 9. Área de alta abundância de ovos de peixes 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 10. Área de alta abundância de larvas de peixes 11. Área de retenção de ictioplâncton 2 2 2 2 2 20 (83,3) 20 (83,3) 20 (83,3) 20 (83,3) 20 (83,3) 40 (83,3) Proteção de Proteção de habitats habitats essenciais vitais para Heterogeneipara espécies dade de estágios raras, habitas vulneráveis endêmicas (todas as ou espécies) ameaçadas 60 (83,3) Critérios 1. Alta diversidade de habitats, incluindo presença de habitats frágeis 2. Ameaças antrópicas e/ou naturais 3. A área a ser conservada está em condições naturais ou restaurável 4. Tamanho da área a ser conservada 5. Importância da área para as espécies 6. Importância da área para a atividade pesqueira 7. Presença de estágios de vida vulneráveis 8. Presença de UC terrestre próxima 12. Alto número de taxa no ictioplâncton A: Total por objetivos secundários (%) B: Total por objetivo (%) 82 A metodologia COMPARE, quando aplicada somente com os criterios associados a distribuição espaço-temporal do ictioplâncton permite observar que a baía da Babitonga é capaz de contribuir para todos os objetivos de proteção da biodiversidade e manejo pesqueiro (100%), sendo estes critérios altamente efetivos para todos os objetivos secundários. 4.3.2 Caracterização ambiental da baía da Babitonga com ênfase na ictiofauna Espécies raras, ameaçadas e/ou explotadas De acordo com estudos pretéritos de ictiofauna (IBAMA, 1998; Côrrea et al., 2006; Souza-Conceição, 2008; Araújo, 2009; Santos, 2009 e Bordin, 2010), a baía da Babitonga suporta várias espécies citadas na Instrução Normativa nº5 do MMA (BRASIL, 2004), as quais incluem peixes sobre-explotados ou ameaçados de sobre-explotação, i.e. Hippocampus erectus, Hippocampus reidi, Genidens barbus, Mugil platanus, Mugil liza, Micropogonias furnieri, Umbrina canosai, Epinephelus itajara, Pomatomus saltatrix. Para o mero, Epinephelus itajara, a captura está proíbida em águas jurisdicionais brasileiras até 2012 (BRASIL, 2002, 2007). O presente trabalho e estudos pretéritos sobre ictioplâncton (Souza-Conceição, 2008 e Costa & Souza-Conceição, 2009) revelam que o estuário da baía da Babitonga, além de abrigar adultos e juvenis de espécies sobre-explotadas, serve como área de criação para muitas destas, e.g. Hippocampus reidi, Hippocampus erectus, Genidens barbus, Micropogonias furnieri, Macrodon ancylodon, e para espécies raras como Microdesmus longipinnis. Habitats O estuário da baía da Babitonga é composto por diversos habitats, desde manguezais (considerado como a última grande formação do Hemisfério Sul), marismas, praias estuarinas, 24 ilhas, margens rochosas, lajes, planícies de maré, áreas de canal, além de receber o aporte de vários rios (e.g. rio Cubatão, Palmital, Cachoeira, Parati). Estudos pretéritos na região evidenciam a importância de diversos habitats, como: praias estuarinas, para os juvenis de diferentes espécies de peixes, incluindo várias com importância econômica (Souza-Conceição, 2008; Araújo, 2009; Bordin, 2010); manguezais e 83 marismas, para indivíduos adultos e juvenis (IBAMA, 1998; Côrrea et al., 2006); áreas de desembocadura de rios, como local de concentração de ictioplâncton (Costa, 2007); área de canal do estuário, para espécies demersais que habitam a baía da Babitonga, sendo em sua maioria composta por juvenis de peixes (Santos, 2009). O presente estudo e Costa & Souza-Conceição (2009) mostram que a área externa do estuário também pode ser considerada como um habitat crítico para os peixes, uma vez que se configura como um local de desova e alta concentração de ovos e larvas. Ilhas e praias estuarinas, como revelado no presente estudo, são consideradas áreas de retenção de ictioplâncton, papelchave no sucesso dos estágios inicias de vida destes organismos. Além da importância dos habitats citados, manguezais e marismas são citados na Resolução CONAMA nº303 (Brasil, 2002) como área de preservação permanente (APP). Importância humana Na área de estudo estima-se que existam 1.770 pescadores, que em sua maioria dependem da pesca artesanal realizada no estuário (Bastos, 2006). O total desembarcado nos municípios de entorno, com base nos dados entre 1995 e 1998, corresponde a 1,17% do total de desembarque estadual para o período (Bastos, 2006). Os itens mais capturados são: caratinga (Eugerres brasilianus), corvina (M. furnieri), parati (Mugil spp.), pescadinha (Cynoscion spp.), robalo (Centropomus spp.), tainha (Mugil spp.) e tainhota (Mugil spp.). Ameaças A baía da Babitonga recebe influência de diferentes atividades antropogênicas oriundas dos municípios de entorno. Na década de 1990 foi constatada altas concentrações de silício, fosfato, nitrato, nitrito, amônio, arsênio e zinco na baia, a maioria próximo ao município de Joinville, sendo estas consequentes dos efluentes domésticos e industriais lançados direta ou indiretamente nessa região (Kuroshima & Bellotto, 1998; Oliveira et al., 2006). A Tabela XXII cita para o estuário quais as principais ameaças nas áreas de entorno dos pontos amostrais utilizados no presente estudo. Destes, pode-se destacar a poluição por esgoto, atividade pesqueira e portuária. 84 Necessidades específicas para a conservação Apesar de sua importância ecológica, a baía da Babitonga começou a ser estudada somente na década de 1990 (IBAMA, 1998; Cremer et al., 2006), sendo que faltam estudos sobre seus diversos habitats e ciclo de vida das espécies, física e química da água. Além disso, falta um plano de gerenciamento para o ecossistema estuarino, associado a políticas públicas nos municípios de entorno, direcionado a sustentabilidade da exploração dos recursos naturais e a proteção da biodiversidade e habitats que compõem o complexo da baía da Babitonga. Também, o estabelecimento de legislação específica e delimitação de unidades para conservação são carências que devem ser supridas para a proteção deste ecossistema estuarino. 85 Tabela XXII: Tabela com a descrição dos principais impactos ambientais na baía da Babitonga, associados a área de entorno dos pontos amostrais utilizados no presente estudo. Ponto Amostral Lat/Long Prof. (m) #1 26°11’19,1”/ 48°35’44,6” 20 #2 26°11’44,4”/ 48°36’52,9” 12 #3 26°12’19,1”/ 48°37’59,9” 8 #4 26°13’37,5”/ 48°39’38,3” 9 #5 26°14’22,8”/ 48°40’33,6” 13 #6 26°15’09,2”/ 48°41’25,8” 7 #7 26°15’03,5”/ 48°42’50,5” 7 #8 26°14’34,0”/ 48°43’55,2” 3 #9 26°14’00,1”/ 48°45’03,5” 3 Descrição dos impactos Porto de Itapoá (no momento da coleta havia somente a construção do trapiche e do berço, atualmente ambos estão prontos); saída de esgoto, margem urbanizada moderadamente, área de pesca. De maneira geral a margem esquerda encontra-se conservada. Na margem direita encontra-se o bairro Paulas pertencente a São Francisco do Sul (margem urbanizada), área de pesca Influência de pequenos rios, na margem direita presença do Porto de São Francisco do Sul (o qual atualmente passou por obras de extensão – praia da foz do rio Pedreira atualmente possui muro de arrimo. A margem esquerda encontra-se de maneira geral conservada, com poucas moradias. Área de pesca. Margem direita: cidade de São Francisco do Sul, presença de saída de esgoto. Margem esquerda: manguezais, marismas ou com estruturas antropogênicas (trapiche da Vila da Glória). Colônia de pescadores. Área de pesca. Próximo a Vila da Glória, margens com manguezais e praias estuarinas, pouco urbanizadas, com presença de algumas moradias. Área de pesca. Próximo a várias ilhas da baía da Babitonga. Margens conservadas. Áreas de pesca. De maneira geral, ambas as margens conservadas. Margens com manguezais, marismas, praias estuarinas e rochas. Presença da vila de pescadores, e algumas moradias. Influência do rio Palmital. Área de pesca. Ponto situado no canal do rio Palmital. Ambas as margens conservadas. Presença de bancos arenosos, margens com manguezais, praias estuarinas e marismas. Presença de afloramentos rochosos no fundo e margem. Presença de algumas moradias. Área de pesca. Maior influência do rio Palmital (aporte fluvial). Margens com manguezais, marismas e rochas. Na margem oeste, presença da cidade de Joinville (Vigorelli). Afloramentos rochosos lateralmente no fundo. Presença de algumas moradias. Área de pesca. 86 4.3.3 Proposta de zoneamento ecológico com base nos estágios iniciais de peixes Através dos resultados obtidos no presente estudo e informações disponíveis na bibliografia sobre estágios iniciais de peixes na baía da Babitonga, foi estabelecido um zoneamento ecológico de acordo com as características de utilização e ocupação da ictiofauna e seus estágios iniciais nesse ambiente, sendo propostas as seguintes zonas: a) Zonas de Preservação Ambiental: constituídas pelas áreas de manguezal, marismas e ilhas estuarinas, que devido a sua elevada importância ecológica para o desenvolvimento de várias espécies de peixes e sua fragilidade ambiental, requerem a preservação de suas características naturais (Figura 32). Além disso, correspondem as áreas de preservação permanente definidas pela Resolução CONAMA 303/02. Esta zona seria referente a área marinha protegida. b) Zonas de Conservação Ambiental e/ou Amortecimento: áreas onde o uso deve preservar as funções ecológicas, admitindo o uso sustentável dos recursos, como a pesca artesanal. Nessa zona estão inseridas as praias estuarinas e áreas rasas, que constituem importantes habitats para estágios juvenis de peixes. Inclui também a porção mais externa e a área costeira adjacente do estuário que representam habitats críticos para o período de desova de muitas espécies (Figura 33). c) Zonas de Recuperação Ambiental: áreas com maior influência humana e fontes impactantes. Nesse caso, consideram-se as áreas mais próximas a cidade de São Francisco do Sul e Joinville e que abrigam as atividades portuárias de São Francisco do Sul e Itapoá. São áreas que desempenham papel ecológico importante para o desenvolvimento de estágios iniciais de peixes, sendo áreas de retenção de ictioplâncton e de juvenis de peixes (Figura 34). 87 A C B D Figura 32: Fotos de áreas representativas das zonas de preservação ambiental na baía da Babitonga: A) manguezal na margem norte da baía da Babitonga, B) marismas no Saco do Iperoba (margem leste do estuário), C e D) ilhas estuarinas no centro do estuário. 88 A B C D Figura 33: Fotos de áreas representativas das zonas de conservação ambiental na baía da Babitonga: A) praia estuarina, próxima ao muncípio de Itapoá, no setor externo do estuário e B) praia estuarina de Laranjeiras, no setor interno da baía, C e D) setor mais externo e área costeira adjacente. 89 A B C D Figura 34: Fotos de áreas representativas de zonas de recuperação ambiental na baía da Babitonga: A, B e C) áreas adjacentes ao Porto de São Francisco do Sul, e D) área no centro histórico da cidade de São Francisco do Sul. 90 5. DISCUSSÃO 5.1 Condições ambientais da baía da Babitonga Os estuários possuem características peculiares por se constituírem num continuum espaço-temporal de variáveis ambientais, como a salinidade, e biológicas, como a estrutura das comunidades (Elliot & McLusky, 2002). O estuário da baía da Babitonga não apresentou variação significativa (p<0,05) para os parâmetros de temperatura, salinidade e pH entre superfície e fundo; o que corrobora com a classificação de estuário verticalmente homogêneo ressaltada por estudos pretéritos na região (IBAMA, 1998; Oliveira et al., 2006; Camacho & Souza-Conceição, 2007; Costa & Souza-Conceição, 2009). Apesar da variação vertical não ter sido verificada, foi observado um gradiente horizontal em direção a região interna do estuário, com decréscimo dos valores de salinidade, pH e transparência. O mesmo padrão foi encontrado por IBAMA (1998), Oliveira et al. (2006) e Camacho & Souza-Conceição (2007), que sugerem o decréscimo da salinidade em virtude da mistura com a água proveniente da drenagem dos rios da região. A região da baía da Babitonga trata-se de uma área subtropical onde podem ser encontrados elevados índices pluviométricos durante os meses de primavera e verão (Camacho & Souza-Conceição, 2007), sendo que os ventos do quadrante norte-nordeste são os predominantes, e os do quadrante sul-sudeste relacionados com a passagem de frentes frias (Truccolo, 1998; Martins, 2011). O oxigênio dissolvido apresentou variação significativa (p<0,05) entre a superfície e o fundo e entre os meses de coleta, com os valores mais elevados na área interna. Camacho & Souza-Conceição (2007) comentam que a concentração de oxigênio dissolvido em um ponto pode variar de acordo com um somatório de fatores físico-químicos, como a salinidade e temperatura, e biológicos, como a respiração e fotossíntese, além da dinâmica do ambiente. Os mesmos autores explicam que a menor concentração em direção a área externa do estuário pode estar relacionada com o maior consumo biológico e a elevada dinâmica ambiental da região da baía da Babitonga. No presente estudo a transparência esteve relacionada com a salinidade, sendo os maiores valores em áreas de maior salinidade, ou seja, próximas ao oceano adjacente. Um padrão similiar foi descrito para a área por Camacho & Souza-Conceição (2007), onde foi 91 encontrado maiores valores de transparência em praias estuarinas na área externa do estuário e águas mais turvas na região interna da área de estudo. No presente estudo, as maiores concentrações de clorofila a foram registradas nos pontos amostrais internos do estuário, sendo que dentre os meses amostrados, as maiores concentrações foram associadas aos meses de primavera e verão, podendo ser observado um segundo pico no mês de julho. Esse resultado está de acordo com estudos pretéritos na região (Parizzi et al. 2010; Camacho & Souza-Conceição, 2007), sendo observado em outros sistemas estuarinos do sul do Brasil (Odebrecht & Abreu, 1998; Schettini et al., 2005; Odebrecht et al., 2010). dcorroborando com estudos pretéritos na região (Camacho & Souza-Conceição, 2007; Egres et al., 2009). Em sistemas estuarinos, a variação anual e interanual da clorofila a está relacionada, principalmente, aos regimes de luz e condições metereológicas (precipitação pluviométrica e direção e intensidade dos ventos), podendo a variação em pequena escala ser influenciada também pelo impacto direto dos ventos (Odebrecht & Abreu, 1998; Bastos et al., 2005). Os mesmos autores ressaltam que a alta produtividade nas áreas rasas associada com a ressuspensão causada pelos ventos, causa uma maior concentração de biomassa fitoplanctônica comparada com áreas de maiores profundidades. Altas concentrações podem ocorrer em seguida dos picos de maré enchente ou vazante, padrão encontrado por Pereira-Filho et al. (2001) no estuário do rio Camboriú. Com relação a biomassa zooplanctônica, Bonecker et al. (1995) e Bletter & Bonecker (2007) sugerem que a existência de uma sincronia entre o aumento da biomassa de fitoplâncton e o incremento da biomassa de zooplâncton, tem seu declínio gradual associado com a diminuição de nutrientes disponíveis (Smith & Lasker, 1978). No presente estudo tal padrão também pode ser observado, sendo os maiores valores de biomassa zooplanctônica encontrados em sincronia com os de fitoplâncton. O incremento na densidade de zooplâncton no mês de julho pode ter ocorrido devido a presença de gelatinosos, fato relatado para a área por Costa & Souza-Conceição (2009). Entre o zooplâncton e o ictioplâncton existe uma complexa interação alimentar, sendo a abundância de itens alimentares decisiva para a sobrevivência da classe anual de muitas espécies de peixes (Ali Kan & Hempel, 1974; James et al., 2003; SanvicenteAñorve et al. 2006). De acordo com Souza-Conceição (com. pess.) e Brandini et al. (2006), Copepoda é o grupo mais abundante dentre a comunidade zooplanctônica da baía da Babitonga, sendo estes o item alimentar mais comum para espécies de larvas de peixes (Houde & Lovdal, 1984; Heath, 2007). Os mesmos autores, Ali Kan & Hempel (1974) e Freitas & Muelbert (2004) ressaltam a ocorrência de sincronia entre o período de intensa 92 desova dos peixes com as estações de maior abundância de zooplâncton, e assim, aumentando a taxa de sobrevivência de seus estágios iniciais. Por outro lado, estudos revelam que os grupos Chaetognatha, Siphonophorae, Ctenophora, Hidromedusae, Schphomedusae, Cubomedusae, Euphausiacea, Amphipoda, Copepoda e larvas e juvenis de algumas espécies de peixes como predadores ativos de ovos e larvas de peixes (Lasker, 1984; Grimes & Finucane, 1991; Boltovskoy, 1999; Coston-Clements et al., 2009). 5.2 Estágios iniciais de peixes em estuários 5.2.1 Variação espaço-temporal de ovos e larvas de peixes No presente estudo, as maiores densidades de ovos de peixes estiveram associadas com o mês de novembro de 2007, e com os pontos do setor externo do estuário. Em estudo pretérito, Costa & Souza-Conceição (2009) registraram o mesmo padrão para a área de estudo, com a maior abundância de ovos em novembro relacionada com a desova de espécies de Engraulidae, sendo obtidos resultados similares por Sinque (1989) para a baía de Paranaguá (Paraná). Por outro lado, na Lagoa de Ibiraquera, sul de Santa Catarina, Macedo-Soares et al. (2009) relataram a maior abundância dos ovos no mês de janeiro. Para a Lagoa dos Patos (Rio Grande do Sul), a temperatura parece ser a responsável pela distribuição sazonal da desova e do ictioplâncton (Muelbert e Weiss, 1991; Sinque & Muelbert, 1998), onde nos meses frios de outono e inverno a abundância dos ovos é baixa, sendo este padrão encontrado para a baía da Babitonga. No estuário de Cananéia (São Paulo), Sinque & Yamanaka (1982) registraram padrão similar, indicando que a desova dos peixes possui marcada sazonalidade, com as densidades de ovos mais elevadas durante os meses de primavera e verão. Com relação a distribuição da abundância das larvas de peixes, as maiores densidades ocorreram nos meses de janeiro e fevereiro de 2008, sem variação significativa entre as densidades e os pontos amostrais. Costa & Souza-Conceição (2009) encontraram as maiores densidades de larvas no mês de novembro, principalmente na porção intermediária do estuário da baía da Babitonga. Macedo-Soares et al. (2009) e Sinque (1989) citam as maiores densidades de larvas durante o mês de novembro para a Lagoa de Ibiraquera e baía de Paranaguá, respectivamente. Na laguna de Marapendi (Rio de 93 Janeiro), Andreata et al. (1991) descreveram um padrão distinto, com maiores abundâncias durante os meses março, outubro, novembro e dezembro. Além das maiores densidades de ovos e larvas de peixes nos estuários do sudeste e sul Brasil apresentarem variação sazonal, com maiores valores nos meses de primavera e verão, o ictioplâncton tem sua distribuição também afetada por diferentes condições ambientais encontradas no ecossistema (Muelbert e Weiss, 1991; Andreata et al., 1991; Sinque & Muelbert, 1998; Costa & Souza-Conceição, 2009; Macedo-Soares et al., 2009). Estas condições incluem locais de desova, circulação estuarina e disponibilidade alimentar adequada (Lafontaine, 1990), as quais, combinadas, determinam o sucesso na sobrevivência de ovos e larvas e, por consequência, o padrão de distribuição espacial. No que se refere a abundância de ovos e larvas de peixes coletadas pelos dois tipos de redes utilizados no trabalho, a rede de 200µm amostrou maior densidade de larvas, enquanto que as maiores densidades de ovos foram encontradas nas amostras da rede de 500µm. Tal resultado confirma os trabalhos de Matsuura & Nakatani (1980), Houde & Lovdal (1984) e Johnson & Morse (1994), e pode ser explicado devido o ictioplâncton de muitas espécies de peixes subtropicais e tropicais serem menores do que espécies temperadas. Apesar de as redes de 333µm e 505µm serem os amostradores indicados para a coleta de ictioplâncton, Houde & Lovdal (1984) sugerem que malhas menores sejam usadas para suavizar o problema da evasão associado as malhas maiores. Sánchez & Ciechomski (1984) ressaltam que associado a isso, deve-se levar em consideração as variações de tamanho do ictioplâncton alvo do estudo. Entretanto, como os estuários apresentam diferentes condições ambientais e características geomorfológicas, deve-se considerar o efeito das distintas metodologias de amostragem (e.g. uso de redes de 200µm e 500µm) na descrição das assembleias ictioplanctônicas, fato que pode afetar uma análise comparativa entre diferentes ambientes estuarinos (Barletta-Bergan et al., 2002; Barletta et al., 2005; Bonecker et al., 2009) 5.2.2 Composição específica das assembleias de larvas de peixes na baía da Babitonga Os resultados do presente estudo permitiram a identificação de 59 taxa, sendo que as famílias Sciaenidae e Carangidae foram as mais diversas, englobando nove e seis taxa, respectivamente. Destas, a maioria são espécies marinhas e estuarinas, as quais utilizam o estuário da Babitonga em diferentes fases do desenvolvimento larval, durante todo o ano 94 (e.g. Blennidae e Gobiidae) ou em épocas específicas (e.g Engraulidae, Haemulidae, Scianeidae), podendo este padrão ser observado na formação dos diferentes grupos de de larvas de peixes. De maneira geral, os taxa mais abundantes foram Engraulidae, Gobiidae, M. meeki, Haemulidae, S. cristata, C.chrysurus, Cynoscion spp. e P. pilicornis. Esse resultado, aliado a elevada abundância de larvas e a presença dos diferentes estágios de desenvolvimento na baía da Babitonga, reforça a importância deste ecossistema para os estágios iniciais de muitas espécies. A alta abundância de larvas das famílias Engraulidae, Gobiidae e Sciaenidae já foi relatada em outros sistemas estuarinos do Brasil (e.g. Sinque, 1989; Muelbert & Weiss, 1991; Ekau et al., 2001; Barlleta-Bergan et al., 2002; Joyeux et al., 2004; Castro et al., 2005; Bonecker et al., 2007; Coser et al., 2007; Sarpendoti et al., 2008; Bonecker et al., 2009; Macedo-Soares et al., 2009; Costa & Souza-Conceição, 2009). Com relação a distribuição temporal, foi possível observar um maior número de taxa durante os meses de elevada temperatura, enquanto durante o outono e inverno foram registradas poucos taxa ocupando o estuário da baía da Babitonga. Em estudo pretérito na região, Costa & Souza-Conceição (2009) evidenciaram a ocorrência desse mesmo padrão. Essa sazonalidade foi reportada para a Lagoa dos Patos (RS), onde a maior diversidade e abundância de larvas ocorrem no verão, enquanto que durante o outono B. pectinata, L. grossidens e Atherinidae são os dominantes no ecossistema estuarino (Sinque & Muelbert, 1998). Engraulidae, Gobiidae, M. meeki, Haemulidae, S. cristata, C. chrysurus e Cynoscion spp. ocorreram em todo o estuário. Os resultados permitiram observar a formação de grupos quanto ao padrão espacial de utilização da baía da Babitonga. Taxa como O. oglinum, Serranus sp., Lutjanidae, M. longipinnis e I. parvipinnis ocorreram somente nos pontos mais próximos ao oceano, enquanto que Syngnathus spp., G. barbus e Centropomus spp. tiveram ocorrência restrita na parte interna do estuário. Comparativamente, para o estuário da Lagoa dos Patos, Muelbert et al. (2010) citam a salinidade e a temperatura como responsáveis pela distribuição das diferentes espécies de peixes, as quais formam distintos grupos quanto a ocupação do espaço estuarino. Além disso, a separação espacial pode ser explicada por fatores biológicos, como a interação entre as espécies, incluindo a competição por recursos. Araújo et al. (2006) explicam que espécies que habitam áreas próximas devem desenvolver estratégias para a utilização dos recursos, e assim permitir a coexistência e evitar a exclusão competitiva. Na baía de Sepetiba (RJ), os trabalhos de Araújo et al. (2002), Araújo et al. (2006), Azevedo et al. 95 (2006), Azevedo et al. (2007), Guedes & Araújo (2008) e Araújo et al. (2008) reportaram a segregação espacial, evidenciando que diferentes espécies, quando em estágios de desenvolvimento mais avançado, exploram habitats distintos dentro da baía, e dessa forma, evitam a competição pelos recursos. Desta forma, os autores sugerem que seleção dos habitats na baía para diferentes estações do ano podem indicar a existência de assembleias associadas com diferentes características ambientais. No presente estudo a maioria das larvas encontravam-se no estágio de pré-flexão, seguido de larvas vitelínicas, e assim, como tais estágios de desenvolvimento possuem pouca capacidade de natação e de movimentos contra as correntes, pode-se sugerir que alguns taxa, como Umbrina spp., são influenciados pelo transporte passivo das áreas adjacentes para o interior do estuário. O padrão de ocorrência de Umbrina spp. e de Haemulidae indica a proximidade dos pontos amostrais com a área de desova destes taxa; enquanto que Gobiidae e as diferentes espécies de Blenniidae e Sciaenidae podem ser consideradas residentes no estuário, uma vez que foram registradas durante todo o período de estudo. O estágio de desenvolvimento no qual a larva se encontra pode refletir o grau de utilização do estuário pela espécie, sendo que muitas vezes este pode ser influenciado pelas fortes correntes e transporte do ictioplâncton para o interior do estuário. Dentre os taxa registrados no presente estudo, pode-se destacar a ocorrência do Blenniidae exótico O. punctatus. Sua distribuição original presume-se que seja no IndoPacífico, do Japão até o Golfo Pérsico, porém foi registrada uma população estabelecida em Trinidad, provavelmente introduzida por navios de escravos (Springer & Gomon, 1975; Golani, 2004). No Brasil, indivíduos adultos foram registrados na praia do Coqueiro (02º53’55’’S-41º34’17’’W) (Loebmann et al., 2010), Baía de Todos os Santos (23º10’S44º30’W) (Mendonça et al., 2005), baía de Ilha Grande (22º50’S-44º00’W) (Gerhardinger et al., 2006a) e baía da Babitonga (26º00’S-48º20’W) (Gerhardinger et al., 2006a; Freitas and Velastin, 2010). Outra ocorrência importante foi o Microdesmidae M. longipinnis, pertencente a um grupo pouco conhecido, o qual tem registro de distribuição somente até a região sudeste do Brasil (Eskinazi, 1972; Castro et al., 2001; Severi et al., 2008; Marcolin et al., 2010), sendo este o primeiro registro no litoral catarinense. 96 5.2.3 Influência dos parâmetros ambientais na distribuição e estrutura da assembleia de larvas de peixes No presente estudo, as principais forçantes responsáveis pela estruturação da assembleia larval foram os efeitos interativos das características físico-químicas e as diferentes respostas as condições ambientais pelos taxa. Harris & Cyrus (2000), em estuários africanos, citam que dentre inumeros fatores, as variações das condições ambientais desempenham o papel mais importante na determinação da composição e estrutura das assembleias de larvas de peixes. Apesar disso, ainda é difícil estabelecer qual parâmetro ambiental é mais importante. No presente trabalho, para as larvas coletadas com a rede de menor malha, a temperatura e a salinidade foram as variáveis que melhor explicaram o padrão de distribuição. Por outro lado, a salinidade foi responsável pela distribuição das larvas coletadas com a rede de maior tamanho. Conforme Harris & Cyrus (2000), uma única variável não consegue explicar os padrões observados para a distribuição na abundância, sendo a correlação entre estes fatores determinantes para o estabelecimento desses padrões. Witting et al. (1999) observaram uma estabilidade temporal na assembleia de larvas de peixes, ou seja, durante seis anos as espéceis mais abundantes não variavam significativamente entre um ano e outro, sendo a variação nos padrões de abundância encontrada apenas intra-anualmente. Os mesmos autores sugerem que a ocorrência repetitiva das assembleias de larvas de peixes nos estuários americanos pode ser devido a processos ambientais locais. Para a baía da Babitonga pode-se sugerir que tal estabilidade ocorra, uma vez que durante cinco anos de coletas de ictioplâncton (Costa & SouzaConceição, 2009; Souza-Conceição, 2008; presente estudo) os padrões de variação na abundância parecem estar associados a sazonalidade, sem variações dos taxa mais abundantes entre os anos. 5.2.4 Áreas de retenção de ictioplâncton na baía da Babitonga A maré e a vazão dos rios são os principais agentes influenciadores da circulação no interior da baía da Babitonga, sendo a maré o fator de maior importância (Martins, 97 2011). Por outro lado, em situações de maré baixa os ventos assumem um papel importante na hidrodinâmica do estuário, principalmente devido ao seu efeito local (tensão de cisalhamento) (Truccolo, 1998). A ocorrência de chuvas intensas na região pode aumentar significativamente a vazão dos rios constituintes do complexo hídrico da Baía da Babitonga (Silva-Costa, 2004), e nestes eventos extremos, a contribuição fluvial para a circulação hidrodinâmica sofre um acréscimo significativo (Martins, 2011). A baía possui uma hidrodinâmica bastante heterogênea, com velocidades máximas de 0,86 m/s associadas ao canal, e algumas áreas de baixa hidrodinâmica, em geral associadas a zonas rasas (Ribas, 2004), caracterizando assim o efeito da batimetria. Nesse cenário hidrodinâmico, os resultados do transporte de ovos e larvas de peixes permitiram identificar zonas de sombra associadas as principais ilhas no interior do estuário, além de um vórtice próximo a desembocadura da baía da Babitonga. Diversos trabalhos mostram a influência das correntes (Clancy & Cobb, 1997), ventos (Clancy & Cobb, 1997) e frentes estuarinas (Eggleston et al., 1998) na distribuição de organismos planctônicos, além da compreensão de como vórtices e frentes determinam os habitats para muitas espécies, incluindo processos de retenção para larvas de peixes (Mann, 1993; Bakun, 2006; Christie et al., 2010). Tais feições podem contribuir de forma significativa para a retenção das partículas dentro da baía da Babitonga, indicando que esses locais podem ter importância como zonas de berçário e desenvolvimento para muitas espécies. Além dos fatores físicos, características durante o desenvolvimento e variações no comportamento ontogenético dos peixes podem desempenhar um importante papel no transporte de seus estágios iniciais (Tzeng & Wang, 1993). As áreas que apresentaram retenção das partículas no presente estudo compreenderam o complexo central de ilhas (ilha Grande, Ilha da Rita e Ilha das Flores); margem norte e noroeste ao complexo central de ilhas; margem norte da baía (adjacente ao município de Itapoá) e área próxima a desembocadura do estuário. Esse resultado confirma estudos pretéritos de ictioplâncton na região, onde altas densidades de ovos, larvas e juvenis de peixes foram registradas nesses locais (Costa, 2007; Souza-Conceição, 2008; Costa & Souza-Conceição, 2009). O modelo lagrangeano de transporte advectivo-difusivo é amplamente empregado no estudo de dispersão de ovos e larvas de peixes, entretanto, por assumir que o transporte é puramente passivo, não leva em consideração características das espécies e suas migrações verticais. Na Tabela XXIII são apresentadas vantagens e desvantagens da utilização do programa SisBahia® para modelagem do transporte de ovos e larvas de peixes. A metodologia empregada buscou diminuir o erro inerente ao método lagrangeano, porém os resultados 98 obtidos devem ser apreciados de forma qualitativa. Desta forma, sugerem-se estudos futuros com um Modelo Baseado no Indivíduo (IBM), acoplado a modelos hidrodinâmicos, buscando uma maior precisão dos resultados. Esse tipo de ferramenta (e.g. Icthyop) permite o estudo dos efeitos físicos e biológicos na dinâmica do ictioplâncton, e incorporam diversos processos importantes que ocorrem durante o estágio inicial de vida, e.g. desova, migrações, crescimento, mortalidade e recrutamento (Lett et al., 2008). Porém, para a área de estudo, a aplicação de um IBM seria acompanhada da necessidade de estudos que visassem a abordagem dos processos citados acima, uma vez que muitos deles ainda são desconhecidos na região. Os estudos de transporte de organismos planctônicos, além de auxiliarem na compreensão da distribuição e abundância, são necessários para um design eficiente de uma área marinha protegida (Largier, 2003; Warner et al., 2000). Com os resultados do presente estudo, ficou evidente a importância do complexo central de ilhas (Ilha da Rita, Ilha Grande, e Ilha das Flores) e das margens da baía da Babitonga para os estágios iniciais de peixes, indicando que estas podem desempenhar importante papel como áreas de retenção. Estudos evidenciam a importância do complexo de ilhas da baía da Babitonga para outras espécies. Gerhardinger et al. (2009) identifica a área como um dos locais de maior avistamento de Ephinephelus itajara (mero) e possível zona de agregamento reprodutivo da espécie. Cremer & Simão-Lopes (2008) mostra o complexo de ilhas como área de avistamento de franciscanas (Pontoporia blainvillei). Estes resultados, quando analisados em conjunto, evidenciam a necessidade de conservação do complexo central de ilhas na baía da Babitonga, buscando garantir a funcionalidade do ecossistema e manutenção da integridade do ecossistema. 99 Tabela XXIII: Vantagens e desvantagens da utilização do SisBahia® para modelagem do transporte de ovos e larvas de peixes (com colaboração de Thiago dos Santos Martins). Vantagens Desvantagens Baixo custo de implementação do modelo, poucas coletas são necessárias. A simulação das velocidades de correntes correta, depende de uma batimetria atualizada, ou de data compatível com os dados que serão usados. Possibilidade de simulação de cenários extremos (eventos de tempestades, ressacas, aumento de pluviosidade). O modelo hidrodinâmico não consegue simular de forma eficiente os efeitos da maré meteorológica. Apresenta mecanismos de autocalibração, portanto a qualidade da modelagem depende dos dados inseridos, necessitando de menos ajustes por parte do modelador. Despreza a capacidade natatória das larvas de peixes. O modelo é freeware, com seu código fonte aberto, portanto pode ser modificado de acordo com as necessidades e conhecimentos do modelador. Não considera as migrações verticais realizadas das larvas de peixes. Apresenta interface gráfica amigável, facilitando a sua utilização. Não aborda o efeito das características biológicas na dinâmica do ictioplâncton. Eficiente na avaliação qualitativa da dispersão de ovos e larvas vitelínicas de peixes, os quais poder natatório nulo. 100 5.3 Áreas prioritárias para a conservação na baía da Babitonga Em conjunto, os resultados do presente estudo mostram a necessidade de conservação da baía da Babitonga para a ictiofauna. Este estuário compreende a maior área de manguezal do Estado de Santa Catarina (Cremer, 2006), tornando-a área de elevada importância ecológica e vital para a conservação da biodiversidade. Além disso, Edgar et al. (2000), ressaltam que os ambientes estuarinos podem ser assinalados como prioritários a conservação devido possuírem riqueza em número de espécies ou incluírem taxa raros e/ou ameaçados. Clark (1996) cita esses ecossistemas como habitats críticos que devem estar sob programas de conservação, sendo recomendável que a área protegida seja suportada por um plano de conservação maior (Salm et al., 2000). O programa de manejo integrado da zona costeira funcionam como um mecanismo de balanço entre o uso e a preservação, sendo que a determinação de áreas prioritárias para a conservação pode completar seus objetivos. Um programa de manejo considera áreas de criação de juvenis de peixes para a produção pesqueira, gera benefícios para turismo e recreação, mantém a biodiversidade e fornece a base científica e informação sobre o manejo para a operação do programa (Clark, 1996). No presente trabalho, os dados utilizados para a aplicação do COMPARE foram referentes a variação espaço-temporal na distribuição e composição dos diferentes estágios de desenvolvimento da ictiofauna na baía da Babitonga, sendo que este entendimento pode auxiliar nas medidas para conservação (Barletta et al., 2010). Além disso, os estudos de Wunderlich et al. (2008), Cremer & Simão-Lopes (2008), Cremer et al. (2009) e Pereira et al. (2009) mostram a importância da conservação desse estuário para outros organismos, como o caranguejo-uçá Ucides cordatus, golfinhos Pontoporia blainvillei e Sotalia guianensis, e portunídeos Callinectes danae e Callinectes sapidus. A identificação de quais habitats são utilizados por cada estágio de desenvolvimento da ictiofauna na área estudada é crucial para o estabelecimento de medidas baseadas no manejo ecossistêmico (Levin & Stunz, 2005). Desta forma, as Áreas Marinhas Protegidas (AMP) são destacadas como potenciais ferramentas dentro da abordagem ecossistêmica, tanto para a conservação da biodiversidade como para as pescarias. A incorporação da abordagem ecossistêmica no manejo pesqueiro envolve o acréscimo de várias interações que não são avaliadas nos programas de manejo de espécies-alvo (Sissenwine & Murawski, 2004), devendo por isso não ser confundida como 101 substituta das práticas atuais de manejo pesqueiro, mas sim como um complemento das mesmas. Estas necessitam ser ampliadas, abrangendo os componentes bióticos, abióticos e humanos dos ecossistemas em que a pesca é desenvolvida (FAO, 2003). Dentre as vantagens de uma AMP, sua eficiência para as pescarias foi comprovada para o incremento da pesca local através de spillover de larvas (Cristie et al., 2010), adultos e juvenis (Russ et al., 2004; Forcada et al., 2009) para áreas adjacentes a área protegida, além da proteção de espécies sedentárias e móveis (Yemane et al., 2009; West et al., 2009; Claudet et al., 2010). As considerações realizadas por Allison et al. (1998), Bohnsack (1999), Gell & Roberts (2003), Hilborn et al. (2004), Gaylord et al. (2005), Roberts et al. (2005) demonstram a efetividade das AMP para os diversos objetivos, sendo necessário um compreendimento das interações entre as comunidades para a escolha do local e tamanho das AMP (Yemane et al., 2009). No cenário atual, apesar de ainda serem poucas as unidades de conservação em ambientes estuarinos, estudos abordaram diferentes metodologias para o estabelecimento do manejo e consequente integridade desse tipo de ecossistema (Bricker et al., 2003; Cardoso da Silva & Carmona Rodrigues, 2004; Keefer et al., 2008; Shokri & Gladstone, 2008). No presente trabalho, a metodologia utilizada foi eficiente na qualificação e identificação das áreas prioritárias para a conservação de peixes na baía da Babitonga, porém seriam interessantes estudos que utilizassem e testassem outras metodologias, como o protocolo para zonação de áreas marinhas de relevância ecológica (Verfaillie et al., 2009), os programas de seleção para áreas marinhas protegidas, e.g. SITES (Beck & Odaya, 2001) e MARXAN (Ball & Possingham, 2001; Geselbracht et al., 2008), a classificação para sistemas estuarinos proposta por Keefer et al. (2008) e o uso de habitats como substituto da biodiversidade para as propostas de conservação (Dalleau et al., 2010). A utilização e eficiência de diferentes metodologias podem ser utilizadas para a criação de um procedimento nacional para a classificação dos estuários, e consequentemente proposta de uma rede de áreas estuarinas protegidas (AEP), as quais podem contribuir para a redução da perda da biodiversidade estuarina e que nesse cenário representam um avanço na conservação da biodiversidade (Edgar et al., 2000). Halpern & Walter (2003), sobre o tamanho ideal de uma AMP, comentam que uma AMP individual deve ser grande o bastante para manter as populações em seu interior, e pequena o suficiente para permitir o spillover para áreas adjacentes. Apesar de o tamanho exato ainda ser difícil de ser estimado, o princípio da precaução deve ser usado visando sucesso da AMP e seus programas de manejo (Lauck et al., 1998). Desta forma, pequenas 102 AMP são capazes de alcançar os objetivos de conservação da biodiversidade e auxiliarem o manejo pesqueiro, mesmo que em menor escala (Halpern, 2003). Trabalhos como o de Walters (2000) enfatizam que a dispersão, concentração do esforço pesqueiro e as interações ecológicas tornam uma AMP pequena menos eficiente, e que os efeitos de uma AMP aumentam proporcionamente ao seu tamanho (Halpern, 2003). No presente trabalho, apesar da baía da Babitonga ter sido avaliada quanto a sua importância biológica para a conservação da ictiofauna, esta não foi avaliada quanto a sua efetividade como unidade de conservação, ficando esta consideração como sugestão para estudos futuros na área. Além disso, visando o aprimoramento da metodologia utilizada neste estudo, sugere-se a classificação quanto a significância de conservação dos estuários do Estado de Santa Catarina com base em atributos bióticos (além do ictioplâncton/ictiofauna utilizados neste trabalho), físicos e demográficos (Edgar et al., 2000; Turpie et al., 2002), visando a proteção dos diferentes tipos de estuários, fauna e flora estuarinas existentes. A identificação das principais características ambientais dos habitats utilizados pelos peixes ao longo de seu ciclo de vida, e as influências ambientais na conectividade entre os habitats, é vital para o estudo de dinâmica de populações, manejo dos estoques pesqueiros, definição de habitats essenciais para a ictiofauna (Essential Fish Habitat EFH), e o design de áreas marinhas protegidas (Barletta et al., 2010). Este, dentro da abordagem ecossistêmica pode promover a integridade dos estoques pesqueiros e assegurar a longo-prazo a sustentabilidade dos pescadores e da atividade pesqueira (Rosenberg et al., 2000). Os mesmos autores definem o EFH como as áreas necessárias para a desova, reprodução, alimentação e/ou crescimento até a maturidade e ressaltam que possui implicações amplas e requerem a descrição e identificação dos habitats essenciais para os peixes para cada espécie-alvo, manejando a extensão dos efeitos adversos no habitat causados pela pescaria, e identificando outras ações que encorajem a conservação desses habitats. Os resultados do presente estudo e os trabalhos de Souza-Conceição (2008), Costa & Souza-Conceição (2009), Santos (2009), Araújo (2009) e Bordin (2010) confirmam a utilização da baía da Babitonga por larvas e juvenis de espécies de interesse comercial, porém a carência de estudos sobre a reprodução e alimentação dessas espécies na área tornam os dados insuficientes para a consideração desse estuário como um EFH. Mesmo com a crescente preocupação sobre a conservação da biodiversidade e manejo pesqueiro, ainda são poucas as áreas estuarinas protegidas, devido a importância econômica das atividades nesses ecossistemas (Johnson et al., 1999; Edgar et al., 2000; Neely & Zajac, 2008). A realidade para o Brasil segue este padrão, onde somente no 103 Estado de Pernambuco existe lei estadual (Lei 9.931) que define como Áreas de Proteção Ambiental (APA) as áreas estuarinas do estado, além da APA de Cananéia-Iguape-Peruíbe no Estado de São Paulo (SP). Por outro lado, nos Estados Unidos, existe o Sistema Nacional de Reservas Estuarinas (NERRS), o qual consiste da seleção de estuários designados para a preservação e manejo, com propósitos educacionais e para a pesquisa (Eichbaum et al., 1996). Os principais obstáculos para a implementação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) são os recursos públicos insuficientes alocados para o gerenciamento costeiro, participação limitada pela comunidade local nas tomadas de decisão sobre o manejo e a conservação dos recursos naturais, instabilidade política em nível local, falta de monitoramento pelas autoridades ambientais, e escassez de dados biológicos e ecológicos (Barletta et al., 2010). Os estuários na América do Sul variam extremamente quanto ao seu tipo de uso, sendo o nível do desenvolvimento social e econômico regional, serviços disponíveis e opções para a conservação determinantes para a qualidade ambiental (Barletta et al., 2010). Os mesmos autores e Houde & Rutherford (1993) relatam que os principais impactos ambientais nestes ecossistemas estão relacionados com a degradação de habitats e a exploração não sustentável dos recursos pesqueiros, sendo necessário o conhecimento e o monitoramento dos efeitos dos padrões de pequena e grande escala das condições abióticas necessários para o compreendimento da dinâmica da ictiofauna e pesca, e assim, a elaboração de um efetivo manejo. Para a baía da Babitonga já existem trabalhos que contemplam a distribuição espaço-temporal de vários estágios de desenvolvimento da ictiofauna, e.g. ovos e larvas (Costa & Souza-Conceição, 2009); juvenis (SouzaConceição, 2008; Araújo, 2009; Bordin, 2010) e adultos (Hostim-Silva et al., 1998; Côrrea et al., 2006; Santos, 2009), porém ainda são excassos os estudos sobre a dinâmica da pesca artesanal na região. Como reportado para a Lagoa dos Patos (Asmus & Tagliani, 1998), os interesses sócio-econômicos tendem a colidir com os de conservação ambiental na baía da Babionga. Diversas ações humanas afetam os estuários e a zona costeira, e dentre elas podem-se destacar a pesca, atividades industriais e agricultura (Babler, 2000; Kennish, 2002), sendo estas também registradas na baía na Babitonga (Cremer, 2006). Os impactos químicos e físicos nos habitats de larvas de peixes podem causar redução na sobrevivência devido a alterações com os recursos alimentares e áreas de refúgio; e desta forma, o manejo deve ser multidimensional e não direcionado a um determinado habitat ou espécie (Hoss & Thayer, 1993). Babler (2000) destaca que um plano de manejo para estuários baseado na ictiofauna 104 deve requerer a proteção e a manutenção da integridade do sistema, atendendo aos seguintes princípios: proteção da integridade física do habitat, da qualidade química das águas, das populações desovantes e dos juvenis da sobre-explotação. Desta forma, a conservação da ictiofauna em estuários tropicais e subtropicais não pode ser tratada separada da conservação do sistema estuarino como um todo, muito menos isolada das atividades humanas no entorno desses ecossistemas (Babler, 2000). Apesar do presente trabalho não envolver aspectos sociais e econômicos na avaliação e identificação das áreas prioritárias para a conservação, Pinheiro et al. (2009) e Kalikoski (2007) ressaltam a importância da percepção da comunidade em relação a necessidade da proteção do ecossistema em que vive. Por isso, dentre todos os benefícios de uma AEP, ressalta-se seu papel sócio-econômico. Cristie et al. (2010) demostraram que além da conectividade dentre as populações de peixes recifais, as comunidades humanas costeiras também estão relacionadas, sugerindo que o manejo em uma parte do sistema influencia a comunidade na outra parte, e que o entendimento de todas essas interações é essencial para o desenvolvimento do manejo ecossistêmico (Hixon et al., 2007). Desta forma, ambientes como estuários e lagoas costeiras que geralmente estão inseridos em um cenário de desenvolvimento econômico e de intenso uso, acabam sendo excluídos no estabelecimento de área marinha protegida. Uma solução é a associação da UC com o plano de gerenciamento costeiro, onde a AMP é definida através do zoneamento ecológico-econômico da área (Salm et al., 2000). Com isso, a conservação da baía da Babitonga inserida num plano de ordenamento costeiro pode facilitar e efetivar as ações de manejo na região. A região da baía da Babitonga possui um zoneamento ecológico-econômico (ZEEC) inserido no Plano de Gerenciamento Costeiro do Estado de Santa Catarina, elaborado em 2010. Esse zoneamento foi dividido em zonas de proteção marinha, manejo pesqueiro I e II, recreação, recreação náutica, manejo marinho aquícola, uso de aquaviário e portuário, uso múltiplo e uso especial marinho. Apesar dos diferentes conflitos de uso existentes na baía da Babitonga e os impactos antrópicos associados, o estuário ainda apresenta, de maneira geral, áreas com características naturais saudáveis. Uma vez que tal zoneamento foi elaborado visando principalmente o ordenamento das atividades econômicas exercidas no estuário, e que a criação de uma unidade de conservação torna-se cada vez mais distante, sugere-se a incorporação da área estuarina protegida no zoneamento, com a inclusão do conceito de essential fish habitat para a delimitação das áreas para manejo pesqueiro, aumento da zona de proteção marinha, e a criação da zona de 105 conservação marinha. Tais medidas podem alterar o quadro de degradação ambiental atual, minimizando os impactos das atividades, e assegurando a qualidade do ecossistema da baía da Babitonga. 106 6. CONCLUSÕES O presente estudo, sobre o ictioplâncton da baía da Babitonga como base para a definição de áreas prioritárias para a conservação de peixes, permite estabelecer as seguintes conclusões: • A baía da Babitonga comporta-se como um estuário verticalmente homogêneo, sem apresentar variações significativas na estrutura físico-química da coluna d’água; • a elevada densidade de ovos e larvas de peixes no estuário da baía da Babitonga durante os meses de primavera e verão está associada a época de desova de teleósteos que habitam a zona costeira adjacente deste ecossistema; • o uso da baía da Babitonga por diferentes estágios de desenvolvimento larval das famílias Engraulidae, Haemulidae, Gobiidae e Sciaenidae identificam esse estuário como habitat-chave na história de vida destes organismos; • a assembleia de larvas de peixes da baía da Babitonga apresenta um padrão espacial composto por grupos associados as áreas de influência marinha (externa) e fluvial (interna), bem como um grupo em área com características intermediárias, determinados pela salinidade, combinada ou não, com temperatura e transparência da água; • as zonas de baixa hidrodinâmica próximas do complexo central de ilhas estuarinas e o vórtice na desembocadura da baía da Babitonga são as principais áreas de retenção larval no estuário, indicando a possível importância de tais locais como zonas de berçário e desenvolvimento para diversas espécies; • um plano de conservação dos habitats e espécies da baía da Babitonga pode contribuir tanto para a manutenção da biodiversidade quanto para o manejo pesqueiro, alicerçado por critérios associados ao conhecimento da distribuição espaço-temporal do ictioplâncton, número de taxa e padrões de utilização do estuário pelos estágios iniciais de peixes; • o ordenamento das atividades inseridas na baia da Babitonga deve estar baseado em um zoneamento ecológico que englobe zonas de preservação (manguezais, marismas e ilhas estuarinas), conservação (áreas rasas, praias estuarinas, áreas do setor externo e área costeira adjacente) e recuperação ambiental (áreas portuárias e áreas próximas as cidades de Joinville, Itapoá e São Francisco do Sul) neste ecossistema estuarino. 107 7. 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