Arte Mangue Educação Ambiental e coleta de recicláveis 2003 A casa é fruto do ArteMangue, projeto de Célio que teve início em julho de 2001. Suas paredes guardam o segredo: foram erguidas com garrafas PET recolhidas da Baía. Apesar de não servir de moradia a nenhum de seus construtores, a obra é especial por ser um dos resultados dessa iniciativa "social e ambiental". Célio explica: "Social, porque tiro as crianças das mãos da marginalidade. E ambiental, porque elas aprendem a recolher, separar e fazer arte com o lixo da Baía de Guanabara, preservando o meio ambiente". Célio foi em busca de futuros "agentes ambientais" na escola pública da região, o Colégio Estadual Adalberto Gomes Pinto Ferraz. "Não fiz nenhum tipo de seleção, aqui não há discriminação. Tem da criança mais aplicada até a mais levada" Limitado pelos recursos financeiros, teve que fechar o grupo com 12 participantes. "Já fui aos órgãos públicos levar o projeto, mas ele foi engavetado”. Enquanto a ajuda não chega, o comerciante tira do próprio bolso para pagar o café da manhã das crianças - feito de pão com manteiga, leite e vitamina. Fora do horário do ArteMangue (de segunda à sexta-feira, das 8h às 11h), as crianças podem vender os objetos que produzem com o lixo. Isso, é claro, sem faltar a escola. "Acompanho as notas e a freqüência deles na sala de aula", diz Célio. A atividade ambiental tem espírito de gincana. A assiduidade na escola e no projeto contam pontos. "Estabeleço uma meta de 150 garrafas para eles catarem por dia. Eles catam tudo em meia hora, para você ver como a nossa Baía está suja", observa. A cada manhã, as crianças têm uma tarefa diferente: "Tem dias em que eles fazem trabalho com arte, tem dias que recolhem materiais de plástico, de vidro, e assim por diante. Eles aprendem que não tem nada que não se aproveite. Um pneu velho, por exemplo, pode servir para cercar um coqueiro“.