Página Web 1 de 1 Director: José Mateus Moreno Chefe de Redacção: Edgar Pires Região Sul > Sociedade > Notícia Centro de Ciências do Mar integra projeto de estudo dos efeitos das mudanças climáticas em bivalves Estudar e monitorizar os efeitos das mudanças climáticas em espécies europeias de bivalves é o objetivo do projeto CACHE, que tem como único parceiro português o Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve. Ainda em fase de arranque, o projeto procurará, durante os próximos quatro anos, respostas que possam vir ajudar a indústria a mitigar os seus efeitos ou a tirar vantagens das alterações climáticas. “O aumento da temperatura e a acidificação dos oceanos resultante das alterações climáticas podem comprometer o futuro de algumas espécies vitais para a economia europeia e para a preservação da biodiversidade marinha”, refere o centro. Atualmente, os cientistas ainda não sabem na totalidade como é que os bivalves (ostras, mexilhões, vieiras e amêijoas) produzem as suas conchas, ou como é que as mudanças no ambiente afetarão as suas populações. Para investigar esta questão, a Comissão Europeia financia o programa CACHE (Cálcio num Ambiente em Mudança) com um orçamento de 3,6 milhões de euros. A indústria de bivalves fornece um importante contributo para a economia marítima europeia, movimentando cerca de 500 mil milhões de euros anuais e dando emprego a 5,4 milhões de pessoas. Além disso, estes animais desempenham um papel importante nos oceanos como componentes da biodiversidade marinha e na absorção do dióxido de carbono, um dos gases de efeito estufa, uma vez que a sua estrutura da concha é feita com carbonato de cálcio. É precisamente a composição da concha que torna estas espécies mais vulneráveis às alterações climáticas, dado que o carbonato de cálcio é uma substância que se dissolve no meio ácido, resultante do excesso de dióxido de carbono. À medida que a água dos oceanos acidifica as estruturas das conchas poderão dissolver-se e ficar mais finas. Se tal suceder, os animais poderão ter que despender mais energia na produção de cascas mais grossas, crescendo menos e produzindo carne de melhor qualidade, com consequências negativas na economia pesqueira e no produto disponível para o consumidor. A forma como as espécies produzem a concha é também relevante para a indústria da biotecnologia, que está particularmente interessada em perceber como é que um composto solúvel como o cálcio pode ser transformado de forma eficiente numa estrutura tão robusta. O CACHE visa igualmente a formação de uma nova geração de cientistas marinhos em ligação com a indústria, sendo que o processo de recrutamento de candidatos a doutoramento e pós-doutoramento se encontra aberto até 12 de janeiro de 2014. O projeto é coordenado pelo British Antarctic Survey, em Cambridge, e o Centro de Ciências do Mar (CCMAR) é o único parceiro português envolvido. .diariOnline RS 12:05 terça-feira, 10 dezembro 2013 http://www.diario-online.com/print.php?refnoticia=141980 11-12-2013