Análise Literária
O mundo mágico da leitura se dá pela magia
que as palavras exercem em nossas mentes.
Assim como seu prato favorito alimenta seu
corpo, desperta seu olfato, deixa-o com água na
boca, a leitura suscita a mente e a imaginação
flui, desperta emoção.Como se pode sentir em
Os Poemas, de Quintana:
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
Nos livros que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão
Eles não tem pouso
nem porto
alimentam-se de um instante em cada par de mão
e partem
E olhas, então, essas tuas mãos vazias
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Se Machado é o bruxo do Cosme Velho, Cascaes é o
bruxo da ilha da magia; Alencar o precursor do indianismo,
com a Virgem dos olhos de mel.Na contramão surge
Macunaíma, marco da modernidade, de Mário de Andrade,
nosso herói sem caráter.Já num passado não muito distante,
Monteiro Lobato prospectava um Presidente negro para os
Estados Unidos, imaginação!Fantasia!Realidade ou apenas
coincidência, quem pode explicar?Analogias com certezas
feitas pelos leitores.
Quem diria que se pode aprender a lógica da matemática
por meio de histórias, de uma novela habilmente escrita por
um professor de matemática, que usa o pseudônimo de
Malba Tahan.E você, leitor, já descobriu o significados de
Luzbel? Dessa diversidade de autores, estilos e épocas,
muitos aprendizados se concretizam e muitas reflexões
acerca do real e do ficcional entrelaçam-se em nossas
mentes por meio das palavras e da imaginação.
13 CASCAES
Literatura Catarinense – Org. Flavio José Cardoso e Salim Miguel
No contexto do folclore bruxólico
Na obra de Cascaes, o imaginário cria corpo, agiganta-se e com
força se impõe, estando presente em toda parte e não mais restrito ao
interior da ilha e as conversas de fins de tarde nos barracões de
pesca.Populariza-se o termo bruxólico forjado por ele e configura-se o
“imaginário bruxólico” na literatura, na arte, na música e na vida
ilhoa.A ilha passa a ser conhecida quer pela beleza de suas praia,
quer por sua magia como Ilha das Bruxas ou Ilha da Magia ou Ilha de
Cascaes.
As Bruxas da Ilha estão na literatura enfeitiçando e leitor, nas
artes, os próprios artistas anunciam-se partícipes do Realismo
Fantástico Ilhéu – a escola artística de Cascaes; na música, a temática
está presente na figura da mulher-bruxa, feiticeira, que tece a tela da
sedução infinita, que faz mil loucuras, aprisionando na redá da pesca,
no rendado da paixão.
Como artista, Franklin Cascaes foi autodidata.Utilizou o seu talento e
criatividade em registrar e transmitir através da escrita, do desenho, da
escultura e do artesanato o legado açoriano, na ânsia de memorizar o
passado, de salvar o patrimônio cultural que se fragmentava frente às
exigências da modernidade, que chegava transformando o espaço urbano,
descaracterizando o meio rural e espoliando o pescador da sua praia.
Treze Cascaes
O livro “13 Cascaes é uma coletânia de contos de 13 escritores
catarinenses, na qual cada conto está ligado por um elemento comum: o
artista Franklin Cascaes.A idéia de coletânea de Salim Miguel e Flávio
José Cardoso e aprovada por Vilson Rosalino de Silveira,
surpreendentemente da Fundação Franklin Cascaes, que prospectou na
coletânea um elemento importante para integrar às comemorações do
centenário do nascimento do folclorista e pesquisador.A coletânea de
contos que inclui Adolfo Boos Jr., Amilcar Neves, Eglê Malheiros, Fábio
Bruggermann, Flávio José Cardoso, Jair Francisco Hamms, Júlio de
Queiroz, Maria de Lourdez Krieger, Olsen Jr., Péricles Prade, Raul Caldas
Filho, Salim Miguel e Silveira de Souza, com depoimentos de Peninha e
ilustrações de Tércio da Gama
Este é o primeiro título da Fundação Franklin Cascaes
Publicações.Em todos os contos, Franklin Cascaes aparece de alguma
forma, conduzindo o leitor através de uma ilha Florianópolis mística,
habitada por crenças açorianas e principalmente bruxas.A qualidade
gráfica da publicação é impecável! Em papel couche, com uma
cuidadosa diagramação e ilustrações de Tércio da gama e algumas do
próprio Franklin Cascaes.
Nos contos, Franklin Cascaes entra pra AA ficção como
protagonista ou figurante, numa concepção literária que revela uma
espécie de extensão do trabalho do folclorista, que morreu em 1983.
Cascaes ilustrava em suas obras a literatura oral relacionada a bruxas,
feiticeiras, lobisomens e fenômenos encantados que faziam parte do
universo ilhéu. O seu legado deu a Florianópolis o título de ‘ilha da
magia”, influenciou outros artistas e mexeu com o imaginário dos
escritores, como se vê nesta caprichosa edição coordenada por Dennis
Radunz.
A publicação de 13 Cascaes marca também o início de um novo
projeto editorial da Fundação Franklin Cascaes.Pelo selo serão
lançados mais dois títulos em homenagem ao artista, além de obras
identificadas com a memória, a literatura e as artes contemporâneas da
Capital.
Em 2008, ano centenário digno de inegável comemorações: no
dia 29 de setembro de 1908 falecia, no Rio de Janeiro, Machado
de Assis, escritor que enobrece o país; no dia 16 de outubro de
1908 nascia, em São José, nosso bruxólogo numero um, Franklin
Cascaes(falecido a 15 de março de 1983).O “ Bruxo de Cosme
Velho” recebe, em todo o Brasil, as comemorações a que se faz
juz.A Santa Catarina, especialmente na Florianópolis, cabe
dignificar o “Bruxo das Bruxas”.
São 13 (na melhor adequação buxólico-cabalística) os
contistas que integram e constroem esse autentico relicário da
mitologia ilhoa, dados à vida pelo bruxólogo Franklin Cascaes, ou
então recompõe, em corpo amplo, o grande mitológico Franklin
Cascaes, de incomensuráveis méritos para a tradição açoriana.DE
leitura tão agradável
quanto enriquecedora, os 13 contos,
ilustrados por Tércio da Gama, desdobram facetas múltiplas do
gênio bruxo e a herança que nos legou, entrelaçando com
habilidade ficção e realidade.
A vitrina de Luzluzbel
Literatura Contemporânea Catarinense
Aulo Sanford de Vasconcellos
Síntese da obra
Lupércio Odrigo Mendes, o Babão, tentava relacionar com a
rapariga Astronildes, não obtendo sucesso, sendo utilizado pelos três
brutamontes que la moravam também.Ainda descontente, recorre à
ajuda do amigo Bondinho, que mesmo receoso, devido aos trambiques
já feitos por Babão, aceita levar os presentes para a garota, também
sendo perseguido ladeira abaixo pelos primos da menina.
Em uma manhã, após uma noite chuvosa, é avistado, na praia, o
corpo nu de uma mulher, com indícios de abuso sexual e um ferimento
na cabeça. Pardal toma a investigação do caso e, por desconfiar de
Babão com suas armações e desavenças do passado, chegou a
abordá-lo.Porém, como esperado, negou tudo e ainda acusou o
Bondinho de, ele sim, ser suspeito.O amigo fica irado com a acusação
e jura vingança.
Após a separação com a mulher, Babão foi tentar consolar-se com
seu amigo de todas as horas, Cento e Um, que não diferentemente do
outro, acertou-o uma bofetada na cara, devido à perseguição da polícia
sobre ele, em seu trabalho e no ensaio da banda.
Na manhã seguinte aos desentendimentos, dois policias bateram à
porte de Gumercindo.Eram da “Homicídios”, vinham tratar de um crachá,
seu, encontrado junto ao cadáver de Valéria, com um ferimento na
cabeça.
Babão, agora sem amigos, mulher ou parentes para se aproximar,
sentia-se solitário, acabado, e surpreso ainda com a inesperada morte
de Euclades Ferreira, o bondinho, morto de mal súbito.
Foco Narrativo
O texto é narrado em 3ª pessoa do singular, com o narrador
onisciente.O autor toma como enfoque da história personagens ligados
por uma tênue linha, cada um enfrentando seus demônios, o que evoca
o título “A Vitrina de Luzbel, apresentando figuras que colidem
moralmente, o livro discorre como uma peça de caos onde são expostas
as opiniões e angustias de cada personagem.
Contexto Histórico
A narrativa do livro “A Vitrina de Luzbel” se passa em meados do século XX
em Florianópolis, período em que o cinema e os meios de comunicação
tecnológicos começam a entrar em evidencia.Essa fase é exibida quando o Cine
Meridional é mencionado, sendo o local de encontro doa jovens que desejavam
encontrar companheiros ou simplesmente conversar com os amigos.Apesar do
Cine Meridional ser o único cinema da cidade, a evolução no entretenimento
nesse sentido é nítida, pois como já foi dito, era uma lugar muito freqüentado.
Ainda no século XX, o problema da prostituição feminina foi abordada e,
apesar do autor não deixar explicita a existência das garotas de programa, a
descrição das “garçonetes” feitas por ele tendem a tratar dessa polêmica. As
mulheres aparecem sempre com roupas e comportamento muito sensual, quase
vulgar, em um ambiente onde a grande maioria do publico é masculina.
O livro não pode ser classificado como pertencente à uma escola literária
em especial,no entanto,apresenta muitas características que o aproximam à
literatura Realista,sendo que esta usava a análise psicológica de determinados
personagens
como
artifício
para
a
crítica
da
sociedade,desse
modo,manifestando uma aversão aos padrões conservadores da época.A prosa
realista é de teor épico,sendo assim documental.E dá vasão ao pensamento
crítico do leitor,tirando este suas próprias conclusões sobre o romance.
Antologia Poética
Modernismo – Mário Quintana
“Olho em redor do bar em que escrevo estas linhas.
Aquele homem ali no balcão, caninha após caninha,
nem desconfia que se acha conosco desde o início
das eras.Pensa que está somente afogando problemas
dele, João Silva...Ele está é bebendo a milenar
inquietação do mundo!”
Análise de Antologia Poética
A antologia poética de Mário Quintana foi publicada pela primeira
vez em 1966, com 60 poemas inéditos, e foi organizada por Rubem
Braga e Paulo Mendes Campos.
Despreocupado em relação à crítica, Mário Quintana fazia poesia
porque “sentia necessidade”, segundo duas próprias palavras. Em sua
poesia há um constante pessimismo e muito de ternura por um mundo
que, parece lhe é adverso.
A poesia de Mário Quintana se caracteriza por um profundo
humanismo, no conteúdo, e na forma, por uma “difícil simplicidade”.
Ternura, melancolia, intimismo, misticismo, humor irônico (para disfarçar
o sentimentalismo), nostalgia da infância, de pureza – são os motivos de
seu mundo poético.
A facilidade com que se exprime é ilusória: nada existe ai parecido
com soluções fáceis.É o artista consciente das virtualidades expressivas
de seu instrumento, do verso e da língua.
Atraído pelo realismo mágico ou fantástico, por visões oníricas ou
surrealistas, Mário Quintana procura comunicar esse mundo supra-real
mediante uma grande economia, mas também grande eficiência de
meios. Consegue-se com o poder sintético das linguagens, metáforas,
sinestesias, associações insólitas e outros tantos recursos da poesia
moderna.
O conjunto poético do livro mostra um poeta com lembranças da
infância, com olhar para uma rua imaginária, olhar este que vai entre a
ironia e a melancolia.
Obra marcada por uma grande diversidade de temas:
-tristeza das coisas
-morte
-infância (Alegrete)
-progresso
-Porto Alegre
-Ironia do cotidiano
Características
-individualismo
-pureza
-profundo humanismo
-finíssimo senso de humor
-poesia epigramática
-musicalidade
-intimismo
-pureza
-nostalgia
-simplicidade
-liberdade poética
-cromatismo
Eles não usam Black-tie
Teatro contemporâneo – Gianfrancesco Guarnieri
Contexto de época
Primeira peça de Gianfrancesco Guarnieri, Eles não usam Black-tie,
de 1958, foi encenada pela primeira vez quando o movimento Cinema
Novo começava a surgir e a convocar a arte ao neo-realismo. No lugar
de cenários pomposos e figurinos luxuosos, ficaram apenas os
elementos de cena indispensáveis. ao invés de personagens ricos e
nobres, operários e moradores do morro tomaram o palco.Ali, em plenos
anos 50, negros eram cidadãos comuns.Pela primeira vez, os conflitos
da realidade brasileira ganhavam espaço na caixa cênica.
Eles não usam Black-tie situa-se numa favela, nos anos 50, e tem
como tema a greve, e ao lado da greve a peça tem como pano de fundo
um debate sobre as grandes verdades eternas, reflexões universais
sobre a frágil condição humana, sobre os homens e seus conflitos. É a
história de um choque entre pai e filho com posições ideológicas e
morais completamente opostas e divergentes, o que por sinal, dá a
tônica dramática ao texto, em meio ao surto desenvolvimentista do
governo do presidente Juscelino Kubistschek(1956-1960).
Eles não usavam Black-tie é um texto político e social sempre
atual,no qual Gianfracesco Guarnieri criou,de um lado,personagens
marcantes e populares como Terezinha,Chiquinho,Dalvinha e
Jesuíno,que nos revelam um mundo alegre,descontraído e
aparentemente feliz.Já por outro lado a peça se apresenta forte e
densa,revelando de maneira real os conflitos que atormentam
personagens como Otávio,Romana,Tião,Maria e Bráulio.São totais
encontros e são esses momentos alegres e comoventes que nos
provocam o riso e a dor,alegria e tristeza.Assim,se por um lado um olhar
profundo dentro da sociedade brasileira,por outro esse olhar vem
embalado por um valor poético materializado na visão romântica do
mundo e de seus personagens.
Embora na convencional teoria de dramaturgia teatral não se
enquadre essa abordagem,o drama social é de natureza épica e pro isso
mesmo uma contradição em si mesma.Aqui,novamente Guarnieri
quebrou também outra regra essencial,presente nos manuais do “bom
drama”:ao invés de trazer personagens “superiores” como
protagonistas,ele se utilizou de gente humilde,trabalhadores comuns,para
conduzir sua história.Mesmo as mais simples metáforas foram pinçadas
nos mais básicos valores de nossa cultura popular, como, por exemplo,
na metáfora do amor: o feijão, prato massivo na América do Sul, teria um
A temática não é política, muito menos panfletária. O que
discorre são relações de amor, solidariedade e esperança diante dos
pedaços de uma vida miserável.Assim, a peça alia temas como
greve e vida operária com preocupações e reflexões universais do
ser humano.Sob o olhar de Karl Marx, em um retrato iluminado por
um feixe de luz na parede do cenário, o debate entre a coletividade e
o individualismo, simultaneamente cru e sensível, vai crescendo.Eles
não usam Black-tie é um marco do teatro de temática social.
Estrutura da peça Eles não usam Black tié
A peça é dividida em três atos e seis quadros.
1º Ato: Apresenta a família simples, os conflitos, a gravidez de
Maria; finaliza com a festa de noivado de Tião e o nascimento dos
gêmeos na casa de um vizinho na favela.
2º Ato: Prioriza a atuação do pai, Otávio, e o inicio da
organização sindical.
3º Ato: O inicio da greve e a desagregação familiar.
Síntese
A peça Eles não usam Black-tie tem como cenário ma favela
carioca e aborda o conflito entre pai e filho, causado por posições
ideológicas diferentes.Tião, o filho, sonha com a ascensão social
e as regalias da vida burguesa, renegando a vida
proletária.Otávio, o pai, acredita que sua classe social é forte e
que a luta por melhores salários é o caminho a ser seguido.
Liderando um movimento grevista, Otávio vê seu próprio filho
trair sua gente, furando a greve e colaborando com os patrões, na
esperança de alcançar um novo status social.Otávio é preso e ,
ao ser liberado, tem que enfrentar nova prova: o filho abandona o
barraco e o meio em que vive.Apesar disso, Otávio continua
acreditando que Tião voltará algum dia, compreenderá a posição
dos operários e se integrará a esse universo.
Eles não usam Black-tie: uma abordagem Marxista
Utilizando o filme, com base na peça, Eles não usam Black-tie, tornase possível igualmente compor uma análise a partir da teoria marxista,
enfatizando algumas cenas e personagens.Primeiramente, temos um
filme que ressalta o cotidiano das pessoas da classe mais baixa,
destacando um momento de tensão referente ao trabalho numa industria
da cidade, isto é, a insatisfação dos operários com relação às condições
às condições a que estavam submetidos.Sabemos que o motor da
história para Karl Marx é a contradição, que culmina na destruição de
uma estrutura e no aparecimento de outra.O filme justamente trata de um
momento de conflito entre os operários e os patrões(burgueses), em que
o proletariado busca seus direitos através de greves, protestos e
organização sindical.
Marx nos coloca que, na época da burguesia, o antagonismo de
classe se simplificava, dividindo-se em dois vastos campos opostos - o
campo da burguesia e o campo do proletariado. No filme, também temos
esta oposição, mas que privilegia a posição e movimento dos proletários,
isto é, um olhar predominantemente sobre os operários, enquanto a
burguesia é representada pela industria (MARX e ENGELS, 1983,p.366).
Iracema
Romantismo – José de Alencar
Enredo
Durante uma caçada, Martim se perdeu dos companheiros
pitiguaras e se pôs a caminhar sem rumo durante três dias.No interior
das matas pertencentes à tribo dos tabajaras, Iracema se deparou
com Martim.Surpresa e amedrontada, a índia feriu o branco no rosto
com um flechada.Ele não reagiu.Arrependida, a moça correu até
Martin e ofereceu-lhe hospitalidade, quebrando com ele a flecha da
paz.
Martim foi recebido na cabana de Araquém, que ali morava com a
filha.Ao cair da noite, Araquém havia deixado seu hóspede sozinho,
para que ele fosse servido com pelas mais belas índias da tribo.O
jovem branco estranhou que entre elas não estivesse Iracema, a qual
lhe explicou que não poderia servi-lo porque era quem conhecia o
segredo da bebida oferecida ao pajé e devia prepará-la.
Naquela noite, os tabajaras recepcionavam festivamente seu grande chefe
Irapuâ, vindo para comandar a luta contra os inimigos pitiguaras.Aproveitandose da escuridão, Martim resolveu ir-se embora.Ao penetrar na mata, surgiu-lhe
à frente o vulto de Iracema.Visivelmente magoada, ela o seguira e lhe
perguntou se alguém lhe fizera ma,para ele fugir assim.Percebendo sua
ingratidão, Martin se desculpou.Iracema pediu-lhe que esperasse, para partir,
a volta, no dia seguinte, de Caubi, que o saberia guiar pela mata.O guerreiro
branco voltou com Iracema e dormiu sozinho na cabana.
Na manhã seguinte, incitados por Irapuâ, os tabajaras se preparam para a
guerra contra os pitiguaras, que estavam permitindo a entrada dos brancos.
Martim foi passear com Iracema.Ele estava triste; ela lhe perguntou se
eram saudades da noiva, que deixara para trás.Martim adormeceu e sonhou
com Iracema; inconsciente ele pronunciou o nome da índia e a abraçou; ela se
deixou abraçar e os deois se beijaram.Quando Iracema ia se afastando
apareceu Irapuâ, que declarou amor à assustada moça e ameaçou matar
Martim.Apaixonada, porém, estava Iracema pro Martim e passou a ficar
preocupada pela vida dele.
Na manhã seguinte, Martim achou Iracema triste, ao anunciar-lhe que ele
poderia partir logo.Para fazê-la voltar a alegria, ele disse que ficaria e a
amaria.Mas a índia lhe informou que quem se relacionasse com ela morreria,
porque, por ser filha do pajé, guardava o segredo da Jurema.
Enquanto Martim estava combatendo, Iracema teve sozinho o filho, a
quem chamou de Moacir, filho da cor. Certa manhã, ao acordar, ela viu à sua
frente o irmão Caubi, que, saudoso, vinha visitá-la, trazendo paz.Admirou a
criança, porém surpreendeu-se com a tristeza da irmã, que pediu a ele que
voltasse para junto de Araquém, velho e sozinho.
De tanto chorar, Iracema perdeu o leite para alimentar o filho.
No caminho de volta, findo o combate, Martim, ao lado de Poti, vinha
apreensivo: como estaria Iracema? E o filho?Lá estava ela, à porta da
bcabana, no limite extremo da debilidade. Ela só teve forças para erguer o
filho e apresentá-lo ao pai.em seguida, desfaleceu e não mais se levantou da
rede.Suas últimas palavras foram o pedido ao marido de que a enterrase ao
pé do coqueiro de que ela gostava tanto.O sofrimento de Martim foi enorme,
principalmente porque seu grande amor pela esposa retornara revigorado
pela paternidade.O lugar onde se enterrou Iracema veio a se chamar Ceará.
Martim retornou para sua terra levando o filho. Quatro anos depois eles
voltaram para o Ceará, onde Martim implantou a fé cristã. Poti se tornou
cristão e continuou fiel amigo de Martim
De vez enquanto, Martim revia o local onde fora tão feliz e se doía de
saudade. A jandaia permanecia cantando mo coqueiro, ao pé do qual
Iracema fora enterrada.Mas a ave não repetia mais os nome de Iracema.
“Tudo passa sobre a terra”
Macunaíma
Modernismo – Mário de Andrade
A síntese do romance – rapsódia
Macunaíma - (Herói sem nenhum caráter)
O romance Macunaíma foi editado em 1982, embora tenha sido
escrito em quinze dias, no final de 1926, numa fazenda da família,
em Araraquara, interior de São Paulo, para onde o escritor tinha ido
passar uns dias. Levou consigo, naquela ocasião, os apontamentos
de anos de trabalho e pesquisa sobre o folclore brasileiro.
Deitado numa rede, com o caderno no colo e escrevendo a
lápis, Mário deu à luz um romance ímpar, revolucionário, a que
chamou “Rapsódia” como tipologia.
Rapsódia é o resultado de uma “costura” de lendas e, mal
comparando, Homero também fez isso quando “costurou” as lendas
dispersas sobre Ulisses, compondo, assim, o primeiro trabalho de
fôlego de toda a literatura ocidental, setecentos anos antes de Cristo.
Macunaíma é um romance fundamental do Modernismo
brasileiro. Inovador e ousado, é obra para se ler devagar, saboreando
cada passagem. Estruturalmente, o livro está dividido
em 17
capítulos.
Mário de Andrade chamou a sua obra-prima, Macunaíma (Macku
= “mau” e o sufixo ima = “grande”; “O Grande Mau” = herói da tribo
indígena dos Taulipangues), de Rapsódia. Dentre os vários
significados, rapsódia é o texto nascido pelo processo de colagem.
Trata-se da composição ou construção justapondo vários trechos que
ganham unidade no conjunto da obra. O autor misturou as lendas dos
índios com a vida urbana das cidades do Sudeste, as anedotas da
história brasileira com os costumes do Nordeste, etc. Tudo é mágico,
tudo vira tudo.
Foco Narrativo
Embora predomine o foco da 3ª pessoa, Mário de Andrade inova
utilizando a técnica cinematográfica de cortes bruscos do narrador,
interrompendo-o para dar vez à fala dos personagens, principalmente
Macunaíma. Esta técnica imprime velocidade, simultaneidade e
continuidade à narrativa.
Macunaíma
No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa
gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento
em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera,
que a índia tapanhumas pariu um criança feia. Essa criança é que
chamaram de Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou
mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:
Ai! que preguiça!...
e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de
paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois
manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força do homem. O
divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si
punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém. E
também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos
e nus. Passava o tempo do banho dando mergulho, e as mulheres
soltavam gritos gozados por causa dos guaimuns diz-que habitando a
água-doce por lá. No mucambo si alguma cunhatã se aproximava dele
pra fazer festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã
se afastava.
Macunaíma
O herói sem nenhum caráter



Perda da muiraquitã
Ida para SP
Luta com Venceslau



Vitória
Aceitação dos
próprios valores
Recuperação da
muiraquitã
Retorno ao Uraricoera
Luta com Vei
Derrota
Sedução pelos
valores estrangeiros
Espaço e tempo
As estripulias sucessivas de Macunaíma são vividas num espaço mágico,
próprio da atmosfera fantástica e maravilhosa em que se desenvolve a narrativa.
Em seu Roteiro de Macunaíma, mestre Cavalcanti Proença afirma que
Macunaíma se aproxima da epopéia medieval, pois “tem de comum com
aqueles heróis a sobre-humanidade e o maravilhoso. Está fora do espaço e do
tempo. Por esse motivo pode realizar aquelas fugas espetaculares e
assombrosas em que, da capital de São Paulo foge para a Ponta do Calabouço,
no Rio, e logo já está em Guajará-Mirim, nas fronteiras de Mato Grosso e
Amazonas para, em seguida, chupar manga-jasmim em Itamaracá de
Pernambuco, tomar leite de vaca zebu em Barbacena, Minas Gerais, decifrar
litóglifos na Serra do Espírito Santo e finalmente se esconder no oco de um
formigueiro, na Ilha do Bananal, em Goiás”.
Macunaíma é um personagem outsider, enquanto marginal, anti-herói,
fora-da-lei, na medida em que se contrapõe a uma sociedade moderna,
organizada em um sistema racional, frio e tecnológico. Assim, o tempo é
totalmente subvertido na narrativa. O herói do presente entra em contato com
figuras do passado, estabelecendo-se um curioso “diálogo com os mortos”.
Macunaíma fala com João Ramálio (Século XVI), com os holandeses (Século
XVII), com Hércules Florence (Século XIX) e com Delmiro Gouveia (pioneiro da
usina hidrelétrica de Paulo Afonso e industrial nordestino que criou a primeira
fábrica nacional de linhas de costura).
O Homem que calculava
Literatura Contemporânea – Malba Tahan
Foco Narrativo
Apresenta um Narrador-personagem em 3ª pessoa – Hank
tade-Maiá – o qual conversa com um viajante modestamente
vestido, esquisito – Beremiz Samir – o protagonista da novela. São
34 narrativas que envolvem o prodigioso calculista em muitas
aventuras e desventuras, sempre sendo testado e vencendo todos
os sábios.
Análise da obra
Beremiz Samir é o protagonista principal da história contada
neste livro. Vivemos em tempos difíceis para uns e nem tanto para
outros. Mas isto não impede que ponderemos e permitamos
gostosas divagações sobre o assunto abaixo descrito.
Considerando os efeitos da aplicação da matemática no meio
social em que vivemos haveremos de concordar que é tão necessária
quanto as coisas mais essenciais que necessitamos para sobreviver, a
exemplo do oxigênio, da água, da nossa alimentação, da nossa
efetividade, etc. Imaginemos quais formas teríamos à nossa volta, se
nas circunstâncias que proporcionaram sua criação não tivesse sido feio
uso da matemática.
Quanta coisa seria diferente.
O livro tem duas finalidades: uma didática e outra cultural. Hoje, o
valor pedagógico dessa obra é reconhecido até internacionalmente. Não
menos meritória de aplausos é a criatividade entretenedora dos livros de
Melo de Souza; o grande escritor Jorge Luiz Borges colocava-os entre
os mais notáveis livros da Humanidade.
Vejamos agora então; - quem aplica a matemática
Ora, a matemática é aplicada pelos doutos e pelos incultos. Se nos
vermos no mais sofisticado meio social que se possa conceber no
planeta atualmente, haveremos de perceber que ali, o uso desta ciência
maravilhosa está sendo inpersindível, isso mesmo!
Está; assim no tempo presente mesmo; pois além da importância
crucial que não podemos deixar de lhe atribuir, a matemática, não para
nunca a sua ação; em todo momento é utilizada e aplicada.
E se, por outro lado, situarmos-nos no mais rudimentar meio social possível de
ser localizado no planeta ou até mesmo se possível fosse fora dele, com certeza aí
também estão sendo aplicados os princípios básicos da matemática.
Diriam os leitores, como encontraríamos alguém num ambiente rudimentar da
forma descrita, certamente não menos hostil, que estivesse aplicando seus
conhecimentos matemáticos.
Caro leitor, temos que admitir; matemática é tão excelente e tão constantemente
aplicada que não depende de estar povoado com seres humanos determinado
ambiente, por mais que seja sofisticado ou rudimentar, para que aí se forma de vida; a
matemática aí está. Se nenhuma forma de vida for encontrada; do mesmo modo a
matemática aí se encontra presente, pelas forças naturais interagindo entre si.
As ondas do mar na sua simetria que desperta beleza! As areias do deserto e da
praia, tocadas pelo vento e pelas águas respectivamente, vão esculpindo formas que
maravilham os olhos das privilegiadas criaturas que tenham a oportunidade de
contemplar perceba a matemática acontecendo! Se for encontrada alguma. Os frutos,
ao caírem das árvores nos bosques, com seus formatos predefinidos, seus sabores
adoçados na medida exata de um paladar agradável, provas que cálculos foram feitos
para tudo dar certo.
Teríamos aqui uma lista indefinida de provas substâncias da onipresença da
matemática em todo tempo e espaço! Porém este breve relato se prende ao objetivo
de tornar notória a impressão causada pela leitura do livro acima citado, onde Beramiz
Samir delicia-nos com natural desenvoltura no uso e aplicação da matemática.
O Presidente Negro
Pré-modernismo – Monteiro Lobato
Estilo do Autor e Foco Narrativo
O ponto principal do livro é a luta entre os brancos e negros, na
disputa pela presidência dos Estados Unidos, isso é explícito em O
Presidente Negro quando Lobato enfatiza as diferenças entre as raças e
exalta os brancos. Outro ponto importante é o romance de Ayrton com
Miss Jane, que só se revela no final do livro, mas está presente em toda
a narrativa do personagem Ayrton, onde ele expressa seu amor platônico
pela amada.
Monteiro Lobato escreve uma narrativa em primeira-pessoa (Ayrton
Lobo) de forma simples e clara, tornando a leitura fácil e chamando a
atenção do leitor pela semelhança do seu texto com a atualidade, motivo
pelo qual este livro ainda é discutido.
Durante a narração de Monteiro Lobato, faz-se presente algumas figuras de
linguagem:
Ironia: “barata descascada”, fazendo referência à cor da pele dos negros, o
pigmento havia sido modificado pela ciência.
Metáfora: “finas sem magreza, ágeis sem macaquice, treinadas de músculos
por meio de sábios esportes, conseguiram alcançar a beleza nervosa das éguas
puro sangue”, falando da ausência dos antigos traços femininos.
O livro é dividido em capítulos:
01 – O Desastre
14 – Eficiência e Eugenia
02 – A Minha Aurora
15 – Vésperas do Pleito
03 – O Capitão Nemo
16 – O Titã Apresenta-se
04 – Miss Jane
17 – A Adesão das Elvinistas
05 – Tudo Éter Que Vibra
18 – O Orgulho da Raça
06- O Tempo Artificial
19 – Burrada
07 – Futuro e Presente
20 – A Convenção Branca
08 – A Luz que se Apaga
21 – Uma Dor de Cabeça
Histórica
09 – Entre Sá, Pato & Cia e Miss janeiro
22 – Amor! Amor!
10 – Céu e Purgatório
23 – A Derrocada de um Titã
11 – No Ano de 2228
24 – Crepúsculo
12 – A Simbiose Desmascarada
25 – O Beijo de Barrymore
13 – Política de 2228
Análise do Livro
A obra se passa no ano de 1926 no Rio de Janeiro. O livro começa
com Ayrton Lobo, esperando ser chamado para ser atendido num banco,
quando encontra um conhecido seu. Tomando a iniciativa Ayrton vai falar
com este, pergunta o que está fazendo, e ele responde: “Espero
pacientemente que me cantem o número, e enquanto espero filosofo sobre
os males que traz à vida a desonestidade dos homens. “Ayrton não entende
o que foi dito e seu conhecido começa a explicar para ele. Quando
entendido a filosofia de seu conhecido, Ayrton acaba filosofando sobre a
vida também.
Este percebe que um senhor distinto entra no banco, e pergunta a seu
conhecido quem seria o senhor, e este fala que ele é o professor Benson,
onde vive, num laboratório, talvez à procura da pedra filosofal. Muito sábio,
construiu sua fortuna jogando no câmbio, nunca perde uma aposta. O
professor Benson mora perto de Friburgo, num castelo, e chega a ser antisocial, pois não tem nenhum amigo.
Para Ayrton, o mundo que ele vive é o mundo dele, somente pensa
nele e mais ninguém. Trabalha na empresa Sá, Pato e Cia, e ganha o
suficiente para se sustentar. O sonho dele era possuir um carro, na época
um Ford, porque para ele havia dois tipos de pessoas: rodantes
possuidoras de carros, e os pedestres que viviam andando na rua.
Certo dia, Ayrton consegue comprar um carro, graças ao dinheiro
juntado por ele, e ainda conseguindo um aumento de seu salário, uma
vez que demonstrou o quanto aumentaria o renome da firma. Um dia
Ayrton faz uma entrega para seu patrão Pato, com
Ao retornar à consciência, percebe que não está em um lugar
conhecido. E vê o professor Benson. Ao perguntar de seu Ford, fica
sabendo que acabou de ser amassado.
Com o susto, Ayrton acaba
delirando e quando recobra a consciência, o professor fala para ele que
ele estava delirando com o seu Ford. Passaram-se uns quinze ou vinte
dias e Ayrton continua hospedado na casa do professor.
Durante o almoço, os três conversaram sobre o que Miss Jane
estava fazendo, e seu pai acaba dizendo que Ayrton será seu confidente.
O professor compara o mundo com um livro, onde o passado são as
páginas já lidas, o presente nas páginas que estão em sua frente e o
futuro o que ainda está por ser escrito. Revela-se também que o
professor e sua filha sabiam de alguns acontecimentos do que ainda
estão por vir.
Quando Ayrton começa conhecer melhor as idéias do professor e de
sua filha, acaba por entender melhor como a vida das pessoas é na
realidade.
O Brasil nessa época havia resolvido suas diferenças com os outros
países, incluindo a Argentina, e era bem dividido territorialmente. Com isso
surgiu a República do Paraná.
Antes da eleição do presidente, miss Elvin e Jim Roy reuniram-se
para tentar fazer uma aliança, mas não chegaram num acordo e ambos
continuaram na mesma situação. A eleição para presidente dependia do
partido dos negros, e seu representante assustou os dois outros partidos
rivais escolhendo a si para ser o 88º presidente dos EUA.
O presidente Kerlog se encontrou com o novo presidente e este falou
que dividiria a América em duas partes, uma para os brancos e outra para os
negros, mas o atual presidente disse que mesmo que ele o considerasse um
indivíduo inteligente, a raça do sangue continuaria mais forte que a terra.
Quando todos souberam que Jim Roy faleceu, realizou-se uma nova
eleição e agora com todos os votos o presidente Kerlog se reelegeria
presidente dos EUA.
Com o tempo, o que a raça branca queria foi conquistado. Aos
poucos os negros se viam cada vez mais extintos, até que, no final,
depois de muito tempo, a raça negra teria sido extinta, e a raça
ariana assim chamada reinaria na terra que segundo eles, só
poderia pertencer a eles.
Terminada a história, Sr. Ayrton vai para sua casa, e começa a
escrever o primeiro capítulo de sua novela, este capítulo não agrada
a miss Jane no começo. Ele pede para fazer do jeito deve, ser
verdadeiro, da maneira que ele entendeu a história, e ele volta ao
castelo com o primeiro capítulo refeito, com sinceridade dessa vez.
Assim, alcança seu objetivo que era de declarar para miss Jane, ele
não se declara para ela com palavras, mas com um beijo igual ao
que ele vira no cinema.
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Análise Obras UDESC - Colégio Machado de Assis