Análise Literária O mundo mágico da leitura se dá pela magia que as palavras exercem em nossas mentes. Assim como seu prato favorito alimenta seu corpo, desperta seu olfato, deixa-o com água na boca, a leitura suscita a mente e a imaginação flui, desperta emoção.Como se pode sentir em Os Poemas, de Quintana: Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam Nos livros que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão Eles não tem pouso nem porto alimentam-se de um instante em cada par de mão e partem E olhas, então, essas tuas mãos vazias no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... Se Machado é o bruxo do Cosme Velho, Cascaes é o bruxo da ilha da magia; Alencar o precursor do indianismo, com a Virgem dos olhos de mel.Na contramão surge Macunaíma, marco da modernidade, de Mário de Andrade, nosso herói sem caráter.Já num passado não muito distante, Monteiro Lobato prospectava um Presidente negro para os Estados Unidos, imaginação!Fantasia!Realidade ou apenas coincidência, quem pode explicar?Analogias com certezas feitas pelos leitores. Quem diria que se pode aprender a lógica da matemática por meio de histórias, de uma novela habilmente escrita por um professor de matemática, que usa o pseudônimo de Malba Tahan.E você, leitor, já descobriu o significados de Luzbel? Dessa diversidade de autores, estilos e épocas, muitos aprendizados se concretizam e muitas reflexões acerca do real e do ficcional entrelaçam-se em nossas mentes por meio das palavras e da imaginação. 13 CASCAES Literatura Catarinense – Org. Flavio José Cardoso e Salim Miguel No contexto do folclore bruxólico Na obra de Cascaes, o imaginário cria corpo, agiganta-se e com força se impõe, estando presente em toda parte e não mais restrito ao interior da ilha e as conversas de fins de tarde nos barracões de pesca.Populariza-se o termo bruxólico forjado por ele e configura-se o “imaginário bruxólico” na literatura, na arte, na música e na vida ilhoa.A ilha passa a ser conhecida quer pela beleza de suas praia, quer por sua magia como Ilha das Bruxas ou Ilha da Magia ou Ilha de Cascaes. As Bruxas da Ilha estão na literatura enfeitiçando e leitor, nas artes, os próprios artistas anunciam-se partícipes do Realismo Fantástico Ilhéu – a escola artística de Cascaes; na música, a temática está presente na figura da mulher-bruxa, feiticeira, que tece a tela da sedução infinita, que faz mil loucuras, aprisionando na redá da pesca, no rendado da paixão. Como artista, Franklin Cascaes foi autodidata.Utilizou o seu talento e criatividade em registrar e transmitir através da escrita, do desenho, da escultura e do artesanato o legado açoriano, na ânsia de memorizar o passado, de salvar o patrimônio cultural que se fragmentava frente às exigências da modernidade, que chegava transformando o espaço urbano, descaracterizando o meio rural e espoliando o pescador da sua praia. Treze Cascaes O livro “13 Cascaes é uma coletânia de contos de 13 escritores catarinenses, na qual cada conto está ligado por um elemento comum: o artista Franklin Cascaes.A idéia de coletânea de Salim Miguel e Flávio José Cardoso e aprovada por Vilson Rosalino de Silveira, surpreendentemente da Fundação Franklin Cascaes, que prospectou na coletânea um elemento importante para integrar às comemorações do centenário do nascimento do folclorista e pesquisador.A coletânea de contos que inclui Adolfo Boos Jr., Amilcar Neves, Eglê Malheiros, Fábio Bruggermann, Flávio José Cardoso, Jair Francisco Hamms, Júlio de Queiroz, Maria de Lourdez Krieger, Olsen Jr., Péricles Prade, Raul Caldas Filho, Salim Miguel e Silveira de Souza, com depoimentos de Peninha e ilustrações de Tércio da Gama Este é o primeiro título da Fundação Franklin Cascaes Publicações.Em todos os contos, Franklin Cascaes aparece de alguma forma, conduzindo o leitor através de uma ilha Florianópolis mística, habitada por crenças açorianas e principalmente bruxas.A qualidade gráfica da publicação é impecável! Em papel couche, com uma cuidadosa diagramação e ilustrações de Tércio da gama e algumas do próprio Franklin Cascaes. Nos contos, Franklin Cascaes entra pra AA ficção como protagonista ou figurante, numa concepção literária que revela uma espécie de extensão do trabalho do folclorista, que morreu em 1983. Cascaes ilustrava em suas obras a literatura oral relacionada a bruxas, feiticeiras, lobisomens e fenômenos encantados que faziam parte do universo ilhéu. O seu legado deu a Florianópolis o título de ‘ilha da magia”, influenciou outros artistas e mexeu com o imaginário dos escritores, como se vê nesta caprichosa edição coordenada por Dennis Radunz. A publicação de 13 Cascaes marca também o início de um novo projeto editorial da Fundação Franklin Cascaes.Pelo selo serão lançados mais dois títulos em homenagem ao artista, além de obras identificadas com a memória, a literatura e as artes contemporâneas da Capital. Em 2008, ano centenário digno de inegável comemorações: no dia 29 de setembro de 1908 falecia, no Rio de Janeiro, Machado de Assis, escritor que enobrece o país; no dia 16 de outubro de 1908 nascia, em São José, nosso bruxólogo numero um, Franklin Cascaes(falecido a 15 de março de 1983).O “ Bruxo de Cosme Velho” recebe, em todo o Brasil, as comemorações a que se faz juz.A Santa Catarina, especialmente na Florianópolis, cabe dignificar o “Bruxo das Bruxas”. São 13 (na melhor adequação buxólico-cabalística) os contistas que integram e constroem esse autentico relicário da mitologia ilhoa, dados à vida pelo bruxólogo Franklin Cascaes, ou então recompõe, em corpo amplo, o grande mitológico Franklin Cascaes, de incomensuráveis méritos para a tradição açoriana.DE leitura tão agradável quanto enriquecedora, os 13 contos, ilustrados por Tércio da Gama, desdobram facetas múltiplas do gênio bruxo e a herança que nos legou, entrelaçando com habilidade ficção e realidade. A vitrina de Luzluzbel Literatura Contemporânea Catarinense Aulo Sanford de Vasconcellos Síntese da obra Lupércio Odrigo Mendes, o Babão, tentava relacionar com a rapariga Astronildes, não obtendo sucesso, sendo utilizado pelos três brutamontes que la moravam também.Ainda descontente, recorre à ajuda do amigo Bondinho, que mesmo receoso, devido aos trambiques já feitos por Babão, aceita levar os presentes para a garota, também sendo perseguido ladeira abaixo pelos primos da menina. Em uma manhã, após uma noite chuvosa, é avistado, na praia, o corpo nu de uma mulher, com indícios de abuso sexual e um ferimento na cabeça. Pardal toma a investigação do caso e, por desconfiar de Babão com suas armações e desavenças do passado, chegou a abordá-lo.Porém, como esperado, negou tudo e ainda acusou o Bondinho de, ele sim, ser suspeito.O amigo fica irado com a acusação e jura vingança. Após a separação com a mulher, Babão foi tentar consolar-se com seu amigo de todas as horas, Cento e Um, que não diferentemente do outro, acertou-o uma bofetada na cara, devido à perseguição da polícia sobre ele, em seu trabalho e no ensaio da banda. Na manhã seguinte aos desentendimentos, dois policias bateram à porte de Gumercindo.Eram da “Homicídios”, vinham tratar de um crachá, seu, encontrado junto ao cadáver de Valéria, com um ferimento na cabeça. Babão, agora sem amigos, mulher ou parentes para se aproximar, sentia-se solitário, acabado, e surpreso ainda com a inesperada morte de Euclades Ferreira, o bondinho, morto de mal súbito. Foco Narrativo O texto é narrado em 3ª pessoa do singular, com o narrador onisciente.O autor toma como enfoque da história personagens ligados por uma tênue linha, cada um enfrentando seus demônios, o que evoca o título “A Vitrina de Luzbel, apresentando figuras que colidem moralmente, o livro discorre como uma peça de caos onde são expostas as opiniões e angustias de cada personagem. Contexto Histórico A narrativa do livro “A Vitrina de Luzbel” se passa em meados do século XX em Florianópolis, período em que o cinema e os meios de comunicação tecnológicos começam a entrar em evidencia.Essa fase é exibida quando o Cine Meridional é mencionado, sendo o local de encontro doa jovens que desejavam encontrar companheiros ou simplesmente conversar com os amigos.Apesar do Cine Meridional ser o único cinema da cidade, a evolução no entretenimento nesse sentido é nítida, pois como já foi dito, era uma lugar muito freqüentado. Ainda no século XX, o problema da prostituição feminina foi abordada e, apesar do autor não deixar explicita a existência das garotas de programa, a descrição das “garçonetes” feitas por ele tendem a tratar dessa polêmica. As mulheres aparecem sempre com roupas e comportamento muito sensual, quase vulgar, em um ambiente onde a grande maioria do publico é masculina. O livro não pode ser classificado como pertencente à uma escola literária em especial,no entanto,apresenta muitas características que o aproximam à literatura Realista,sendo que esta usava a análise psicológica de determinados personagens como artifício para a crítica da sociedade,desse modo,manifestando uma aversão aos padrões conservadores da época.A prosa realista é de teor épico,sendo assim documental.E dá vasão ao pensamento crítico do leitor,tirando este suas próprias conclusões sobre o romance. Antologia Poética Modernismo – Mário Quintana “Olho em redor do bar em que escrevo estas linhas. Aquele homem ali no balcão, caninha após caninha, nem desconfia que se acha conosco desde o início das eras.Pensa que está somente afogando problemas dele, João Silva...Ele está é bebendo a milenar inquietação do mundo!” Análise de Antologia Poética A antologia poética de Mário Quintana foi publicada pela primeira vez em 1966, com 60 poemas inéditos, e foi organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos. Despreocupado em relação à crítica, Mário Quintana fazia poesia porque “sentia necessidade”, segundo duas próprias palavras. Em sua poesia há um constante pessimismo e muito de ternura por um mundo que, parece lhe é adverso. A poesia de Mário Quintana se caracteriza por um profundo humanismo, no conteúdo, e na forma, por uma “difícil simplicidade”. Ternura, melancolia, intimismo, misticismo, humor irônico (para disfarçar o sentimentalismo), nostalgia da infância, de pureza – são os motivos de seu mundo poético. A facilidade com que se exprime é ilusória: nada existe ai parecido com soluções fáceis.É o artista consciente das virtualidades expressivas de seu instrumento, do verso e da língua. Atraído pelo realismo mágico ou fantástico, por visões oníricas ou surrealistas, Mário Quintana procura comunicar esse mundo supra-real mediante uma grande economia, mas também grande eficiência de meios. Consegue-se com o poder sintético das linguagens, metáforas, sinestesias, associações insólitas e outros tantos recursos da poesia moderna. O conjunto poético do livro mostra um poeta com lembranças da infância, com olhar para uma rua imaginária, olhar este que vai entre a ironia e a melancolia. Obra marcada por uma grande diversidade de temas: -tristeza das coisas -morte -infância (Alegrete) -progresso -Porto Alegre -Ironia do cotidiano Características -individualismo -pureza -profundo humanismo -finíssimo senso de humor -poesia epigramática -musicalidade -intimismo -pureza -nostalgia -simplicidade -liberdade poética -cromatismo Eles não usam Black-tie Teatro contemporâneo – Gianfrancesco Guarnieri Contexto de época Primeira peça de Gianfrancesco Guarnieri, Eles não usam Black-tie, de 1958, foi encenada pela primeira vez quando o movimento Cinema Novo começava a surgir e a convocar a arte ao neo-realismo. No lugar de cenários pomposos e figurinos luxuosos, ficaram apenas os elementos de cena indispensáveis. ao invés de personagens ricos e nobres, operários e moradores do morro tomaram o palco.Ali, em plenos anos 50, negros eram cidadãos comuns.Pela primeira vez, os conflitos da realidade brasileira ganhavam espaço na caixa cênica. Eles não usam Black-tie situa-se numa favela, nos anos 50, e tem como tema a greve, e ao lado da greve a peça tem como pano de fundo um debate sobre as grandes verdades eternas, reflexões universais sobre a frágil condição humana, sobre os homens e seus conflitos. É a história de um choque entre pai e filho com posições ideológicas e morais completamente opostas e divergentes, o que por sinal, dá a tônica dramática ao texto, em meio ao surto desenvolvimentista do governo do presidente Juscelino Kubistschek(1956-1960). Eles não usavam Black-tie é um texto político e social sempre atual,no qual Gianfracesco Guarnieri criou,de um lado,personagens marcantes e populares como Terezinha,Chiquinho,Dalvinha e Jesuíno,que nos revelam um mundo alegre,descontraído e aparentemente feliz.Já por outro lado a peça se apresenta forte e densa,revelando de maneira real os conflitos que atormentam personagens como Otávio,Romana,Tião,Maria e Bráulio.São totais encontros e são esses momentos alegres e comoventes que nos provocam o riso e a dor,alegria e tristeza.Assim,se por um lado um olhar profundo dentro da sociedade brasileira,por outro esse olhar vem embalado por um valor poético materializado na visão romântica do mundo e de seus personagens. Embora na convencional teoria de dramaturgia teatral não se enquadre essa abordagem,o drama social é de natureza épica e pro isso mesmo uma contradição em si mesma.Aqui,novamente Guarnieri quebrou também outra regra essencial,presente nos manuais do “bom drama”:ao invés de trazer personagens “superiores” como protagonistas,ele se utilizou de gente humilde,trabalhadores comuns,para conduzir sua história.Mesmo as mais simples metáforas foram pinçadas nos mais básicos valores de nossa cultura popular, como, por exemplo, na metáfora do amor: o feijão, prato massivo na América do Sul, teria um A temática não é política, muito menos panfletária. O que discorre são relações de amor, solidariedade e esperança diante dos pedaços de uma vida miserável.Assim, a peça alia temas como greve e vida operária com preocupações e reflexões universais do ser humano.Sob o olhar de Karl Marx, em um retrato iluminado por um feixe de luz na parede do cenário, o debate entre a coletividade e o individualismo, simultaneamente cru e sensível, vai crescendo.Eles não usam Black-tie é um marco do teatro de temática social. Estrutura da peça Eles não usam Black tié A peça é dividida em três atos e seis quadros. 1º Ato: Apresenta a família simples, os conflitos, a gravidez de Maria; finaliza com a festa de noivado de Tião e o nascimento dos gêmeos na casa de um vizinho na favela. 2º Ato: Prioriza a atuação do pai, Otávio, e o inicio da organização sindical. 3º Ato: O inicio da greve e a desagregação familiar. Síntese A peça Eles não usam Black-tie tem como cenário ma favela carioca e aborda o conflito entre pai e filho, causado por posições ideológicas diferentes.Tião, o filho, sonha com a ascensão social e as regalias da vida burguesa, renegando a vida proletária.Otávio, o pai, acredita que sua classe social é forte e que a luta por melhores salários é o caminho a ser seguido. Liderando um movimento grevista, Otávio vê seu próprio filho trair sua gente, furando a greve e colaborando com os patrões, na esperança de alcançar um novo status social.Otávio é preso e , ao ser liberado, tem que enfrentar nova prova: o filho abandona o barraco e o meio em que vive.Apesar disso, Otávio continua acreditando que Tião voltará algum dia, compreenderá a posição dos operários e se integrará a esse universo. Eles não usam Black-tie: uma abordagem Marxista Utilizando o filme, com base na peça, Eles não usam Black-tie, tornase possível igualmente compor uma análise a partir da teoria marxista, enfatizando algumas cenas e personagens.Primeiramente, temos um filme que ressalta o cotidiano das pessoas da classe mais baixa, destacando um momento de tensão referente ao trabalho numa industria da cidade, isto é, a insatisfação dos operários com relação às condições às condições a que estavam submetidos.Sabemos que o motor da história para Karl Marx é a contradição, que culmina na destruição de uma estrutura e no aparecimento de outra.O filme justamente trata de um momento de conflito entre os operários e os patrões(burgueses), em que o proletariado busca seus direitos através de greves, protestos e organização sindical. Marx nos coloca que, na época da burguesia, o antagonismo de classe se simplificava, dividindo-se em dois vastos campos opostos - o campo da burguesia e o campo do proletariado. No filme, também temos esta oposição, mas que privilegia a posição e movimento dos proletários, isto é, um olhar predominantemente sobre os operários, enquanto a burguesia é representada pela industria (MARX e ENGELS, 1983,p.366). Iracema Romantismo – José de Alencar Enredo Durante uma caçada, Martim se perdeu dos companheiros pitiguaras e se pôs a caminhar sem rumo durante três dias.No interior das matas pertencentes à tribo dos tabajaras, Iracema se deparou com Martim.Surpresa e amedrontada, a índia feriu o branco no rosto com um flechada.Ele não reagiu.Arrependida, a moça correu até Martin e ofereceu-lhe hospitalidade, quebrando com ele a flecha da paz. Martim foi recebido na cabana de Araquém, que ali morava com a filha.Ao cair da noite, Araquém havia deixado seu hóspede sozinho, para que ele fosse servido com pelas mais belas índias da tribo.O jovem branco estranhou que entre elas não estivesse Iracema, a qual lhe explicou que não poderia servi-lo porque era quem conhecia o segredo da bebida oferecida ao pajé e devia prepará-la. Naquela noite, os tabajaras recepcionavam festivamente seu grande chefe Irapuâ, vindo para comandar a luta contra os inimigos pitiguaras.Aproveitandose da escuridão, Martim resolveu ir-se embora.Ao penetrar na mata, surgiu-lhe à frente o vulto de Iracema.Visivelmente magoada, ela o seguira e lhe perguntou se alguém lhe fizera ma,para ele fugir assim.Percebendo sua ingratidão, Martin se desculpou.Iracema pediu-lhe que esperasse, para partir, a volta, no dia seguinte, de Caubi, que o saberia guiar pela mata.O guerreiro branco voltou com Iracema e dormiu sozinho na cabana. Na manhã seguinte, incitados por Irapuâ, os tabajaras se preparam para a guerra contra os pitiguaras, que estavam permitindo a entrada dos brancos. Martim foi passear com Iracema.Ele estava triste; ela lhe perguntou se eram saudades da noiva, que deixara para trás.Martim adormeceu e sonhou com Iracema; inconsciente ele pronunciou o nome da índia e a abraçou; ela se deixou abraçar e os deois se beijaram.Quando Iracema ia se afastando apareceu Irapuâ, que declarou amor à assustada moça e ameaçou matar Martim.Apaixonada, porém, estava Iracema pro Martim e passou a ficar preocupada pela vida dele. Na manhã seguinte, Martim achou Iracema triste, ao anunciar-lhe que ele poderia partir logo.Para fazê-la voltar a alegria, ele disse que ficaria e a amaria.Mas a índia lhe informou que quem se relacionasse com ela morreria, porque, por ser filha do pajé, guardava o segredo da Jurema. Enquanto Martim estava combatendo, Iracema teve sozinho o filho, a quem chamou de Moacir, filho da cor. Certa manhã, ao acordar, ela viu à sua frente o irmão Caubi, que, saudoso, vinha visitá-la, trazendo paz.Admirou a criança, porém surpreendeu-se com a tristeza da irmã, que pediu a ele que voltasse para junto de Araquém, velho e sozinho. De tanto chorar, Iracema perdeu o leite para alimentar o filho. No caminho de volta, findo o combate, Martim, ao lado de Poti, vinha apreensivo: como estaria Iracema? E o filho?Lá estava ela, à porta da bcabana, no limite extremo da debilidade. Ela só teve forças para erguer o filho e apresentá-lo ao pai.em seguida, desfaleceu e não mais se levantou da rede.Suas últimas palavras foram o pedido ao marido de que a enterrase ao pé do coqueiro de que ela gostava tanto.O sofrimento de Martim foi enorme, principalmente porque seu grande amor pela esposa retornara revigorado pela paternidade.O lugar onde se enterrou Iracema veio a se chamar Ceará. Martim retornou para sua terra levando o filho. Quatro anos depois eles voltaram para o Ceará, onde Martim implantou a fé cristã. Poti se tornou cristão e continuou fiel amigo de Martim De vez enquanto, Martim revia o local onde fora tão feliz e se doía de saudade. A jandaia permanecia cantando mo coqueiro, ao pé do qual Iracema fora enterrada.Mas a ave não repetia mais os nome de Iracema. “Tudo passa sobre a terra” Macunaíma Modernismo – Mário de Andrade A síntese do romance – rapsódia Macunaíma - (Herói sem nenhum caráter) O romance Macunaíma foi editado em 1982, embora tenha sido escrito em quinze dias, no final de 1926, numa fazenda da família, em Araraquara, interior de São Paulo, para onde o escritor tinha ido passar uns dias. Levou consigo, naquela ocasião, os apontamentos de anos de trabalho e pesquisa sobre o folclore brasileiro. Deitado numa rede, com o caderno no colo e escrevendo a lápis, Mário deu à luz um romance ímpar, revolucionário, a que chamou “Rapsódia” como tipologia. Rapsódia é o resultado de uma “costura” de lendas e, mal comparando, Homero também fez isso quando “costurou” as lendas dispersas sobre Ulisses, compondo, assim, o primeiro trabalho de fôlego de toda a literatura ocidental, setecentos anos antes de Cristo. Macunaíma é um romance fundamental do Modernismo brasileiro. Inovador e ousado, é obra para se ler devagar, saboreando cada passagem. Estruturalmente, o livro está dividido em 17 capítulos. Mário de Andrade chamou a sua obra-prima, Macunaíma (Macku = “mau” e o sufixo ima = “grande”; “O Grande Mau” = herói da tribo indígena dos Taulipangues), de Rapsódia. Dentre os vários significados, rapsódia é o texto nascido pelo processo de colagem. Trata-se da composição ou construção justapondo vários trechos que ganham unidade no conjunto da obra. O autor misturou as lendas dos índios com a vida urbana das cidades do Sudeste, as anedotas da história brasileira com os costumes do Nordeste, etc. Tudo é mágico, tudo vira tudo. Foco Narrativo Embora predomine o foco da 3ª pessoa, Mário de Andrade inova utilizando a técnica cinematográfica de cortes bruscos do narrador, interrompendo-o para dar vez à fala dos personagens, principalmente Macunaíma. Esta técnica imprime velocidade, simultaneidade e continuidade à narrativa. Macunaíma No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu um criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava: Ai! que preguiça!... e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força do homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus. Passava o tempo do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos gozados por causa dos guaimuns diz-que habitando a água-doce por lá. No mucambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava. Macunaíma O herói sem nenhum caráter Perda da muiraquitã Ida para SP Luta com Venceslau Vitória Aceitação dos próprios valores Recuperação da muiraquitã Retorno ao Uraricoera Luta com Vei Derrota Sedução pelos valores estrangeiros Espaço e tempo As estripulias sucessivas de Macunaíma são vividas num espaço mágico, próprio da atmosfera fantástica e maravilhosa em que se desenvolve a narrativa. Em seu Roteiro de Macunaíma, mestre Cavalcanti Proença afirma que Macunaíma se aproxima da epopéia medieval, pois “tem de comum com aqueles heróis a sobre-humanidade e o maravilhoso. Está fora do espaço e do tempo. Por esse motivo pode realizar aquelas fugas espetaculares e assombrosas em que, da capital de São Paulo foge para a Ponta do Calabouço, no Rio, e logo já está em Guajará-Mirim, nas fronteiras de Mato Grosso e Amazonas para, em seguida, chupar manga-jasmim em Itamaracá de Pernambuco, tomar leite de vaca zebu em Barbacena, Minas Gerais, decifrar litóglifos na Serra do Espírito Santo e finalmente se esconder no oco de um formigueiro, na Ilha do Bananal, em Goiás”. Macunaíma é um personagem outsider, enquanto marginal, anti-herói, fora-da-lei, na medida em que se contrapõe a uma sociedade moderna, organizada em um sistema racional, frio e tecnológico. Assim, o tempo é totalmente subvertido na narrativa. O herói do presente entra em contato com figuras do passado, estabelecendo-se um curioso “diálogo com os mortos”. Macunaíma fala com João Ramálio (Século XVI), com os holandeses (Século XVII), com Hércules Florence (Século XIX) e com Delmiro Gouveia (pioneiro da usina hidrelétrica de Paulo Afonso e industrial nordestino que criou a primeira fábrica nacional de linhas de costura). O Homem que calculava Literatura Contemporânea – Malba Tahan Foco Narrativo Apresenta um Narrador-personagem em 3ª pessoa – Hank tade-Maiá – o qual conversa com um viajante modestamente vestido, esquisito – Beremiz Samir – o protagonista da novela. São 34 narrativas que envolvem o prodigioso calculista em muitas aventuras e desventuras, sempre sendo testado e vencendo todos os sábios. Análise da obra Beremiz Samir é o protagonista principal da história contada neste livro. Vivemos em tempos difíceis para uns e nem tanto para outros. Mas isto não impede que ponderemos e permitamos gostosas divagações sobre o assunto abaixo descrito. Considerando os efeitos da aplicação da matemática no meio social em que vivemos haveremos de concordar que é tão necessária quanto as coisas mais essenciais que necessitamos para sobreviver, a exemplo do oxigênio, da água, da nossa alimentação, da nossa efetividade, etc. Imaginemos quais formas teríamos à nossa volta, se nas circunstâncias que proporcionaram sua criação não tivesse sido feio uso da matemática. Quanta coisa seria diferente. O livro tem duas finalidades: uma didática e outra cultural. Hoje, o valor pedagógico dessa obra é reconhecido até internacionalmente. Não menos meritória de aplausos é a criatividade entretenedora dos livros de Melo de Souza; o grande escritor Jorge Luiz Borges colocava-os entre os mais notáveis livros da Humanidade. Vejamos agora então; - quem aplica a matemática Ora, a matemática é aplicada pelos doutos e pelos incultos. Se nos vermos no mais sofisticado meio social que se possa conceber no planeta atualmente, haveremos de perceber que ali, o uso desta ciência maravilhosa está sendo inpersindível, isso mesmo! Está; assim no tempo presente mesmo; pois além da importância crucial que não podemos deixar de lhe atribuir, a matemática, não para nunca a sua ação; em todo momento é utilizada e aplicada. E se, por outro lado, situarmos-nos no mais rudimentar meio social possível de ser localizado no planeta ou até mesmo se possível fosse fora dele, com certeza aí também estão sendo aplicados os princípios básicos da matemática. Diriam os leitores, como encontraríamos alguém num ambiente rudimentar da forma descrita, certamente não menos hostil, que estivesse aplicando seus conhecimentos matemáticos. Caro leitor, temos que admitir; matemática é tão excelente e tão constantemente aplicada que não depende de estar povoado com seres humanos determinado ambiente, por mais que seja sofisticado ou rudimentar, para que aí se forma de vida; a matemática aí está. Se nenhuma forma de vida for encontrada; do mesmo modo a matemática aí se encontra presente, pelas forças naturais interagindo entre si. As ondas do mar na sua simetria que desperta beleza! As areias do deserto e da praia, tocadas pelo vento e pelas águas respectivamente, vão esculpindo formas que maravilham os olhos das privilegiadas criaturas que tenham a oportunidade de contemplar perceba a matemática acontecendo! Se for encontrada alguma. Os frutos, ao caírem das árvores nos bosques, com seus formatos predefinidos, seus sabores adoçados na medida exata de um paladar agradável, provas que cálculos foram feitos para tudo dar certo. Teríamos aqui uma lista indefinida de provas substâncias da onipresença da matemática em todo tempo e espaço! Porém este breve relato se prende ao objetivo de tornar notória a impressão causada pela leitura do livro acima citado, onde Beramiz Samir delicia-nos com natural desenvoltura no uso e aplicação da matemática. O Presidente Negro Pré-modernismo – Monteiro Lobato Estilo do Autor e Foco Narrativo O ponto principal do livro é a luta entre os brancos e negros, na disputa pela presidência dos Estados Unidos, isso é explícito em O Presidente Negro quando Lobato enfatiza as diferenças entre as raças e exalta os brancos. Outro ponto importante é o romance de Ayrton com Miss Jane, que só se revela no final do livro, mas está presente em toda a narrativa do personagem Ayrton, onde ele expressa seu amor platônico pela amada. Monteiro Lobato escreve uma narrativa em primeira-pessoa (Ayrton Lobo) de forma simples e clara, tornando a leitura fácil e chamando a atenção do leitor pela semelhança do seu texto com a atualidade, motivo pelo qual este livro ainda é discutido. Durante a narração de Monteiro Lobato, faz-se presente algumas figuras de linguagem: Ironia: “barata descascada”, fazendo referência à cor da pele dos negros, o pigmento havia sido modificado pela ciência. Metáfora: “finas sem magreza, ágeis sem macaquice, treinadas de músculos por meio de sábios esportes, conseguiram alcançar a beleza nervosa das éguas puro sangue”, falando da ausência dos antigos traços femininos. O livro é dividido em capítulos: 01 – O Desastre 14 – Eficiência e Eugenia 02 – A Minha Aurora 15 – Vésperas do Pleito 03 – O Capitão Nemo 16 – O Titã Apresenta-se 04 – Miss Jane 17 – A Adesão das Elvinistas 05 – Tudo Éter Que Vibra 18 – O Orgulho da Raça 06- O Tempo Artificial 19 – Burrada 07 – Futuro e Presente 20 – A Convenção Branca 08 – A Luz que se Apaga 21 – Uma Dor de Cabeça Histórica 09 – Entre Sá, Pato & Cia e Miss janeiro 22 – Amor! Amor! 10 – Céu e Purgatório 23 – A Derrocada de um Titã 11 – No Ano de 2228 24 – Crepúsculo 12 – A Simbiose Desmascarada 25 – O Beijo de Barrymore 13 – Política de 2228 Análise do Livro A obra se passa no ano de 1926 no Rio de Janeiro. O livro começa com Ayrton Lobo, esperando ser chamado para ser atendido num banco, quando encontra um conhecido seu. Tomando a iniciativa Ayrton vai falar com este, pergunta o que está fazendo, e ele responde: “Espero pacientemente que me cantem o número, e enquanto espero filosofo sobre os males que traz à vida a desonestidade dos homens. “Ayrton não entende o que foi dito e seu conhecido começa a explicar para ele. Quando entendido a filosofia de seu conhecido, Ayrton acaba filosofando sobre a vida também. Este percebe que um senhor distinto entra no banco, e pergunta a seu conhecido quem seria o senhor, e este fala que ele é o professor Benson, onde vive, num laboratório, talvez à procura da pedra filosofal. Muito sábio, construiu sua fortuna jogando no câmbio, nunca perde uma aposta. O professor Benson mora perto de Friburgo, num castelo, e chega a ser antisocial, pois não tem nenhum amigo. Para Ayrton, o mundo que ele vive é o mundo dele, somente pensa nele e mais ninguém. Trabalha na empresa Sá, Pato e Cia, e ganha o suficiente para se sustentar. O sonho dele era possuir um carro, na época um Ford, porque para ele havia dois tipos de pessoas: rodantes possuidoras de carros, e os pedestres que viviam andando na rua. Certo dia, Ayrton consegue comprar um carro, graças ao dinheiro juntado por ele, e ainda conseguindo um aumento de seu salário, uma vez que demonstrou o quanto aumentaria o renome da firma. Um dia Ayrton faz uma entrega para seu patrão Pato, com Ao retornar à consciência, percebe que não está em um lugar conhecido. E vê o professor Benson. Ao perguntar de seu Ford, fica sabendo que acabou de ser amassado. Com o susto, Ayrton acaba delirando e quando recobra a consciência, o professor fala para ele que ele estava delirando com o seu Ford. Passaram-se uns quinze ou vinte dias e Ayrton continua hospedado na casa do professor. Durante o almoço, os três conversaram sobre o que Miss Jane estava fazendo, e seu pai acaba dizendo que Ayrton será seu confidente. O professor compara o mundo com um livro, onde o passado são as páginas já lidas, o presente nas páginas que estão em sua frente e o futuro o que ainda está por ser escrito. Revela-se também que o professor e sua filha sabiam de alguns acontecimentos do que ainda estão por vir. Quando Ayrton começa conhecer melhor as idéias do professor e de sua filha, acaba por entender melhor como a vida das pessoas é na realidade. O Brasil nessa época havia resolvido suas diferenças com os outros países, incluindo a Argentina, e era bem dividido territorialmente. Com isso surgiu a República do Paraná. Antes da eleição do presidente, miss Elvin e Jim Roy reuniram-se para tentar fazer uma aliança, mas não chegaram num acordo e ambos continuaram na mesma situação. A eleição para presidente dependia do partido dos negros, e seu representante assustou os dois outros partidos rivais escolhendo a si para ser o 88º presidente dos EUA. O presidente Kerlog se encontrou com o novo presidente e este falou que dividiria a América em duas partes, uma para os brancos e outra para os negros, mas o atual presidente disse que mesmo que ele o considerasse um indivíduo inteligente, a raça do sangue continuaria mais forte que a terra. Quando todos souberam que Jim Roy faleceu, realizou-se uma nova eleição e agora com todos os votos o presidente Kerlog se reelegeria presidente dos EUA. Com o tempo, o que a raça branca queria foi conquistado. Aos poucos os negros se viam cada vez mais extintos, até que, no final, depois de muito tempo, a raça negra teria sido extinta, e a raça ariana assim chamada reinaria na terra que segundo eles, só poderia pertencer a eles. Terminada a história, Sr. Ayrton vai para sua casa, e começa a escrever o primeiro capítulo de sua novela, este capítulo não agrada a miss Jane no começo. Ele pede para fazer do jeito deve, ser verdadeiro, da maneira que ele entendeu a história, e ele volta ao castelo com o primeiro capítulo refeito, com sinceridade dessa vez. Assim, alcança seu objetivo que era de declarar para miss Jane, ele não se declara para ela com palavras, mas com um beijo igual ao que ele vira no cinema.