Chegada dos europeus a Santa Catarina Quando os portugueses chegaram ao litoral catarinense no século XVI, encontraram os guaranis, que ocupavam a maior parte do litoral brasileiro. No interior do estado, havia outras tribos: os Xokleng e os Kaingang. As zonas litorâneas receberam total influência dos açorianos, a qual permanece até hoje e pode ser observada nas atividades de pesca, agricultura, artesanato e religiosidade, além das danças do boi de mamão, pau de fita, terno de reis e os folguedos populares de rua. Meyer Filho, Boi de Mamão. Na religião a Festa do Divino; no artesanato, as rendas de bilro e a cerâmica popular. Nas regiões colonizadas por alemães (como Blumenau, Brusque,Jaraguá do Sul, Joinville), há o predomínio de casas, no estilo enxaimel, danças, músicas e festas com características germânicas. Enxaimel quer dizer enchimento. Primeiro, era construído o esqueleto da casa, todo de toras grossas de madeira. Entre as vigas verticais eram colocadas as horizontais e, nas extremidades das paredes, algumas em ângulo, para evitar inclinação. Pronta a “caixa”, os espaços eram completados com materiais disponíveis de acordo com a região, há fechamentos com taipa, barro socado e tijolos maciços rebocados. Em Santa Catarina, há maior ocorrência de tijolos maciços sem uso de reboco. Museu Hering em Blumenau Nas cidades de colonização italiana (como Urussanga e Nova Trento), prevalece o cultivo de uva, a religião católica, as danças e as músicas italianas. Na região norte de Santa Catarina, podemos encontrar cidades com características do Brasil Imperial como Joinville e São Francisco do Sul. Com fortes influências açorianas, alemãs e italianas, temos as cidades de Itajaí, Itapema, Porto Belo, Navegantes, Penha e Piçarras. Ao chegarmos ao Vale Itajaí, podemos perceber o predomínio das colonizações alemã, austríaca e suíça. Em Blumenau, é realizada a maior festa alemã da America Latina, a Oktoberfest. Grande Florianópolis Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, apresenta os traços de seus colonizadores nos casarios coloridos, nas ruas estreitas de pedra, nas rendas de bilro, na cerâmica, na pesca artesanal e nas danças. Na Ilha de Santa Catarina, os açorianos fundaram as freguesias Lagoa da Conceição, Ribeirão da Ilha, Santo Antônio de Lisboa, Canasvieiras, Rio Vermelho e Trindade. Cultura açoriana Bandeiras do Divino, tecelagem manual(havia no estado o cultivo do algodão nativo), renda de bilro, redes ou tarrafas, fara do boi, pau de fitas são exemplos da cultura deixada pelos colonizadores açorianos. Franklin Cascaes Região sul Laguna, cidade tombada pelo patrimônio histórico, foi marcada, desde a chegada dos primeiros colonos italianos, por lutas e ideias de liberdade. Arte moderna e contemporânea catarinense A partir do século XIX, com Victor Meirelles de Lima, iniciou-se a arte catarinense. O Museu Victor Meirelles é uma unidade museológica vinculada ao Instituto Brasileiro de Museus do Ministério da Cultura e está instalado desde 1952 na casa onde o artista nasceu no Centro de Florianópolis. A obra-prima que colocou o Brasil no cenário internacional das artes plásticas e elevou Victor Meirelles à categoria de gênio do seu tempo PRIMEIRA MISSA NO BRASIL 1860 Óleo sobre tela - 268 x 356 cm Coleção Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro Antes de seguir para a Europa, o artista mais uma vez retrata o cotidiano da pacata Desterro de 1851 RUA JOÃO PINTO, ANTIGA RUA AUGUSTA, FLORIANÓPOLIS, SC, 1851 Óleo sobre cartão - 33,9 x 49,2 cm Coleção Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro Moema, Victor Meirelles Óleo sobre tela, 129 X 190 cm, 1866 Acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand MASP. Em 1931, Franklin Cascaes começou a expor seus desenhos e suas cerâmicas, seus temas apresentam um resgate histórico do folclore, das tradições e das lendas da Ilha de Santa Catarina. Desenho de Franklin Cascaes feito a bico de pena Os presépios construídos por Franklin Cascaes, feitos com as folhas da piteira, e montados sob a lendária figueira da Praça XV de Novembro, tornaram-se tradição em Florianópolis. Cascaes registrou costumes, crenças, tradições e características populares referentes à vida dos colonos que habitaram a Ilha de Santa Catarina. Sua arte e sua genialidade são uma das maiores contribuições para o resgate e preservação da identidade cultural do município de Florianópolis. O acervo deixado pelo artista encontra-se hoje no Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral, da (UFSC). A procissão da mudança, 1960, argila, madeira, metal e papel policromados; tecido monocromado e palha. Ernesto Meyer Filho O artista plástico Meyer Filho nasceu em Itajaí no ano de 1919, vindo a residir em Florianópolis quatro anos depois. Autodidata sobre arte, era formado em Ciências Contábeis e foi funcionário do Banco do Brasil. Aprendeu sobre desenho, pintura, ilustração, história da arte e história natural através de manuais e livros sobre o assunto. Sua estréia oficial aconteceu em 1954, com a série O boi de mamão, quando ele mostrou ao público todo o seu talento no manejo do preto e do branco. O realismo fantástico e os temas siderais foram marcantes em praticamente toda sua vida. Meyer costumava dizer que era embaixador de Marte na terra. Meyer Filho, Boi de Mamão. Eli Malvina Diniz Heil (Palhoça SC 1929). Pintora, desenhista, ceramista, escultora, tapeceira, poeta. Nos anos 1950, atua como professora de educação física. Autodidata, inicia sua produção artística em 1962. Nessa época, desenha animais e pinta paisagens de morros com casas, utilizando camadas espessas de tinta e cores saturadas. Eli Heil, Iemanjá - técnica mista, 151x100cm, 1985 Em 1963, realiza sua primeira mostra individual, em Florianópolis. Nesse ano, o crítico e historiador da arte João Evangelista de Andrade Filho (1931) publica um ensaio sobre a obra da artista e a expõe em Brasília. Ainda nos anos 1960, começa a desenvolver objetos tridimensionais – aplica bonecos de pano na superfície da tela e, em seguida, cria seres imaginários com materiais diversos como cerâmica, cimento, madeira, argamassa e plásticos derretidos. O Morro - técnica mista, 50x70cm, 1982 Vomitando criações - escultura em concreto e tubos de tinta, 100cm, 1987 Madame flores - técnica mista, 88x58cm, 1970 O Mundo Ovo de Eli Heil. http://www.eliheil.org.br/por/acervo Juarez Machado (nasceu em Joinville em 1941) é um artista plástico brasileiro. Além de dedicar-se à pintura, é também escultor, desenhista, caricaturista, mímico, designer, cenógrafo, escritor, fotógrafo e ator. Em 1954 mudou-se para Curitiba, matriculando-se na Escola de Música e Belas-Artes do Paraná. Recémformado, em 1964 realizou sua 1ª mostra individual na Galeria Cocaco, de Curitiba, iniciando uma carreira de grande sucesso. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1966, onde residiu por vinte anos. Através de seus desenhos de humor, projeta-se nacionalmente. Além do desenho e da pintura, fez incursões pela mímica, cenografia, programação visual, ilustração e escultura. Foi chargista dos principais jornais brasileiros e mímico no programa Fantástico, da TV Globo. No final dos anos 70 voltou-se totalmente para a pintura. Juarez Machado.Ilha Juarez Machado