1 Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Faculdade de Medicina Programa de Pós-Graduação em Endocrinologia DISFUNÇÃO TIREOIDIANA AUTO-IMUNE PÓS-PARTO: VALOR DOS DADOS CLÍNICOS E DO ANTICORPO ANTIPEROXIDASE NO PROGNÓSTICO SHEILA MAMEDE DA COSTA Rio de Janeiro 2006 2 Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Faculdade de Medicina Programa de Pós-Graduação em Endocrinologia DISFUNÇÃO TIREOIDIANA AUTO-IMUNE PÓS-PARTO: VALOR DOS DADOS CLÍNICOS E DO ANTICORPO ANTIPEROXIDASE NO PROGNÓSTICO Aluno: SHEILA MAMEDE DA COSTA Tese de Mestrado apresentada ao programa de pósgraduação em Endocrinologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários a obtenção do título de Mestre em Medicina, área de concentração em Endocrinologia . Orientadores: Profo Mario Vaisman Profa Claúdia Medina Coeli Rio de Janeiro 2006 3 DISFUNÇÃO TIREOIDIANA AUTO-IMUNE PÓS-PARTO: VALOR DOS DADOS CLÍNICOS E DO ANTICORPO ANTIPEROXIDASE NO PROGNÓSTICO SHEILA MAMEDE DA COSTA Orientadores: Profo Mario Vaisman Profa Claúdia Medina Coeli Tese de Mestrado apresentada ao programa de pós-graduação em Endocrinologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários a obtenção do título de Mestre em Medicina, área de concentração em Endocrinologia . Banca Examinadora: ___________________________________ PRESIDENTE, Profo Alexandru Buescu _______________________________________ Profo Lino Sieiro Netto _______________________________________ Profa Maria do Carmo Borges de Souza Rio de Janeiro 2006 4 FICHA CATALOGRÁFICA Mamede, Sheila Costa Disfunção tireoidiana auto-imune pós-parto: Valor dos dados clínicos e do anticorpo anti-peroxidase no prognóstico / Sheila Mamede da Costa. Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2006. x, 79 f.: il.; 20cm. Orientadores: Mario Vaisman e Claúdia Medina Coeli. Tese (Mestrado) – UFRJ / Faculdade de Medicina, Programa de PósGraduação em Endocrinologia, 2006. Referências bibliográficas: f. 31-37. 1Auto-imunidade tireoidiana. 2- Gestação. 3- Pós-parto. 4- Tireoidite pós-parto. 5- Rastreamento. I. Vaisman, Mario. II. Coeli, Claúdia Medina. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina. IV. Título 5 DEDICO ESTA TESE ÀS PESSOAS MAIS IMPORTANTES DA MINHA VIDA Aos meus pais Nilton Cavalcante da Costa e Maria Mamede Cavalcante da Costa, pelo carinho, dedicação e educação que me deram. Sempre me impulsionaram na minha carreira. Minha irmã Maria Angélica Mamede da Costa, pelo amor, dedicação, amizade e ajuda com a informática. Meu sobrinho e afilhado, João Paulo. Sua alegria é um estímulo para eu conseguir atingir os meus objetivos. Minha tia Zélia Mamede, pelo ter incentivado a minha carreira. 6 AGRADECIMENTOS Ao Dro Lino Sieiro Netto, querido amigo, maior incentivador para que eu realizasse essa tese. Me guiou com todo carinho e habilidade desde a época do internato. Obrigado pela confiança. Ao meu chefe, Dro Mário Vaisman, pela sua orientação e paciência na organização deste trabalho. Maior incentivador dos trabalhos apresentados e publicados. A ele, todo o meu respeito e agradecimento. À Dra Claudia Medina Coeli, minha orientadora, responsável por toda a estatística do trabalho. Obrigado pela paciência. Ao Dro Alexandru Buescu, sempre carinhoso. Obrigado pela ajuda nas traduções. Ao meu amigo Jefferson Luis da Costa, também mestrando de Endocrinologia da UFRJ, pelo carinho durante este tempo. Ao meu amigo e ex-professor, Eduardo Micmacher, pelo incentivo durante a realização desta tese. À minha madrinha Suely Martins, pela revisão no português. Sempre grande amiga e incentivadora. À secretária Nadia Glória Penna Queiroz pela atenção e por sempre estar disposta a ajudar. Ao Laboratório Dr. Emerson, em especial, ao Sr. Paulo da Costa, que realizaram as dosagens hormonais e laboratorias, sempre com muita gentileza. Ao Hospital Geral de Nova Iguaçu, que me permitiu estar ausente durante o mês de janeiro para a conclusão deste trabalho. Ao serviço de obstetrícia do HGNI, em especial a Dra Sandra Muri, que permitiu nossa presença em seu ambulatório. Ao laboratório do HGNI, pela ajuda na armazenamento dos soros. As gestantes que se dispuseram a participar deste trabalho, sem as quais este não poderia ter sido realizado. 7 ÍNDICE 1. Introdução e relevância do tema PÁGINA 1 2. Revisão da literatura 2.1. Etiopatogenia 2 2.2. Quadro clínico 6 2.3. Diagnóstico e tratamento 9 2.4. Rastreamento 12 3. Metodologia geral da pesquisa 14 3.1. Dosagens laboratoriais 16 3.2. Análise de dados 17 4. Resultados 18 5. Discussão 27 6. Conclusão 30 7. Referências Bibliográficas 31 8. Anexos 8.1. Anexo 1 – Ficha de avaliação dos pacientes 38 8.2. Anexo 2 – Trabalhos apresentados em congressos 40 8.3. Anexo 3 – Trabalhos publicados em revista 46 8 GLOSSÁRIO Anticorpo anti-peroxidase tireoidiana Anti-TPO Anticorpo anti-receptor de TSH TRAB Anticorpo anti-tireoglobulina Anti-Tg Anticorpo dependente mediada por célula ADCC Células Natural Killer NK Diabetes Mellitus tipo 1 DM1 Disfunção tireoidiana pós-parto DTPP Hormônio tireostimulante TSH “Human Leucocyte Antigens “ HLA Levotiroxina LT4 Tireoidite Pós-parto TPP Tiroxina livre T4 livre Triiodotironina T3 Punção aspirativa por agulha fina PAAF 9 RESUMO A Tireoidite pós-parto (TPP) é uma disfunção auto-imune que acomete mulheres no o 1 ano pós-parto, sendo o anticorpo anti-peroxidase tireoidiana (anti-TPO) o seu principal marcador. O objetivo do trabalho foi avaliar a utilidade do anti-TPO no início da gestação e os dados clínicos no prognóstico da disfunção. Foram estudadas 98 gestantes no início da gestação (9-12 semanas) e no 6o, 12o, 18o e 24o mês pós-parto, com dosagens de anti-TPO, TSH e T4 livre. Além disso responderam a um questionário com informações como idade, tabagismo, história familiar de doença tireoidiana. Todas foram avaliadas por um único examinador, com especial atenção para a presença de bócio. Das 98 mulheres, 10 apresentaram anti-TPO positivo no início da gestação e destas 6 desenvolveram TPP. Das 88 mulheres negativas na gestação 4 desenvolveram TPP. Os níveis de TSH foram significativamente mais elevados nas mulheres positivas para antiTPO aos 12, 18 e 24 meses pós-parto, quando comparados com o grupo negativo. O risco total de disfunção no período de 1 ano de acompanhamento foi de 10,2% (IC 95% 4,116,3%). Esse risco foi significativamente maior nas mulheres com história familiar de doença tireoidiana, anti-TPO positivo e com presença de bócio no início da gestação. A sensibilidade, especificidade e valor preditivo positivo do anti-TPO no prognóstico da disfunção foi de 60,0%, 95,5% e 60,0%. Restringindo o rastreamento para mulheres com história familiar de doença tireoidiana e com bócio, o valor preditivo positivo aumenta de 60,0% para 82,4%. Nossos resultados mostram que o rastreamento com anti-TPO no início da gestação deve ser realizado, principalmente nas mulheres que apresentem fatores de risco para TPP. 10 ABSTRACT Postpartum thyroiditis (PPT) is na autoimune thyroid dysfunction that occurs in the first year after delivery and is characterized by elevated thyroid peroxidase antibodies (TPOAb). The aim of the present study was to evalute the utility of TPOAb levels in early pregnancy combined with clinical information for prediction of PPT with one year of postpartum.. We studied 98 pregnant women by determining their TPOAb levels in early pregnancy (9-12 weeks),as well as their serum thyrotropin (TSH) and free thyroid (fT4) levels at 6 and 12 months postpartum. Furthemore, they answered a questionnaire regarding age,smoking and family history of thyroid disease. Physical examination was performed by only one examiner with special attention to the presence of goiter. Of the 98 women,10 were positive TPOAb in early pregnancy. TSH levels were significantly higher in TPOAb positive women compared with TPOAb negative at the 12th months postpartum. The overall risk of PPT within one year of follow up was 10.2%(95%CI 4.1– 16.3%). Risk of PPT was significantly higher among women with a family history of thyroid disease, TPOAb positive and presenting goiter in early pregnancy. The sensitivity, specificity and positive predictive value of TPOAb in PPT prediction were 60.0%, 95.5% and 60%. Restricting screening to women with a family history of thyroid disease or presenting goiter increases the positive predictive value from 60% to 82.4%. Our results suggest that TPOAb could be used as a screening test for PPT prediction at least among women who present a high risk of developing PPT. . 11 INTRODUÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA A gestação é um período de relativa imunossupressão, afetando tanto o setor celular quanto o humoral, seguida no pós-parto de uma maior atividade imunológica(1). Desta forma é fato característico que as doenças auto-imunes tendem a melhorar durante a gestação e a exacerbar no pós-parto, como ocorre com a doença de Graves, artrite reumatóide e esclerose múltipla(2,3). O período pós-parto torna-se propício para o aparecimento de disfunção tireoidiana auto-imune, sendo a mais frequente tireoidite pós-parto (TPP)(1,2). A TPP é causada pela destruição auto-imune da tireóide, acometendo aproximadamente 5 a 9% das mulheres no 1o ano(4), caracterizada pela elevação dos anticorpos anti-peroxidase (anti-TPO)(4,5,6,7,8),disfunção tireoidiana transitória(4,5,6,9) e hipoecogenicidade na ultra-sonografia de tireóide(5,10). Muitos autores consideram TPP com o uma variante da tireoidite de Hashimoto(11,12,13). Roberton, em 1948 fez a primeira descrição de TPP, com aparecimento de hipertireoidismo 3 meses após o parto (14). Em 1976, Amino e col. descreveram tireoidite auto-imune em 06 mulheres japonesas com hipotireoidismo transitório no pós-parto(15). Somente em 1982 demonstrou-se a incidência de TPP em torno de 5.5% em período de 12 meses pós-parto (16). Existe uma considerável discrepância nas descrições sobre a prevalência de TPP, sendo observados valores desde 1.1 a 16.7% durante o 1o ano pósparto(4,5,6,8,16,17,18). Vários são os fatores que tentam justificar a variação na frequência de TPP, dentre eles: dietéticos (19), geográficos(12,19,20), genéticos(19,21), assim como duração dos estudos e frequência nos testes(20). A presença do anticorpo anti-TPO no início da gestação é o marcador mais importante para detectar tireoidite auto-imune subclínica e portanto fundamental no prognóstico de disfunção tireoidiana auto-imune pós-parto (DTPP)(5,8). O objetivo do estudo foi avaliar a utilidade da presença de títulos elevados de anti-TPO no início da gestação em conjunto com dados clínicos no prognóstico de TPP. 12 REVISÃO DA LITERATURA TIREOIDITE PÓS-PARTO ETIOPATOGENIA Durante a gravidez, o sistema imune materno é suprimido, o que pode ser devido a atividade aumentada das células T supressoras fetais(12). No final da gravidez e durante os 3 primeiros meses do pós-parto ocorre uma queda das células T CD4 (células T helper ) e um aumento das células T CD8 (células T supressoras), causando queda na relação CD4/CD8. Mulheres que desenvolvem TPP têm uma alta relação CD4/CD8 e ativação das células T CD4 no período pós-parto(22, 23) . Após o parto, o rápido desaparecimento dos fatores supressores de imunidade materna leva a um “rebote” na função auto-imune. Portanto, os títulos de anticorpos tireoidianos estão reduzidos durante a gestação, alcançando um nadir no parto e mostrando um aumento no pós-parto, com um pico no 3o – 4o mês de pósparto(12,21,22). Desta forma, alguns autores sugerem que as mulheres que desenvolvem a TPP, já teriam uma doença auto-imune pré-existente deflagrada durante o período de “rebote” pós-parto(1,24,25). Muitas doenças auto-imunes como doença de Graves, esclerodermia, lupus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjogren que entram em remissão na gestação podem apresentar um período de reativação no pós-parto(9). Amino e col. notaram que disfunção tireoidiana foi comum em mulheres com doença de Graves que estavam eutireoidianas no momento do parto e, entre estas mulheres pelo menos 1/3 apresentaram TPP(26). Evidências para etiologia auto-imune incluem os seguintes fatores: a ocorrência de altos títulos de anticorpos tireoidianos (principalmente anti-TPO)(4,5,6,7,8,18,20,21); associação com imunoglobulinas das subclasses IgG(27); ativação do complemento(28,29); alteração na relação dos linfócitos T(CD4 e CD8)(12,20,22); 13 associação com antígenos de classe HLA, principalmente DR3, DR4 e DR5(1,12,21); história familiar de doença auto-imune além de infiltração linfocítica da tireóide em mulheres com TPP, semelhante as que ocorrem na tireoidite de Hashimoto(12,25). A presença do anti-TPO é o mais importante marcador de TPP e quando presente no início da gestação, pode significar infiltração linfocítica dentro da glândula e portanto “tireoidite subclínica auto-imune”, que pode exacerbar-se após o parto(30). O primeiro auto-antígeno tireoidiano descoberto e que mostrou ser um marcador para a tireoidite de Hashimoto, foi o anticorpo anti-tireoglobulina (antiTg)(31). Logo após foram descobertos auto-antígenos no citoplasma da célula folicular tireoidiana, caracterizados como enzima TPO(32,33). O anticorpo anti-TPO é mais prevalente que o anti-Tg. Quando ambos anticorpos são presentes os títulos de anti-TPO tendem a ser mais elevados(34). A presença exclusiva de anti-Tg é encontrada em menos de 5% dos casos, sendo portanto justificável somente a solicitação do anti-TPO(35). No momento que ocorre a TPP a inter-relação com os anticorpos tireoidianos é de fundamental importância. Estudo realizado na Califórnia mostrou que de 1.000 mulheres analisadas no pós-parto, 50 (5%) apresentaram TPP e destas 45 (90%) tinham títulos elevados de anti-TPO e apenas 5 (10%) das que desenvolveram a doença apresentavam anti-TPO negativo(36). Também tem sido proposto como importante mecanismo imune na mediação da TPP, a citotoxidade anticorpo dependente mediada por célula (ADCC) e a atividade funcional das células natural killer (NK). Hayslip e col.(37)analisaram estes dois parâmetros em pacientes com TPP, mulheres sadias no período pós-parto e em mulheres sadias fora do pós-parto, tendo chegado a conclusão de que a atividade funcional das células NK e a ADCC em pacientes com TPP não são diferentes de mulheres pós-parto saudáveis: ambas tiveram uma queda significativa nos dois parâmetros comparada aquelas mulheres que não estavam no pós-parto. A grande maioria dos autores têm demonstrado a associação entre disfunção tireoidiana pós-parto com HLA DR3(22,38,39), DR4(27,38) , DR5(11,38), A1(39)e B8(39). Mais recentemente, Premawardhana e col. não mostraram tal associação(5).Estas 14 discrepâncias nos estudos podem ser explicadas por diferenças étnicas(22). Contudo a associação com HLA DR5 na TPP reforça o que muitos autores já sugerem, que a doença seria uma variante da tireoidite de Hashimoto(11). Para Stagnaro-Green e col.(23) mulheres que apresentam HLA DR3, DR4 e DR5 apresentam maior risco para desenvolvimento de TPP. A ativação do sistema complemento também é considerado como um fator importante para o desenvolvimento da TPP. O primeiro questionamento sobre este envolvimento está no fato de que em um grupo de mulheres que apresentam anti-TPO positivo, apenas uma parte desenvolve a doença. De acordo com Parkes e col.(28) isto ocorre devido a habilidade dos anticorpos circulantes ativarem a cascata de complemento. Este grupo demonstrou que a ativação do complemento pelo anti-TPO e o título de anti-TPO bioativo (índice de anticorpo x C3) foram maiores em mulheres com TPP comparadas com mulheres eutireoidianas com anti-TPO positivo. Os níveis de anti-TPO bioativo alcançou um pico de 90 kIU/L em mulheres com TPP em comparação com 55kIU/L em mulheres eutireoidianas com anti-TPO positivo. Em outro trabalho, os mesmos autores demonstraram que a severidade da doença, que é indicado pela duração da disfunção, também está relacionado com habilidade do anticorpo ligar-se e ativar a cascata de complemento(29). Fatores exógenos, como a ingesta de iodo e a tiroxina podem ter importância para o desenvolvimento de patologias auto-imunes(40). É muito pouco provável que o iodo tenha um papel primário nos eventos imunológicos principais da TPP, visto que a incidência de disfunção tireoidiana autoimune pós-parto é similar no Japão, onde a ingesta de iodo é muito alta e Suécia, onde há casos de deficiência(41). É possível contudo, que um alto conteúdo de iodo tireoidiano no início da destruição imunológica possa levar a uma fase tireotóxica mais pronunciada. Isto pode explicar a diferente expressão clínica da TPP na América do Norte e Japão, onde a tireotoxicose parece ser a característica clínica mais comum e na Suécia , onde o hipotireoidismo predomina(41). Othman e col.(42) não observaram diferença na excreção urinária de iodo no pósparto imediato entre 73 mulheres que desenvolveram a TPP daquelas 135 sem a 15 disfunção . Foi sugerido por Roti e col.(41)que mulheres com história de TPP apresentam defeito permanente na organificação tireoidiana do iodo, sendo propensas a desenvolver hipotireoidismo, induzido pelo iodo quando usado em doses farmacológicas. No grupo estudado 72,7% desenvolveram hipotireoidismo após doses farmacológicas de iodo. Nestas mulheres foi realizado teste de descarga do perclorato, sendo os positivos propensos para o desenvolvimento de hipotireoidismo. Kampe e col.(40) tentaram prevenir TPP, administrando diariamente por 40 semanas 100µg de levotiroxina (LT4) ou 150µg de iodo em mulheres no pós-parto que apresentavam anti-TPO positivo durante a gestação. O grupo controle de mulheres com anti-TPO negativo não receberam a medicação. Os resultados mostraram que a incidência de TPP nos três grupos foram similares. Contudo o estudo não avaliou os efeitos do tratamento com LT4 durante a gestação em mulheres que apresentavam anti-TPO positivo. QUADRO CLÍNICO Classicamente a doença cursa com três fases: a primeira de tireotoxicose associada a hipocaptação tireoidiana de iodo radioativo, seguida de hipotireoidismo e posterior recuperação funcional da glândula(12,26,43,44). 16 Apesar da evolução citada ser a clássica, a apresentação mais comum encontrada em 43% dos casos é o hipotireoidismo isolado. Apenas a fase de hipertireoidismo é encontrada em aproximadamente 32% e a forma menos comum presente em 25% dos episódios é o hipertireoidismo seguido de hipotireoidismo(20). A fase de tireotoxicose é induzida pela destruição folicular ou tireolítica, onde os folículos se rompem como resultado de ataques imunológicos levando a liberação de hormônios tireoidianos previamente armazenados na glândula. Como consequência os folículos são incapazes de produzir hormônio ou captar iodo(1,21). Em seguida surge a fase de hipotireoidismo, já que os folículos restantes não são capazes de produzir hormônio tireoidiano suficiente para manter o eutireoidismo(43). Finalmente, com o retorno da anatomia e função glandular, a paciente geralmente retorna ao eutireoidismo(13). A tireotoxicose na TPP é tipicamente limitada na severidade e duração, ocorrendo usualmente entre 1o e 6o mês pósparto, com duração aproximada de 1 a 2 meses(16, 19,45,46). Quando a fase de tireotoxicose se apresentar exuberante, deve-se sempre distinguir a TPP da doença de Graves pós-parto, que geralmente cursa com sintomas mais duradouros e severos(16,44). Alguns autores avaliaram os sintomas da tireotoxicose da TPP e compararam com mulheres eutireoidianas no pósparto. Amino e col.(16) demonstraram que 55% das mulheres queixavam-se de fadiga em comparação com 30% do grupo controle, tendo também observado um significante aumento na incidência de palpitações em até quatro vezes. Walfish e col.(46) também observaram aumento dos sintomas de palpitações, além de intolerância ao calor e tremores de extremidades. Lazarus e col.(4) observaram aumento das queixas de irritabilidade e desânimo em mulheres nesta fase de TPP. A fase de hipotireoidismo na TPP é clinicamente a mais importante e geralmente ocorre do 4o ao 8o mês após o parto podendo permanecer de 4 a 6 meses(12,45,47). Quando a fase de tireotoxicose é seguida de hipotireoidismo, este tende a ocorrer mais cedo do que quando o hipotireoidismo ocorre isolado(12). Haylisp e col.(47) elaboraram uma lista com 40 sintomas e concluíram que mulheres com hipotireoidismo por TPP são três vezes mais sintomáticas que quando comparadas com mulheres com hipotireoidismo sem TPP. Lazarus e col.(4) estudaram mulheres na fase hipotireoidea e relataram que os sintomas mais frequentes são déficit de memória, pele seca, intolerância ao frio e fadiga . Depressão pós-parto ocorre entre 10 a 15% de todas as mulheres no 1o ano pós-parto(48). Vários estudos têm avaliado o impacto do hipotireoidismo de TPP e anticorpos tireoidianos com o surgimento de depressão pós-parto, contudo tal associação ainda é controverso. Alguns autores demonstraram associação entre TPP e depressão pós-parto (51,52) anticorpos tireoidianos e depressão pós-parto (independente de TPP) (49,50) e outros a associação de .Desta maneira são necessários mais pesquisas para comprovar possível associação e avaliar se a terapia com LT4 nestes casos é benéfica(9). O achado físico mais comum é o bócio indolor, pequeno e firme(12). A TPP pode apresentar duas consequências que devem ser consideradas: desenvolvimento do hipotireoidismo permanente(1,12,44,54) e a recorrência em gestações subsequentes(29,55). Embora a maioria das mulheres com TPP retornem ao eutireoidismo no período de até 1 ano de pós-parto, algumas podem desenvolver hipotireoidismo permanente, sendo sua incidência entre 23 a 29% em 3,5 a 8,7 anos de acompanhamento pósparto(44,53,54). 17 Othman e col., informaram a incidência de 23% de hipotireoidismo permanente seguido a TPP, além de demonstrarem que este fato torna-se mais comum nas multíparas(53) . A presença de títulos mais elevados de anti-TPO assim como níveis mais elevados de hormônio tireoestimulante (TSH) durante a fase de hipotireoidismo, tem sido referida como preditivo para a ocorrência de hipotireoidismo permanente(6,53). As mulheres com história prévia de TPP têm aproximadamente 60% de chances de recorrência da doença em gestações subsequentes. Todavia aquelas com anti-TPO positivo na gestação e que não desenvolvem TPP, apresentam 25% de chances para a disfunção em próxima gestação. E as que não apresentam anti-TPO e nem TPP em uma gestação, não desenvolverão TPP em futuras gestações(55). Cerca de 20% das pacientes com diabetes tipo 1 (DM 1), apresentam disfunção tireoidiana em alguma época da vida. Desta forma mulheres com a doença têm chances de apresentar DTPP em aproximadamente três vezes, quando comparadas com pacientes não diabéticas(56). Alvarez - Marfany e col.(57) confirmam a alta associação entre DM 1 e TPP. Eles analisaram 28 pacientes no início da gestação até o período de 1 ano pós-parto, e observaram que 6 ( 21,43% ) apresentaram TPP. Este resultado foi três vezes maior do que 8.8% encontrado em um grupo de não diabéticas estudadas previamente pelos mesmos autores. Gerstein e col. demonstraram que 25% das DM 1 desenvolveram disfunção tireoidiana nos primeiros 6 meses pós-parto, nas quais TPP foi responsável por 22.5%, sendo a causa mais frequente de disfunção tireoidiana neste grupo(56). 18 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Qualquer mulher, que se encontre durante o primeiro ano pós-parto apresentando sintomas como fadiga, labilidade emocional, palpitações, aumento do volume tireoidiano e sinais de tireotoxicose e/ou hipotireoidismo deve ser investigada para TPP(21,43). Contudo a natureza transitória desta disfunção, que de modo geral tem sintomas discretos, explica porque muitos casos provavelmente passam despercebidos(22,58). Muitas mulheres atribuem seus sintomas, a esperada fadiga pósparto e as alterações emocionais deste período,tornando o diagnóstico clínico prejudicado(22,49). Desta forma a suspeita deve ser maior em mulheres que apresentem fatores de risco para o desenvolvimento de TPP, tais como(56,59): - História prévia e/ou familiar de doença auto-imune; - Pacientes com DM 1; - História prévia de TPP; - História familiar de doença tireoidiana auto-imune; - História de doença de Graves tratada com medicamentos e em remissão antes da gravidez; - Presença de anti-TPO no termo ou antes do parto; - Presença de anti-TPO em gestação prévia; - Presença de marcador HLA DR3, DR4 ou DR5. Os níveis dos hormônios tireoidianos variam de acordo com a fase de TPP. Durante a fase de tireotoxicose a triiodotironina (T3) e a tiroxina livre (T4 livre) elevam-se e o TSH encontra-se suprimido. Já na fase de hipotireoidismo T3 e T4 livre diminuem com TSH elevado. Em ambas as fases o T4 livre pode encontrar-se no limite da normalidade, demonstrando disfunção tireoidiana mínima(20,44). Sempre que se suspeite de TPP, deve ser realizado a dosagem dos anticorpos antitireoidianos, especialmente anti-TPO(5,6,8,12,18,44). Premawardhana e col.(5,8) concluíram 19 que aproximadamente 50% das mulheres que apresentam anti-TPO positivo no início da gestação desenvolvem disfunção tireoidiana pós-parto, sendo TPP a mais frequente . Já para Amino e col. a incidência é de 67%(16). A dosagem do anticorpo anti–receptor de TSH (TRAB), é bem específico para o diagnóstico de doença de Graves, porém em aproximadamente 15% dos casos de tireoidite auto-imune ele pode encontrar-se positivo, tanto na fase de tireotoxicose quanto no hipotireoidismo(60). É importante ressaltar que tireotoxicose pós-parto em pacientes com história prévia de doença de Graves, nem sempre representa recidiva, pois a TPP pode sobrepor o Graves(61). A cintilografia com captação de iodo radioativo quando realizada durante a fase de tireotoxicose, demonstra uma baixa captação de iodo pela tireóide e desta forma ajuda na diferenciação de doença de Graves da TPP. Todavia, este não é um exame que deva ser usado rotineiramente durante o período pós-parto. Quando houver necessidade, deve ser realizado com I123 e a amamentação suspensa por 3 dias após o exame ou utilizar o Tecnécio 99 suspendendo a amamentação por 24horas(62). Momotani e col.(63) acompanharam 96 mulheres com história prévia de doença de Graves e que apresentaram hipertireoidismo no 1o ano pós-parto e destas 26 (27,1%) mostraram captação de iodo <10%, indicando TPP. A ultra-sonografia de tireóide é capaz de mostrar características do parênquima tireoidiano sugestivos de TPP(5,18,64). Adams e col.(64) realizaram estudos com 135 mulheres no decorrer de 1 ano pós-parto, sendo submetidas a realização de ultrasonografia de tireóide mensalmente. Demonstraram hipoecogenicidade da glândula de 4 a 8 semanas de pós-parto em aproximadamente 45% das mulheres com TPP. Esta incidência aumentou para 86% em 15 a 25 semanas de pós-parto. Estes dados sugerem que hipoecogenicidade é uma característica ultra-sonográfica presente na TPP. Na punção aspirativa por agulha fina (PAAF), encontra-se uma infiltração linfocítica extensa da tireóide tanto na fase de hipotireoidismo quanto na de tireotoxicose, contudo este método não tem indicação como exame inicial para o diagnóstico(13,25,53). 20 Na fase de tireotoxicose, encontra-se destruição e colapso das células foliculares. Já na fase de hipotireoidismo, os folículos estão preservados com ligeiras áreas de fibrose. Finalmente a fase de recuperação é caracterizada por infiltração linfocitária focal e células lesadas que expressam o HLA-DR(13,25). A maior parte das mulheres com TPP, não necessitam de tratamento durante a fase de tireotoxicose e/ ou hipotireoidismo, já que esses sintomas são transitórios e discretos(21). Durante a fase de tireotoxicose, quando indicado o tratamento, que depende da severidade dos sintomas, deve ser realizado com beta-bloqueadores, sendo retirado assim que o quadro se resolva. O uso de drogas antitireoidianas nesta fase não apresenta benefício, já que não ocorre aumento da síntese hormonal tireoidiana(12,13,21,44). Na fase de hipotireoidismo o tratamento com LT4 está indicado quando os sinais e sintomas são importantes e prolongados e níveis de TSH acima de 10µU/ml(65). A porcentagem de pacientes tratados é de aproximadamente 13-73%, com média de 34%(20). O melhor é iniciar o tratamento com doses baixas de LT4 , até que a necessidade de tratamento crônico seja estabelecida(21,43). Após 6 meses de tratamento, diante de concentrações séricas normais de TSH, deve-se suspender a medicação e a paciente permanecer em acompanhamento períodico para determinar se o hipotireoidismo foi transitório ou definitivo(12,21). Nas pacientes que apresentam altos níveis de anti-TPO no início da gestação porém eutireoidianas, não está indicado tratamento, mas acompanhamento a cada 4 a 6 meses com monitorização da função tireoidiana até o 1o ano pós-parto e desta forma poder detectar precocemente o aparecimento de disfunção tireoidiana. 21 RASTREAMETO Apesar de já estar bem estabelecido a relação do anti-TPO com TPP, ainda há controvérsias se o rastreamento no início da gestação seria benéfico, para identificar mulheres com risco de desenvolvimento da doença no pós-parto(5,8,20,44,47). Tem sido sugerido que todas as mulheres deveriam ser submetidas ao rastreamento durante o 1o trimestre de gestação com dosagem de anti-TPO e TSH, sendo aquelas com títulos elevados porém eutireoidianas, acompanhadas no pós-parto com testes de função tireoidiana(32,41,47). Amino e col. observaram que aproximadamente 67% das mulheres com anti-TPO positivo na gestação desenvolveram disfunção tireoidiana parto, sendo a mais frequente TPP (16). Todavia o risco nas anti-TPO negativa é estimado em 1%(36). Como os títulos destes anticorpos estão no nadir durante o parto, este momento parece ser menos sensível para detectar a possibilidade de desenvolvimento da TPP do que determinações precoces na gestação(12,21,22). Stagnaro-Green demonstrou que a doença é relacionada com morbidades e que a presença do anti-TPO positivo no 1o trimestre da gestação pode ser também considerado de risco para a ocorrência de abortos espontâneos(66). Glinoer(67), Sieiro(68)e col. demonstraram os mesmos achados. Apesar de TPP ser uma doença comum no pós-parto com importantes consequências clínicas, que podem ser tratadas, e o rastreamento poder ser eficaz em identificar não somente as pacientes com risco para a doença, mas também aquelas com hipotireoidismo na gestação, evitando desta forma complicações materno-fetais, o rastreamento ainda não é justificado para todas as mulheres (20,36). O principal benefício do rastreamento para todas as mulheres é que o tratamento para TPP pode melhorar a qualidade de vida das mulheres com a disfunção(20). Foi demonstrado que filhos de mães com hipotiroxinemia durante a gestação podem apresentar significativo decréscimo do quociente de inteligência (QI). 22 Aproximadamente 20% dessas crianças tem níveis de QI igual ou menor que 85, ratificando desta maneira a importância da avaliação da função tireoidiana antes ou durante o início da gestação(69). O custo elevado do rastreamento, a presença de TPP em mulheres com anti-TPO negativo e o caráter transitório e benigno da disfunção têm sido relatado como fatores para que não se realize o rastreamento em todas as gestantes(36). Existe várias diretrizes para o rastreio de disfunção tireoidiana na gestação. Para o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia (70) os dados não justificam o rastreamento de rotina em mulheres assintomáticas. Para eles as modificações que ocorrem com a disfunção tireoidiana na gestação podem ser mal interprestadas e resultar em ansiedade desnecessária para a gestante. Para a Associação Americana de Tireóide(71)a decisão de rastreamento deve ser entre médicos e pacientes. A Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos(72) recomenda o rastreio para as mulheres que tenham títulos elevados de anti-TPO antes da gestação. Somente o grupo que cuida da saúde das puerpéras em Osaka, no Japão, recomenda que todas as mulheres sejam rastreadas com anti-TPO no início da gestação e aquelas positivas acompanhadas aos 3 e 6 meses pós-parto com testes de função tireoidiana (20). Para Stagnaro-Green (20) o rastreamento é aceito em todas as mulheres com fatores de risco para DTPP, especialmente aquelas que apresentam: - História prévia de TPP, onde a recorrência ocorre em até 69%. - DM 1, onde a prevalência de TPP ocorre em aproximadamente 25%. - Anti-TPO positivo antes da gestação - História prévia de abortos espontâneos - História prévia de doença auto-imune da tireóide e/ou outras desordens auto- imunes. 23 METODOLOGIA GERAL DA PESQUISA Estudo de coorte concorrente, tendo com base populacional 114mulheres atendidas no ambulatório de pré-natal do Hospital Geral de Nova Iguaçu, RJ no período compreendido entre março de 2000 e junho de 2002, que foram submetidas a determinações de TSH, T4 livre, anti-TPO entre a 9o e a 12o semana de gestação e no 6o, 12o, 18o e 24o mês pós-parto. O TRAB foi realizado naquelas com anti-TPO positivo e/ou TSH suprimido. Uma gestante apresentou doença de Graves e foi excluída. Além disso15 abandonaram o estudo, totalizando 98 gestantes incluídas no trabalho. Na primeira consulta as gestantes responderam a um questionário com informações sobre história familiar de doença tireoidiana, tabagismo, história pessoal de doença tireoidiana, história de doença auto-imune, número de gestações, uso de medicações, sendo examinadas por um único médico, principalmente com o objetivo de avaliação da presença de bócio e/ou nódulo tireoidiano, além de verificação de pressão arterial, frequência cardíaca, ausculta pulmonar e cardíaca (anexo1). Os critérios de seleção do estudo incluíram pacientes sem disfunção tireoidiana prévia, sem história de doença auto-imune, sem nódulo de tireóide e/ou história prévia de doença tireoidiana. Duas nutricionistas acompanharam 60 gestantes e realizaram um inquérito alimentar das principais refeições (café da manhã, almoço e jantar), com o objetivo de averiguar suficiente ingesta de iodo. A análise do inquérito comprovou suficiência de iodo na dieta. 24 Nas consultas subsequentes todas eram examinadas e questionadas quanto a intercorrências durante a gestação e pós-parto, sintomas de disfunção tireoidiana e dados do recém-nascido (sexo, altura, peso, teste do pezinho). Foi considerado para o diagnóstico de TPP, pacientes com alterações laboratoriais compatíveis com hipertireoidismo e/ou hipotireoidismo no período de até 12 meses pós-parto, associado com anti-TPO positivo. As pacientes que na fase de hipertireoidismo clínico e/ou subclínico apresentaram TSH menor que 0,1mU/ml foram tratadas com betabloqueadores e aquelas com hipotireoidismo clínico e/ou subclínico com níveis de TSH acima de 10mU/ml tratadas com levotiroxina e reavaliadas para possível retirada da medicação. Todas assinaram termo de consentimento livre e esclarecido aprovado pelo comitê de ética em pesquisa do HUCFF/ Faculdade de Medicina concordando com a pesquisa e os resultados ficaram à disposição daquelas que os solicitaram. 25 DOSAGENS LABORATORIAIS Nas consultas foram coletados amostras de sangue através de venopunção para dosagem de TSH, T4 livre, anti-TPO e TRAB quando necessário. O sangue coletado foi centrifugado no máximo 2 horas após a punção para obtenção de soro que foi armazenado em tubos plásticos Eppendorff e estocados em “freezer” a –20oC. Dosagens hormonais e de anticorpos: TSH: Kit comercial IMMULITE – Diagnostic Products Corporation (DPC) Método: Quimioluminescência Valores de referência: 0,4 a 3,8mU/l T4 livre: Kit comercial IMMULITE – Diagnostic Products Corporation (DPC) Método: Quimioluminescência Valores de referência: 0,8 a 2,0ng/dl Anti-TPO: Kit comercial : Diagnostic Products Corporation (DPC) Método: Elisa Valor de referência positivo: acima de 40U/L TRAB: Kit comercial: Kronus, Dana Point Método: Radioimunoensaio Valor de referência positivo: acima de 10U/L 26 ANÁLISE DE DADOS As análises foram realizadas com o software Stata 7.0 (versão 8.0, 2003). As diferenças estatísticas para variáveis categoriais foram testadas pelo teste exato de Fischer. As diferenças entre as médias foram determinadas pelo teste de MannWhitney. A associação entre os fatores de risco potenciais e o risco de TPP foram avaliados através do cálculo do risco relativo absoluto e ajustado. As análises estatísticas foram realizadas em duas etapas. No primeiro estágio, cada variável foi testada. Aquelas que apresentaram significativa associação com risco de TPP, foram incluídas para análise multivariada, sendo mutualmente ajustadas. Aplicando este modelo, o risco relativo e o intervalo de confiança (IC 95%) foram obtidos diretamente. O valor da presença de anti-TPO no início da gestação para prognóstico de TPP, foi calculado utilizando o diagnóstico final (presença ou ausência de TPP), desde o parto até um ano de seguimento. Os resultados de sensibilidade, especificidade e valor preditivo foram apresentados com intervalo de confiança de 95%, calculado através do método de Wilson’s (Altman, 2000). Nós calculamos o valor preditivo positivo entre mulheres com história familiar de doença tireoidiana ou com a presença de bócio no início da gestação usando a frequência de TPP na população selecionada, e os valores de sensibilidade e especificidade obtidos por amostra inteira. Para estes últimos cálculos aplicamos a fórmula de acompanhamento: sensibilidade x frequência de TPP + (1-especificidade) x (1- frequência de TPP). Foram construídas curvas de Kaplan-Meier para o desenvolvimento de TPP segundo 27 auto-imunidade no primeiro trimestre de gestação. As curvas foram comparadas empregando-se o teste de log-rank. RESULTADOS 1) Desenvolvimento de disfunção tireoidiana pós-parto. Das 10 gestantes positivas para anti-TPO no início da gestação 6 (60%) desenvolveram TPP e 4 (40%) permaneceram eutireoidianas no pós-parto. Em relação as 88 anti-TPO negativa, 4 desenvolveram TPP (Tabela 1). Em relação as mulheres que apresentaram disfunção: - Seis apresentavam história familiar de doença tireoidiana ( pacientes: 2,5,6,7,8,10) e 5 bócio no início da gestação (pacientes:2,5,6,7,10). - O TRAB foi negativo em todas as pacientes com anti-TPO positivo e/ou TSH suprimido. - Paciente 1 apresentou hipotireoidismo subclínico aos 12, 18 e 24 meses. Não necessitou de tratamento e está em acompanhamento no ambulatório de endocrinologia do Hospital Geral de Nova Iguaçu. - Pacientes 2 e 5 apresentaram hipertireoidismo subclínico aos 6 meses, seguido de hipotireoidismo subclínico aos 12 meses, sem necessidade de tratamento. Aos 18 e 24 meses permaneceram em eutireoidismo. - Paciente 4 apresentou hipertireoidismo subclínico aos 6 meses e hipotireoiismo subclínico aos 12 e 18 meses, com posterior eutireoidismo. Não necessitou de 28 tratamento, mas encontra-se em acompanhamento no ambulatório de endocrinologia do Hospital Geral de Nova Iguaçu. - Paciente 3 apresentou hipotireoidismo subclínico aos 12 meses sem necessidade de tratamento, com retorno ao eutireoidismo aos 18 e 24 meses. - Paciente 6 apresentou hipotireoidismo clínico aos 12 meses, sendo tratada com levotiroxina por 12 semanas e reavaliada aos 18 e 24 meses com retorno ao eutireoidismo. - Paciente 7 apresentou hipotireoidismo clínico aos 12 meses e foi tratada com levotiroxina por 12 semanas e reavaliada aos 18 e 24 meses com retorno ao eutireoidismo. - Paciente 8 apresentou hipertireoidismo subclínico aos 6 meses, tendo sido tratada com betabloqueador por 8 semanas e reavaliada aos 12 meses com retorno ao eutireoidismo. Contudo aos 18 e 24 meses apresentou hipertireoidismo subclínico sem necessidade de tratamento. No momento em acompanhamento no ambulatório de endocrinologia do Hospital Geral de Nova Iguaçu. - Paciente 9 apresentou hipertireoidismo subclínico aos 6 meses sem necessidade de tratamento, com posterior retorno ao eutireoidismo aos 12, 18, 24 meses de acompanhamento. - Paciente 10 apresentou hipotireoidismo clínico aos 6 meses, sendo tratada por 12 semanas com levotiroxina e reavaliada aos 12, 18 e 24 meses, com retorno ao eutireoidismo. 30 Tabela 1: Distribuição das gestantes com disfunção tireoidiana pós-parto. Paciente Anti-TPO Anti-TPO TSH 1* TSH 2* TSH 3* TSH 4* T4 livre 1 T4 livre 2 T4 livre 3 T4 livre 4 Bócio H.F Tabagismo Paridade U/L (Gest) U/L (P.P.) (mU/ml) (mU/ml) (mU/ml) (mU/ml) (ng /dl) * (ng /dl) * (ng /dl) * (ng /dl) * ** *** **** ***** 1 551 354 1,59 7,89 8,2 8,9 0,9 0,9 0,9 1,3 N N N P 2 408 306 0,23 10,0 2,65 1,82 1,6 0,9 0,9 1,3 S S N M 3 100 54,8 1,31 5,58 3,45 2,56 1,4 1,2 1,1 1,0 N N N P 4 114 79,9 0,10 9,4 6,78 2,3 1,1 0,9 0,9 0,95 N N N M 5 47,7 47,4 0,02 6,98 2,98 2,35 1,1 1,0 0,98 1,0 S S N P 6 339 120 0,43 16,7 3,45 3,19 0,9 0,6 0,9 1,0 S S N P 7 10 1000 1,74 75,0 2,38 2,44 0,8 0,3 1,2 1,45 S S N P 8 36,9 79,9 0,08 1,44 0,34 0,36 1,23 0,9 1,3 1,2 N S N M 9 14,4 54,8 0,05 0,94 1,44 1,98 1,4 1,2 1,1 1,0 N N N M 10 10 326 49,4 2,92 1,98 0,98 0,49 1,13 1,2 0,9 S S N M Anti-TPO (Gest) – Valor no início da gestação Anti-TPO (P.P.) – Valor no pós-parto * TSH 1 / T4 livre 1 – 6 meses pós-parto TSH 2 / T4 livre 2 – 12 meses pós-parto TSH 3 / T4 livre 3 – 18 meses pós-parto TSH 4 / T4 livre 4 – 24 meses pós-parto ** Bócio no início da gestação: S (sim) / N (não) *** H.F. História Familiar de doença tireoidiana S (sim)/ N(não) ****Tabagismo: S (sim)/ N(não) ***** Paridade : P (primípara) / M (multípara) 31 2) Auto-imunidade tireoidiana e níveis hormonais Das 98 mulheres, 10 (10,2%; IC 95% 4,1-16,3%) tinham positividade para anti-TPO no início da gestação. Em relação a função tireoidiana, durante a gestação nenhuma paciente apresentou disfunção. No pós-parto os níveis de TSH foram significativamente mais elevados no grupo positivo para anti-TPO quando comparado com o negativo aos 12, 18 e 24 meses pós-parto e os níveis de T4 livre não diferiram significativamente nos dois grupos (Tabela 2). Tabela 2. Comparação dos níveis de TSH e T4 livre entre mulheres com e sem auto-imunidade tireoidiana pós-parto. positivo Anti-TPO Negativo P- TSH/T4 livre pós- Anti-TPO parto (N=10) (N=88) val Média (interquartil) Média (interquartil) or 6 meses 1,05 (0,90 – 1,30) 0,90 (0,80 – 1,10) 0,10 12 meses 0,95 (0,90 – 1,20) 1,00 (0,90 – 1,10) 0,56 18 meses 0,98 (0,90 – 1,10) 1,00 (0,98 – 1,20) 0,24 24 meses 1,00 (0,95 – 1,30) 1,10 (1,00 – 1,34) 0,69 6 meses 0,74 (0,23 – 1,31) 0,98 (0,65 – 1,40) 0,18 12 meses 6,28 (0,89 – 9,40) 1,37 (0,95 – 2,16) 0,01 18 meses 2,81 (1,99 – 3,45) 1,45 ( 0,98 – 1,98) 0,00 T4 livre (ng/dl) TSH (mU/ml) 3 24 meses 2,33 (1,88 – 2,56) 1,56 (0,99 – 2,11) 0,00 8 As pacientes com anti-TPO positivo apresentaram uma sobrevivência cumulativa menor (a curva cai mais rápido) em comparação as anti-TPO negativa (Figura 1) e em ambos os grupos a disfunção ocorreu aos 6 e 12 meses pós-parto. 32 Disfunção tireoidiana pós-parto. Estimativa da sobrevivência de acordo com a auto-imunidade (Kaplan-Meier). u 1.00 TPOAb 0.75 P<0.0001 0.50 TPOAb + 0.25 0.00 0 6 12 Meses de pós-parto 18 24 33 3) Risco para disfunção tireoidiana pós-parto O risco total de disfunção no período de um ano de acompanhamento foi de 10,2% (IC 95% 4,1-16,3%). Este risco foi significativamente maior nas mulheres com história familiar de doença tireoidiana, anti-TPO positivo e naquelas com bócio no início da gestação. Dados como idade, tabagismo e paridade não foram significativos para ocorrência da disfunção (Tabela 3). Contudo após ajuste para todas as covariáveis simultaneamente no modelo multivariado, somente bócio e presença de anti-TPO foram significativamente associados com o risco de TPP (Tabela 4). 24 Tabela 3. Risco para disfunção tireoidiana pós-parto (DTPP) de acordo com os fatores de risco. Características Idade (anos) ≥ 30 < 30 História Familiar Sim Total de mulheres Mulheres que desenvolveram DTPP N % ( IC 95 % ) 23 75 3 7 13% (2.8 – 33.6) 9,3% (3,8 – 18,3) 0,69 20 6 30% (11,9 – 54,3) 5,1% (1,4 – 12,6) 0,004 Não Tabagista Sim Não 78 4 3 95 0 10 0% ( 0- 70.7) 10.5% (5.2 18.5) Bócio no início da gestação Sim 7 5 91 5 71,4%(29,0– 96,3) 5.5% (1,8 – 12,3) 63 35 5 5 8,2% (2,7 – 18,1) 14,3% (4,8 – 30,2) Anti-TPO no ínício da gestação > 40 U/L (positivo) 10 6 < 40 U/L (negativo) 88 4 60,0% (26,2– 80,0) 4,5% (1,25 – 11,2) Não Paridade Multípara Primípara – P Valor 1.00 0,001 0,50 0,001 33 Table 4: Risco Relativo (RR) absoluto e ajustado para disfunção tireoidiana pós-parto de acordo com história familiar, auto-imunidade tireoidiana e bócio no início da gestação. Características RR absoluto (IC 95%) PValor Ajuste RR ajustado * (IC95%) PValor História familiar de doença tireoidiana Sim Não 5,9 (1,8 – 18,9) 1 0,004 1,5 (0,4 – 5,9) 1 0,54 Bócio no início da gestação Sim Não 7,5 (2,7 – 21,2) 1 0,001 3,8 (1,4 – 10,3) 1 0,01 0,001 8,6 (2,6 – 28,0) 1 0,001 Anti-TPO no início da gestação 13,2 (4,5 – 39,0) > 40 U/L (positivo) 1 < U/L (negativo) * Ajustado para outras variáveis da tabela. 34 4) Rastreamento com anti-TPO no início da gestação Durante a gestação 10 mulheres apresentaram anti-TPO positivo e destas 6 desenvolveram TPP no período de 1 ano (sensibilidade 60,0%; IC 95% 31,3-83,2%), e 88 apresentaram anti-TPO negativo, sendo que 4 apresentaram TPP (especificidade 95,5% ; IC 95% 88,9-98,2%). O valor preditivo positivo e negativo foi respectivamente de 60,0% (IC 95% 31,3 –83,2%) e 95,5% (IC 88,9–98,2%). Aplicando os mesmos valores de sensibilidde e especificidade presentes acima, mas considerando a incidência observada entre mulheres com história familiar de tireóide ou bócio no início da gestação (Risco= 26,1%), ocorre um aumento do valor preditivo positivo de 60% para 82,4%. 36 DISCUSSÃO O estudo aqui apresentado foi realizado em uma população de gestantes com idade entre 16 e 39 anos (mediana = 23 anos). Apesar de não termos dosagens de iodo urinário, foram selecionadas 60 gestantes e solicitamos a duas nutricionistas um inquérito alimentar detalhado destas pacientes, que comprovou haver suficiência na ingestão de iodo na alimentação, ou seja, > 175µg/dia de iodo em 100%. Para um funcionamento adequado da glândula tireóide se faz necessário uma ingesta de iodo suficiente, que na gravidez é recomendado ser de 175µg/dia enquanto que na nãográvida este valor fica em torno de 150µg/dia. Durante a lactação é recomendado ingesta de 200µg/dia(73). Das 98 gestantes avaliadas entre a 9o e a 12o semana de gestação 10 (10,2%) apresentaram anti-TPO positivo. Stagnaro-Green(66)descreveu 19,6% de positividade para anticorpos tireoidianos durante o 1o trimestre de gestação. Sieiro e col.(68) observaram 13,9% de anti-TPO positivo ao longo da gestação. No pós-parto 14 (14,3%) mulheres apresentaram positividade para anti-TPO. Nossos resultados expressam as mudanças imunológicas que ocorrem na gestação e pós-parto ou seja imunossupressão seguido de “rebote” do sistema imunológico. O anticorpo anti-TPO é considerado um marcador para o desenvolvimento de DTPP quando dosado no início da gestação. Quando positivo neste período significa “tireoidite auto-imune subclínica” que pode ser exacerbada no pós-parto(30). Em relação as 10 pacientes positivas para anti-TPO na gestação, 6 (60%) desenvolveram TPP, comprovando desta maneira que o anticorpo é considerado um marcador de destruição auto-imune da tireóide de alta sensibilidade, como mostrado por Premawardhana e col.(8). Eles avaliaram 308 gestantes com anti-TPO positivo no início da gestação e destas 147 apresentaram TPP, comparadas com 9 pacientes com TPP das 102 gestantes negativas para anti-TPO. Lazarus e col.(74)também mostraram resultados muito semelhantes, onde 50% das mulheres com anti-TPO positivo no início da gestação apresentaram TPP. Na literatura existe uma variação em relação a sensibilidade do anti-TPO em predizer TPP, que fica entre 0,37-0,89. Esta variabilidade pode estar relacionada aos ensaios metodológicos, tempo de coleta das amostras, e a ocorrência de disfunção em pacientes com anticorpo negativo(75). Nossos resultados mostraram um valor preditivo positivo do anti-TPO em torno de 60% e quando considerada a incidência de bócio e história familiar de doença tireoidiana o valor foi para 82,4%. Nas pacientes que desenvolveram TPP, história familiar e bócio no início da gestação, foram significativos para a ocorrência da disfunção. Desta maneira nossos resultados reforçam a importância da avaliação em conjunto do anti-TPO e dos dados clínicos para prever a doença, como demonstrado atráves do aumento do valor preditivo positivo do anticorpo. Mulheres com anti-TPO negativo durante a gestação também podem apresentar TPP, porém em menor proporção. Kuijpens e col.(17) indicaram que uma entre quatro mulheres com TPP confirmada não possui níveis aumentados de anti-TPO na gestação. Portanto, 75% dos casos de TPP podem ser previstos pela presença do anticorpo no 37 início da gestação. Amino e col.(36) mostraram que o risco para TPP em pacientes negativas é estimado em 1 para cada 100 positivas (1%). É importante ressaltar, que as mudanças imunológicas induzidas pela gestação e pós-parto(1,12,22,23), podem influenciar no decréscimo nos níveis de anti-TPO durante a gestação, desta forma interferindo na frequência para anticorpos positivos. Das 88 gestantes negativas na gestação 4 (4,5%) tornaram-se positivas no pósparto e desenvolveram TPP. A TPP é uma conhecida complicação do período pós-parto, caracterizada por hipertireodismo transitório e, mais frequentemente hipotireoidismo (ou ambos), e pela presença de anticorpos anti-TPO sendo encontrado em torno de 5%(6,16,23,45,46). Contudo existe uma grande discrepância na literatura em relação a prevalência de TPP, ( variando de 1,1 a 16,7% 4,5,6,8,16,17,18). Isto pode ser explicado devido a inclusão de pacientes com doença tireoidiana auto-imune ativa previamente diagnosticada, tempo inadequado de seguimento, presença de bócio, bem como a metodologia utilizada. No nosso estudo, TPP ocorreu em 10,2% das mulheres avaliadas. Em relação as fases da doença, 5 (50%) pacientes apresentaram somente a fase de hipotireoidismo, 3 (30%) com hipertireoidismo seguido de hipotireoidismo e 2 (20%) somente a fase de hipertireoidismo, o que está de acordo com a literatura que mostra que a fase de hipotireoidismo isolada é a mais frequentemente encontrada(6,18,20,74). Vários autores já sugeriram que o grau de disfunção tireoidiana correlaciona-se positivamente com os títulos de anticorpos tireoidianos tanto no início quanto no pósparto(30,44,47). Observamos nas pacientes que desenvolveram TPP, que quanto maior os títulos de anti-TPO, mais importante foi a fase de hipotireoidismo. Uma das pacientes com TPP manteve hipotireoidismo subclínico aos 12,18 e 24 meses pós-parto e mantém-se em acompanhamento no ambulatório de endocrinologia para avaliação de desenvolvimento de hipotireoidismo clínico permanente. No grupo avaliado por Lucas e col.(6) 11% das 45 pacientes que desenvolveram TPP apresentaram hipotireoidismo permanente no período de até 40 meses de acompanhamento, sendo observado que foi mais comum naquelas que apresentavam níveis muito elevados de TSH e de anti-TPO. Outros trabalhos mostraram que aproximadamente 1/3 dos pacientes com TPP desenvolvem hipotireoidismo permanente no período de 3-9 anos após o episódio de disfunção(53,54). Nas pacientes que desenvolveram TPP, presença de bócio no início da gestação foi de 50%, estando de acordo com a porcentagem encontrada na maioria dos trabalhos(6,16,45). Em relação ao tempo de aparecimento de TPP, nosssos dados mostraram que a grande maioria desenvolveram a disfunção até 12 meses pós-parto, como ocorrido em diversos estudos. 38 CONCLUSÃO O presente estudo confirmou que o anticorpo anti-TPO é um exame bastante sensível em predizer TPP, principalmente em pacientes com história familiar de doença tireoidiana e que apresentam bócio no início da gestação. Enfatizamos a necessidade de realização do rastreamento em todas as gestantes. Contudo, quando por razões sócio-econômicas não puder ser realizado, que se faça pelo menos naquelas que apresentam um maior risco para a disfunção, como em pacientes com história familiar e/ou pessoal de doença tireoidiana, presença de doença auto-imune (especialmente DM 1), presença de bócio no início da gestação e história de TPP em gestações anteriores. 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- Hall R, Richards CJ, Lazarus J H. The thyroid and pregnancy. Br. J. 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Appl Immunol Ver 1: 89-103, 2000. 46 ANEXO I FICHA DE AVALIAÇÃO DOS PACIENTES Nome: Endereço: Cep: Telefone: Data de nascimento: Data do parto: Tipo do parto: Aborto: Parto prematuro: Peso do RN: Estatura: Intercorrência após o parto com o RN: Teste do pezinho: APGAR: 1º 5º História de doença tireoidiana anterior: História de doenças auto-imunes: Prontuário 47 Uso de medicações: Ciclo menstrual: Tabagismo: Etilismo: História familiar de doença tireoidiana: 48 EXAME FÍSICO: 1ª consulta – Data: Peso: Altura: PA: FC: ACV: AR: Tireóide: 2ª consulta – Data: Peso: PA: FC: ACV: AR: Tireóide: 3ª consulta – Data: Peso: PA: FC: ACV: AR: Tireóide: 49 4ª consulta – Data: Peso: PA: FC: ACV: AR: Tireóide: 50 ANEXO 2 TRABALHOS APRESENTADOS EM CONGRESSOS 51 TRABALHO – 1 – X Congresso da Sociedade Latino Americano de Tireóide Córdoba – Argentina, 1 – 4 de maio de 2003. EVOLUÇÃO DA GRAVIDEZ E DA FUNÇÃO TIREOIDIANA PÓS-PARTO EM GESTANTES ANTI-TPO POSITIVAS Mamede, SC; Sieiro Netto, L; Barros, AFP; Vaisman, M Faculdade de Medicina – Serviço de Endocrinologia – HUCFF – UFRJ / Serviço de Clínica Médica e Pré-Natal do Hospital Geral de Nova Iguaçu – RJ / Ambulatório de Pré-Natal do Instituto Fernandes Figueira – MS – RJ – BRASIL OBJETIVOS – Avaliar a evolução da gravidez e da função tireoidiana pós-parto em mulheres com anti-TPO positivo durante o primeiro trimestre. METODOLOGIA – Foram estudadas 204 mulheres entre a 8ª e 12ª semana de gestação, e durante o 6º e 12º mês de pós-parto, com dosagem de anti-TPO, T4 livre e TSH . RESULTADOS - Na gestação 20 (9,8%) pacientes apresentaram anti-TPO positivo ( V.R. até 35UI/mL ), tendo 01(5%) também TRAB positivo ( V.R. até 10U/ML ). Dezenove (95%) estavam em eutireoidismo ( V.R. TSH – 0,3 a 5,5µUI/mL / T4 livre – 0,7 a 2,0 ng/dl) e apenas a que tinha positividade para ambos anticorpos apresentou hipertireoidismo. Após o parto 15 (7,4%) mantiveram anti-TPO positivo. Destas 02 (0,98%) abortaram entre 5º e 7º mês de gestação, 01( 0,49%) parto prematuro e 11 (5,39%) tiveram partos a termo. Em relação a função tireoidiana 01 (0,49%) permaneceu com doença de Graves, 04 (1,96%) eutireoidianas e 07 (3,43%) desenvolveram Tireoidite Pós-Parto sendo que 04 com hipotireoidismo subclínico (1,96%). Das 189 (92,6%) pacientes anti-TPO negativas, 10 (4,9%) abortaram e 11(5,39%) apresentaram parto prematuro, permanecendo todas eutireoidianas. CONCLUSÃO – A presença de auto - imunidade tireoidiana durante a gestação não foi fator preponderante para a ocorrência de parto prematuro e abortamentos. Contudo a prevalência de Tireoidite Pós-parto foi significativamente maior nas gestantes anti-TPO positivas. 52 TRABALHO 2 – XI Encontro Brasileiro de Tireóide Vitória, 10 – 13 de junho de 2004. INFLUÊNCIA DA AUTO-IMUNIDADE SOBRE A FUNÇÃO TIREOIDIANA PÓS-PARTO :FOLLOW UP DE 18 MESES Mamede, SC; Sieiro Netto, L; Silva, JLC; Coeli, CM; Gonçalves,MRB; Albernez MS; Vaisman, M Faculdade de Medicina – Serviço de Endocrinologia – HUCFF – NESC – Laboratório de Monitorização de Fármacos – UFRJ / Serviço de Clínica Médica e Pré-Natal do Hospital Geral de Nova Iguaçu – RJ OBJETIVOS – Avaliar a função tireoidiana até 18 meses pós-parto em mulheres com anticorpo anti-TPO positivo . METODOLOGIA – Foram acompanhadas 52 mulheres, com determinações de antiTPO (V.R. até 35 U/L), T4 livre (V.R. 0,7 a 2,0 ng/dl) e TSH (V.R. 0,4 a 3,8 mU/L) no primeiro trimestre (entre a 8ª e 12ª semana de gestação), e no 6º, 12ºe 18º mês pósparto. Foi dosado TRAB (V.R. até 10 U/mL) nas que apresentavam anti-TPO positivo e/ou disfunção tireoidiana. RESULTADOS - Na gestação 09 pacientes apresentaram anti-TPO positivo, tendo 01 também TRAB positivo. Oito estavam em eutireoidismo e apenas a que tinha positividade para ambos anticorpos apresentou hipertireoidismo. As 43 anti-TPO negativas apresentaram função tireoidiana normal. Após o parto 06 das 52 mulheres evoluiram com anti-TPO positivo ( 5 das 9 positivas na gestação e uma negativa que positivou aos 18 meses). Em relação a função tireoidiana, 02 apresentavam eutireoidismo, 01 permaneceu em hipertireoidismo (doença de Graves), 01 desenvolveu hipotireoidismo clínico e 02 tireoidite pós-parto sendo que 01 com hipotireoidismo subclínico. Das 46 pacientes anti-TPO negativas, 02 apresentaram hipertireoidismo subclínico (com TRAB também negativo) e 44 com função tireoidiana normal. CONCLUSÃO – A presença de auto-imunidade tireoidiana durante a gestação foi fator determinante para a ocorrência de disfunção tireoidiana pós-parto. 53 TRABALHO 3 – 26º Congresso Brasileiro de Endocrinolgia e Metabologia . Florianópolis, 6 – 10 de novembro de 2004. INFLUÊNCIA DA AUTO-IMUNIDADE TIREOIDIANA NA GRAVIDEZ NOS NÍVEIS DE TSH E T4 LIVRE NO PÓS-PARTO Mamede, S.C; Sieiro Netto, L; Silva, J.L.C; Coeli, C.M; Vaisman, M Faculdade de Medicina – Serviço de Endocrinologia – HUCFF – NESC – UFRJ/Serviço de Pré- Natal do Hospital Geral de Nova Iguaçu – RJ/UNIG – RJ Introdução – A gestação é um período de imunossupressão. Após o parto o desaparecimento dos fatores supressores de imunidade materna leva a um “rebote”na função auto-imune, propiciando o aparecimento de disfunção tireoidiana. Objetivos – Avaliar a influência da auto-imunidade tireoidiana na gestação, nos níveis de TSH e T4 livre pós-parto. Metodologia – Foram avaliadas 103 gestantes, sendo dosados TSH, T4 livre e AntiTPO nos 3 trimestres de gestação e no 6º e 12º mês pós-parto. As gestantes foram divididas em 3 grupos: Grupo 1 – anti-TPO negativo na gravidez e pós-parto (N= 88); Grupo 2 – anti-TPO positivo somente no pós-parto (N= 6); Grupo 3 –anti-TPO positivo na gestação e no pós-parto (N= 9). Para cada grupo foram calculados os valores de mediana e demais quartis das distribuições dos níveis de TSH e T4 livre ao 6º e 12º mês pós-parto. A diferença das distribuições foram avaliadas empregando-se o teste de Kruskall-Wallis. Quando da presença de diferenças globais, foram realizadas comparações post hoc através de múltiplos testes de Mann-Withney, sendo utilizada a correção de Bonferroni. O teste de Fisher foi empregado para avaliar diferenças entre variáveis categoriais. 54 Resultados – Na gestação nenhuma paciente apresentou disfunção tireoidiana. Aos 6 meses pós-parto, os grupos não diferiram significativamente em relação aos valores de TSH e T4 livre. Não foram observadas diferenças significativas nas distribuições dos valores de T4 livre aos 12 meses. Já os valores de mediana (1° quartil, 3° quartil) de TSH aos 12 meses foram significativamente diferentes (P<0,001): Grupo 1: 1,45 (0,98; 2,12); Grupo 2: 2,33 (0,95 a 3,65) e Grupo 3: 6,98 (2,92 ; 9,4). O Grupo 3 diferiu significativamente do Grupo 1 (p<0,001) e do Grupo 2 (p=0,003), não sendo observadas diferenças entre os Grupos 2 e 1 (p=0,61). Em relação ao TSH aos 12 meses, nenhuma paciente do Grupo 1 apresentou valores acima do normal, uma do Grupo 2 com TSH de 75µ/ml, enquanto 6 das nove pacientes do Grupo 3 apresentaram valores acima do normal (p<0,001). Conclusões - As gestantes que apresentaram valores positivos para anti-TPO na gestação mantiveram valores medianos mais elevados de TSH aos 12 meses pósparto, além de uma maior proporção de valores acima do limite superior da normalidade, caracterizando disfunção tireoidiana pós-parto. 55 TRABALHO 4 – 13th International Thyroid Congress. Buenos Aires, Argentina, 30 de outubro à 4 de novembro de 2005. Value of combined clinical information and thyroid peroxidase antibodies (TPOAb) in pregnancy for the prediction of postpartum thyroid dysfunction peroxidase (PPTD) Mamede,SC;Coeli,CM;Sieiro Netto,L;Buescu,A;Vaisman,M University Federal of Rio de Janeiro,HUCFF,Brazil(MSC,SNL,BA,VM)/ NESC,Brazil(CCM) Introduction–The clinical utility of TPOAb in early pregnancy for prediction of PPTD is not well established. Objective–To investigate the utility of TPOAb in early pregnancy combined with clinical information for prediction of PPTD within one year of postpartum. Patients and Methods–We studied 98 pregnant women by determining their TPOAb levels in early pregnancy (9-12 weeks),as well as their serum thyrotropin (TSH) and free thyroid (fT4) levels at 6 and 12 months postpartum. Furthemore,they answered a questionnaire regarding age,smoking and family history of thyroid disease. Physical examination was performed by only one examiner with special attention to the presence of goiter. Results–Of the 98 women,10 were positive TPOAb in early pregnancy. TSH levels were significantly higher in TPOAb positive women compared with TPOAb negative at the 12th months postpartum (table 1). The overall risk of PPTD within one year of follow up was 10.2%(95%CI 4.1– 16.3%). Risk of PPTD was significantly higher among women with a family history of thyroid disease, TPOAb positive and presenting goiter in early pregnancy(table 2). The sensitivity, specificity and positive predictive value of TPOAb in PPTD prediction were 60.0%, 95.5% and 60%. Restricting screening to women with a family history of thyroid disease or presenting goiter increases the positive predictive value from 60% to 82.4%(table 3). Conclusion -Our results suggest that TPOAb could be used as a screening test for PPTD prediction at least among women who present a high risk of developing PPTD. 56 Anexo 3 TRABALHOS PUBLICADOS EM REVISTAS 57 TRABALHO 1 – Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil Volume 4 - Número 4 p.351-358, dezembro de 2004. Hipotireoidismo na gestação Hypothyroidism in pregnancy Sheila Mamede da Costa 1 Lino Sieiro Netto 2 Alexandru Buescu 3 Mario Vaisman 4 1-4 Serviço de Endocrinologia. Faculdade de Medicina. Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Avenida Brigadeiro Tromposwiski, sem número – Ilha do Fundão – RJ – Endocrinologia Sala 9E23 Telefone – 021 – 2562-2548 Abstract Pregnancy induces many physiological changes in maternal thyroid function. Furthermore, the presence of thyroid autoimmunity or iodine deficiency can exacerbate these alterations, resulting in maternal and/or fetal hypothyroidism and further occasional complications for the mother and the development of the fetus. Several studies have reported that untreated hypothyroidism during pregnancy may cause a significant decrease in intellectual development of the offspring. The aim of this review of the literature is to show the importance of identification and early therapy in pregnant women thus eliminating the risk of complications. We also point that women with previously diagnosed hipothyroidism should be advised to stabilize their disease before becoming pregnant to avoid these complications. 58 Key words Pregnancy; Hypothyroidism; Thyroid; Postpartum; Resumo A gestação induz mudanças fisiológicas na função tireoidiana materna. Além disso a presença de auto-imunidade tireoidiana ou de deficiência de iodo exacerbam essas alterações, podendo resultar em hipotireoidismo materno e/ou fetal e desta forma ocasionar complicações para as mães e o desenvolvimento dos fetos. Vários estudos têm demonstrado que filhos de mães com hipotireoidismo não tratado durante a gestação, podem apresentar comprometimento do desenvolvimento intelectual. O objetivo desta revisão bibliográfica é mostrar a importância de identificar e tratar precocemente as gestantes com esta enfermidade, e desta forma eliminar os riscos de complicações. Lembramos também que as mulheres com diagnóstico prévio de hipotireoidismo devem ser aconselhadas a estabilizar a sua doença antes da gestação e assim previnir complicações. Palavras-chave Gestação; Hipotireoidismo; Tireóide; Pós-parto; 59 Introdução É comum o aparecimento de desordens tireoidianas em mulheres na idade reprodutiva e durante a gestação.1 A freqüência de hipotireoidismo na gestação varia em cada país, porém estima-se em torno de 0,3% a 25%. Nos países que não apresentam deficiência de iodo, a doença tireoidiana auto-imune é a principal causa de hipotireoidismo. A disfunção está relacionada a um grande número de complicações para a mãe e para o desenvolvimento dos fetos, sendo as mais freqüentes a hipertensão gestacional e o baixo peso fetal 2 . Vários estudos têm mostrado a associação entre gestantes eutireoidianas com anticorpos anti-tireoidianos elevados, especialmente anti-TPO(Peroxidase Tireoidiana), com complicações para a mãe e o neonato, dentre elas, a deteriorização da função tireoidiana das mães e aumento de abortos espontâneos. Mulheres com abortos no primeiro trimestre de gestação, apresentam níveis elevados de anti-TPO em comparação com aquelas que não o tiveram.3-5 O período gestacional representa um “estresse” para a glândula tireóide. Mulheres de regiões com deficiência moderada de iodo (ingestão <100 µg/dl ) têm aumento da concentração de TSH durante a gestação, comparada com mulheres de áreas suficientes de iodo. Este aumento de TSH é maior naquelas que apresentam autoimunidade tireoidiana, podendo levar a hipotireoidismo materno e/ou fetal.3,6 Vários estudos têm mostrado que o desenvolvimento intelectual dos filhos das mães com hipotireoidismo pode ser comprometido.2,3,7 O rastreamento das gestantes com risco de hipotireoidismo deve ser realizado rotineiramente, pois o tratamento com levotiroxina pode atenuar ou eliminar o risco de complicações. 60 Função tireoidiana durante a gestação A gravidez é um período que induz algumas mudanças fisiológicas, modificando dessa forma a função tireoidiana. Três séries de eventos ocorrem em tempos diferentes, resultando em efeitos complexos que podem ser somente transitórios ou persistir até o termo. A primeira seqüência de eventos começa durante a primeira metade da gestação e se mantém até o termo. Os hormônios tireoidianos são transportados no sangue através de três proteínas: globulina transportadora da tiroxina (TBG ), transtirretina e albumina. Embora a TBG esteja presente em baixa concentração no nível sérico, apresenta alta afinidade com os hormônios tireoidianos sendo responsável por grande parte do transporte de T4 (68%) e T3 (80%). Durante a gestação, a afinidade das três proteínas por T4 e T3 não são significativamente alteradas, mas a concentração de TBG aumenta aproximadamente de duas a três vezes, enquanto que a concentração de albumina e transtirretina permanecem inalteradas. O nível sérico de TBG aumenta nas primeiras semanas da concepção, com pico em torno da 21ª semana de gestação, mantendo-se assim até o final deste período. Os níveis elevados de estrógenos induzem esse aumento pelo efeito combinado de aumentar a síntese hepática e, também, a sialização da mólecula de TBG, levando desta forma a diminuição de seu clearance hepático em relação à mulher não grávida. Como resultado dessas alterações os níveis de T3 e T4 total aumentam durante a gestação, com tendência a situar-se no limite superior da normalidade. No início da gestação esses níveis costumam elevar-se acentuadamente e, mantêm um platô no início do segundo trimestre em cerca de 30-100% dos valores antes da gestação. A concentração dos hormônios livres tendem a reduzir seus valores, com um ligeiro aumento do TSH, resultante da estimulação do eixo hipófise-tireóide. Para a mulher grávida que reside em área suficiente de iodo, a diminuição na fração livre é limitada em aproximadamente 10 a 15%, já locais de restrição ou deficiência de iodo a redução é significativamente mais pronunciada.9-11 A segunda seqüência de eventos ocorre transitoriamente durante o primeiro trimestre e resulta da estimulação direta da tireóide materna por níveis elevados de 61 gonadotrofina coriônica (hCG), que é acompanhado por uma inibição parcial do eixo hipófise-tireóide. Entre 8-14 semanas de gestação, há uma diminuição transitória no TSH sérico, coincidente com o pico na concentração de hCG.9,11 Em aproximadamente 20% das grávidas normais é observado níveis de TSH no limite inferior da normalidade (<0.20 mU/L), sendo os níveis de hCG significativamente maiores em comparação com 80% das grávidas que mantêm os níveis de TSH inalterados.10,11 A ação estimulatória do hCG, pode de um modo geral, ser quantificada: um incremento de 10.000 IU/L está associado com um aumento médio de T4 livre de 0,6 pmol/L, e uma diminuição no TSH de 0,1 mU/L. A fim de se tornar clinicamente aparente (induzir tireotoxicose gestacional), os níveis circulantes de hCG normalmente excedem 50.000-75.000 IU/L, permanecendo assim por um período prolongado, enquanto que na maioria das grávidas, o pico de hCG dura somente poucos dias. Consequentemente, na maior parte das gestantes normais, esse efeito estimulatório permanece secundário, de curta duração, não sendo rotineiramente detectável.1,9,12 A terceira seqüência de eventos inicia-se na segunda metade da gestação, sendo relacionados com modificações no metabolismo periférico dos hormônios tireoidianos materno. Três enzimas catalizam a desiodação dos hormônios tireoideos nos tecidos humanos. A atividade da deiodase Tipo I provavelmente não é modificada durante a gravidez. A deiodase Tipo II é expressa na placenta e sua atividade pode representar um mecanismo homeostático para a manutenção da produção de T3 localmente, quando as concentrações de T4 estão reduzidas. A placenta também contém grandes quantidades de deiodase Tipo III, enzima que converte T4 para T3 reverso, e T3 para T2. Por sua atividade enzimática extremamente alta, durante a vida fetal, a deiodase Tipo III pode explicar o T3 baixo e concentrações de T3 reverso alta, que são característicos do metabolismo hormonal da tireóide fetal.9,13 Em conjunto, alterações metabólicas associadas com a progressão da primeira metade da gestação constituem uma fase transitória de um estado de pré-concepção para gravidez. Para que efetivamente ocorram, tais alterações requerem uma produção hormonal aumentada pela glândula tireóide materna. Uma vez que um novo equilíbrio tenha sido atingido, as demandas hormonais aumentadas são mantidas até o termo, provavelmente através da passagem transplacentária de hormônios da tireóide materna 62 e aumento do turnover de T4 materno, presumivelmente sob a influência da alta atividade da deiodase Tipo III. Para gestantes de países que não apresentem deficiência de iodo, o desafio da tireóide materna é ajustar a produção hormonal a fim de atingir um novo estado de equilíbrio, e depois disso, mantê-lo até o termo. Todavia essas adaptações fisiológicas são atingidas sem dificuldades pela tireóide normal. Isto não é contudo, o caso quando a capacidade funcional da glândula está prejudicada, como ocorre na doença tireoidiana auto-imune, hipotireoidismo ou quando a gestante reside em área deficiente de iodo.9,14 Hipotireoidismo materno A associação de hipotireoidismo com anovulação fez com que alguns médicos concluíssem que gestações complicadas por hipotireoidismo eram extremamente raras.3,15 Posteriormente vários estudos demonstraram que essas mulheres podem engravidar, assim como apresentarem repercussões para a mãe e para o desenvolvimento dos seus fetos, caso a doença não seja adequadamente tratada.3,16 As mudanças que ocorrem na função tireoidiana na gestação, são sutis, quando a glândula e a ingesta de iodo são normais. Contudo o estresse da doença auto-imune e/ou a deficiência de iodo são suficientes para resultar em hipotireoidismo gestacional em algumas mulheres.17 O sistema nervoso central fetal depende de iodo e tiroxina (T4) para o seu desenvolvimento durante toda a gestação, sendo dessa forma necessário avaliação das crianças nascidas de mães com severa deficiência de iodo. Para tentar determinar a importância do iodo na gestação, Cao e col.18 demonstraram que das gestantes que receberam iodo durante o primeiro e segundo trimestres, somente 2% de seus filhos apresentaram moderada ou severa anormalidades neurológicas. Contudo, caso essa suplementação seja feita tardiamente durante o terceiro trimestre ou no início do pósparto, as anormalidades aumentam para aproximadamente 9% das crianças.2,18 O hipotireoidismo materno é comumente causado por tireoidite auto-imune ou por destruição da glândula (ablação com iodo ou cirurgia), e raramente por desordem hipotalâmica-hipofisária. A prevalência durante a gestação varia em cada país.2 Klein e col.,19 nos EUA ,encontraram aumento de TSH (>6 mU/L) em 49 (2,5%) das 2000 63 gestantes avaliadas entre 15ª a 18ª semanas de gestação e diminuição do T4 em 0,3%.19 Glinoer 10 na Bélgica, analisou 1900 gestantes encontrando 2,2% de hipotireoidismo.11 No Japão, Fukushi e col.,.20 observaram hipotireodismo em 102 (0,14%) das 70.632 gestantes avaliadas. Vários são os efeitos do hipotireoidismo não tratado para as mães e seus fetos (Tabela 1).2,21 Leung e col..,22 acompanharam 68 mulheres com hipotireoidismo durante toda a gestação, das quais 23 apresentavam hipotireoidismo clínico e 45 subclínico. Como resultado a prevalência de hipertensão gestacional foi elevada em ambos os grupos, sendo de 22% para clínico e 15% no subclínico, em comparação com 7,6% do grupo sem disfunção. Nos recém-nascidos, baixo peso foi a complicação mais comum dos filhos das mães com hipotireoidismo clínico, sendo encontrado em aproximadamente 22%. Presença de malformações congênitas e natimorto, foi observado nas gestantes que não fizeram uso adequado do hormônio tireoidiano.22 Também com o objetivo de avaliar as conseqüências do hipotireoidismo na gestação, Davis e col.,23acompanharam 16 mulheres com hipotireoidismo clínico, dessas sete apresentaram pré-eclâmpsia e três placenta prévia e hemorragia pós-parto. Neste grupo foi observado baixo peso fetal (<2000 g) em cinco mulheres e dois natimortos. Das 12 gestantes com hipotireoidismo sub-clínico, duas apresentaram pré-eclâmpsia e hemorragia pós-parto.23 Caso o hipotireoidismo clínico ou sub-clínico não seja tratado adequadamente, pode relacionar-se com o aumento do número de abortos espontâneos. Além disso, essas mulheres apresentam freqüentemente anti-TPO positivo (80% versus 9% das mulheres com TSH normal), e alguns estudos têm confirmado um aumento da incidência de abortos durante o primeiro trimestre de gestação.24 Vaquero e col.,25 demonstraram recentemente que a reposição de T4 poderia beneficiar um pequeno grupo dessas mulheres com história de abortos recorrentes. Tem sido demonstrado em vários estudos que filhos de mães com hipotireoidismo descompensado durante a gestação, podem apresentar significante decréscimo do quociente de inteligência (QI). Aproximadamente 20% dessas crianças tem níveis de QI igual ou menor que 85, mostrando desta forma a importância da avaliação da função tireoidiana antes ou durante o início da gestação.2,7,27 64 Tabela 1. Hipotireoidismo Materno: Efeitos na mãe e feto Materno Fetal Hipertensão Gestacional Prematuridade Pré-eclâmpsia Baixo peso ao nascimento Placenta prévia Natimorto Anemia Sofrimento fetal Hemorragia pós-parto Adaptado de Smallridge. The Endocrinologist 2002, 31:457. 2 Diagnóstico laboratorial O indicador mais sensível do hipotireoidismo é a determinação sérica do TSH, o qual se encontra invariavelmente elevado no hipotireoidismo primário, sobretudo em mulheres de regiões de deficiência de iodo. As concentrações de T4 livre podem estar dentro dos limites da normalidade em pacientes com hipotireoidismo subclínico, tendendo a diminuir de acordo com gravidade do quadro. Os níveis de T3 livre podem estar ainda normais mesmo quando o T4 livre já se encontra em níveis baixos. Os níveis de T3 e T4 total, encontram-se elevados durante a gestação em função do aumento da concentração de TBG, não sendo utilizado para o diagnóstico. A determinação de anticorpos anti-TPO é importante na identificação de tireoidite de Hashimoto como a etiologia do hipotireoidismo, além de ser um marcador de risco das pacientes que podem desenvolver a doença durante a gravidez ou disfunção tireoidiana pós-parto. Tem sido relatado também a associação de anti-TPO a um risco aumentado de aborto espontâneo em aproximadamente 17% quando comparado com 8,4% em mulheres com anticorpos negativos.1,2,26, 27,28 Portanto, o rastreamento durante a gestação (Figura 1) é justificado devido as complicações obstetricas e fetais associadas com hipotireoidismo não tratado, além de 65 avaliar as pacientes com risco para desenvolvimento de disfunção tireoidiana pósparto, especialmente tireoidite pós-parto (TPP)28. Figura 1. Algorítimo de rastreamento para disfunção tireoidiana na gestação e pósparto. Início da gestação (12- 20 semanas) Ac- TPO + T4 livre + Ac – /TSH + T4 livre normal TSH >4 Ac +/ TSH < 2 Não acompanhar Ac +/ TSH 2-4 T4 livre normal – baixo para IG Tratamento com L-T4 e acompanhar no PP T4 livre e TSH em 6 meses e acompanhar no PP Tratamento com L-T4 acompanhar no PP e Fonte: Adaptado de Glinoer D. Management of hypo and hyperthyroidism during pregnancy. Growth Horm IGF Research 2003; 13: S45-S54.28 Ac – TPO = Anticorpo peroxidase tireoidiana; Ac = Anticorpo negativo); Ac+ = Anticorpo positivo; IG = Idade gestacional; L-T4 = Levotiroxina; PP = Pós-parto Tratamento 66 Todas as mulheres portadoras de hipotireoidismo, especialmente aquelas com pretensão a engravidar, devem ser estimuladas a obter um bom controle da sua doença antes da concepção. As mulheres com diagnóstico e tratamento prévio à gestação devem ter o TSH e o T4 livre monitorados a partir do primeiro trimestre, com revisão a cada seis a oito semanas, devendo a dose da reposição com Levotiroxina (LT4) ser ajustada caso necessário. Tem sido observado com muita frequência por diversos autores, necessidade de aumento da dose de reposição de T4 em aproximadamente 25 a 50% das doses utilizadas na pré-concepção, iniciando a partir do 1o trimestre, e persistindo até o final da gestação. Essas necessidades aumentadas cessam no período de pós-parto, retornando a dose habitual pré-gestacional. Várias são as causas que tentam explicar a etiologia do aumento da necessidade de T4. No 1o trimestre ocorre aumento do pool de TBG permanecendo assim até o final da gestação, e durante o 2a metade da gestação há aumento do tamanho da placenta, com maior atividade da deiodase tipo III inativando os hormônios tireoidianos, e, também, a expansão do volume plasmático. Tem sido sugerido que gestantes que fazem suplementação com sulfato de ferro que reduz a absorção de T4, necessitam também de aumento da dose da reposição hormonal.3,29,30 Tem sido demonstrado que esse aumento da necessidade de Levotiroxina está relacionado com a etiologia do hipotireoidismo. Kaplan observou que as pacientes atireóticas por ablação cirúrgica e/ou radioiodo necessitaram aumentar a dose da reposição significativamente durante a gestação em comparação com as pacientes com hipotireoidismo por tireoidite de Hashimoto que necessitaram de um aumento muito menor, provavelmente pela presença de uma reserva tireóidea residual com capacidade de compensar as necessidades requeridas.3,31 Nas pacientes em que o diagnóstico é realizado durante a gravidez o reajuste da dose deve ser feito com cerca de seis semanas após o início do tratamento, devendo ser avaliadas durante toda a gestação com a dosagem de TSH a cada seis a oito semanas. As pacientes submetidas à ressecção de tireóide para tratamento de neoplasia e que se encontram em reposição de doses suprafisiológicas de hormônio como estratégia de tratamento (supressão), necessitam de aumento da dose já no primeiro trimestre de gestação. 67 Sabendo que a avaliação correta do hipotireoidismo antes e durante a gestação é fundamental para evitar as conseqüências paras as mães e desenvolvimento dos fetos, Brent baseado em vários estudos elaborou diretrizes para o manejo da doença (Quadro 1).3 Quadro 1 Diretrizes para avaliação de mulheres com hipotireoidismo antes e durante a gestação. 1. Mulheres com hipotireoidismo com pretensão a engravidar devem ser alertadas da necessidade de obter um bom controle da sua doença antes e durante a gestação. 2. Níveis séricos de TSH devem ser dosados no 1o trimestre. 3. Mulheres atireóticas, especialmente aquelas em terapia supressiva para câncer de tireóide, devem ser aconselhadas a aumentar a dose de T4 em aproximadamente 25 a 50%, logo que a gestação for confirmada. 4. Durante toda a gestação deve ser monitorizado os níveis de TSH, a cada seis a oito semanas. 5. Retorno imediato após o parto para a dose de T4 utilizada antes da gestação. Adaptado de Brent, THYROID, 1999 volume 9 no 7 Disfunção tireoidiana pós-parto 68 Embora esta revisão esteja direcionada para a gestação, é importante lembrar que o período de pós-parto também é propício para o aparecimento de disfunção tireoidiana, sendo a causa mais comum TPP.1,3,4 Durante a gravidez, o sistema imune materno é suprimido, o que pode ser devido a atividade aumentada das células T supressoras fetais.33 No final da gravidez e durante os três primeiros meses de pós-parto ocorre uma queda das células T CD4 (células T helper) e um aumento das células T CD8 (células T supressoras), causando queda da relação CD4/CD8. Mulheres que desenvolvem TPP tem uma alta relação CD4/CD8 e ativação das células T CD4 no período de pós-parto. Após o parto o desaparecimento rápido dos fatores supressores de imunidade materna leva a um “rebote” na função auto-imune. Portanto os títulos de anticorpos tireoidianos apresentam tendência para a redução durante a gestação, alcançando um nadir no parto, com um pico no terceiro e quarto mês de pós-parto.29,34 A TPP é uma disfunção causada pela destruição auto-imune da tireóide, acometendo aproximadamente 5 a 10% das mulheres no primeiro ano de pós-parto, caracterizado por transitório hipertireoidismo e/ou hipotireoidismo ou ambos, sendo que aproximadamente 25 a 30% podem desenvolver hipotireoidismo permanente. As pacientes com TPP podem também apresentar recorrência em até 69% da doença em gestações subsequentes.34-36 O anticorpo anti-TPO é considerado como o principal marcador da doença. Lazarus e col.,37 estudaram 152 gestantes com anti-TPO positivo (dosagem realizada até a 16ª semana de gestação) e compararam com 239 mulheres com anticorpo negativo acompanhadas mensalmente durante os 12 meses de pós-parto, tendo observado TPP em aproximadamente 50% daquelas com auto-imunidade. A maioria das pacientes com TPP tem manifestações clínicas leves de tireotoxicose e/ou hipotireoidismo, sendo freqüente que a doença passe despercebida por médicos e pacientes por associarem os sintomas ao período de pós-parto. Laboratorialmente, as dosagens de T4 Livre e TSH variam de acordo com as diversas fases da disfunção tireóidea, sendo a captação de iodo 131 baixa, desta forma fazendo a diferenciação com a doença de Graves 32. 69 Diversos autores têm sugerido que todas as mulheres devam ser submetidas ao rastreamento para TPP durante o primeiro trimestre de gestação com a dosagem de anti-TPO, sendo aquelas com títulos elevados acompanhadas com T4 Livre e TSH durante os 12 meses de pós-parto, com a finalidade de identificar casos da doença.34,37 70 Referências 1. Fantz RC, Dagogo-Jack S, Landenson HJ, Gronowski MA. Thyroid function during pregnancy. Clin Chem 1999; 45: 2250-2258. 2. Smallridge RC. Hypothyroidism and pregnancy. Endocrinologist 2002; 12: 454-63. 3. Brent GA. 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Aguardando revisão Title page: Value of combined clinical information and peroxidase antibodies in pregnancy for the prediction of postpartum thyroid dysfunction Author’s names: Sheila Mamede da Costa 1 Lino Sieiro Netto 2 Claudia Medina coeli 1 Alexandru Buescu 1 Mario Vaisman1 Institute: 1.Faculdade de Medicina/Serviços de Endocrinologia e Núcleo de Estudo em saúde coletiva (NESC), Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) – UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil; 2Serviços de Clínica Médica e Pré-Natal do Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), UNIG, Nova Iguaçu, Brasil Short title: Thyroid autoimmunity in pregnancy and postpartum Adress: Sheila Mamede da Costa Avenida: Getúlio Vargas, 1601 – Casa 01, Centro – Nilópolis- Rio de janeiro – RJ – Brasil - CEP: 26.525-001 E-mail: [email protected] Key words: Thyroid autoimmunity, pregnancy, postpartum, thyroid peroxidase antibodies 74 ABSTRACT OBJECTIVES: To investigate the utility of TPOAb in early pregnancy combined with clinical information for prediction of PPTD within one year of postpartum. PATIENTS AND METHODS–We studied 98 pregnant women by determining their TPOAb levels in early pregnancy (9-12 weeks),as well as their serum thyrotropin (TSH) and free thyroid (fT4) levels at 6 and 12 months postpartum. Furthemore,they answered a questionnaire regarding age,smoking and family history of thyroid disease. Physical examination was performed by only one examiner with special attention to the presence of goiter. RESULTS–Of the 98 women,10 were positive TPOAb in early pregnancy. TSH levels were significantly higher in TPOAb positive women compared with TPOAb negative at the 12th months postpartum. The overall risk of PPTD within one year of follow up was 10.2%(95%CI 4.1– 16.3%). Risk of PPTD was significantly higher among women with a family history of thyroid disease, TPOAb positive and presenting goiter in early pregnancy. The sensitivity, specificity and positive predictive value of TPOAb in PPTD prediction were 60.0%, 95.5% and 60%. Restricting screening to women with a family history of thyroid disease or presenting goiter increases the positive predictive value from 60% to 82.4%. CONCLUSION: Our results suggest that TPOAb could be used as a screening test for PPTD prediction at least among women who present a high risk of developing PPTD. 75 VALUE OF COMBINED ANTIPEROXIDASE CLINICAL ANTIBODIES IN INFORMATION PREGNANCY FOR AND THE PREDICTION OF POSTPARTUM THYROID DYSFUNCTION Introduction For a successful normal pregnancy, there must be an immunological compromise to protect mother and fetus from mutual destruction, and to control the maternal immune response to paternally inherited fetal antigens. Hence, autoimmune responses are also usually reduced in pregnancy as reflected by the quiescence of Graves’disease as well as many other autoimmune diseases such as rheumatoid arthritis and multiple sclerosis (1). Maternal immune supression during pregnancy may be due to increased activity of fetal T cells (2). At the end of pregnancy and in the immediate postpartum period there is a decrease in CD4 T cells and an increase in CD8 T cells, with a consequent reduction of the CD4/CD8 ratio (1,3). After delivery, the fast disappearance of maternal supression factors leads to a rebound of the autoimmune process. Antithyroid antibodies decrease during pregnancy , reach their nadir at delivery and increase in the postpartum period, peaking around the 3th-4th month of postpartum (1,2,3). Postpartum thyroid dysfunction (PPTD) is caused by an autoimmune destructive process of the thyroid. It is chararacterized by the development of transient hyperthyroidism, hypothyroidism, or both, during the first 6 months of the 76 postpartum period (4,5). It occurs in 5-9% of women during the first postpartum year and hypothyroidism becomes permanent in up to 25-30% of them (5). The presence of thyroid peroxidase antibodies (TPOAb) in early pregnancy is the most useful marker for detecting subclinical autoimmune thyroiditis and, therefore, for predicting the occurrence of postpartum thyroid dysfunction (PPTD) (6,7,8). In the study by Premawardhana et al. 50% of women with positive TPOAb in early gestation developed PPTD. Its occurrence in TPOAb negative women, although infrequent (6), weakens the strength of antibodies as predictors of PPTD. Furthermore, the presence of TPOAb in early pregnancy is also a marker for postpartum depressive symptoms(9), and has been associated with impaired neuropsychological development of children of affected mothers(10), althought more recent data suggest a stronger relationship with early maternal hypothyroxinemia(11). The aim of the present study was to evaluate the utility of TPOAb levels in early pregnancy combined with clinical information for prediction of PPTD within one year of postpartum. 77 METHODOLOGY Study design We carried out a concurrent cohort study. Between March 2000 and June 2003, 98 unselected women who attended our prenatal clinic were enrolled in the study. The study was approved by a local ethics committee, and all women gave informed consent at initial presentation. Blood samples were collected for measureament of TPOAb levels in early pregnancy (9-12 weeks), as well as for serum thyrotropin (TSH) and free thyroid (fT4) levels at 6 and 12 months postpartum. Patients answered a questionnaire regarding age, previous thyroid illness , family history of thyroid illness, smoking and related symptoms. Physical examination was performed by only one examiner with special attention to the presence of goiter and/or thyroid nodules. The criteria of selection for the study included patients without thyroid dysfunction, structural alteration of the thyroid and/or previous history of thyroid illness. A nutritional inquiry was carried out in 60 pregnant women with the purpose of estimating the iodine content of the diet. Laboratory Determinations Serum TSH and fT4 were measured by the immune chemiluminescence (ICMA) method (IMMULITE,DPC, Diagnostic Products Corporation, Los Angeles, CA, USA). The reference values of serum TSH are 0.4-3.8 um/l and of fT4 0.8-2.0 ng/dL. The antithyroperoxidase antibodies (TPO-Ab) were measured by the ICMA method (DPC-IMMULITE) and considered positive when above 40U/L. All laboratory determinations were carried out in the same facility. Statistical Analysis Statistical analysis was performed with Stata software (version 8.0, 2003). Differences in proportions were tested for significance by means of Fisher’s exact test. Differences between means were determined by the Mann-Whitney U test. The association between potential risk factors and the risk of PPTD was evaluated through crude and adjusted risk-ratios. The statistical analysis was carried out in two stages. In the first stage, each variable was tested. Then, those variables that reached a significant association with risk of miscarriage at the 20% level were included in a multivariate model, mutually adjusting for all of them. A log-binomial regression model was fitted to the data. By applying this model, the risk ratios and 95% confidence intervals (95%CI) can be obtained directly. The performance characteristics of TPOAb in early pregnancy for prediction of PPTD were calculated using the final diagnostic status 78 (with or without PPTD) after one year of follow-up since delivery. The results of sensitivity, specificity and predictive values were presented with 95% confidence intervals calculated using the Wilson’s method (Altman, 2000). We calculated the positive predictive value among women with a family history of thyroid disease or presenting goiter in early pregnancy using the frequency of PPT in this selected population and the values of sensitivity and specificity obtained for the whole sample. For the latter calculus we applied the following formula: sensitivity x frequency of PPTD/ sensitivity x frequency of PPTD + (1-specificity) x (1- frequency of PPTD). RESULTS Thyroid autimmunity and hormone levels Patient’s ages ranged from 16 to 39 years ( mean ± SD: 24.6 ± 6.2). Of the 98 women, 10 (10.2%; 95% CI 4.1-16.3%) were TPOAb positive in early pregnancy. TSH levels were significantly higher in TPOAb positive women when compared with TPOAb negative women at 12 months of postpartum (Table 1). Levels of free T4 were not significantly different in these groups (Table 1). Risk of postpartum thyroid dysfunction The overall risk of PPTD within one year of follow up was 10.2% (95% CI 4.1 – 16.3%). Risk of PPTD was significantly higher among women with a family history of thyroid disease, positive TPOAb and those presenting goiter in early pregnancy (Table 2). However, after adjustment in a multivariate model, only goiter and the 79 presence of thyroid autoimmunity remained significantly associated with the risk of PPTD (Table 3). Screening for TPOAb in early pregnancy TPOAb results in early pregnancy were positive in 6 of the 10 women who developed PPTD within one year of postpartum (sensitivity 60.0%; 95% CI 31.3 – 83.2%) and were negative in 84 of the 88 women without PPTD (specificity 95.5%; 95% CI 88.9 – 98.2%). The positive and negative predictive values were 60.0% (95% CI 31.3 – 83.2%) and 95.5% (95% CI 88.9 – 98.2%), respectively. Applying the same values of sensitivity and specificity presented above, but considering the incidence observed among women with a family history of thyroid disease or presenting goiter in early pregnancy (risk = 26.1%), increased the positive predictive value from 60% to 82.4%. DISCUSSION We studied a population of pregnant women with ages between 16 and 39 years (average 23 years old). Although we did not meassure urinary iodine, 60 pregnant 80 women in the study were submitted to a detailed inquiry by two nutritionists that showed sufficient iodine in the diet (more than 200mcg/day of iodine). Of the 10 patients positive for TPOAb in early pregnancy, 6 sustained higher median values of TSH at 12 months postpartum thus characterizing PPTD. The natural history of antithyroid antibodies in subjects with or without autoimmune thyroid disease is unclear. Some reports suggest no change, and some find a decrease in the prevalence of antibodies during long term follow-up(7). TPOAb are considered markers for the development of PPTD when measured in early pregnancy(4,5,6,7,12). When TPOAb is positive, there is alwalys lymphocytic infiltration into the thyroid, and therefore there is “subclinical autoimmune thyroiditis”(13), which may be exacerbated after delivery. Our finding of PPTD in 6 patients that were positive for TPOAb in early pregnancy reinforces the value of antibodies as markers of autoimmune thyroid destruction, as was shown , with high sensitivity, by Premawardhana and cols.(6), that of 308 pregnant women with positive antibodies in early pregnancy, 147 developed PPTD, compared with 9 of 102 pregnant women with negative antibodies. Women who are TPOAb negative during pregnancy can also present PPTD, but in a lesser proportion(3,6,7,14). Kuijpens and cols. indicated that one in four women with confirmed PPTD does not have a detectable value of TPOAb during pregnancy. Therefore a maximum of two-thirds of PPTD cases can be predicted by TPOAb testing in the first trimester of pregnancy(14). Amino and cols., showed that risk of developing PPTD in the TPOAb negative subjects is estimated to be 1 in 100 of that in TPOAb positive subjects(15). However, it is important to emphasize that the 81 immunological changes that happen because of pregnancy can influence negatively the TPOAb levels thus interfering in the prevalence of positive TPOAb . During our study, 4 of 88 pregnant women with negative TPOAb turned to be positive in the postpartum period and developed thyroid dysfunction at 6 months. PPTD is a known complication of the postpartum period, characterized by transitory hyperthyroidism and more frequently hypothyroidism (or both ), and by the presence of TPOAb(4,5,12,16). Its prevalence is around 8%, varying from 1,1 to 16,7%. This large difference found in the literature is due to the inclusion of patients with active autoimmune thyroid disease, inadequate time of diagnosis, presence of goiter, as well as to different methodologies(4,5,16). In our study, 6,12% of patients with positive antibodies presented PPT, with only one with transitory hyperthyroidism at 6 months, followed by transitory hypothyroidism. The others presented transitory hypothyroidism that did not require specific treatment. It is possible that a longer time of follow up could disclose a higher percentage of dysfunction among the subjects studied. The presence of thyroid antibodies can increase the risk of thyroid dysfunction and influence the progress of pregnancy, independently of funcional alterations. A higher risk of abortions is found in patients with positive TPOAb when compared with negative TPOAb. Nevertheless, the relationship of thyroid autoimmunity with abortions is still controvertial . Recently, Sieiro and cols. evaluated the influence of thyroid autoimmunity and maternal age on the risk of abortions in a population of 534 pregnant women, demostrating that this risk was significantly higher among women 82 with ages over 35 years, positivity for TPOAb, and presence of high levels of TSH(17). Our data reinforce the need of screening all pregnant women with a TPOAb determination in the first trimester and, when positive, measurements of serum TSH and fT4 should be performed in the following trimesters. By following this routine one can reduce the risks of a possible thyroid dysfunction that might interfere in fetal development, as fetal ontogenesis begins around the 10th and 12th weeks of pregnancy and thyroxine is only secreted after the 18th or 20th. Subnormal maternal levels of this hormone in any phase of pregnancy can affect the psychomotor development of the child as was demonstrated by Haddow and cols.(18). Besides the risk mentioned for the fetus, thyroid hypofunction can lead to maternal complications, as gestational hypertension, abruptio placenta, preeclampsia, anemia and postpartum hemorrhage(19,20). It is important to observe that pregnant women with positive TPOAb levels in early pregnancy should also be followed in postpartum for a minimum period of 12 months, to evaluate for PPTD, especially PPT, and for the development of permanent hypothyroidism. This study confirmed a significantly higher risk of PPTD among women with a familiy history of thyroid disease, positive TPOAb and presenting goiter in early pregnancy. The sensitivity, specificity and positive predictive value of TPOAb in PPTD prediction were 60.0%, 95.5% and 60%. Restricting screening to women with a family history of thyroid disease or presenting goiter increases the positive predictive value from 60% to 82.4%. 83 These results emphasize the need of screening all pregnant women, but if not feasible it should be done at least in those who present a higher risk for dysfunction in both pregnancy and/or the postpartum period: patients with family and/or personal history of thyroid illness, presence of goiter in early pregnancy, presence of autoimmune illness (especially type 1 diabetes mellitus), and/or evidence of PPTD in previous pregnancies. 84 Table 1. Comparison of TSH and free T4 levels between women with and without thyroid autoimmunity according to postpartum period. PHormone/postpartum TPOAb period (N=10) Median positive TPOAb Negativo (N=88) (interquartile Median val ue (interquartile range) range) 1.05 (0.90 – 1.30) 0.90 (0.80 – 1.10) Free T4 (ng/dl) 6 months 0. 10 12 months 0.95 (0.90 – 1.20) 1.00 (0.90 – 1.10) 0. 56 TSH 6 months 0.74 (0.23 – 1.31) 0.98 (0.65 – 1.40) 0. 18 12 months 6.28 (0.89 – 9.40) 1.37 (0.95 – 2.16) 0. 01 85 Table 2. Risk of Postpartum Thyroid Dysfunction (PPTD) according to some putative risk factors. Characteristic Total of Women who developed Women PPTD P Value N % ( 95 % CI) Age range (years) ≥ 30 23 3 13% (2.8 – 33.6) < 30 75 7 9.3% (3.8 – 18.3) Yes 20 6 30% (11.9 – 54.3) No 78 4 5.1% (1.4 – 12.6) Yes 3 0 0% ( 0- 70.7) No 95 10 10.5% (5.2 – 18.5) 1.00 Yes 7 5 71.4%(29.0–96.3) No 91 5 5.5% (1.8 – 12.3) 0.69 Family History 0.004 Smoking Goiter in early pregnancy TPOAb in early pregnancy 0.001 86 ≥ 40 U/L (positive) 10 6 60.0% (26.2–80.0) < 40 U/L (negative) 88 4 4.5% (1.25 – 11.2) 0.001 87 Table 3: Crude and Adjusted Risk Ratios (RR) for Postpartum Thyroid Dysfunction (PPTD) according to family history of thyroid disease, thyroid autoimmunity and goiter in early pregnancy. Characteristic Crude RR (95% CI) PValue Family history of thyroid disease Yes 5.9 (1.8 – 18.9) No 1 Adjusted RR* (95% PCI) Value 0.004 1.5 (0.4 – 5.9) 1 0.54 Goiter in early pregnancy Yes No 7.5 (2.7 – 21.2) 1 0.001 3.8 (1.4 – 10.3) 1 0.01 TPOAb in early pregnancy ≥ 40 U/L (positive) 13.2 (4.5 – 39.0) 0.001 8.6 (2.6 – 28.0) 0.001 < 40 U/L (negative) 1 1 Adjusted for the other variables in the table. 1 88 REFERENCES 1. Davies TF: The thyroid immunology of the postpartum period. Thyroid 1999; 9:675684. 2. Goldman,JM: Postpartum thyroid dysfunction. Arch. Intern. Med 1986; 146:12961299. 3. Amino N., Tada, H. & Hidaka, Y: Postpartum autoimmune thyroid syndrome: a model of aggravation of autoimmune disease. Thyroid 1999; 9:705-713. 4. Barca MF, Knobel M, Tomomori E, Cardia MS, Medeiros Neto G: Prevalence and characteristics of postpartum thyroid dysfunction in São Paulo, Brazil. Clin Endocrinol (Oxf) 2000; 53: 21-31. 5. Lazarus JH: Clinical manifestations of postpartum thyroid disease. 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