PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA E CIÊNCIAS DA SAÚDE ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CLÍNICA MÉDICA DETERMINAÇÃO DA FREQÜÊNCIA DE EXPRESSÃO DE MARCADORES BIOLÓGICOS EM AMOSTRAS DE CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE ESÔFAGO PELO MÉTODO DE IMUNOHISTOQUÍMICA JOSÉ EDUARDO QUEIROZ DE CARVALHO Porto Alegre, novembro de 2003 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA E CIÊNCIAS DA SAÙDE DETERMINAÇÃO DA FREQÜÊNCIA DE EXPRESSÃO DE MARCADORES BIOLÓGICOS EM AMOSTRAS DE CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE ESÔFAGO PELO MÉTODO DE IMUNOHISTOQUÍMICA Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Medicina e Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul como pré-requisito para obtenção do grau de DOUTOR. JOSÉ EDUARDO QUEIROZ DE CARVALHO Orientadora: Denise Cantarelli Machado, PhD Porto Alegre, novembro de 2003 C331d Carvalho, José Eduardo Queiroz de Determinação da freqüência de expressão de marcadores biológicos em amostras de carcinoma epidermóide de esôfago pelo método de imunohistoquímica / José Eduardo Queiroz de Carvalho; orient. Denise Cantarelli Machado. Porto Alegre: PUCRS, 2003. 86f.: il. graf. tab. Tese(Doutorado)–Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. (Área de concentração: Clínica Médica) 1. CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS. 2. NEOPLASIAS ESOFÁGICAS. 3. IMUNOHISTOQUÍMICA. 4. P53. 5. PROTEÍNA DO RETINOBLASTOMA. 6. CICLINA B1. 7. CICLINA D1. 8. ANTÍGENO NUCLEAR DE PROLIFERAÇÃO CELULAR. 9. KI67. 10.C-ERBB-3. 11. BCL-2 12. BCL-X. 13. C-MYC. 14. RECEPTOR DO FATOR DE CRESCIMENTO EPIDÉRMICO. 15. ESA. 16. EMA. 17.MDM2. 18. CK20. 19.CK 5, 6, 18. 20 CEA. 21. CA-19-9. 22. I. Machado, Denise Cantarelli. II. Título. C.D.D. 616.99432 C.D.U. 616-000.6:616.329(043.3) Elisete Sales de Souza/Bibliotecária CRB10/1441 Rosária Maria Lúcia Prenna Geremia Dedico este trabalho: À minha esposa, Ana Martha, e ao meu filho Eduardo “Não és sequer a razão do meu viver, posto que és já toda a minha vida” Florbella Espanca (poeta portuguesa) Ao meu pai, Dr. José Mário de Carvalho, mestre da cirurgia e profundo estudioso das ciências médicas e humanas, pelo seu caráter como pessoa e pela sua grandeza como homem. À minha mãe, Annajara Queiroz de Carvalho, mulher corajosa e determinada, que me passou a alegria de viver. Aos meus irmãos, Danusa, José Mário, Dardânia e João Antônio, pelo exemplo de profissionalismo e pela maneira honesta com que conduzem suas vidas. Faço deste trabalho uma homenagem aos que pereceram na luta contra o câncer. AGRADECIMENTOS À minha orientadora, Dra. Denise Cantarelli Machado, o meu agradecimento especial pela sua dedicação e empenho em todos os passos da realização deste estudo. De uma maneira simples e objetiva, mas sempre competente, contribuiu em questões fundamentais deste trabalho. A seriedade e a honestidade com que busca a verdade científica impressionaram-me positivamente. Ao amigo e colega Dr. Manoel Constant Neto, que me apresentou o projeto e incentivou-me a desenvolvê-lo. Ao incansável Dr. Salvador Gullo Neto, parceiro no trabalho e amigo de todas as horas. O seu incentivo diário foi sempre muito importante. À Direção do Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da PUCRS, que me permitiu desenvolver este trabalho. A todos os professores dos cursos de Graduação e de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da PUCRS, que, de uma maneira ou de outra, contribuíram para a minha formação médica. Aos acadêmicos Vinícius Schenk Michaelsen, Giancarlo Maruri Munaretto, Manlio Falavigna, Ana Carolina Silva de Castro, Bibiana Butkus de Aguiar e a técnica Raquel Mattos de Oliveira pela sua inestimável ajuda no preparo das lâminas. Sem sua contribuição este projeto não teria findado em tempo hábil. Ao Prof. Dr. Emilio Jeckel Neto por disponibilizar seu laboratório e equipamentos para a confecção das lâminas. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul – FAPERGS, pelo apoio financeiro. SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS ......................................................................................................VIII LISTA DE TABELAS ...................................................................................................................IX LISTA DE FIGURAS .....................................................................................................................X RESUMO ....................................................................................................................................XII ABSTRACT ...............................................................................................................................XIII I. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1 1.1 CÂNCER DE ESÔFAGO ..................................................................................................... 1 1.2 ONCOLOGIA MOLECULAR ............................................................................................... 5 1.3 O CICLO CELULAR E CÂNCER ........................................................................................ 7 1.3.1 Proto-oncogenes e Genes Supressores de Tumor....................................................... 9 1.3.2 Mutações que afetam a proliferação celular ............................................................... 11 1.3.3 Mutações que causam a perda do controle do ciclo celular........................................ 12 1.3.4 Biologia Molecular no estudo dos cânceres do esôfago ............................................. 14 1.4 PROTEÍNAS ENVOLVIDAS NO CONTROLE DO CICLO CELULAR ................................. 15 1.4.1 Gene supressor de tumor p53 ................................................................................... 15 1.4.2 Proteína do gene retinoblastoma (Rb) ........................................................................ 18 1.4.3 A proteína Murine Double Minute 2 (MDM-2) .............................................................. 19 1.4.4 Ciclina B1.................................................................................................................. 20 1.4.5 Ciclina D1.................................................................................................................. 21 1.5 PROTEÍNAS CONTROLADORAS DA PROLIFERAÇÃO CELULAR .................................. 23 1.5.1 Antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA) ....................................................... 23 1.5.2 Ki67........................................................................................................................... 24 1.5.3 Receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) ............................................... 25 1.6. PROTEÍNAS ENVOLVIDAS NA APOPTOSE ................................................................... 26 1.6.1 bcl-2 .......................................................................................................................... 26 1.6.2 bcl-x .......................................................................................................................... 27 1.7 PROTEÍNAS ONCOGÊNICAS ......................................................................................... 28 1.7.1 c-erbB-3 .................................................................................................................... 28 1.7.2 c-myc ........................................................................................................................ 28 1.8 PROTEÍNAS DE ORIGEM EPITELIAL.............................................................................. 29 1.8.1 Citoqueratina 20 (CK20) ............................................................................................ 29 1.8.2 Citoqueratinas 5, 6 e 18............................................................................................. 30 1.8.3 Antígeno específico epitelial (ESA) ........................................................................ 31 1.8.4 Antígeno de membrana epitelial (EMA)...................................................................... 31 1.9 PROTEÍNAS ENVOLVIDAS EM OUTROS PROCESSOS CELULARES............................ 32 1.9.1 Antígeno carcinoembriônico (CEA) ............................................................................ 32 1.9.2 CA19-9 ................................................................................................................... 33 1.10 PANORAMA ATUAL DAS ALTERAÇÕES MOLECULARES NO CÂNCER ...................... 34 II. OBJETIVOS............................................................................................................................ 36 III. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................................... 37 3.1 ASPECTOS BIOÉTICOS................................................................................................... 37 3.2 DELINEAMENTO DO ESTUDO......................................................................................... 38 3.3 AMOSTRAS INVESTIGADAS ........................................................................................... 38 3.4 TÉCNICA DE IMUNOHISTOQUÍMICA .............................................................................. 39 3.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMA DE APRESENTAÇÃO ......................................... 42 IV. RESULTADOS ...................................................................................................................... 43 4.1. FREQÜÊNCIA DE EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS QUE CONTROLAM O CICLO CELULAR ............................................................................................................................................... 46 4.2. FREQÜÊNCIA DE EXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS QUE ATUAM NA PROLIFERAÇÃO CELULAR ............................................................................................................................... 50 4.3. FREQÜÊNCIA DE EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS ENVOLVIDAS NA APOPTOSE.......... 52 4.4. FREQÜÊNCIA DE EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS ONCOGÊNICAS................................ 54 4.5. FREQÜÊNCIA DE EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS EPITELIAIS ....................................... 56 4.6. FREQÜÊNCIA DE EXPRESSÃO DE OUTRAS PROTEÍNAS INVESTIGADAS................. 58 V. DISCUSSÃO........................................................................................................................... 61 VI. CONCLUSÕES...................................................................................................................... 74 VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 75 VIII. ANEXO ................................................................................................................................ 86 viii LISTA DE ABREVIATURAS AICC – Associação Internacional contra o Câncer AJCC – American Joint Committee on Cancer Cdk –quinase dependente de ciclina CEA – antígeno carcinoembriônico CEE – Carcinoma epidermóide de esôfago CK – Citoqueratina CNS – Conselho Nacional de Saúde DAB –diaminobenzidina EDTA – Ácido etilenodiaminotretracético EGFR – receptor do fator de crescimento epidérmico EMA – antígeno de membrana epitelial ESA – antígeno específico epitelial INCA – Instituto Nacional do Câncer MDM2 - Murine Doble Minute 2 PBS – Tampão fosfato tamponado com salina PCNA – Antígeno nuclear de proliferação celular Rb – Proteína do gene do Retinoblastoma TGF – Fator de crescimento e transformação ix LISTA DE TABELAS Tabela 1 Estágio do câncer e sobrevida de acordo com o American Joint Committee on Câncer (AJCC) ................................. 4 Tabela 2 Publicações relacionadas às alterações da ciclina D1 no carcinoma epidermóide de esôfago detectadas pelo método de imunohistoquímica ....................................................... 22 Tabela 3 Proteínas investigadas e técnica de imunohistoquímica específica para exposição do antígeno ............................. 38 Tabela 4 Freqüência de expressão das proteínas investigadas e número de carcinomas de esôfago analisados ................. 42 Tabela 5 Freqüência de expressão das proteínas controladoras do ciclo celular nos espécimes de carcinomas epidermóides de esôfago ............................................................................. 44 Tabela 6 Freqüência de expressão das proteínas envolvidas na proliferação celular nos espécimes de carcinomas epidermóides de esôfago .................................................. 47 Tabela 7 Freqüência de expressão das proteínas bcl-2 e bcl-x, envolvidas na apoptose, investigadas nos carcinomas epidermóides de esôfago .................................................. 49 Tabela 8 Freqüência de expressão das proteínas oncogênicas c-myc e c-erbB-3 nos espécimes de carcinomas epidermóides de esôfago ............................................................................. 51 Tabela 9 Freqüência de expressão das proteínas epiteliais nos espécimes de carcinomas epidermóides de esôfago........ 54 Tabela 10 Freqüência de expressão do antígeno carcinoembriônico e CA19-9 nos espécimes de carcinoma epidermóide de esôfago .......................................................................................... 56 x LISTA DE FIGURAS Figura 1 O ciclo celular e suas fases.................................................. 9 Figura 2 Regulação do ciclo celular e apoptose pelos genes p53 e Rb 17 Figura 3 Freqüência de expressão das proteínas investigadas nos carcinomas epidermóides de esôfago.................................. 43 Figura 4 Freqüência de expressão das proteínas controladoras do ciclo celular nos carcinomas epidermóides de esôfago ............... 45 Figura 5 Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação nuclear do anticorpo para o antígeno p53. Aumento 400x ..................................................................................... 45 Figura 6 Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação citoplasmática do anticorpo para o antígeno ciclina B1. Aumento 400x................................................................ 46 Figura 7 Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação citoplasmática do anticorpo para o antígeno ciclina D1. Aumento 400x................................................................ 46 Figura 8 Freqüência de expressão das proteínas envolvidas na proliferação celular nos carcinomas epidermóides de esôfago ............................................................................................. 48 Figura 9 Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação da membrana pelo anticorpo para o antígeno EGFR. Aumento 400x ...................................................................... 48 Figura 10 Freqüência de expressão das proteínas envolvidas na apoptose nas amostras de carcinoma epidermóide de esôfago .......... 50 Figura 11 Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação citoplasmática do anticorpo para o antígeno bcl-x. Aumento 400x ...................................................................... 50 Figura 12 Freqüência de expressão das proteínas oncogênicas c-myc e cerbB-3 nos espécimes de carcinoma epidermóide de esôfago ............................................................................................. 52 Figura 13 Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação da membrana citoplasmática pelo anticorpo para o antígeno c-erbB-3. Aumento 400x........................................ 52 xi Figura 14 Freqüência de expressão das proteínas epiteliais nos espécimes de carcinoma epidermóide de esôfago .............. 54 Figura 15 Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação da membrana pelo anticorpo para o ESA. Aumento 400x ..................................................................................... 55 Figura 16 Freqüência de expressão do antígeno carcinoembriônico e CA19-9 nos espécimes de carcinoma epidermóide de esôfago ............................................................................................. 56 Figura 17 Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação citoplasmática do anticorpo para o CEA. Aumento 400x ..................................................................................... 57 xii RESUMO A relevância do tema em questão, câncer de esôfago, deve-se a uma combinação de fatores tais como alta incidência, alta mortalidade, alto custo dos tratamentos com baixa eficiência, e impacto na força de trabalho. Os conhecimentos básicos de Biologia Molecular limitavam-se, na prática clínica diária, ao diagnóstico diferencial de lesões de histologia dúbia e ao seguimento de lesões neoplásicas diagnosticadas por outros métodos. O melhor entendimento da função de diversas proteínas envolvidas no metabolismo celular, associado aos crescentes avanços das técnicas de Biologia Molecular, permitiu um conhecimento mais amplo das alterações na expressão e estrutura das proteínas com o desenvolvimento, comprometimento e desfecho de inúmeros tipos de câncer, entre eles o carcinoma epidermóide de esôfago. O presente estudo teve como objetivo determinar a freqüência de expressão de proteínas envolvidas no ciclo celular, proteínas controladoras de proliferação celular, proteínas envolvidas na apoptose, proteínas oncogênicas, proteínas de origem epitelial e proteínas envolvidas em outros processos celulares. Através do emprego da técnica de imunohistoquímica, foram analisadas trinta e oito amostras de carcinoma epidermóide de esôfago incluídas em blocos de parafina obtidas de pacientes submetidos à esofagectomia no Hospital São Lucas da PUCRS. A freqüência de expressão das proteínas estudadas foi considerada positiva quando mais de 10% das células tumorais apresentavam determinada proteína. As proteínas investigadas foram p53, RB1, ciclina b1, ciclina D1, MDM2 (ciclo celular), PCNA, Ki67, EGFR (proliferação celular), bcl-2, bcl-x (apoptose), cerbB-3, c-myc (oncogênicas), ESA, EMA, CK20, CK 5, 6 e 18 (epiteliais) e CEA e CA 19-9. A proteína codificada pelo oncogene c-erbB-3 e a proteína bcl-x foram as que tiveram uma maior freqüência de expressão, ambas com 92,1%, seguidas das proteínas de origem epitelial EMA e ESA, 81,5% e 71%, respectivamente. A proteína bcl-2 e a citoqueratina 20 apresentaram freqüência de expressão de 8,1% e 3,1%, respectivamente, nas amostras de CEE. A proteína Ki67 não foi detectada nas amostras investigadas, e as proteínas envolvidas no ciclo celular tiveram uma freqüência de expressão abaixo de 50%. Palavras chave: carcinoma epidermóide de esôfago; imunohistoquímica; p53; Rb1; MDM-2; ciclina B1; ciclina D1; PCNA; Ki67; EGFR; bcl-2; bcl-x; c-erbB-3; cmyc; CK20; CK 5, 6, 18; ESA; EMA; CA19-9; CEA. xiii ABSTRACT Esophageal cancer studies are important due to a combination of factors such as high incidence and mortality, treatments with low efficiency but high costs and the great impact on labor. The basic molecular biology was limited, in clinical practice, to the differential diagnosis of dubious histological lesions and the follow up of neoplasias diagnosed by other methods. The function understanding of a number of proteins involved in cell metabolism associated to the development of new molecular biology techniques allow to better understand the protein structure and changes in expression related to the development and the outcome of several types of cancer including esophageal squamous cell carcinoma. The aim of the present study was to determine the expression of proteins involved in cell cycle, cell proliferation, apoptosis, oncogenes, proteins of epithelial origin and proteins involved with other cell functions. Thirty-eight samples of advanced esophageal squamous cell carcinoma, formalin-fixed and paraffin-embedded, obtained from patients subjected to surgery at Hospital São Lucas da PUCRS were analyzed regarding the expression of the following proteins: p53, RB1, cyclin b1, cyclin D1, MDM2 (cell cycle), PCNA, Ki67, EGFR (cell proliferation), bcl-2, bcl-x (apoptosis), c-erbb-3, c-myc (oncogenes), ESA, EMA, CK20, CK 5, 6 e 18 (epithelial proteins), and CEA and CA 19-9. Immunostaining was graded as positive if more than 10% of tumor cells were stained. The protein encoded by the oncogenes c-erbB-3 and the protein bcl-x, involved with apoptosis, was detected in a higher frequency of expression 92,1% of SCC samples, followed by EMA and ESA with 81,5 and 70%, respectively. Bcl2 and cytokeratin 20 were found only in 8,1% and 3,1%, respectively. The protein Ki67 was not detected and the proteins involved with cell cycle were present in less than 50% of investigated samples. Key words: esophageal squamous cell carcinoma; immunohistochemistry; p53; Rb1; MDM-2; cyclin B1; cyclin D1; PCNA; Ki67; EGFR; bcl-2; bcl-x; c-erbB-3; cmyc; CK20; CK 5, 6, 18; ESA; EMA; CA19-9; CEA. I. INTRODUÇÃO 1.1 CÂNCER DE ESÔFAGO As neoplasias são a terceira causa de morte no Brasil, superada somente pelas doenças cardiovasculares e pelas causas externas. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou para o ano de 2002 a ocorrência de 337.535 novos casos de câncer e de 122.600 óbitos provocados por esta afecção. Utilizando-se a série histórica disponível de taxas de mortalidade por câncer consolidadas em âmbito nacional, por localização primária, estimou-se, para 2002, o câncer de pulmão como a primeira causa de morte por câncer no sexo masculino, sendo a neoplasia de esôfago a quarta causa de morte nos homens (4,94/100.000 casos). No Estado do Rio Grande do Sul a estimativa para 2002 era de 930 casos novos de câncer de esôfago em homens e 360 em mulheres. Além disto, se forem comparadas às taxas de mortalidade por neoplasia de esôfago, bruta e ajustadas por idade pelas populações mundial e brasileira, por 100.000 casos, o Rio Grande do Sul ocupa o primeiro lugar entre os estados brasileiros (1). Apesar do avanço da Medicina na área da oncologia, pouco foi obtido com relação à terapêutica das neoplasias malignas do esôfago. Anualmente 13.100 americanos são diagnosticados como portadores de câncer de esôfago e, desses, 12.600 morrerão da doença (2). Há dois tipos histológicos que predominam nas neoplasias malignas do esôfago: o adenocarcinoma e o carcinoma epidermóide. Nas últimas duas 2 décadas ocorreu uma marcante modificação epidemiológica, com prevalência do adenocarcinoma; hoje ele é mais prevalente que o carcinoma epidermóide nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, sendo que a maioria dos tumores localizase no terço distal do esôfago (3). Há algumas evidências em relação a fatores de risco para o carcinoma epidermóide de esôfago, como o fumo, o álcool e a má nutrição. Na China, o câncer de esôfago está associado a deficiências de nutrientes como retinol, riboflavina, alfa e beta-caroteno e zinco, assim como (4,5). Em contrapartida, o uso regular de aspirina pode ser um fator de proteção para a neoplasia de esôfago, conforme mostraram alguns autores (6,7). O câncer de esôfago tem uma importância especial no Estado do Rio Grande do Sul, pois apresenta uma alta prevalência, atingindo a marca de nove casos por 100.000 habitantes (8), sendo o carcinoma epidermóide o tipo histológico predominante (9). O chimarrão, hábito arraigado à cultura gaúcha, foi apontado como responsável por esta alta prevalência. Entretanto, estudos apontaram que esta alta prevalência é decorrente não da erva, mas, sim, da alta temperatura da água, a qual poderia estar envolvida no processo de carcinogênese (10, 11). A faixa etária da população acometida também se constitui em um dado importante, principalmente no que diz respeito à repercussão social desta neoplasia. O câncer de esôfago tende a acometer, mais freqüentemente, a faixa etária compreendida entre 45 e 65 anos. O impacto desta distribuição etária em termos de força de trabalho é considerável devido à ausência de cura para a maioria dos casos diagnosticados. Mesmo as terapêuticas paliativas pouco 3 modificam este cenário. Em um estudo sobre a influência do tratamento cirúrgico na qualidade de vida de pacientes com câncer do esôfago avançado, foi observado que menos de 3% dos indivíduos retornaram às suas atividades laborativas (12). A localização deste órgão em uma cavidade expansível e a elasticidade de sua parede são condições determinantes no atraso diagnóstico que, infelizmente, se constitui em regra nos dias de hoje, proporcionando um quadro com predomínio de lesões avançadas, sem perspectiva significativa de cura. As metástases linfonodais, que contribuem em muito para a piora do prognóstico, ocorrem em um estágio inicial devido à trama linfática submucosa do esôfago bem desenvolvida, ocorrendo em 28 a 54% dos casos, quando a neoplasia invade a muscular da mucosa e a submucosa, respectivamente (13, 14). Contudo, não só a presença ou a ausência de metástases linfonodais é importante para o prognóstico. O percentual de linfonodos comprometidos pela neoplasia, dentre todos os tumores ressecados, bem como a sua localização em relação ao local da neoplasia, têm sido enfatizados (15, 16), dado que evidencia possíveis benefícios de uma linfadenectomia ampla em relação à sobrevida. A classificação TNM do American Joint Committee on Cancer (AJCC) e da International Union Against Cancer (AICC) para o câncer de esôfago é empregada universalmente. As três importantes características deste estadiamento correspondem à invasão tumoral (T) e à presença de metástases em linfonodos regionais (N) ou em órgãos sólidos (M). Atualmente, a importância prognóstica do status linfonodal tem sido insistentemente valorizada na classificação TNM, na qual o parâmetro N é considerado mais importante que o T 4 no estadiamento da neoplasia (15, 17). A importância do estadiamento reflete-se no prognóstico, conforme mostra a tabela a seguir: Tabela 1. Estágio do câncer e sobrevida de acordo com o American Joint Committee on Cancer (AJCC). Estágio T N M Sobrevida (%) 0 Tis No Mo 64 I T1 No Mo 61 IIa T2 No Mo 42 T3 No Mo 39 T1 N1 Mo 31 T2 N1 Mo 23 T3 N1 Mo 17 T4 N1 Mo 9 Tn Nn M1 2 IIb III IV Tis=carcinoma in situ; T1=invasão da lâmina própria ou submucosa;T2=invasão da muscular própria; T3=invasão da adventícia; T4=invasão de estrututras mediastinais adjacentes; N0=ausência de metástases em linfonodos regionais; N1=presença de metástases em linfonodos regionais; M0=ausência de metástases à distância; M1 – presença de metástases à distância. O prognóstico dos pacientes com câncer de esôfago avançado é ainda muito pobre. A sobrevida em cinco anos fica em torno de 20% (16, 18). A cirurgia continua sendo a melhor alternativa terapêutica para o câncer de esôfago (19, 13, 20), devendo ser considerada como tratamento padrão para todos os casos de neoplasias ressecáveis (13). Em um estudo multicêntrico, prospectivo e randomizado, publicado em 1997, os autores compararam a sobrevida de pacientes submetidos à quimioterapia e à radioterapia seguido de cirurgia, com a sobrevida de indivíduos submetidos 5 somente à cirurgia, tendo sido observado que não houve diferença na sobrevida entre estes dois grupos de pacientes com carcinoma epidermóide de esôfago, mas sim, aumento da mortalidade no grupo submetido à quimioterapia e radioterapia (21). Estudos realizados na década de 80 mostravam uma alta mortalidade cirúrgica (29%) (22). Hoje, centros dedicados à cirurgia do esôfago mostram índices de mortalidade de 4% (23, 24). Apesar do avanço das técnicas operatórias e da diminuição das taxas de mortalidade, uma questão parece clara: a maioria das cirurgias tem um caráter paliativo (18). As colocações feitas até agora mostram que uma terapêutica eficiente para o câncer de esôfago, apesar do avanço científico e tecnológico, ainda está por acontecer. As pesquisas no campo da Biologia e da Genética Moleculares estão trazendo novos entendimentos das neoplasias, podendo, em futuro já não tão distante, contribuir para o melhor manejo terapêutico desta afecção. 1.2 ONCOLOGIA MOLECULAR Há um axioma na Medicina que diz que o câncer não é uma doença, mas sim várias doenças. Esta sempre foi a visão dos patologistas, epidemiologistas e oncologistas. Entretanto, esta não é a imagem de profissionais da área de Biologia Molecular, segundo os quais, todos os tipos de câncer compartilham de um mesmo distúrbio, existindo bons motivos para se acreditar que deva existir uma explicação única para o câncer. Seja de que forma se desenvolva o câncer, todos terão, direta ou indiretamente, um dano genético. Os pesquisadores nessa 6 área apóiam-se em dois conceitos: primeiro que o câncer fundamentalmente é uma doença celular individual, e para que se possa entender as propriedades de funcionamento de um tumor maligno, tem-se que entender as propriedades celulares individuais desses componentes; segundo, que a atenção maior deste entendimento deve ser dirigido ao funcionamento dos genes em tais células. Em outras palavras, a complexidade do câncer só será entendida quando for dada toda a atenção aos genes. O câncer é uma perversão do fenótipo celular, sendo os genes determinantes deste fenótipo (25). A maioria dos pesquisadores concorda que o foco principal da carcinogênese está no DNA, o qual atingiria a expressão dos genes, causando indução ou supressão, ou os carcinógenos seriam mutagênicos, danificando diretamente os genes, levando-os a uma atividade anômala ou à perda de sua função. Esta teoria foi a que mais ganhou impulso e ainda persiste; a habilidade de um carcinógeno de induzir câncer está na sua capacidade de induzir mutação. Seja por intermédio da ação de carcinógenos externos ou por erros intrínsecos do processo genético celular, deve haver a presença de um gene mutante dentro de uma célula de qualquer tumor. O câncer tem várias fases. Trata-se de um fenômeno progressivo no qual uma célula vai acumulando uma série de modificações que a levam a um crescimento cada vez mais anormal. Essas modificações são provocadas não por uma única mutação, mas por algumas mutações nos genes que regulam a multiplicação celular. Três diferentes tipos de abordagem experimental convergiram para essa importante conclusão: a epidemiologia dos cânceres humanos, análise do DNA nas células nos vários estágios de desenvolvimento 7 dos cânceres em seres humanos e em camundongos e superexpressão de oncogenes em células em cultura e em animais transgênicos (26). O paradigma genético do câncer oferece uma esperança maior para o manejo terapêutico desta afecção. O inimigo molecular já foi avistado. Uma vez entendidas as estratégias de crescimento desenvolvidas pelas células cancerosas, poderá se obter capacidade suficiente para o desenvolvimento de drogas muito mais específicas, com resultados bem mais animadores que os atuais. 1.3 O CICLO CELULAR E CÂNCER A maioria das células eucarióticas passa por uma série ordenada de eventos que constituem o ciclo celular, durante o qual os cromossomos são duplicados, e uma cópia de cada cromossomo duplicado vai para cada uma das células-filhas. A regulação do ciclo celular é crítica para o desenvolvimento normal dos organismos multicelulares. A perda deste controle provoca, em última análise, o surgimento do câncer. Os processos moleculares que regulam os principais eventos do ciclo celular, a duplicação cromossômica e a divisão celular, são fundamentalmente semelhantes em todas as células eucarióticas. O ciclo celular é uma série ordenada de eventos que culminam na duplicação da célula, com duração em média, nas células de mamíferos, de 18 a 24 horas. Esta duplicação é basicamente controlada pela regulação do tempo de dois eventos críticos no ciclo celular: a duplicação do DNA e a mitose. Ele se divide em quatro fases principais: a fase G1, S , G2 e M (Figura 1). A fase G1 é o 8 período compreendido entre a divisão celular e o início da síntese de DNA (fase S), período em que a célula cresce e toma forma. Durante a fase S (síntese) ocorre a duplicação dos cromossomos (replicação do DNA ). Depois de passarem pela fase G2, onde é feita uma checagem do DNA para verificar se mesma se encontra pronta para a divisão celular, tem início o complicado processo da mitose, também chamado de fase M. A mitose é a fase em que os cromossomos são separados e a célula divide-se em duas células filhas com um conjunto cromossômico idêntico. É na prófase, primeiro estágio da fase M, que as cromátides se condensam. Cada cromossomo replicado contém duas cromátides com a mesma informação genética. As cromátides–irmãs, produzidas pela duplicação do DNA durante a fase S, permanecem ligadas pelo centrômero e se alinham no centro da célula durante a metáfase. Na anáfase as cromátides-irmãs separam-se e migram para pólos opostos puxadas pelo aparelho mitótico. Na maioria das células dos eucariotos superiores o envelope nuclear rompe-se em muitas vesículas no início da mitose e se recompõe em torno dos cromossomos segregados quando eles se descondensam durante a telófase, o último estágio da mitose (25). A seqüência de eventos do ciclo celular é governada por um sistema de controle, o qual ciclicamente desencadeia os processos essenciais da replicação celular. No coração deste sistema, está uma série de complexos de proteínas formada por dois tipos básicos de componentes: subunidades de proteínas quinases, chamadas de proteínas Cdk e de proteínas ativantes, denominadas ciclinas. No mínimo dois destes complexos protéicos regulam o ciclo celular normal, um no ponto de controle G1, que se situa antes do início da fase S, e o outro em G2, antes do início da fase M. Tais complexos de proteínas exercem seu 9 controle por intermédio de sua atividade quinase e pela ativação e desativação das quinases em pontos estratégicos do ciclo. Ciclo Celular G1 Divisão celular Síntese de DNA CDK Mitose M ciclina S Duplicação cromossômica Separação cromossômica G2 Figura 1. O ciclo celular e suas fases. 1.3.1 Proto-oncogenes e Genes Supressores de Tumor A análise das alterações genéticas em células cancerosas revelou um grande número de genes que codificam proteínas envolvidas no controle da proliferação celular. O gene de proliferação normal é chamado de protooncogene. Por outro lado, uma célula pode ser liberada de seus controles normais de supressão da proliferação e se dividir conforme uma célula cancerosa, se um 10 gene de antiproliferação sofrer uma mutação que o torne inativo. Assim, os genes de antiproliferação encontrados em células normais são freqüentemente referidos como genes supressores de tumor. Os proto-oncogenes e os genes supressores de tumor constituem duas classes de genes que desempenham uma função-chave na indução do câncer. Esses genes codificam muitas espécies de proteínas que auxiliam a controlar o crescimento e a proliferação celular. Mutações nesses genes podem contribuir para o desenvolvimento do câncer. Os proto-oncogenes podem se converter em oncogenes, que é qualquer gene capaz de codificar uma proteína que induza o câncer. Os tipos de acidentes genéticos que podem converter um proto-oncogene em um oncogene são basicamente três: o gene pode ser alterado por uma mutação de ponto, por deleção, por uma translocação cromossômica, ou pela inserção de um elemento genético móvel de retrovírus. A mudança pode ocorrer na região codificadora da proteína de forma a gerar um produto hiperativo, ou pode ocorrer em regiões de controles adjacentes de forma que o gene é simplesmente superexpresso. Alternativamente, o gene pode ser superexpresso devido à amplificação em um grande número de cópias decorrentes de erros no processo de replicação cromossômica. Um exemplo são os membros da família do gene c-myc, que freqüentemente estão superexpressos ou amplificados. A proteína c-myc normalmente atua no núcleo como um sinal para a proliferação celular, quantidades excessivas de c-myc induzem as células a continuarem no ciclo celular em circunstâncias nas quais uma célula normal pararia (27). Os genes supressores de tumor via de regra codificam proteínas que, de uma maneira ou de outra, inibem a proliferação celular. A perda deste mecanismo 11 contribui para o desenvolvimento de muitos cânceres. Uma cópia do gene supressor de tumor é suficiente para controlar a proliferação celular, devendo ambos os alelos de um gene supressor de tumor serem perdidos ou inativados para que o desenvolvimento desse tumor seja promovido. Assim, as mutações oncogênicas que significam perda da função em genes supressores de tumor atuam recessivamente. Os genes supressores de tumor em muitos cânceres apresentam deleções ou mutações pontuais que previnem a produção de qualquer proteína ou que levam à produção de uma proteína não-funcional. O primeiro gene supressor de tumor foi identificado em pacientes com retinoblastoma hereditário (Rb). Conforme será discutido mais adiante, a proteína codificada pelo gene Rb ajuda a regular a progressão no ciclo celular (28). 1.3.2 Mutações que afetam a proliferação celular Algumas proteínas codificadas por vírus podem-se ligar a receptores para fatores de crescimento nas células hospedeiras e ativá-las, estimulando assim a proliferação celular na ausência de sinais normais. Mutações ou translocações cromossômicas que permitem que as proteínas quinases dimerizem os receptores de fator de crescimento levando à ativação de receptor, induzindo mudanças na expressão gênica que podem transformar as células. A superexpressão dos receptores para fatores de crescimento pode ter o mesmo efeito e levar à proliferação celular anormal. Um grande número de oncogenes é derivado de proto-oncogenes cujas proteínas codificadas atuam como transdutoras intracelulares, isto é, proteínas 12 que ajudam na transmissão de sinais de um receptor para uma célula-alvo. Nessa classe situam-se os oncogenes ras, os quais foram os primeiros oncogenes nãovirais a serem reconhecidos. A expressão inapropriada de fatores nucleares de transcrição pode induzir a transformação, como é o caso de c-fos e c-myc, que estimulam a transcrição de genes que codificam proteínas que promovem a progressão através da fase G1 do ciclo celular para S. Nos tumores, as formas oncogênicas desses e de outros fatores de transcrição são com freqüência expressas em altos níveis (26). 1.3.3 Mutações que causam a perda do controle do ciclo celular Algumas proteínas têm a habilidade de verificar a progressão do ciclo celular e manter as células no estado quiescente ou, mesmo, levá-las ao suicídio quando as condições não forem apropriadas. Isto significa que elas podem evitar que as células tornem-se cancerosas. A regulação da expressão alterada, de pelo menos uma ciclina, bem como a mutação de várias proteínas que passem a regular negativamente a passagem pelo ponto de restrição, pode ser oncogênica. A amplificação de um gene ou a translocação de um cromossomo que coloca a ciclina D1 sob o controle de um promotor impróprio leva a superexpressão dessa ciclina em muitos tipos de cânceres humanos, indicando que a ciclina pode atuar como uma oncoproteína (29). A perda de função do Rb seja somática ou por mutação, conduz à indução de muitos tipos de cânceres, mais notavelmente ao retinoblastoma da infância. Tumores com mutações inativadoras do Rb em geral expressam níveis normais 13 de ciclina D1 e produzem proteína p16 funcional. Em contraste, células tumorais que superexpressam a ciclina D1 ou que tenham perdido a função da p16 geralmente retêm o Rb tipo selvagem. Assim, a perda de apenas um componente desse sistema controlador da passagem pelo ponto de restrição é suficiente para subverter o controle do crescimento normal (30). Os fatores de crescimento estimulam, principalmente, a proliferação de diferentes tipos de células. O fator de crescimento tumoral-β (TGF-β) é secretado pela maioria das células corporais e apresenta uma gama de atividades biológicas. O TGF-β tem a capacidade de inibir o crescimento de muitos tipos celulares, incluindo a maioria das células epiteliais e células do sistema imunológico. A perda da função de inibição do crescimento mediada pelo TGF-β contribui para o desenvolvimento e a progressão de uma variedade de tumores (31). A proteína p53 é essencial para o controle do ponto de checagem, o qual retém as células humanas com DNA danificado em G1. Embora a p53 tenha várias funções, sua habilidade para ativar a transcrição de certos genes é a mais relevante para a sua função de supressão de tumor. Praticamente todas as mutações na p53 suprimem sua capacidade de ligar-se a seqüências específicas de DNA e de ativar a expressão gênica. Na maioria das células, o acúmulo da p53 leva, também, à indução de proteínas que promovem a apoptose. Embora possa ser tomado como uma resposta drástica ao dano no DNA, isso evita a proliferação de células que têm a possibilidade de acumular múltiplas mutações. Quando o controle da p53, no ponto de controle, não atua apropriadamente, o dano no DNA pode ser perpetuado e produzir mutações, o que contribui para o desenvolvimento de uma célula metastática altamente transformada (32). Proteínas que interagem 14 e regulam a p53 estão também alteradas em muitos tumores humanos. O gene que codifica uma dessas proteínas, o MDM2, está amplificado em muitos sarcomas e outros tumores humanos que mantêm a p53 funcional. Sob condições normais, a proteína MDM2 liga-se a um sítio na porção N-terminal da p53, reprimindo a capacidade da p53 de reativar a transcrição do p21 e de outros genes, mediando a degradação da p53. Assim, a MDM2 normalmente inibe a habilidade da p53 de interromper o ciclo celular levar a célula à apoptose (25). 1.3.4 Biologia Molecular no estudo dos cânceres do esôfago A Biologia Molecular sofreu um grande avanço nos últimos tempos, mas basicamente sua aplicação clínica nas neoplasias ainda se restringia, até pouco tempo atrás, no diagnóstico diferencial de lesões de histologia dúbia e no seguimento de lesões previamente diagnosticadas por outros métodos. O futuro certamente fará com que as aplicações da Biologia Molecular nas neoplasias atinjam todos os campos, identificando pacientes com alto risco de desenvolverem câncer, diagnosticando lesões com maior acurácia, determinando o grau de malignidade das lesões cancerosas e o seu prognóstico, bem como criando novas abordagens terapêuticas. Apesar dos avanços cirúrgicos obtidos nas últimas décadas, associado a outras estratégias terapêuticas, ainda não foi possível obter um aumento significativo na sobrevida de pacientes acometidos pelo câncer do esôfago. O melhor entendimento da função de diversas proteínas envolvidas no metabolismo celular, associado aos crescentes avanços das técnicas de Biologia Molecular 15 permitiu que muitos pesquisadores dirigissem seus esforços para o estudo das alterações na estrutura ou na expressão de proteínas com o desenvolvimento, o comprometimento e o desfecho de inúmeros tipos de cânceres, entre eles o carcinoma epidermóide do esôfago (26). Até o momento muitas investigações já foram realizadas; no entanto, como será visto a seguir, ainda não foi possível determinar, entre tantas alterações detectadas, quais seriam determinantes dessas neoplasias, quais seriam importantes para o diagnóstico e o prognóstico do carcinoma epidermóide de esôfago. 1.4 PROTEÍNAS ENVOLVIDAS NO CONTROLE DO CICLO CELULAR 1.4.1 Gene supressor de tumor p53 O p53 é um gene supressor tumoral típico, cuja função é codificar uma proteína que impede a proliferação indesejável de células mutantes, levando a apoptose da célula alterada. A perda do gene p53 ou as mutações que interferem com a sua função protetora são as mutações mais freqüentes observadas nos cânceres humanos, embora seu papel específico no desenvolvimento do câncer e o seu valor como marcador tumoral ainda não estejam claros. Mutações no p53 resultam na superexpressão de uma proteína que pode ser detectável pela técnica de imunohistoquímica (33). O gene p53 está localizado no cromossomo 17p, um local freqüente de perda de alelo em muitos tumores, incluindo o câncer de pulmão, cólon, mama e cérebro. O papel da p53 em doenças malignas tem 16 sido investigado em muitos centros. A superexpressão desta proteína tem sido relacionada com um pior prognóstico em câncer de mama (34). Em tumores de cólon a expressão da p53 tem sido detectada em 47% dos cânceres e em 9% dos adenomas. Essa proteína não é expressa em mucosa normal (35). O p53 e o gene do retinoblastoma (Rb) são dois dos mais importantes supressores tumorais envolvidos na regulação do ciclo celular. A transição da fase G1 do ciclo para a fase S (síntese de DNA) é mediada pela proteína p53 (36). Quando há um dano no DNA, ocorre um aumento dramático da p53, o qual faz com que a proteína p53 normal induza a célula à fase G0 (descanso celular), fenômeno que permite que a célula repare seu DNA antes de prosseguir para a fase S (37) (Figura 2). Células deficientes de p53 não interrompem o ciclo celular na fase G1 e prosseguem replicando o DNA, mesmo quando danificado. Tal situação pode resultar no acúmulo de mutações e instabilidades genômicas, aumentando a possibilidade de transformações neoplásicas. A p53 auxilia na apoptose (morte celular programada) após exposição a agentes quimioterápicos ou à irradiação. Além disso, parece haver uma relação direta entre a superexpressão da p53 mutada e o aumento da atividade celular proliferativa no carcinoma epidermóide de esôfago (32, 38). Em uma revisão sobre mutações na p53 envolvendo o carcinoma epidermóide de esôfago (CEE), a freqüência de expressão de positividade variou entre 10-85% (39). A proteína p53 mutada tem uma meia-vida mais longa quando comparada com a proteína normal e, por isso, pode ser detectada pela técnica de imunohistoquímica. A simples detecção da proteína p53 pode ser indicativo de mutações no gene p53 (32, 40). 17 G0/descanso celular M G2 p53 Ciclo celular DNA danificado G1 Apoptose S Rb desfosforilado Figura 2. Regulação do ciclo celular e apoptose pelos genes p53 e Rb. Investigações pertinentes a alterações na p53, correlacionando com o prognóstico dos pacientes portadores de CEE, mostraram-se conflitantes. Isto pode ser devido ao fato de que há poucos estudos para a detecção da p53 por métodos moleculares, um pequeno número de pacientes avaliados e pela falha na estratificação dos parâmetros clinicopatológicos, como tipo histológico e estágio do tumor (41). Alguns estudos mostraram que os pacientes com tumores com superexpressão da p53 mutada tinham uma sobrevida mais reduzida; enquanto outros estudos não encontraram nenhuma relação entre os níveis de expressão da p53 e o prognóstico nesses pacientes (41, 42). Parece não haver uma relação entre a freqüência de expressão da p53 e os parâmetros clinicopatológicos, como grau de invasão tumoral e comprometimento linfonodal. Tais resultados podem inferir a atuação da p53 nos estágios iniciais da doença ou em lesões précancerosas, o que comprovaria o seu papel na carcinogênese (43). A maioria dos estudos realizados comparando quimioterapia e/ou radioterapia pré-operatória e quimioterapia e/ou radioterapia neoadjuvante em 18 pacientes portadores de carcinoma epidermóide de esôfago, com a freqüência de expressão da p53, não mostrou associação significativa (44, 45). 1.4.2 Proteína do gene retinoblastoma (Rb) O gene do retinoblastoma (Rb) foi identificado originalmente em estudos sobre a predisposição, herdada geneticamente, a um câncer raro que ocorre nos olhos de crianças, associada com mutações no cromossomo 13. Foi o primeiro gene supressor tumoral a ser identificado. A perda de ambas as cópias deste gene leva a uma excessiva proliferação celular na retina imatura, sugerindo que o produto do gene normal interrompe a proliferação. A clonagem do gene do retinoblastoma permitiu investigar o efeito do produto do gene. A proteína Rb é uma molécula abundante no núcleo de células de mamíferos e tem um papel importante na regulação das células para a entrada na fase S do ciclo celular (46). A Rb liga-se a muitas outras proteínas, incluindo importantes proteínas reguladoras de genes, mas sua capacidade depende do seu estado de fosforilação. A Rb desfosforilada liga-se, permanecendo inativa, a proteínas reguladoras que estimulam a transcrição de certos genes, como é o caso do cmyc, necessárias à proliferação celular. A Rb fosforilada faz o inverso, libera as proteínas estimuladoras que ativam a proliferação celular (47). Mutações no gene Rb podem ter um efeito potencial no desenvolvimento de inúmeros tumores, entre eles o câncer de pulmão (pequenas células), mama, bexiga e sarcoma. Além disso, mutações nesta proteína têm indicado um pior prognóstico em tumores de bexiga e de pulmão. 19 A expressão da Rb em carcinoma epidermóide parece ser extremamente variável, conforme demonstrado em muitos estudos nos quais foi descrita uma variação, desde ausência até a presença absoluta desta proteína (48). No entanto, a maioria destes estudos considera tumores positivos quando mais de 50% das células expressam a Rb. Muitos estudos encontraram uma maior curva de sobrevida nos CEE nos quais a freqüência de expressão da Rb era menor. Tais resultados mostram uma forte relação da proteína Rb com a progressão da doença (49), embora outros demonstrem que a freqüência de expressão da Rb não está relacionada com a sobrevida dos portadores de CEE (29). 1.4.3 A proteína Murine Double Minute 2 (MDM-2) O produto do gene MDM-2 é um potente inibidor da proteína p53 normal (46). Em alguns tumores como os sarcomas, a amplificação da MDM-2 desempenha um papel importante na tumorigênese causando a perda da função da p53. Zhu e colaboradores não detectaram a amplificação deste gene em carcinoma epidermóide de esôfago (50). Por outro lado, Shibakagi e colaboradores detectaram um aumento da MDM-2 em 18% dos CEE, sendo que tais pacientes tiveram um pior prognóstico, no entanto, sem apresentar relação com a p53 mutada. Em um outro estudo, comparando alguns genes importantes para a tumorogênese do CEE, como p53, Rb, MDM-2, p21, p16 e a ciclina D1, a superexpressão da MDM-2 apareceu como o fator de risco mais significativo nos 20 pacientes que tinham metástases à distância, corroborando sua relação com um pior prognóstico (49). Alterações no MDM-2 podem ter uma relação com a progressão do CEE por um mecanismo desconhecido em adição ao processo de tumorigênese pela inativação da p53 (51). 1.4.4 Ciclina B1 A ciclina B1 desempenha um papel importante no ciclo celular, com uma função reguladora na transição da fase G2 para M, sendo essencial para o início da mitose. A superexpressão desta proteína é um achado precoce e freqüente na seqüência metaplasia-displasia-carcinoma no esôfago de Barrettt (52). No CEE, a prevalência da expressão da ciclina B1 foi significativamente alta nos tumores que tinham invasão da muscular, o que sugere a sua relação com um pior prognóstico neste tipo de carcinoma (53). Em um outro estudo empregando a técnica de imunohistoquímica e, após, realizando uma análise multivariada, os autores mostraram que a ciclina B1 era um fator prognóstico independente no CEE (54). Alguns parâmetros clinicopatológicos como grau de invasão tumoral, comprometimento linfonodal e metástases à distância estão correlacionados com a superexpressão da ciclina B1 (55). 21 1.4.5 Ciclina D1 A proteína ciclina D1 é freqüentemente expressa na fase G1 do ciclo celular, e parece desempenhar um papel importante no controle do ciclo celular e na progressão do câncer (56). A sua superexpressão tem sido sugerida como contribuinte da oncogênese pela desregulação do ciclo celular, e estudos apontam esta proteína como sendo este um fator oncogênico importante no carcinoma esofagiano (57). A amplificação do gene da ciclina D1, em geral, está relacionada com um aumento do mRNA para a ciclina D1 ou da expressão da proteína, mas um número significante de carcinomas apresenta uma superexpressão desta proteína sem amplificação do gene da ciclina D1, sugerindo que outros fatores, além da amplificação, podem estar envolvidos na superexpressão desta proteína (58). Muitos estudos já foram descritos na literatura como sendo a ciclina D1 um fator de péssimo prognóstico no carcinoma epidermóide de esôfago (Tabela 2) (46). 22 Tabela 2. Publicações relacionadas às alterações da ciclina D1 no carcinoma epidermóide de esôfago detectadas pelo método de imunohistoquímica. Autor/Ano original % Associação Naiton/1995/Japão 62 baixa sobrevida Chetty/1997/África do Sul 29 metástases linfonodais Takeuchi/1997/ Japão 25 metástases à distância Anayama/1998/ Japão 27 baixa sobrevida Ishikawa/1998/ Japão 31 baixa sobrevida Sarbia/1999/Alemanha 73 Sem correlação com diferenciação, associado à atividade mitótica, metástases linfonodais e baixa sobrevida Recentemente, um trabalho retrospectivo e multiinstitucional, realizado pelo Comitê de Pesquisa em Câncer de Esôfago da Sociedade Japonesa para Doenças do Esôfago, do qual participaram 10 dos maiores centros de esôfago daquele país, confirmou e estabeleceu um valor preditivo para ciclina D1 no prognóstico dos pacientes com câncer epidermóide de esôfago. Nesse estudo, a relação entre a freqüência de expressão da ciclina D1 e a disseminação hematogênica nos pacientes N1, bem como a associação da proteína com a progressão tumoral, ficou bem demonstrada (59). Tal observação já havia sido relatada por Shinozaki, em 1996 (60). Por outro lado, em outra análise multiinstitucional realizada por Sarbia e colaboradores (61), a freqüência de expressão da ciclina D1 não mostrou associação com a diferenciação tumoral, e, sim, com a atividade mitótica e o status linfonodal. A positividade da ciclina D1 detectada nos tumores nesta investigação foi de 72 a 75%, o que é extremamente alto se comparado com outros dados da literatura, cuja média é em torno de 45%. 23 Isto pode ser explicado pelo fato de que os autores consideraram positivos os tumores com apenas 1% das células com presença da proteína investigada enquanto a maioria dos estudos considera a positividade somente quando mais de 10% das células tumorais estão marcadas pelo anticorpo. 1.5 PROTEÍNAS CONTROLADORAS DA PROLIFERAÇÃO CELULAR 1.5.1 Antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA) O PCNA, antígeno nuclear de proliferação celular, auxilia nos mecanismos de reparo do DNA danificado durante a fase de síntese do ciclo celular. A detecção da proteína PCNA pela técnica de imunohistoquímica é de grande valia na análise de células em fase proliferativa (62). Há diferenças significantes quanto aos índices de marcação para o PCNA em adenocarcinomas derivados do epitélio de Barrettt, indicando que este é um marcador prognóstico importante em tumores do cárdia (63). A marcação positiva para o PCNA em tumores primários de pequenas células de esôfago mostrou-se desfavorável quanto ao prognóstico, ao passo que, em relação ao grau das displasias esofágicas, o PCNA mostra uma relação direta com o grau de severidade da displasia (64). No CEE, o PCNA parece ser um fator prognóstico independente para o controle local em pacientes submetidos à radioterapia (65). Wang e colaboradores(66) citam o PCNA como marcador prognóstico de uso limitado, enquanto Yasunaga e colaboradores (67) não observaram significância no prognóstico de pacientes operados de CEE que foram submetidos à quimioterapia 24 neoadjuvante. Nesse mesmo estudo sobre a significância prognóstica do PCNA no CEE, os autores observaram que havia uma relação direta somente entre o tamanho do tumor e a profundidade da invasão, não acontecendo o mesmo com a diferenciação celular. A marcação do PCNA variou entre 4,4% a 96,2% e na análise multivariada esta proteína não foi considerada um fator prognóstico independente. 1.5.2 Ki67 O Ki67 é um antígeno específico para estimar a proliferação celular, sendo expresso somente durante os períodos de proliferação celular do ciclo celular. Ele mostra uma acurácia maior de indicação de células proliferativas do que o PCNA. Os índices de marcação do Ki67 aumentam com a progressão tumoral em carcinoma epidermóide de esôfago, embora outros estudos mostrem que ele não teria um valor prognóstico em CEE (68, 69). Existe uma diferença significativa na marcação do Ki67 para mucosa normal e displasia no câncer de esôfago, sendo importante a expressão desta proteína na identificação precoce de neoplasia de esôfago em populações de alto risco (70). A superexpressão do Ki67 aparece também na fase G1 em metaplasia de Barrett, podendo tal atividade proliferativa precoce contribuir para a progressão deste epitélio em neoplasia (71). 25 1.5.3 Receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) Os fatores de crescimento são importantes para a regulação da diferenciação e da proliferação celular. A expressão anormal dos receptores de fatores de crescimento, tal como o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), está relacionado com a carcinogênese (72). O EGFR é membro da família dos fatores de crescimento tipo 1. Trata-se de uma proteína de membrana em tumores epidermóides, mas em tumores de mama a proteína pode ter localização citoplasmática. A sua expressão como fator prognóstico na neoplasia de mama permanece controversa, tendo a maioria dos estudos mostrado uma associação com um mau prognóstico neste órgão, assim como no câncer de pulmão e nos tumores ginecológicos (73). Níveis elevados de EGFR já foram detectados no câncer esofagiano tais como nas lesões displásicas e no adenocarcinoma de Barrett (74). Em um estudo realizado por Yano e colaboradores (1991) não foi detectada uma relação entre a expressão do EGFR com a amplificação gênica, mas sim, que níveis elevados de EGFR estão correlacionados com o desenvolvimento de metástases e sobrevida após a cirurgia do CEE, tornando este marcador um importante indicador prognóstico para o carcinoma epidermóide de esôfago (75). Outros trabalhos mostraram que o valor prognóstico e o papel do EGFR no desenvolvimento do CEE são limitados (66). 26 1.6. PROTEÍNAS ENVOLVIDAS NA APOPTOSE 1.6.1 bcl-2 Recentes estudos sugerem que a proteína bcl-2 pode regularmente controlar alguns mecanismos específicos do ciclo celular, inibindo certos tipos celulares de entrar em apoptose (76). Ela foi observada em células da linhagem linfóide e também em células basais de alguns epitélios, mas não em células mais diferenciadas, o que pode sugerir que ela tenha uma função protetora de células tronco (77). Além disso, o gene bcl-2 está envolvido em uma translocação gênica característica dos linfomas foliculares (78). Do ponto de vista histopatológico muitas vezes é difícil diferenciar uma hiperplasia folicular de uma neoplasia folicular, parecendo haver aí uma relevância clínica da aplicação do bcl-2, pois ela está presente somente nas células neoplásicas (79). A sua expressão já foi estudada em câncer de esôfago, estômago, pâncreas, pulmão, mama e nas diversas fases da tumorigênese do carcinoma epidermóide de esôfago, desde a mucosa normal até a displasia, passando, desde a invasão precoce até os estágios mais avançados da doença, sugerindo uma diminuição da freqüência de expressão da bcl-2 com a progressão da doença (80). Estudos relacionando à sobrevida e a freqüência de expressão da bcl-2 no carcinoma epidermóide de esôfago têm sido relatados, mas ainda há muitas controvérsias. Alguns autores encontraram significância na relação da bcl-2 com o prognóstico, enquanto outros estudos não detectaram associação (81). 27 Pesquisas cujo objetivo era investigar a associação da freqüência de expressão da bcl-2, pelo método de imunohistoquímica, em portadores de CEE, com a quimioterapia e a radioterapia pré-operatória, e que poderiam selecionar pacientes favoráveis ou não a este tipo de tratamento, não se mostraram significativos, o que levou à conclusão de que esta oncoproteína não modifica a resposta a agentes anticâncer (44, 45). 1.6.2 bcl-x A bcl-x é uma proteína da família do bcl-2 que induz apoptose, sendo detectada no citoplasma da célula, em linfócitos ativados em áreas interfoliculares e em um pequeno número de linfócitos nos centros germinativos. Também é detectada nas células de Reed Stemberg em 86% dos linfomas de Hodgkin (82). Nos tecidos normais, a bcl-x tem sido detectada na zona cortical dos timócitos, megacariócitos, precursores de eritrócitos e em alguns tipos diferenciados de células mielóides da medula óssea, bem como em espermatócitos. Esta proteína aparece também em células epiteliais mamárias, células epiteliais basais e secretoras, assim como em queratinócitos diferenciados das camadas superiores da epiderme (83). A análise da presença da bcl-x nos tumores de pacientes com CEE não mostrou correlação com o prognóstico (84). Em contrapartida, Takayama (85) em um estudo com 86 pacientes portadores de CEE, em uma análise multivariada, mostrou que a proteína bcl-x constituía-se em um fator prognóstico independente. Em um trabalho recente, houve uma relação direta entre a freqüência de 28 expressão da bcl-x e o grau de profundidade do tumor e o comprometimento linfonodal em carcinoma epidermóide de esôfago (86). Já a relação da freqüência de expressão da bcl-x com a sobrevida dos portadores de CEE tratados com radioterapia e quimioterapia não mostrou significância estatística (87). 1.7 PROTEÍNAS ONCOGÊNICAS 1.7.1 c-erbB-3 O c-erbB-3 é uma oncoproteína membro da família do receptor do fator de crescimento tipo 1, que inclui também o EGFR (receptor do fator de crescimento epidérmico) e o c-erbB-2. Tais receptores compartilham de uma mesma estrutura, que consiste de um domínio extracelular, uma região transmembrana e um domínio citoplasmático (88). A superexpressão do c-erbB-3 em linhagens celulares humanas está associada com transformações neoplásicas e tem sido detectada em adenocarcinomas, bem como em pancreatites crônicas (89). Estudos já demostraram a superexpressão do c-erbB-3 em carcinoma de cabeça de pâncreas (90). A superexpressão é encontrada predominantemente na membrana, embora ocorra marcação citoplasmática em menor número. Não há relato na literatura avaliando a freqüência de expressão de c-erbB-3 em carcinoma epidermóide de esôfago. 1.7.2 c-myc 29 O c-myc é um oncogene que codifica uma fosfoproteína, a p62, que é necessária para a proliferação celular, diferenciação e, provavelmente, replicação do DNA (46). O c-myc é o produto do gene de resposta inicial myc. Ele codifica proteínas reguladoras de genes e, quando expresso em excesso por uma mutação, pode causar proliferação celular não-controlada. Existem evidências sugerindo que c-myc, em particular, desempenha um papel crucial no controle da proliferação celular. Células, nas quais a expressão do c-myc é especificamente impedida, não se dividirão, mesmo na presença de fatores de crescimento. Por outro lado, células nas quais a expressão é especificamente acionada, as mesmas começarão a se dividir mesmo na ausência de fatores de crescimento. Nas neoplasias humanas, a ativação do oncogene c-myc é resultado tanto da amplificação gênica quanto de translocação cromossômica (91). A sua amplificação tem sido detectada em linhagens celulares e amostras de tumores de carcinoma epidermóide de esôfago em alguns estudos, embora a ausência dessa amplificação também tenha sido descrita (92). Miyazaki e colaboradores detectaram, pelo método de imunohistoquímica, a proteína c-myc tanto no núcleo quanto no citoplasma de células de carcinoma epidermóide avançado de esôfago. Eles também concluíram que não havia valor prognóstico relacionado com a expressão de c- myc (93). 1.8 PROTEÍNAS DE ORIGEM EPITELIAL 1.8.1 Citoqueratina 20 (CK20) 30 A CK20 é uma citoqueratina que em tecidos normais é produzida no epitélio intestinal, epitélio gástrico foveolar, em um número de células endócrinas na porção superior das glândulas pilóricas, urotélio e células de Merkels na epiderme. Em tumores, ela tem uma freqüência de expressão bem definida em diferentes tipos de carcinoma, entre eles o adenocarcinoma colorretal, o adenocarcinoma de vesícula biliar e colangiocarcinomas, adenocarcinoma de células ductais de pâncreas, tumores mucinosos de ovário e carcinomas de células transicionais. Não há evidência de marcação em adenocarcinomas de mama, pulmão, endométrio e tumores de ovário não-mucinosos (94). A CK20 pode ser bastante útil na classificação dos tumores da junção esofagogástrica, auxiliando a definir a origem desses tumores, se são provenientes do epitélio de Barrett ou primários do estômago. Ela aparece bastante elevada em adenocarcinoma proveniente do esôfago de Barrett (73,3%), quando comparada com outros tipos de carcinomas (95). Não há relato na literatura avaliando a freqüência de expressão da CK20 em carcinoma epidermóide de esôfago. 1.8.2 Citoqueratinas 5, 6 e 18 As citoqueratinas (CKs) 5, 6 e 18 são importantes marcadores de tecidos epiteliais, desde epitélios glandulares simples até epitélio escamoso estratificado (96), podendo ser úteis na identificação de tumores de origem epitelial e menos comum nos tumores de origem mesotelial (97). 31 Alguns estudos mostraram a relação das citoqueratinas 5, 6 e 18 com tumores do aparelho digestivo. Em um estudo recente, realizado no norte da China, uma zona de alta incidência para CEE, 111 espécimes de CEE foram avaliados para um grande número de citoqueratinas. Os resultados obtidos apontaram uma diferença estatisticamente significativa para a marcação da CK18 nos pacientes que tinham linfonodos positivos, sugerindo que esta proteína pode ser um marcador importante para progressão da doença (98). Um outro estudo mostrou que não havia relação das citoqueratinas 5, 6 e 18 com tumores da transição esofagogástrica (99). 1.8.3 Antígeno específico epitelial (ESA) O antígeno específico epitelial é uma glicoproteína de superfície, portanto é um marcador de membrana. O ESA é útil como marcador celular de inúmeros tecidos epiteliais humanos (100). A análise desta proteína também pode ser usada em um painel de anticorpos para o diagnóstico de mesotelioma (101). Atualmente, não há dados disponíveis na literatura que correlacionem a presença do ESA com o CEE. 1.8.4 Antígeno de membrana epitelial (EMA) O antígeno de membrana epitelial (EMA), também conhecido como episialina, tem um peso molecular que varia de 256 a 400 kDa. Em tecidos normais, o anticorpo anti-EMA reage com uma variedade de epitélios normais. 32 Uma forte marcação é observada na porção apical de células ductais do epitélio mamário. Esta proteína é útil para a classificação de tumores de origem epitelial. Poucos estudos mostraram algum grau de positividade do EMA em câncer de esôfago (adenocarcinoma de Barrett e pequenas células primárias de esôfago), não havendo correlação com achados clinicopatológicos (102, 103). Ainda não existem trabalhos na literatura que correlacionem a freqüência de expressão do EMA com o CEE. 1.9 PROTEÍNAS ENVOLVIDAS EM OUTROS PROCESSOS CELULARES 1.9.1 Antígeno carcinoembriônico (CEA) Uma das primeiras moléculas de superfície celular designadas como antígeno tumoral é uma glicoproteína de superfície de 180 kDa. Demonstrou-se, inicialmente, que ela era expressa nas células do câncer do cólon humano e pelas células intestinais do feto, mas não por células adultas saudáveis do cólon. Com base nisso, a glicoproteína foi denominada antígeno carcinoembrionário. Subseqüentemente, quando métodos mais sensíveis de detecção foram usados, o CEA foi encontrado no fígado e no pâncreas fetal, e em baixos níveis, nas células do cólon, do fígado, do pâncreas e do pulmão adultos, assim como na mama em lactação. Além disto, a freqüência de expressão aumentada do CEA em adultos não se restringia a células malignas, mas também era observada em locais de inflamação crônica, conforme ocorre no cólon de pacientes com pancreatite. De fato, a freqüência de expressão do CEA correlaciona-se mais 33 intimamente com a proliferação de células epiteliais do que com sua transformação maligna (27). Nas neoplasias de esôfago, alguns trabalhos mostraram que a detecção do CEA pela técnica de imunohistoquímica pode ser útil na identificação da histogênese de tumores epiteliais (104). Em um estudo que examinou a freqüência de expressão do CEA com achados clinicopatológicos em CEE, os autores mostraram que, nas amostras de pacientes com células cancerosas e presença de CEA positivo, a invasão linfática era significativamente maior que nos pacientes com ausência de CEA. Estas observações levaram a suposição de que o CEA desempenha um papel importante no grau de invasão linfática no carcinoma epidermóide de esôfago (105). Parece não haver uma relação do CEA com o grau de profundidade tumoral nem com o estágio da doença no CEE (106). 1.9.2 CA19-9 O CA19-9 é uma proteína de membrana celular útil no diagnóstico e no seguimento de pacientes com câncer pancreático e gastrointestinal (107). No carcinoma de pâncreas, a freqüência de expressão do CA19-9 correlaciona-se com a diferenciação tumoral (108), podendo também aparecer em lesões benignas, como na pancreatite crônica. Não há dados descritos na literatura avaliando a correlação entre a presença da proteína CA19-9 e o CEE. 34 1.10 PANORAMA ATUAL DAS ALTERAÇÕES MOLECULARES NO CÂNCER O avanço nos estudos de linhagens tumorais permitiu a identificação de antígenos tumorais. A partir destes, anticorpos monoclonais foram desenvolvidos, possibilitando o diagnóstico de muitas lesões. No entanto, o mais importante foi a descoberta de que pacientes que tinham a mesma classificação clínica e o mesmo tipo histológico apresentavam padrões de alterações genéticas diferentes (26). A forma de classificar o câncer pelo fenótipo, ou que seja, pelo arranjo celular, passa a ser considerada muito simplista, pois cada caso de câncer é caracterizado por um conjunto de alterações genéticas próprias. Como referido anteriormente o estudo da Biologia Molecular levou à compreensão de muitos mecanismos envolvidos na gênese do câncer. A descoberta dos oncogenes e proto-oncogenes começa a desvendar as características bioquímicas desta doença, mas ainda estamos longe de compreender completamente a fisiololgia dos cânceres humanos. É preciso um esclarecimento maior a respeito de como as moléculas interagem e influenciam o comportamento das células individuais, bem como das diferentes mutações genéticas que contribuem para o aparecimento de células cancerosas. Diversas técnicas de Biologia Molecular, entre as quais a técnica de imunohistoquímica, permitiu diagnosticar inúmeros tipos de câncer, e possibilitou outros tantos estudos prognósticos dessas lesões. Apesar disso, os dados disponíveis na literatura científica referentes a estes achados são bastante conflitantes, pois não há uma padronização da metodologia de quantificação entre os diferentes laboratórios. 35 A inexistência de estudos que investiguem um grande número de proteínas em uma mesma amostra no câncer de esôfago, e o fato de que algumas proteínas como a c-erbB-3, ESA, EMA, CA19-9 e CK20, ainda não terem sido investigadas no carcinoma epidermóide de esôfago, nos levou a definir os objetivos a seguir. II. OBJETIVOS 2.1.Objetivo Geral Determinar a freqüência da expressão de proteínas envolvidas no ciclo celular (p53, Rb1, MDM2, ciclina B1 e ciclina D1), proliferação celular (PCNA, Ki67, EGFR), apoptose (bcl-2 e bcl-x), proteínas oncogênicas (cerbB-3 e c-myc), marcadores epiteliais (citoqueratina 20, ESA, EMA e citoqueratinas 5, 6 e 18) e as proteínas que estão envolvidas em outros processos celulares (CEA e CA19-9), em amostras de carcinoma epidermóide de esôfago. 2.2.Objetivos Específicos 2.2.1 Determinar a freqüência da expressão de proteínas celulares de acordo com o seu grupo funcional em amostras de carcinoma epidermóide esôfago. 2.2.2 Determinar a freqüência da expressão de proteínas celulares c-erbB-3, ESA, EMA, CA19-9 e CK20, ainda não investigadas em carcinoma epidermóide de esôfago. III. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 ASPECTOS BIOÉTICOS O presente estudo está em conformidade com os itens III.3.i e III.3.t das Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (Resolução CNS 196/96), bem como com a diretriz número 12 das Diretrizes Éticas Internacionais para Pesquisas Biomédicas Envolvendo Seres Humanos (CIOMS, 1993). Esta investigação faz parte de um estudo aprovado pela Comissão Científica do Curso de Pós-Graduação em Medicina e Ciências da Saúde e pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital São Lucas da PUCRS, após análise do seu projeto de pesquisa. Este estudo não implicou em modificações no tratamento da doença. Não houve riscos nem transtornos aos pacientes, pois toda a pesquisa foi realizada em material biológico que havia sido retirado para fins terapêuticos. Além disso, foi mantido o sigilo sobre a identidade dos pacientes. Por estes motivos, a assinatura de um termo de consentimento informado foi considerada não aplicável a este projeto. 38 3.2 DELINEAMENTO DO ESTUDO O presente estudo situa-se em um primeiro nível de investigação, que apresenta fatos mas não está delineado para comprovar hipóteses. Poderá fornecer base para outros estudos. Trata-se, portanto, de um estudo descritivo. 3.3 AMOSTRAS INVESTIGADAS Os espécimes investigados neste estudo foram obtidos do Laboratório de Anatomia Patológica do Hospital São Lucas da PUCRS. Essas amostras constituem-se de peças cirúrgicas ressecadas de pacientes que foram submetidos à esofagectomia total entre 1996 e 1999, neste mesmo Hospital, por apresentarem carcinoma epidermóide de esôfago. Após a ressecção, as amostras foram fixadas em formalina e embebidas em parafina, para posterior análise histopatológica. O diagnóstico histopatológico, dado pelo patologista chefe do laboratório supracitado, Dr. Carlos Reichel, foi de carcinoma epidermóide de esôfago estágio III para todas as amostras, ou seja todos os espécimes apresentavam a classificação T3 ou T4, e todos tinham comprometimento linfonodal (N1). Dos 38 espécimes estudados, 23 apresentavam invasão da adventícia, classificados como T3 na classificação do American Joint Committee on Cancer, e 15 desses foram considerados T4, que significa invasão de estruturas adjacentes ao esôfago, pela mesma classificação referida. Nenhuma das amostras era de pacientes submetidos à quimioterapia e/ou radioterapia prévia. 39 3.4 TÉCNICA DE IMUNOHISTOQUÍMICA As peças incluídas em parafina, obtidas do Laboratório de Patologia Clínica, foram processadas e analisadas pela técnica de imunohistoquímica no Laboratório de Pneumologia do Instituto de Pesquisas Biomédicas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Secções de 4µm de espessura foram obtidas com o auxílio de um micrótomo (Leica, SM 2000R, Alemanha). Os cortes foram colocados em lâminas pré-tratadas com 10% de poli-L-lisina (Sigma, USA) e levados a estufa a 60oC por 24 horas. Os cortes foram desparafinizados por incubação em xileno por 10 minutos por três vezes, seguido da re-hidratação dos cortes em seqüência de etanol em concentrações decrescentes, começando com etanol absoluto, 90%, 80% e 70% por 3 minutos em cada diluição. A seguir, os cortes foram lavados três vezes em água destilada. Diferentes técnicas de exposição do antígeno foram empregadas para a realização da técnica de imunohistoquímica (Tabela 3). A recuperação dos sítios antigênicos por digestão com tripsina foi realizada após o aquecimento a 37oC de uma solução de tripsina 0,1% contendo 0,1% de cloreto de cálcio em pH 7,8. As lâminas foram incubadas nesta solução por 30 minutos a 37oC, seguido de uma lavagem com água destilada. A exposição do antígeno à alta temperatura foi realizada pela incubação das lâminas em berço de vidro, com tampão PBS pH 7,2, citrato 0,01M pH 6,0 ou com 1mM de EDTA, dispostos em ângulo de 45o, em potência média por 5 minutos e 40 50 segundos, seguida de 8 minutos em potência baixa (Microondas Panasonic, 1.500 W). Após a recuperação dos sítios antigênicos, procedeu-se o bloqueio da peroxidase endógena com 3% de H2O2. Após 10 minutos de incubação, as lâminas foram lavadas três vezes com água destilada e uma vez com PBS pH 7,2. Os cortes foram incubados por uma hora com os anticorpos primários diluídos em solução diluente (Dako, USA) na concentração descrita na Tabela 3, seguido de duas lavagens em PBS. Após a incubação com o anticorpo primário, os cortes foram incubados com o sistema biotina-estreptavidina (Dako LSAB2 System, peroxidade, USA) que consiste na incubação com anticorpo antimouse/anti-rabbit biotinilado por 10 minutos, seguido de uma lavagem em PBS e posterior incubação com estreptavidina conjugado à peroxidase. Após 10 minutos de incubação as lâminas foram lavadas em PBS e incubadas em uma solução com diaminobenzidina líquida (Dako Liquid DAB Substrate Chromogen system, USA). Após lavagem em água destilada, as lâminas foram contra-coradas com hematoxilina de Harris por 15 segundos. Após lavagem em três banhos de água, as lâminas foram mergulhadas em uma solução de amônia 37 mM. Após a contra-coloração, a lâminas foram lavadas em três banhos de água morna, seguido de desidratação em concentrações crescentes de etanol (80%, 90% e puro, respectivamente) por 3 minutos em cada diluição. Após dois tratamentos por 5 minutos em xileno, os cortes foram cobertos com lamínulas montadas em Entellan (Merck, Alemanha). 41 Tabela 3. Proteínas investigadas e técnica de imunohistoquímica específica para exposição do antígeno. Proteína Função Anticorpo* Diluição do Exposição Anticorpo do antígeno Localização da Proteína EGFR Fator Crescimento NCL-EGFR 1:20 Mic./C M Ki67 Ciclo celular NCL-Ki67-MM1 1:100 Mic./PBS N PCNA Ciclo cellular NCL-PCNA 1:100 Conv. N Ciclina B1 Ciclo celular NCL-Cyclin B1 1:50 Mic./C Cit Ciclina D1 Ciclo celular NCL-Cyclin D1 1:20 Mic./EDTA N/Cit Bcl-x Ciclo celular NCL-bcl-x 1:80 Conv. Cit Bcl-2 Oncoproteína NCL-bcl-2 1:80 Mic./PBS M/Cit c-myc Oncoproteína NCL-cMYC 1:150 Conv. N/Cit c-erbB-3 Oncoproteína NCL-c-erbB-3 1:20 Mic./PBS Cit CA19-9 Marcador tumoral NCL-CA19-9 1:200 Mic./C M MDM2 Oncoproteína NCL-MDM2 1:100 Mic./C N p53 Oncossupressora NCL-p53-BP 1:50 Mic./C. N RB1 Oncossupressora NCL-RB1 1:50 Mic./C. N CEA Marcador tumoral NCL-CEA-2 1:100 Conv. Cit ESA Marcador tumoral NCL-ESA 1:250 Conv. M EMA Marcador tumoral NCL-EMA 1:200 Conv. Cit/M Citoqueratina 20 Citoqueratina NCL-CK20 1:25 Mic./C Cit Citoqueratinas Citoqueratina NCL-LP34 1:100 T Cit 5,6 e18 * Novocastra Laboratories Ltd (Newcastle upon Tyne, UK). Mic= microondas; C=citrato; Conv.= convencional; PBS= tampão fosfato tamponado com salina; T=tripsina; EDTA= ácido etilenodiaminotetratacético; M=membrana; N=nuclear; Cit= citoplasmática. Os anticorpos usados neste estudo foram todos obtidos da Novocastra Laboratories Ltd (Newcastle upon Tyne, UK). 42 As amostras foram analisadas por dois observadores independentes em microscópio de luz direta (Axiolab, Zeiss, Alemanha). Um terceiro observador analisava as lâminas em caso de desigualdade nos resultados. A contagem era feita em quatro campos da lâmina. Contavam-se então todas as células neoplásicas independentes de estarem marcadas ou não, e a seguir todas as células coradas calculando-se o percentual. Os dados obtidos estão descritos na tabela do Anexo Foi considerada expressão positiva quando mais de 10% das células tumorais encontravam-se coradas para o marcador de interesse, pois este é o parâmetro mais freqüentemente utilizado nos estudos disponíveis na literatura. 3.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMA DE APRESENTAÇÃO Como não existe uma recomendação formal pelo Programa de PósGraduação em Medicina e Ciências da Saúde sobre a forma de apresentação, este trabalho utilizou as recomendações de Spector e as referências bibliográficas serão apresentadas no formato Vancouver (109). IV. RESULTADOS Foram analisadas 38 amostras de carcinoma epidermóide de esôfago (CEE) obtidas de pacientes submetidos à esofagectomia no Hospital São Lucas da PUCRS. A técnica de imunohistoquímica foi empregada para detectar a presença de proteínas que controlam o ciclo celular, proteínas envolvidas na proliferação celular, proteínas reconhecidamente oncogênicas, proteínas controladoras de apoptose, proteínas de origem epitelial e proteínas envolvidas em outros processos celulares. Para algumas proteínas, o número de espécimes analisados variou em decorrência de problemas inerentes à técnica de imunohistoquímica, como perda do corte histológico durante as inúmeras etapas de lavagens requeridas pelo método e/ou espécimes de tamanho insuficiente para obtenção do número de cortes necessários, considerando que o número mínimo por amostra era 18 cortes. Conforme mencionado anteriormente (Seção 3.3), os espécimes de CEE investigados foram considerados com marcação positiva quando pelo menos 10% das células tumorais expressavam a proteína investigada, como determinado pelo padrão de coloração amarronzada conferido pela reação do substrato com o cromógeno diaminobenzidina (DAB). Assim, a freqüência de expressão das 18 proteínas, nos trinta e oito espécimes investigados, estão resumidas na Tabela 4 e Figura 3. 44 Trinta e cinco das 38 amostras investigadas (92,1%) expressavam as proteínas c-erbB-3 e bcl-x, sendo estas as proteínas de maior freqüência dentre todas as estudadas. O antígeno de membrana epitelial (EMA) e o antígeno carcinoembriônico (CEA) também estavam presentes na maioria dos espécimes de CEE com uma freqüência de expressão de 81,5 e 78,9%, respectivamente. Por outro lado, a proteína Ki67 não foi detectada nas amostras investigadas. As proteínas citoqueratina 20 (CK20) e bcl-2 foram expressas em apenas 1 (3,1%) e 3 (8,14%) das amostras, respectivamente (Tabela 4 e Figura 3). 45 Tabela 4. Freqüência de expressão das proteínas investigadas e número de carcinomas de esôfago analisados. Expressão Freqüência − Proteína n + % bcl-x 38 35 3 92,1 c-erbB-3 38 35 3 92,1 EMA 38 31 7 81,5 CEA 38 30 8 78,9 ESA 38 27 11 71,0 PCNA 38 26 12 68,4 c-myc 38 25 13 65,7 EGFR 38 24 14 63,1 CK 5,6,18 34 19 15 55,8 CA 19-9 37 20 17 54,0 Rb1 34 16 18 47,0 MDM-2 34 14 20 41,1 p53 38 11 27 28,9 Ciclina D1 33 6 27 18,1 Ciclina B1 37 5 32 13,5 bcl-2 37 3 34 8,1 CK20 32 1 31 3,1 Ki67 37 0 37 0 46 Freqüência de expressão (%) 0 20 40 60 80 bcl-x 92,1 c-erbB-3 92,1 81,5 EMA 78,9 CEA 71 ESA 68,4 PCNA Proteínas investigadas 100 65,7 c-myc 63,1 EGRF 55,8 CK 5,6,18 54 CA19-9 47 Rb 41,1 MDM2 28,9 p53 18,1 CD1 13,5 CB1 8,1 bcl-2 3,1 CK20 Ki-67 0 Figura 3. Freqüência de expressão das proteínas investigadas nos carcinomas epidermóides de esôfago. 4.1. FREQÜÊNCIA DE EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS QUE CONTROLAM O CICLO CELULAR As proteínas p53, Rb1, MDM2 e as ciclinas B1 e D1 estão diretamente envolvidas no controle do ciclo celular, sendo que a p53, Rb1 e MDM2 desempenham suas funções em conjunto. Na Tabela 5 e Figura 4 estão descritos os resultados relativos à freqüência de expressão das proteínas investigadas. As Figuras 5, 6 e 7 mostram fotomicrografias de amostras de CEE com marcação 47 nuclear e citoplasmática, correspondendo as proteínas p53, ciclina B1 e ciclina D1, respectivamente. As proteínas Rb1 e MDM2 estavam presentes em mais de 40% das amostras analisadas (16 e 14 espécimes, respectivamente). Por outro lado, as ciclinas B1 e D1 estavam presentes em menos de 20% das amostras (13,5 e 18,1%, respectivamente), ao passo que para a p53 foi observada uma freqüência de expressão intermediária de 28,9%. Tabela 5. Freqüência de expressão das proteínas controladoras do ciclo celular nos espécimes carcinomas epidermóides de esôfago. Expressão Freqüência Proteína n + − % Ciclina B1 37 5 32 13,5 Ciclina D1 33 6 27 18,1 P53 38 11 27 28,9 Rb1 34 16 18 47,0 MDM2 34 14 20 41,1 Freqüência de expressão 48 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 47,0% 41,1% 28,9% 18,1% 13,5% P53 RB1 MDM2 CB1 CD1 Proteínas envolvidas no ciclo celular Figura 4. Freqüência de expressão das proteínas controladoras do ciclo celular nos carcinomas epidermóides de esôfago. Figura 5. Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação nuclear do anticorpo para o antígeno p53. Aumento 400x. 49 Figura 6. Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação citoplasmática do anticorpo para o antígeno ciclina B1. Aumento 400x. Figura 7. Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação citoplasmática do anticorpo para o antígeno ciclina D1. Aumento 400x. 50 4.2. FREQÜÊNCIA DE EXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS QUE ATUAM NA PROLIFERAÇÃO CELULAR As proteínas envolvidas na proliferação celular, investigadas no presente estudo, foram o antígeno de proliferação celular (PCNA), o receptor de fator de crescimento epidérmico (EGFR) e o antígeno Ki67. A freqüência de expressão do PCNA e EGFR foi semelhante nas 38 amostras analisadas, sendo detectadas 26 e 24 espécimes com uma freqüência de 68,4% e 63,1%, respectivamente. A proteína Ki67 não foi detectada nas 37 amostras analisadas de carcinoma epidermóide de esôfago. Na Tabela 6 e Figura 8, estão descritos os resultados referentes à freqüência de expressão das proteínas que atuam na proliferação celular obtidos nos carcinomas epidermóides de esôfago. A Figura 9 mostra uma fotomicrografia de uma amostra de CEE com marcação da membrana citoplasmática, pelo anticorpo contra o antígeno EGFR. Tabela 6. Freqüência de expressão das proteínas envolvidas na proliferação celular nos carcinomas epidermóides de esôfago. Expressão Freqüência Proteína n + − % PCNA 38 26 12 68,4 EGFR 38 24 14 63,1 Ki67 37 0 37 0 51 Freqüência de expressão 70% 68,4% 63,1% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0,0% 0% PCNA EGFR KI-67 Proteínas envolvidas na proliferação celular Figura 8. Freqüência de expressão das proteínas envolvidas na proliferação celular nos carcinomas epidermóides de esôfago. Figura 9. Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação da membrana pelo anticorpo para o antígeno EGFR. Aumento 400x. 52 4.3. FREQÜÊNCIA DE EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS ENVOLVIDAS NA APOPTOSE As proteínas bcl-2 e bcl-x, que estão envolvidas na apoptose, foram investigadas em 37 casos para a bcl-2, ao passo que a proteína bcl-x investigouse nas 38 amostras selecionadas. A proteína bcl-2 foi detectada somente em três espécimes das 37 amostras analisadas, enquanto a bcl-x estava presente em 35 espécimes das 38 investigadas, correspondendo a uma freqüência de 8,1 e 92,1%, respectivamente (Tabela 7 e Figura 10). A Figura 11 mostra uma fotomicrografia de um espécime de CEE com a marcação citoplasmática do anticorpo para o antígeno bcl-x . Tabela 7. Freqüência de expressão das proteínas bcl-2 e bcl-x, envolvidas na apoptose, investigadas nos carcinomas epidermóides de esôfago. Expressão Freqüência Proteína n + − % bcl-2 37 3 34 8,1 bcl-x 38 35 3 92,1 Freqüência de expressão 53 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 92,1% 8,1% bcl-2 bcl-x Proteínas envolvidas na apoptose Figura 10. Freqüência de expressão das proteínas envolvidas na apoptose, nas amostras de carcinoma epidermóide de esôfago. Figura 11. Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação citoplasmática do anticorpo para o antígeno bcl-x. Aumento 400x. 54 4.4. FREQÜÊNCIA DE EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS ONCOGÊNICAS A freqüência de expressão das proteínas oncogênicas c-myc e c-erbB-3 foram investigadas nos espécimes de carcinoma epidermóide de esôfago. A oncoproteína c-erbB-3 foi detectada em 92,1%, o que correspondeu a 35 dos 38 espécimes analisados. A oncoproteína c-myc foi detectada em 25 espécimes de CEE das 38 amostras investigadas, o que representa uma freqüência de 65,7%, como descrito na Tabela 8 e na Figura 12. A Figura 13 apresenta uma fotomicrografia com a marcação citoplasmática do anticorpo para o antígeno c-erbB-3 em um espécime de CEE. Tabela 8. Freqüência de expressão das proteínas oncogênicas c-myc e c-erbB-3 nos espécimes de carcinoma epidermóide de esôfago. Expressão Freqüência Proteína N + − % c-myc 38 25 13 65,7 c-erbB-3 38 35 3 92,1 Freqüência de expressão 55 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 92,1% 65,7% c-erbB-3 c-myc Proteínas oncogênicas Figura 12. Freqüência de expressão das proteínas oncogênicas c-myc e c-erbB-3 nos espécimes de carcinoma epidermóide de esôfago. Figura 13. Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação citoplasmática do anticorpo para o antígeno c-erbB-3. Aumento 400x. 56 4.5. FREQÜÊNCIA DE EXPRESSÃO DE PROTEÍNAS EPITELIAIS As proteínas epiteliais investigadas neste estudo incluem o antígeno específico epitelial (ESA), o antígeno de membrana epitelial (EMA), a citoqueratina 20 (CK20) e as citoqueratinas 5, 6 e 18. Os resultados obtidos estão descritos na Tabela 9 e Figura 14. Na Figura 15 mostra a marcação de membrana do anticorpo para o antígeno ESA em um espécime de CEE. As proteínas ESA e EMA tiveram uma freqüência de expressão de 71 e 81,5%, respectivamente, correspondendo a 27 e 31 espécimes das 38 amostras de CEE examinadas. As citoqueratinas 5, 6 e 18 apresentaram uma freqüência de expressão intermediária de 55,8%, o que corresponde a 19 das 34 amostras de CEE analisadas. Em apenas uma amostra, entre 32 investigadas, foi detectada a presença da citoqueratina 20 (CK20). 57 Tabela 9. Freqüência de expressão das proteínas epiteliais nos espécimes de carcinomas epidermóides de esôfago. Expressão Freqüência N + − % CK20 32 1 31 3,1 ESA 38 27 11 71,0 EMA 38 31 7 81,5 CK 5, 6, 18 34 19 15 55,8 Freqüência de expressão Proteína 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 81,5% 71,0% 55,8% 3,1% ESA EMA CK-20 CK5,6,18 Proteínas de origem epitelial Figura 14. Freqüência de expressão das proteínas epiteliais nos espécimes de carcinomas epidermóides de esôfago. 58 Figura 15. Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação da membrana pelo anticorpo para o ESA. Aumento 400x. 4.6. FREQÜÊNCIA DE EXPRESSÃO DE OUTRAS PROTEÍNAS INVESTIGADAS O antígeno carcinoembriônico (CEA) e o CA 19-9, também conhecido como Sialyl-Lewis, também foram investigados nos espécimes de carcinoma epidermóide de esôfago. O CEA foi analisado em 38 amostras de CEE detectando-se uma freqüência de expressão de 78,9%, o que corresponde à presença desta proteína em 30 amostras. O CA19-9 foi investigado em 37 amostras de CEE, sendo sua presença detectada em 54% das amostras. 59 Na Figura 17 é apresentada uma fotomicrografia de um espécime de CEE mostrando a marcação citoplasmática do anticorpo contra o antígeno carcinoembriônico. Tabela 10. Freqüência de expressão do antígeno carcinoembriônico e CA19-9 nos espécimes de carcinoma epidermóide de esôfago. Expressão Freqüência N + − % CEA 38 30 8 78,9 CA 19-9 37 20 17 54,0 Freqüência de expressão Proteína 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 78,9% 54,0% CEA CA-19-9 Proteínas envolvidas em outros processos celulares Figura 16. Freqüência de expressão do antígeno carcinoembriônico e CA19-9 nos espécimes de carcinoma epidermóide de esôfago. 60 Figura 17. Fotomicrografia de uma amostra de CEE mostrando a marcação citoplasmática do anticorpo para o CEA. Aumento 400x. V. DISCUSSÃO Existe uma grande variabilidade com relação às estratégias de análises dos resultados obtidos pela técnica de imunohistoquímica, o que dificulta a comparação com os dados disponíveis na literatura. Alguns autores consideram que uma proteína está sendo expressa em um determinado tumor, somente quando, pelo menos, 50% das células tumorais encontram-se marcadas com o anticorpo específico. Outros autores adotam o critério de 20%, mas a grande maioria dos pesquisadores ainda considera positividade quando, pelo menos, 10% das células tumorais expressam a proteína em estudo. Além disto, do ponto de vista de reconhecimento do antígeno, os anticorpos utilizados são muito variáveis. Por exemplo, se um anticorpo reconhece um epítopo considerado como ponto preferencial de mutações (hot spot) em um gene que codifica determinada proteína é muito provável que muitas amostras sejam consideradas negativas para a presença dessa proteína. Assim, comparações entre os dados obtidos em estudos que empregam anticorpos que reconhecem epítopos diferentes devem ser considerados com muita cautela. A progressão das células no ciclo celular e a expressão das proteínas responsáveis pelo seu controle são eventos que precisam ser muitos bem coordenados. A função das proteínas controladoras do ciclo celular é de manter as células em seu estado funcional, ou mesmo levá-las à morte celular programada (apoptose) quando as condições não forem apropriadas. Isto significando que tais proteínas, quando íntegras e funcionantes, podem evitar que as células tornem-se cancerosas. 62 Conforme já citado anteriormente, a perda do gene que codifica a proteína p53, ou as mutações que interferem com a sua função protetora, são as mutações mais freqüentes nos cânceres humanos. A p53 atua como ativadora da transcrição, propriedade que é responsável, pelo menos em parte, pela atividade supressora de tumor. Este conceito baseou-se na observação de que oncoproteínas virais mutantes bloqueavam a função da indução de transcrição ao atingir o gene p53, assim como também no fato de que as mutações do p53 encontradas nos tumores humanos tinham, igualmente, essa função inativadora (110). Alguns investigadores têm mostrado que a p53 induz a transcrição interagindo e inibindo vários complexos de ciclinas e quinases dependentes de ciclinas. Além disso, há pelo menos um mecanismo quando a p53 interrompe a progressão da célula danificada, no ciclo celular, para reparo, durante a fase G1, que depende da habilidade de manter a Rb no seu estado desfosforilado (Figura 2). Níveis celulares de p53 aumentam dramaticamente em resposta a um dano no DNA. Esse aumento dos níveis celulares de p53 leva a proteína p53 normal a interromper o ciclo celular no final da fase G1 para que tais danos no DNA sejam corrigidos (37). Nos carcinomas epidermóides de esôfago analisados neste estudo a freqüência de expressão da p53 foi de 28,9%. Ikeguchi e colaboradores encontraram uma freqüência de expressão desta proteína de 50% para o mesmo tipo histológico de carcinoma. No entanto, os autores consideraram positividade quando mais de 20% das células tumorais apresentavam a proteína investigada (38). Em um outro estudo foi encontrado uma freqüência de expressão da p53 de 61%, onde os autores consideraram positividade quando mais de 25% das células tumorais haviam sido marcadas pelo anticorpo específico (80). Ainda outros 63 estudos apresentaram 53 e 41% de freqüência para a p53, mas consideravam positividade quando a proteína p53 encontrava-se expressa em mais de 50% das células tumorais (40, 41). Os resultados obtidos no presente estudo apresentaram uma freqüência da proteína p53 inferior aquelas descritas por outros autores, embora seja difícil comparar, pois os dados da literatura mostram não haver um consenso entre os pesquisadores para a determinação de tumores positivos para essa proteína. Assim como a MDM2 atua inibindo a p53, o produto do gene Rb1 tem um papel fundamental na regulação das células para a entrada na fase S do ciclo celular. Além disso, no início da fase G1 a proteína Rb encontra-se desfosforilada, e portanto, inativada. No final da fase G1, a proteína Rb torna-se fosforilada, permanecendo hiperfosforilada até a fase de anáfase durante a mitose, quando é então, rapidamente, desfosforilada e novamente inativada. No início de G1, quando a Rb encontra-se desfosforilada, ocorre a fase ativa supressora de crescimento desta proteína (25). Não se sabe exatamente como a Rb controla a progressão do ciclo celular. Evidências sugerem que este controle é acompanhado pelas ligações da proteína Rb com alguns fatores de transcrição. Muitas destas evidências vieram de estudos da interação da Rb com o E2F, um fator de transcrição inicialmente identificado pela sua habilidade em ativar o gene promotor do adenovírus E2 (111). O E2F liga-se preferencialmente com a forma desfosforilada da Rb na fase G1 do ciclo celular, ligação esta que bloqueia a capacidade do E2F em ativar alguns genes promotores, necessários para a síntese de DNA. Em adição, o complexo Rb-E2F inibe a ativação da expressão de outros genes promotores, como o c-myc. Algumas oncoproteínas virais atuam desfazendo esta ligação Rb-E2F, contribuindo para a progressão do ciclo. 64 Avanços nos estudos moleculares que levem à compreensão da função dos genes Rb e p53 certamente trarão contribuições importantes no entendimento das neoplasias como um todo, pois estas são as proteínas que se encontram alteradas com maior freqüência nos cânceres humanos. Outra questão a ser considerada é em relação à freqüência de expressão da proteína do retinoblastoma. A freqüência de expressão da Rb na maioria dos CEE, descritos na literatura, variou entre 0 e 100% (47). Ikeguchi e colaboradores encontraram uma freqüência de expressão de 52%, considerando positividade quando mais de 50% das células tumorais estavam marcadas (48). Em um outro estudo retrospectivo, no qual foram analisadas 172 amostras de tumores de pacientes submetidos à esofagectomia por CEE, os autores observaram uma freqüência de expressão para a proteína Rb de 91,8% (112). Os resultados encontrados no presente estudo mostraram uma freqüência de expressão de 47% para a proteína do retinoblastoma. A grande variabilidade nas expressões encontradas por diferentes autores pode ser justificada pelas diferenças de metodologia de quantificação ou mesmo entre os epítopos reconhecidos pelos anticorpos empregados. As ciclinas são proteínas que controlam a progressão das células de uma fase para outra no ciclo celular, formando complexos com as quinases dependentes de ciclinas (CDKs). As ciclinas e as CDKs não funcionam só como reguladoras do ciclo celular, mas também atuam na transcrição e no reparo do DNA e na apoptose. Inúmeros trabalhos correlacionando a ciclina D1 com o CEE tem sido descritos na literatura, a maioria deles associando esta proteína com baixa sobrevida (Tabela 2). Entretanto, o papel específico desta proteína nos cânceres não parece claro. 65 Os resultados obtidos neste estudo chamam atenção para uma freqüência de expressão da ciclina D1 (18%) inferior quando comparado com os dados disponíveis na literatura cuja média está em torno de 45%, considerando, à semelhança da maioria dos autores, positividade quando mais de 10% das células tumorais estavam marcadas pelo anticorpo. Esta diferença não era esperada, pois o presente estudo é composto de amostras de câncer avançado de esôfago, e muitos trabalhos correlacionam a freqüência de expressão da ciclina D1 com a invasão tumoral e o comprometimento linfonodal (59,60). No CEE, a prevalência da ciclina B1 é significativamente alta nos tumores que apresentam invasão da muscular, o que sugere, conforme alguns autores, a sua relação com um pior prognóstico neste tipo de carcinoma (53,54). Murakami e colaboradores, analisando 87 amostras de CEE, encontraram uma freqüência de expressão da ciclina B1 de 72,4%, considerando positividade quando pelo menos 10% das células tumorais estavam marcadas (53). Takeno e colaboradores, considerando positividade quando mais de 20% das células tumorais apresentavam-se marcadas, ao contrário de Murakami, encontrou uma freqüência de expressão de 49% para a ciclina B1, em uma amostra de 71 CEE (55). No entanto, no presente estudo, apenas 13,5% dos tumores analisados expressavam esta proteína, uma freqüência de expressão inferior comparada com as já descritas na literatura. Este resultado surpreende, à semelhança da ciclina D1, pois se trata de um estudo com amostras de tumor avançado. A proteína Murine Double Minute2 (MDM2) é um marcador nuclear, e o produto do gene MDM2, conforme citado anteriormente, é um potente inibidor da proteína p53 normal, o que explicaria sua relação com o processo da tumorigênese (46). Uma pesquisa recente detectou uma freqüência de 36% para 66 a proteína MDM2 em 64 amostras de CEE. Mathew e Arora encontraram uma freqüência de expressão de 42% desta proteína em 100 amostras de CEE (49). Considerando tais dados, a freqüência determinada para a MDM2 neste estudo (41,1%) foi similar aos dados da literatura. As proteínas p53, Rb, ciclina D1 e ciclina B1, que atuam no controle do ciclo celular analisadas neste estudo, tiveram uma freqüência de expressão inferior àquelas encontradas na literatura, sugerindo que o ciclo celular nestas amostras de CEE não estava adequadamente controlado. As células cancerosas podem se multiplicar na ausência de fatores promotores do crescimento necessários para a proliferação de células normais e são resistentes aos sinais que determinam, normalmente, a morte celular programada. Uma das características mais significativas do câncer é quando ocorre uma mutação em algum gene envolvido na proliferação celular, fazendo com que o seu produto seja hiperativo ou expresso em excesso, resultando em proliferação celular descontrolada. No presente estudo foram investigadas três proteínas relacionadas com a proliferação celular: o antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA), o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) e o antígeno Ki67. O PCNA auxilia nos mecanismos de reparo do DNA, durante a fase de síntese do ciclo celular, além de ser muito útil no estudo de células em fase proliferativa. Okuno e Nishimura encontraram uma freqüência de expressão de 52% para o PCNA em 65 biópsias de esôfago de pacientes portadores de CEE que haviam sido submetidos somente à radioterapia (65). Ao analisar a freqüência de expressão desta proteína nas amostras de CEE aqui investigadas, o resultado foi de 68,4%. Conforme relatos da literatura, há uma variação muito grande entre 67 os autores com relação à freqüência de expressão do PCNA, a qual pode variar entre 4,4 e 96,2%. Além disto, há controvérsias entre os pesquisadores com relação ao papel prognóstico do PCNA no CEE (66, 67). Uma célula normal requer fatores de crescimento extracelulares para ativar seus receptores de fator de crescimento. A célula cancerosa, freqüentemente, produz e secreta fatores de crescimento que estimulam seu próprio crescimento. Um outro mecanismo aberrante que ocorre no câncer é quando receptores de fator de crescimento estão mutados ou superexpressos. Neste caso, ocorre o envio de sinais para a célula, mesmo sem a ligação entre os fatores de crescimento extracelulares e seus ligantes, ou seja, os receptores da célula cancerosa começam a agir independentemente. Estudos comprovaram que o EGFR tem um potencial carcinogênico (36). No câncer esofagiano há estudos que se contrapõe, pois alguns autores confirmaram um valor prognóstico do EGFR no CEE (75), enquanto outros concluíram que o EGFR tem um valor limitado no CEE (66). No presente estudo detectou-se uma freqüência de expressão de 63,1% do EGFR nas amostras de CEE, a qual é semelhante aos descritos na literatura, pois Deguchi e colaboradores, analisando 63 amostras de CEE, encontraram 69,6% dos tumores com presença do EGFR (113). Igualmente, Friess e colaboradores, no estudo de 39 amostras de CEE, detectaram a freqüência de expressão do EGFR em 59% das amostras (114). Em uma série com 217 amostras de CEE avançado, Itakura e colaboradores, observaram uma freqüência de expressão de 71% para o EGFR (31). A superexpressão do Ki67, que é um antígeno usado para estimar proliferação celular, pode ser útil na identificação precoce de neoplasias de esôfago. Jin e colaboradores, analisando 366 espécimes de biópsias de esôfago 68 de pacientes habitantes de uma área de alta incidência de câncer de esôfago na China, observaram uma freqüência de expressão de 58,8% para a proteína Ki67 nos carcinomas in situ e 41,1% quando havia displasia severa (115). Resultado semelhante também foi encontrado por Xu e Jin, quando estudaram 31 amostras de displasia severa em mucosa esofágica, obtendo uma freqüência de expressão de 58,1% da proteína Ki67 (70). No presente estudo, a proteína Ki67 não foi detectada, embora tenham sido empregados controles para o anticorpo utilizado. Em tecidos normais, a proliferação e a morte celular encontram-se em equilíbrio. A fisiologia da morte celular programada, também chamada de apoptose, tem sido intensamente investigada nos últimos anos. Hoje uma célula apoptótica pode ser reconhecida morfologicamente. A principal característica do aspecto morfológico da apoptose é o encolhimento celular. A cromatina aparece picnótica e compactada em uma massa densa homogênea contra a membrana nuclear. O núcleo também pode se desintegrar em vários fragmentos (79). Este fenômeno contrapõe-se à necrose celular, na qual ocorre a desintegração do citoplasma seguido de autólise nuclear. A apoptose geralmente ocorre em células individuais, ao contrário da necrose celular que atinge grupos de células e partes de órgãos. Uma vez iniciada, a apoptose processa-se rapidamente. A célula submetida a esse processo desaparece em quatro horas. Parece claro que a apoptose tem um papel importante no desenvolvimento de órgãos e tecidos durante a embriogênese, assim como em algumas doenças. No câncer, a apoptose desempenha um papel crucial, bem como na resolução de processos inflamatórios e em doenças degenerativas. Durante muito tempo pensou-se que o principal, e até mesmo único, mecanismo que levava ao câncer era o aumento da proliferação celular. Hoje se sabe que a diminuição da morte celular também pode 69 contribuir para o desenvolvimento das neoplasias. Entretanto, os detalhes do mecanismo de funcionamento da morte celular programada ainda não foram totalmente esclarecidos. Muitos genes envolvidos na apoptose já foram identificados, entre eles, alguns têm um importante papel de reguladores, como os genes da família do bcl. Dois membros dessa família, o bcl-2 e o bcl-x foram analisados neste estudo. A superexpressão da bcl-2 já foi descrita como inibidora de apoptose e, assim, contribuiria para o desenvolvimento do câncer (76). Na verdade, o papel da bcl-2 no comportamento do câncer humano é muito mais complexo do que pode ser explicado somente pela regulação direta da apoptose. O papel do bcl-x, além de ser independente, parece ser antagônico ao do bcl-2, ou seja, atua induzindo a apoptose. No CEE esta proteína tem sido implicada como um fator prognóstico independente (85). Os dados disponíveis na literatura com relação à freqüência de expressão da bcl-x pela técnica de imunohistoquímica, mostram que há resultados conflitantes. Natsugoe e colaboradores, em um estudo retrospectivo no qual analisaram 111 pacientes que haviam sido submetidos à esofagectomia, encontraram uma freqüência de expressão para a bcl-x de 46,8% (84). Sarbia e colegas estudaram 38 amostras de CEE, obtendo uma freqüência de expressão de 97,4% (87). No presente estudo foi detectada uma freqüência de expressão de 92,1%, resultado compatível com o encontrado por Sarbia. A elevada freqüência de expressão da proteína bcl-x encontrada neste estudo, pode estar relacionada com a tentativa desta proteína de induzir células mutadas a entrar em apoptose, evitando com isso que células indesejáveis se proliferem. 70 Outra proteína estudada, também envolvida na apoptose, foi a bcl-2. A freqüência de expressão desta proteína, em espécimes de CEE descrita na literatura apresenta grande variabilidade. Hsia e colaboradores encontraram uma freqüência de expressão de 18% para a bcl-2 em CEE (116). Ohbu e colaboradores, analisando 105 amostras de CEE, detectaram uma freqüência de expressão de 58% para a proteína bcl-2 (117). Patel e colaboradores, por sua vez, encontraram uma freqüência de expressão de 67% em 46 amostras (118), enquanto Sarbia e colaboradores detectaram a proteína em 26,6% dos espécimes em uma amostra de 150 CEE (119). No presente estudo, foi detectada uma freqüência de expressão de 8,1%, o que é inferior àquelas obtidas por outros investigadores. Esta baixa freqüência era esperada, pois a freqüência de expressão da bcl-2, decresce com o avanço tumoral e esta amostra é constituída, em sua totalidade, por tumores avançados. A superexpressão do c-erbB-3, em linhagens celulares humanas, está associada com transformações neoplásicas (89), embora ainda não existam estudos descritos na literatura avaliando a expressão desta proteína no CEE. Neste estudo foi encontrada uma freqüência de expressão de 92,1% da proteína c-erbB-3. Assim, pode-se inferir que esta proteína possa ter algum valor prognóstico no carcinoma epidermóide de esôfago. No entanto, mais estudos serão necessários para comprovar esta hipótese. A superexpressão da proteína c-myc está associada a muitos tipos de cânceres, um achado não-esperado, já que tal fator de transcrição estimula a expressão de muitos genes necessários à progressão do ciclo celular. Este protooncogene codifica proteínas reguladoras e, quando expresso em excesso, devido a uma mutação, pode causar proliferação celular não-controlada (46). Nas 71 neoplasias humanas sabe-se que a ativação do oncogene c-myc dá-se por amplificação gênica ou por translocação cromossômica. No presente estudo, 67% das amostras de CEE expressavam esta proteína, dados similares aos encontrados por Kuwano e colaboradores quando estudaram 27 espécimes de CEE e encontraram 66,7% de suas amostras com a presença de c-myc (120). Entre as proteínas de origem epiteliais estudadas no CEE, estão as citoqueratinas. No câncer esofágico, a CK20 parece ter um papel importante na definição da origem dos tumores da transição esofagogástrica, se a origem dos mesmos está no epitélio de Barrett ou se são primários do estômago (95). A importância já comprovada da CK20 no adenocarcinoma de esôfago foi uma prerrogativa para estudá-la no CEE. A freqüência de expressão desta proteína neste estudo, entretanto, foi baixa (3,1%), quando comparada com outras proteínas do mesmo grupo, como era esperado para amostras de esôfago de origem não-glandular. A freqüência de expressão das citoqueratinas 5, 6 e 18 foi investigada e, ao contrário da CK20, cuja freqüência de expressão ainda não havia sido determinada para CEE, as CKs 5, 6 e 18 foram pesquisadas em um estudo realizado na China por Cintorino e colaboradores, no qual os autores sugerem que a CK18 pode ser um marcador de péssimo prognóstico para o CEE (98). Os resultados encontrados no estudo sob avaliação apontaram uma freqüência de expressão de 55,8% para as CKs 5, 6 e 18. Este resultado somado com poucos relatos na literatura não permite classificar estas citoqueratinas como marcadores importantes de CEE. O antígeno específico epitelial (ESA) e o antígeno de membrana epitelial (EMA), pertencem ao mesmo grupo das citoqueratinas (proteínas de origem 72 epitelial) e, embora sejam marcadores celulares de inúmeros tecidos epiteliais humanos, ainda não tinham sido estudados por outros autores para o CEE. Neste estudo, ambos apresentaram uma freqüência de expressão de 71 e 81,5%, respectivamente. Estes achados permitem inferir que tais proteínas possam ser potenciais marcadores a serem usados em estudos futuros no CEE, embora outras investigações sejam ainda necessárias para comprovar esta hipótese. O antígeno carcinoembrionário conhecido por ser um marcador sérico para tumores do trato gastrointestinal, estava presente em 78,9% das amostras investigadas. Os resultados conflitantes encontrados por alguns autores, com relação a esta proteína, salientam a necessidade de mais investigações para que seja possível definir a função do CEA, se existente, em CEE. O CA 19-9, marcador útil no diagnóstico e no seguimento de pacientes com câncer pancreático (106), foi detectado em 54% das amostras. Considerando-se a ausência de dados na literatura que relacione os níveis de expressão do CA 19-9 com os CEE, acredita-se que outras pesquisas devam ser realizadas para a identificação do papel desta proteína na tumorigênese do CEE. O câncer do esôfago é uma das neoplasias que causa maior mortalidade e, como mencionado anteriormente, os avanços terapêuticos foram insignificantes e os métodos de diagnóstico precoce ainda deixam a desejar. A alta incidência e a prevalência aumentada desta neoplasia mostram que esforços não devem ser poupados pelas ciências médicas no combate amplo a esta enfermidade. A intensificação das pesquisas no campo da oncologia molecular traz novas perspectivas na abordagem das neoplasias. O inimigo câncer começa a ser visto de frente, e o que nos mostra a Biologia Molecular é que ele é único, e não vários, como até então se acreditava. Hoje biologistas moleculares afirmam que o câncer 73 origina-se de uma única célula alterada, e o completo conhecimento do funcionamento desta célula e as interações entre seus genes são a chave para o esclarecimento definitivo do processo da carcinogênese e de como esta doença pode ser efetivamente combatida. Uma consideração que deve ser feita em relação aos resultados obtidos neste estudo é que os mesmos certamente servirão de base para futuros trabalhos que envolvam o prognóstico de pacientes com câncer de esôfago. Algumas proteínas que tiveram uma maior freqüência de expressão poderão ser consideradas como potencialmente úteis em estudos que envolvam o carcinoma epidermóide de esôfago, tal como foi o caso das proteínas bcl-x e a c-erb-3. A ampliação dos conhecimentos e desenvolvimento de novas técnicas na área da Biologia Molecular provavelmente trará novas perspectivas para o entendimento das neoplasias, não só em termos de diagnóstico e prognóstico, mas também na identificação de pessoas com alto risco de desenvolverem a doença, bem como alternativas terapêuticas mais eficazes. VI. CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que nas amostras de carcinoma epidermóide de esôfago investigadas neste estudo: - A freqüência das proteínas estudadas variou entre 0 e 92,1%; - As proteínas c-erbB-3 (oncogênica) e a proteína bcl-x (indutora de apoptose) foram detectadas em mais de 92,1%; - As proteínas envolvidas no ciclo celular estavam presentes em menos de 50%; - A proteína Ki67, envolvida na proliferação celular, não foi detectada. - As proteínas c-erbB-3, EMA, ESA, CA19-9 e CK20, que até o presente estudo ainda não haviam sido investigadas em câncer de esôfago, apresentaram uma freqüência de 92,1%, 81,5%, 71%, 54% e 3,1%, respectivamente. 75 VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Estimativas da Incidência e Mortalidade por Câncer no Brasil - www.inca.org.br/câncer/epidemiologia/estimativa20002.html 2. American Cancer Society: Cancer Facts and Figures - 2002. Atlanta, Ga, American Cancer Society, 2002. 3. Blot W.J., McLaughlin J.K. 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ANEXO Presença ou ausência das proteínas investigadas na amostras de carcinoma epidermóide de esôfago. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 CEM CEM CEM CEP CEM CEP CEM CEM CEP CEM CEM CEM CEM CEM CEM CEM CEM CEM CEP CEP CEM CEM CEM CEB CEM CEM CEM CEM CEM CEM CEM CEP CEM CEM CEM CEM CEM CEM CEA + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + EMA + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + PCNA + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + BCL-X + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + C-MYC + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + - ESA + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + P53 + + + + + + + + + + + ERB-3 BCL-2 + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + + nr + + + + + + + + + + + + + + + EGFR Ki-67 + + + + + + + + + + + + + + + nr + + + + + + + + + - CB1 + + nr + + + - CA19 MDM2 + + + + + + + + + + + + + + + + + nr nr nr + + nr + + + + + nr + + + + + + + + + + - Rb + + + + + + nr + nr nr + + + + + + nr + + + - LP34 CD1 CK 20 + nr + + + nr nr + + + + + + + + nr nr nr nr nr nr + + + + + nr nr nr + + + + nr nr nr + + nr + + nr + - CEB= Carcinoma epidermóide bem diferenciado; CEM= carcinoma epidermóide moderadamente diferenciado; CEP= carcinoma epidermóide pouco diferenciado; nr= não realizado.