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Esportes Radicais na escola
Camila Pacheco Carvalho
José Ademir Rech
Veridiana Dill
Resumo: Este projeto visa apresentar um novo olhar para a realidade dos esportes
radicais, o que antes era visto como distante para o meio escolar, agora se torna possível
através de um projeto indoor. Como proposta de atividade desafiadora, nós alunos do
Pibid- Educação Física, junto com nosso supervisor, inserimos na Escola Estadual de
Ensino Fundamental Dr. Mario Sperb com alunos do ensino fundamental dois esportes
radicais, slackline e rapel. É o nosso corpo que realiza a ligação do “eu” e o mundo,
nele travam encontros de possibilidades individuais e exigências exteriores. Moldamos
sensações e expressões diversas, sendo transmitidas a partir do nosso corpo. Como
objetivo da proposta, buscamos desenvolver o equilíbrio, a coordenação motora, a
atenção e o conhecimento corporal. Deste modo, fazendo com que os alunos saibam
lidar com seus medos, angustias, autoconfiança, e capacidade de realização. Como
método para a realização do slackline, utilizamos um equipamento que contem uma fita
poliéster elástica, uma catraca de tração e dois protetores de pilar (colchonetes), no qual
é fixado em dois pilares, em uma altura de um metro. Para o rapel é necessário corda de
doze milímetros (específica), cadeirinha, mosquetão, freio (oito) e luvas, na escola é
realizado a uma altura de quatro metros. No decorrer deste trabalho buscamos
motivá-los a sair das atividades rotineiras, apresentando um novo olhar para a atividade
física, proporcionando novas vivências e experiências de um mundo antes
desconhecido. Espera-se que os alunos possam desenvolver suas habilidades motoras
cognitivas e afetivas, tanto com os seus colegas e com a sua família, aprendendo a lidar
com as situações cotidianas, que antes, eram barreiras, para seu real desenvolvimento.
Palavras chaves: Esportes radicais, slackline, rapel.
INTRODUÇÃO
O presente artigo intitulado Esportes Radicais na escola, tem por intuito
construir um espaço de reflexão acerca da expansão do esporte em nossa sociedade,
juntando assim com a tecnologia. O mesmo foi realizado em uma escola estadual, em
São Leopoldo - RS. Partindo do pressuposto de que, antigamente, o contato do homem
com a natureza e, por conseguinte, com as aventuras neste ambiente faziam parte do
estilo de vida humano e onde conforme Dias e Alves Júnior (2009) nos anos de 1880 se
encontravam lugares de belezas naturais desconhecidos e selvagens, que eram pouco
explorados, sendo invadidos por andarilhos em busca de aventura. Em contrapartida
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com o advento da civilização e acumulação das produções – principalmente dos
alimentos - acaba ocorrendo certo distanciamento das pessoas com a natureza e suas
concentrações em grandes centros urbanos.
Em geral, estamos acostumados a contrapor o avanço tecnológico com o estilo
de vida ativo, pois associamos que o mundo digital, informatizado e eletrônico estimula
o sedentarismo e com ele todas as mazelas das doenças degenerativas causadas pela
hipocinesia. Para corroborar com esta linha de pensamento, a realidade cotidiana nos
apresenta milhões de crianças e adolescentes que se encontram em estágio de
acomodação em relação à prática da atividade física e refletindo numa diminuição
acintosa da participação nas aulas de Educação Física Escolar, que por sua vez não
oferecem alternativas para o rompimento deste ciclo vicioso de apatia e desinteresse.
Sendo assim, diante desta falta de motivação no decorrer das aulas de Educação
Física, é necessário apresentar algo além de jogos esportivos e atividades tradicionais
dos currículos escolares no decorrer do ano letivo. Conforme citam Dario e Rangel
(2005), na escola o profissional de Educação Física está colaborando para formar
cidadãos críticos, com autonomia e sujeitos da sua história na sociedade; assim cabe a
este profissional, além desta formação, proporcionar aos alunos informações que gerem
conhecimentos diferenciados e sistematizados para que possam ressignificar suas vidas
e desfrutem - com maior liberdade - do seu tempo livre.
O PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) de
Educação Física da UNISINOS vem, desde 2012, dialogando diretamente com as
realidades das escolas públicas estaduais e municipais das cidades de São Leopoldo e
Novo Hamburgo/RS e, neste ano de 2014, com o subprojeto intitulado: “Por uma
Educação Física Escolar que incentiva os conhecimentos, as atitudes e as habilidades
nas culturas corporais de movimento: organização, sistematização e diálogo
interdisciplinar em prol do exercício de cidadania com educação, saúde e lazer” procura
proporcionar, por meio de ações conjuntas escola-universidade, um incremento
qualitativo nos processos de formação inicial dos estudantes de Educação Física e nos
processos de formação continuada dos professores em atividade nas escolas envolvidas,
focalizando a investigação e o desenvolvimento de propostas pedagógicas para a
Educação Física na escola que primem pela organização e sistematização de
conhecimentos específicos da área em prol da qualificação do diálogo interdisciplinar.
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Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo despertar o interesse e
motivação pelas aulas de Educação Física Escolar e valorizar o desenvolvimento de
algumas capacidades percepto-motoras e físicas tais como: o equilíbrio, a coordenação
motora, a atenção e a percepção corporal, através do rapel e do slackline fazendo com
que os alunos saibam lidar com seus medos, angustias, autoconfiança e capacidade de
realização.
Partimos do pressuposto de que é necessária uma inovação no âmbito escolar,
sendo o professor o mediador, para a inserção e adaptação dos esportes de aventura,
trazendo uma nova proposta pedagógica, em que os alunos se sintam instigados a
participar para conhecer e praticar para toda à vida.
Para que o leitor melhor compreenda a linha de raciocínio desenvolvida por nós
na exposição desta pesquisa-intervenção iniciamos com referencial teórico, apresenta os
principais conceitos e autores que abordam sobre os esportes radicaias, bem como
propostas diferenciadas para a prática de atividades na aula de Educação Física, a seguir
são apresentados os materiais e métodos para esta pesquisa, tais como uma realidade do
local da coleta de dados e a forma da mesma. E finalizamos com os principais
resultados e considerações finais.
REFERENCIAL TEÓRICO
As diretrizes curriculares são bem enfáticas sobre o que se deve ensinar ao
aluno, ao longo de sua formação. Segundo Brasil (1997) nos Parâmetros Curriculares
Nacionais-PCN’s, a Educação Física tem como proposta democratizar, humanizar e
diversificar a prática pedagógica da área, buscando ampliar e incorporar as dimensões
afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos. As habilidades motoras deverão ser
aprimoradas durante toda a escolaridade, sendo parte integral dos conteúdos das aulas
de Educação Física.
Conforme a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (1998) citado por
Machado (2011) há diversos fatores que levam a criança e o adolescente ao
sedentarismo, tais como: tecnologia, aumento da insegurança e a diminuição dos
espaços onde se poderiam praticar atividades físicas. É necessário o cuidado com a
qualidade de vida dos mesmos através do incentivo às práticas de atividades físicas. Em
decorrência do alto nível de violência e escassez de espaços físicos adequados nos
grandes centros urbanos as crianças e os adolescentes acabam por se isolarem em suas
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casas e sem motivação e incentivos – até mesmo - para a prática de atividades simples
como, pular, correr, rolar, entre outras.
A possibilidade de vivenciar os esportes radicais permite a criança sair do seu
“habitat natural” – mundo da ciber-cultura, que hoje está centrado na era da alta
tecnologia, apresentando uma nova oportunidade de experimentar um ambiente –
paradoxalmente desconhecido - e que se resignificará, para assim, poder lhe
proporcionar sensações e percepções de suas dificuldades, medos e outras atitudes
particulares perdidas em si e que passam a ser reconhecidas durante a experiência
vivida. Neste ponto de vista, Marinho (2006) afirma que quando esta relação traz
significados, a vontade de continuar nesta prática permanece, e na maioria das vezes
aumenta, assim, ao invés de apenas ser um esporte que exercita as capacidades físicas
de ultrapassar e vencer barreiras pode também ser um bom veículo estratégico que
permite aos sujeitos um reencontrar-se consigo mesmo e de uma forma singular e
significativa.
É importante fazer uma ressalva do quanto é desproposital reforçar a dissociação
entre natureza, sociedade e tecnologia, pois – constitucionalmente - o desenvolvimento
científico, as pesquisas e as tecnologias devem estar voltados – preponderantemente –
para a solução dos problemas sociais, ambientais e da vida. Sendo assim, assumimos
neste trabalho o conceito de Tecnologia Social como práticas de intervenções sociais
construídas coletivamente no intuito de resolver problemas das realidades cotidianas e
locais a fim de melhorar as condições objetivas de vida da população. Neste caso, as
tecnologias sociais são os esportes radicais (slackline e rapel) no formato indoor que
inseridos pela Educação Física - de maneira participativa e voluntária dos alunos –
potencializaram na escola a experiência de elementos culturais produzidos pela
humanidade e que, normalmente, nas escolas são silenciados e (in)visibilizados por
problemas conjunturais (limites na formação do professor, indisposição
para inovação na escola, entre outros) e estruturais (espaço físico da escola, escassez de
materiais didáticos, etc).
Esta forma de tecnologia social indoor guarda os seguintes princípios
pedagógicos: a) aprendizagem implica participação e envolvimento; b) transformação
social implica compreensão da realidade; c) compreensão da realidade implica respeito
às identidades; d) geração de conhecimento implica interação cultural. E embebidos
neles estão alguns procedimentos metodológicos básicos, tais quais: identificação dos
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objetivos a partir das demandas sociais; processo participativo na mobilização e tomada
de decisões; planejamentos e execuções de forma organizada e transparente para todos.
Cabe ao professor de Educação Física o desafio de – no diálogo com seus alunos trazer estas vivências em suas aulas para recobrar na escola o lugar da verdadeira e
significativa aprendizagem, onde tanto crianças quanto adolescentes se sintam sujeitos
da produção de conhecimentos.
Os esportes de aventuras como o slackline e rapel, são pouco conhecidos e
desenvolvidos em escolas, essas modalidades, segundo Cassaro (2011), apresentam uma
grande diversidade de informações, sejam elas conceituais, morais, corporais, táteis,
mas que proporcionam aos praticantes adaptações motoras, e os diferentes trajetos que
podem ser percorrido, mudando assim a cada instante.
Para o autor, a origem do slackline é ainda pouco estudada, alguns dizem que
surgiu através da arte circense, em que os artistas utilizavam uma corda bamba, como
forma de equilíbrio para realizar diversos movimentos acrobáticos em seus espetáculos.
Porém essa modalidade esportiva busca o equilíbrio físico e a concentração dos
praticantes. Mas não se sabe ao certo quando e nem aonde surgiu, o que se sabe, é que
hoje essa prática vem sendo aprimorada, e está conquistando adeptos do mundo inteiro.
Hoje a maior preocupação dos praticantes que gostam de montar o slackline nas alturas
é com a segurança da utilização dos equipamentos.
Para Cassaro (2011) e Nazari (2004), o rapel, em francês chamado de rappel,
mundialmente adotado para descidas vertical de paredes, obstáculos e montanhas,
utiliza como equipamentos de segurança cordas, freios, mosquetões, entre outros.
Também consiste em utilizar técnicas verticais para vencer obstáculos naturais como
penhascos e paredões. É muito utilizado por diversas atividades como escaladas,
estudos espeleológicos e em resgate em montanhas, ente outros.
Assim, os esportes de aventura permitem que o aluno se confronte com ele
próprio, superando limites, ultrapassando barreiras e vencendo desafios. Os esportes de
aventura oferecem a possibilidade de vivenciar sentimentos de prazer, em função de
suas características que promovem, inclusive, a ampliação do senso de limite da
liberdade e da própria vida. Marinho (2001, p.147), afirma que:
(...), se por um lado, reportagens mostram que, nessa busca pelo risco, pela aventura,
a natureza, algumas vezes, pode ser percebida como um mero cenário atrativo para a
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prática esportiva, por outro, atitudes de respeito e cuidado também surgem nas
entrelinhas desse jogo de representação.
Apresentar ao aluno um novo conhecimento, uma nova vivência, se torna uma
tarefa fundamental para o professor, expor estes conteúdos muito pouco explorado,
tratando assim valores relacionados às culturas corporais do movimento, como por
exemplo: cooperação, respeito às diferenças, atenção, desenvolvimentos de diversas
habilidades motoras, superação dos próprios limites, entre outros, se faz necessário no
meio escolar.
Conforme citam Pereira e Armbrust (2010), o professor precisa treinar seu olhar
para visualizar as diversas possibilidades para as praticas das atividades de aventura em
lugares onde na maioria das vezes são desprezados, e assim recriar condições para que
esses locais sejam explorados, assim estimulando as diversas atividades motoras.
METODOLOGIA
O enfoque metodológico desta pesquisa se define a partir do que Rocha El al
(2001, p. 258) denominam de pesquisa-intervenção e que se caracteriza pela “...
afirmação de uma análise micropolítica do cotidiano, voltada para a desnaturalização
das práticas, com o intuito de fazer emergir as dimensões positivas do cotidiano
institucional e instigar os atores sociais, atentos às experiências vividas, a refletir sobre
os modelos pedagógicos e institucionais estabelecidos”.
A pesquisa-intervenção, típica na área da Psicologia Social, tem como objetivo
indagar os efeitos das práticas dos diferentes atores sociais face à complexidade das
diferentes relações socioinstitucionais aí implicadas. Portanto, a principal característica
de uma pesquisa-intervenção aponta para um movimento contínuo de ação e crítica do
cotidiano, buscando interrogar os diversos sentidos cristalizados e estereotipados
presentes naquele contexto e, ao mesmo tempo, dar passagem aos novos sentidos que
ali se produzem.
O nosso campo empírico correspondeu a cem alunos, com idades entre doze e
dezesseis anos de idade, das turmas do 6º ao 9º ano das aulas de Educação Física de
uma escola estadual de ensino fundamental, localizada em São Leopoldo/RS. A escola
está situada em um bairro da Zona Norte, composta na sua quase totalidade por alunos
de classe média baixa com pouco poder aquisitivo, alguns destes, cometeram desde
pequenos delitos, agressões, depredações, tráfico de drogas, assaltos e até envolvimento
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em assassinatos. Há um histórico de décadas de violência, consumo e tráfico de drogas,
desrespeito à autoridade de professores, direção e funcionários, que mesmo hoje em
tempos mais tranquilos, ainda é imputado o estereótipo de “escola violenta”.
Também com a intenção de tentar transformar essa realidade, juntamente com
outras ações da direção, professores, funcionários, pais e comunidade contra a
“violência escolar”, pensou-se em proporcionar aos alunos uma opção que poderia
realmente “radicalizar” seu estilo de vida, provando para eles que é possível sentir e
experimentar diversas sensações, que desencadeia, desde uma explosão de adrenalina ,
suspense, euforia, medo, superação, confiança, equilíbrio, coordenação, surpresa,
escolha e uma alegria indescritível de realização ao concluir uma descida de rapel e
também estes mesmos sentimentos ao caminhar no slackline.
Como instrumentos de coletas das informações, além das observações
sistemáticas e conversas informais contínuas durante as vivências dos esportes radicais
(slackline e o rapel) foi também utilizado ao término das vivências um questionário
com questões mistas. Ao todo foram oito questões direcionadas à realidade escolar, a
fim de analisar as opiniões dos alunos em relação às suas experiências com os esportes
radicais, de que maneira foram atingidos com a proposta, se reconhecem significados
na experiência aprendida e o conseguem levar para o seu cotidiano.
Esses questionários foram aplicados durante as aulas de Educação Física, em
sala de aula, cada aluno que praticou o slackline e rapel, recebeu o questionário em
mãos tendo trinta minutos para preenchê-lo. Após, foram recolhidos pelo professor de
Educação Física, e sistematizados para análise dos dados que privilegiou a descrição da
frequência das principais categorias analíticas as quais apresentamos destacadas, logo
abaixo, com suas respectivas discussões.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Sobre conhecimento e informação - dos alunos participantes identificamos que
76% deles já conheciam estas modalidades através das grandes mídias (revistas, tvs
entre outros meios de comunicação) e destes - mesmo se dizendo conhecedores identificamos que um alto índice (78%) de alunos nunca haviam praticado essas
modalidades esportivas, tanto no âmbito escolar, como fora dele. Sendo assim,
percebemos que os alunos têm informações sobre o slackline e o rapel, no entanto não
os conhecem, de fato, pois não tiveram oportunidades em quaisquer espaços sociais de
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suas relações sociais para vivenciá-los. Isso sinaliza a importância social que as escolas
têm como raros lugares públicos que potencialmente podem oportunizar a vivência
diversificada das produções humanas. Apesar da triste constatação e que continuam –
na sua maioria – não cumprindo esta função social e sequer informando, pois estes
nossos alunos tiveram acesso às informações através da mídia.
Sobre autoestima e confiança no professor - quando questionado sobre a
autoestima, os alunos deixaram evidente que houve uma melhora significativa da
mesma com 76% de afirmação. Foi visível no processo de desenvolvimento das aulas
que as percepções e condutas dos alunos apresentavam modificações em comparação
com as atitudes que tinham antes destas tecnologias sociais, pois a evasão nas aulas
diminuiu e suas participações foram efetivas e motivantes, onde os próprios alunos
incentivavam seus colegas a continuarem tentando superar os obstáculos físicos das
atividades e planejavam novos desafios para as próximas aulas.
Com relação ao sentimento de confiança no professor, observamos que em geral
(49%) os alunos têm confiança e que se sentem capazes de desenvolverem as
atividades,
tendo o professor ao seu lado. Para Belotti e Faria (2010) cabe ao professor criar
situações que possibilitem alcançar conhecimentos e habilidades de seus alunos, para
então chegar até eles. Testando assim as habilidades motoras, físicas, mentais, sociais,
verbais e emocionais dos alunos, para que consigam se sobressair em qualquer situação
em sua vida. O papel do professor como mediador foi fundamental para desenvolver
estas competências como suportes de uma aprendizagem com resultados significativos.
Sobre efeitos da prática - quando questionados sobre o que se
desenvolve/aperfeiçoa nestas modalidades esportivas, os alunos valorizaram o
equilíbrio, e com isso nos permite retomar uma abordagem expressa, anteriormente,
sobre a pesquisa-intervenção que ao buscar interrogar os diversos sentidos cristalizados
ou até mesmo estereotipados na área da Educação Física permite dar passagem aos
novos sentidos que as práticas do slackline e o rapel produziram. Referimos-nos, mais
especificamente, no fato de que alunos nesta faixa etária de 12 a 16 anos de idade, em
geral, estão preocupados e valorizam capacidades físicas tais como: força, velocidade,
resistência e muito raramente aparece – tal qual apareceu -o equilíbrio como elemento
central. Aliás, o que observamos no mundo da ginástica é exatamente isso: uma
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hegemonia das ginásticas aeróbica e musculação, em detrimento da yoga, relaxamentos
e outras similares, onde as capacidades físicas percepto-motoras são secundarizadas.
Esta proposta de aula diferenciada mostrou que 89% dos alunos se sentiram
motivados a participar e a frequentar mais a escola, sendo o esporte uma atividade que
trouxe prazer à vida dos mesmos. As aulas devem dar oportunidades para os alunos
crescerem e aprimorarem suas competências, de maneira geral, possibilitando uma
maior motivação e interesse. Sendo criado um vínculo com a escola, passando assim, a
não ser apenas um local de obrigação, mas de prazer e aprendizado.
Destes participantes 98% afirmam que gostariam de continuar praticando estas
atividades, ou seja, os motivos que levam o indivíduo a aderir à prática desportiva na
escola se relacionam a fatores pessoais, fatores ambientais e às próprias características
do esporte
escolhido. Para Saba (2001, p.71) “a aderência pode ser entendida como o ápice de uma
evolução constante, rumo à prática do exercício físico inserida no cotidiano de um
indivíduo”. É o como mencionamos anteriormente, se os alunos se sentiram instigados
a participar para conhecer, vão praticar para toda à vida.
É notável o interesse destes para a continuação das atividades, e para que o
aluno
possa realmente virar um praticante efetivo, é necessário que o professor o estimule e
dê
espaço para que este possa vivenciar e se descobrir.
CONCLUSÃO
De acordo com o estudo realizado, os esportes de aventura (slackline e rapel),
tem grande efeito positivo nos alunos. Foi identificado que a partir da prática realizada
dentro da escola, os alunos estão estimulados e valorizando as aulas de Educação Física
como oportunidades de aprenderem enfrentar as barreiras vivenciadas no dia a dia.
As aulas de Educação Física em muitas escolas ficam restritas aos esportes
coletivos como basquete, futsal, voleibol e handebol, sendo muitas vezes tratados de
forma a reproduzir alunos para competição, ou mesmo aqueles que simplesmente
largam a bola e os alunos ficam livres. Incluir de forma significativa e prazerosa estas
novas tecnologias sociais, dentro da escola, é um modo de tornar realidade a inovação
frente à estrutura curricular. Cabe ao professor de Educação Física fazer essa reflexão
da realidade e possibilitar o acesso a estas práticas de esportes de aventura com o
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intuito de estimular o aluno e desenvolver assim sua, determinação e autoconhecimento
frente às barreiras que tendem a autonomia surgir no decorrer da vida.
REFERÊNCIAS
DARIO, S.C.; RANGEL, I.C. A. Educação Física na Escola: implicações para a
prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
DIAS, Cleber Augusto Gonçalves ; ALVES JÚNIOR, Edmundo de Drummond. Em
busca da aventura: múltiplos olhares sobre esporte, lazer e natureza. Rio de
Janeiro, Editora da UFF, 2009.
MACHADO, Yara Lúcia. Sedentarismo e suas conseqüências em Crianças e
Adolescentes. Muzambinho-MG, 2011.
MARINHO, Alcyane. Lazer, natureza e aventura: compartilhando emoções e
compromissos. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Campinas (SP):
Autores Associados, v. 22, nº 2, 2001.
NAZARI, J. Rapel. Uberlândia - MG: Adventure ECO-SportS, 2004. 11 p. Apostila.
PEREIRA, D. W.; ARMBRUST, I. Pedagogia da aventura. Jundiaí, SP: Fontoura,
2010.
SABA, F. K. Aderência: a prática do exercício físico em academias. São Paulo:
Manole, 2001.
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