T043 Título – Cancro da Mama - Análise Restrospectiva. Casuística do Centro Hospitalar Barreiro Montijo durante 6 anos Introdução: Cancro da Mama – Análise Retrospectiva Casuística do Centro Hospitalar Barreiro Montijo durante 6 anos Paulina Chitonho, A. Filipa Xavier, Adriano Baptista, Francisco Iñiguez , A. Teresa Xavier. Unidade de Oncológica – Director: Dr Jorge Espírito Santo Introdução O cancro da mama é a neoplasia maligna mais comum entre as mulheres e a sua incidência tem vindo a aumentar de maneira consistente nas últimas décadas. A melhor compreensão das características anatomo-patológicas e moleculares deste tumor tem permitido concluir que os vários subtipos desta doença apresentam comportamentos clínicos e prognósticos diferentes, para além de que a resposta aos tratamentos é diferente consoante cada um deles. Ao longo das duas últimas décadas, a taxa de mortalidade tem vindo a diminuir nos países desenvolvidos como resultado da implementação de medidas de rastreio, dos avanços alcançados no controlo local da doença e também com a introdução de terapêutica sistémica adjuvante. Com o desenvolvimento das chamadas “terapêuticas-alvo”, os ensaios clínicos em curso e com os avanços da Biologia Molecular e da Genética podemos esperar num futuro próximo melhores resultados no manejo dos diferentes subtipos de cancro da mama. Objectivo: analisar a incidência, prováveis factores de risco pessoais e familiares associados, características clínico-patológicas, tratamento e follow-up das doentes com carcinoma da mama admitidas na nossa Unidade durante o período de 6 anos ( do ano de 2000 a 2005). Material e métodos: estudo retrospectivo dos processos clínicos de 399 doentes com carcinoma da mama, admitidas entre os anos de 2000 e 2005. Variáveis: distribuição etária, factores de risco pessoais como idade da menarca, idade da primeira gestação, número de gestações, aleitamento materno, toma de contraceptivos orais, idade da menopausa e história familiar de risco. A avaliação do índice de massa corporal (IMC) ao diagnóstico foi um dos parâmetros utilizado para correlacionarmos excesso de peso e/ou obesidade e cancro da mama na nossa amostra. Foi considerado, IMC < 19 como baixo peso; IMC entre 19 e 25 como peso normal; IMC entre 25 e 30 como excesso de peso e IMC > 30 como obesidade. Outros parâmetros: estádio ao diagnóstico, tipo e grau de diferenciação histológica, receptores hormonais (RE e RP) e Cerb2; tipo de tratamento e sobrevida aos 5 anos. Resultados: A idade mínima foi de 26 anos e a máxima de 90 aos sendo que metade das doentes tinham mais do que 60 anos. 69% das mulheres teve a menarca com idade igual ou superior a 12 anos, 74% das mulheres eram menopáusicas na altura do diagnóstico e destas 83% tinha tido a menopausa com idade inferior a 55 anos. 68% das mulheres não tinha tomado anti-contraceptivos orais, 82% tinha tido pelo menos um filho e apenas 18% das senhoras eram nulíparas. Do universo das mulheres que estiveram grávidas, isto é, 328 doentes, a maior parte (61%) teve o primeiro parto entre os 18 e os 30 anos. 51% das mulheres amamentou ao peito o que é praticamente sobreponível àquelas que não amamentaram, podendo aqui haver um certo viés pois alguns processos não tinham registos claros. 16% das doentes tinha pelo menos 1 familiar próximo com cancro da mama. Das doentes com IMC conhecido 60% tinha excesso de peso (123 D – 31 % obesas e 116 D – 29% com excesso de peso). O tipo histológico mais frequente foi o ductal invasivo (80%) seguido do ductal in situ e do lobular invasivo. 53% tem grau histológico G2. Quanto aos receptores hormonais: RE + 71%; RP + 49% e cerb2 + 25%. A combinação mais frequente foi RE + RP positivos em 38,5% sendo que 30 doentes – 7,5% foi triplo negativo. Quanto ao estadiamento ao diagnóstico: Cis ou 0 – 24%; estádio I – 24%; IIA – 27%; IIB – 14,5%; IIIA – 9%; IIIB – 3,8%; IV – 3,8%. Em 7,7% o estadiamento foi desconhecido. No que diz respeito ao tratamento cirúrgico 247 doentes – 62% foi submetido a Mastectomia Radical, 71 D – 17,7% fez tumorectomia e 49 doentes foram submetidas a quadrantectomia (12,3%). 43% fez QT adjuvante. 28% realizou Hormonoterapia (HT) com tamoxifeno seguido de letrozole e 23% só fez tamoxifeno, 23% não foi submetida a qualquer tipo de HT. 55% foi submetida a radioterapia. A sobrevivência global até Dezembro de 2009 é de 73%, a taxa de mortalidade de 20%, sendo em 7% dos casos se desconhece o estado actual correspondendo às doentes perdidas para follow-up. Conclusão: • Os resultados obtidos são sobreponíveis aos observados em séries internacionais. • A partir de 2002 é notório o diagnóstico em estadios mais precoces provavelmente pela melhor informação das doentes. • Na população estudada não existe relação entre a incidência de cancro da mama e a amamentação. • Alta percentagem (71%) de doentes com receptores de estrogéneos positivos. • É de salientar que entre 2000 e 2005 não se fazia trastuzumab em contexto adjuvante o que poderia ter tido um impacto positivo na sobrevivência global aos 5 anos. • O 4º ano de sobrevida é um marco crítico na probabilidade condicionada de sobrevivência.