N ESPECIAL Melhoria de processos na área de tecnologia Gestão e qualidade: uma questão de A visão do Empreendedor sobrevivência no mercado. de Sucesso Internacional C Revista Top of Business – Ao trabalhar com tantas empresas, dos mais variados segmentos e em projetos contínuos de melhoria de qualidade, qual a visão que a ISD Brasil adquiriu sobre o perfil dessas empresas no Brasil? Caram – Realmente temos como clientes empresas de praticamente todos os segmentos. No entanto, dividiria o perfil de clientes da ISD Brasil em dois grupos principais – o dos prestadores de serviço de tecnologia, e o dos compradores de serviços. Essa divisão não é obviamente estanque, pois um prestador de serviços também pode sub-contratar, e um comprador de serviços também desenvolve projetos internamente. Mas as características específicas de cada grupo de empresas são marcantes. Enquanto as empresas prestadoras de serviço buscam adequar-se a conceitos de qualidade por pressões dos clientes, da concorrência ou por necessidade de qualificar-se para o mercado internacional, as empresas 22 REVISTA TOP OF BUSINESS compradoras de serviços o fazem movidas por gestores que acreditam nos benefícios que esses conceitos lhes trarão, e eventualmente por pressões de fora, tipicamente da “matriz”. T.O.B. – E que tipo de dificuldades e facilidades essas diferentes motivações trazem para os programas de melhoria de qualidade? Em todos os casos as melhorias acontecem? Caram – No caso das empresas prestadoras de serviço, o lado positivo das pressões de mercado é o fato de saírem da inércia, buscarem o conhecimento dos conceitos de qualidade e tentar implementá-los. O lado negativo, para algumas delas, é a busca pelo “selo de qualidade em si”, e não pela melhoria efetiva. Minha recomendação é sempre a de buscar melhorias de fato, aproveitar a mobilização da empresa para fazer bem feito, e com isso adquirir o diferencial competitivo e a efetiva eficácia operacional necessárias à 2005, Carlos Alberto Caram, sobre a aplicação de programas de melhoria da qualidade em empresas prestadoras e compradoras de serviços. ARQUIVO/ EMPRESA arlos Alberto Caram é “responsável pelo processo de gestão executiva” da Integrated System Diagnostics Brasil, ou ISD Brasil. É desta maneira que ele prefere ser chamado, apesar do cargo de diretor executivo que ocupa. E há razões para isso. Caram enfatiza que a ISD Brasil “é uma empresa gerida por processos”, e alguns cargos, como o dele, só existem para fins de estatuto. Na prática, a empresa evita a rígida hierarquia e a substitui por um ambiente onde todos contribuem para o sucesso de seus mais de 50 clientes, que conta com nomes como ABN Amro, Embraer, GM, Itaú, Microsoft, Santander Banespa, Serasa, Serpro, Siemens, entre muitos outros. Trabalhando com consultoria, treinamento e avaliações, em um mercado onde o carro chefe é o CMMI – Capability Maturity Model Integration, um modelo de qualidade para a área de tecnologia, além de processos de seleção e monitoramento de fornecedores, a ISD Brasil completou 5 anos de atividades no país em junho deste ano. É nesse ambiente de colaboração aliada a gestão moderna e arrojada, que a Revista Top of Business entrevistou Carlos Alberto Caram. Alexandre Garcia e Caram: palestrantes do 1 o ISD Brasil Customers Conference. “No caso das empresas prestadoras de serviço, o lado positivo das pressões de mercado é o fato de saírem da inércia, buscarem o conhecimento dos conceitos de qualidade e tentar implementá-los”. Setembro-Outubro|2005 QUEM TEM MENOR PREÇO PODE ESTAR INVESTINDO MENOS EM TREINAMENTO E QUALIDADE, COM MAIORES RISCOS, PORTANTO, PARA O COMPRADOR DO SERVIÇO. T.O.B. – E no caso dos compradores de serviço? Caram – É muito útil que os compradores de serviço apliquem os conceitos internamente, até para que possam cobrar qualidade de seus fornecedores com conhecimento de causa. Mas um dos grandes equívocos é o de não saber pedir, não saber requisitar e monitorar. Uma de nossas linhas de negócio é a de seleção e monitoramento de fornecedores. Tem justamente como objetivo auxiliar o comprador a ter sucesso na compra de serviços, a qual é muito diferente da compra de produtos. T.O.B. – Você mencionou que um grande equívoco dos prestadores de serviço é o de focar no nível de maturidade, ou no “selo de qualidade”, às vezes deixando a melhoria efetiva em um segundo plano. E qual o grande equívoco dos compradores de serviço? www.montrealeventos.com.br Caram – Sem dúvida nenhuma, comprar considerando exclusivamente o “preço por unidade comprada”, sem analisar profissionalmente a “capacidade de processo” do fornecedor. É um tiro no pé! Quem tem menor preço pode estar investindo menos em treinamento e qualidade, com maiores riscos, portanto, para o comprador do serviço. E quanto maior o projeto, maior o risco. É perigosamente antagônico – quanto maior o projeto, maior será o prejuízo, e maior também é a falsa percepção de economia que se tem. T.O.B. – A ISD Brasil possui algum mecanismo que permita compartilhar a experiência de seus clientes? Caram – O que cada um de nossos clientes faz é, para nós, informação absolutamente confidencial. No entanto, promovemos um evento que agora passou a ocorrer a cada dois anos, chamado ISD Brasil Customers Conference. Trata-se de um fórum de discussão dos “cases” de nossos clientes, apresentados pelos próprios executivos das empresas. No ano de 2003, em sua primeira edição, contamos com Alexandre Garcia na palestra de abertura e tivemos 350 congressistas. No ano de 2004, com Fernando Henrique Cardoso na palestra de abertura, tivemos 426 congressistas e mais de 40 empresas palestrantes. A próxima edição ocorrerá de 20 a 22 de setembro de 2006. T.O.B. – Finalizando, e as empresas que não querem aplicar um programa de melhoria de qualidade – essa é uma opção válida? Caram – Seja para a melhoria interna, seja para aprimorar o processo de seleção e monitoramento de fornecedores, a aplicação destes conceitos de qualidade visa levar as empresas à excelência, num caminho contínuo e sem volta – afinal, não é uma questão de escolha. É uma questão de sobrevivência e competitividade. Fernando Henrique Cardoso na palestra de abertura da ISD Brasil Customers Conference, em 2004. “Seja para a melhoria interna, seja para aprimorar o processo de seleção e monitoramento de fornecedores, a aplicação destes conceitos de qualidade visa levar as empresas à excelência, num caminho contínuo e sem volta – afinal, não é uma questão de escolha”. ARQUIVO/ EMPRESA T.O.B – Por que é diferente? Caram – Quando você compra um produto, consegue avaliar características que já foram construídas ou desenvolvidas. Pode usá-lo por um período, testá-lo, consultar empresas que já usaram exatamente o mesmo produto, comparar preços com igualdade de critérios (afinal, o produto é o mesmo), etc. Quando você compra um serviço, como o desenvolvimento de um projeto, está comprando algo que ainda não existe. O que você está comprando, na verdade, é a capacidade daquele fornecedor de lhe entregar o produto daqui a meses ou, eventualmente, anos. E é justamente esse o ponto – é necessário avaliar adequadamente os processos do provedor dos serviços, aferindo a capacidade do fornecedor de entregar os projetos no futuro. Esse é o trabalho que fazemos nesses casos. ARQUIVO/ EMPRESA sobrevivência no longo prazo. Conosco, buscamos fazer com que isso aconteça na maioria dos casos. Festa comemorativa dos 5 anos da ISD Brasil. L CONTATO 55 (11) 3818-8989 55 (61) 3329-6105 G [email protected] Z www.isdbrasil.com.br REVISTA TOP OF BUSINESS 23